O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
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Política

Investigado por: 2024-08-09

Uso de imóveis subutilizados para fins sociais está previsto em lei federal; entenda

  • Contextualizando
Contextualizando
Publicação tira de contexto uma fala de Guilherme Boulos (Psol-SP), sobre a utilização de imóveis para fins sociais na cidade de São Paulo. A peça sugere que eleitores paulistas precisam tomar cuidado com a “ameaça” de Boulos. O uso de imóveis subutilizados para fins sociais está previsto na lei nº 10.257, o “Estatuto da Cidade”. Entenda o contexto.

Conteúdo analisado: Post reproduz manchete de site sobre declaração do candidato à Prefeitura de São Paulo Boulos do qual ele diz que “se eleito, poderá tomar imóveis para fim social”, feita durante sabatina realizada pela Folha/UOL, quando questionado sobre a ocupação de prédios do centro de São Paulo e acrescenta a frase “O cara já tá fazendo ameaças, imagina se ganhar”.

Onde foi publicado: TikTok.

Contextualizando Uma publicação no TikTok tira de contexto uma declaração de Guilherme Boulos (Psol), deputado federal e candidato à Prefeitura de São Paulo, durante a sabatina realizada pela Folha/UOL em 12 de julho de 2024, quando ele ainda era pré-candidato. A peça usa uma captura de tela do site Pleno News, que afirma que “Boulos diz que, se eleito, poderá tomar imóveis para fim social”. O autor da postagem no TikTok acrescenta, sobre a imagem, uma recomendação para que os eleitores paulistas “abram o olho” e sugere que Boulos “já está fazendo ameaças, imagina se ganhar”.

Durante a sessão, a jornalista Fabíola Cidral pergunta a Boulos se ele vai permitir a ocupação de prédios abandonados no centro de São Paulo. Isto porque o candidato foi coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que tem entre suas atividades a realização de ocupações.

Ele responde que: “A ocupação acontece porque a lei não é cumprida, eu vou cumprir a lei. Sabe o que diz a lei, em relação a prédio abandonado? O Estatuto da Cidade e lei federal, aprovada em 2001, Fabíola, diz que o imóvel subutilizado, ocioso, abandonado – muitos daqueles prédios no centro estão abandonados a 20, 30 anos, gerando insegurança para quem passa, gerando ali criminalidade, uso de drogas, insegurança para as mulheres, especialmente. A lei diz que se prédio está abandonado, tem que ser notificado. Não cumpriu função social, IPTU progressivo, a prefeitura pode tomar para fazer habitação de interesse social. É isso que nós vamos fazer em relação ao prédio abandonado. Aliás, uma parte desses prédios são públicos”. O trecho também é citado na reportagem que serviu de base para o conteúdo investigado.

Na sequência, o então pré-candidato diz que, caso ele seja eleito, essa política terá início com prédios públicos abandonados, pois não há burocracia para transformá-los em habitações de interesse social, como acontece com a desapropriação de imóveis privados.

Ele fundamenta sua afirmação citando o Imóvel da Gente, Programa de Democratização de Imóveis da União lançado em 2024 e coordenado pela Secretaria do Patrimônio da União do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (SPU/MGI).

“O programa visa a destinação estratégica de imóveis da União para as políticas públicas prioritárias, levando em conta a função social e ambiental, com diálogo federativo e com a sociedade, em benefício da população”, diz a matéria publicada no site do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. Na sabatina, Boulos explica que esses imóveis podem, ou não, virar moradia social.

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos explica que: “O Programa promove a destinação de imóveis da União para a administração pública e para a sociedade civil organizada. Podem acessar o Programa, órgãos federais, governos estaduais e distrital, prefeituras e organizações da sociedade civil”.

O decreto nº 11.929, que institui o programa, foi publicado no Diário Oficial da União no mesmo dia em que ocorreu o seu lançamento, em 26 de fevereiro de 2024 e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e da ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck.

O que diz a lei nº 10.257 de 2001

O Estatuto da Cidade, mencionado por Boulos, foi firmado e assinado pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Refere-se à lei que determina as diretrizes da política urbana, incluindo a regulamentação da propriedade em prol do bem coletivo.Também traz outros pontos importantes como os procedimentos para desenvolver o Plano Diretor e a gestão das cidades.

Dentre os assuntos tratados no Estatuto, está o controle do uso do solo por parte do Estado para evitar a “retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização” (Art 2. parágrafo VI.), tópico abordado pelo candidato.

Alguns dos instrumentos jurídicos e políticos incluídos no estatuto, a partir do Art. 4, parágrafo V, para estes casos são: o uso de desapropriação, concessão do direito de uso, concessão de uso especial para moradia, parcelamento, edificação ou utilização compulsórios e até mesmo IPTU progressivo ao tempo.

A partir disso, a seção IV, art. 8 (da desapropriação com pagamento em títulos), afirma que após “cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o Município poderá proceder à desapropriação do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública”.

Há também o direito de preempção, no qual o Estado tem preferência na aquisição de uma propriedade em alienação onerosa, ou seja, que o proprietário tenha interesse em transferir o título. Nesta aquisição, um dos usos possíveis para o Estado adquirir o imóvel é caso necessite executar algum programa ou projeto habitacional popular.

Quando Boulos cita “função social”, ele se refere ao preposto na lei de que a propriedade urbana deve atender as necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, justiça social e desenvolvimento de atividades econômicas.

Fontes consultadas: Consultamos a sabatina realizada pela Folha/UOL com os pré-candidatos de SP, transmitida no dia 12 de julho de 2024 e publicada no YouTube, onde a matéria utilizada no vídeo viralizado dizia ter sido feita a fala. Por meio da publicação conseguimos verificar a resposta completa do candidato Guilherme Boulos e checar a fonte e o discurso. Conferimos também na Constituição Federal, o Estatuto da Cidade, lei Nº 10.257, de 10 de julho de 2001 para verificar se o que ele afirmou estava de fato na legislação e por último buscamos a explicação oficial do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos no gov.br, sobre o Programa Imóvel da Gente, onde é anunciado e lançado em 26 de fevereiro de 2024 e o decreto nº 11.929 que institui o programa.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Estadão Verifica investigou que postagem de deputado engana ao associar ocupação em bairro nobre de São Paulo a Boulos e MST. O UOL Confere elucidou que é falso que Boulos tenha cobrado aluguel de moradores sem-teto. Conteúdos de desinformação envolvendo candidato já foram checados pelo Comprova, como uma postagem sobre post de Bolsonaro usa montagem com foto de Lula e Boulos em reportagem sobre presídios.

Política

Investigado por: 2024-08-08

Vídeo em que Celso Amorim abraça Maduro é falso e foi gerado por inteligência artificial

  • Falso
Falso
É falso um vídeo publicado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) que mostra um abraço entre Celso Amorim, assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, e Nicolás Maduro, com imagens distorcidas e uma trilha sonora romântica. O vídeo foi desmentido pelo governo federal e Amorim classificou o vídeo como "totalmente manipulado e falso", ressaltando que não tem relação com sua recente visita à Venezuela. O conteúdo foi feito com ferramentas de inteligência artificial, a partir de uma gravação real de quando Amorim visitou Maduro em março de 2023.

Conteúdo investigado: Vídeo manipulado que mostra um abraço entre Celso Amorim e Nicolás Maduro circula nas redes sociais. O vídeo foi compartilhado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), acompanhado de uma mensagem que questiona a legitimidade das eleições na Venezuela. No post, o parlamentar ironiza jornalistas que perguntariam a Amorim sobre a validade ou fraude das eleições no país.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: É falso um vídeo que mostra um abraço entre o assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, Celso Amorim, e o ditador venezuelano Nicolás Maduro. A gravação, manipulada por meio de Inteligência Artificial (IA), mostra diversas imagens distorcidas, incluindo um filtro de corações e uma música romântica ao fundo.

Alguns detalhes no vídeo indicam manipulação por Inteligência Artificial. Um exemplo é quando, durante o abraço mais próximo entre Celso Amorim e Nicolás Maduro, a barba de Amorim parece “afundar” no ombro de Maduro. Além disso, a frase e as estrelas da bandeira do Brasil ao fundo aparecem visivelmente distorcidas.

O Comprova utilizou o Deepware, ferramenta que analisa possíveis usos de IA para manipulação de vídeo, e obteve a conclusão de que o vídeo é suspeito. O Fato ou Fake, do G1, usou o mesmo programa, que indicou que o conteúdo é 60% falso, já que as imagens manipuladas por IA estão misturadas com trechos reais.

Além disso, a publicação foi desmentida pelo governo federal. Segundo nota divulgada por meio da Secretaria de Comunicação Social (Secom), o próprio Amorim apontou o vídeo como “totalmente manipulado e falso”, afirmando que a gravação é uma clara tentativa de desinformação. Amorim disse que o material também não tem relação alguma com sua viagem recente à Venezuela, para acompanhar as eleições presidenciais.

Um dia após publicar a imagem, Eduardo Bolsonaro publicou o vídeo original e caracterizou o anterior como “claramente editado” e “caricato”. Apesar disso, o deputado federal não apagou a gravação manipulada de suas redes sociais.

| (Foto: Reprodução / X)

Após a repercussão, a Advocacia-Geral da União (AGU) notificou as redes sociais para removerem o conteúdo manipulado de suas plataformas. O pedido destaca a gravidade da conduta por conta do efeito de confundir a população sobre a posição do Estado brasileiro a respeito das eleições na Venezuela.

O X classificou o vídeo como “mídia manipulada”, acrescentando uma nota de que não é permitido compartilhar mídia sintética, manipulada ou fora de contexto que possa enganar ou confundir pessoas e causar danos.

Encontro em 2023

A base do conteúdo enganoso é um vídeo de 2023. Celso Amorim e Nicolás Maduro se encontraram em março daquele ano e se cumprimentaram, mas não de forma tão afetuosa como exibe o vídeo manipulado (foto mais abaixo). O conteúdo enganoso sugere que o encontro teria ocorrido no contexto das discussões a respeito das eleições venezuelanas realizadas no último dia 28 de julho.

Celso Amorim realizou sua última visita à Venezuela em 26 de julho de 2024 para acompanhar o processo eleitoral que ocorreria dois dias depois. O objetivo era coletar impressões e relatos para ajudar o Palácio do Planalto a se posicionar após a divulgação dos resultados.

Seu primeiro encontro foi com o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil. A visita é considerada um protocolo diplomático, e, em razão de sua função no Brasil, é recomendável que Amorim busque o principal representante da diplomacia local ao chegar em outro país.

| Encontro de Celso Amorim e Nicolás Maduro em 2023. (Foto: Reprodução / @NicolasMaduro via X)

Notificação da AGU

A Advocacia-Geral da União (AGU) notificou as redes sociais X, Instagram e Facebook para removerem de suas plataformas o conteúdo manipulado. O pedido de remoção, segundo a AGU, fundamentou-se “na gravidade da conduta, já que tem o efeito de confundir a população sobre a posição do Estado brasileiro a respeito das eleições venezuelanas”. Caso não seja acatado o pedido, o órgão requereu que os vídeos sejam marcados com informação de que foram gerados por inteligência artificial.

Segundo a Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia (PNDD), além de enganoso e fraudulento, o vídeo configura como ato antijurídico, uma vez que viola o direito à informação, conforme previsto no artigo 5º, inciso XIV e 220, da Constituição Federal, e extrapolam os limites da liberdade de expressão, caracterizando como abuso de direito, conforme artigo 187 do Código Civil.

“A veiculação de vídeos ou imagens manipuladas pelo uso de inteligência artificial, criando cenas não condizentes com a realidade, retira da sociedade o direito fundamental à informação”, explica a coordenadora-geral de Defesa da Democracia da PNDD, Priscilla Rolim de Almeida. “A sociedade tem o direito de ser informada com base nos valores éticos e sociais, conforme garante a Constituição Federal, em seu artigo 221, inciso IV”, complementa.

O Comprova procurou a assessoria de imprensa do deputado Eduardo Bolsonaro, mas até a última atualização desta verificação não houve retorno.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 8 de agosto, o post tinha 557,1 mil visualizações, além de 9,4 mil curtidas e 2,7 mil compartilhamentos..

Fontes que consultamos: Procuramos por informações verificadas em portais de notícias, além de informações oficiais nos sites do governo federal e da AGU.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Outras iniciativas de checagem também verificaram o conteúdo, como o Fato ou Fake (g1), Aos Fatos, AFP e Crusoé. O Comprova também já atuou em outras publicações falsas relacionadas ao governo e à Venezuela. Uma delas foi uma montagem de uma publicação do ministro Fernando Haddad com elogios a Nicolás Maduro. Em outra, o projeto checou um print falso com uma suposta reportagem do G1 de que Lula teria dito que o país vizinho “não precisa de críticas”, mas de “financiamento e empréstimos”.

Eleições

Investigado por: 2024-08-08

É enganoso vídeo que sugere que Lula admitiu gastar R$ 300 bilhões para se eleger

  • Enganoso
Enganoso
Vídeo engana ao sugerir que Lula (PT) admitiu ter gasto R$ 300 bilhões em sua campanha para se eleger nas eleições presidenciais de 2022. Durante a entrevista em que menciona esse valor, o presidente, na verdade, estava se referindo ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e não a si mesmo. Na realidade, segundo o TSE, a campanha de Bolsonaro gastou R$ 89 milhões e a de Lula R$ 131 milhões.

Conteúdo investigado: Em vídeo, o blogueiro e youtuber Allan dos Santos afirma que Lula admitiu em uma entrevista ter gasto R$ 300 bilhões para se eleger em 2022. O autor do vídeo questiona a origem desse dinheiro, afirmando que não se trata de desinformação, manipulação ou uso de inteligência artificial. Ele ainda adicionou a legenda: “60 bilhões de dólares para ganhar as eleições?”. Além disso, o homem sugere que as eleições de 2022 não aconteceram de forma legítima.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Um vídeo publicado no TikTok engana ao afirmar que o presidente Lula (PT) admitiu, durante uma entrevista concedida à rádio Sociedade, em Salvador (BA), ter gastado R$ 300 bilhões para se eleger em 2022. Na gravação original (minuto 50:00), é possível verificar que ele estava, na verdade, se referindo ao seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), e não a si, ao mencionar a quantia gasta.

Também não é verdade que Bolsonaro tenha gastado esse valor durante a campanha eleitoral. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a campanha dele acumulou despesas de R$ 89.060.761,35. Lula, por outro lado, gastou R$ 131.313.037,45, de acordo com informações do órgão.

Lula não cita a fonte dos dados, mas o valor de R$ 300 bilhões que teriam sido gastos por Jair Bolsonaro já foi mencionado pelo Ministro da Fazenda Fernando Haddad em outras ocasiões. Segundo Haddad, este valor foi gasto pelo governo Bolsonaro no ano de 2022 em termos de renúncia de receita e aumento de despesa, consideradas as três esferas de governo (Lula também mencionou esse tipo de medida).

A entrevista foi realizada no dia 2 de julho de 2024. Durante a conversa, Lula abordou vários temas, incluindo seu carinho pela Bahia, seus mandatos anteriores e o desenvolvimento da região. Ele também discutiu a alta especulativa do dólar, fez críticas ao presidente do Banco Central e comentou sobre a reforma tributária, especialmente no que diz respeito ao imposto sobre a carne.

Na fala em que menciona o valor de R$ 300 bilhões, o presidente responde a uma pergunta da entrevistadora Silvana Oliveira sobre como via o crescimento dos candidatos de direita e se tinha receio de sofrer etarismo como Joe Biden, presidente dos Estados Unidos.

Durante sua resposta, Lula afirmou que decidiu disputar as eleições em 2022 por acreditar que sua candidatura era “a única chance de derrotar o fascismo”. Em seguida, Lula faz uma referência a Jair Bolsonaro, indicando que o adversário gastou essa quantia em campanha.

O presidente afirma: “Silvana, você sabe quanto de recurso foi colocado nos últimos dois anos pra tentar ganhar as eleições? O equivalente a 60 bilhões de dólares. Eu vou traduzir em reais: 300 bilhões de reais, pra tentar fazer ele não perder as eleições, comprando voto, dando dinheiro pra taxista, pra motorista, distribuindo dinheiro para todo mundo, fazendo isenção, fazendo desoneração. Perdeu. Perdeu as eleições, e eu vou contar uma coisa pra você: não volta mais, porque esse povo vai ter que aprender a gostar da democracia, vai ter que aprender a viver de forma civilizada, de forma educada, um respeitar o outro.”

O Comprova tentou contato com a Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal em busca da fonte da alegação de Lula, mas não houve retorno até a publicação desta checagem. Também houve tentativa de contato com o autor do post enganoso, mas não tivemos retorno. Contatamos ainda a defesa de Allan dos Santos, o homem que aparece no vídeo investigado, mas não conseguimos contato com o próprio Allan dos Santos para obter um posicionamento.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 7 de agosto, a publicação no TikTok tinha 201 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Assistimos à entrevista do presidente à rádio Sociedade na íntegra. Também procuramos a fonte dos dados do valor gasto nas campanhas eleitorais de 2022, a Secom e o responsável pela publicação investigada.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Esta mesma peça de desinformação foi checada por outras agências, como Reuters, Lupa, Estadão Verifica e Boatos.org. O Comprova já checou vários conteúdos que manipulam discursos do presidente, e verificou ser falso que Lula tenha sido vaiado em evento e enganoso vídeo em que ele teria afirmado que universidades são para ricos.

 

Esta verificação contou com a colaboração de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

Política

Investigado por: 2024-08-07

Trilha sonora de Rebeca Andrade em Paris não faz homenagem a ex-presidente

  • Enganoso
Enganoso
Postagem engana ao afirmar que música utilizada pela ginasta Rebeca Andrade na Olimpíada de Paris faz menção ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na verdade, a atleta utilizou “Baile de Favela”, de Mc João, “Movimento da Sanfoninha”, de Anitta e “End of Time”, de Beyoncé, durante a apresentação. Além disso, o vídeo engana ao mostrar trechos da participação da ginasta na Olimpíada de Tóquio, em 2021, em vez de Paris.

Conteúdo investigado: Post em vídeo afirma que a ginasta olímpica Rebeca Andrade utilizou “música bolsonarista” como trilha sonora de apresentação em Paris. “Ao som de música bolsonarista Rebeca Andrade leva prata” e “Imagina Globo transmitindo isso” aparecem na legenda, enquanto a responsável pela publicação fala sobre a transmissão dos jogos pela TV Globo e pela CazéTv.

Onde foi publicado: Tik Tok.

Conclusão do Comprova: Não é verdade que Rebeca Andrade utilizou “música bolsonarista” durante a sua apresentação na final de solo da Olimpíada de Paris em 2024, como alega um vídeo que circula nas redes sociais. A ginasta performou ao som de uma junção das músicas “Baile de Favela”, de Mc João, “Movimento da Sanfoninha”, de Anitta, e “End of Time”, de Beyoncé. Nenhuma dessas músicas está relacionada a ideologias de extrema-direita ou bolsonaristas.

A autora do vídeo investigado fez a relação política com a apresentação por conta de uma paródia de “Baile de Favela” feita em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e com críticas a políticos de esquerda, ao feminismo e ao filósofo Paulo Freire. A versão, de Tales Volpi, conhecido como MC Reaça, foi feita em 2018 e chegou a ser compartilhada em abril do mesmo ano por Flávio Bolsonaro (PL), mas foi removida do YouTube por violar a política contra discurso de ódio na plataforma.

A paródia, publicada em 2020 por um canal não-oficial, conta com 20 milhões de visualizações. Já a música original, creditada por Rebeca, foi lançada em 2015 e alcançou 249 milhões, se tornando um dos funks brasileiros com maior repercussão internacional. Em sua letra, MC João exalta festas que acontecem em comunidades de São Paulo.

Apesar de Rebeca ter usado “Baile de Favela” como parte da trilha sonora da prova de solo em Paris 2024, o trecho da apresentação da ginasta utilizado no vídeo investigado é, na verdade, da prova disputada na categoria individual geral durante a Olimpíada de Tóquio, em 2021. Em nenhum momento do vídeo a paródia de Tales Volpi é tocada.

Ainda em 2021, postagens falsas na internet afirmavam que a paródia tinha sido escolhida como trilha sonora da atleta. Na época, o Comprova verificou a informação e procurou o coreógrafo de Rebeca, Rhony Ferreira. Ele negou a politização da apresentação. “É um absurdo isso que as pessoas ficam falando, não tem nada a ver com Bolsonaro”, disse Ferreira. Em 2021, o responsável pelas relações públicas da atleta, Felipe Paulino, respondeu ao Comprova por e-mail que a música e a série de solo de Rebeca “fazem referência unicamente à cultura do funk brasileiro”.

Em 2024, após Rebeca conquistar a medalha de ouro em Paris, o diretor esportivo da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) Henrique Motta também negou a politização em entrevista à CNN. Segundo ele, “a escolha da trilha sonora é feita de acordo com a indicação da ginasta, do gosto dela, do que ela gostaria de fazer, e também uma harmonia com a comissão técnica”.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 6 de agosto, o vídeo publicado tinha 1,6 milhão de visualizações e mais de 92 mil curtidas.

Fontes que consultamos: Buscamos por entrevistas com membros da Confederação Brasileira de Ginástica feitas por outros veículos e também pelo Comprova em 2021.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já checou outra peça de desinformação sobre a trilha sonora de Rebeca Andrade nas Olimpíadas de Tóquio. Em Paris, o Comprova verificou que a judoca Bia Souza não é mulher que aparece em foto com Bolsonaro e que Rayssa Leal não dedicou medalha olímpica a Bolsonaro.

 

Esta verificação contou com a colaboração de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

Comprova Explica

Investigado por: 2024-08-07

Medalha recebida na Olimpíada está livre de imposto, e prêmio em dinheiro não será mais tributado

  • Comprova Explica
Comprova Explica
Não há cobrança de impostos sobre as medalhas recebidas por atletas brasileiros nas Olimpíadas de Paris devido a uma legislação federal que vigora desde 2007. Até a publicação original deste texto, em 7 de agosto, as premiações em dinheiro eram tributadas, mas, em 8 de agosto, foi publicada no Diário Oficial da União uma medida provisória isentando os prêmios de imposto.

Conteúdo analisado: Posts afirmando que o governo federal impõe tributos sobre as medalhas recebidas pelos atletas brasileiros na Olimpíada de Paris. Um deles fala em “imposto sobre medalha”.

Comprova Explica: (No dia seguinte à publicação deste texto, uma medida provisória assinada pelo presidente Lula isentando os atletas de pagar imposto sobre prêmios em dinheiro oferecidos pelo Comitê Olímpico do Brasil em Jogos Olímpicos e Paralímpicos a partir de 24 de julho deste ano foi publicada no Diário Oficial da União)

Os atletas brasileiros na Olimpíada de Paris já ganharam, até a publicação deste texto, 14 medalhas – duas de ouro, cinco de prata e sete de bronze. Como em edições anteriores, quem sobe ao pódio recebe um prêmio em dinheiro também, oferecido pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB). A premiação mais alta é o ouro, que, na categoria individual, dá R$ 350 mil para o campeão. Até agora, os prêmios do COB já somaram R$ 3,01 milhões.

Com a informação das medalhas e dos prêmios em dinheiro circulando, surgiram nas redes sociais posts dizendo que haveria um “imposto sobre medalha”, o que é mentira. Contra conteúdos de desinformação como este, a seção Comprova Explica traz detalhes sobre as premiações.

Embora o recebimento do valor esteja ligado à medalha, por ser dado apenas a quem a ganha, ele é um prêmio separado. E, até a MP ser publicada, ele era tributado; as medalhas já eram isentas, como informou a Receita Federal em nota publicada em 5 de agosto. O órgão diz “que entrar no país com a medalha olímpica é um processo rápido e fácil, sem burocracia”.

As medalhas foram criadas pela joalheria francesa Chaumet e levam pedaços de ferro da Torre Eiffel retirados nos últimos anos em obras realizadas no monumento. Elas são oferecidas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Segundo a Receita, a isenção sobre a medalha está estabelecida na lei 11.488, de 2007.

A premiação em dinheiro, que era tributada até esta quinta, passou a ter isenção. O texto da MP inclui entre os rendimentos isentos de IR “o prêmio em dinheiro pago pelo Comitê Olímpico Brasileiro ou pelo Comitê Paralímpico Brasileiro ao atleta ou paratleta em razão da conquista de medalha em Jogos Olímpicos ou Paralímpicos, a partir de 24 de julho de 2024”.

Diferentemente do que sugerem peças de desinformação nas redes sociais, a lei nº 7.713, que define as regras de tributação do Imposto de Renda, não foi criada pelo governo Lula (PT); ela vale desde 1988. 

Até a nova MP, como COB havia afirmado à reportagem, o pagamento estava “sujeito à tributação de imposto de renda conforme estabelecido por lei federal”. Para atletas que vivem no Brasil, “a alíquota a ser considerada é a máxima, de 27,5%”.

A seguir, você confere os valores oferecidos pelo COB nesta edição da Olimpíada para os atletas que sobem no pódio agora em 2024 e os respectivos impostos que eles teriam de pagar de imposto antes da isenção. Os valores são divididos em três categorias.

 

Como o COB informa em seu site, nas categorias grupo e coletiva, “o valor será dividido entre os medalhistas de maneira igualitária, independentemente de serem titulares ou reservas”. Ainda segundo a entidade, os valores estão 40% mais altos do que os praticados nas Olimpíadas de Tóquio, em 2020, quando foram pagos R$ 5,2 milhões aos medalhistas. As premiações atuais são maiores do que as pagas por países como Estados Unidos, Alemanha e Canadá, segundo o jornal USA Today.

Recordista brasileira em número de medalhas olímpicas, a ginasta Rebeca Andrade deve receber R$ 826 mil do COB – R$ 350 mil pelo ouro, R$ 210 mil por cada uma das duas pratas e R$ 56 mil pelo bronze em equipe (eram cinco ginastas). Do valor total, R$ 227.150 deveriam ser pagos em impostos se a MP não tivesse sido publicada.

Para virar lei, a medida assinada por Lula precisa ser aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal.

Fontes consultadas: Buscamos informações em reportagens e nos sites de instituições como COI, COB e Receita Federal. Estes dois últimos órgãos foram procurados pelo Comprova por e-mail.

Por que o Comprova explicou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está gerando muitas dúvidas e desinformação, o Comprova Explica. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Comprova já verificou outras publicações sobre a Olimpíada de Paris e comprovou ser falsa a alegação de que a judoca Bia Souza e a skatista Rayssa Leal teriam dedicado suas medalhas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). E classificou como enganosa a afirmação de que o Ministério dos Esportes seria o responsável pelos uniformes dos atletas nos Jogos. O tema dos impostos recebe muita atenção devido à discussão no Congresso Nacional sobre a reforma tributária, que tem sido assunto de checagens do Comprova.

Eleições

Investigado por: 2024-08-06

Vídeo mostra site falso para alegar que mortos teriam votado nas eleições de 2022

  • Falso
Falso
É falso que votos de eleitores falecidos tenham sido registrados em favor do candidato Luís Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022. De acordo com o TSE, é impossível consultar o voto de qualquer eleitor e o site citado em publicação é fraudulento.

Conteúdo investigado: Post com legenda perguntando o que o Supremo Tribunal Federal fará com conteúdo de vídeo em que mulher pede esclarecimento após ter visto, em consulta ao site “Veja Seu Voto”, que foram computados votos para Lula em nome de familiares que já morreram. E que o voto dela, que teria sido em Jair Bolsonaro, não foi registrado.

Onde foi publicado: X, Facebook e WhatsApp.

Conclusão do Comprova: Circula nas redes sociais um post que pergunta o que o Supremo Tribunal Federal (STF) fará sobre um vídeo no qual uma mulher diz que votos de três pessoas falecidas da sua família foram computados para o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022, no município de Camaçari (BA). Ela mostra certidões de óbito e documentos impressos de um site chamado “Veja seu Voto”. Vídeos citando o mesmo site e com afirmações semelhantes — de que Bolsonaro teria sido prejudicado e, Lula, beneficiado — circulam pelo menos desde 2022. Esses conteúdos são falsos, uma vez que o voto é secreto e não pode ser encontrado em qualquer site ou portal.

A mulher do vídeo, identificada como Marlene, alegou que seus sogros e sua mãe, todos falecidos, “ressuscitaram” para votar em Lula. Ela também afirmou que o seu próprio voto em Jair Bolsonaro não foi computado. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desmentiu essa informação, confirmando que Marlene votou nas eleições de 2022 e que seu título de eleitor está regular. O órgão atestou que os títulos eleitorais dos mencionados no vídeo foram cancelados. Essas pessoas, falecidas em 2011 e 2016, não votaram nas últimas eleições presidenciais. Os seus nomes não constam nos cadernos de votação ou nas urnas eletrônicas.

O Tribunal também reafirmou que o voto é secreto, não sendo possível acessar a opção escolhida por cada eleitor em nenhum meio. “Como os votos são gravados de forma embaralhada em um arquivo chamado Registro Digital do Voto (RDV), nem a própria Justiça Eleitoral detém essa informação porque não há como associar o nome da pessoa ao número digitado ou à candidatura escolhida pelo eleitorado”, explicou o órgão.

O site “Veja seu voto” prometia revelar em quem os eleitores votaram inserindo o número do CPF. No entanto, o TSE destacou que, enquanto estava ativo, o site retornava um suposto voto independente do número que fosse colocado na barra de pesquisa, mesmo que não fosse um CPF válido.

Em abril de 2023, durante verificação de um conteúdo enganoso relacionado ao mesmo site, Marcos Simplício, professor e pesquisador no Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores (LARC-USP), na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, destacou ao Comprova que não há possibilidade do site ter acesso às informações dos votos.

“O Boletim de Urna mostra a apuração de votos totais de cada urna, não existem informações sobre em quem determinado eleitor votou. O RDV armazena cada um dos votos individuais, mas ele não está associado ao eleitor, nem sequer a ordem que os votos foram lançados, pois eles são gravados de maneira aleatória. Já o log não tem o nome das pessoas que votaram, só o instante em que começou o voto. Ele compreende o momento de início e término do voto, mas não informa em quem o eleitor votou, dá para saber o instante de tempo que foi confirmado para governador e presidente, por exemplo, mas não é possível saber qual foi o candidato escolhido”, explicou Simplício.

De acordo com investigação do Estadão Verifica, o site foi registrado no dia 8 de dezembro de 2022 e ficou quatro dias no ar, até cair no dia 12. O endereço voltou a ficar disponível no dia seguinte, mas, no momento, está inativo.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Tome cuidado com sites desconhecidos que pedem seus dados pessoais em troca de informações ou outros benefícios.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Neste caso, o conteúdo foi investigado pois uma busca no X pelo texto que acompanha a postagem retornava dezenas de resultados idênticos, um forte indício de que se tratava de uma operação organizada de desinformação, possivelmente com a utilização de robôs.

Fontes que consultamos: Tribunal Superior Eleitoral.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já verificou outros conteúdos relacionados ao site Veja seu voto. Em março deste ano, o projeto concluiu ser falso um vídeo em que um homem afirma que o pai dele, morto em 2000, teria votado em Lula nas eleições de 2022. Em outra verificação, publicada em abril, foi classificada como enganosa uma publicação que mostra uma mulher afirmando que seu marido teria votado nas eleições de 2022 mesmo estando morto. O projeto “Fato ou Fake”, do G1, também verificou que o site apresentava informações falsas e trazia risco à segurança do visitante.

Outros dois veículos analisaram o vídeo sobre os três falecidos que teriam votado em Camaçari. São eles: Estadão e UOL.

 

Esta verificação contou com a colaboração de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

Política

Investigado por: 2024-08-05

Bia Souza dedicou medalha à avó e não a ex-presidente como afirma post

  • Falso
Falso
É falso post que afirma que a judoca Beatriz Souza tenha dedicado medalha olímpica a Jair Bolsonaro (PL). O Comprova não encontrou qualquer declaração da atleta que faça referência ao ex-presidente e a imagem usada na publicação é de 2020. A brasileira, na verdade, dedicou sua medalha de ouro para a avó, que faleceu há dois meses.

Conteúdo investigado: Publicação que utiliza print de fotografia postada no Instagram da judoca Beatriz Souza com farda do Exército e fuzil, com legenda que atribui à atleta a fala: “Eu dedico esta medalha de ouro para o nosso capitão Bolsonaro”. O conteúdo foi replicado em vídeo no TikTok com a mesma imagem e texto.

Onde foi publicado: X e TikTok.

Conclusão do Comprova: Publicação mente ao afirmar que a judoca Beatriz Souza teria dedicado medalha de ouro conquistada na Olimpíada de Paris ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os posts utilizam foto da atleta, que é terceiro-sargento do Exército, com uniforme militar e fuzil, e legenda em que ela declararia apoio ao político. No entanto, o Comprova não encontrou qualquer declaração pública partidária feita pela brasileira.

A foto utilizada para desinformar foi publicada originalmente no dia 25 de agosto de 2020 no perfil oficial de Bia no Instagram. Na legenda, ela comemora o Dia do Soldado do Exército Brasileiro. A atleta frequentemente compartilha nas redes sociais a rotina de trabalho nas Forças Armadas.

Beatriz é uma dos 31 atletas do Exército que integram a equipe olímpica nacional, sendo grande parte deles temporários que ingressaram na Força pelo Programa Atletas de Alto Rendimento. Além de não haver qualquer registro de que a campeã olímpica tenha dedicado sua medalha a Bolsonaro, a atleta dedicou a vitória para a sua avó, que morreu há dois meses.

Bia fez essa dedicatória logo após a conquista, em entrevista ao SporTV. “Deu certo, mãe. Pai, eu consegui. Sim, eu consegui, eu consegui. Foi pela vó. É pra vó, mãe”, disse a brasileira, aos prantos.

Em entrevista à repórter Day Natale, da CazéTV, ela agradeceu aos pais pela conquista. “Quando eu falei que iria para São Paulo atrás desse sonho, [eles] foram os primeiros que me apoiaram e acreditaram em mim, então, obrigada. Obrigada por terem me colocado no mundo e obrigada por nunca terem soltado minha mão, em nenhum instante.”

Além do ouro de Bia Souza na categoria +78kg, o Brasil conquistou o bronze na competição por equipes mista de judô em Paris. Em entrevista ao SporTV logo após a premiação, nenhum atleta do judô brasileiro dedicou publicamente a medalha a qualquer político ou personalidade. Também não há dedicatórias do tipo nos perfis oficiais do Instagram dos atletas.

O Comprova entrou em contato com o responsável pela postagem no X para questionar a fonte da informação e a intenção do conteúdo. Em resposta, ele afirmou se tratar de uma piada, sem qualquer intenção. Também tentamos contato com o responsável pela publicação no TikTok, mas as configurações do seu perfil na rede não permitem o envio de mensagens de desconhecidos.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 5 de agosto, a publicação no X somava mais de 1 milhão de visualizações, 19 mil curtidas e 972 compartilhamentos. Já o vídeo do TikTok somava mais de 28,4 mil visualizações, 2,2 mil curtidas e 132 compartilhamentos.

Fontes que consultamos: Redes sociais e entrevistas da atleta, bem como de toda a equipe brasileira de judô.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já checou outras peças de desinformação sobre a Olimpíada de Paris, inclusive uma publicação que afirmou que Bia Souza teria tirado foto ao lado de Bolsonaro, e outra que dizendo que a skatista Rayssa Leal teria dedicado medalha ao ex-presidente.

Política

Investigado por: 2024-08-05

Reforma tributária não prevê taxa de 25% em compra e venda de imóveis, diferentemente do que afirma post

  • Enganoso
Enganoso
Postagem engana ao afirmar que negociações envolvendo compra e venda de imóveis serão taxadas em 25% após a implementação da reforma tributária. O texto em discussão no Senado Federal prevê um Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) de 15,9% e apenas sobre o lucro recebido por pessoas jurídicas.

Conteúdo investigado: Post com foto de Lula (PT) e o texto “O legal é que se você vender seu imóvel, você vai ter que pagar 25% pro seu sócio. Além do aumento de impostos, governo Lula decidiu que 25% de seu imóvel é de propriedade do governo”.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Não é verdade que a reforma tributária preveja imposto de 25% sobre a compra e venda de imóveis no Brasil. A partir da vigência das novas regras tributárias, haverá a incidência do Imposto sobre Valor Adicionado (IVA). O texto atual prevê um IVA de 15,9%, que deverá ser cobrado apenas sobre o lucro recebido por pessoas jurídicas.

Como mostrado pelo Estadão E-Investidor, a proposta aprovada na Câmara dos Deputados e em análise no Senado Federal colocou um teto de 26,5% para o novo IVA, que unifica cinco tributos em dois, a CBS (federal) e o IBS (estadual e municipal). A compra e venda de imóveis terá uma alíquota do IVA, mas com desconto de 40% sobre o total, deixando a taxação final em 15,9%.

A taxa de 25% citada no vídeo enganoso é uma estimativa antiga feito pelo setor imobiliário com base em outra versão do texto da reforma tributária e correspondia à soma da alíquota média de 3% do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) com os 22% do IVA proposto anteriormente pelo governo.

Em comunicado feito no dia 16 de julho, o Ministério da Fazenda afirmou que as vendas de imóveis por pessoas físicas não serão tributadas pelo novo IVA. Ou seja, nada muda para a pessoa que tem um ou alguns imóveis e deseja vendê-los – como já ocorre hoje –, nem para quem comprar. Serão tributadas apenas as vendas de imóveis novos por empresas (incorporações).

Hoje, nas transações imobiliárias, há a cobrança de PIS/Cofins, com alíquota média de 8%, e do ITBI, que varia de 2% a 5%. Esse último continuará sendo cobrado sobre o valor total do imóvel, e não apenas no lucro da venda.

O Comprova entrou em contato com o autor da postagem, que não respondeu até a publicação deste texto.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 2 de agosto, o post somava mais de 863 mil visualizações, 33,3 mil curtidas, 2,5 mil comentários e 14,9 mil compartilhamentos.

Fontes que consultamos: Procuramos por reportagens sobre o impacto da reforma tributária na negociação de imóveis e por outras verificações sobre o tema.

Proposta do Ministério da Fazenda para compra e venda de imóveis

Conforme o Ministério da Fazenda, a taxação ocorrerá da seguinte forma para pessoas jurídicas:

a) O imposto incidirá apenas sobre a diferença entre o custo de venda e o valor do terreno (no caso de aquisição de vários imóveis para construção do prédio, será deduzido todo o valor dos imóveis adquiridos para fazer a incorporação).

b) Haverá um redutor social de R$ 100 mil sobre o valor tributado, de modo a tornar a tributação progressiva, reduzindo o custo dos imóveis populares.

c) A alíquota do imposto incidente sobre esse valor reduzido será reduzida em 40% (ou seja, será de 60% da alíquota padrão), correspondendo a cerca de 15,9%.

d) Do valor do imposto calculado sobre a base reduzida será deduzido o montante de todo o imposto pago na aquisição de material de construção e serviços pela incorporadora, ao contrário do que ocorre hoje em que o imposto pago nos materiais de construção e serviços não é recuperado.

Ainda segundo o órgao, não haverá nenhum aumento relevante de custos em comparação à tributação atual.

A pasta também explicou que, no caso das empresas que tenham como atividade a compra e venda de imóveis (como imobiliárias, por exemplo), a tributação incidirá apenas sobre a diferença do preço de venda e de aquisição de imóveis.

Se uma empresa comprar um imóvel por R$ 1 milhão e vender por R$ 1,1 milhão, por exemplo, o imposto incidirá com a alíquota reduzida (15,9%) sobre R$ 100 mil, resultando em um imposto de R$ 15,9 mil. Dessa forma, apenas a margem da empresa será tributada e a empresa ainda poderá recuperar o crédito do imposto incidente em todas as suas despesas administrativas (contador, eletricidade etc.).

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Estadão, UOL e Aos Fatos verificaram a mesma publicação e concluíram que as afirmações são falsas. O Comprova também já checou outras peças de desinformação sobre a reforma tributária e concluiu que não são todos os autônomos que pagarão imposto de 25,6% e, na seção Comprova Explica, mostrou a diferença entre a tributação sobre herança no Brasil e nos Estados Unidos.

 

Esta verificação contou com a colaboração de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

Política

Investigado por: 2024-08-02

Polícia Federal não disse que suposto esquema de venda de joias foi inventado; vídeo de Bolsonaro tem indícios de IA

  • Falso
Falso
Vídeo com indícios de uso de inteligência artificial – para reproduzir voz e imagem de Jair Bolsonaro (PL) – mente ao dizer que o caso envolvendo a venda no exterior de presentes recebidos pelo ex-presidente foi inventado. Bolsonaro não publicou vídeo com esta declaração e a Polícia Federal deu andamento ao processo, com indiciamento dele e de outras 11 pessoas.

Conteúdo investigado: Vídeo em que Jair Bolsonaro afirma que a Polícia Federal emitiu nota afirmando que ele havia recebido “R$ 6,8 milhões em dinheiro vivo pela revenda das joias nos Estados Unidos”. Na publicação, o ex-presidente diz que o órgão “veio a público desmentir a situação”. Sobre o vídeo foi incluída a frase: “Entenda o caso das joias em 1 minuto”.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: É falso que a Polícia Federal tenha emitido nota afirmando que o suposto esquema de venda ilegal de joias recebidas de autoridades estrangeiras durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) foi inventado. O ex-presidente e 11 pessoas foram indiciadas no caso. Apesar de já ter feito declarações ironizando a investigação, também é falso que Bolsonaro tenha publicado vídeo afirmando que a Polícia Federal “desmentiu a situação”.

Circula nas redes sociais um vídeo sobre o assunto com indícios de uso de inteligência artificial. Nele, Bolsonaro aparece afirmando que, após a PF divulgar que ele havia recebido R$ 6,8 milhões pela revenda de joias nos Estados Unidos, a instituição voltou atrás e afirmou que “a história das joias era falsa, totalmente inventada”.

Deformações na imagem estão entre as características que mostram que o vídeo pode ter sido feito com o uso de inteligência artificial. Nos primeiros quatro segundos, a mão esquerda de Bolsonaro não aparece com anatomia natural. Este elemento retorna bruscamente com um corte nos 24 segundos de vídeo. No segundo 30, também é possível perceber o terno deformado na parte do ombro. O microfone também sofre distorções.

Apesar de parecida, a voz de Bolsonaro pode ter sido feita utilizando inteligência artificial, com ferramentas que funcionam como geradores de voz por IA e imitam a fala, principalmente de personalidades que têm grande repertório de conteúdo on-line. Eles reproduzem entonações e as tornam muito parecidas com as originais.

Mesmo com os elementos, comentários feitos na publicação demonstram que usuários acreditaram que o vídeo é verdadeiro. “Eu nunca duvidei da sua honestidade”, escreveu um perfil. “Eu sou patriota, e sei que você meu presidente é um homem honesto e se preocupa com a nossa nação!”, disse outro.

No início de julho, a Polícia Federal indiciou Bolsonaro e outras 11 pessoas em investigação de suposto esquema de desvio de presentes recebidos quando Bolsonaro era presidente para posterior venda fora do Brasil. Em meio à divulgação do indiciamento, a Polícia Federal confirmou erro em dados divulgados.

Inicialmente, o órgão apontou tentativa de desvio no valor de US$ 4,5 milhões (R$ 25 milhões). Em seguida, sob argumento de erro material em trecho do documento, o número foi retificado para US$ 1,2 milhões (R$ 6,8 milhões).

Diante da correção, Bolsonaro ironizou o relatório. “Aguardemos muitas outras correções. A última será aquela dizendo que todas as joias ‘desviadas’ estão na CEF [Caixa Econômica Federal], acervo ou PF, inclusive as armas de fogo”, disse o presidente em postagem no X.

Em nota, a Polícia Federal afirmou que divulga suas operações no site e “qualquer informação que circule nas redes sociais que não tenha partido dos nossos canais oficiais de comunicação é de total responsabilidade de quem a divulgou”. O órgão também disse que não se manifesta sobre investigações em andamento.

A reportagem entrou em contato com o perfil responsável pela publicação do vídeo, que tem o nome de “Volta Bolsonaro”. O usuário respondeu com ataques ao trabalho realizado pelo Comprova e palavra de baixo calão. No contato, um dos questionamentos feito pela reportagem foi sobre como o vídeo foi produzido. Na resposta, o autor da postagem disse “não vou falar p* nem uma (sic) de como faço”.

Para o Comprova, falso é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 2 de agosto, a publicação alcançou 519 mil visualizações, 41,4 mil curtidas e 6,8 mil compartilhamentos.

Fontes que consultamos: Procuramos se o vídeo foi postado nas redes sociais de Bolsonaro e pesquisamos ferramentas que podem ter sido usadas na produção do material. Também buscamos reportagens sobre o tema publicadas em diferentes jornais e entramos em contato com a Polícia Federal.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O vídeo também foi verificado e classificado como falso pelo Estadão Verifica e Lupa. Na área de política, o Comprova já mostrou que Rayssa Leal não dedicou medalha olímpica a Bolsonaro em entrevista e que Malu Mader e TV Globo não receberam recursos da Lei Rouanet para uma novela.

 

Esta verificação contou com a colaboração de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

Eleições

Investigado por: 2024-08-02

Mulher que aparece em foto com Bolsonaro não é a judoca Bia Souza

  • Enganoso
Enganoso
É enganoso post que utiliza foto de Jair Bolsonaro (PL) ao lado de uma mulher para afirmar que a judoca e campeã olímpica Bia Souza apoia o ex-presidente. A mulher é, na verdade, uma pré-candidata a vereadora do Rio de Janeiro pelo PL. A imagem foi publicada originalmente na conta pessoal da candidata no X (antigo Twitter) em 14 de outubro de 2022, período de eleições presidenciais. O Comprova não encontrou nenhuma manifestação partidária pública da atleta nas eleições de 2022.

Conteúdo investigado: Foto de Jair Bolsonaro ao lado de mulher negra que veste camiseta com a estampa “Bolsonaro Presidente”. A legenda da publicação afirma “Bia Souza é MINION. Triste demais!”, dando a entender que é a atleta quem aparece próxima ao ex-presidente.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Publicação feita no X engana ao afirmar que a judoca e campeã olímpica Bia Souza aparece ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em foto. A mulher em questão é Vanessa Silva, conhecida como Negona do Bolsonaro, pré-candidata a vereadora do Rio de Janeiro pelo PL.

A partir de uma busca reversa de imagem no Google, o Comprova identificou que a foto foi publicada originalmente em 14 de outubro de 2022, período de eleições presidenciais, na conta pessoal de Vanessa no X.

Os dois estavam juntos em um evento de candidatura do ex-presidente em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, e a mulher veste uma camiseta azul com a estampa “Bolsonaro Presidente”. Ambos sorriem na foto.

O post enganoso foi publicado em uma conta no X que se define como humorística e uma parte dos leitores acreditou no que escreveu o autor do post. Uma mulher comentou “Preciso dessa foto pra combater as feique (sic) News nos perfis de esquerda!” e outra disse “Já podemos cancelar a Bia?”.

| Reprodução de comentários no X capturados em 2 de agosto de 2024.

O dono do perfil republicou, por volta de 1 hora depois, uma postagem em que a própria Vanessa desmente ser a campeã olímpica. “Infelizmente não sou eu, mas tô pronta pra dar um golpe em esquerdista”, disse a mulher.

O conteúdo enganoso foi publicado poucas horas depois de Bia Souza se tornar campeã olímpica de judô. A judoca de 26 anos conquistou a primeira medalha de ouro do Brasil em Paris, o que fez seu nome repercutir nas redes sociais.

Antes do início da final contra a israelense Raz Hershko, Bia Souza tinha 299 mil seguidores no Instagram. Até às 17 horas do dia 2 de agosto, a brasileira chegava em 1,6 milhão, e o número continua a subir.

Em resposta ao Comprova, o autor da publicação afirmou que teria recebido o conteúdo via WhatsApp, mas que republicou a resposta da Negona esclarecendo o mal-entendido.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Três horas e meia após a publicação, o post contava com mais de 745 mil visualizações, além de 19 mil curtidas, 1,3 mil compartilhamentos e mais de 600 comentários.

Fontes que consultamos: Busca reversa do Google Imagens e o autor da publicação.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já checou outros conteúdos relacionados à Olimpíada, como o que mostrou que Rayssa Leal não dedicou medalha olímpica e o que certificou que o Ministério do Esporte não é o responsável por uniforme do Brasil nas Olimpíadas.

 

Esta verificação contou com a colaboração de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.