O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
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Eleições

Investigado por: 2024-10-05

Marçal usou documento falso para alegar que Boulos foi internado por uso de drogas

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Falso
Pablo Marçal (PRTB) usou laudo médico falso para afirmar que Guilherme Boulos (PSOL) foi internado em decorrência de dependência química. O documento apresenta uma série de inconsistências, como erros de digitação, número de RG com um dígito a mais e assinatura de um médico que nunca trabalhou na clínica. Além disso, há registros de que Boulos estava em outro lugar no momento apontado como o de sua internação.

Conteúdo investigado: Suposto laudo médico publicado por Pablo Marçal (PRTB) que aponta internação de Guilherme Boulos (PSOL) por conta do uso de cocaína e corte de entrevista de Marçal a um podcast em que ele afirma que o atendimento médico teria sido por “dependência química”.

Onde foi publicado: YouTube, TikTok, Instagram e X.

Conclusão do Comprova: O suposto laudo médico divulgado por Pablo Marçal para afirmar que Guilherme Boulos deu entrada em uma clínica de São Paulo após uso de cocaína, em 19 de janeiro de 2021, apresenta indícios de falsificação. O documento foi divulgado inicialmente em uma live no YouTube e compartilhado nas redes sociais pelo candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo. Marçal disse na live, em entrevista a um podcast, que a internação do psolista teria sido por “dependência química”.

O laudo afirma que Boulos recebeu atendimento médico por apresentar um quadro de surto psicótico grave. O documento indica o CID F14, código para “transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso da cocaína”. Além disso, aponta que o psolista teria feito um exame toxicológico que deu positivo para uso da substância. Como verificado por Estadão, Folha e Aos Fatos, entre outros veículos, o documento apresenta uma série de inconsistências.

No laudo, consta que o atendimento ao candidato do Psol ocorreu às 16h45. Naquela tarde, no entanto, o psolista estava em uma agenda com o vereador Emerson Osasco (PCdoB), o que pode ser confirmado com uma foto registrada no dia, publicada no Instagram, e com uma declaração feita pelo parlamentar na sexta-feira (4) sobre a publicação de Marçal.

Alguns usuários do Instagram alegaram que a publicação foi editada, indicando que ela poderia ter sido alterada após a repercussão do falso laudo médico. No entanto, o Instagram não permite edição de fotos já publicadas, apenas a remoção do conteúdo. Na publicação ainda é possível ver que a postagem foi editada no mesmo dia em que foi feita, como aponta uma etiqueta da rede social.

Considerando que a edição teria sido feita na legenda da foto, questionamos o vereador Emerson Osasco sobre possíveis mudanças no conteúdo. Ele não respondeu nossa tentativa de contato até a publicação desta checagem, mas publicou um posicionamento em seu Instagram, afirmando que “é prova viva” de que o candidato do PSOL estava com ele na data indicada no suposto laudo médico. Em seguida, destaca a foto analisada nesta checagem.

O Comprova localizou também uma live feita por Guilherme Boulos no dia em questão, 19 de janeiro de 2021. Além do registro ser de uma fala ao vivo, portanto feita naquele dia, nela, o candidato usa a mesma camiseta que usou na foto com Emerson Osasco.

Também não é verdade que Boulos ficou internado, uma vez que na tarde do dia seguinte ao encontro com o vereador do PCdoB, em 20 de janeiro de 2021, o candidato participou de uma distribuição de cestas básicas na Comunidade do Vietnã, zona sul de São Paulo, como mostra uma foto publicada na data em seu Facebook.

O suposto laudo ainda apresenta um erro de digitação no RG atribuído a Boulos, conforme comparado pelo Comprova com informações do psolista presentes em processos aos quais ele responde e que o projeto teve acesso. Além de ser um número diferente, o documento presente no suposto laudo possui um dígito a mais do que o padrão de documentos usados no Brasil (nove dígitos).

Também há indícios de que o nome da clínica citada no documento esteja errado, uma vez que a unidade existente no Jabaquara, onde o laudo afirma que o atendimento ocorreu, chama-se “Mais Consultas” e não “Mais Consulta”, o que também pode ser visto no CNPJ da empresa.

Além disso, o documento ainda tem problemas de digitação, como “por minha atendido” e “apresentou com quadro de surto psicótico grave”.

O laudo falso tem assinatura e CRM do médico José Roberto de Souza, falecido em 2022 vítima de câncer, de acordo com o jornal O Globo. Ainda segundo a reportagem d’O Globo, o profissional nunca trabalhou na clínica citada no documento.

O Comprova checou que o médico também possuía CRM no Espírito Santo. O portal da instituição confirma a informação de que ele morreu.

O Globo mostrou também que a assinatura original do especialista difere daquela presente no laudo forjado. O Comprova comparou as assinaturas e confirmou a diferença.

| Assinatura usada no laudo (à esquerda) e  a assinatura verdadeira (à direita).

Em um vídeo publicado no Instagram, Boulos negou que tenha sido internado na clínica, afirmou que o laudo é falso e disse que pedirá a prisão de Marçal.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. A entrevista em live em que Marçal menciona o documento, ao podcast Inteligência Ltda, teve 1.453.688 visualizações no YouTube. Não é possível medir o alcance da publicação do suposto laudo no Instagram do candidato do PRTB, uma vez que a plataforma removeu o post. No TikTok, um vídeo com cortes da entrevista ao podcast teve mais de 5 mil visualizações. E, apesar de estar suspenso no Brasil após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o falso documento também foi compartilhado no perfil oficial de Marçal no X, alcançando mais de 368 mil visualizações. O Comprova acessou o conteúdo por meio de um dos editores, que reside na Alemanha.

Fontes que consultamos: Live em que Marçal pediu à sua equipe para que publicasse o documento em questão em seu Instagram, registro de médicos no Conselho Federal de Medicina (CFM), redes sociais de Guilherme Boulos (PSOL), assessoria de Pablo Marçal (PRTB) e vereador Emerson Osasco (PCdoB), que não retornaram o contato, Econodata e reportagens e checagens sobre o tema.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Outras verificações sobre o tema indicam que há falsificações no laudo apresentado por Marçal. O Estadão Verifica mostrou que suposto laudo apresentado pelo candidato do PRTB contra Boulos tem indícios de falsificação. Já a iniciativa Aos Fatos concluiu que dados incorretos desmentem laudo usado por Marçal para acusar o psolista de uso de drogas. O G1 também publicou os indícios de falsidade do documento.

Comprova Explica

Investigado por: 2024-10-04

Entenda as regras dos convites para debates eleitorais na televisão

  • Comprova Explica
Comprova Explica
As emissoras de televisão seguem regras determinadas pela Justiça Eleitoral para convidar candidatos para os debates, mas podem ampliar a lista se acharem adequado. Neste ano, mais uma vez, as emissoras receberam críticas relacionadas aos debates e aos trâmites judiciais envolvendo os convites.

Conteúdo analisado: Um candidato à Prefeitura de Porto Alegre pelo partido Novo acusa, em vídeo publicado no Instagram, a RBS TV, afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul, de não convidá-lo para o debate eleitoral do primeiro turno. Ele menciona que a emissora alegou “não ser obrigada” a permitir sua participação. Como este não é o primeiro caso do tipo, o Comprova elaborou este material explicativo para que você saiba quais são os critérios para que candidatos participem de um debate eleitoral.

Comprova Explica: Felipe Camozzato (Novo), candidato à Prefeitura de Porto Alegre, publicou nas redes sociais um vídeo criticando o Grupo RBS por não convidá-lo para o debate relativo ao primeiro turno. Mas, afinal, o que torna um candidato apto a participar de um debate?

Conforme determinado na lei 9.504/1997, que estabelece normas para as eleições, e na resolução nº 23.610 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que dispõe sobre “propaganda eleitoral, utilização e geração do horário gratuito e condutas ilícitas em campanha eleitoral”, as emissoras devem convidar obrigatoriamente todos os candidatos de partidos com pelo menos cinco representantes (parlamentares) no Congresso Nacional.

A participação dos candidatos cujo partido não atingiu o critério é facultativa, desde que o registro de candidatura dos mesmos não tenha sido dado como indeferido, cancelado ou não conhecido pela Justiça Eleitoral. Já no segundo turno, participam dos debates os dois candidatos mais votados no primeiro turno da eleição.

No caso do candidato Camozzato, o partido Novo não tinha cinco parlamentares no Congresso Nacional até o dia 20 de julho, data limite estipulada pela Justiça Eleitoral no artigo 44 da mesma resolução. O quinto representante do Novo no Congresso, o deputado federal Ricardo Salles, retornou ao partido apenas no dia 5 de agosto, 15 dias após o prazo e, por isso, não foi considerado pela resolução.

Foi esse o critério utilizado pelo Grupo RBS na escolha dos candidatos convidados para o debate, como explicou a própria emissora ao Comprova antes do evento ser realizado:

“O Grupo RBS informa que o debate dos candidatos à Prefeitura de Porto Alegre da RBS TV, que será realizado no primeiro turno, no dia 3 de outubro, terá como participantes os candidatos dos partidos, coligações e/ou federações com representação no Congresso Nacional de, no mínimo, cinco parlamentares, no prazo de 20 de julho, conforme estabelece a Resolução nº 23.610 do TSE e de acordo com a Lei nº 9.504/97. Essas regras foram acordadas com os representantes dos candidatos considerados aptos ao debate pela lei e seguem a orientação da Rede Globo para todas as suas afiliadas”, diz a nota.

Em Fortaleza, um candidato a prefeito do Novo foi retirado do debate promovido pela TV Otimista após decisão judicial. O senador cearense Eduardo Girão (Novo) participava do encontro amparado por uma decisão liminar, contudo um dos adversários, George Lima (Solidariedade), acionou a Justiça Eleitoral, que, por sua vez, derrubou a liminar. Dessa forma, o candidato do Novo foi retirado do encontro durante o intervalo do primeiro bloco.

Nesta quinta-feira (3), um juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) derrubou outra liminar que concedia participação de Girão no debate promovido pela TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo. Ele não foi convidado para esse debate por não atender às regras determinadas pela emissora, que, além do que prevê a legislação, estabeleceu como critério a participação de quem atingiu 10 pontos percentuais, sem contar margem de erro, na mais recente pesquisa Quaest, divulgada na quarta-feira, 25.

Lei 9.504/1997

Além de dispor sobre as participações obrigatórias e facultativas de candidatos aos debates, o artigo 46 da lei 9.504/1997 dispõe sobre as formas que a apresentação dos debates poderá ser feita, sendo:

  • Em conjunto, estando presentes todos os candidatos a um mesmo cargo eletivo;
  • Em grupos, estando presentes, no mínimo, três candidatos.

Determina ainda que durante as eleições proporcionais, como no caso de vereadores que serão eleitos em 2024, os debates deverão ser organizados de modo que assegurem a presença de número equivalente de candidatos de todos os partidos a um mesmo cargo eletivo e poderão desdobrar-se em mais de um dia, respeitada a proporção de homens e mulheres.

Além disso, obriga os debates a serem parte de uma programação previamente estabelecida e divulgada pela emissora, fazendo-se mediante sorteio a escolha do dia e da ordem de fala de cada candidato, salvo se celebrado acordo em outro sentido entre os partidos e coligações interessados.

“Será admitida a realização de debate sem a presença de candidato de algum partido, desde que o veículo de comunicação responsável comprove havê-lo convidado com a antecedência mínima de setenta e duas horas da realização do debate”, diz a norma.

A lei veda, ainda, a presença de um mesmo candidato a eleição proporcional em mais de um debate da mesma emissora.

O debate também deve ser realizado seguindo as regras estabelecidas em acordo celebrado entre os partidos políticos e a emissora que realizará o evento, desde que a Justiça Eleitoral esteja ciente.

As regras estabelecidas serão consideradas aprovadas caso pelo menos dois terços dos candidatos aptos concordem no caso de eleição majoritária, e de pelo menos dois terços dos partidos com candidatos aptos, no caso de eleição proporcional.

As emissoras costumam adotar critérios como, por exemplo, melhores colocados em determinada pesquisa, como o caso da Rede Globo, que promove o último debate antes do primeiro turno com os candidatos a prefeito de São Paulo.

Além do exigido pelas normas, a emissora usou como critério convidar aqueles que alcançaram pelo menos 6% de intenções de voto na última pesquisa da Quaest, divulgada na segunda-feira (30). Dessa maneira, o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), cujo partido não obedece a representação no Congresso Nacional, foi convidado para o encontro.

Fontes consultadas: A lei 9.504/1997 e a resolução N° 23.610 do Tribunal Superior Eleitoral; o Manual Eleitoral do Ministério Público do Rio Grande do Sul; Grupo RBS; e matérias do jornal O POVO.

Por que o Comprova explicou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está gerando muitas dúvidas e desinformação, o Comprova Explica. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Comprova vem acompanhando a repercussão das eleições nas redes sociais. Recentemente, foram apurados materiais como a pegadinha que viralizou descredibilizando pesquisas eleitorais; a acusação enganosa de que Guilherme Boulos (PSOL) seria líder do MST e responsável por queimar fazendas; e que eleitores não perdem o voto ao apertar “confirma” durante aviso para conferir escolha da urna eletrônica. Acesse nossa lista de materiais sobre as eleições aqui.

Eleições

Investigado por: 2024-10-02

Post que põe em dúvida pesquisas eleitorais em São Paulo usa vídeo de pegadinha

  • Enganoso
Enganoso
É enganosa a postagem em que um suposto funcionário de um instituto de pesquisa altera as respostas dos entrevistados após perguntar em quem eles votariam para a Prefeitura de São Paulo. O conteúdo, postado por um perfil do candidato Pablo Marçal (PRTB), usa recorte de vídeo de quadro de humor.

Conteúdo investigado: Post usa vídeo em que um homem, com prancheta e caneta em mãos, pergunta a outro na rua em quem ele vai votar para a Prefeitura de São Paulo. O entrevistado indica Pablo Marçal (PRTB). O homem, então, que se passa por um funcionário de instituto de pesquisa, diz que vai trocar a resposta para Guilherme Boulos (PSOL), por já ter pego muitas respostas em Marçal. Na tela do vídeo, é inserida a pergunta: “Você confia nos institutos de pesquisa?”. Já na legenda, está escrito: “Será que é assim que funcionam as pesquisas do Bananinha e do Comedor de Açúcar?”.

Onde foi publicado: Telegram.

Conclusão do Comprova: O conteúdo é um recorte de um quadro do humorista Ítalo Sena. No vídeo completo, disponível em seu canal no YouTube, Sena elabora pegadinhas com temas sugeridos por seguidores nas redes sociais. Um deles pede: “Aproveita que é época e faz a pegadinha manipulando pesquisa de eleição”. No quadro, o humorista, que se passa por entrevistador de um instituto fictício de pesquisas eleitorais, pergunta às pessoas na rua em que elas votarão para a Prefeitura de São Paulo.

Ele não aceita as respostas e sugere registrar que os eleitores votarão em um candidato diferente do que foi respondido na pesquisa. A um homem, que afirma que vai votar em Pablo Marçal (PRTB), o entrevistador pergunta: “Eu posso botar [registrar] Boulos? É que eu peguei muito [entrevistado que disse votar em] Marçal”. É este o trecho postado do canal no Telegram. Ele segue agindo da mesma forma diante das respostas dos entrevistados. A outro homem que declara voto em Marina Helena (Novo), Sena avisa: “Eu vou botar Boulos”. Já a um senhor que revela que votará em Guilherme Boulos (PSOL), o humorista questiona: “Tem problema se botar Marçal? É que eu peguei muito Boulos”.

No quadro, após reação contrária das pessoas, o humorista avisa que se trata de uma pegadinha. Recortes do conteúdo também foram publicados no Instagram de Ítalo Sena.

Apesar de a campanha de Marçal ter informado outro canal do Telegram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o grupo que postou o vídeo verificado também é oficialmente do candidato – era nele que Marçal divulgava seus cursos como coach, como mostra postagem de 25 de abril do ano passado. O mesmo endereço do perfil do Telegram aparece em uma página do antigo site de Pablo Marçal gravada com utilização da ferramenta Wayback Machine, em 3 de agosto de 2021.

O site hoje está fora do ar, mas aparece em uma postagem do canal oficial do Facebook informado pela campanha de Marçal à Justiça Eleitoral. A publicação, de 13 de maio deste ano, divulga um curso dele.

O recorte do conteúdo postado no Telegram dá margem para que sejam lançadas dúvidas sobre as pesquisas eleitorais. É o que se percebe nos comentários da publicação, em afirmações como “é bem assim mesmo” e “bem isso”. Em outro, uma mulher conta a experiência de uma amiga nos anos 1990, em Porto Alegre, que, segundo ela, fazia a pesquisa de qualquer jeito. Ela não informou a qual instituto a amiga pertencia.

Bananinha” e “Comedor de Açúcar”, apelidos usados na legenda do vídeo, foram dados por Marçal aos candidatos Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito de São Paulo, e Guilherme Boulos, respectivamente.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o início da tarde do dia 2 de outubro, o vídeo tinha cerca de 8,1 mil visualizações no Telegram.

Fontes que consultamos: O Comprova analisou a postagem e localizou o vídeo original no canal do humorista Ítalo Sena no YouTube. Foram consultadas informações de Marçal no site do TSE e as redes sociais informadas pelo candidato à Justiça Eleitoral. O Comprova ainda analisou gravações do antigo site de Marçal, em que ele divulgava seus cursos como coach, na ferramenta wayback machine.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Durante o período eleitoral, surgem alegações colocando em dúvida pesquisas eleitorais. Em 2022, o Comprova desmentiu que uma empresa de pesquisa funcionasse dentro do Instituto Lula. Ainda naquele ano, checamos conteúdo semelhante a esta verificação. Também há casos de manipulação de dados de pesquisas, a exemplo de um conteúdo checado pelo Estadão Verifica, envolvendo os candidatos que disputam a Prefeitura de São Paulo.

Eleições

Investigado por: 2024-10-01

Grupo Flow não recebeu repasses da Prefeitura de São Paulo, ao contrário do que diz Marçal

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Enganoso
O Grupo Flow não recebeu R$ 474 mil da Prefeitura de São Paulo, diferentemente do que alegou Pablo Marçal (PRTB). O ex-coach, que é candidato a chefe do Executivo municipal paulistano nas eleições de 2024, falou sobre a existência dos repasses após ser expulso de debate promovido pelo grupo no dia 23 de setembro.

Conteúdo investigado: Vídeo publicado no Instagram em que Pablo Marçal afirma que o podcast Flow teria recebido R$ 474 mil da Prefeitura de São Paulo, além de carrossel de imagens no TikTok com a mesma acusação.

Onde foi publicado: Instagram e TikTok.

Conclusão do Comprova: É enganosa a afirmação do candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), de que o Grupo Flow, responsável pelo Flow Podcast, teria recebido R$ 474 mil da gestão municipal. A insinuação foi feita em um vídeo, após o debate promovido pelo grupo no dia 23 de setembro, ocasião em que o ex-coach foi expulso por descumprimento de regras. Marçal fez a declaração seguida de alguns questionamentos enquanto respondia a uma caixinha de perguntas no Instagram.

“A empresa que fez o debate ontem [23] recebeu R$ 474 mil da Prefeitura de São Paulo. Você sabe em que guerra eu estou enfiado aqui? O que está por trás do consórcio comunista do Brasil?”, indagou.

Os pagamentos foram feitos, na verdade, a uma empresa homônima, a Flow Mídias e Publicidade Ltda. Conforme consulta realizada pelo Comprova ao Portal da Transparência da Prefeitura de SP, não há registro de repasses ao Grupo Flow. O valor mencionado por Marçal se refere, na verdade, a dois pagamentos que totalizam R$ 474.999,62, realizados em 2023 para a Flow Mídia e Publicidade, empresa com CNPJ e sede diferentes do Grupo Flow, o qual negou relação entre os dois empreendimentos.

De acordo com os dados disponíveis no Portal da Transparência, o primeiro valor pago à Flow Mídia e Publicidade, no valor de R$ 65.972,22, é referente à “inserção de display e vídeo” na internet entre os dias 25 e 30 de novembro de 2023. Já o segundo pagamento, no valor de R$ 409.027,40, é referente à “inserção de display e vídeo nos principais portais de programática do ‘O Estado de São Paulo’”, entre os dias 1º e 31 de dezembro de 2023.

A Flow Mídia e Publicidade Ltda, CNPJ: 46.198.048/0001-57, tem sede registrada no bairro de Samambaia Norte, em Brasília (DF), está ativa desde abril de 2022 e conta com Wladimir Lenin Santos Araújo como sócio-administrador. A empresa não retornou às tentativas de contato do Comprova. Já a Estúdios Flow Produção de Conteúdo Audiovisual Ltda., da qual faz parte o Flow Podcast, está ativa desde 2020, opera com o CNPJ 37.728.635/0001-10 e tem sede localizada em Vila Prudente, na capital paulista. O apresentador Igor Rodrigues Coelho, conhecido como Igor 3K, é um dos sócios.

Em um comunicado, o Flow repudiou as declarações feitas por Pablo Marçal, onde ele acusa o grupo de “parcialidade, manipulação e recebimento de verbas da Prefeitura de São Paulo”.

“Essas alegações são completamente infundadas e atentam contra nossa reputação, construída com dedicação, transparência e ética. Reafirmamos que não recebemos nenhuma verba da Prefeitura”, consta em trecho da nota.

O Flow também fez uma investigação própria, que chegou aos mesmos resultados que a apuração do Comprova. O grupo ressaltou, ainda, que o debate foi realizado de maneira independente.

“Investigamos o assunto e constatamos dois pagamentos em 2023 à empresa Flow Mídia e Publicidade Ltda, empresa que não faz e nunca fez parte do Grupo Flow. Realizamos o debate de forma independente e inédita, com o objetivo de servir ao interesse público”, esclareceu o comunicado.

O Comprova também procurou a assessoria de Marçal para obter um posicionamento acerca das falas distorcidas, mas não houve respostas até a publicação deste texto. A Prefeitura de São Paulo, por sua vez, informou que “nunca fez qualquer tipo de compra de mídia com o Grupo Flow”.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 1º de outubro, o conteúdo alcançou mais de 2 mil visualizações no Tik Tok e mais de 66 mil visualizações no Instagram.

Fontes que consultamos: Consultamos o Portal da Transparência da Prefeitura de São Paulo, o Grupo Flow, via nota divulgada no Instagram, e a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de São Paulo (Secom).

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Estadão Verifica também fez checagem sobre a alegação, classificando-a como enganosa. Lupa e Aos Fatos concluíram que a declaração é falsa. Marçal foi alvo de apuração recente do Comprova, também por conta do uso de homônimos. Mostramos como fazer uma busca processual adequada utilizando o Jusbrasil a partir da acusação do candidato do PRTB de que Guilherme Boulos (PSOL) seria usuário de drogas.

Eleições

Investigado por: 2024-09-27

Vídeo engana ao dizer que Boulos é líder do MST e responsável por queimar fazendas

  • Enganoso
Enganoso
Vídeo engana ao dizer que Guilherme Boulos (PSOL) tem relação com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e só não foi condenado por crimes diversos “porque não foi encontrado”, como afirmam deputados do Distrito Federal em vídeo que circula nas redes sociais. Conforme checado pelo Comprova, Boulos não foi condenado em nenhum dos cinco processos em que foi réu. Além disso, o fato de Boulos ter tido a candidatura à Prefeitura de São Paulo confirmada indica que o político não foi enquadrado pela Lei da Ficha Limpa.

Conteúdo investigado: Publicação com trecho de sessão plenária da Câmara Legislativa do Distrito Federal do dia 11 de setembro de 2024, em que a deputada Paula Belmonte (Cidadania) diz que o candidato do PSOL “não foi condenado porque não foi encontrado”.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Vídeo engana ao dizer que o deputado federal e candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) seria líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e só não foi condenado judicialmente porque não teria sido localizado durante os seis anos em que o processo contra ele tramitava. O Comprova checou novamente o andamento dos cinco processos em que o candidato foi réu e identificou que não houve condenação em nenhum deles.

A publicação usa um trecho de um discurso do deputado distrital Pastor Daniel de Castro (PP), no qual o parlamentar afirma que Boulos seria líder do MST e responsável por invasões a propriedades, queima de fazendas e morte de gado.

A fala foi proferida no momento em que o pastor fazia um discurso crítico sobre as prisões de suspeitos de praticarem queimadas no Brasil, como mostra o vídeo com a íntegra da sessão plenária.

O discurso foi rebatido pelo deputado Fábio Felix (PSOL). Ele disse que Boulos não tem nenhuma condenação criminal e afirmou que o movimento que o correligionário liderava não era o MST, mas sim o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), cujas manifestações ocorrem no ambiente urbano.

Após a fala de Felix, a deputada Paula Belmonte (Cidadania) afirmou que Boulos só não foi condenado porque não foi encontrado há seis anos, e fez uma referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dizendo que há um “ex-condenado a três instâncias na Presidência da República”.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, o processo ao qual se referiu a deputada seria o do episódio conhecido como a desocupação do Pinheirinho, em que Boulos foi preso em flagrante suspeito de atirar contra uma viatura da Guarda Municipal de São José dos Campos (SP). À época, Boulos prestou depoimento negando a acusação, e foi solto mediante pagamento de fiança.

No documento em que reconhece a extinção do processo, que prescreveu, o promotor João Carlos de Camargo Maia, do Ministério Público de São Paulo, afirma que “o criminoso conseguiu fugir por manobra jurídica”.

Em resposta, conforme relatou a Folha, o advogado de defesa de Boulos, Alexandre Pacheco Martins, afirmou que foi o Ministério Público que errou, procurando por Boulos em endereços “sem sentido”, além de não ter procurado pelos advogados, que tinham os contatos anexados ao processo.

“Só procuraram o Boulos em endereços sem sentido. Ele trabalhava na Faculdade Mauá e foram no Instituto Mauá. O inquérito ficou jogado por anos. Não teve tentativa nenhuma de escapar, o Boulos nem sabia do processo nesses seis anos. Foi o Ministério Público que abusou do direito de errar”, disse o advogado.

Ao Comprova, a assessoria de Boulos disse que a afirmação feita pela parlamentar é falsa, e que o candidato jamais fugiu da Justiça ou foi condenado em qualquer processo criminal.

“Todos os casos em que ele foi detido e levado à delegacia estão diretamente ligados à legítima defesa dos direitos da população que luta por moradia digna. O caso em questão trata do episódio de Pinheirinho, de 2012, e foi arquivado”, disse em nota.

Ainda segundo a assessoria, Boulos deixou a coordenação do MTST para assumir o mandato de deputado federal no início de 2023.

O responsável pela publicação foi procurado, mas não retornou aos contatos feitos pela reportagem.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 25 setembro, a publicação alcançou mais de 1.284 visualizações, 126 curtidas, 66 compartilhamentos e 6 comentários.

Fontes que consultamos: Procuramos por outras verificações feitas pelo Comprova, assistimos à íntegra da fala dos deputados, analisamos as certidões de candidatura de Boulos disponíveis no Divulgacand, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), checamos novamente o andamento dos processos em que ele é réu, matérias sobre o caso, e entramos em contato com a assessoria do candidato.

Boulos é réu em cinco processos e não houve condenação

O Comprova voltou a checar o andamento dos cinco processos em que o candidato do PSOL foi réu em pesquisa no site Jusbrasil. Foi possível verificar que não houve condenação criminal em nenhum deles, assim como havia sido identificado em agosto, quando a seção “Contextualizando” do projeto analisou as certidões de candidatura de Boulos disponíveis no Divulgacand, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Conforme outros documentos de Boulos disponíveis no mesmo site de candidaturas da Justiça Eleitoral, o psolista foi preso duas vezes quando era líder nacional do MTST. As prisões ocorreram durante processos de reintegração de posse. Apesar disso, não houve nenhuma condenação criminal.

Em janeiro de 2012, Boulos estava na Ocupação Pinheirinho, em São José dos Campos, no interior paulista, quando foi preso em flagrante por “dano qualificado”. Ele foi solto após prestar depoimento e pagar fiança no valor de R$ 700. Posteriormente, o processo foi anulado.

Já a segunda prisão ocorreu em janeiro de 2017. Ele foi detido por “incitação à violência e desobediência” durante reintegração de posse na Ocupação Colonial, em São Mateus, bairro da zona leste de São Paulo. Na ocasião, ele ficou detido por 10 horas e foi liberado após ter assinado um termo circunstanciado.

Como noticiou o Estadão, o próprio Boulos disse, em entrevista para a Agência Pública, que foi preso também entre 2003 e 2004, em uma ocupação em Osasco. Não constam no site do TSE, porém, documentos a respeito deste episódio.

Além disso, o fato de a Justiça Eleitoral ter confirmado a candidatura de Boulos significa, necessariamente, que o político não foi enquadrado pela Lei da Ficha Limpa. Ou seja, ele não tem nenhuma condenação judicial em segunda instância (quando a condenação é feita por um órgão colegiado).

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Boulos e o MST são alvos frequentes de desinformação nas redes sociais. O Comprova já mostrou que Boulos não prometeu deixar o país depois da derrota nas eleições, que não há evidências de que o movimento tenha ameaçado “incendiar o agro” antes das queimadas recentes e que um homem que afirmava ser petista e corrupto não era líder do movimento e sim ex-candidato do PRTB.

Eleições

Investigado por: 2024-09-26

Jovem que chamou passeio na Rocinha de “safári” não é sobrinha de Eduardo Paes

  • Falso
Falso
Uma youtuber que gravou um vídeo rindo do passeio turístico na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, ao defini-lo como um “safári” para “conhecer pobres” não é sobrinha do prefeito da cidade e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PSD), diferentemente do que afirmam publicações nas redes sociais. Inicialmente, a repercussão do vídeo foi motivada pela revolta de moradores do local, o que levou o SBT a gravar uma reportagem sobre o caso. A gravação, então, foi usada em posts que afirmavam, de forma mentirosa, se tratar da sobrinha de Paes. Ele e a jovem negaram o parentesco.

Conteúdo investigado: Post com vídeo em que uma jovem define o passeio turístico na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, como “safári” para “conhecer pobre”. Ela diz: “Você paga R$ 100 reais para ir de jipe conhecer pobre, você sobe e fala: ‘Olha, um pobre! Olha, outro pobre! É casa de pobre’. Eu achei horrível. Evitem”, diz a mulher. A legenda que acompanha o vídeo é: “Sobrinha de Eduardo Paes ‘mangando’ de pobre na Rocinha. “

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: A jovem que gravou um vídeo chamando o passeio turístico na Rocinha de “safári” não é sobrinha do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD). O vídeo é real, mas não há parentesco entre os dois. Paes afirmou, em suas redes sociais, que nunca viu a mulher que aparece na gravação e que a fala é absurda. Contatada pelo Comprova, a autora da gravação, Bianca Similamore Rizzon, também negou a relação familiar com o político.

Uma reportagem do SBT veiculada no dia 17 de setembro abordou a polêmica envolvendo Bianca e o posicionamento de moradores da comunidade da Rocinha contra a sua fala. Em nenhum momento da matéria ou em sites de notícias foi informado que ela teria algum grau de parentesco com Eduardo Paes. No entanto, postagens têm utilizado a reportagem fora de contexto.

O vídeo que circula nas redes sociais é um recorte de uma live feita por Bianca entre 14 e 16 de setembro. Ela o publicou no YouTube no dia 19 para comentar o assunto, e informou que esteve na capital carioca “no fim de semana”.

No trecho do vídeo compartilhado, ela inicia reconhecendo que falaria uma coisa horrível e deduz que seria “cancelada”. “Descobri que tem um safári na Rocinha, que é o safári que você paga para ir de jipe e conhecer pobre [pausa com risadas]. Você paga R$ 100 para você dar um rolê e ver pobre [pausa com risadas]. Achei horrível, você sobe e fala: ‘olha um pobre, olha outro pobre, é casa de pobre.’ Eu achei horrível. Evita”, falou.

Após a repercussão negativa, Bianca pediu desculpa em um dos perfis que mantém no Instagram, e falou que o comentário foi uma piada, sem intenção de “zoar o povo”. “Os analfabetos funcionais não entenderam o sarcasmo”, disse ao incentivar curtidas e comentários. “Isso vai me ajudar a pegar migalhas do YouTube para tentar processar quem fez a matéria comigo e as pessoas que estão me ameaçando”, informou.

A Associação dos Moradores da Rocinha disse ao Comprova que a comunidade reagiu com repúdio à fala. “Assim que recebemos o vídeo, fizemos uma mobilização com os moradores para denunciar o perfil e o post e, logo em seguida, movemos uma ação judicial e estamos movendo uma petição pública contra ela”, afirmou o vice-presidente do grupo, Marcondes Ximenes.

Além de negar parentesco com Paes, Bianca falou para o Comprova que recebeu ameaças e vai processar os autores destas intimidações.

Sobre o conteúdo do vídeo, ela afirmou que não teve a intenção de ridicularizar a população da Rocinha e reclamou que utilizaram apenas um corte da gravação: “Minha risada foi em tom de crítica pelo quanto humilham esse povo, que é tratado como animal, enquanto os gringos passam em carro tirando foto, fazendo isso com a pobreza alheia. O dinheiro que entra com esse tour não vai para o pessoal que trabalha lá”.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O vídeo publicado no X acumula 244,2 mil visualizações e 4 mil interações até 26 de setembro (a plataforma, suspensa no Brasil, foi acessada por editores do Comprova no exterior).

Fontes que consultamos: Redes sociais da jovem e de Eduardo Paes, reportagem do SBT e Associação dos Moradores da Rocinha.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Boatos.org também checou o post enganoso e o Comprova verificou outros conteúdos de desinformação envolvendo o prefeito do Rio de Janeiro. Em agosto, o projeto publicou que vídeo usado para atribuir apoio do Comando Vermelho a Eduardo Paes era falso.

Contextualizando

Investigado por: 2024-09-24

Entenda o que quer dizer a pulseira verde, dada em atendimento hospitalar a Marçal

  • Contextualizando
Contextualizando
Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo, foi hospitalizado após ser agredido por seu adversário político José Luiz Datena (PSDB) durante debate eleitoral. No hospital, Marçal recebeu uma pulseira utilizada para triagem de pacientes na cor verde, que indica “pouca urgência”, de acordo com o Protocolo de Manchester. Em publicação na rede social Threads, o médico Bruno Gino ironizou a alegação de que o influenciador teria sofrido uma fratura, devido à cor do acessório, apontando que o candidato estava fingindo. O Comprova contextualiza o tema.

Conteúdo analisado: Postagem de usuária do X contesta a fala do médico Bruno Gino, que alegou que Marçal teria exagerado a gravidade de sua condição após sofrer uma agressão em debate eleitoral.

Onde foi publicado: X.

Contextualizando: O candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) foi hospitalizado após ser atingido pelo adversário José Luiz Datena (PSDB) durante debate eleitoral promovido pela TV Cultura, em 15 de setembro. Ele alegou dificuldade para respirar e dores na costela.

Marçal foi internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e teve alta na manhã seguinte. Enquanto estava na unidade de saúde, circularam vídeos dele em uma ambulância, de olhos fechados e recebendo oxigênio com uma máscara.

Também durante a internação, ele postou uma foto nas redes sociais em que aparece em um leito hospitalar fazendo um “M”, seu símbolo de campanha, com as mãos. Em seu punho estava uma pulseira verde. Os acessórios, de diferentes cores, são comumente usados para triagem de pacientes que chegam ao pronto atendimento.

As cores para triagens foram definidas pelo Protocolo de Manchester, que é utilizado internacionalmente. A coloração classifica os riscos e define quais são os pacientes que precisam de um atendimento prioritário.

O protocolo possui cinco cores:

  • Vermelho: para pacientes com risco de morte ou em condições de gravidade extrema e que precisam de atendimento imediato;
  • Laranja: para pacientes em casos urgentes com tempo de espera de, no máximo, 10 minutos;
  • Amarelo: para pacientes que podem correr riscos, mas não imediato. O tempo de espera médio, nesses casos, é de até 1 hora;
  • Verde: para pacientes com casos pouco urgentes e que podem esperar até 2 horas;
  • Azul: para pacientes sem urgência para atendimento e que podem esperar até 4 horas ou serem encaminhados para uma Unidade Básica de Saúde (UBS).

O médico brasileiro Bruno Gino, professor adjunto da Memorial University, no Canadá, republicou a fotografia de Marçal no Threads. Gino ironizou a alegação da equipe de Marçal de que o candidato teria sofrido uma fratura, baseando-se na pulseira verde que indica pouca urgência.

“Sou médico há quase 10 anos, mestre pela University of Ontario e professor da disciplina de emergência em uma escola de medicina na América do Norte por mais mais de 3 anos. Posso afirmar uma coisa com muita propriedade: Se alguém chegar até você dizendo que teve uma fratura de costela e falta de ar com uma pulseira dessa cor, o código do CID é Z765”, disse Gino na publicação.

O CID Z765 se refere à “pessoa saudável se passando por não saudável, ou doente”, conforme a Classificação Internacional de Doenças. Portanto, Gino insinua que Marçal estaria fingindo.

O médico anestesista e intervencionista do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) Hicham Ali Hammoud disse ao Comprova que as cores do Protocolo de Manchester são determinadas, na maioria dos casos, por enfermeiros, que fazem a primeira avaliação antes do atendimento médico.

“O fato de ser uma contusão, não [significa que a pessoa] deixa de estar doente, porque estar doente não significa que você está morrendo. Você pode estar com uma unha encravada e ter um problema. Você vai ao pronto socorro para resolver, e ganha um CID também. O que ele está querendo dizer aí quando ele fala um CID desse, está chamando ele de mentiroso. [Nesse caso] não deixa de ter tomado uma pancada, pode às vezes inchar, não deixa de estar doente”, disse Hammoud.

O boletim médico do Hospital Sírio-Libanês sobre o caso de Marçal, assinado pelos médicos Luiz Francisco Cardoso e Marina Sahade, aponta que o candidato sofreu “traumatismo na região do tórax à direita e em punho direito, sem maiores complicações associadas”.

Ao Comprova, a assessoria de Pablo Marçal afirmou que “existem diversos posicionamentos de outros médicos criticando esse senhor [Bruno Gino], porque a cor da pulseira pode variar de acordo com o local”.

“Além disso, essa pulseira diz respeito à triagem e sinais vitais do paciente e não sobre os resultados de exames realizados. De toda forma, é muito leviano da parte desse profissional fazer esse tipo de comentário sem ter analisado o paciente. Tem vídeo do médico que cuidou do Marçal falando sobre a linha de fratura e o boletim do hospital confirma as lesões”, disse a equipe do influenciador.

O Comprova questionou o Sírio Libanês sobre a identificação de pacientes conforme o Protocolo Manchester. A assessoria do hospital afirmou que não comenta casos de pacientes, embora tenha informado que “o protocolo é universal”. O Ministério da Saúde também aponta que a “classificação mais comum é o Protocolo de Manchester”.

Contudo, de acordo com a Folha de S.Paulo, o legista que realizou exame de corpo de delito de Marçal concluiu que o candidato sofreu lesão leve, sem indícios de fratura. A reportagem teve acesso ao laudo elaborado pelo Instituto Médico Legal (IML) para dar continuidade ao inquérito instaurado no 78º Distrito Policial (Jardins), a partir do boletim de ocorrência por lesão corporal e injúria registrado pela defesa do influenciador contra Datena.

Após deixar o debate, Marçal postou vídeos de seu atendimento em uma ambulância. Posteriormente, ele disse que o transporte no veículo foi para “criar uma cena” e que poderia ir “correndo” ao hospital. Também chamou a cena de “ridícula” e falou que foi uma pessoa de sua equipe quem fez a publicação. Opositores criticaram a divulgação do vídeo como forma de sensacionalismo sobre o ocorrido.

O Comprova não conseguiu contatar o médico Bruno Gino, pois seus perfis no Threads e no Instagram não permitem o envio de mensagens.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 23 de setembro, a publicação no X que contestava a fala de Bruno Gino tinha 41,4 mil visualizações e mais de mil interações.

Fontes consultadas: Páginas do Ministério da Saúde sobre o Protocolo de Manchester e a Classificação Internacional de Doenças, boletim médico do Hospital Sírio-Libanês, médico anestesista e intervencionista do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), Hicham Ali Hammoud, e assessoria de imprensa de Pablo Marçal (PRTB).

Por que o Comprova contextualizou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: A agência de checagens Aos Fatos desmentiu que a cadeirada de Datena tenha quebrado a costela de Marçal, mostrando que uma imagem que circula nas redes sociais sendo associada ao incidente é, na verdade, de banco de imagens.

O Comprova produziu anteriormente outros conteúdos sobre o candidato, como uma verificação que identificou que não há indícios de que Pablo Marçal tenha sofrido tentativa de homicídio em comício, e uma matéria explicando como fazer uma consulta processual adequada, a partir da acusação do influenciador de que o também candidato Guilherme Boulos (PSOL) seria um usuário de drogas.

Eleições

Investigado por: 2024-09-13

Tabata Amaral é alvo de campanha de desinformação que a compara a criadora de conteúdo adulto

  • Falso
Falso
Publicações mentem ao compartilhar imagens manipuladas de uma criadora de conteúdo adulto e associá-las a Tabata Amaral (PSB), deputada federal e candidata a prefeita de São Paulo. Especialistas apontam que o material sofreu edição.

Conteúdo investigado: Postagens com fotos sensuais de uma mulher acompanhadas de legenda associada à candidata à Prefeitura de São Paulo Tabata Amaral. Um dos posts apresenta a seguinte descrição: “Tabata Claudia Amaral de Pontes é uma politóloga, ativista pela educação e política brasileira filiada ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Atualmente exerce o mandato de deputada federal pelo estado de São Paulo”.

Onde foi publicado: Reddit, Forum Outerspace e X.

Conclusão do Comprova: Publicações associam falsamente duas imagens manipuladas de uma criadora de conteúdo adulto a Tabata Amaral. Além da aparente semelhança entre as envolvidas no conteúdo falso, as fotografias foram editadas, conforme apontam especialistas consultados pelo Comprova.

As imagens mostram uma mulher em poses eróticas e trazem na legenda uma minibiografia da candidata do PSB, considerando-a uma “politóloga” – termo para identificar especialistas em ciências políticas ou em política em geral. O texto afirma, ainda, que Tabata é “ativista pela educação”.

Em outra publicação, o autor garante que “vazaram” fotos de Tabata e questiona se os usuários do X votariam na candidata caso fossem eleitores de São Paulo. As imagens, no entanto, sofreram edição.

O jornalista e deepfaker – pessoa que usa a técnica deepfake, que consiste em alterar vídeo ou foto com ajuda de inteligência artificial (IA) – Brunno Sartori, um especialista do jornal A Gazeta e editores de fotografia da Folha de S.Paulo, além do diretor de arte do Comprova, avaliam que as imagens foram manipuladas. Contudo, eles não puderam afirmar que a edição tinha o intuito de assemelhar a mulher a Tabata ou se a própria criadora de conteúdo adulto teria tratado as fotografias.

Na primeira imagem usada no post, uma mulher aparece com a língua para fora e com um arco na cabeça com orelhas de coelhinha da Playboy. Na segunda, ela está em um sofá, com roupas curtas e olha para a câmera.

A partir da ferramenta Winston AI, usada para detectar sinais de inteligência artificial em imagens, Sartori identificou que 99% da primeira imagem tem origem em artifícios de inteligência artificial, enquanto a segunda tem 33%. Foi identificado ainda que a foto de rosto tem 99% de chance de ter sido modificada via deepfake, e a outra, 45%.

Sartori ainda identificou outros traços de manipulação, como é possível ver nas imagens abaixo.

“Há diferença de nitidez dos fios do cabelo. Isso é indicativo que houve manipulação. Os cantos da boca se formam de um jeito totalmente estranho”, disse Sartori.

Na mesma linha, o especialista em Segurança da Informação Gilberto Sudré, colunista da TV Gazeta e da CBN Vitória, também identificou traços de manipulação na imagem, a partir da ferramenta Foto Forensics. É possível ver um quadrado na testa em torno do rosto. Isso significa que foi inserida outra imagem sobre a foto original.

Sudré explicou que quando uma foto é capturada pela câmera, antes de ser salva, é compactada para gerar um arquivo de tamanho menor. Quando esse material é editado em um software de edição, no caso com a inserção de alguma parte de outra imagem, e depois salvo novamente, é possível ver a parte que foi compactada duas vezes.

“O software que usei faz um teste chamado nível de erro, que identifica exatamente essas diferenças entre a foto original e a editada. Está um pouco mais clara do que o quadrado, exatamente onde foi inserida a imagem nova, ou seja, tem uma parte da imagem que foi compactada duas vezes e uma parte da imagem que foi compactada uma vez”.

| Ferramenta mostra sinais de manipulação em imagens associadas a Tabata Amaral | Crédito: Reprodução Foto Forensics

A equipe de fotografia da Folha de S.Paulo também analisou a foto da língua de fora e constatou indícios de manipulação, como um blur (desfoque) na região do buço e a falta de sombra ao lado do nariz. Na avaliação dos profissionais, não foi possível identificar se a foto foi manipulada para a inserção do rosto de Tabata ou se a própria criadora de conteúdo adulto fez um tratamento na foto.

Já na segunda imagem em que a mulher aparece apoiada no sofá, Sartori identificou mais traços de manipulação e marcou em vermelho os pontos, como é possível conferir a seguir.

“Estes são pontos que podem apontar manipulação. Essa mancha na sobrancelha é bem característica de rostos sobrepostos, onde acaba ‘vazando’ a sobrancelha que está abaixo. Nesses outros dois círculos, você vê nítida mudança de textura das imagens que passa de algo borrado para uma linha mais nítida”, destacou o jornalista e deepfaker.

O Comprova contatou os autores das publicações. Um deles, no entanto, limita o envio de mensagens diretas para usuários do X Premium – ou seja, apenas usuários desse grupo podem enviar solicitações para pessoas que não os seguem.

No entanto, o autor em questão comentou o assunto após um usuário afirmar, na publicação, que não se tratava de Tabata, e sim da criadora de conteúdo adulto. O autor do post, então, esquivou-se da associação: “Eu não disse que era ela (nem desdisse) [sic]”.

O autor da outra postagem foi contatado via mensagem direta, mas não respondeu até a publicação desta checagem.

Procurada pela reportagem, a equipe de Tabata Amaral informou que serão protocoladas ações legais contra os autores das postagens.

“[Entraremos com] uma notícia crime alegando fato sabidamente inverídico e difamação, além de violações do código penal também e o pedido de remoção da postagem”, afirmou o gabinete de Tabata.

A reportagem tentou contato com a mulher que aparece nas fotos, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 12 de setembro de 2024, as publicações somavam quase 200 mil visualizações no X.

Fontes que consultamos: Procuramos o jornalista e deepfaker Bruno Sartori, o especialista em Segurança da Informação Gilberto Sudré e editores de fotografia da Folha de S.Paulo. Além disso, contatamos a equipe da candidata Tabata Amaral. Também utilizamos ferramentas para a identificação do uso de inteligência artificial em imagens, como Winston AI e Foto Forensics.

O Comprova acessou o X para obtenção de informações a partir do exterior, por meio de editores que residem na Alemanha e na França.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Outras peças de desinformação produzidas com o uso de inteligência artificial já foram verificadas pelo Comprova. O projeto constatou, por exemplo, ser falso áudio em que William Bonner chama Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) de bandidos e, na seção Comprova Explica, mostrou o que é deepfake, técnica apropriada para a produção de conteúdos desinformativos.

Eleições

Investigado por: 2024-09-09

Eleitor não perde voto ao apertar “Confirma” durante aviso para conferir escolha na urna eletrônica

  • Falso
Falso
Vídeo de 2022 que voltou a circular nas redes sociais mente ao afirmar que o eleitor pode perder voto se apertar a tecla “Confirma” durante a exibição de uma mensagem de verificação na urna eletrônica. O aviso na tela de “Confira seu voto” foi implementado a partir das últimas eleições gerais, e tem como objetivo somente permitir que o eleitor revise o voto antes da confirmação.

Conteúdo investigado: Homem afirma, em vídeo, que o eleitor pode perder o voto caso aperte a tecla “Confirma” ao aparecer mensagem de verificação “Confira seu voto” na tela da urna eletrônica.

Onde foi publicado: WhatsApp.

Conclusão do Comprova: O eleitor não perde o voto ao apertar a tecla “Confirma” enquanto é exibida a mensagem “Confira seu voto” na urna eletrônica. Conteúdo informando o contrário é falso e já foi desmentido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições gerais de 2022, mas voltou a circular nas redes sociais com a proximidade do pleito municipal de 2024.

Naquele ano, o TSE estreou um novo modelo de urna, o UE2020. O equipamento trouxe mudanças em relação à versão anterior, de 2015. Entre elas estava a implementação de um breve período de espera antes da confirmação do voto. Com duração de um segundo, a mensagem surge após o preenchimento dos números dos candidatos escolhidos, assim como dos votos nulos ou em branco. É depois deste alerta que o eleitor pode clicar em “Confirma” ou “Corrige”.

Para as eleições deste ano, um novo modelo de urna, o UE2022, será utilizado. Segundo o tribunal, as diferenças em relação ao modelo anterior são mínimas, com mudanças apenas no design e melhorias relacionadas à capacidade de processamento das informações e à interação com o mesário e a configurações de segurança do equipamento. Não há alterações relacionadas às mensagens exibidas na tela.

Em 2022, com a novidade, o TSE divulgou um vídeo educativo nas redes sociais. Após a circulação de desinformação sobre o “Confira seu voto”, o órgão divulgou um esclarecimento, que já foi atualizado em 2024, já que o conteúdo falso voltou a circular.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. No WhatsApp, não há como mensurar o alcance do conteúdo, mas o aplicativo indica que ele foi compartilhado com frequência.

Fontes que consultamos: TSE.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: A Justiça Eleitoral mostrou que o vídeo confunde ao afirmar que mensagem “Confira seu voto” pode anular voto de eleitor. O Comprova já fez diversas checagens sobre o voto nas eleições, como de outro vídeo que mostra site falso para alegar que mortos teriam votado nas eleições de 2022 e que não há comprovação de que urna tenha impedido voto em Jair Bolsonaro (PL) no Pará. Além disso, o Comprova esclareceu dúvidas sobre o que é permitido ou não na hora de votar.

Eleições

Investigado por: 2024-09-09

Não há indícios de que Pablo Marçal tenha sofrido tentativa de homicídio em comício; caso foi registrado como ameaça

  • Enganoso
Enganoso
Não há indícios de que Pablo Marçal, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, tenha sido alvo de tentativa de homicídio durante comício no dia 30 de agosto, na zona leste da cidade. Uma postagem traz um áudio supostamente vazado e atribuído à Polícia Militar, no qual um homem fala em tentativa de homicídio contra Marçal. A legenda cita que “tiros foram disparados” contra o ex-coach. Em entrevista à imprensa, Marçal afirmou que houve uma confusão envolvendo um assessor do PSOL, mas não citou tiros. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o caso foi registrado como “ameaça”.

Conteúdo investigado: Áudio supostamente vazado da Polícia Militar de São Paulo (PMSP), em que dois homens discutem e caracterizam uma ocorrência como “tentativa de homicídio” contra Pablo Marçal; um vídeo que traz, junto à entrevista concedida pelo candidato a respeito do caso, uma foto da deputada estadual Luciana Genro (PSOL-RS); e outro vídeo que afirma que um assessor do PSOL tentou contra a vida do político.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Posts desinformam ao dizer que Pablo Marçal (PRTB) foi vítima de tentativa de homicídio durante campanha política pela Prefeitura de São Paulo.

No dia 30 de agosto, após agenda no bairro Anália Franco, na zona leste da cidade, o candidato registrou um boletim de ocorrência protocolado na Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) como “ameaça”. Posteriormente, ele concedeu entrevista à imprensa relatando ter suspeitado de pessoas que se aproximaram dele ao longo do ato e sugeriu uma possível relação do PSOL com o episódio. O político não apresentou provas do suposto envolvimento do partido.

Desde então, começaram a circular nas redes sociais vídeos sobre o episódio, com informações que não foram relatadas por Marçal nem confirmadas pela SSP, como um áudio supostamente gravado por agentes da Polícia Militar que teria vazado. Nessa gravação, dois homens trocam informações preliminares sobre uma “tentativa de homicídio” contra o candidato.

Procurada pelo Comprova para falar sobre a veracidade do conteúdo “vazado”, a SSP informou, após a publicação deste texto, que o material “o áudio em questão é uma montagem” e “não confere com as comunicações ocorridas no dia dos fatos”. Antes, em nota, a pasta esclareceu que o boletim de ocorrência de Marçal foi registrado como “ameaça”, conforme já havia sido divulgado pelo próprio candidato à imprensa, e não como “tentativa de homicídio”.

A postagem viralizada no TikTok diz, ainda, que foram disparados tiros durante o suposto tumulto – informação não confirmada pela SSP. O que foi divulgado sobre o caso é apenas que “pessoas se aproximaram” do comício de Marçal e “o ameaçaram”. Depois, “os suspeitos fugiram”. Na nota oficial, não há qualquer menção a armas de fogo.

Em conversa com a imprensa, o candidato disse que percebeu a aproximação de uma pessoa em aparente estado de embriaguez, avisou a um dos seguranças da movimentação suspeita e procurou se proteger em uma padaria.

“Parecia alguém que queria fazer alguma hostilização. Eu vi e já dei o toque para o policial que faz o escudo atrás. Falei: olha, tem alguma coisa errada aí”, disse ele.

Questionado por repórteres, Marçal disse que não conseguia descrever as características do suspeito, mas indicou que, pela placa do carro utilizado, tratava-se do assessor de “uma deputada do PSOL”. Ele não detalhou quem seria nem apresentou provas da acusação. Marçal respondeu ainda que não pôde identificar se o homem estava armado, mas mencionou que um policial presente no ato político afirmou que sim.

“Ele [o policial] pediu para eu não me aproximar porque a pessoa que estava dirigindo o carro estava armada”, relatou o candidato. A SSP não confirmou se havia alguém armado na ocorrência.

O Comprova tentou contato com Marçal e com o PSOL, mas não recebeu retorno até a publicação desta checagem.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 6 de setembro, o post que contém o suposto áudio vazado da polícia contava com 105,8 mil reproduções no TikTok. Já o vídeo que associa a participação de Luciana Genro no caso registrava mais de 245 mil reproduções até a mesma data. O terceiro vídeo, que cita que o assessor do PSOL atentou contra a vida de Pablo Marçal, contava, por sua vez, com 821,2 mil reproduções.

Fontes consultadas: Questionamos a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo sobre o teor do suposto atentado, verificamos a nota divulgada por Carol Iara, bem como a entrevista de Marçal à imprensa. Também contatamos as assessorias de imprensa de Luciana Genro, citada em um dos vídeos, de Marçal e de Iara. Os candidatos paulistas, no entanto, não responderam às tentativas de contato.

Qual a suposta relação do PSOL com o episódio?

Um dos vídeos investigados pelo Comprova associa a imagem da deputada estadual Luciana Genro (PSOL-RS) ao episódio. O conteúdo mostra uma foto da parlamentar abaixo do relato de Marçal à imprensa sobre a provável tentativa de aproximação por parte do suposto assessor. À reportagem, a assessoria de Luciana afirmou que ela não estava em São Paulo no dia da confusão e negou envolvimento na situação.

Outro vídeo que circula no TikTok relaciona o PSOL ao episódio de ameaça contra Marçal. No post, um homem, que não aparece nas imagens, grita: “Segura! Polícia! Polícia!”, enquanto três pessoas entram rapidamente em um veículo. Um texto na imagem afirma que um “assessor do PSOL tenta supostamente Marçal” (sic). O Comprova procurou o partido, mas não obteve retorno.

De acordo com reportagem do Metrópoles, que estava presente no comício, uma das pessoas seria Carol Iara, candidata a vereadora pelo PSOL (entenda mais abaixo). Através de busca reversa de imagem no Google, o Comprova utilizou uma captura de tela para identificar que o vídeo foi gravado, de fato, em uma esquina do bairro Anália Franco, na zona leste de São Paulo, onde Marçal realizou comício eleitoral naquele final de semana.

No Instagram, no mesmo dia do episódio, Carol Iara publicou vídeo e nota em que comenta sobre imagens em que diz aparecer sendo “perseguida por um segurança de Pablo Marçal”. Segundo ela, estariam “tentando ligar o vídeo a um suposto atentado”. Logo em seguida, Iara explica que passou o dia em campanha na zona leste e conta que tentou entregar um boneco de pinóquio (feito de isopor) ao candidato a prefeito pelo PRTB. Ela não menciona em qual local ou evento ocorreu essa tentativa.

A psolista comenta que foi perseguida e que saiu rapidamente do local “porque a extrema direita é bastante truculenta, bastante mentirosa”. Neste momento, o vídeo mostra imagens dela e de mais duas pessoas, aparentemente as mesmas que aparecem no conteúdo aqui verificado, andando rapidamente, como se estivessem indo embora do local.

Segundo Carol, a intenção era entregar o boneco em razão das condenações que o político sofreu ao longo da última semana de agosto. Marçal teve as contas oficiais temporariamente suspensas na internet e foi condenado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) a dar direito de resposta nas redes sociais a Guilherme Boulos (PSOL) e a Ricardo Nunes (MDB), adversários do ex-coach na corrida pela Prefeitura.

Conforme a nota divulgada pela equipe de Iara, a entrega do boneco não ocorreu, “pois os seguranças de Pablo Marçal começaram a persegui-la de forma violenta no instante em que a viram”, fazendo com que a candidata deixasse o local rapidamente.

“Transformar um isoporzinho que sequer foi entregue em um suposto atentado é uma mentira. As acusações são infundadas e completamente falsas. Não houve qualquer incidente com Marçal e lamentamos profundamente a tentativa de criar uma falsa narrativa que o vitimiza”, diz trecho do comunicado. O Comprova tentou contato com a candidata do PSOL, mas não obteve resposta.

Também foi feito contato com os perfis analisados nesta verificação, mas apenas um deles, que indica que o assessor do PSOL teria atentado contra o candidato a prefeito, respondeu, alegando ser “independente” e afirmando “que posta vídeos relacionados à política de diversos candidatos, prezando pela imparcialidade”. Ainda na resposta, enviada por mensagem direta na própria rede social, o perfil afirma que o trecho postado ”é de um vídeo que circulou na internet sobre o suposto atentado”.

Na descrição do post, disse o perfil, foi reproduzido o “posicionamento” da assessoria de Marçal. “Tanto que colocamos: ‘de acordo com a assessoria do candidato Pablo Marçal’. Não estávamos no local do ocorrido, por isso não podemos afirmar se, de fato, havia ou não alguém armado oferecendo risco e, por isso, não fizemos afirmações, sempre utilizando ‘supostamente’ para se referir ao caso”.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está gerando muitas dúvidas e desinformação, o Comprova Explica. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O suposto atentado contra Pablo Marçal já foi verificado por outras agências de checagem. A Boatos.org apontou que a narrativa do candidato do PRTB carece de provas. Além disso, a Agência Lupa revelou que é falso que a deputada estadual Luciana Genro tenha atentado contra a vida do político. O Comprova já mostrou como fazer uma busca processual adequada utilizando o Jusbrasil, a partir das acusações de Marçal de que Guilherme Boulos seja usuário de drogas.