O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
Filtro:

Contextualizando

Investigado por: 2024-06-22

Hotel em que Lula ficou na Itália tem diárias de até R$ 2,5 mil, e não de mais de R$ 71 mil

  • Contextualizando
Contextualizando
Após ser noticiado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, iriam à Itália participar da Cúpula do G7, postagens foram compartilhadas nas redes sociais afirmando que o casal ficaria hospedado no hotel Borgo Egnazia, com diária acima de R$ 71 mil. Entretanto, conforme a Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal, Lula se hospedou no hotel Sole in Me, cuja diária é de 423 euros, ou seja, R$ 2.483,98.

Conteúdo analisado: Postagens nas redes sociais e em um blog afirmando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, iriam se hospedar no hotel cinco estrelas Borgo Egnazia, onde a diária passa dos R$ 71 mil, durante viagem à Itália para participar de um encontro do G7. 

Onde foi publicado:  X, Instagram, YouTube, Threads, Facebook, Kwai e TikTok. 

Contextualizando: O presidente Lula (PT) e a primeira-dama Janja estiveram na Itália, nos dias 14 e 15 de junho, para cumprir agenda junto à cúpula do G7, realizada no hotel Borgo Egnazia, na região da Puglia. O casal esteve no resort apenas durante a programação do evento e não ficou hospedado no local. 

O resort é um complexo luxuoso com casas, apartamentos, restaurantes e jardins, com diárias que variam de 2.380 euros (R$ 13.822,00) a 3.520 euros (R$ 20.443,00). A conversão dos valores foi feita pela ferramenta disponibilizada pelo Banco Central seguindo a cotação do dia 20 de junho.

Conforme informado pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal, o presidente se hospedou no Sole in Me, que se descreve como um resort de luxo cinco estrelas situado na cidade de Ostuni, também na região da Puglia. O órgão se recusou a informar, contudo, o valor pago por cada diária do quarto do casal. Mas o estabelecimento negou ao Comprova que tenha diárias no valor de R$ 71 mil.

O Comprova verificou a diária mais cara no estabelecimento, na Suíte Embaixador, que custava 432 euros no dia 20 de junho, ou seja R$ 2.483,98. A reportagem identificou dois pagamentos feitos pelo Ministério das Relações Exteriores ao hotel, um em maio e outro em junho, para hospedagem de parte da equipe de Lula no contexto da preparação do presidente na cúpula do G7. Os valores somam 60.500 euros (R$ 336.997,10). A Secom e o Itamaraty não informaram quantas pessoas ficaram hospedadas no local e por quantos dias. 

Um terceiro pagamento também foi feito ao hotel, no valor de R$ 27.338,52, para aluguel de equipamentos como computadores e roteadores, além de contratação de cerimonial. 

A reportagem fez a mesma busca no Portal da Transparência por pagamentos ao Borgo Egnazia, mas nada foi encontrado.

Antes da viagem, o jornal Folha de S.Paulo havia noticiado que o encontro da cúpula ocorreria no resort Borgo Egnazia, mas que o presidente brasileiro não ficaria hospedado no local. De acordo com o veículo, a sede do encontro teria sido escolhida pela primeira-ministra Giorgia Meloni, que hospedou no local Joe Biden (EUA), Emmanuel Macron (França), Olaf Scholz (Alemanha), Rishi Sunak (Reino Unido), Fumio Kishida (Japão) e Justin Trudeau (Canadá). 

Lula participou do evento no hotel nos dias 14 e 15, realizando reuniões com diferentes lideranças, a convite de Giorgia Meloni.O G7 é composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, mas os eventos do grupo costumam contar com a presença de países convidados. 

O colunista Cláudio Humberto e o site Diário do Poder, que também publicou nota sobre a hospedagem de Lula, foram procurados pela reportagem, mas não retornaram até esta publicação. 

Fontes consultadas: A reportagem consultou o Portal da Transparência do governo federal, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) e o Ministério das Relações Exteriores. Também foram feitas tentativas de contato com os hotéis Borgo Egnazia e Sole in Me, além de cotados os preços das diárias do último. Por fim, o Comprova procurou também o colunista Cláudio Humberto e o site Diário do Poder. 

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais:  O Comprova já explicou outro conteúdo que cita a viagem de Lula à Europa e mostrou que ele e a primeira-dama foram ao continente para cumprir agenda diplomática, e não para festejar o Dia dos Namorados. O projeto também checou anteriormente conteúdo desinformativo sobre valores pagos pelo governo brasileiro em diárias fora do país, informando que, em 2019, a hospedagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em um hotel de luxo de Abu Dhabi não foi paga com dinheiro público brasileiro

Política

Investigado por: 2024-06-20

Lula não foi excluído de foto do G7 que mostra apenas os líderes dos países-membros

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Enganoso
Lula não foi preterido em foto na reunião do G7, na Itália, em junho. Ele não aparece no registro porque, na tradicional “foto de família” do grupo, só estão os presidentes dos sete países do bloco – o Brasil não é um deles – e os presidentes do Conselho Europeu e da União Europeia. O presidente brasileiro aparece em outra foto, que mostra todos os membros do grupo e convidados do encontro.

Conteúdo investigado: Postagens com a foto de lideranças internacionais sem a presença de Lula e com a legenda: “Cadê o Lula? Ele não seria a grande estrela da reunião do G7, segundo a velha e porca mídia?”.

Onde foi publicado: X e TikTok.

Conclusão do Comprova: O fato de o presidente brasileiro Lula (PT) não aparecer em foto tirada em encontro do G7 não significa que ele foi preterido pelas lideranças que aparecem na imagem. A foto usada em post enganoso — a mesma publicada pelo Financial Times — traz apenas os presidentes dos países que formam o grupo: Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos. Tradicionalmente, também compõem a imagem os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia.

Neste ano, a reunião ocorreu na Itália, entre os dias 13 e 15 de junho. O Brasil foi um dos países convidados. A foto em que Lula aparece é outra, em que figuram, ao lado dos presidentes dos países-membros do G7 e do Conselho Europeu e da Comissão Europeia, as autoridades convidadas (chefes de países e representantes de organizações). Este registro também é feito todos os anos. Nesta edição de 2024, pela primeira vez, o papa participou do encontro.

Para efeito de comparação, em 2023, na reunião do G7, no Japão, constam igualmente os registros da foto oficial — também conhecida como “foto de família” — e da imagem com todos os participantes. O mesmo aconteceu em 2022, na Alemanha: a foto dos membros do grupo e o registro com os demais convidados. O então presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, não aparece na foto, pois o Brasil não foi chamado para o evento.

Na edição de 2024, Lula foi convidado pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni. Nesta transmissão, é possível ver o momento da recepção. Lula chegou à Itália na noite do dia 13. No dia seguinte, sua agenda oficial registra encontros com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, o presidente da Turquia, Recep Erdoğan, o Papa Francisco, o presidente da França, Emmanuel Macron, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

No dia 15, Lula teve agenda com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e Giorgia Meloni, antes de retornar a Brasília.

Para o Comprova, é enganoso o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 20 de junho, a postagem havia alcançado 74,4 mil visualizações no X, com 2 mil compartilhamentos e 6 mil curtidas. Em um perfil no TikTok que fez um vídeo a partir do post verificado aqui, a publicação registrou 99,5 mil visualizações, 7 mil curtidas e 1,8 mil compartilhamentos.

Fontes que consultamos: Reportagens na imprensa brasileira e internacional, site do governo federal e agenda oficial do presidente Lula.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Reuters, Aos Fatos e Estadão Verifica também checaram posts sobre a participação de Lula no encontro do G7. O presidente e seu governo são alvos frequentes de conteúdos de desinformação. O Comprova mostrou que a viagem dele e de Janja à Europa foi para cumprir agenda diplomática, sem relação com o Dia dos Namorados, e que é enganosa a postagem que sugere que um secretário do governo confirmou a cobrança de novo imposto sobre o Pix.

Contextualizando

Investigado por: 2024-06-11

Lula e Janja irão à Europa em junho para cumprir agenda diplomática

  • Contextualizando
Contextualizando
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama, Janja Lula da Silva, viajarão para a Suíça e para a Itália esta semana, entre os dias 13 e 15 de junho. Como a viagem acontece na mesma semana do Dia dos Namorados, publicações viralizaram nas redes alegando que Lula vai à Europa festejar a data. Mas, na realidade, o presidente viajará para participar de dois compromissos diplomáticos: a 112ª Conferência Internacional do Trabalho, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, e a reunião do G7, em Borgo Egnazia, na Itália. O presidente será o orador principal de um dos painéis em Genebra e participará como convidado da cúpula do G7.

Conteúdo analisado: Publicações que insinuam que Lula e Janja irão para a Europa aproveitar o Dia dos Namorados na Suíça e na Itália.

Onde foi publicado: X.

Contextualizando O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama, Janja Lula da Silva, viajarão esta semana para a Suíça e para a Itália. Na Europa, Lula cumprirá agenda em dois eventos oficiais: a 112ª Conferência Internacional do Trabalho, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, e a reunião do G7, em Borgo Egnazia. Nas redes sociais, contudo, publicações viralizaram ao insinuar que o objetivo da viagem seria a comemoração do Dia dos Namorados, celebrado no Brasil no próximo dia 12 de junho.

Lula e Janja desembarcarão na Suíça no dia 13 para o primeiro compromisso do presidente na Europa, o Fórum Inaugural da Coalizão Global para a Justiça Social. O painel acontecerá durante a 112ª Conferência Internacional do Trabalho, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra. A coalizão foi idealizada em 2022 pelo diretor-geral da OIT, Gilbert F. Houngbo, e formalizada pelo órgão no ano passado. Lula foi convidado para ser copresidente e, por isso, segundo o Itamaraty, será o orador inicial.

Depois de Genebra, ainda no dia 13, o casal partirá para Borgo Egnazia, onde acontecerá a reunião da cúpula do G7. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), Lula foi convidado pela primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. Será sua oitava participação como presidente convidado em uma reunião do G7, grupo formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.

Além de se reunir com os líderes do G7 e outros presidentes, Lula terá ao menos cinco reuniões bilaterais. O Itamaraty já confirmou que haverá encontros com o papa Francisco, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, o presidente da França, Emmanuel Macron, e a presidente da União Europeia, Ursula von der Leyen.

Em nota, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) lamentou as tentativas de “desvirtuar o caráter dessas importantes agendas do presidente da República”. Já a assessoria de comunicação da primeira-dama confirmou que ela “acompanhará o presidente Lula na viagem para a reunião do G7, assim como fez no ano de 2023, e da OIT”.

Copresidência da coalizão da OIT

Alguns dos posts verificados sugerem que o presidente e a primeira-dama estão indo curtir o Dia dos Namorados na Europa enquanto o Rio Grande do Sul ainda sofre com as inundações. Justamente por conta das chuvas, a ida de Lula tanto a Genebra quanto à Itália não estava confirmada até o início do mês, segundo publicou o colunista Jamil Chade, do UOL. No último dia 4 de junho, o Ministério das Relações Exteriores confirmou a viagem ao abrir credenciamento para a imprensa referente aos dois compromissos. Na programação oficial do evento, ainda é o nome do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que aparece como representante do Brasil.

Na manhã de 10 de junho, o secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do MRE, embaixador Carlos Márcio Bicalho Cozendey, explicou que a coalizão se estrutura em torno de seis temas e, uma vez por ano, os integrantes se reúnem a fim de apresentar propostas relacionadas a eles.

“Uma das das questões que nós estamos estudando, por exemplo, é aquela iniciativa Lula-Biden sobre trabalho decente. Estamos discutindo aí com os americanos se ela não poderia ser incluída nesse contexto da Coalizão Global pela Justiça Social”, disse Cozendey, acrescentando que Lula fará a fala de abertura do fórum.

Viagem à Itália como convidado do G7

A segunda parte da viagem desta semana será para a Itália, que recebe a Cúpula do G7 e os líderes convidados em Borgo Egnazia. Os temas discutidos serão inteligência artificial, energia, África e Mediterrâneo. Este é o segundo ano consecutivo que o presidente Lula participa do encontro das maiores economias do mundo como convidado, mas ele já esteve em reuniões do G7 outras seis vezes, segundo o Itamaraty: em 2003, 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009.

O secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do MRE, embaixador Maurício Carvalho Lyrio, informou que Lula e os demais presidentes convidados chegarão a Borgo Egnazia às 13h do dia 13 de junho e terão um breve encontro inicial.

Em seguida, participarão da reunião entre os líderes do G7 e os convidados. Esta reunião terá o papa Francisco como orador inicial e cada participante falará por cinco minutos, incluindo o próprio Lula. De acordo com Lyrio, o tema central da fala do presidente brasileiro deverá ser a presidência brasileira do G20. “Eu diria que um eixo norteador provável da fala do presidente é um pouco como esses temas [do G7] se relacionam também com a presidência do G20 e com outras prioridades da agenda brasileira do G20, como o lançamento da Aliança Global contra a Fome”, declarou.

Além das reuniões entre todos os líderes, vão acontecer encontros bilaterais. Uma das reuniões já confirmadas ocorrerá entre o presidente Lula e o papa Francisco, na manhã do dia 14. O encontro foi solicitado por Lula. Outros líderes solicitaram reuniões com o brasileiro e tiveram os pedidos aceitos: são os representantes da Índia, da África do Sul, da França e da Comissão Europeia. Segundo o MRE, há ainda quatro convites sendo analisados.

Fontes consultadas: O Comprova procurou o Ministério das Relações Exteriores, a Secom e a equipe de comunicação direta da primeira-dama. Também foram consultadas notas oficiais, comunicados à imprensa e matérias sobre a viagem presidencial.

A reportagem entrou em contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), responsável por uma das publicações que insinuam que a viagem à Europa tinha como objetivo festejar o Dia dos Namorados, mas não houve retorno até a publicação deste texto.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: Outras publicações relacionadas a Lula e Janja já foram verificadas pelo Comprova, como a afirmação falsa de que o presidente forjou viagem para a COP 27, no Egito, e discursou em porão cenográfico, e um post enganoso que alega que a primeira-dama encenou entrega de cão a um militar da Força Aérea Brasileira para gravar a cena e divulgar nas redes sociais.

Política

Investigado por: 2024-06-07

Postagem engana ao sugerir que secretário do governo confirmou cobrança de novo imposto sobre Pix

  • Enganoso
Enganoso
Post desinforma ao dizer que o governo federal teria confirmado que o Pix e o Drex, o real digital, foram programados para aumentar a arrecadação. O vídeo viral tira de contexto declaração do diretor da Secretaria da Reforma Tributária, Daniel Loria, sobre o split payment, que não é um novo imposto, mas um mecanismo que prevê que o imposto sobre uma compra seja recolhido no momento da compra.

Conteúdo investigado: Vídeo começa com pergunta sobre a possibilidade de um imposto ser criado sobre transações via Pix e avança afirmando que um secretário do governo federal deu uma declaração dando a entender que tanto o Pix como o Drex, o real digital, “estão sendo programados pensando na proposta de arrecadar impostos diretamente de transações digitais”.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Post viral no TikTok engana ao sugerir que o governo federal estaria programando criar um imposto para transações via Pix, sistema de pagamentos e transferências de dinheiro instantâneos, e Drex, o real digital. “O governo vai colocar imposto no Pix? O que está por trás disso é assustador”, diz o autor do vídeo.

Em seguida, ele afirma que o “diretor da Secretaria de Reforma Tributária disse que tanto o Pix quanto o Drex estão sendo programados pensando na proposta de arrecadar impostos diretamente de transações digitais”. Daniel Loria afirmou isso, em 3 de maio, em um evento em São Paulo. Mas o secretário falava sobre o split payment, mecanismo da reforma tributária que prevê que o imposto sobre uma compra seja recolhido no momento da compra – ele não falava sobre a criação de um novo imposto.

“A nossa intenção é que o split seja obrigatório em todas as transações de pagamento por meio eletrônico. Estive ontem [2 de maio] no Banco Central conversando com o pessoal. O Pix e o Drex já estão sendo programados pensando nisso”, disse o diretor, referindo-se à intenção de fazer a alteração para que o imposto seja recolhido no momento da compra. Hoje, o recolhimento dos tributos é feito mensalmente.

Depois de sugerir que haveria a criação de um imposto, o autor do vídeo diz não se tratar de uma nova tributação, “mas é mais uma maneira de o governo tirar dinheiro daqueles que não declararam”. De fato, com o split payment, “o fornecedor vai ver reduzido o espaço para sonegação, fraudes e inadimplência”, como informou o Ministério da Fazenda ao Comprova. O órgão ainda afirmou que “é importante destacar que [o slit payment] não se trata de um tributo sobre o Pix e Drex”.

O Drex, como afirmado acima, é o real digital. Ele é a representação virtual da moeda brasileira e deve entrar em vigor no Brasil entre este ano e 2025. De acordo com o Banco Central, a sigla evoca as palavras “digital”, “real”, “eletrônico” e “transação”.

No final do post investigado aqui, o autor convida seguidores a aprender com ele, em outro vídeo, a não pagar imposto. Contatado pela reportagem, Rafael Cezar, o autor, negou que tenha sugerido a criação de um novo imposto.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 5 de junho, o vídeo tinha sido visualizado 396 mil vezes e recebido 45,7 mil curtidas.

Fontes que consultamos: Pesquisamos reportagens sobre o split payment e o site do Ministério da Fazenda, que foi contatado por email.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Conteúdos sobre economia são frequentemente verificados pelo Comprova. O projeto publicou na seção Comprova Explica detalhes sobre medida do governo de zerar a taxa de importação do arroz e suas consequências e conclui ser falso post com dados sobre PIB e inflação inventando que Fernando Haddad havia dito ser impossível pagar o funcionalismo.

Mudanças climáticas

Investigado por: 2024-06-05

Estrada foi bloqueada em Canoas (RS) para passagem de carretas com material de construção, diferentemente do que afirma post

  • Enganoso
Enganoso
Post engana ao afirmar que um bloqueio foi feito na BR-448, na altura do acesso ao bairro Mathias Velho, em Canoas (RS), para a chegada de 70 carretas vazias com a intenção de esconder algo da população. O bloqueio aconteceu no dia 31 de maio, dia da publicação do conteúdo, mas os caminhões não estavam vazios. Eles levavam material para reconstrução de dique.

Conteúdo investigado: Publicação no X em tom conspiratório afirma que 70 carretas que chegaram ao bairro Mathias Velho, em Canoas (RS), estavam vazias e sairiam de lá escondendo algo. Nos comentários, há insinuações de que os caminhões eram frigoríficos e sairiam do bairro com corpos de vítimas da enchente.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Postagem engana ao insinuar que 70 carretas entrariam no bairro Mathias Velho, em Canoas (RS), vazias. Os veículos realmente estiveram na região no dia 31 de maio, passando pela BR-448, mas para levar material de construção para obra do Dique Mathias Velho, conforme informou a Prefeitura de Canoas. Responsável pela obra, a Eurovia disse que toda movimentação de equipamentos e veículos da empresa no local é relacionada a este serviço contratado pela administração municipal.

O número de mortes divulgado pelo governo do Rio Grande do Sul reforça que as alegações feitas na postagem e nos comentários (de que as carretas transportavam corpos) são enganosas. Até 5 de junho, 31 óbitos haviam sido confirmados no município, um dos mais atingidos pelas chuvas no estado. A quantidade de mortes não justifica operação com dezenas de carretas para transporte de mortos.

Para o Comprova, enganoso é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 5 de junho de 2024, o post somava 417 mil visualizações, 3 mil curtidas, mil compartilhamentos e 318 comentários.

Fontes que consultamos: Para esta checagem, foram consultadas a Prefeitura de Canoas e a Eurovia, além da Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP) e do Governo do Rio Grande do Sul. A autora do post não permite o envio de mensagens no X e, por isso, não foi possível contatá-la.

Empresa foi contratada emergencialmente para reconstruir dique

A empresa responsável pelas 70 carretas que passaram pela BR-448, próximo ao acesso a Mathias Velho, no dia 31 de maio, é a Eurovia, contratada emergencialmente para reconstruir o dique do bairro. As obras de reconstrução deste dique e de outro próximo, o do Rio Branco, eram essenciais para retirar a água acumulada no lado oeste de Canoas, segundo informou, no dia 30, o jornal O Sul.

A primeira obra a ser finalizada foi a do dique Rio Branco, em 29 de maio, que também fica às margens da BR-448. A empresa responsável pelo reparo foi a Sultepa, que assinou um contrato de R$ 1.868.593,91 no dia 20 de maio, como mostra este documento disponível no Portal da Transparência da Prefeitura de Canoas.

Com a Eurovia, o município assinou outro contrato emergencial, no mesmo dia, no valor de R$ 7.761.903,03, especificamente para a reconstrução do Dique Mathias Velho. Segundo a prefeitura, as 70 carretas que passaram pela BR-448 no dia 31 levavam material para esta obra, já que a do Dique Rio Branco já estava concluída naquele momento.

Em nota, a Eurovia confirmou a informação. “O objeto de nosso contrato se refere exclusivamente à prestação de serviços para a reconstituição provisória do Dique do Pôlder Mathias Velho. Logo, toda a movimentação de caminhões e equipamentos de nossa empresa, na localidade de Canoas, é decorrente dos aludidos serviços”, diz.

A PRF foi procurada, mas disse não ter informações sobre o bloqueio no acesso ao bairro Mathias Velho para a chegada dos caminhões. Segundo a Prefeitura de Canoas, a operação foi acompanhada pela Guarda Municipal.

Corpos não são transportados em caminhões, diz Instituto de Perícias

A insinuação de que os 70 caminhões estariam vazios porque transportariam corpos de vítimas da enchente também não se sustenta. No dia 31 de maio, quando os caminhões chegaram ao bairro Mathias Velho, o número de óbitos pela chuva no Rio Grande do Sul era de 169, mesmo número do início da semana, no dia 27. Ou seja, não houve variação no número de óbitos que justificasse uma grande operação para remoção de corpos.

O número e o nome dos mortos são divulgados diariamente pelo governo, separando os casos por cidade, como uma forma de transparência. Os dados podem ser acessados por qualquer pessoa.

Das 169 vítimas no Estado em 31 de maio, 24 eram de Canoas, e a cidade ainda tinha oito desaparecidos – o que também não justificaria 70 veículos, mesmo que fossem apropriados para o serviço, para remover as vítimas.

Além disso, corpos não são transportados em caminhões ou carretas, segundo informou ao Comprova o Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul, ligado à Secretaria da Segurança Pública do Estado. O órgão explicou que os caminhões na BR-448 não pertenciam ao IGP e que “em nenhum momento houve transporte de vítimas em caminhões pelo instituto”.

Em nota, o governo do Rio Grande do Sul informou que contabilizou o maior número de pessoas desabrigadas no dia 13 de maio, totalizando 21.294 em Canoas. O dado de desalojados, que são as pessoas que tiveram que sair de casa, mas não foram para abrigos, não entra nesta contagem. O Observatório Social da Secretaria de Desenvolvimento Social é responsável pelo levantamento diário da situação dos abrigos no Estado. Ainda segundo o governo, até as 9h do dia 5 de junho a confirmação era de 31 mortes no município.

O portal do governo do Rio Grande do Sul também já publicou matéria negando que exista 2 mil corpos congelados e armazenados em frigoríficos.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já desmentiu outros conteúdos sobre as chuvas no Rio Grande do Sul. Mostrou que governos atuam no resgate de vítimas desde o dia 30 de abril, diferentemente do que diz vídeo; que um deputado omitiu que o número de mortes citado pelo ministro Paulo Pimenta foi corrigido; e que um homem minimizou o volume de chuvas para alegar falsamente que abertura de comportas de barragens foram responsáveis por alagamentos.

Política

Investigado por: 2024-06-04

Reportagem não disse que Queiroz é pai de Flávio Bolsonaro

  • Sátira
Sátira
É satírico o post que fez uma montagem e uma alteração em texto de captura de tela de reportagem apurada pelo portal Metrópoles e republicada pelo Diario de Pernambuco para afirmar que Fabrício Queiroz é pai de Flávio Bolsonaro (PL-RJ). As reportagens abordam áudios em que o ex-assessor do então deputado estadual pelo Rio de Janeiro faz ameaças à família Bolsonaro, sem mencionar paternidade. O perfil do autor da publicação é de paródia e faz sátiras e críticas à direita.

Conteúdo investigado: Post com o texto “Bomba! Queiroz é pai de Flávio Bolsonaro. Agora está explicado o empenho nas rachadinhas” e uma captura de tela com o título “Fabrício Queiroz ameaça família Bolsonaro em áudios; ouça – Operador das rachadinhas da família admite paternidade e diz que recebia pagamentos para ficar em silêncio”. A imagem acompanha foto de Queiroz e de Jair Bolsonaro.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: É uma sátira o post viral segundo o qual Fabrício Queiroz seria pai de Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O conteúdo apresenta uma montagem com uma captura de tela de uma reportagem com o título “Fabrício Queiroz ameaça família Bolsonaro em áudios; ouça” e uma chamada inferior, inventada, dizendo “Operador das rachadinhas da família admite paternidade e diz que recebia pagamentos para ficar em silêncio”. O layout da página capturada se assemelha a uma publicação feita pelo jornal Diario de Pernambuco, mas teve o texto alterado.

Na verdade, no jornal pernambucano o subtítulo era “Operador das rachadinhas admite que recebia pagamentos para ficar em silêncio e diz guardar segredos comprometedores”. A reportagem sobre os áudios de Queiroz foi originalmente publicada pelo portal Metrópoles, em 23 de novembro de 2023. O Diario de Pernambuco replicou o conteúdo. Outro elemento diferente na montagem é que, na indicação de autoria, aparece “Por Rodrigo Rangel – Metrópoles asadas”, o que não consta na reportagem verdadeira.

Na legenda da postagem satírica, o publicador escreveu “BOMBA!. Queiroz é pai de Flávio Bolsonaro. Agora está explicado o empenho nas rachadinhas”. A conta se descreve como um “perfil-paródia”. Os comentários da publicação também indicam tom de piada. “Quem precisa de fonte? Congresso liberou geral”, diz um dos comentários do post, que faz menção à manutenção feita pelo Congresso Nacional a veto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a projeto que criminaliza disseminação de notícias falsas durante o período eleitoral.

Outro comentário sugere ao autor do post que o nome do veículo e do jornalista sejam retirados, ao que o perfil responde: “Achei assim, vou deixar”.

Ao Comprova, Rodrigo Rangel afirmou que sua reportagem não faz qualquer menção à paternidade. Publicada no Metrópoles, a matéria é originalmente intitulada “Em áudios, Queiroz pede dinheiro e empareda o clã Bolsonaro”.

Procurado, o Diario de Pernambuco declarou que a imagem não é de uma reportagem do portal. É possível notar que a fonte do texto da postagem é diferente da tipografia utilizada pelo jornal.

Sátira, para o Comprova, são memes, paródias e imitações publicadas com intuito de fazer humor. O Comprova verifica conteúdos satíricos quando percebe que há pessoas tomando-os por verdadeiros.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 4 de junho, o post somava mais de 29,8 mil visualizações, 2 mil curtidas, 617 compartilhamentos e 96 comentários.

Fontes que consultamos: Analisamos a reportagem original do Metrópoles e contatamos o jornalista citado para saber se a matéria fazia alguma menção à suposta paternidade de Queiroz. Uma busca reversa pela imagem de destaque da reportagem mostrou que o conteúdo havia sido veiculado também no Diario de Pernambuco. Com isso, entramos em contato com o jornal para saber se o subtítulo da captura de tela foi utilizado em algum momento pelo portal.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já mostrou se tratar de conteúdo satírico post que afirma que Elon Musk teria comprado “mais de 99%” das ações do Grupo Globo e vídeo em que um ator diz importar alimentos na Europa com dinheiro da Lei Rouanet.

Política

Investigado por: 2024-05-29

Post distorce reportagem para acusar Eduardo Bolsonaro de doar dinheiro público a Trump

  • Enganoso
Enganoso
O site Intercept Brasil não revelou que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) doou dinheiro público para a campanha de Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos e candidato à presidência nas eleições de 2024. Postagem distorce reportagem do veículo, publicada no dia 23 de maio, sobre o PL ter utilizado R$ 160 mil de seu fundo partidário para pagar o advogado Sérgio Sant'Ana, sócio de Eduardo Bolsonaro no Instituto Conservador-Liberal.

Conteúdo investigado: Publicação afirma que o site Intercept publicou a denúncia de que o deputado Eduardo Bolsonaro doou R$ 160 mil em dinheiro público para a campanha de Donald Trump, que é novamente candidato à presidência dos EUA. O post utiliza uma foto do candidato ao lado do filho de Jair Bolsonaro e do deputado Mário Frias (PL-SP).

Onde foi publicado: X

Conclusão do Comprova: É enganoso que o site Intercept Brasil tenha revelado que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) doou dinheiro público para a campanha do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A postagem distorce uma reportagem publicada pelo veículo no dia 23 de maio, que revela o pagamento de R$ 160 mil provenientes do fundo partidário do Partido Liberal (PL) para o advogado Sérgio Sant’Ana, sócio de Eduardo Bolsonaro. O post com alegações enganosas foi feito cerca de três horas após a publicação da reportagem.

De acordo com a publicação do Intercept, Sant’Ana é diretor do Instituto Conservador-Liberal, uma organização criada em sociedade com Eduardo Bolsonaro que tem como missão principal a organização das edições brasileiras da Conferência da Ação Política Conservadora (CPAC). O evento, que teve origem nos Estados Unidos, é realizado no Brasil há cinco anos e é organizado pelo instituto desde 2021.

Ao contrário do que alega a postagem, que foi excluída pelo administrador do perfil, não há menção a Trump na reportagem. A imagem utilizada no post é do ex-presidente norte-americano com Eduardo e com o deputado federal e ex-secretário de Cultura no governo Bolsonaro, Mário Frias (PL-SP). O encontro ocorreu em 13 de março deste ano, na casa do republicano em Mar-a-Lago, na Flórida.

Segundo o Intercept, o pagamento do PL ao sócio de Eduardo na organização do CPAC chama a atenção porque, em 2023, o partido utilizou sua Fundação Álvaro Valle para bancar todos os ingressos da edição brasileira do evento. A fundação é mantida, em parte, com recursos do fundo partidário.

A reportagem tentou entrar em contato com o perfil que publicou as alegações falsas, mas não foi possível enviar mensagem.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até terça-feira (28), a publicação tinha quase 380 mil visualizações no X.

Fontes que consultamos: Inicialmente, realizamos uma busca por reportagens do Intercept que mencionam o deputado federal Eduardo Bolsonaro. Utilizando o Google, identificamos a reportagem que aborda o uso de recursos do fundo partidário pelo PL para pagar o advogado Sérgio Sant’Anna.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: A distorção de reportagens veiculadas por meios de comunicação para espalhar denúncias falsas sobre figuras públicas e políticos é uma das táticas utilizadas por propagadores de desinformação. Em outro contexto, o Comprova desmentiu uma postagem publicada no X, que distorceu uma reportagem do jornal britânico Financial Times, alegando que o veículo teria afirmado categoricamente que o governo americano interferiu nas eleições brasileiras para favorecer Lula.

Política

Investigado por: 2024-05-28

Arroz chinês mostrado em vídeos não é de plástico e nem será importado pelo Brasil

  • Enganoso
Enganoso
Posts enganam ao sugerir que o governo federal vai importar arroz de plástico da China para evitar o aumento no preço do produto após as enchentes no Rio Grande do Sul, maior produtor do grão no Brasil. As publicações usam um vídeo da fabricação de arroz artificial em uma máquina de uma empresa chinesa e sugerem que o arroz produzido por esse equipamento é feito de plástico e será comprado pelo Brasil. Esse arroz, no entanto, não usa plástico em sua composição, mas sim quirera de arroz ou outros cereais como milho e trigo, e o edital de importação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) não prevê a compra desse tipo de produto.

Conteúdo investigado: Vídeos com alegações de que o arroz que o governo federal importará é feito de plástico. Um deles mostra o processo de produção da empresa chinesa SunPring acompanhado da frase “Este é o arroz chinês. Se o que está sendo colocado a venda é este, não sei, mas seria muito interessante alguém mandar analisar”. Outro conteúdo mostra gravação em que uma mulher afirma que comprou e consumiu arroz de plástico, que derrete ao ser colocado no fogo.

Onde foi publicado: X e Kwai.

Conclusão do Comprova: Vídeos enganam ao sugerir que o arroz a ser importado pelo governo federal é feito na China com plástico e papel. Posts com vídeo do processo de fabricação de arroz em máquinas da empresa chinesa SunPring, verificados pelo Comprova, sugerem incorretamente que o grão produzido por esse equipamento é feito de plástico e será comprado pelo Brasil. Na verdade, a empresa reprocessa grãos quebrados e dá ao produto o formato de um grão de arroz normal.

A SunPring explica em seu site que seu arroz é artificial e pode ser feito com milho, trigo, aveia e soja, além de grãos quebrados de arroz como matéria-prima. É possível ainda incrementar nutrientes como cálcio, zinco e ferro. Em nenhum momento é cogitado o uso de papel ou plástico na produção do grão.

“O valor dos nutrientes do arroz artificial é de 5 a 10 vezes maior que o do arroz normal”, garante a empresa. Ainda segundo a companhia, “o preço do arroz artificial é mais alto do que o arroz normal, mas ele pode ser cozido diretamente ou cozido no vapor com arroz normal na proporção”.

Segundo informou a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), esse processo existe há muitos anos, mas é de baixa produção por não ser economicamente viável.

“O arroz do vídeo é um arroz produzido em máquina extrusora e é fabricado a partir dos grãos quebrados de arroz, quirera, canjica e canjicão de arroz, extrusado por meio de um tubo formatador que corta o amido em forma de arroz”, afirmou a entidade. Neste vídeo, publicado no YouTube pela empresa chinesa, é possível ver a produção em detalhes.

O governo federal não prevê a importação de arroz artificial, como o produzido pela empresa chinesa. O edital da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) evidencia que o arroz importado deve ser tipo 1, ou seja, o de melhor qualidade, da safra 2023/2024. O documento detalha ainda que o produto deverá ter aspecto, cor, odor e sabor característico de arroz beneficiado, sendo vedada a aquisição de arroz aromático. A medida adotada pelo governo federal tem por objetivo suprir a demanda após perdas na safra do Rio Grande do Sul, maior produtor do país, devido às enchentes.

A Conab disse que o arroz poderá ser comprado de todos os países produtores e exportadores de arroz, mas as variedades precisam ser compatíveis ao consumo brasileiro, conforme Instrução Normativa do Ministério da Agricultura e Pecuária n.º 06/2009. Essa normativa da Conab especifica que o arroz importado é proveniente da espécie Oryza sativa L., uma das mais cultivadas globalmente, como mostra detalhamento feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O autor do post enganoso foi procurado pelo Comprova, mas não respondeu até a publicação deste texto.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 28 de maio, o post tinha 128,2 mil visualizações, 2 mil curtidas, 1 mil compartilhamentos e 208 comentários.

Fontes que consultamos: Entramos em contato com a Conab, com a Abiarroz e entrevistamos Manoel Maradini Filho, professor do Departamento de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Também procuramos pelas regras definidas para o leilão de importação do arroz e fizemos uma busca reversa no Google para identificar a origem de um dos vídeos enganosos verificados.

Mulher diz que comprou arroz de plástico

Em outro vídeo, publicado no Kwai, uma mulher afirma que comprou “arroz de plástico”. Ela coloca os grãos diretamente nas chamas do fogão e alega que estão pegando fogo e “derretendo”. Nem o Rio Grande do Sul nem a China são citados na gravação, mas o vídeo, que circula pelo menos desde maio de 2022, voltou a viralizar no contexto da discussão da importação de arroz pelo Brasil.

O professor Antônio Manoel Maradini Filho, da Ufes, analisou o vídeo a pedido do Comprova. Ele, que atuou por 30 anos no desenvolvimento de produtos e no controle de qualidade em empresas alimentícias, afirma não ser possível dizer que o material que aparece na gravação é arroz. “Parecem ser peletes de material plástico com formato parecido com grão de arroz”, diz. Segundo Maradini, o arroz exposto a uma chama como a do vídeo viraria carvão e não derreteria. “Não tem nenhuma informação do fabricante, não apresenta nenhuma embalagem”, alerta.

Leilão para importação de arroz foi suspenso

Há cerca de duas semanas, o governo federal editou uma medida provisória que autorizou a importação de 104 mil toneladas de arroz pela Conab. O objetivo é evitar o aumento preço do do produto após as enchentes no Rio Grande do Sul, maior produtor do grão no país. A previsão era a de que o leilão ocorresse no último dia 21, mas foi suspenso.

A Conab divulgou no dia 20 um comunicado informando que a nova data de realização “será publicada oportunamente”.

Durante reunião extraordinária, o Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) zerou as tarifas para dois tipos não parboilizados e um tipo polido/brunido do grão até 31 de dezembro. A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou que vai monitorar a situação para reavaliar o período de vigência, caso necessário.

Para zerar as tarifas, os três tipos de arroz foram incluídos na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (Letec) do Mercosul. A medida, conforme disse o MDIC, foi solicitada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária e pela Conab.

A maior parte das importações de arroz no Brasil vem do próprio Mercosul, sem pagar tarifa de importação. O MDIC diz que a redução a zero da alíquota abre espaço para a compra de arroz de outros grandes produtores, como a Tailândia. Até abril deste ano, o país asiático respondia por 18,2% das importações brasileiras de arroz.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Estadão e a Agência Aos Fatos também concluíram ser falsas as alegações de que o Brasil vai importar arroz de plástico da China. O Comprova já checou outras informações relacionadas às chuvas no Rio Grande do Sul e entendeu ser enganoso o vídeo que alega que a Anvisa impediu o transporte de medicamentos ao estado e explicou que detentos em abrigos gaúchos são do regime semiaberto.

Comprova Explica

Investigado por: 2024-05-28

Entenda medida do governo de zerar taxa de importação do arroz e suas consequências

  • Comprova Explica
Comprova Explica
Em 20 de maio, o governo federal zerou a tarifa de importação do arroz para garantir o abastecimento devido à tragédia ambiental no Rio Grande do Sul, que reduzirá a oferta. A medida visa evitar desabastecimento e aumento de preços. Três tipos de arroz foram incluídos na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum. Especialistas e produtores criticam a decisão, argumentando que não há desabastecimento real e que a medida pode prejudicar os produtores locais e afetar a economia.

Conteúdo analisado: Vídeo de trecho de um programa jornalístico exibido no YouTube em que um comentarista traz estatísticas sobre a safra de arroz e afirma que objetivo do governo federal ao importar o produto é destruir o agronegócio no Brasil, em particular na região Sul. Nessa e em outras postagens nas redes sociais, usuários comentam demonstrando preocupação com o agronegócio e com os preços do arroz no país.

Comprova Explica: Em 20 de maio, o governo federal zerou a tarifa de importação do arroz para garantir o abastecimento no Brasil. A medida, aprovada pelo Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior, é uma das ações de enfrentamento às consequências econômicas da tragédia ambiental ocorrida no Rio Grande do Sul, maior produtor de arroz do país. As enchentes já deixaram 169 mortos e 56 desaparecidos, segundo o último boletim divulgado em 27 de maio pela Defesa Civil do estado.

Com a medida, dois tipos de arroz não parboilizados e um tipo polido, o que inclui o branco, foram incluídos na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (Letec), atendendo a pedido do Ministério da Agricultura e Pecuária e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Ao zerar as tarifas, buscamos evitar problemas de desabastecimento ou de aumento do preço do produto no Brasil, por causa da redução de oferta”, disse o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB).

O Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 70% da produção nacional de arroz. O governo autorizou a Conab a comprar arroz importado. Os estoques adquiridos serão destinados à venda direta para mercados de vizinhança, supermercados, hipermercados, atacarejos e estabelecimentos comerciais com ampla rede de pontos de venda nas regiões metropolitanas em todo o país. Esses estabelecimentos comerciais deverão vender o arroz exclusivamente para o consumidor final.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse que o governo federal não pensa em concorrer com os produtores de arroz do Rio Grande do Sul e que o objetivo de importar o produto é evitar especulação de preços. “O objetivo da portaria não é concorrer com os produtores gaúchos. O governo não seria insensível de criar uma concorrência, fazer baixar o preço do arroz para o produtor.” O leilão foi suspenso após o governo constatar aumento de preços de fornecedores do Mercosul e um novo edital será divulgado.

Especialistas e associações produtoras de arroz, porém, têm críticas à medida. “É impossível não haver uma concorrência com o arroz produzido no Brasil, sobretudo no Rio Grande do Sul”, disse Anderson Belloli, diretor-executivo e jurídico da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).

“Essa polêmica sobre a importação tem como fundamento um suposto desabastecimento aqui no estado em decorrência da tragédia que a gente vive. Porém, das seis regiões arrozeiras, apenas uma foi afetada pelas enchentes. Quando começaram os temporais, 85% da safra já tinha sido colhida. A safra projetada pela Conab é maior do que a do ano passado, mesmo com as perdas”, completou.

De acordo com a CNN, o levantamento semanal da Conab mostrou que o valor do arroz no varejo chegou a acumular aumento de 40% em quatro semanas após a tragédia no Rio Grande do Sul. “O risco gerado pelo próprio governo internalizou um choque negativo na oferta do grão no país, levando a uma combinação de potencial desabastecimento e altos preços”, explicou Pedro Tremacoldi-Rossi, professor adjunto no departamento de Economia da Universidade de Columbia e PhD em Economia Aplicada pela Universidade de Illinois Urbana-Champaign.

“As estimativas dão que 83% da safra atual já foi colhida. Não está claro o quanto dessa safra já foi ‘escoada’ para outros estados, se está em armazéns ou se foi comprometida. Certamente, existe um problema logístico, mas provavelmente não será permanente e, mesmo se boa parte do arroz ainda estiver no estado, deve começar a sair de lá sem muita demora”, afirma.

Uma possível preocupação, diz Tremacoldi-Rossi, é que os efeitos do choque climático se prolonguem. “Seria provável que a próxima safra seja afetada e, possivelmente, o estado leve entre um a três anos-safra para se recuperar. Essa é uma estimativa baseada em outros choques climáticos de alto impacto ao redor do mundo em áreas de boa produtividade”, diz.

O especialista explicou ainda que o Brasil já importa arroz de países do Mercosul e que a taxa de importação para eles já é zerada. A nova medida do governo, portanto, deve afetar compras de outros países, como, por exemplo, a Tailândia. “Vai depender do apetite dos importadores nacionais e dos leilões do governo”, diz.

Segundo ele, o governo estaria tentando enviar um recado aos consumidores de modo a evitar a expectativa de que o produto vai faltar. “Para prevenir potenciais corridas aos supermercados e casos isolados de falta de arroz, que podem alimentar um problema sistêmico – parecido com um pânico bancário –, essas medidas dão a impressão de que a oferta de arroz no país vai se expandir, em teoria acalmando consumidores”, afirma. ”Isso ajuda tanto na disponibilidade quanto nos preços”.

Já Denis Medina, economista e professor da Faculdade do Comércio, lembrou que o Brasil, historicamente, produz mais arroz do que consome e exporta o excedente. “Então, não existe naturalmente uma necessidade de importação para consumo”, diz. Em sua análise, a medida pode ser negativa para o mercado. “O governo, com a intenção de vender arroz a R$ 4 o quilo, vai prejudicar o equilíbrio de mercado. Ele está puxando o preço bem abaixo do preço médio de venda nos varejistas. Ele quer que o varejista venda a R$ 4. Isso não prejudica só o agro, prejudica a economia como um todo”, avalia.

Para Medina, a principal medida que o governo poderia tomar para evitar que o produtor local seja afetado é a reconstrução da infraestrutura no Rio Grande do Sul. “Estradas, acessos, as casas, tudo mais. É onde ele [o governo] pode evitar que o produtor seja prejudicado. Com isso, também, estruturas de armazenamento mais adequadas. A gente sabe que, hoje, um dos entraves do agro é capacidade de armazenamento, e depende de investimento privado para isso. O governo tem pouco investimento nessa área”.

Fontes consultadas: Conab, Federarroz, informações divulgadas pelo governo federal e os especialistas Denis Medina, economista e professor da Faculdade do Comércio, e Pedro Tremacoldi-Rossi, professor adjunto no departamento de Economia da Universidade de Columbia e PhD em Economia Aplicada pela Universidade de Illinois Urbana-Champaign.

Por que explicamos: Com a decisão do governo federal de zerar a taxa de importação de arroz, diversos conteúdos começaram a surgir nas redes sociais com desinformação ou preocupação com o agronegócio e os preços do arroz no país. É importante que seja explicado do que trata sua medida, seus objetivos e as principais críticas e comentários de especialistas para que as informações falsas não sejam espalhadas.

Para se aprofundar mais: Essa não é a primeira vez que desinformações sobre a cultura do arroz no Brasil circulam nas redes sociais. Em setembro de 2020, o Comprova mostrou que a demarcação de terra indígena em Roraima não tem relação com alta do preço do arroz. Já em fevereiro deste ano, publicou ser falso que Brasil pode ficar sem arroz e preços vão aumentar por conta de exportação ilegal. O Estadão Verifica também trouxe que representantes do setor pediram para que a população não faça estoque de arroz por causa de chuvas no RS.

Mudanças climáticas

Investigado por: 2024-05-24

Fluxo do abastecimento de aeronaves civis com doações no RS foi alterado por segurança

  • Contextualizando
Contextualizando
Não há dificuldade generalizada para abastecimento de aeronaves carregadas com donativos para vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, ao contrário do que sugere vídeo do deputado estadual Bim da Ambulância (Avante-MG), gravado na Academia da Brigada Militar de Porto Alegre. A Defesa Civil gaúcha explicou que o alto volume de tráfego aéreo no dia da gravação forçou um ajuste temporário no abastecimento de aeronaves civis. Além disso, uma mudança na regra de abastecimento, ocorrida em 12 de maio, quando foi feita a gravação, afetou momentaneamente as operações naquele dia. Até então, o combustível de helicópteros civis era pago pelo governo estadual, mas passou a ser bancado por doações.

Conteúdo analisado: Vídeo gravado pelo deputado estadual de Minas Gerais Bim da Ambulância (Avante) em que o parlamentar afirma que não estava conseguindo decolar um helicóptero com doações para vítimas da enchente no Rio Grande do Sul (RS) de uma base da Brigada Militar em Porto Alegre. Segundo ele, não foi dada autorização para abastecer a aeronave, mesmo com uso de recurso próprio.

Onde foi publicado: X, Instagram e TikTok.

Contextualizando: Em vídeo postado nas redes sociais, o deputado estadual Bim da Ambulância (Avante-MG) relatou que não conseguia decolar com um helicóptero no Rio Grande do Sul porque não recebeu autorização para abastecer a aeronave por ser um veículo civil. A postagem sugere que se trata de um problema generalizado. No entanto, o governo estadual e a Tri Aviation, empresa responsável pelo fornecimento do combustível, informaram que a dificuldade foi momentânea. Bim conseguiu comprar combustível, pago por pix, com recurso próprio, naquele mesmo dia.

“Não estamos conseguindo decolar, pois não temos autorização de utilização do combustível particular. É, até por pagar tá tendo guerra do lado de cá”, afirmou Bim no vídeo. Ao Comprova, o parlamentar disse que as imagens foram gravadas no dia 12 de maio, na Academia da Brigada Militar, em Porto Alegre.

O governo gaúcho negou, em nota, que aeronaves civis estejam sendo preteridas em detrimento das militares. O órgão apontou que, no dia em que o vídeo foi gravado, a Academia da Polícia Militar, utilizada como ponto de abastecimento, contava com elevado volume de tráfego aéreo, incluindo 21 helicópteros militares.

“Devido ao intenso volume de operações aéreas e por questões de segurança, houve uma necessidade de ajuste temporário na frequência de abastecimento para aeronaves civis. Esta medida foi essencial para garantir a segurança de todas as operações aéreas na área, levando em consideração o risco associado ao tráfego intenso de aeronaves militares e civis”, informou o governo.

Também em nota, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, responsável pelo controle do tráfego de aeronaves na Academia da Brigada Militar, informou que o veículo em questão, com código PR-BPR, recebeu 460 litros de combustível ao todo em dois dias (09/05: 120 litros; 09/05: 120 litros; 09/05: 100 litros; e 12/05: 120 litros), “evidenciando que não houve qualquer impedimento ao abastecimento da aeronave mencionada”.

Ao Comprova, o deputado Bim da Ambulância disse que foi informado pelos militares de que o abastecimento não havia sido autorizado por “ordem superior”, sem entrar em detalhes. Segundo Bim, o problema durou o período da manhã. O parlamentar afirmou, ainda, que conseguiu realizar apenas um voo com ajuda humanitária naquele dia por causa da burocracia e também por questões climáticas.

De acordo com o coordenador de operação de combustível da Tri Aviation, Márcio Irion, até o dia 12, a empresa estava abastecendo aeronaves militares e civis na Academia da Brigada Militar e o combustível era pago pelo governo estadual. No dia 12, diz Irion, a Defesa Civil informou que não iria mais fornecer combustíveis para as aeronaves civis.

Segundo o coordenador, empresas particulares passaram a fazer doações para pagar pelo abastecimento de helicópteros civis, que se concentraram no Centro de Treinamento Esportivo (CETE). Irion afirmou que o vídeo de Bim foi gravado logo após a reunião em que a decisão foi tomada, e que a “informação chegou distorcida a ele [o deputado]”. O coordenador também confirmou que Bim conseguiu abastecer seu helicóptero na mesma data da gravação e pagou a Tri Aviation pelo combustível usando recurso próprio.

Questionado sobre a decisão de não pagar pelo abastecimento de aeronaves civis, o governo do Rio Grande do Sul não respondeu. Na nota, a gestão informou que “as aeronaves civis são abastecidas com combustível disponibilizado por doações de empresas. Para as aeronaves militares e de outros estados que estão auxiliando o Rio Grande do Sul, o abastecimento é fornecido pelo governo do Estado”.

Fontes que consultamos: A verificação foi feita a partir de questionamentos enviados ao governo do Rio Grande do Sul e ao deputado Bim da Ambulância. Com um recorte do vídeo, foi possível identificar o logo da empresa Tri Aviation, que também foi contatada pela reportagem.

Por que o Comprova contextualizou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: Outros assuntos relacionados à tragédia no Sul também foram verificados pelo Comprova, como um post que usou vídeos antigos para minimizar atuação do Exército e um vídeo que engana ao dizer que a Anvisa impede transporte de medicamentos no estado.