O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
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Política

Investigado por: 2024-12-11

Post mente ao afirmar que governo vai cobrar imposto de donos de pets

  • Falso
Falso
É falsa a alegação de que o governo federal planeja cobrar taxa de donos de animais domésticos. Publicações distorcem o teor de um projeto de lei, de iniciativa parlamentar, que estabeleceu a criação de cadastro nacional de animais de estimação visando à implementação de políticas públicas para o bem-estar animal.

Conteúdo investigado: Postagens nas redes sociais sugerem que o governo federal vai criar um imposto para donos de animais domésticos. Uma das peças apresenta foto do ministro Fernando Haddad segurando um cachorro e o título: “Cuidado donos de pets: Governo Lula quer criar impostos para donos de cães; valor pode chegar a R$ 740 por ano.” Publicações afirmam que a medida já foi adotada pela Alemanha e que também estaria sendo planejada pelo governo brasileiro.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: É falso que o governo Lula (PT) esteja planejando a criação de um imposto para tributar donos de pets. Os conteúdos de desinformação fazem menção ao Projeto de Lei 2230/2022, que não é de iniciativa do governo federal, e tampouco prevê a cobrança de taxa para tutores de cães e gatos.

De autoria do deputado federal Carlos Gomes (Republicanos-RS), a proposta cria o cadastro nacional de animais de estimação. O objetivo é formar uma base de dados unificada sobre pets, o que pode auxiliar na implementação de políticas públicas, como campanhas de vacinação.

A medida foi aprovada pelo Senado em 26 de novembro e, diante das alegações falsas sobre a iniciativa, o Senado Verifica, serviço de checagem de informações da Casa, se pronunciou, apontando que o projeto autoriza apenas a criação do cadastro.

O deputado federal Carlos Gomes fez postagem nas redes sociais esclarecendo o seu projeto e reforçou que não há previsão de cobrança de taxa ou imposto. “Evitar o abandono e fortalecer as políticas públicas para os animais. Esses são os dois principais objetivos do PL 2.230/2022, de minha autoria”, escreveu o parlamentar.

Relator da proposta no Senado, Mecias de Jesus (Republicanos-RR) aparece em vídeo com o deputado estadual Marcinho Belota (PRTB-RR) em que também explica a medida e nega a criação do imposto. Segundo o senador, o cadastro também pode ajudar tutores a encontrarem os animais, caso eles tenham se perdido.

“O PL, em nenhum momento, fala de criação de impostos e sim no controle populacional de cães e gatos”, diz a legenda.

Com o ministro Fernando Haddad figurando nas peças de desinformação, o Ministério da Fazenda também foi procurado para se manifestar sobre o assunto. Em nota, a pasta afirmou que postagens sobre a criação do imposto “tratam-se de conteúdo falso”.

O post também desinforma ao dizer que o Brasil estaria seguindo os passos da Alemanha. No país europeu há, de fato, um imposto para pessoas que têm cachorros. O tributo, cobrado pelos municípios, é de € 120 anuais (cerca de R$ 740). Nos conteúdos falsos disseminados no Brasil, os responsáveis alegam que o governo brasileiro vai utilizar o mesmo valor para o imposto. No entanto, como afirmado acima, não há menção a esse valor no PL, ou de qualquer outra cobrança.

O Comprova tentou falar com perfis que publicaram o conteúdo verificado aqui. No entanto, apenas um deles oferecia um canal de contato e ele não respondeu.

Para o Comprova, falso é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 10, foram mais de 352 mil visualizações em um dos vídeos e mais de 5,4 mil em outro. A terceira publicação, que trazia apenas foto e título sobre o assunto, alcançou mais de 2,9 milhões de visualizações.

Fontes que consultamos: Buscamos informações oficiais sobre o cadastro de pets na página do Senado, além de posicionamento do Ministério da Fazenda e declarações feitas pelos parlamentares responsáveis pela autoria e relatoria da proposta.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já verificou outros conteúdos de desinformação relacionados a animais de estimação e constatou se tratar de uma sátira a montagem de vídeo em Lula diz querer roubar o cachorro de uma criança e mostrou ser enganosa a alegação de que Janja teria pedido a um militar da FAB para encenar a entrega de cachorro para ela. Na última semana, o Comprova mostrou ainda uma publicação enganosa que alegava que a Operação Carro-Pipa foi abandonada pelo governo federal e que também era enganoso um post afirmando que Simone Tebet havia deixado o governo e pedido o impeachment do presidente.

Política

Investigado por: 2024-12-11

Razões que levaram ao déficit de R$ 2 bi nos Correios vão além da “taxa das blusinhas”

  • Contextualizando
Contextualizando
Os Correios registraram um déficit financeiro de R$ 2 bilhões nos nove primeiros meses de 2024. Publicações que circulam na internet atribuem o prejuízo à “taxa das blusinhas”, medida que colocou fim na isenção do imposto de importação de compras em sites internacionais no valor de até US$ 50 e teria diminuído o fluxo de importações no Brasil. O prejuízo tem causas que vão além da nova medida, que entrou em vigor apenas no início de agosto. O Comprova contextualiza o assunto.

Conteúdo analisado: Publicação com imagem de uma agência dos Correios ao lado da logo do site de vendas AliExpress. Na legenda, está o texto: “EXTRA!: Correios têm prejuízo de R$ 2 bilhões com queda nas importações. A “taxa da blusinha” reduziu compras em sites internacionais, impactando a receita dos Correios e agravando seus desafios financeiros. VAI DAR CERTO ‘ÇIM’…”. O conteúdo foi repostado como print em um vídeo. No fundo, há um personagem de série de comédia que ri e diz “era disso que eu estava falando”.

Onde foi publicado: X e TikTok.

Contextualizando A agência estatal Correios registrou um déficit de mais de R$ 2 bilhões nos nove primeiros meses deste ano. Publicações na internet associam a queda no faturamento à “taxa das blusinhas”, nome popular para o fim da isenção do imposto de importação de compras em sites internacionais no valor de até US$ 50.

Após a associação entre a queda no faturamento dos Correios e a “taxa das blusinhas”, conteúdos que apontam o impacto da nova legislação passaram a circular nas redes sociais. É o caso de uma peça que afirma que o imposto “reduziu compras em sites internacionais, impactando a receita dos Correios e agravando seus desafios financeiros”, o que motivou este Contextualizando.

O Comprova contatou as assessorias de imprensa da Receita Federal, da Shein, da Shopee e da AliExpress, gigantes do varejo internacional, para verificar uma suposta queda nas compras de importação após a implementação da “taxa das blusinhas”. A Receita e a AliExpress não responderam até a publicação desta checagem, e a Shein informou que não irá se manifestar. A Shopee relatou que, como o foco do comércio é local, a medida não afetou o negócio.

Para a economista e professora de MBAs da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ), Carla Beni, os R$ 2 bilhões de resultado negativo dos Correios não estariam relacionados exclusivamente com a “taxa das blusinhas”, visto que o imposto passou a ser cobrado em 1º de agosto, e o levantamento da estatal se refere aos nove primeiros meses do ano.

“Então, a taxa das blusinhas, sim, faz parte do processo, mas jamais, por uma questão cronológica, é a responsável por essa questão dos R$ 2 bilhões”, afirmou a economista.

Segundo Carla, a dívida de R$ 7,6 bilhões relacionada ao Postalis representa uma grande parcela sobre o déficit da estatal. A especialista apontou que o prejuízo causado pelo fundo de pensão é resultado de anos de má gestão e falta de novas adesões desde 2008.

Fabio Gallo Garcia, professor da FGV-SP, reforça que apenas a “taxa das blusinhas” não explica todo o prejuízo da agência postal. “Os Correios têm problemas muito antigos, administrações complicadíssimas do ponto de vista de gestão mesmo”, afirmou. Segundo ele, esse cenário é consequência de vários governos, inclusive do atual.

De acordo com o docente, a estrutura ineficiente dos Correios, sem modernização, além do acúmulo das demandas dos próprios funcionários ao longo dos anos, contribuem para o problema financeiro da estatal.

“Os problemas dos Correios, como eu disse, são vários. Isso levou a uma ineficiência, levou uma empresa com literalmente um perfil de déficit, portanto, de prejuízo, e que agora tem que se resolver. O problema da ‘taxa das blusinhas’ só agravou essa situação. Diga-se que o Correio já devia ter planejado isso, já devia ter considerado isso na sua gestão”, destacou Gallo.

Por meio de nota, os Correios afirmaram ao Comprova que as principais causas do resultado acumulado de 2024 vão além da queda nas importações.

De acordo com a agência, as principais razões para o déficit são o recebimento, pela atual gestão, de um prejuízo de cerca de R$ 1 bilhão herdado do governo anterior, a queda de receita devido à falta de reajuste tarifário nos últimos cinco anos e a redução do volume de encomendas internacionais pela entrada em vigor do Programa Remessa Conforme — “que trouxe mais transparência, controle e agilidade para a entrada de encomendas importadas, mas, por outro lado, causou uma queda no fluxo de importações”, informou a estatal.

Além disso, a agência disse que sofre as consequências do “processo de sucateamento conduzido pela gestão anterior”, que estava privatizando a estatal, e que anunciou um resultado “positivo”. Em nota, os Correios atribuem esse saldo positivo do governo anterior a medidas de corte de gastos como fechamento de agências, suspensão de investimentos e retirada de direitos, entre outras.

O que é a “taxa das blusinhas”

Chamada popularmente de “taxa das blusinhas”, a Lei 14.902/2024 estabelece a taxação de compras internacionais de até US$ 50. O objetivo da medida é aumentar a arrecadação do governo em um contexto de desequilíbrio das contas públicas. Uma matéria da CNN de setembro deste ano mostrou que o governo federal estima arrecadar R$ 700 milhões com “taxa das blusinhas” em 2024.

A lei ganhou este nome porque afeta principalmente consumidores que costumam comprar produtos de até US$ 50 de lojas estrangeiras, como a Shein, que vende majoritariamente peças de vestuário. Com a legislação, compras realizadas em sites estrangeiros, que antes estavam isentas se o valor fosse de até 50 dólares, agora estarão sujeitas a uma nova tributação. Para compras acima de 50 dólares, a alíquota se mantém em 60% (com dedução de 20 dólares), informou a Receita Federal.

Antes da taxa das blusinhas, a regra para tributação de produtos importados estava sob o regime de Remessa Conforme, introduzido em agosto de 2023. A medida isentava o imposto de importação para compras de até 50 dólares de empresas aderidas ao programa.

Com a “taxa das blusinhas”, produtos de até US$ 50 dólares (com frete incluso) adquiridos de empresas aderidas ao Remessa Conforme agora passam a pagar uma alíquota de 20% de imposto de importação. Compras de medicamentos de até US$ 10 mil continuam isentas.

Para empresas de comércio eletrônico não certificadas pela Receita Federal no Programa Remessa Conforme, ou compra por pessoa jurídica, o Imposto de Importação de 60% será cobrado independentemente do valor da compra, sobre a soma “valor do produto + valor do frete + valor do seguro”. Não há desconto, destacou a Receita.

Além disso, o ICMS de 17%, que incide sobre todas as compras internacionais (após o imposto de importação) de varejo, também não sofreu alterações.

Fontes consultadas: Correios, Lei 14.902/2024, Receita Federal e os economistas Carla Beni, professora de MBAs da FGV-RJ, e Fabio Gallo Garcia, professor da FGV-SP.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Comprova desmentiu anteriormente uma peça de desinformação envolvendo os Correios, revelando que a distribuição de material de campanha pela estatal é regular, ao contrário do que diz homem em vídeo. Sobre a cobrança de impostos, a iniciativa mostrou que a reforma tributária não prevê taxa de 25% em compra e venda de imóveis, diferentemente do que afirma post, e que o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), citou taxa para aterrar fios em 2023, e não em 2024.

Política

Investigado por: 2024-12-10

Post engana ao relacionar ao governo Lula distribuição de ossadas que é feita há 14 anos no Ceará

  • Enganoso
Enganoso
Postagem engana ao relacionar doação de ossos ao governo Lula (PT). Vídeo de pessoas esperando para receber o alimento é real, mas ação é promovida por pessoa sem relação com a gestão federal. Responsável diz que organiza o gesto desde 2010.

Conteúdo investigado: Vídeo em que pessoas fazem fila para receber doação de ossadas. Nas imagens está o texto “hoje 06 dezembro 2024 entrega de ossada”. A legenda da publicação diz “VEJA – População faz fila para ganhar doação com um saco de osso para comer. Esse é o Brasil de Lula! Prometeu picanha e entregou osso”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Vídeo de doação de ossada, em Fortaleza, mostra ação realizada desde 2010. Postagem no X associando ao governo Lula ignora histórico do gesto. Além disso, ele é feito por pessoa que não tem vínculo com o governo federal.

A publicação enganosa diz que Lula “prometeu picanha e entregou osso”, uma referência à promessa do mandatário de reduzir o valor do corte de carne. Marcio Cocão, o homem que aparece no vídeo, disse ao Comprova que a doação era de ossada com carne para preparo de sopas.

“Se você ver o vídeo direitinho, você vai ver que é osso com carne. Não tem picanha porque não tenho dinheiro para comprar picanha, eu ganho de graça e dou de graça”, disse.

Marcio contou que realiza as doações de alimentos desde 2010. A população que recebe as doações é local, e habita os bairros em torno do Conjunto Ceará, na capital cearense. Ele disse que começou a doar os alimentos porque “gosta de fazer o bem”.

Além de ossada, o homem também doa pães, refeições prontas e panetones, como mostra o seu perfil no Instagram.

Marcio disse não ter motivações políticas e que mantém a rotina de doações porque “ninguém faz nada”. “Eu não prometi nada, quem prometeu foi o Lula, e o que eu tenho a ver?”, indagou.

Em uma postagem de outubro de 2022, durante o período eleitoral, ele fez uma declaração à população criticando o discurso de candidatos políticos, como mostra um vídeo em sua rede social.

O Comprova contatou o dono da conta que compartilhou o conteúdo enganoso, que se descreve como um “perfil de notícias”. No entanto, não houve resposta até a publicação desta checagem.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 10 de dezembro, a publicação alcançou 445,1 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Fizemos buscas no Google pelos termos que compõem uma faixa que aparece no vídeo. A busca resultou no Instagram do homem responsável pela doação de alimentos. No perfil foram encontradas as informações necessárias para a checagem, como um telefone de contato, o que permitiu a entrevista com o home que promoveu a distribuição.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já investigou conteúdos semelhantes a este. O projeto mostrou que um vídeo de mulheres criticando o preço dos alimentos é de 2022, no governo Bolsonaro (PL), e não durante a gestão Lula. A iniciativa também mostrou que é falso que osso de patinho tenha começado a ser comercializado por conta de suposta crise no atual governo.

Política

Investigado por: 2024-12-09

Vídeo de mulheres criticando o preço dos alimentos é de 2022, no governo Bolsonaro

  • Enganoso
Enganoso
O vídeo em que duas mulheres reclamam do preço dos alimentos em evento com Lula (PT) é de 2022, quando o presidente era Jair Bolsonaro (PL). Ao contrário do que sugere a publicação investigada, no vídeo original as mulheres exaltam os governos anteriores do petista que, na data da gravação (30 de abril daquele ano), oficialmente não era candidato à presidência da República.

Conteúdo investigado: Vídeo em que aparecem duas mulheres relatando o poder de compra da família, comparando a época da gravação a um momento anterior. Para isso, mostram carrinhos de supermercado com itens da cesta básica. Sobre a imagem, estão os seguintes textos: “Toma distraído! Miserável” (acompanhado de emojis que expressam raiva), “Veja a cara d cu de Lul4” e “Esqueceram de combinar. Compartilhe ao máximo q puder”. No final, aparece a data 11/07/24, sugerindo que se trata de uma filmagem recente. Na legenda, a autora ainda escreveu “Kkkkkkkkk olha a cara da @quenga e do molusco”, referindo-se à primeira-dama Janja Silva e ao presidente Lula, que aparecem no vídeo.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Diferentemente da ideia que a publicação quer passar, o vídeo não é atual, tampouco é uma crítica ao atual governo Lula (PT).

Embora as mulheres estivessem reclamando dos preços para Lula, a gravação é de 30 de abril de 2022. Naquela data, o petista participou de um encontro de mulheres pelo direito à alimentação, na zona Norte de São Paulo. Na época, o presidente em exercício era Jair Bolsonaro (PL) e Lula, que estava acompanhado da esposa Janja Silva, oficialmente não era candidato à presidência.

No corte da publicação investigada, aparecem duas mulheres. A primeira passa com um carrinho de supermercado cheio e diz que “só falta a cervejinha”. Logo atrás, segue a outra, que se queixa de não conseguir mais encher o carrinho. A edição não mostra o registro real da data.

No entanto, o evento foi acompanhado na época por veículos de imprensa e a própria equipe do Lula postou em redes sociais um trecho do vídeo com as mesmas mulheres. Na publicação original, aparecem os anos em que as duas comparam a realidade: 2010, quando o petista era presidente, com o carrinho de supermercado cheio, e 2022, último ano do governo Bolsonaro, com o carrinho vazio.

Não é a primeira vez que o vídeo desse evento com Lula circula em conteúdos de desinformação. O assunto já foi verificado e publicado no Estadão, UOL, Estado de Minas, Reuters, Boatos.org e Aos Fatos no início de 2024.

Para o Comprova, enganoso é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 9 de novembro, foram mais de 120 mil visualizações e 1 mil compartilhamentos.

Fontes que consultamos: Pesquisa Google com a combinação dos termos “vídeo”, “Lula” e “carrinho de supermercado” retornou reportagens de outros veículos que já haviam verificado, em abril e maio deste ano, o conteúdo de desinformação, além de publicação em redes sociais do petista sobre o encontro, ainda em 2022. A equipe de reportagem também tentou contato com a autora da postagem, mas o perfil dela não permite enviar mensagens privadas e não foi possível identificar contas em outras plataformas.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O governo Lula frequentemente é alvo de desinformação. Neste mês, o Comprova já mostrou que era enganoso um post afirmando que Simone Tebet havia deixado o governo e pedido o impeachment do presidente e que era falsa outra publicação alegando que o governo federal tenha vendido a maior reserva de urânio do Brasil para a China.

Política

Investigado por: 2024-12-09

Vídeo mostra desfile naval no Amazonas, não defesa contra invasão venezuelana em Roraima

  • Falso
Falso
É falsa a postagem que usa um vídeo de desfile naval alusivo ao Dia da Marinha para afirmar que Lula (PT) mandou militares para a fronteira do Brasil com a Venezuela porque o presidente Nicolás Maduro quer tomar Roraima. Além do fato de não se tratar de uma operação das Forças Armadas contra o país vizinho, o local da filmagem é Manaus, capital do Amazonas.

Conteúdo investigado: Vídeo com helicóptero e embarcações militares em uma praia repleta de banhistas. Sobreposto às imagens, está o texto “vocês acham que o Maduro tá brincando olha aí o que o Lula mandou para a fronteira porque sabe que o Maduro não tá brincando ele quer tomar Roraima de qualquer jeito”. A publicação possui uma legenda que diz “Lule está louquinho pra uma False Flag com Maduro pra se perpetuar no poder”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Não é verdade que o governo brasileiro tenha enviado as Forças Armadas para Roraima com o objetivo de defender o estado de uma invasão do Exército venezuelano.

Em contato com a Marinha do Brasil, a instituição classificou a postagem como uma “fake news” e esclareceu que não houve operação na fronteira. Assim, a alegação de que Lula iria adotar uma “false flag” — estratégia que, em um conflito, visa culpar o oponente (no caso, a Venezuela) — também não procede.

Destacou, ainda, que as imagens do vídeo referem-se a um desfile alusivo ao Dia da Marinha realizado no dia 11 de junho de 2021, em Manaus–AM.

No vídeo também é possível ouvir, ao fundo, um homem falando que está no Amazonas, diferentemente do texto publicado que sugere se tratar de Roraima. Características da orla e uma ponte ao fundo indicam que o local da gravação é Ponta Negra, na capital amazonense.

Recentemente, outro conteúdo de desinformação circulou nas redes sociais com a alegação de que o Brasil fez um acordo para dar Roraima para a Venezuela.

Para o Comprova, falso é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 6 de dezembro, a publicação alcançou 414,7 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Ministério da Defesa, Marinha do Brasil, pesquisa por desfiles navais em Roraima e busca reversa de imagens no Google. A equipe de reportagem também tentou contato com o autor da postagem, mas o perfil dele não permite enviar mensagens privadas e não foi possível identificar outras contas ou quem é o responsável.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: As relações diplomáticas entre o Brasil e a Venezuela são alvos frequentes de desinformação. O UOL Confere mostrou que o governo brasileiro não negociou o estado de Roraima com o governo venezuelano. O Boatos.org concluiu que não há indicações de que Venezuela quer entregar Roraima para o Irã e entrar em guerra com o Brasil. Já o Comprova revelou ser enganosa a publicação que relacionou apagão a decreto para compra de energia na Venezuela.

Política

Investigado por: 2024-12-06

Vídeo de senador Cleitinho falando sobre milhas e cashback foi alterado por IA

  • Falso
Falso
É falso video em que supostamente o senador Cleitinho (Republicanos-MG) fala sobre a possibilidade de usuários de cartão de crédito receberem milhas e cashback. Aparentemente feito com ferramentas de inteligência artificial a partir de um vídeo real, o conteúdo afirma que os benefícios seriam obtidos via “medida judicial” que teria sido “decretada”. Tanto a assessoria de imprensa do parlamentar quanto o Procon-MG negaram a veracidade do vídeo.

Conteúdo investigado: Vídeo mostra o senador Cleitinho (Republicanos-MG), dizendo que após a decretação de uma medida judicial contra as bandeiras de cartões de crédito, consumidores poderiam receber valores significativos em cashback e milhas acumuladas desde 2015. A mensagem ainda orienta os usuários a clicarem em um link para falar com uma “assistente virtual” e realizar um suposto saque.

Onde foi publicado: Facebook.

Conclusão do Comprova: É falso que o senador Cleitinho (Republicanos-MG) tenha gravado vídeo para informar sobre a possibilidade de indenização das donas das bandeiras de cartões de crédito e débito a seus usuários. Uma gravação em que ele sugere mudanças no sistema político, como o fim da reeleição, foi editado, aparentemente com o uso de inteligência artificial, para parecer que o senador estaria denunciando um esquema de ocultação de milhas aos usuários desde 2015.

O vídeo original foi publicado no dia 10 de setembro. Nele, Cleitinho pressionava o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em contato com o Comprova, a assessoria de imprensa de Cleitinho informou que recebeu o vídeo, enviado por apoiadores, e entrou em contato com a Meta, responsável pelo Instagram, Facebook e WhatsApp, para que a empresa removesse o conteúdo.

A versão investigada pelo Comprova estava no Facebook. Nesta quinta-feira, 5, o link não estava mais disponível, o que significa que a Meta ou o responsável por ele apagou o conteúdo ou restringiu o número de pessoas que podem acessá-lo.

Em resposta ao Comprova, o Procon também negou as alegações do vídeo falso. A entidade afirmou que “não intermedia saques, nem realiza quaisquer movimentações em milhas”.

Uma análise feita com a ferramenta TrueMedia indica que há evidências substanciais de que o vídeo tenha sido editado com auxílio de IA, sobretudo a parte de áudio. Na avaliação da trilha sonora, a ferramenta informa: “A transcrição parece uma mensagem promocional ou anúncio em vez de uma fala genuína. A linguagem é muito direta e focada em incitar o ouvinte a tomar uma ação imediata, o que é típico de scripts de marketing. A menção de um “botão” para clicar e a promessa de ganho financeiro imediato sugerem ainda mais que esta não é uma conversa real ou anúncio de notícias, mas sim uma peça com script projetada para capturar a atenção e provocar uma reação”.

| Reprodução do site Truemedia.org

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 4 de dezembro, o vídeo alcançou 318 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Consultamos o Procon e a assessoria de imprensa do senador e usamos a ferramenta TrueMedia para avaliar a possibilidade de uso de Inteligência Artificial para manipular o conteúdo do vídeo.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O mesmo vídeo foi checado por Aos Fatos que concluiu que ​​Criminosos usam IA para adulterar vídeo do senador Cleitinho e aplicar golpe.

Política

Investigado por: 2024-12-04

Post engana ao afirmar que Simone Tebet deixou governo e pediu impeachment de Lula

  • Enganoso
Enganoso
É enganosa a postagem que usa vídeo antigo da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), para afirmar que ela deixou o governo de Lula (PT) e pediu impeachment do presidente. O vídeo é de 2016, e mostra Tebet enquanto senadora em discurso a favor da abertura do processo de deposição da então presidente Dilma Rousseff. A fala foi editada e teve contexto suprimido para parecer que as críticas são atuais e se referem ao governo Lula.

Conteúdo investigado: Vídeo reparte a tela em duas. Acima, mostra discurso, no Senado Federal, de Simone Tebet, atual ministra do Planejamento e Orçamento. Abaixo, foto do presidente Lula em conversa com o ministro da Fazenda Fernando Haddad. Sobre a tela está escrita a palavra “Urgente” e a frase “Simone Tebet deixa o governo e pede impeachment de Lula”.

Onde foi publicado: TikTok e YouTube.

Conclusão do Comprova: Postagem engana ao tirar de contexto vídeo antigo de Simone Tebet. De 11 de maio de 2016, ele mostra o discurso da então senadora durante voto para aceitar o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). As falas críticas ao governo Dilma, cuja transcrição consta no site do Senado Federal, foram editadas, com supressão de menções a datas. Os trechos foram tirados de contexto para passar a ideia enganosa de que são atuais e estão relacionados ao governo Lula.

Simone Tebet ocupou vaga no Senado Federal de fevereiro de 2015 a dezembro de 2022, quando aceitou convite de Lula para assumir o Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) no terceiro mandato do petista, que teve início em janeiro seguinte. A ministra permanece à frente da pasta desde então.

O Comprova fez contato com o MPO, que chamou de fake news as afirmações da postagem. O órgão ressaltou que Simone Tebet segue no governo e não pediu o impeachment de Lula, diferentemente do que afirma a postagem.

Para o Comprova, enganoso é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até esta terça-feira (3), a postagem no TikTok contabilizava 12,1 mil compartilhamentos, 2,4 mil comentários e 25,5 mil curtidas. No dia seguinte, ela não estava mais no ar. No YouTube, foram registradas mais de 24 mil visualizações até a quarta-feira (4).

Fontes que consultamos: Pesquisa Google com a combinação dos termos “Simone Tebet”, “discurso” e “impeachment” levou ao vídeo original no canal do YouTube da TV Senado. Também foram feitas consultas no site do Senado Federal e contato com o MPO. O Comprova enviou mensagem para a conta no TikTok que divulgou a postagem enganosa, mas não obteve resposta. A equipe não localizou contato do perfil no YouTube que divulgou o mesmo material.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Boatos.org também investigou o assunto e classificou como falsas as alegações da postagem. Recentemente, o Comprova mostrou que post engana ao afirmar que Operação Carro-Pipa foi abandonada pelo governo federal, que não é verdade que a União tenha vendido a maior reserva de urânio do Brasil para a China e que vídeo engana ao dizer que CEO do Carrefour mudou de ideia sobre carne do Mercosul após conversa com Elon Musk e Jair Bolsonaro.

Política

Investigado por: 2024-12-03

Não é verdade que o governo federal tenha vendido a maior reserva de urânio do Brasil para a China

  • Falso
Falso
Publicações mentem ao afirmar que a China comprou a maior reserva de urânio do Brasil, localizada no Amazonas. Na verdade, a empresa China Nonferrous Trade (CNT), subsidiária de uma estatal chinesa, adquiriu a Mineração Taboca S.A., que produz estanho no interior do Amazonas. Os posts também sugerem que o governo chinês poderá passar a explorar urânio na região, mas a Constituição Federal garante que este papel cabe apenas à União.

Conteúdo investigado: Publicações que afirmam que a China comprou a maior reserva de urânio do Brasil. Os posts dizem que a mina é rica em minerais como estanho, nióbio, tântalo e elementos de terra raras, usados para construção de equipamentos eletrônicos, e que a negociação foi fechada por R$ 2 bilhões. Uma das peças afirma ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “está entregando todas as nossas biodiversidades, territórios, fauna, flora, minérios e a nossa soberania aos chineses”.

Onde foi publicado: X, Facebook e site.

Conclusão do Comprova: Não é verdade que a China tenha comprado a maior reserva de urânio do Brasil e nem que o governo chinês possa explorar o minério. A empresa China Nonferrous Trade (CNT), subsidiária de uma estatal chinesa, adquiriu por US$ 340 milhões (R$ 2 bilhões) uma mina na região da hidrelétrica de Balbina, em Presidente Figueiredo, a 107 quilômetros de Manaus (AM), que pertencia à mineradora Taboca.

A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) esclareceu, por meio de nota, que a Mina de Pitinga, onde está localizada a mineradora Taboca, se dedica à extração de cassiterita, nióbio e tântalo, além de produzir estanho refinado. “Embora a área explorada contenha resíduos de urânio, esses resíduos são descartados e monitorados, de acordo com as Indústrias Nucleares do Brasil (INB)”, disse o órgão.

Por meio de nota enviada ao Estadão, membro do Comprova, a INB esclareceu que “não foi realizada nenhuma venda de mina de urânio na região de Pitinga, no Amazonas, conforme divulgado em alguns veículos de comunicação”.

O que aconteceu, na verdade, foi a venda de uma mina de estanho que existe no Amazonas, informou a estatal. Trata-se de uma das maiores minas do mundo e que tem como subproduto ferroligas de nióbio e tântalo. “Além disso, a operação gera um resíduo que contém urânio, que é monitorado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Não há produção de urânio no local”, destacou o órgão.

A IBN ressalta ainda que a jazida não pode ser considerada “a maior reserva de urânio no Brasil”, como circula em portais de comunicação e nas redes sociais. No local, conforme a estatal, há somente uma estimativa de potencial de recursos ainda não comprovada.

E, mesmo que haja urânio na mina em questão, a empresa chinesa não pode manipular o minério. Isso porque, de acordo com a Lei nº 14.514, de 29 de dezembro de 2022, cabe à INB a pesquisa, a lavra e a comercialização de minérios nucleares, de seus concentrados e derivados, e de materiais nucleares, e sobre a atividade de mineração.

“Qualquer urânio que seja potencial subproduto no Brasil só pode ser produzido se for em parceria com a INB”, destacou o órgão.

A CNEN confirma que há resíduos de urânio no local, que são armazenados na própria instalação, em locais autorizados pela comissão.

“A eventual extração de urânio desses resíduos e rejeitos também está sob monopólio da União, exercido pela INB. Adicionalmente, o comércio de minérios e concentrados que possuem elementos nucleares associados ao produto principal dependem de anuência da CNEN, e as exportações só podem ser realizadas após pagamento, pelo exportador, do valor correspondente ao urânio e/ou tório contido no material exportado”, disse o comunicado à imprensa.

Procurado pelo Comprova, o MME, por meio da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal, também esclareceu que é falsa a informação de que o governo federal tenha vendido a operação da Mineração Taboca a uma empresa chinesa para exploração de urânio.

“A atividade mineral no Brasil é exercida pelo setor privado. A Minsur S.A., detentora de 100% das ações da Mineração Taboca S.A. e responsável pela notificação de venda, é uma empresa privada, de origem peruana, sem qualquer participação do governo brasileiro”, informou o ministério em nota.

Sobre a exploração de minérios, o MME esclarece que, na verdade, o que existe é uma concessão de lavra à Mineração Taboca S.A, que credencia a empresa a explorar estanho, nióbio e tântalo.

De acordo com a pasta, o subsolo é bem da União. Portanto, a empresa chinesa tem o direito de explorar apenas os recursos minerais citados no título mineral. Isto é, o documento outorgado pela Agência Nacional de Mineração (ANM) e pelo próprio MME que credenciam seu possuidor ao aproveitamento do recurso mineral.

“A exploração de qualquer outra substância não prevista no referido documento, entre elas o urânio, é expressamente proibida por lei, passível de sanções, como a caducidade do título ou até mesmo a desapropriação da mina”, destacou o ministério.

Conforme a Constituição Federal, é de competência exclusiva da União o monopólio sobre a pesquisa, lavra, enriquecimento, reprocessamento, industrialização e comércio de minérios nucleares. “Qualquer descoberta desses minerais deve ser comunicada ao MME e à Agência Nacional de Mineração (ANM)”, acrescentou o Ministério de Minas e Energia em nota enviada ao Comprova.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 3 de dezembro, todas as publicações no X investigadas aqui somavam mais de 766 mil visualizações. Uma publicação no Facebook alcançou 12 mil reações e 9,7 mil compartilhamentos até a mesma data. Não foi possível, no entanto, mensurar o alcance da publicação feita no site.

Fontes que consultamos: Indústrias Nucleares Brasileiras, Comissão Nacional de Energia Nuclear, Ministério de Minas e Energia e Constituição Federal.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Aos Fatos e o UOL Confere investigaram o mesmo assunto e também concluíram que o governo federal não vendeu a maior reserva de urânio do Brasil para a China. O país asiático e o governo brasileiro, aliás, são alvos frequentes de desinformação. O Comprova já mostrou, por exemplo, que Lula não disse querer implantar o comunismo chinês no Brasil.

Política

Investigado por: 2024-12-03

Post engana ao afirmar que a Operação Carro-Pipa foi abandonada pelo governo federal

  • Enganoso
Enganoso
O governo Lula não abandonou a Operação Carro-Pipa. Em 25 de novembro, o programa sofreu uma interrupção, anunciada pelo Exército Brasileiro na Paraíba, por falta de descentralização de recursos financeiros. No dia seguinte, o governo descentralizou cerca de R$ 38 milhões para o abastecimento de água, que foi restabelecido no dia 27. A descentralização ocorre quando um órgão federal recebe orçamento de outro órgão da União para executar ações e políticas públicas. Neste caso, o Exército, responsável pela contratação de carros-pipa para a distribuição de água, recebeu o valor do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR).

Conteúdo investigado: Post afirma que o governo Lula abandonou a Operação Carro-Pipa e deixou 270 mil pessoas sem água no Nordeste. A alegação é acompanhada de uma foto do presidente e outra de um caminhão abastecendo uma cisterna.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: É enganoso que o governo federal tenha abandonado a Operação Carro-Pipa, que abastece cerca de 34 mil cisternas coletivas no semiárido nordestino. O que aconteceu foi uma interrupção por falta de descentralização de recursos, mas a ação já foi restabelecida.

No dia 25 de novembro, o Jornal da Paraíba noticiou que o Escritório Regional do Primeiro Grupamento de Engenharia do Exército comunicou à Defesa Civil da Paraíba que, a partir da mesma data, haveria a suspensão da operação devido à falta de descentralização de recursos financeiros pelo governo federal.

No entanto, no dia seguinte (26), o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR) informou que repassou (descentralizou) R$ 38.096.775 para o Exército Brasileiro para o pagamento de pipeiros e retomada imediata do programa. No dia 27, conforme divulgado pela imprensa, o serviço foi restabelecido.

A reportagem entrou em contato com o autor do post via mensagem direta no X, mas não obteve resposta.

Para o Comprova, Enganoso é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 2 de dezembro, o conteúdo foi visualizado 874,7 mil vezes no X, além de ter sido repostado 3 mil vezes, curtido 23 mil vezes e recebido mil comentários.

Fontes que consultamos: Notícias em veículos de imprensa locais e de abrangência nacional e o MIDR.

Programa sofreu paralisação, mas não foi descontinuado

No mesmo dia em que o governo federal anunciou a descentralização de recursos, foi divulgado também que a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) anteciparia a entrega de 15 carros-pipa para municípios da Paraíba, em um esforço para minimizar os efeitos da seca que afeta o estado e garantir o acesso à água a milhares de famílias em situação de vulnerabilidade. Os investimentos somam R$ 8,5 milhões.

No dia 27, o G1 Paraíba e a CNN noticiaram que o Exército Brasileiro recebeu os recursos financeiros e o fornecimento de água potável foi restabelecido em todo o semiárido brasileiro.

De acordo com a CNN, inicialmente, a paralisação afetou os pipeiros autônomos, que atendem aproximadamente 140 mil pessoas, com a previsão de que o impacto se expandisse a partir do dia 2 de dezembro, caso a situação não fosse resolvida. De acordo a Federação das Associações de Municípios da Paraíba (Famup), o serviço abastece com água potável 159 municípios, atendendo quase 270 mil habitantes no estado.

O G1 Paraíba informou que foram destinados cerca de R$ 4,8 milhões para atender à demanda, sendo esses valores divididos entre os quartéis responsáveis pela operação no estado.

O Comprova procurou o Exército Brasileiro, a Secretaria da Infraestrutura e dos Recursos Hídricos da Paraíba e a Famup, mas não obteve retorno.

O que é a Operação Carro-Pipa?

Criada em setembro de 2012, no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), a Operação Carro-Pipa atende atualmente 344 municípios na região do semiárido nordestino em situação de emergência ou calamidade pública com reconhecimento da Defesa Civil Nacional. O objetivo é garantir o acesso à água potável em municípios que sofrem com a escassez hídrica, um problema recorrente nessa região do País.

Conforme o governo federal, de 2023 a 2024, mais de 500 municípios foram atendidos e, atualmente, a operação abastece cerca de 34 mil cisternas coletivas, proporcionando acesso à água potável mensalmente para mais de 1,5 milhão de pessoas.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: o Comprova já checou, anteriormente, outras alegações envolvendo a Operação Carro-Pipa. No ano passado,foi verificado que um vídeo resgatou uma notícia antiga para enganar sobre a interrupção do programa. A seca no Nordeste frequentemente é alvo de conteúdos com desinformação. O projeto também identificou ser falso que a família de Ciro Gomes tenha 77 empresas de carros-pipa no Ceará e que esse tenha sido o motivo do atraso das obras da transposição do Rio São Francisco e que um trecho do Eixo Norte da transposição não foi fechado pelo governo Lula.

Política

Investigado por: 2024-12-02

Vídeo engana ao dizer que CEO do Carrefour mudou de ideia sobre carne do Mercosul após conversa com Musk e Bolsonaro

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Enganoso
É enganoso dizer que Alexandre Bompard, CEO global do Carrefour, declarou em vídeo que recuou da decisão de deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul após conversar com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o empresário Elon Musk. O vídeo usado no post foi publicado em 2021. Nele, Bompard fala sobre os 20 anos de atuação da fundação filantrópica Carrefour Foundation.

Conteúdo investigado: Vídeo de pronunciamento do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, que aparece ao lado de imagens de Jair Bolsonaro e de Elon Musk. Na peça, a fala de Bompard, em francês, é sobreposta por um áudio em português, supostamente uma tradução simultânea.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: É enganosa a publicação segundo a qual o CEO global da empresa Carrefour, Alexandre Bompard, teria mudado de ideia sobre proibir a venda de carnes brasileiras nos mercados da rede na França após conversar com o ex-presidente Jair Bolsonaro e com o empresário Elon Musk. No vídeo usado no post, Bompard faz um comunicado em francês, que é sobreposto por um áudio em português com a suposta tradução simultânea.

O conteúdo da fala em português é, no entanto, diferente da fala original do empresário. Segundo o post investigado, Bompard fez um pedido de desculpas ao povo brasileiro. A retratação, segundo a peça, acontece após “conversas profundas com líderes como Messias e Elon Musk”. De acordo com a tradução falsa, o CEO afirma que foi “levado por narrativas distorcidas, especialmente aquelas promovidas pelo atual governo”. O empresário diz ainda que o “verdadeiro líder do país é o Messias”.

As imagens da fala de Bompard foram retiradas de um vídeo verdadeiro. No entanto, a publicação original é de 2021 e não tem menção ao Brasil. Na declaração, o CEO fala sobre o aniversário de 20 anos da Carrefour Foundation, braço da rede de supermercados para iniciativas de combate à insegurança alimentar e promoção da educação nutricional.

No vídeo de 2021, o CEO destaca o trabalho da fundação nas áreas de direitos humanos, educação, cultura, esporte e inserção profissional. Bompard cita também atuação frente à pandemia de covid-19 e ajuda humanitária ao Líbano após explosão no porto da capital Beirute, que matou mais de 200 pessoas.

Recentemente, ele voltou atrás sobre a declaração da má qualidade das carnes do Mercosul. Como mostra uma reportagem da CNN, Bompard enviou uma carta de desculpas ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, na qual citou a “qualidade e respeito às normas” da carne brasileira e alegou “confusão”.

Vale destacar, no entanto, que a retratação do CEO do Carrefour foi feita em carta, e o conteúdo não cita Musk ou Bolsonaro.

O Comprova contatou o perfil que compartilhou o vídeo enganoso, mas não obteve resposta até o momento da publicação.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 2 de dezembro, o vídeo alcançou 41,9 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Vídeo com pronunciamento original do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard; carta enviada pela empresa ao governo brasileiro na íntegra e reportagens sobre o tema, linkadas ao longo do texto.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Musk e Bolsonaro são frequentemente citados em peças de desinformação. O Comprova já revelou que uma foto com os dois em uma lancha é montagem. E, recentemente, a iniciativa mostrou que o bilionário não anunciou abertura de fábricas da Tesla e SpaceX no Brasil e que post que atribui a Putin fala sobre pena de morte para o ex-presidente brasileiro é satírico.