O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
Filtro:

Mudanças climáticas

Investigado por: 2024-04-30

É falso que alimentos com ‘selo da rã’ sejam sintéticos e produzidos por Bill Gates

  • Falso
Falso
Post mente ao dizer que alimentos que possuem o “selo da rã” foram fabricados por empresa de Bill Gates, são sintéticos e contaminados por insetos. O símbolo do anfíbio representa o certificado Rainforest Alliance, organização internacional sem fins lucrativos que promove ações sociais e de preservação ambiental, e não tem nenhuma ligação direta com o empresário.

Conteúdo investigado: Post com vídeo mostrando vários produtos alimentícios industrializados com um selo na embalagem cujo logo tem uma rã. A gravação é acompanhada da seguinte legenda, em letras maiúsculas: “Urgente! Não consumam os produtos com a marca da rã. São alimentos da indústria do (criminoso) o senhor Bill Gates. Lembrando que são alimentos contaminados, cujo objetivo é redução populacional e destruir o agro no mundo, esses da rã são sintéticos. Boicotem!”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: É falso que alimentos cujas embalagens apresentam o selo da Rainforest Alliance, representado por uma rã dentro de um círculo, estejam contaminados a fim de reduzir a população mundial ou destruir o agronegócio. Também é mentira que as indústrias fabricantes dos alimentos que possuem o selo ou a própria organização sejam de Bill Gates.

A Rainforest Alliance é uma organização internacional sem fins lucrativos presente em mais de 70 países, incluindo o Brasil, cujo objetivo, segundo a entidade, é “proteger as florestas e a biodiversidade, combater as mudanças climáticas e promover os direitos e a melhoria das condições de vida das comunidades rurais”. Para alcançar tal objetivo, a instituição desenvolve um programa de certificação para empresas que promovem a preservação de florestas, os direitos humanos e a subsistência.

A presença do selo em embalagens garante que sua produção cumpriu os critérios social, econômico e ambiental exigidos. Isso significa que os produtos têm pouco impacto ambiental (o menor possível) e não foram feitos com base em exploração de mão de obra análoga à escravidão ou infantil, entre outros aspectos. Para conseguir a certificação e estampar o selo em seus produtos, cada empresa precisa passar pela avaliação de auditores independentes, uma forma de garantir a integridade do programa.

Embora seja responsável por avaliar o cumprimento dos critérios, a organização não participa ou tem qualquer relação com a produção dos alimentos. Cabe à própria empresa buscar a certificação de um produto específico, que pode ser válida em todos os países participantes ou em Estados específicos.

A escolha do mascote da Rainforest Alliance se dá pelo fato de a rã de olhos vermelhos ser um bioindicador — se há uma população saudável desse animal, isso significa que o local também é sustentável.

O Comprova tentou contato com o responsável pela publicação falsa, mas o perfil não permite envio de mensagens diretas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também foi procurada e respondeu que “não há ações fiscais publicadas para estes produtos com estes nomes nos últimos 4 anos”.

Falso, para Comprova, é todo conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Organização não é de Bill Gates

A Rainforest Alliance tem diferentes fontes de receitas, sendo as principais royalties de participação provenientes de certificação, subvenções de governos e fundações e doações individuais. A organização disponibiliza anualmente um relatório onde é possível consultar os valores recebidos, gastos e projetos financiados.

Bill Gates, apontado como o dono da Rainforest Alliance, na realidade é apenas um colaborador, e não possui ligação direta com a organização. O empresário, por meio de sua fundação Bill & Melinda Gates Foundation, fez uma doação para a aliança no valor de US$ 5,3 milhões (R$ 27,1 milhões, na cotação atual) em novembro de 2007 para apoiar o desenvolvimento agrícola na África. A fundação do bilionário não aparece entre os doadores nos últimos relatórios da organização.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 26 de abril, a publicação no X tinha 218,8 mil visualizações, 5 mil curtidas e 321 comentários.

Fontes que consultamos: Primeiramente, pesquisamos no Google as palavras-chave “marca rã alimentos” e encontramos checagens sobre o assunto. Em seguida, consultamos também o site da Rainforest Alliance, que aparece facilmente nas pesquisas e explica o “certificado da rã”.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Em fevereiro, UOL Confere e Estadão Verifica já haviam desmentido o conteúdo investigado nesta verificação. Comprova também já desmentiu alegações sobre Bill Gates, como uma que relacionava um programa parcialmente financiado pelo bilionário a surto de dengue.

Política

Investigado por: 2024-04-29

Alexandre de Moraes não cometeu crime ao determinar prisão de cidadã americana

  • Enganoso
Enganoso
É enganoso que Alexandre de Moraes, ministro do STF, tenha invadido a fronteira dos Estados Unidos ao determinar a prisão de uma moradora daquele país que tem dupla cidadania — brasileira e norte-americana. O mandado só é válido em território brasileiro. Uma solicitação de busca pela pessoa pode ser feita à Organização Internacional de Polícia Criminal, a Interpol, porém não é considerada um mandado de prisão internacional e os países membros aplicam as suas próprias leis ao decidir se devem ou não prender alguém.

Conteúdo investigado: Post em inglês afirma que Alexandre de Moraes cometeu crime ao “invadir as fronteiras americanas para emitir um mandado de prisão contra um cidadão americano”, porque o alvo da decisão judicial tem dupla cidadania, brasileira e norte-americana, e vive nos Estados Unidos. O texto é acompanhado de print do mandado de prisão, com os dados de identificação do alvo ocultos.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Não é verdade que Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), cometeu crime ou invadiu as fronteiras dos Estados Unidos ao emitir um mandado de prisão contra uma cidadã com dupla cidadania — brasileira e norte-americana.

Ao realizar uma busca no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões por 8 de fevereiro, data que consta no mandado de prisão anexado à postagem no X, a reportagem identificou duas decisões expedidas pelo ministro naquele dia. A prisão citada na postagem foi determinada contra Flávia Cordeiro Magalhães, também identificada no documento como Flávia Magalhães Soares.

O Comprova não conseguiu localizar Flávia, mas, em um vídeo postado nas redes sociais em 2023, ela relata que tem dupla cidadania, brasileira e norte-americana, e que mora nos Estados Unidos há 22 anos.

Na decisão, Moraes alegou que a mulher insiste no descumprimento de decisões anteriormente proferidas ao “continuar divulgando notícias fraudulentas nas redes sociais”. A conta de Flávia no X está atualmente retida.

Como explica a advogada criminalista Railane Roma, do Escritório Jorge Advogados, não há ilegalidade em uma autoridade do Brasil expedir mandado de prisão para cidadãos de qualquer nacionalidade. “O cidadão que entrar no território nacional brasileiro está sujeito ao cumprimento das leis brasileiras e, em caso de cometimento de algum crime que tenha a prisão como pena, ele poderá ser recolhido, seja por prisão em flagrante delito ou por prisão preventiva”.

Segundo a especialista, desta forma, ainda que não seja confirmada a cidadania do alvo, não haveria impacto na legalidade da expedição do mandado de prisão pelo ministro ou por qualquer outra autoridade competente.

Também não há “invasão de fronteiras” porque o mandado de prisão não será cumprido em solo americano. Um exemplo de caso dessa natureza é do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, contra quem há mandado de prisão expedido e cuja extradição foi solicitada aos Estados Unidos, mas negada pelo governo americano. No caso de Flávia, ela só será presa se entrar em território brasileiro ou se for extraditada para o país.

Há uma instrução normativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que busca facilitar a localização de pessoas com mandados de prisão e que estejam em outros países por meio do sistema da Organização Internacional de Polícia Criminal, a Interpol, da qual o Brasil é membro.

Desta forma, cidadãos brasileiros procurados pela Justiça podem ser incluídos na “lista vermelha”. Caso isso ocorra, é feito um pedido para que autoridades em todo o mundo localizem e prendam provisoriamente uma pessoa. Porém, essa ação não equivale a um “mandado de prisão internacional”, pois os países membros aplicam as suas próprias leis ao decidir se devem ou não prender uma pessoa.

A maioria dos nomes na lista está restrita ao uso policial, ou seja, não são públicos, porém alguns são publicados a pedido do país que os procura quando o foragido ameaça a segurança pública, ou a ajuda popular é considerada necessária para localizar uma pessoa. O nome de Flávia não está entre os de sete mulheres brasileiras listadas publicamente.

A assessoria de imprensa do STF foi procurada para comentar o caso, mas não se manifestou.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 29 de abril, a publicação tinha 1,3 milhão de visualizações, 8 mil curtidas e 2 mil retweets.

Fontes que consultamos: Consultamos o Banco Nacional de Monitoramento de Prisões, notícias sobre casos semelhantes ao citado no post, um especialista em Direito Penal, a Interpol e entramos em contato com o STF.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: A alegação aqui checada também foi desmentida por Aos Fatos. O Comprova já checou outras alegações semelhantes, como a que mostrou ser falso que o FBI pediu a extradição e prisão de Alexandre de Moraes e que Lula não deu indulto a Cesare Battisti, ao contrário do que afirma tuíte.

Política

Investigado por: 2024-04-25

Influenciador português engana ao afirmar que Globo noticiou sobre urnas eletrônicas brasileiras hackeadas nos EUA

  • Enganoso
Enganoso
Publicação engana ao usar fala de influenciador português para afirmar que a TV Globo divulgou que as urnas eletrônicas brasileiras são “hackeáveis”, após terem o sistema invadido em uma convenção de hackers nos Estados Unidos. De fato, participantes do evento em Las Vegas conseguiram hackear equipamentos, mas modelos que passaram pelos testes não eram os usados no Brasil.

Conteúdo investigado: Post com fala do influenciador português Sérgio Tavares, durante audiência pública no Senado, em que ele afirma que a TV Globo informou, em 2019, que uma convenção de hackers em Las Vegas comprovou que as urnas eletrônicas brasileiras são hackeáveis. Tavares diz ainda que o voto eletrônico é usado apenas por países de Terceiro Mundo.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Uma declaração do influenciador Sérgio Tavares engana ao afirmar que as urnas eletrônicas brasileiras podem ser hackeadas. Segundo o português, que se apresenta como jornalista, a TV Globo noticiou em 2019 que o modelo usado no país foi invadido em poucos minutos, durante uma convenção de hackers em Las Vegas. A fala é enganosa: o congresso ao qual ele se refere, o DefCon, aconteceu em 2017 e avaliou a segurança das urnas eletrônicas dos Estados Unidos, e não as utilizadas no Brasil.

A afirmação ocorreu em 23 de abril, quando Tavares relatava a senadores, durante depoimento à Comissão de Segurança Pública (CSP), ter sido questionado sobre as urnas eletrônicas não serem confiáveis ao ser detido pela Polícia Federal (PF), em 25 de fevereiro, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. “Eles deveriam ser os primeiros a saber que as urnas eletrônicas são hackeáveis, comprovadamente hackeáveis, como a Globo noticiou em 2019, numa convenção de hackers em Las Vegas, onde, em poucos minutos, os hackers entraram nas urnas no mesmo modelo brasileiro”, respondeu.

O depoimento do português provavelmente faz referência a uma participação do advogado Ronaldo Lemos na GloboNews em 2017. Em um trecho do programa Estúdio I, da GloboNews, em 7 de agosto de 2017, o cientista-chefe do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio) explicou que todos os equipamentos testados na convenção em Las Vegas foram invadidos, mas a análise não tinha relação com o Brasil. “A gente tem que lidar com calma com essa situação, porque também, depois, as pessoas ficam achando que isso tem a ver com o Brasil”, apontou.

Em um artigo publicado pela Folha de S.Paulo, Lemos pediu que parassem de usar sua fala para espalhar desinformação. Em 2021, a informação foi desmentida pela Justiça Eleitoral. “Em nenhum momento os equipamentos brasileiros foram submetidos aos testes realizados durante a conferência”, afirmou o órgão. No mesmo ano, o Comprova e outras iniciativas de checagem também mostraram que o comentário de Ronaldo Lemos havia sido tirado de contexto. Procurado pela reportagem, o responsável pela publicação ironizou o pedido de contato e não respondeu aos questionamentos.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 25 de abril, o post tinha 413 mil visualizações, 31 mil curtidas, 8 mil compartilhamentos e 679 comentários. A publicação em outro perfil no X alcançou 10,1 mil visualizações, 923 curtidas e 374 compartilhamentos.

Fontes que consultamos: Inicialmente, procuramos quando e em qual contexto ocorreu a fala do influenciador português e encontramos as informações no site do Senado. Em seguida, procuramos pela reportagem da TV Globo citada por Sérgio Tavares e encontramos o comentário na íntegra no site da GloboNews no G1, bem como outras verificações sobre o tema. Além disso, consultamos o site e a assessoria de imprensa da Justiça Eleitoral para esclarecimentos sobre a informação investigada. Por fim, fizemos buscas pelo perfil do comunicador e contato com o responsável pela publicação.

Urnas eletrônicas são usadas em 46 países

No mesmo depoimento, Sérgio Tavares afirmou que “em Portugal, na Europa, não há nenhum país que usa urnas eletrônicas” e que o sistema seria usado apenas pelo “terceiro mundo”. Contudo, uma publicação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aponta que o voto eletrônico é adotado por pelo menos 46 nações, segundo levantamento do Instituto para Democracia e Assistência Eleitoral Internacional (Idea) – organização intergovernamental que apoia democracias sustentáveis em todo o mundo -, das quais 29 em eleições nacionais.

Integram a lista países como Suíça, Canadá, Austrália, Estados Unidos e Coreia do Sul. Contudo, alguns usam as urnas eletrônicas apenas em estados e pleitos. Além disso, somente o Brasil e outras 15 nações utilizam os modelos com gravação direta, com ou sem impressão de comprovante verificável pelo eleitor.

No Brasil, a urna eletrônica foi adotada em 1996 e, desde então, nenhuma fraude foi comprovada. A Justiça Eleitoral esclarece que os equipamentos não são conectados à internet, nem possuem placa que dê acesso a outro tipo de conexão em rede (wi-fi ou bluetooth). “O dispositivo funciona de maneira isolada e sequer realiza a transmissão dos resultados da votação, que já são conhecidos pela população logo após o término da eleição, com a impressão do Boletim de Urna (BU)”, informa o TSE.

Comissão investiga abordagem da PF a influenciador português

O diretor de Polícia Administrativa da Polícia Federal (PF), delegado Rodrigo de Melo Teixeira, e Sérgio Tavares foram ouvidos em audiências públicas da CSP em 19 de março e 23 de abril, respectivamente. Os depoimentos foram convocados pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), com o objetivo de esclarecer a retenção do português no Aeroporto de Guarulhos, em 25 de fevereiro. Segundo o parlamentar, a corporação constrangeu e intimidou o influenciador.

Sérgio Tavares foi retido pela Polícia Federal quando desembarcou em Guarulhos para cobrir as manifestações de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista (SP), e ficou no aeroporto por quatro horas. Na ocasião, a PF alegou que ele não apresentou visto de trabalho e que os policiais seguiram o “procedimento padrão” para apurar se ele estava no Brasil a turismo ou para trabalhar.

Uma norma de 2017 do Conselho Nacional de Imigração (CNI) exigia visto de trabalho temporário a estrangeiros que pretendiam vir ao Brasil exercer atividade jornalística. Em 7 de dezembro de 2022, contudo, houve uma mudança e uma normativa do Ministério das Relações Exteriores isentou do visto cidadãos europeus que viajem ao Brasil para exercer atividade jornalística por 90 dias, desde que a atividade não seja remunerada por fonte brasileira.

Durante o depoimento, Sérgio disse que foi tratado como “criminoso”, que a ação constitui um incidente diplomático e imprime uma ideia de “terrorismo psicológico” praticado contra a direita política no Brasil. Ele afirmou que as perguntas feitas pelo delegado abordaram o 8 de janeiro, e não questões relacionadas à imigração, como a exigência de visto de trabalho. O comunicador relatou ainda que foi o único cidadão português do voo a ser retido na chegada de Guarulhos.

À comissão, o delegado disse que o nome de Tavares estava incluído em uma lista de alertas mantido pela PF, uma vez que o português publicou manifestações de ataque à honra de ministros da Suprema Corte, críticas à urna eletrônica e apoio aos atos antidemocráticos. “As opiniões dele flertam e estão muito próximas de uma situação de criminalidade”, afirmou na ocasião. As oitivas do diretor e do influenciador podem ser assistidas na íntegra no canal da TV Senado no YouTube.

Ativista de direita, Sérgio Tavares participou de atos pró-Bolsonaro

Titular de um canal no YouTube desde julho de 2022, com mais de 364 mil inscritos e 6,8 milhões de visualizações, Sérgio Tavares se apresenta como ativista, professor e ex-jornalista correspondente da Rádio Renascença em Timor-Leste. Em seus vídeos, aborda temas defendidos pela direita, liberdade de expressão e perseguição política.

Em 3 de fevereiro deste ano, poucos dias antes de ser retido, ele entrevistou Jair Bolsonaro em seu canal no YouTube, ocasião em que o ex-presidente fez ataques ao presidente Lula (PT), ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao TSE. Após ser liberado pela Polícia Federal, o influenciador participou do ato na Avenida Paulista.

No dia 21 de abril, o português também esteve no ato pró-Bolsonaro realizado em Copacabana, no Rio de Janeiro, onde foi recebido pelo ex-presidente, que afirmou que Tavares “deu voz” a ele e seus apoiadores na Europa. Em 2022, o comunicador já tinha participado em Brasília e em São Paulo das manifestações de 7 de setembro.

Apesar de se apresentar como jornalista, Sérgio Tavares não tem registro na Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ), em Portugal. No dia seguinte à ação da PF em Guarulhos, a CCPJ publicou um comunicado dizendo que ele “não é jornalista” e que nunca emitiu nenhum título profissional ao comunicador. Algumas entidades portuguesas podem exigir o registro para a atuação profissional no setor público ou privado, mas quem não o tem é livre para atuar em jornais digitais ou canais no YouTube, como no caso do influenciador.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Em 2021, o Comprova, Estadão Verifica e Aos Fatos já haviam desmentido a informação investigada nesta verificação. Além disso, em 2020, Fato ou Fake do G1 e Aos Fatos também mostraram ser falso que apenas Brasil, Cuba e Venezuela usavam voto eletrônico. As urnas eletrônicas são alvo constante de informações enganosas. O Comprova já mostrou ser falsa a publicação que mostra haver dispositivo capaz de alterar a votação e enganoso o vídeo que cita falhas já corrigidas em urnas.

Política

Investigado por: 2024-04-24

Projeto Mundoteca não é do governo federal, ao contrário do que diz prefeita que jogou livros no lixo

  • Enganoso
Enganoso
É enganoso um post viral em que a prefeita de Canoinhas (SC), Juliana Maciel (PL), culpa o “governo do PT” e a Lei Rouanet pela Mundoteca e pela escolha de livros para crianças e adolescentes que não teriam “os valores que a gente acredita”. A Mundoteca é um programa da empresa FGM Produções, que atua na criação de projetos sociais e culturais, e não do governo federal, como informou ao Comprova a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. De fato, o projeto foi aprovado pela Lei Rouanet em 2018, ano em que o presidente era Michel Temer (MDB), e executado de 2019 a 2023 — ou seja, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o primeiro ano do presidente Lula (PT).

Conteúdo investigado: Vídeo publicado no Instagram mostra a prefeita de Canoinhas (SC), Juliana Maciel (PL), jogando no lixo livros do projeto Mundoteca. Ela diz que “a Mundoteca é um programa do governo federal e da Lei Rouanet. Mais uma vez o governo do PT faz esse tipo de coisa: bota o adolescente, bota a criança, induz a coisa que não é dos valores do que a gente acredita”.

Onde foi publicado: Instagram.

Conclusão do Comprova: A Mundoteca, projeto de bibliotecas comunitárias, não é uma iniciativa do governo federal, diferentemente do que afirma a prefeita de Canoinhas. Em post viral, ela joga livros no lixo, dizendo que os títulos não são adequados para crianças e adolescentes, e acusa o governo do PT de induzir “a coisa que não é dos valores que a gente acredita”. Ela também critica a Lei Rouanet, que apoiaria o projeto.

Após a publicação repercutir, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República afirmou, em nota, que o projeto “não é uma ação do governo federal” e que o post é uma “peça de desinformação”. A Mundoteca teve, de fato, apoio da Lei Rouanet, mas não tem mais. A Secom explicou que o programa foi aprovado para captar recursos por meio da lei em 2018, e que o projeto foi executado entre 2019 e 2023. Ou seja, se fosse do governo federal — o que, como explicado, não é —, o programa teria sido aprovado na gestão de Michel Temer (MDB) e implementado na de Jair Bolsonaro (PL), e não na de Lula (PT), a quem a autora do post critica.

A Mundoteca foi idealizada pela FGM Produções, que atua na criação de projetos sociais e culturais, segundo página da empresa no YouTube. Em nota divulgada no Instagram após o post da prefeita, a empresa informou que o objetivo da Mundoteca é “proporcionar às comunidades o acesso gratuito e cotidiano aos livros” e que o programa é voltado para todas as idades — não apenas crianças e jovens.

No documento, a empresa afirma que, para que a Mundoteca funcione, deve haver um contrato com as prefeituras das cidades onde ela será implementada e que, após um período (não determinado na nota), a biblioteca passa a ser gerida pelos órgãos municipais. Ao Comprova, a Prefeitura de Canoinhas afirmou que, “assim como outras cidades do Brasil, recebeu acervo da Mundoteca como doação” e que “tem autonomia para retirar títulos do espaço”.

Os livros que aparecem sendo jogados no lixo pela prefeita são “Aparelho Sexual e Cia”, de Zep e Hélène Bruller, e “As melhores do Analista de Bagé”, de Luis Fernando Verissimo. De acordo com a nota da FGM, essas obras nunca foram indicadas ou emprestadas para crianças. “O livro ‘Aparelho Sexual e Cia’ tem indicação para público juvenil e foi emprestado para somente uma pessoa adulta na biblioteca em questão. E o livro ‘As melhores do Analista de Bagé’ é recomendado para o público adulto e nunca foi emprestado”, afirma o texto.

O Comprova procurou a Prefeitura de Canoinhas que, em nota, declarou que “as duas obras trazem desenhos e textos de cunho sexual. Não tratam sobre práticas educacionais, muito pelo contrário. E por não condizerem com o que a Secretaria Municipal de Educação preza e ensina às crianças e adolescentes, foram retirados do acervo. Os livros serão encaminhados aos responsáveis pela criação do projeto da Mundoteca.” O G1 noticiou que o MPSC instaurou, em 19 de abril, uma notícia de fato para apurar o descarte de livros.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 24 de abril, o vídeo tinha 179 mil visualizações no Instagram.

Fontes que consultamos: Por e-mail, contatamos a Secom, que nos enviou a nota. Consultamos a nota da FGM no Instagram e reportagens sobre o assunto. Também tentamos contato com a Prefeitura de Canoinhas, que enviou o contato de uma assessora de imprensa, e com o MPSC, mas não houve retorno.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Outro livro foi alvo de desinformação nas redes sociais recentemente. No mês passado, o Comprova trouxe informações sobre polêmica envolvendo o livro “O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório, criticado por uma diretora de Santa Cruz do Sul (RS). Já a Lei Rouanet é assunto frequente de posts com desinformação. O Comprova já mostrou que um produtor cultural não foi a Portugal com dinheiro recebido do mecanismo e publicou também que tuíte engana ao dizer que Ludmilla receberá R$ 5 milhões por projeto que leva seu nome.

Política

Investigado por: 2024-04-24

Vídeo descontextualiza e inventa frases para alegar que há pressão internacional contra o governo brasileiro

  • Enganoso
Enganoso
Vídeo engana ao apresentar comentários antigos e retirados de contexto do jornalista William Waack, da cantora da banda ABBA Agnetha Fältskog e da "mentora jurídica" Rita Rocha, sugerindo críticas à situação do Brasil sob Lula e a favor de Jair Bolsonaro (PL). Esses trechos foram manipulados para sugerir que existe uma pressão internacional sobre o Brasil por causa da última manifestação pró-Bolsonaro, ocorrida em 21 de abril de 2024.

Conteúdo investigado: Vídeo apresenta trechos de falas do jornalista William Waack, de uma mulher identificada como “juíza sueca Anna Ase” e de uma mulher portuguesa não identificada, supostamente criticando o atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A postagem é acompanhada da legenda “Esse barulho vai reverberar no mundo todo. Isso vai acabar. As manifestações colocam os comunistas em polvorosa”, dando a entender que existe uma pressão internacional sobre o Brasil por causa da última manifestação pró-Bolsonaro, em 21 de abril de 2024.

Onde foi publicado: X e Facebook.

Conclusão do Comprova: É enganosa a postagem que apresenta falas de três pessoas supostamente criticando a atual situação do país, sob o comando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e levando quem assiste a acreditar que, após uma manifestação pró-Bolsonaro na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 2024, há uma mobilização internacional sobre o Brasil e a favor do ex-presidente. No decorrer do vídeo, há também uma tentativa de descredibilizar o processo eleitoral brasileiro.

O primeiro trecho mostra uma fala de William Waack durante programa da CNN Brasil no qual o jornalista descreve o país como “uma republiqueta que elege seus dirigentes políticos com urnas fraudulentas”. Entretanto, a afirmação foi retirada de contexto e feita originalmente em 18 de julho de 2022 como uma crítica do jornalista ao então presidente Bolsonaro, quando este se reuniu com embaixadores no Palácio da Alvorada para descredibilizar as urnas eletrônicas.

O segundo mostra uma mulher identificada na imagem como Anna Âse, uma suposta renomada juíza sueca. Segundo a legenda, ela afirma que “é realmente duvidoso um presidente tão popular ser o primeiro a não se reeleger, principalmente com indícios tão claros de fraude no sistema eleitoral brasileiro”. Porém, a mulher no vídeo é Agnetha Fältskog, vocalista da banda sueca ABBA, e ela não falava sobre as eleições brasileiras, e sim sobre carreira, em uma entrevista de 2014.

O terceiro mostra um vídeo publicado em 5 de novembro de 2022 pela portuguesa Rita Rocha, que se apresenta no Instagram como “mentora jurídica”. Na época, ela espalhou desinformação ao dizer que a eleição não estava decidida, que o governo dos Estados Unidos, sob Joe Biden, influenciou o resultado e que havia milhões de relatos de irregularidades nas urnas, o que daria ao povo legitimidade para pedir uma intervenção federal.

Todos esses trechos antigos foram publicados em uma montagem em 22 de abril, um dia após a manifestação pró-Bolsonaro em Copacabana. No evento, o ex-presidente voltou a pedir anistia a presos do 8 de janeiro. O autor do post foi procurado, mas não respondeu até o fechamento do texto.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 24 de abril de 2024, a publicação tinha mais de 122 mil visualizações.

Fontes que consultamos: O Comprova acessou os vídeos originais utilizados na montagem para investigar o contexto das falas, outras checagens sobre os mesmos conteúdos e sobre assuntos mencionados nas falas, além de procurar o autor do post. Para identificar a advogada portuguesa Rita Rocha, foi utilizada a ferramenta Pimeyes, associada à busca reversa de imagens.

Falas descontextualizadas ou desinformativas

Todas as falas usadas no vídeo investigado foram descontextualizadas ou continham informações inverídicas sobre o processo eleitoral brasileiro. A primeira delas, do jornalista William Waack, foi tirada de contexto. Na verdade, ele não defendia Bolsonaro, e sim o criticava durante a abertura do programa WW, da CNN Brasil, de 18 de julho de 2022, após o então presidente convocar uma reunião com embaixadores no Palácio do Planalto.

Durante a reunião, Bolsonaro afirmou, sem apresentar qualquer evidência, que as urnas eletrônicas não eram confiáveis e questionou ainda a lisura das eleições brasileiras. Posteriormente, o ex-presidente foi acusado de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, e julgado inelegível por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em junho de 2023.

O vídeo usa apenas o primeiro trecho da fala, em que Waack diz, em tom irônico, que “o mundo está sabendo a partir de hoje que o Brasil é uma republiqueta que elege seus dirigentes com urnas fraudulentas”, mas omite o que ele afirma em seguida: “Nada do que Bolsonaro disse é novo, mas ele conseguiu um feito único. Ele se transformou no primeiro caso em tempos modernos nos quais um mandatário, chefe de governo, chefe de Estado, convoca o resto do mundo para emporcalhar a imagem do seu próprio país”. Este vídeo já foi usado para disseminar desinformação anteriormente e desmentido pela Justiça Eleitoral e pelo Estadão Verifica.

Depois da aparição de William Waack, o vídeo passa a mostrar o que seria uma renomada juíza sueca chamada Anna Âse. Porém, a mulher no vídeo é Agnetha Fältskog, vocalista da banda sueca ABBA, durante participação no programa Skavlan em setembro de 2014. No trecho utilizado, na realidade, Agnetha fala sobre as dificuldades de conciliar a carreira com a criação dos dois filhos pequenos na época em que a banda fazia grandes turnês. Esse recorte também já foi utilizado para espalhar informações falsas anteriormente.

A terceira pessoa a aparecer na montagem é a portuguesa Rita Rocha, que tem 126 mil seguidores no Instagram, rede na qual ela publicou o vídeo originalmente em 5 de novembro de 2022. Apesar de, àquela altura, Lula já ter sido eleito presidente da República, ela desinformou ao afirmar que nada estava decidido nas eleições brasileiras.

Ela também alegava que o então presidente, Jair Bolsonaro, iria cumprir a Constituição brasileira, que garantiria ao povo o direito de pressionar por uma “intervenção federal” no caso de não haver separação de poderes entre o Executivo e o Judiciário, o que, para ela, estava acontecendo porque o Supremo brasileiro estava dominado por Alexandre de Moraes. Essa tese já foi desmentida pelo Projeto Comprova em novembro de 2022, quando bolsonaristas passaram a alegar que os artigos 34 e 142 da Constituição previam intervenção federal e militar, respectivamente.

Rita Rocha afirma ainda que os Estados Unidos, através do governo de Joe Biden, pressionaram Bolsonaro e, assim, interferiram nas eleições brasileiras de 2022, o que também não é verdade. Ainda em novembro de 2022, o Comprova mostrou ser falso que um jornalista havia provado a intervenção de Biden na eleição brasileira. Depois, em 2023, mostrou que um tuíte distorceu uma reportagem para afirmar que houve intervenção americana a favor de Lula. A reportagem do Financial Times, traduzida e publicada na Folha de S. Paulo, falava em uma pressão do governo Biden para preservar o sistema eleitoral brasileiro, não para favorecer um dos candidatos.

Por fim, a mentora jurídica portuguesa alega haver milhões de denúncias de irregularidades nas urnas eletrônicas. O Comprova e seus parceiros já publicaram inúmeros conteúdos desmentindo peças de desinformação sobre a segurança e integridade das urnas eletrônicas (1, 2, 3, 4, 5). Elas são usadas no Brasil desde 1996 e não há registro de fraude desde a implantação, diferentemente do sistema de voto impresso.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O vídeo do jornalista William Waack já foi usado para disseminar desinformação anteriormente e foi desmentido pela Justiça Eleitoral, Estadão Verifica e Lupa. O vídeo da cantora Agnetha Fältskog também já foi usado para espalhar desinformação anteriormente e checado pela Justiça Eleitoral e Aos Fatos. O Comprova também já fez checagens sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas, sobre as prisões do 8 de janeiro e sobre os ataques à democracia.

Política

Investigado por: 2024-04-22

Vídeo que compara prisões no 8/1 a Holocausto não foi exibido em TVs na Europa

  • Falso
Falso
Vídeo que compara envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro com as vítimas do Holocausto não foi transmitido em televisões da Europa. Não há nenhuma menção nos sites dos principais canais de TV europeus sobre o assunto do vídeo, que circula nas redes sociais ao menos desde fevereiro de 2023.

Conteúdo investigado: Post compartilha um vídeo que compara os participantes dos atos golpistas em Brasília em 8 de janeiro de 2023 às vítimas do Holocausto e diz que as imagens foram exibidas “em todas as televisões da Europa”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: É falso que um vídeo comparando os participantes da invasão às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 às vítimas do Holocausto tenha sido transmitido em todas as televisões da Europa.

O vídeo intercala trechos do filme “O Pianista”, lançado em 2002 e vencedor de três Oscars, com imagens relacionadas aos atos golpistas, gravadas e publicadas pela imprensa nos dias 8 e 9 de janeiro de 2023. Nos trechos finais, o conteúdo pede que o Brasil seja salvo do que, segundo a publicação, seria uma “ditadura” e diz que a eleição do presidente Lula (PT) em 2022 contraria o “voto da maioria”.

Há centenas de canais de televisão na Europa, composta por 50 países. Só na Alemanha, por exemplo, são mais de 480 canais em operação, segundo a plataforma de dados alemã Statista. Se uma transmissão dessa proporção tivesse acontecido, o evento teria se tornado uma notícia de alcance global com repercussões nos canais oficiais das emissoras, o que não ocorreu.

Buscamos por conteúdos sobre o Brasil nos sites de grandes canais do continente, como SIC (Portugal), TVE (Espanha), France Télévisions (França), Rai (Itália), NPO (Holanda), BBC (Reino Unido), RTL (Alemanha), SVT (Suécia) e TV2 (Dinamarca), e não encontramos nada parecido com o exposto pela publicação.

Além disso, o vídeo – que em nenhum momento informa que as cenas ligadas ao nazismo foram tiradas de um filme, e não são reais – exibe diversas tarjas de texto em português, idioma que, entre os países da Europa, é falado apenas em Portugal. No conteúdo investigado é possível notar ainda a logo de um editor de vídeos para celular, um indicativo de que o vídeo foi produzido de forma amadora, diferentemente de uma produção cinematográfica ou televisiva.

Falso, para o Comprova, é todo conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 22 de abril, o post teve 128 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Encontramos as cenas do filme usado no vídeo por meio da busca reversa de imagens do Google. No fim do vídeo investigado, há uma cena que mostra o ator Adrien Brody, protagonista de “O Pianista”. Os resultados mostraram que as imagens estão, inclusive, nos trailers do longa-metragem.

Usamos a mesma ferramenta para verificar quais eram os contextos das imagens do 8 de janeiro. São três segmentos distintos: o primeiro mostra o comboio de ônibus que levou os participantes do acampamento em frente ao quartel-general do Exército em Brasília para uma triagem na Academia Nacional de Polícia, também na capital federal, que aparece no segundo trecho. O terceiro mostra um policial militar dando uma rasteira em uma invasora durante abordagem no Palácio do Planalto. Posteriormente, ele foi advertido e se tornou réu por lesão na Justiça Militar, mas foi absolvido.

A busca reversa também mostrou que o mesmo vídeo, com alegações falsas semelhantes, circula nas redes sociais ao menos desde fevereiro de 2023.

Por fim, checamos nos sites dos principais canais de televisão de vários países europeus se havia algum texto recente sobre uma transmissão conjunta ou sobre o 8 de janeiro, e não foram encontradas publicações sobre o tema.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O sistema eleitoral brasileiro e os ministros do STF têm sido alvos de desinformação constante desde as eleições de 2022. Recentemente, o Comprova verificou publicações que dizem que o ministro Alexandre de Moraes planeja “corroer a democracia por dentro”, que Gilmar Mendes teria duvidado das urnas eletrônicas, e que o ex-ministro-chefe da Casa Civil Walter Braga Netto seja o atual presidente da República, após posse secreta.

Política

Investigado por: 2024-04-19

Congresso dos EUA não investiga ministros do STF, nem pode puni-los

  • Enganoso
Enganoso
Não é verdade que o Congresso dos Estados Unidos esteja investigando o STF, instância máxima do Judiciário brasileiro, e que possa punir seus integrantes. O Comitê de Assuntos Judiciários da Câmara de Deputados norte-americana de fato divulgou ofícios do STF e TSE, mas eles foram obtidos por meio de solicitação à X Corp., empresa de Elon Musk. A ação do comitê legislativo dos EUA, portanto, não tem consequências legais. O fato de o Brasil ser um país soberano impede que qualquer decisão do STF ou do TSE esteja sujeita a revisão por instâncias estrangeiras, do mesmo modo que seus integrantes não podem ser julgados por decisões tomadas no território nacional.

Conteúdo investigado: Publicação afirma que foi “péssima” ideia investigar o empresário Elon Musk no inquérito das milícias digitais, ao qual se refere como “fora da lei”. O post diz ainda que o STF foi incluído em uma investigação do Congresso dos Estados Unidos e seus membros “estarão sujeitos às penalidades legais e criminais do direito americano e internacional”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Publicação nas redes sociais engana ao afirmar que o Supremo Tribunal Federal (STF) ficará “sujeito às penalidades legais e criminais do direito americano e internacional” por ter sido citado em um relatório do Congresso dos Estados Unidos. Nesta semana, o Comitê de Assuntos Judiciários da Câmara dos Deputados dos EUA de fato publicou documentos emitidos pelo STF e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas como parte de um ato de supervisão sobre o governo do presidente Joe Biden, e não sobre o Judiciário brasileiro.

Os documentos foram obtidos pelo Congresso norte-americano uma semana após o ministro Alexandre de Moraes determinar que Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), fosse investigado no inquérito das milícias digitais. A decisão de Moraes foi anunciada em 7 de abril, depois que Musk fez uma série de ataques às determinações do magistrado de bloquear perfis na plataforma e chamou a medida de “censura agressiva”.

Ao Comprova, o professor do Departamento de Direito do Estado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Wallace Corbo explicou que as comissões americanas podem discutir questões que considerem politicamente relevantes e até requisitar informações e depoimentos, mas que possíveis conclusões não têm força de decisão judicial. “Essa eventual decisão ou conclusão a que chegue essa comissão não implica qualquer tipo de condenação a quem quer que seja, seja ao Brasil, seja a um ministro do Supremo”, disse.

No Brasil, quem pode julgar os ministros do STF é o Senado, por violação à legislação brasileira. E as decisões da jurisdição brasileira não estão sujeitas a nenhum tipo de reavaliação por instâncias estrangeiras. “Está completamente fora de cogitação a decisão judicial brasileira ser revista pelos Estados Unidos”, afirmou Corbo.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 19 de abril, a publicação teve 432,2 mil visualizações, além de 8 mil curtidas, mil compartilhamentos e 808 comentários.

Fontes que consultamos: Inicialmente, procuramos por informações sobre o Congresso dos Estados Unidos investigar o STF brasileiro na imprensa profissional, que nos levou a matérias sobre uma comissão da Câmara dos Deputados americana ter solicitado informações ao X Corp. a respeito de decisões do Supremo e TSE relacionadas à rede social. Em seguida, buscamos informações sobre a inclusão de Elon Musk no inquérito das milícias digitais e os embates entre o empresário e Alexandre de Moraes. Por fim, consultamos especialistas em Direito do Estado e em Legislação Internacional.

Elon Musk no inquérito das milícias digitais

No dia 7 de abril, Alexandre de Moraes determinou que o dono do X fosse incluído como investigado no inquérito das milícias digitais. A decisão ocorreu depois que o empresário fez uma série de publicações na rede social que, segundo o ministro, são uma “campanha de desinformação” que instiga “desobediência e obstrução à Justiça”. O magistrado estabeleceu que, caso a plataforma desobedeça qualquer ordem judicial e reative perfis bloqueados pelo STF ou TSE, será aplicada à empresa multa diária de R$ 100 mil por perfil.

Em 9 de abril, Moraes negou o pedido de isentar a representação brasileira do X de ser afetada por decisões judiciais tomadas no Brasil. A plataforma solicitou que somente a sede internacional respondesse a possíveis processos. Em 13 de abril, o magistrado autorizou depoimentos de representantes do X no país, atendendo a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que busca saber se Elon Musk ordenou alguma postagem em relação a perfis vedados por ordem judicial, se a empresa desbloqueou alguma conta suspensa por determinação judicial e, caso tenha ocorrido, quem é o responsável.

Ao informar o Supremo sobre o requerimento do comitê legislativo americano à X Corp., a defesa do X Brasil afirmou que todas as ordens expedidas pelo STF e TSE “permanecem e continuarão a ser integralmente cumpridas”. Os advogados esclareceram ainda que os documentos solicitados são confidenciais e estão resguardados por sigilo judicial e, por isso, solicitou que as autoridades dos Estados Unidos mantenham e respeitem a confidencialidade e o sigilo.

Contudo, em 17 de abril, a ala republicana da Comissão de Assuntos Judiciários da Câmara dos EUA divulgou um relatório afirmando existir uma “campanha de censura do Brasil” e criticando o que chamou de “silêncio da administração” do presidente americano Joe Biden em relação ao “ataque da liberdade de expressão no exterior”. O documento inclui ofícios enviados às plataformas para cumprimento de decisões do Supremo e do TSE, determinando a retirada de perfis de plataformas como X, Facebook e Instagram e afirma que seu objetivo é examinar “como os governos de outros países têm procurado censurar o discurso online”.

De acordo com o STF, o material divulgado não contém as decisões que determinaram a retirada de conteúdos ou perfis, mas sim dos ofícios enviados às plataformas para cumprimento da decisão. “Fazendo uma comparação, para compreensão de todos, é como se tivessem divulgado o mandado de prisão (e não a decisão que fundamentou a prisão) ou o ofício para cumprimento do bloqueio de uma conta (e não a decisão que fundamentou o bloqueio),” afirmou o Tribunal em nota ao Comprova. “Todas as decisões tomadas pelo STF são fundamentadas, como prevê a Constituição, e as partes, as pessoas afetadas, têm acesso à fundamentação”, concluiu.

Para Corbo, uma vez que a comissão do Congresso dos EUA tem a presença de republicanos que dialogam com a direita internacional, as medidas adotadas estão no campo político. “O máximo que eles podem conseguir, na melhor das hipóteses, para esse movimento, é algum tipo de manifestação de política externa, de relações diplomáticas, mas mesmo isso é muito remoto”, afirmou o professor, que lembrou das relações diplomáticas entre os dois países.

“A gente está falando de um pequeno grupo de republicanos dentro de uma comissão na Câmara dos Deputados, num país que ainda é governado por um presidente democrata, um país que tem relações comerciais muito sólidas com o Brasil”, analisa.

O trabalho da comissão pode resultar em relatórios com recomendações, por exemplo, de mudanças na política de uso do X, conforme explicou Erick Beyrut, mestre em Direito Constitucional pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e especialista em Legislação Internacional. “O que pode acontecer é eles elaborarem, ao final, relatórios com sugestões de diretrizes de atuação para o X, como os termos de uso a serem adotados”.

O advogado ressalta, no entanto, que todas as propostas devem, obrigatoriamente, seguir as leis brasileiras e estar em conformidade com as decisões judiciais do país.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: É comum que a aplicação das legislações brasileira e americana, bem como a política nacional e internacional, gerem dúvidas e provoquem desinformação. Recentemente, o Comprova explicou as diferenças entre a liberdade de expressão no Brasil e nos Estados Unidos. O Comprova também desmentiu que o FBI tenha investigado Alexandre de Moraes por envolvimento com narcotráfico e que o presidente Lula (PT) desfez acordo do Mercosul com a União Europeia por tratado com a França.

Política

Investigado por: 2024-04-19

Não há evidência de ligação entre Alexandre de Moraes e morte de Teori Zavascki

  • Enganoso
Enganoso
Vídeo engana ao sugerir que há relação entre o ministro do STF Alexandre de Moraes e o acidente aéreo que vitimou o ministro Teori Zavascki. Também não há indícios de ligação entre o magistrado e o delegado de Angra dos Reis (RJ) Adriano Antônio Soares, que iniciou as investigações sobre a morte de Zavascki. O policial foi responsável pela abertura do inquérito, mas na época em que foi morto já não conduzia o caso, que foi transferido para Brasília. O delegado foi morto após tiroteio em casa noturna, segundo informações da Polícia Federal. A alegação de que o UOL teria desmentido nota da PF é falsa.

Conteúdo investigado: Vídeo publicado no TikTok sugere a existência de uma relação direta entre o ministro do STF Alexandre de Moraes e a morte do ministro Teori Zavascki, então relator da Operação Lava Jato, em 2017. O post cita ainda a morte do delegado Adriano Antonio Soares, responsável pela abertura do inquérito para apurar o acidente. Segundo o vídeo investigado, a informação da Polícia Federal de que o delegado não estava à frente da investigação teria sido desmentida pelo UOL.

Onde foi publicado: TikTok e X.

Conclusão do Comprova: Não há provas que liguem o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes à queda do avião que vitimou o ministro Teori Zavascki e mais quatro pessoas em janeiro de 2017. Segundo o procurador da República em Angra dos Reis, Igor Miranda, foi constatado que o acidente foi provocado por falha humana associada às condições do tempo. Hipóteses de sabotagem foram descartadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira (FAB).

O vídeo também insinua que Moraes teria envolvimento com a morte do delegado de Angra dos Reis (RJ) Adriano Antônio Soares, responsável por abrir o inquérito para investigar a morte de Zavascki. Em maio de 2017, Soares e o delegado da PF em Niterói (RJ) Elias Escobar morreram em um tiroteio em uma casa noturna em Florianópolis (SC).

Soares, no entanto, não era o responsável pela investigação sobre a morte de Teori, que havia sido transferida para Brasília, segundo a Polícia Federal (PF). Essa informação, dada em nota pela PF na época da morte de Soares, não foi desmentida pelo site UOL ou por qualquer outro veículo de comunicação, ao contrário do que alega o vídeo.

A investigação sobre a morte do delegado de Angra dos Reis foi arquivada após a constatação que Soares e Escobar morreram durante uma briga em uma casa de prostituição e que o autor dos disparos agiu em legítima defesa.

Ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo no governo Geraldo Alckmin, Alexandre de Moraes foi indicado ao Supremo pelo então presidente Michel Temer (MDB), em março de 2017, na vaga de Zavascki. Na época em que morreu, Teori era relator dos processos da Operação Lava Jato.

O Comprova procurou a Polícia Federal e contatou o responsável pelo post no TikTok, mas não recebeu respostas.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 18 de abril de 2024, o vídeo acumulava 690,1 mil visualizações no TikTok e 53,1 mil no X.

Fontes que consultamos: Consultas a notícias e processos da época mostram o arquivamento da investigação sobre a morte do ministro do STF após a constatação que não houve crime relacionado ao acidente, assim como o arquivamento do inquérito sobre morte do delegado.

Morte de Teori Zavascki foi acidente, apontou investigação

Teori Zavascki morreu em janeiro de 2017 vítima de um acidente aéreo em Paraty. O ministro e mais três passageiros, além do piloto, estavam na aeronave que decolou do Campo de Marte (SP) rumo à cidade fluminense. Após a morte, foram abertas três frentes de investigação pela Polícia Federal, Força Aérea Brasileira (FAB) e Ministério Público Federal (MPF).

A investigação foi registrada na delegacia de Angra dos Reis pelo então delegado da PF do município, Adriano Antonio Soares. O inquérito, no entanto, foi transferido para Brasília, onde foi comandado pelo delegado Rubens Maleiner. O policial, que também é piloto, foi responsável pela apuração da morte do político e ex-candidato à presidência Eduardo Campos, em 2014.

Em declaração, Maleiner afirmou em 2018 que a principal hipótese sobre a morte de Teori era de falha humana. “A possibilidade de um ato intencional contra o avião foi bastante explorada na investigação, com diversas perícias, e nenhum elemento nesse sentido foi encontrado. Pelo contrário, tudo conduz a um desfecho não-intencional”, afirmou na época.

O MPF também pediu o arquivamento do inquérito após conclusão de morte acidental. Segundo afirmou em 2019 o procurador de Angra dos Reis, Igor Miranda, o acidente foi provocado por falha humana associada a condições do tempo. O órgão descartou possibilidades de sabotagem, envenenamento do piloto ou qualquer outra circunstância de prática de crime.

Delegado de Angra dos Reis não comandava as investigações

Adriano Antonio Soares e Elias Escobar, ambos delegados, morreram durante um tiroteio em uma casa noturna em Florianópolis. Os tiros foram disparados em uma briga entre os frequentadores, que não envolvia os policiais. O processo que apurava a morte de Soares e Escobar foi arquivado a pedido do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) após ser constatado que o autor dos disparos, o vendedor de cachorro-quente Nilton César de Souza Júnior, agiu em legítima defesa.

A troca de tiros aconteceu depois de um desentendimento entre pessoas que estavam por volta das 2h na casa de prostituição na capital catarinense. De acordo com a PF, os dois delegados, lotados no Rio de Janeiro, estavam em Florianópolis para uma capacitação interna do órgão.

Em nota divulgada na época, a Polícia Federal esclareceu que o delegado de Angra dos Reis tinha sido o responsável pela abertura da investigação da morte de Teori Zavascki, visto que o acidente aconteceu na zona da delegacia, mas não estava mais no comando do caso.

É falso que Moraes tenha sido advogado do PCC

Um trecho do vídeo investigado mostra supostas faixas de apoio do Primeiro Comando da Capital (PCC) à nomeação de Moraes ao STF. A imagem de presos com faixas escrito “PCC Paz, Justiça = Liberdade” e “Alexandre Moraes no STF!!” foi adulterada. Na foto original, feita em 2006 pelo fotógrafo Alex Silva, do Estadão Conteúdo, os homens exibem as mensagens “PCC Paz, Justiça = Liberdade” e “Contra a opressão”, sem menção ao magistrado.

Moraes também foi acusado em outras postagens de ser advogado do PCC. O ministro atuou em processos administrativos e civis para a cooperativa de transportes Transcooper, que teve, posteriormente, sócios acusados de envolvimento com a facção. O magistrado, no entanto, não atuou como advogado dos sócios de maneira individual.

Em 2021, Alexandre de Moraes ganhou processo contra o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que foi condenado a pagar R$ 50 mil por danos morais após dizer em entrevistas que o ministro havia advogado para o PCC.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O ministro Alexandre de Moraes é alvo constante de informações enganosas e teorias da conspiração. O Comprova já desmentiu vídeo que dissemina informações falsas sobre Moraes, fraudes nas eleições e prisão de indígenas, também mostrou ser falsa a acusação de que o FBI tenha investigado o magistrado por envolvimento com narcotráfico e enganoso que Moraes tenha dito que planeja “corroer a democracia por dentro”.

Política

Investigado por: 2024-04-18

Queda em ações da Tesla não tem relação com embates entre Musk e Moraes

  • Enganoso
Enganoso
É enganoso o post no X que afirma que o valor de mercado da Tesla caiu R$ 186 bilhões após ataques do dono, Elon Musk, ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Também não é verdade que a empresa vai demitir 15% dos funcionários após o embate do entre as partes, iniciado em abril de 2024. O desempenho das ações da companhia, na realidade, vem caindo desde janeiro.

Conteúdo investigado: Post no X afirma que a Tesla, montadora de Elon Musk, perdeu R$ 186 bilhões em valor de mercado e irá demitir 15% dos funcionários no mundo inteiro, após um embate formado entre o empresário e o ministro do STF Alexandre de Moraes nas redes sociais, no dia 6 de abril.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: É enganoso o conteúdo de uma publicação no X (antigo Twitter) que atribui a queda nas ações da Tesla, montadora pertencente a Elon Musk, aos ataques dele contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A publicação também desinforma ao dizer que a companhia anunciou a demissão de 15% dos funcionários no mundo inteiro, criando uma associação entre os supostos desligamentos e os recentes embates entre Musk e Moraes.

De fato, o preço das ações da Tesla está em queda em bolsas de valores como a Nasdaq e a Ibovespa, desde janeiro deste ano. A imprensa internacional vem apontando que a montadora é uma das empresas com pior desempenho no mercado de ações em 2024. No último mês, houve oscilações para cima e para baixo, mas o preço continua bem menor do que no início do ano, o que é atribuído a uma redução no mercado de carros elétricos e à flutuação comum em empresas de tecnologia.

Já o número de demissões não é de 15%, e sim de 10%. De qualquer forma, não há indícios de que elas estejam ligadas ao embate entre Musk e Moraes. Em um relatório oficial, o diretor financeiro da Tesla, Vaibhav Taneja, falou em reduzir custos para aumentar a produtividade e disse que “esta ação irá preparar a Tesla para a nossa próxima fase de crescimento, à medida que estamos desenvolvendo algumas das tecnologias mais revolucionárias nos setores automobilístico, energético e de inteligência artificial”.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 18 de abril de 2024, a publicação tinha mais de 257 mil visualizações no X.

Fontes que consultamos: Buscamos informações nos gráficos de desempenho das ações da Tesla na Nasdaq e na Ibovespa, além de notícias na imprensa nacional e internacional sobre queda no valor de mercado da companhia, demissão em massa e as razões para isso. Não foi possível fazer contato com o autor do post porque ele não disponibiliza meios para isso em sua conta no X. Também entrevistamos o especialista Antônio Jorge Martins, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Ações em queda desde janeiro

É verdade que as ações da Tesla sofreram queda na última semana e que a companhia anunciou demissões em massa, mas esse cenário não é novo nem pode ser atribuído ao embate entre Musk e Moraes. Em janeiro, a companhia perdeu US$ 80 bilhões em valor de mercado em um único dia após Elon Musk alertar que as vendas da empresa iam desacelerar em 2024, apesar dos cortes nos preços.

De lá para cá, as ações sofreram oscilações, mas não chegaram a recuperar o valor do início de ano – em 2 de janeiro, uma ação era comercializada a US$ 248,42, segundo gráficos da Nasdaq, o mercado de ações norte-americano. No dia do alerta de Musk, 25 de janeiro, o valor da ação despencou para US$ 182,63. Na Ibovespa, a queda no valor da ação também é visível a partir de janeiro.

Na época, Musk disse que a desaceleração nas vendas era esperada porque a Tesla estava se concentrando em um veículo elétrico de próxima geração a ser desenvolvido, com entregas previstas para acontecer em 2025. Segundo a imprensa especializada, a queda nos resultados da Tesla e de outras montadoras de carros elétricos tem a ver também com a queda na demanda por esse tipo de veículo.

A multinacional também registrou queda na produção de automóveis no primeiro trimestre deste ano. Relatório financeiro publicado pela própria empresa mostra entrega de 386.810 automóveis, inferior ao mesmo período do ano passado, que teve entrega de 422.875 veículos. Segundo a Tesla, o declínio se deve parcialmente ao encerramento de fábricas afetadas por “desvios de transporte marítimo causados ​​pelo conflito do Mar Vermelho e um ataque incendiário na Gigafactory Berlim”.

De acordo com o professor Antônio Jorge Martins, da FGV, especialista no assunto, a flutuação no valor de empresas como a Tesla é parte de um contexto global em que se pode cruzar dois pontos: uma crescente redução no próprio mercado de carros elétricos, com as vendas caindo, e uma flutuação de imagem comum às empresas de tecnologia. Como o cenário muda rápido, por conta da própria evolução da tecnologia, a realidade fica ainda mais flutuante para empresas desse tipo. Recentemente, por exemplo, foi noticiado que a Apple perdeu US$ 113 bilhões em valor de mercado.

“A realidade econômica da Tesla não tem a ver com o X. São assuntos diferentes. Essas ações são fruto da lógica de um mercado que vai muito além de um bate-boca. O mercado financeiro funciona com base no que chamamos de ‘valuation’, as expectativas que imperam sobre uma determinada empresa. Toda análise ocorre em conjunto com essa expectativa, que não é tangível, e é ainda mais presente no universo da tecnologia”, diz. “Nos EUA, o mercado de carros elétricos vem diminuindo. As pessoas começaram a ver aspectos negativos em algo que, lá atrás, parecia mais atrativo. O tempo passa e os problemas ficam mais claros – como a necessidade de reposição de bateria, que tem preço alto para carros elétricos. A mão de obra para consertos também é mais rara de encontrar e mais cara”, avalia o professor.

Declarações contra Moraes

As declarações de Musk contra o ministro Alexandre de Moraes começaram em 6 de abril, um sábado. Na segunda-feira, 8, as ações da Tesla na Nasdaq fecharam em US$ 172,98 – alta em relação à sexta-feira, 5, quando o valor era de US$ 164,9. Nos dias seguintes, houve oscilação e, no dia 10, as ações tinham recuado 33% ao ano. Em 15 de abril, dia da postagem do conteúdo aqui investigado, as ações da Tesla custavam US$ 161,48.

Já o valor de mercado da companhia era de US$ 525,1 bilhões na sexta-feira, 5, um dia antes das declarações de Musk, e caiu para US$ 514,2 bilhões no dia 15 de abril, segundo dados coletados pelo Bloomberg Terminal. A perda no período foi de US$ 10,9 bilhões, o equivalente a R$ 57,3 bilhões. Isso significa que, mesmo que a perda pudesse ser atribuída ao embate entre Musk e Moraes, o valor da perda no valor de mercado não seria de R$ 186 bilhões, como afirma o autor do post. O valor de mercado, assim como as ações, também vem caindo desde janeiro, como mostra este gráfico abaixo com os dados acumulados no ano, do Bloomberg Terminal.

No dia 16 de abril, quando a empresa anunciou a demissão de 10% dos funcionários em todo o mundo, e dois executivos anunciaram suas saídas, o valor de mercado chegou a US$ 500 bilhões, depois tornou a cair e atingiu US$ 497,9 bilhões em 17 de abril. Os desligamentos dos executivos e as demissões de cerca de 14 mil pessoas estão documentadas em um relatório oficial para a Comissão de Segurança e Câmbio dos Estados Unidos, assinado por Vaibhav Taneja, diretor financeiro da companhia.

Em março deste ano, a empresa teve o pior desempenho em um mercado de ações norte-americano. Segundo esta reportagem publicada pela CNN, o declínio da empresa tem a ver com problemas de segurança e recalls, desaceleração do crescimento e redução de preços, e a situação pode ficar ainda pior a partir de 2025, com o crescimento da concorrência.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Após discussões entre o empresário e o ministro do Supremo, o Comprova publicou conteúdo explicativo sobre a diferença entre a liberdade de expressão no Brasil e nos Estados Unidos. O Comprova também já mostrou ser falsa foto de Bolsonaro em lancha com Elon Musk.

Política

Investigado por: 2024-04-16

Vereador alega que todos os juízes que condenaram Lula foram afastados de seus cargos pelo CNJ, mas a afirmação é enganosa

  • Enganoso
Enganoso
Apenas dois dos quatro juízes afastados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) estiveram envolvidos em condenações do presidente Lula (PT), diferentemente do que afirma um post em rede social. São eles o desembargador Thompson Flores, que participou do julgamento do presidente na segunda instância pelo caso do sítio de Atibaia, e a ex-titular da 13ª Vara de Curitiba Gabriela Hardt, que condenou Lula em primeira instância pelo mesmo caso. Os outros dois magistrados afastados do Tribunal Regional Federal da 4ª região, que tem sede em Porto Alegre, respondem por um processo envolvendo o ex-titular da operação Eduardo Appio. A medida do CNJ foi motivada por suspeitas de irregularidades no andamento da Lava Jato, mas o plenário do órgão reviu a decisão e manteve o afastamento de apenas dois desembargadores.

Conteúdo investigado: Publicação do vereador Fernando Holiday (PL-SP) com as frases “Todos os juízes que condenaram Lula foram afastados de seus cargos pelo CNJ. Coincidências estranhas”, seguida por um emoji de palhaço.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Uma publicação feita pelo vereador Fernando Holiday (PL-SP) engana ao sugerir que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afastou todos os juízes federais envolvidos em condenações do presidente Lula (PT), sugerindo retaliação. Na verdade, apenas dois dos quatro afastados inicialmente participaram de julgamentos do presidente. Divulgada nesta segunda-feira, 15 de abril, a decisão do corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, atinge desembargadores que estariam envolvidos em diversas irregularidades cometidas na Lava Jato, mas foi revista no julgamento em plenário. O próprio magistrado pondera que a operação trouxe contribuições relevantes para o país, mas que, nas palavras dele, “descambou para a ilegalidade”.

Uma das afastadas que voltou ao posto após um novo julgamento é a ex-titular da 13ª Vara de Curitiba Gabriela Hardt, substituta do ex-juiz Sergio Moro que condenou Lula a 17 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do sítio de Atibaia (SP). A sentença, de 2019, foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021, assim como a do caso do triplex do Guarujá (SP), proferida por Moro em 2017. Essas foram as únicas condenações enfrentadas pelo presidente.

Segundo o CNJ, Hardt violou o Código de Ética da Magistratura ao validar a criação de uma fundação privada com recursos oriundos da operação. A iniciativa vem sendo criticada desde 2019, quando a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu a nulidade do acordo ao STF, que acatou o pedido. “A ideia de combate a corrupção foi transformada em uma espécie de ‘cash back’ para interesses privados”, diz trecho da decisão do corregedor. O plenário do CNJ avaliou, no entanto, que é necessário abrir um processo disciplinar antes de determinar o afastamento da magistrada.

Também foram afastados os desembargadores Thompson Flores e Loraci Flores de Lima, acatando uma solicitação do ministro Dias Toffoli, do STF. Eles foram investigados pela corregedoria do CNJ por suspeita de burlarem decisões da Suprema Corte em processos da operação que implicam o empresário Raul Schmidt Felippe e o advogado Tacla Duran. Ambos seguem afastados, apesar da revisão em plenário. 

“Ao decidirem pela suspeição do juiz federal Eduardo Appio, impulsionaram – com consequências práticas relevantes – processos que estavam suspensos por força de decisão do eminente ministro Ricardo Lewandowski e utilizaram-se, como fundamento de decisão, prova declarada inválida pelo ministro Dias Toffoli”, diz a decisão de Salomão.

Thompson Flores também esteve envolvido no julgamento de Lula pelo caso do sítio de Atibaia na segunda instância. Já no processo do triplex do Guarujá, nenhum desembargador que atuou no julgamento de Lula na segunda instância foi implicado na decisão do CNJ. Todos eles ainda fazem parte do TRF-4.

O atual titular da Lava Jato, Danilo Pereira Júnior, que havia sido retirado do posto na decisão inicial por suspeita de irregularidade no caso do juiz Eduardo Appio, retornou ao cargo após novo julgamento. “No caso concreto, não existe nenhum fato contemporâneo para se tornar urgente o afastamento”, sustentou o presidente do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso.

A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) se manifestou sobre a decisão do corregedor nacional de Justiça. A entidade disse que recebeu com surpresa a notícia de afastamento de magistrados vinculados ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região e classificou a medida como “inadequada”.

“O afastamento cautelar de qualquer magistrado reclama motivos de natureza extremamente grave, além de contemporaneidade aos fatos, ainda mais quando determinado de forma monocrática, situações que não se verificam no caso em debate”, diz trecho da nota.

Procurado, Fernando Holiday disse que o intuito da postagem é “gerar uma reflexão sobre as similaridades dos ocorridos com a Operação Mãos Limpas, na Itália, e a Operação Lava Jato, no Brasil”. Segundo ele, “a punição dos juízes tanto tempo depois do ocorrido pode transmitir uma mensagem equivocada sobre as consequências de combater a corrupção no Brasil”.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até a publicação deste texto, o post somava mais de 136 mil visualizações.

Fontes que consultamos: A verificação foi feita a partir da consulta à decisão do CNJ sobre o afastamento dos juízes federais e também de notícias sobre o fato. Além disso, também consultamos o histórico de decisões da Lava Jato nos sites do TRF-4 e do STF.

Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: A Operação Lava Jato já foi objeto de outras verificações do Comprova. Em 2022, um vídeo usou declarações antigas de Deltan Dallagnol para afirmar que Lula poderia perder a candidatura por conta da operação. O Comprova também já publicou um texto explicando o que foi a Lava Jato.

 

Atualização: Esta verificação foi atualizada em 18 de abril com informações do julgamento no Plenário do Conselho Nacional de Justiça que, por maioria de votos, anulou o afastamento da juíza Gabriela Hardt e do juiz Danilo Pereira Júnior, que atuaram na 13ª Vara Federal de Curitiba; e manteve o afastamento dos desembargadores do Tribunal Regional da 4ª Região, Carlos Eduardo Thompson Flores e Loraci Flores de Lima.