O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
Filtro:

Eleições

Investigado por: 2024-10-17

Vídeo de 2022 foi editado para insinuar que Silvio Almeida pede votos para Boulos nas eleições de 2024

  • Falso
Falso
Posts enganam ao editar um vídeo para atrelar o ex-ministro Silvio Almeida, demitido do governo federal após acusações de assédio sexual, à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo. Almeida apoiou Boulos em 2022, na eleição para deputado federal, mas as publicações enganosas removeram do vídeo em questão as falas do ex-ministro a respeito daquele pleito, em uma tentativa de fazer o eleitor acreditar que o ex-ministro gravou um vídeo apoiando Boulos em 2024.

Conteúdo investigado: Vídeo em que o ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida presta apoio à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL). Um dos posts traz a legenda “Silvio Almeida – ex Min. de Lula e acusado por assédio e importunação sexual (seis mulheres), pede apoio para Guilherme Boulos. ‘Não há nada tão ruim que não possa piorar’”. Outro perfil publicou o conteúdo com a legenda “Guilherme Boulos recebe apoio de Mão Boba. Agora vai!”. Um terceiro perfil compartilhou o mesmo vídeo com a frase “Olha quem tá pedindo voto para o Guilherme Boulos, o taradão do Planalto”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Vídeo de Silvio Almeida pedindo apoio a Guilherme Boulos enquanto candidato a deputado federal, em 2022, foi editado para alegar apoio do ex-ministro ao psolista nas eleições municipais de 2024. O pleito deste ano não é citado nos conteúdos, mas a publicação próxima à realização do segundo turno pode induzir usuários das redes sociais ao erro.

O vídeo original foi publicado em 31 de agosto de 2022 no canal oficial do YouTube de Boulos. No conteúdo, Almeida diz que “a eleição de Boulos à Câmara dos Deputados é fundamental não apenas para São Paulo, mas para todo o Brasil, contribuindo para um futuro onde novas conquistas possam ser realizadas em prol de uma sociedade mais justa”.

O trecho, assim como os outros que citam a Câmara, o ano e o âmbito federal das eleições de 2022, no entanto, foi suprimido nos posts enganosos. O vídeo original tem 1 minuto e 22 segundos de duração, enquanto a versão enganosa tem 56 segundos. O Comprova listou todas as falas de Almeida que estão no vídeo original e foram retiradas do conteúdo enganoso:

  • “Venho aqui apoiar Guilherme Boulos a deputado federal por São Paulo” (0:00 a 0:05)
  • “Por isso, vai ser essencial que com o presidente Lula na presidência, Guilherme Boulos esteja na Câmara dos Deputados para fazer o bom combate” (0:28 a 0:38)
  • “No próximo ano” (0:59)
  • “No próximo ano, na Câmara dos Deputados” (1:10)

Além disso, no conteúdo investigado, há ao menos três cortes abruptos de edição, mostrando alteração do conteúdo original. A edição também aplicou um zoom na imagem, retirando a legenda do vídeo e marca d’água da campanha de Boulos, com o número de candidato a deputado federal.

O Comprova não encontrou entrevistas ou declarações públicas de Almeida apoiando qualquer candidato a prefeito nas eleições municipais deste ano. Ele comentou o pleito, sem citar especificamente São Paulo, em fevereiro, durante encontro com a ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edilene Lôbo, para discutir o combate à violência política nas eleições.

O Comprova contatou os envolvidos na checagem. A assessoria do candidato Guilherme Boulos não quis comentar o caso. Já o ex-ministro Silvio Almeida não respondeu à tentativa de contato até a publicação desta checagem.

O perfil responsável pela publicação e criação do vídeo, como mostra uma marca d’água que reproduz seu nome de usuário, não permite o envio de mensagens. A mesma configuração impediu o contato com outros perfis que publicaram a desinformação.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 17 de outubro, o primeiro perfil que publicou o vídeo enganoso alcançou 27,1 mil visualizações na publicação do conteúdo. Os outros dois perfis que compartilharam a desinformação tiveram 229,2 mil e 222,7 mil visualizações, respectivamente.

Fontes que consultamos: Vídeo original na íntegra e reportagens sobre Almeida e as eleições.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: A participação de Boulos na disputa pela Prefeitura de São Paulo é alvo frequente de desinformação. O Comprova já mostrou, por exemplo, que é falso que a candidatura dele foi cassada e Marçal (PRTB) está no segundo turno contra Ricardo Nunes (MDB). A iniciativa também concluiu que o psolista não ultrapassou Marçal na mesma hora em que Dilma e Lula dispararam contra adversários em 2014 e 2022, o que indicaria uma fraude nas eleições.

Eleições

Investigado por: 2024-10-15

Alexandre de Moraes não é mais do TSE e não trocou urnas; vídeo mostra ministro votando em SP

  • Falso
Falso
É mentirosa a afirmação de que o ministro Alexandre de Moraes ordenou a troca de 48 urnas eletrônicas na cidade de São Paulo de última hora para prejudicar Pablo Marçal (PRTB) e favorecer Guilherme Boulos (PSOL) durante votação do primeiro turno das eleições municipais de 2024. Além de não haver nenhuma evidência disso, o magistrado deixou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em maio e não tem mais nenhuma ligação com a Corte. O post mentiroso usa vídeo de Moraes indo votar neste ano, em uma escola em São Paulo.

Conteúdo investigado: Um vídeo mostra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votando. A legenda da postagem afirma que ele teria ordenado a troca de urnas na cidade de São Paulo para favorecer o candidato Guilherme Boulos em detrimento de Pablo Marçal.

Onde foi publicado: Telegram.

Conclusão do Comprova: É falso que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, tenha autorizado a troca de 48 urnas eletrônicas de última hora “para prejudicar Marçal e favorecer Boulos”, como aponta a legenda de um vídeo que mostra a chegada do magistrado para votar em São Paulo. Apesar de as imagens serem verdadeiras, conforme registrou o site Metrópoles, a legenda do conteúdo mente ao fazer tal afirmação. Moraes, que assumiu a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em agosto de 2022, deixou a Corte em maio deste ano. Ele não tem, portanto, nenhuma ligação com a Justiça Eleitoral e não há qualquer evidência de que ele tenha ordenado a troca de aparelhos. A ministra Cármen Lúcia é a atual presidente da Corte eleitoral.

De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), durante o primeiro turno das eleições de 2024, 160 urnas foram substituídas na capital paulista – o equivalente a 0,6% do total de 26.553 urnas do Estado – depois que foram identificados problemas técnicos. Segundo o TRE-SP, as trocas foram autorizadas e realizadas pelo cartório eleitoral responsável pela seção onde as máquinas apresentaram defeito.

“A troca é realizada quando é detectado defeito na urna utilizada na seção eleitoral. Caso outros procedimentos não sejam suficientes para que a máquina volte a funcionar, ela é substituída por uma urna de contingência, que já foi previamente preparada pelo cartório eleitoral e, ao ser ligada, grava os dados da votação contidos no cartão de memória da urna substituída”, afirmou o TRE em nota enviada ao Comprova.

Desta maneira, informou o tribunal, “os votos dos eleitores que já haviam votado na urna com defeito são recuperados com total segurança, podendo-se dar continuidade ao pleito”. Os procedimentos a que se refere o TRE-SP estão determinados na Resolução nº 23.736, de fevereiro deste ano, do TSE. Ainda segundo o TRE, “todo procedimento relativo à substituição de urna é relatado pelo presidente da seção eleitoral em ata que será remetida à junta apuradora ao final da votação”.

Em seu site, o TSE aponta que as urnas utilizam tecnologias de criptografia, assinatura digital e resumo digital. Isso serve para garantir que apenas o software desenvolvido pelo TSE – gerado durante a Cerimônia de Lacração dos Sistemas Eleitorais – pode ser executado nos aparelhos certificados pela Justiça Eleitoral. Qualquer tentativa de mudança no sistema bloqueia o funcionamento da urna.

O vídeo que circula no Telegram mostra a chegada de Alexandre de Moraes à votação e foi publicado originalmente pelo portal Metrópoles. No post que traz falsas informações, a legenda “Sem falar com a imprensa, Moraes vota em São Paulo” foi encoberta pelo texto mentiroso dizendo que o ministro autorizou a substituição das urnas para prejudicar Marçal e beneficiar Boulos. De acordo com o portal, o magistrado votou no final da manhã do domingo (6) em uma escola do Jardim Europa, na zona oeste de São Paulo. Em nenhum momento o veículo de comunicação mencionou a informação falsa que está sendo compartilhada.

Na corrida pela Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024, Boulos e Ricardo Nunes (MDB) levaram a melhor. Com 29,07% dos votos da capital, o psolista segue para o segundo turno com o emedebista, que teve 29,48% dos votos. Apesar do resultado apertado, Pablo Marçal, que atingiu 28,14% dos votos, ficou em terceiro lugar e deixou a corrida eleitoral no primeiro turno.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O conteúdo compartilhado em um canal do Telegram chegou à marca de 3 mil visualizações na terça-feira (15). O Comprova não conseguiu contatar o autor da publicação no Telegram, já que não havia espaço para o envio de mensagens.

Fontes que consultamos: Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo e reportagem do Metrópoles.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O UOL e Aos Fatos também verificaram o conteúdo. As eleições são frequentemente alvo de desinformação. O Comprova, por exemplo, verificou que Boulos não ultrapassou Marçal na mesma hora em que Dilma e Lula dispararam contra adversários em 2014 e 2022. O projeto também checou uma publicação que enganou o leitor com a falsa informação de que Lula passou de 35,80% para 46% em um minuto durante a contagem dos votos das eleições presidenciais em 2022.

Contextualizando

Investigado por: 2024-10-15

Comlurb participa de distribuição de urnas no Rio de Janeiro desde 1996

  • Contextualizando
Contextualizando
A Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), da cidade do Rio de Janeiro, participa da distribuição das urnas eletrônicas desde 1996, quando foi firmado convênio com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ). Um vídeo compartilhado mostra o trabalho dos garis e tenta pôr em dúvida o processo eleitoral. Não há, porém, qualquer comprovação de que o transporte feito pela Comlurb tenha relação com algum tipo de fraude.

Conteúdo analisado: Vídeo mostra trabalhadores da Comlurb envolvidos no transporte de urnas eletrônicas em um galpão no Rio de Janeiro. A legenda do post diz: “que eu saiba é trabalho para funcionários designados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e não à prefeitura. Não digo que houve fraude, mas é sem dúvidas extremamente suspeito!”. De forma irônica, um homem diz no vídeo que “o processo é realmente legítimo e legal”.

Onde foi publicado: X e YouTube.

Contextualizando: Desde 2018, durante períodos de eleição, circulam conteúdos enganosos que relacionam a participação da Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (Comlurb) no transporte de urnas eletrônicas a supostos casos de fraude eleitoral. Em 2024, este tipo de conteúdo voltou a ser compartilhado, mas não há nenhuma comprovação de fraude nas urnas eletrônicas, seja relacionada ao trabalho dos garis no transporte dos equipamentos de votação ou não (entenda o porquê mais abaixo).

Tem circulado na internet um vídeo publicado nos dias 8, 9 e 10 de outubro deste ano por diferentes perfis em diferentes redes, após o primeiro turno das eleições municipais de 2024. As imagens mostram trabalhadores da Comlurb transportando urnas no Rio de Janeiro. Os autores questionam o trabalho conjunto da prefeitura da cidade com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com a insinuação de que o fato seria motivo para duvidar do processo eleitoral.

A participação do órgão municipal na logística de distribuição das urnas se dá, no entanto, há 28 anos, por meio de uma parceria firmada entre a Comlurb e o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), como explicou o órgão por meio de nota enviada ao Comprova.

“O órgão municipal é parceiro do TRE-RJ, por meio de um convênio, para distribuição de urnas eletrônicas. Uma parceria que vem desde as eleições de 1996. “Neste primeiro turno, mais de mil profissionais da empresa atuaram na distribuição dos equipamentos e atuam acompanhados por servidores da Justiça Eleitoral e por policiais militares”, informou o Tribunal, acrescentando que tem conhecimento das informações falsas e desinformação desde 2018.

O ano de 1996 também foi o ano em que as urnas eletrônicas foram implementadas pela primeira vez no processo eleitoral brasileiro. De acordo com o site do TSE, um terço do eleitorado da época teve o voto para as eleições municipais registrado nas urnas.

A Comlurb reforçou, também por meio de nota, que “o trabalho é feito em todos os pleitos, a pedido da Justiça Eleitoral e com base em termo de cooperação assinado com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE)”. O órgão municipal de limpeza ainda confirmou que “todo o serviço é realizado sob orientação de técnicos da Justiça Eleitoral e agentes da Polícia Militar”.

Segundo a companhia, mais de 3 mil garis e 200 agentes de limpeza participaram do transporte das urnas no Rio de Janeiro, que ocorreu nos dias 5 e 6 de outubro. O órgão não soube informar onde o vídeo divulgado nas redes sociais foi gravado.

O TSE afirma ser impossível fraudar as máquinas de votação. Especialistas ouvidos pelo Comprova em outra checagem garantem que as urnas possuem ferramentas seguras e eficazes contra fraudes.

Antes de serem usadas no dia das eleições, as urnas passam por um processo de lacração. Os lacres são produzidos pela Casa da Moeda e garantem que o equipamento não passou por uma tentativa de violação. Os equipamentos também têm um sistema eletrônico que impede o funcionamento fora do horário das eleições.

Na data do pleito, a máquina é ligada na presença de mesários e de fiscais de partidos políticos. Antes de abrir a votação, eles imprimem um documento chamado zerésima, que atesta que não há nenhum voto registrado no aparelho.

A Justiça Eleitoral informa que o programa usado nas urnas tem mais de 30 camadas de segurança; o código-fonte pode ser inspecionado por entidades fiscalizadoras como o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e universidades. Todos esses processos são realizados para garantir a segurança do voto.

Fontes consultadas: Comlurb, TRE-RJ, além de veículos de notícia e sites institucionais que desmentiram o mesmo tipo de conteúdo em períodos eleitorais passados.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: Em 2022, o G1 checou um vídeo que mostrava os garis no trabalho de distribuição das urnas com a utilização de ônibus escolar e explicou que a ação é normal. O Comprova já checou conteúdos que tentam colocar em dúvida o processo eleitoral, a exemplo de uma publicação que dizia que havia dispositivo em urna capaz de alterar o resultado.

Eleições

Investigado por: 2024-10-11

Boulos não ultrapassou Marçal na mesma hora em que Dilma e Lula dispararam contra adversários em 2014 e 2022

  • Falso
Falso
É falso que os votos de Guilherme Boulos (PSOL) ultrapassaram os de Pablo Marçal (PRTB) no mesmo horário em que Dilma Rousseff (PT) e Lula (PT) viraram contra seus adversários em 2014 e 2022. Publicação no X e vídeo no Tiktok utilizaram imagens com gráficos manipulados.

Conteúdo investigado: Publicação no X afirma que o candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), ultrapassou o adversário Pablo Marçal (PRTB) durante a apuração dos votos às 18h45. A postagem diz que foi neste mesmo horário também que Dilma Rousseff (PT) e Lula (PT) “viraram” em relação aos demais candidatos nas eleições de 2014 e 2022, respectivamente. “Tudo coincidênssias (sic)”, diz o autor.

Onde foi publicado: X, Telegram e TikTok.

Conclusão do Comprova: O candidato Guilherme Boulos (PSOL) não ultrapassou o adversário Pablo Marçal (PRTB) às 18h45 durante a apuração dos votos, assim como a ex-presidenta Dilma Rousseff e o presidente Lula não ganharam vantagem neste mesmo horário contra os adversários Aécio Neves (PSDB) e Jair Bolsonaro (PL), respectivamente, nas eleições de 2014 e 2022.

A publicação busca pôr em dúvida o processo eleitoral com informação falsa, ao tentar convencer que, nas três eleições, as viradas aconteceram no mesmo horário. Em outro conteúdo, um homem gravou um vídeo e publicou no TikTok mostrando as mesmas imagens utilizadas pelo post original, publicado no X.

No entanto, na apuração dos votos da eleição de domingo (6), em São Paulo, Boulos ultrapassou Marçal às 18h40. O G1 disponibilizou um gráfico animado onde dá para observar a disputa acirrada entre os candidatos. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em 2014, a então presidenta Dilma Rousseff (PT), que concorria à reeleição, ultrapassou Aécio Neves às 19h32 no segundo turno, como consta no relatório do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que registra a cada minuto a atualização da apuração dos votos.

O gráfico utilizado pela publicação com informação falsa foi retirado de uma matéria do G1, mas com o horário manipulado. Na própria imagem compartilhada é possível ver o horário correto e perceber que o 18h45 está em fonte diferente, ou seja, foi inserido por terceiros.

Em 2022, o momento em que a quantidade de votos de Lula superou os de Bolsonaro no primeiro turno foi às 20h02. No segundo turno, a virada aconteceu em um horário mais próximo do que foi divulgado pela publicação, às 18h44, como informa o TSE (conferir aqui e aqui – arquivos ZIP).

Vale contextualizar que o termo “virada” pode gerar uma interpretação equivocada. Isso porque, na prática, o resultado do pleito já está definido assim que as urnas são fechadas, às 17h. A “disputa” durante a apuração é, na verdade, um reflexo do processo de computação dos votos, que é realizada de forma gradativa a partir do envio das informações dos tribunais regionais.

O Comprova tentou entrar em contato com o responsável pela publicação, mas o perfil está configurado para não receber mensagens.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O post compartilhado no X teve 624 mil visualizações, o vídeo no Tiktok passou dos 217 mil, enquanto o post que circula no Telegram alcançou 2,9 mil visualizações

Fontes que consultamos: Os dados da apuração em tempo real do Tribunal Superior Eleitoral e os gráficos elaborados pelo portal G1.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O conteúdo falso também foi checado pelo Uol Confere, Estadão Verifica, Agência Lupa, Aos Fatos e Reuters. Todas as iniciativas concluíram que as publicações são falsas. O Comprova já realizou várias checagens sobre insinuação de fraudes eleitorais envolvendo as urnas. Recentemente, um vídeo antigo voltou a circular com a ideia de que o sistema brasileiro é uma fraude.

Eleições

Investigado por: 2024-10-11

PT conquistou 248 prefeituras em 2024, e não 46 como alega post

  • Falso
Falso
Diferentemente do que alegam postagens que circulam nas redes sociais, o Partido dos Trabalhadores (PT) elegeu 248 candidatos a prefeituras no primeiro turno das Eleições Municipais de 2024, apresentando crescimento na quantidade de candidaturas eleitas, já que no primeiro turno de 2020 o partido havia vencido em 179 municípios.

Conteúdo investigado: Uma postagem no X diz que o Partido dos Trabalhadores (PT) só venceu a disputa para prefeitura em 46 municípios. Outro conteúdo, publicado no Telegram, afirma que o Brasil “despetizou”.

Onde foi publicado: X e Telegram.

Conclusão do Comprova: Autor de postagem no X mente ao afirmar que o PT conquistou apenas 46 prefeituras no primeiro turno das Eleições Municipais de 2024. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que, na verdade, o partido teve 248 candidatos à prefeitura eleitos. Desse total, 120 conquistaram a reeleição. Com isso, o PT ficou em 9º lugar dentre os partidos com mais candidatos eleitos no país.

Outra postagem, feita no Telegram, afirma que o país foi “despetizado”. Em um glossário ‘bolsonarista’ feito pelo Estadão, o termo “despetizar/despetização” é definido como um neologismo. O termo foi usado por Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), que dizia que o governo precisava “despetizar o Brasil”; ou seja, exonerar todos os funcionários não alinhados com a ideologia de direita do presidente.

O dicionário informal, por sua vez, define o termo despetização como “efeito de despetizar, deixar de ser petista”.

No entanto, considerando que o PT aumentou o número de prefeituras conquistadas entre as últimas eleições, indo de 179 no primeiro turno de 2020 para 248 no primeiro turno de 2024, a afirmação foge do contexto do cenário político atual.

Além das prefeituras já conquistadas, o PT ainda disputará 13 municípios no segundo turno, incluindo 4 capitais, sendo elas: Cuiabá (MT), Fortaleza (CE), Natal (RN) e Porto Alegre (RS).

Já o Partido Liberal (PL), também citado em uma das peças de desinformação, elegeu 510 prefeitos neste ano, sendo dois nas capitais Rio Branco (AC) e Maceió (AL). O número é similar ao apontado no conteúdo enganoso (que citou 508 prefeituras). No primeiro turno das eleições de 2020, a sigla elegeu prefeitos em 343 municípios, sendo duas capitais (também Rio Branco e Maceió, prefeitos que foram reeleitos em 2024).

O Comprova não conseguiu contatar os responsáveis pela publicação, pois seus perfis no Telegram e X não permitem o envio de mensagens.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 11 de outubro, o conteúdo publicado no X tinha 1,2 mil visualizações. Já o conteúdo compartilhado no Telegram foi visualizado 2,9 mil vezes.

Fontes que consultamos: Consultamos os dados eleitorais na seção Estatísticas Eleitorais no portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: A Aos Fatos também investigou o conteúdo e concluiu que a publicação feita no X é falsa. Em 2022, o Comprova investigou e concluiu que era falso um vídeo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso aparecia dizendo ser contra o PT. Já em 2018, o projeto mostrou que uma empresa contratada pelo TSE não tinha ligação com o PT no segundo turno das eleições presidenciais daquele ano.

Eleições

Investigado por: 2024-10-11

Post usa captura de tela fora de contexto para alegar que houve fraude nas eleições de 2022

  • Enganoso
Enganoso
Publicação engana ao usar captura de tela fora de contexto, sugerindo que teria havido fraude na disputa que elegeu Lula (PT) presidente. Na imagem, é apresentada apuração do estado do Paraná sobre as eleições presidenciais de 2022, momento em que Jair Bolsonaro (PL) aparece com 55,38% e Lula, 35,80%. O recorte, no entanto, não representa o resultado da votação em todo o país. Dados do TSE confirmam vitória de Lula sobre Bolsonaro nesse pleito.

Conteúdo investigado: Captura de tela da transmissão realizada pela Jovem Pan News durante a cobertura do primeiro turno das eleições de 2022, acrescida de legenda que aponta fraude no pleito. A imagem é acompanhada dos dizeres: “Nunca esquecemos dessa tela” e “1 minuto depois, Lula 46 versus 45 Jair Bolsonaro”.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Uma captura de tela mostrando a apuração das eleições presidenciais de 2022 engana ao apontar fraude naquele pleito. A imagem exibida é um trecho da transmissão realizada pela Jovem Pan News durante a cobertura do primeiro turno.

Às 20h21, o telão exibido no estúdio mostrava 79,32% das urnas apuradas em todo o país para a eleição à Presidência. O jornalista Adalberto Piotto, então, pergunta se há alguma atualização nos dados. Enquanto espera retorno da produção, o apresentador faz uma menção ao fato de Sérgio Moro (União Brasil) já ter sido eleito naquele momento “e o Lula ainda não”.

Na ocasião, a imagem apresentada no telão muda para a apuração dos votos para presidente da República no Paraná – estado em que o ex-juiz da Operação Lava Jato foi eleito senador, o que pode ter gerado a confusão –, onde Jair Bolsonaro (PL) tinha 55,38% dos votos e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 35,80%. A imagem fica na tela antes de a exibição voltar ao cenário nacional, agora com 82,55% das urnas apuradas. Diferentemente do cenário observado no Paraná, no panorama total do país Lula vencia com 46,53% dos votos, ante 44,81% de Bolsonaro.

Conforme aponta o portal de dados abertos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro, que tentava a reeleição, não chegou a ter 55% dos votos no primeiro turno das eleições de 2022 no cenário geral do país. O percentual máximo atingido, a nível nacional, pelo então presidente durante a apuração foi de 49,0%, às 18h8min. Já no segundo turno, o ex-mandatário despontou com 56,8% dos votos apurados até às 17h17min. O último momento em que Bolsonaro teve 55% ou mais dos votos apurados foi às 17h21min.

No Paraná, Bolsonaro venceu tanto no primeiro quanto no segundo turno das eleições de 2022. No resultado final do estado, o então presidente obteve 62,40% dos votos válidos ao conseguir 4.159.266 de eleitores. Enquanto Lula computou 37,60%, um total de 2.506.464 de votantes.

O Comprova tentou contatar o responsável pela publicação, mas o perfil não admite receber mensagens de perfis que não estão em sua rede.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 11 de outubro de 2024, a publicação contava 2,4 milhões de visualizações no TikTok.

Fontes que consultamos: O programa na íntegra da Jovem Pan News e o Portal de Dados Abertos do TSE.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Estadão, Reuters e Justiça Eleitoral verificaram conteúdos semelhantes. O processo eleitoral é frequentemente alvo de desinformação. O Comprova, por exemplo, mostrou ser enganoso vídeo de 2010 descredibilizando as urnas sem provas, que voltou a circular em 2024 como se fosse atual, assim como post engana ao afirmar que os EUA teriam construído urnas para o Brasil. Além disso, o Comprova verificou ser falso que Lula tenha recebido votos nulos ou brancos nas eleições de 2022. Neste link, você confere as checagens do Comprova sobre eleições.

Eleições

Investigado por: 2024-10-09

É falso que candidatura de Boulos foi cassada e Marçal está no segundo turno contra Nunes

  • Falso
Falso
Vídeo mente ao afirmar que Guilherme Boulos (PSOL) teria tido sua candidatura à Prefeitura de São Paulo cassada e que Pablo Marçal (PRTB), derrotado no primeiro turno das eleições municipais, disputaria o segundo turno com o prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB). O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) divulgou nota desmentindo o conteúdo e reafirmando que Boulos segue na corrida contra o emedebista, que foi o primeiro colocado na primeira etapa do pleito.

Conteúdo investigado: Vídeo em que autor afirma que a candidatura de Boulos foi cassada e que o segundo turno em São Paulo será entre Ricardo Nunes e Pablo Marçal.

Onde foi publicado: YouTube.

Conclusão do Comprova: É falso que Guilherme Boulos (PSOL), candidato à Prefeitura de São Paulo, teve sua candidatura cassada ou que o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) tenha afirmado que vai cassá-la, diferentemente do que afirma post viral. “Pablo Marçal prometeu e já confirmou que vai derrubar junto com o TRE Guilherme Boulos e ele irá para segundo turno junto com Ricardo Nunes”, desinforma o autor do vídeo.

Em nota, o TRE-SP negou ter cassado a candidatura do psolista e reforçou que ele está no segundo turno das eleições para a Prefeitura de São Paulo, disputando com o prefeito Ricardo Nunes (MDB). Nunes teve 29,48% dos votos, e Boulos, 29,07%. Marçal (PRTB) teve 28,14% dos votos, ficando em terceiro lugar e, portanto, fora do pleito.

Marçal, citado no vídeo mentiroso, assumiu estar fora da disputa ainda no domingo (6) à noite.

Contatada pelo Comprova, a assessoria de imprensa de Boulos disse que “Pablo Marçal continua difundindo mentiras para confundir e gerar caos”. Avisada de que o ex-coach não era o autor do vídeo, a equipe não respondeu.

O vídeo verificado foi publicado por um canal no YouTube que, nos últimos três dias, postou ao menos dez conteúdos semelhantes desinformando ao dizer que Boulos estaria fora da disputa e, Marçal, dentro. O Comprova tentou contatar o canal por meio do e-mail informado na plataforma, mas a mensagem retornou três vezes “por uma falha de comunicação durante a entrega desta mensagem”. Por outro servidor, o email também não foi entregue.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 8 de outubro, o vídeo havia sido visualizado 174 mil vezes.

Fontes que consultamos: TRE-SP e assessoria do candidato Guilherme Boulos (PSOL).

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: UOL Confere, Fato ou Fake, do G1, Lupa e Aos Fatos também verificaram o vídeo. Ainda envolvendo Boulos e a eleição, recentemente, o Comprova publicou que ele não cometeu crime eleitoral ao votar com a família e mostrou ser falso documento usado por Marçal para dizer que o psolista teria sido internado por uso de drogas.

Eleições

Investigado por: 2024-10-09

Boulos não cometeu crime eleitoral ao votar com a família, avaliam especialistas

  • Contextualizando
Contextualizando
Publicações insinuam que Guilherme Boulos (PSOL), candidato à Prefeitura de São Paulo, violou o sigilo do voto e cometeu crime eleitoral por votar ao lado da família. Apesar de a Justiça Eleitoral orientar que o eleitor vote desacompanhado, especialistas ouvidos pelo Comprova apontam que o caso do psolista não configura irregularidade e, por isso, não é passível de punição.

Conteúdo analisado: Publicações afirmam que Boulos “violou o sigilo do voto ao levar três pessoas para a cabine de votação e, com isso, pode ter cometido crime eleitoral”. Um dos vídeos acrescenta: “a esquerdalha pode, o STF não vai incomodar”. Conteúdos usam trecho da cobertura da CNN Brasil, que mostra momento da votação do psolista.

Onde foi publicado: X e Telegram.

Contextualizando: Guilherme Boulos (PSOL), deputado federal e candidato a prefeito de São Paulo, não cometeu crime eleitoral e nem deve ser punido por votar ao lado das duas filhas, de 13 e 14 anos, e da esposa. Especialistas ouvidos pelo Comprova explicam que a situação não apresenta irregularidade que resulte em punição.

A Resolução 23.736/2024 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) trata sobre os atos gerais do processo eleitoral para as eleições municipais e prevê posicionamento da urna de forma a garantir o sigilo do voto, assegurando que apenas os eleitores tenham acesso ao visor. A norma traz ainda a proibição de celulares e a possibilidade de acompanhamento apenas para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.

No entanto, a recomendação não prevê punição caso o eleitor vote acompanhado, desde que a companhia não prejudique o sigilo do voto, como explica a advogada eleitoralista e mestre em Direito Lívia Chaves.

“As normas, assim como o manual do mesário, não mencionam punição para a pessoa que estiver acompanhada na cabine. Contudo, os mesários têm autonomia para intervir caso entendam que o eleitor não deve ir acompanhado à cabine, percebendo algum malferimento ao sigilo do voto no caso concreto”, disse a advogada.

A especialista acrescenta que, pela Constituição, o voto é igual para todos, e não havendo expressa permissão ou proibição, o que se presume é que “o acompanhamento de familiares seria um indiferente eleitoral, sem maiores consequências, a não ser quando se percebe, ali, uma coação, uma fiscalização, como o uso de aparelho celular pelo familiar para fins de registro ou de qualquer situação que malfira o sigilo do voto”, resume.

No caso específico de Boulos, que votou no domingo, 6 de outubro, no Centro Educacional Unificado (CEU) Campo Limpo Dom Agnelo Rossi Cardeal, em São Paulo, a advogada aponta que “não existe uma irregularidade”. “Quem acompanhava o candidato era sua família, não havendo nenhuma irregularidade significativa que comprometa o processo de votação, muito menos que enseje uma inelegibilidade”, analisa.

O presidente da Comissão de Direito Eleitoral da seccional cearense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), Fernandes Neto, diz que Boulos não cometeu crime eleitoral, porque ele “não tinha a intenção de quebrar o segredo do voto, uma vez que estava acompanhado da própria família”. O especialista aponta que não há dolo nesse caso.

“Ele não pode ser punido por isso, nem por crime eleitoral, nem por algum abuso de poder ou alguma causa que o traga inelegibilidade, porque não há um elemento próprio de um ilícito, seja civil, seja criminal, na área do Direito Eleitoral”, complementa Fernandes.

Ao Estadão, o Tribunal Regional de São Paulo (TRE-SP) não citou possibilidade de punição a Boulos por ter votado ao lado da família. Contudo, reforçou que, “conforme a legislação, o voto é secreto, não sendo permitido que o eleitor entre acompanhado na cabina de votação”. O órgão disse ainda que “os mesários serão orientados sobre o cumprimento da norma quanto ao segundo turno”.

O Comprova não conseguiu contatar o autor da publicação no Telegram, já que não havia espaço para o envio de mensagens. Já no X, o autor, contatado por um editor do Comprova que reside no exterior, respondeu: “Assista o vídeo! A conclusão está por conta do jurista. Qualquer dúvida pode conversar com ele”.

Fontes consultadas: A Resolução 23.736/2024 e os especialistas Lívia Chaves, advogada eleitoralista e mestre em Direito; Fernandes Neto, presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/CE; e Eduardo Pontes, coordenador de Atendimento ao Eleitor e Cidadania do TRE-CE.

Por que o Comprova contextualizou esse assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: Estadão e Aos Fatos também verificaram que Boulos não pode ser punido e nem ficar inelegível por votar ao lado da família. O Comprova já checou vários conteúdos que envolviam o psolista como quando Pablo Marçal (PRTB) usou documento falso para alegar que Boulos foi internado por uso de drogas e quando vídeo enganou ao dizer que o candidato do Psol é líder do MST e responsável por queimar fazendas.

Eleições

Investigado por: 2024-10-06

Vídeo de 2010 descredibilizando as urnas sem provas volta a circular como se fosse atual

  • Enganoso
Enganoso
É enganoso o discurso do então deputado federal pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), Fernando Chiarelli, na Câmara dos Deputados, criticando o processo eleitoral brasileiro, que voltou a circular neste domingo de eleição como se fosse recente. O vídeo é de 2010 e, diferentemente do que o político afirma, ele não provou que as urnas eletrônicas são uma farsa. Usados no Brasil desde 1996, os equipamentos já foram alvo de diversas denúncias de fraude, mas, até hoje, nenhuma foi comprovada, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Conteúdo investigado: Vídeo mostra discurso na Câmara dos Deputados de político dizendo que o sistema eleitoral brasileiro é uma fraude, que as urnas eletrônicas não são utilizadas em nenhum outro lugar do mundo e são programadas para favorecer candidatos. No início do vídeo, uma mensagem sugere que a gravação é recente e que teria sido retirada do YouTube.

Onde foi publicado: WhatsApp.

Conclusão do Comprova: É enganoso vídeo de parlamentar dizendo que as urnas eletrônicas são “uma mentira”. A gravação, que é de novembro de 2010 e voltou a viralizar neste domingo (6), dia do primeiro turno das eleições municipais de 2024, mostra o então deputado federal pelo PDT Fernando Chiarelli em sessão plenária falando, sem provas, que as urnas já estariam preparadas “para criar quem vai ganhar e quem vai perder a eleição”.

Ainda em seu discurso, ele diz que provaria, durante o mandato, que “o sistema eleitoral brasileiro é uma farsa”. Além de ele não ter apresentado nenhuma evidência disso, nenhuma denúncia de fraude contra as urnas eletrônicas, em uso no Brasil desde 1996, foi comprovada até hoje, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O Comprova já publicou diversas verificações abordando a segurança do processo eleitoral brasileiro (veja mais abaixo).

“As urnas têm um componente interno altamente protegido, chamado hardware de segurança, que faz várias verificações nos programas que rodam dentro do equipamento em diversos momentos. Se houver qualquer alteração nos programas, a urna simplesmente não funciona”, afirma texto publicado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP). Além disso, elas podem ser auditadas antes, durante e depois das eleições.

Também não é verdade que o sistema eletrônico é usado apenas no Brasil. Levantamento realizado em 2023 pelo instituto International Idea, organização que apoia democracias em todo o mundo, mostrava que 34 países usavam o voto eletrônico em algum nível. Os Estados Unidos, que Chiarelli cita como uma nação que não usaria a tecnologia, a utilizam em parte do seu território.

Chiarelli também desinforma ao insinuar que os deputados João Hermann, Enéas e Clodovil teriam sido assassinados por denunciarem problemas nas urnas. Hermann, que foi deputado e prefeito de Piracicaba, no interior paulista, morreu por causa de um edema pulmonar, conforme publicado pelo PDT, partido de Chiarelli e de Hermann quando ele faleceu. Enéas, de leucemia, e, Clodovil, em decorrência de um acidente vascular cerebral.

Antes de exibir a fala enganosa de Chiarelli, o conteúdo verificado aqui exibe uma mensagem dizendo que o vídeo do deputado é recente e teria sido retirado do ar pelo YouTube, o que também não é verdade. De 2010, como informado acima, a fala do então deputado pode ser vista na plataforma. O Comprova não publica o link para não ajudar a disseminar a desinformação.

Na política desde 1992, Chiarelli foi cassado por falta de decoro dois anos depois por ofender um vereador com deficiência e, por isso, ficou oito anos inelegível.

Uma reportagem do Congresso em Foco, publicada em 2010, mostrou que, na época em que era deputado, ele foi um dos parlamentares com mais processos no Supremo Tribunal Federal (STF) na região Sudeste, com dez investigações em curso. À época, Chiarelli foi campeão de novos processos durante a tramitação do projeto ficha limpa e de casos de crimes contra a honra.

De acordo com uma reportagem publicada pelo UOL em 2011, ele ganhou notoriedade no município de Ribeirão Preto, no interior paulista, ao promover ações judiciais contra ex-prefeitos e ex-vereadores, interpretadas como uma forma de vingança pela sua cassação.

As controvérsias continuaram em 2016, quando, como pré-candidato à prefeitura de Ribeirão pelo PTdoB (hoje Avante), foi preso pela Polícia Federal por ofensas dirigidas à então prefeita da cidade, Dárcy Vera, em 2012. No dia da prisão, ele seria oficializado como candidato às eleições municipais daquele ano. Mais tarde, a Justiça Eleitoral o considerou inelegível com base na Lei da Ficha Limpa.

Em 2020, Chiarelli teve sua candidatura à prefeitura de Ribeirão Preto aceita pelo TRE-SP dois dias antes do primeiro turno. Inicialmente, seu registro havia sido indeferido devido ao não pagamento de uma multa de R$ 73 mil relacionada a uma condenação de 2013. Após quitar a multa, a defesa do político recorreu ao TRE-SP, que reverteu a decisão por unanimidade.

A última disputa eleitoral em que Chiarelli participou foi em 2022, quando concorreu a deputado federal por São Paulo pelo Patriota, atualmente PRD. Ele não foi eleito.

A reportagem não conseguiu contatá-lo.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O conteúdo verificado aqui está circulando no WhatsApp, onde não é possível mensurar a viralização, mas ele vem acompanhado do aviso “Encaminhada com frequência”.

Fontes que consultamos: Vídeo com o discurso de Chiarelli, e site do TSE e do TRE-SP, além de reportagens sobre o político.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Como informado acima, o Comprova já verificou diversos conteúdos que colocavam em dúvida a credibilidade das urnas. Veja alguns exemplos do que já foi publicado abaixo:

Eleições

Investigado por: 2024-10-06

Site de notícias foi clonado para divulgar conteúdo falso de candidata à reeleição no Tocantins

  • Falso
Falso
A prefeita de Gurupi (TO), Josi Nunes (União), não foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) às vésperas das eleições, diferentemente do que afirma um site neste domingo (6). Página clonou o portal de notícias Gazeta do Cerrado e alegou que a candidata à reeleição teria desviado recursos de merenda escolar.

Conteúdo investigado: Texto de um site que tem visual semelhante ao portal de notícias Gazeta do Cerrado afirma que a prefeita de Gurupi (TO), Josi Nunes (União), foi alvo de uma operação da Polícia Federal. O resultado da suposta ação teria sido a apreensão de R$ 2 milhões em espécie desviados de merenda escolar e cocaína em pasta.

Onde foi publicado: Site de internet.

Conclusão do Comprova: Não há registro de que a prefeita de Gurupi (TO) e candidata à reeleição, Josi Nunes (União), tenha sido alvo de operação da Polícia Federal às vésperas das eleições como informa um site que copia o leiaute de página da Gazeta do Cerrado. Não há nenhuma ação da PF registrada no site oficial da corporação, onde todas as operações são divulgadas (veja mais abaixo). A direção do portal já denunciou o site falso para a Polícia Federal e o TSE e a prefeita repudiou a atitude.

O jornal Gazeta do Cerrado informou ao Comprova que fez a denuncia do site falso à Polícia Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por meio do Sistema de Alertas de Desinformação Eleitoral – SIADE, ferramenta cidadã que permite denunciar fatos inverídicos ou descontextualizados que podem prejudicar as eleições.

“Lamentamos a tentativa de contaminar o processo eleitoral usando nossa marca. A Gazeta luta todos os dias contra a desinformação e só publicamos notícias checadas e apuradas. Buscaremos os autores da montagem e vamos pedir a responsabilização judicial”, disse Maju Cotrim, editora-chefe do veículo, em nota.

O site que imitou o jornal utilizou um endereço parecido com o verdadeiro, mas sem o “.br” no final. A página falsa também imitou o leiaute (visual do site) e copiou informações e notícias. O portal verdadeiro informou que tem marca registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e o link é o www.gazetadocerrado.com.br. A direção reforçou ainda que não procede a informação da suposta operação da Polícia Federal no município.

| Captura de tela do clone (à esquerda) e do site verdadeiro (à direita) capturadas às 14h do dia 6 de outubro de 2024.

Por meio de nota, Josi Nunes repudiou “a divulgação de uma fake news, sendo acusações infundadas que fazem parte de um ataque covarde e criminoso” contra a sua “candidatura e contra a liberdade de imprensa”. Josi acrescentou que “está adotando todas as medidas necessárias para identificar os responsáveis por esse crime eleitoral e garantir que eles respondam perante a justiça”.

O Comprova entrou em contato com a Polícia Federal para questionar se houve alguma operação no município de Gurupi. A assessoria respondeu que todas as ações são divulgadas no site e que “a PF não divulga nem confirma nomes de eventuais presos ou investigados”. Em uma pesquisa, a ação mais recente da PF que cita a cidade foi em agosto de 2024, mas o alvo foi uma secretaria do Governo do Estado.

Usamos a ferramenta Whois, que indica quem é o responsável pelo registro de páginas na internet, para tentar identificar a origem do site falso. Os dados indicam que o endereço do responsável pelo site é uma rua na cidade de Reykjavik, capital da Islândia. A data de criação do domínio “gazetadocerrado.com” foi em 05 de outubro.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Fontes que consultamos: Sócios e editores do jornal Gazeta do Cerrado, Maju Cotrim e Marco Aurélio, Josi Nunes e a Polícia Federal.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Outras verificações sobre conteúdo enganoso ou falso nas eleições foram realizadas pelo Comprova como a do candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), que usou documento falso para alegar que Guilherme Boulos (PSol) foi internado por uso de drogas, assim como a criação de páginas falsas na internet como um site que copiou um portal de notícias e inventou uma entrevista com Haddad sobre criptomoedas também foram checadas.