O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
Filtro:

Política

Investigado por: 2024-10-18

Lula não disse na ONU que entregaria o Brasil em caso de invasão

  • Enganoso
Enganoso
Vídeo é tirado de contexto para enganar e dar a entender que o presidente Lula falou na Organização das Nações Unidas (ONU) que entregaria o Brasil em caso de uma invasão em um possível cenário de guerra – o que não aconteceu. Publicação utilizou trecho irônico da opinião do analista político Lourival Sant’anna durante o programa CNN Prime Time.

Conteúdo investigado: Postagem utiliza trecho de um programa jornalístico para afirmar que Lula “disse na ONU que se o Brasil for invadido, ele entrega a nação”. A publicação acrescenta que “é o absurdo do absurdo”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não disse que entregaria a nação se o Brasil fosse invadido, diferentemente do que afirma post no X. Na verdade, a postagem utilizou uma fala irônica do analista político Lourival Sant’anna, da CNN Brasil, para dizer que a fala foi um posicionamento do chefe do Executivo brasileiro .

A edição do programa CNN Prime Time, que foi ao ar em 25 de setembro de 2024, repercutiu a participação de Lula durante uma coletiva de imprensa na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada no dia anterior ao do programa. O trecho analisado por Sant’anna, por sua vez, se refere a comentários feitos por Lula sobre o conflito na Ucrânia. A crítica do analista é à declaração do presidente de que “ele [o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky], se fosse esperto, diria que a solução é diplomática, e não militar”.

Na interpretação do analista, a afirmação seria um “ultraje” à Ucrânia, na medida em que soaria como se Lula sugerisse “abrir mão do território, não defender a soberania do próprio país”. Durante o comentário, Sant’anna ironiza a fala do mandatário brasileiro e afirma sarcasticamente: “Então já sabemos, se o Brasil for invadido, o presidente Lula vai ser esperto e vai entregar o território invadido. É a única conclusão possível”.

Não há registro de Lula falando que entregaria territórios brasileiros em caso de uma invasão. Os participantes do programa também não citam hipótese de uma invasão ao Brasil, tampouco de uma entrega de territórios em tal cenário.

A fala do presidente reproduzida pela CNN pode ser lida abaixo:

“Porque ele tem que defender a soberania e é obrigação. Ele tem que ser contra ocupação territorial e é obrigação dele. O que ele não está conseguindo fazer é a paz. E o que nós estamos propondo não é fazer a paz por eles. O que nós estamos é chamando a atenção para que eles levem em consideração que somente a paz vai garantir que a Ucrânia sobreviva enquanto país soberano e a Rússia sobreviva. Eles não precisam aceitar a proposta da China e do Brasil porque não tem proposta. Tem uma tese de que é importante começar a conversar. Ele, se fosse esperto, ele diria que a solução é diplomática, não é militar. E isso depende de capacidade de sentar e conversar. Ouvir o contrário. E tentar chegar em um acordo para que o povo ucraniano tenha sossego na vida.”

A reportagem tentou contato com o perfil responsável pela publicação da informação falsa, mas o perfil está configurado para não receber mensagens.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até esta quinta-feira (17) o vídeo checado teve 93 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Vídeo original da CNN. O material foi localizado após uma pesquisa com palavras-chave para saber a data do discurso de Lula na ONU. A partir disso, foi possível encontrar o vídeo no Youtube.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: As declarações de Lula são constantemente alvo de descontextualização nas redes sociais. Em junho deste ano, o Comprova concluiu que uma publicação distorceu uma fala do governante sobre população carente. No mês seguinte, mostramos ser enganoso um vídeo que tira de contexto a fala dele sobre “universidade ser para ricos”. Em 2022, um vídeo enganava ao distorcer declarações de Lula sobre a Amazônia e sugerir ameaça à soberania do país.

Contextualizando

Investigado por: 2024-10-18

Operação Shadow não mostra que há organização criminosa dentro do STF; entenda

  • Contextualizando
Contextualizando
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou a Operação Shadow para desmantelar uma organização criminosa investigada por tráfico de drogas. Os entorpecentes eram vendidos para colaboradores de órgãos públicos, de acordo com a polícia. Vídeo publicado nas redes sociais utiliza fatos da ação policial para dizer, erroneamente, que há uma organização criminosa dentro do Supremo Tribunal Federal (STF). Os apontamentos não têm fundamento, conforme apuração do Comprova.

Conteúdo analisado: Vídeo utiliza a Operação Shadow, da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), contra uma rede organizada de tráfico de drogas para afirmar que há uma organização criminosa dentro do Supremo Tribunal Federal. Autor da publicação diz que a investigação revela “um dos maiores escândalos que o Brasil já teve” e complementa: “Agora eu entendo porque todo traficante é liberado no STF”.

Onde foi publicado: X.

Contextualizando: No dia 10 de outubro, a Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou a Operação Shadow para desarticular uma organização criminosa que vendia drogas para colaboradores e servidores de órgãos públicos. Com base na ação, um vídeo foi publicado nas redes sociais sugerindo que o tribunal teria interesse em ”liberar traficantes” e “legalizar a maconha”. A operação realmente ocorreu e foi desencadeada pela Polícia Civil, no entanto, a publicação descontextualiza a ação policial ao insinuar que as investigações revelaram que dentro do STF existe uma “organização criminosa”.

Na realidade, a operação coordenada pela 5ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal prendeu quatro suspeitos de atuarem como fornecedores de drogas e não cita que eles tenham vínculo empregatício ou exerçam algum cargo no STF. Ao todo, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em Samambaia e Ceilândia, no Distrito Federal, e Águas Lindas, em Goiânia.

O vídeo também indica Douglas Ramos da Silva, de 36 anos, como funcionário terceirizado do STF e responsável por distribuir os entorpecentes aos servidores de órgãos públicos. De fato, antes da operação ser deflagrada, as investigações o identificaram como envolvido na comercialização ilegal de drogas.

A partir de buscas no Jusbrasil, o Comprova verificou que ele foi preso em setembro de 2023 por tráfico de drogas nas imediações do STF, do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Câmara dos Deputados. Na época, a Suprema Corte enviou uma nota à imprensa informando que Douglas “é funcionário de uma empresa terceirizada que presta serviços de manutenção no STF”.

Douglas atuava como eletricista e recebia as drogas de outros quatro fornecedores, conforme reportagem do G1. A investigação constatou que a rede de distribuição ativa de drogas contava com o uso de WhatsApp para favorecer o comércio ilegal nas proximidades do tribunal. Em setembro deste ano, após a prisão dos outros quatro envolvidos, o STF afirmou em nota publicada no site que “não há registro de envolvimento de nenhum servidor do tribunal na prática de crimes”.

“A investigação da Polícia Civil diz respeito a fornecimento que teria ocorrido em estacionamento próximo ao Supremo Tribunal Federal, mas que não pertence ao Tribunal. A administração do STF já tentou por diversas vezes regularizar e assumir o local para facilitar o controle, mas não houve autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Além disso, não há registro de envolvimento de nenhum servidor do Tribunal na prática de crimes. O STF tem fornecido informações quando consultado pelos investigadores”, diz a nota.

Organização criminosa

O vídeo também aponta que traficantes são sempre liberados pelo STF. Conforme verificado pelo Comprova no Jusbrasil, o habeas corpus foi solicitado pela defesa de Douglas no Superior Tribunal de Justiça (STJ), e concedido. Além disso, a publicação distorce ao dizer que “lá dentro [do STF] existe uma organização criminosa que trafica drogas para servidores desta instituição”.

Isso porque, conforme afirmou o advogado criminal Alexandre Torres, a operação da Polícia Civil do Distrito Federal não evidencia uma organização criminosa por tráfico de drogas dentro do STF. Na verdade, mesmo que servidores tenham comprado entorpecentes, eles estariam na posição de consumidores e não de traficantes, a qual requer um lucro direto ou indireto.

Torres também ressalta que o envolvimento do funcionário terceirizado não se enquadra como um crime contra a administração pública, mas um crime comum de tráfico. “Então, não tem vínculo com a administração pública. Agora, é uma situação de moralidade pública porque o STF é exposto”, diz.

O advogado criminalista Antônio Silvério Neto, sócio fundador do Coura e Silvério Neto Advogados, reforça que a Lei 12.850/13 define o que é organização criminosa no artigo 1º: “considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional”.

“Por exemplo, é possível que haja uma organização criminosa onde quatro pessoas estejam associadas de maneira estruturada, com divisão de tarefas entre elas, como compra, remessa, venda e depósito, para a prática do tráfico de drogas, cuja pena máxima é de 15 anos, como prevê o artigo 33, da Lei 11.343/06”, complementa Silvério.

A reportagem tentou contato com o responsável pela publicação do vídeo, mas o perfil está configurado para não receber mensagens.

Fontes consultadas: Polícia Civil do Distrito Federal; Supremo Tribunal Federal; Jusbrasil; e os advogados Alexandre Torres e Antônio Silvério Neto.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Comprova já verificou vários conteúdos falsos ou enganosos que tentaram mostrar ações inconstitucionais ou ilícitas dos ministros do STF. Por exemplo: carta a ministro do STF foi inventada por comentarista, não escrita por traficante; Bolsonaro não apresentou provas de que ministros do STF receberam propina; Moraes nunca entrou com habeas corpus no STM, desembargador e advogados não acionaram Forças Armadas contra STF; e post com vídeo antigo engana ao sugerir que Barroso oferecia risco a voo.

Política

Investigado por: 2024-10-17

Transplantes com HIV: laboratório não foi contratado pelo governo federal e portarias revogadas não têm relação com testagens

  • Enganoso
Enganoso
Publicação engana ao afirmar que portarias revogadas pelo Ministério da Saúde em setembro de 2023 influenciaram no caso de transplante de órgãos contaminados com o vírus HIV. Outro post mente ao dizer que o governo federal repassou R$ 11 milhões para o laboratório envolvido no caso. Portaria publicada pelo ministério e informações do Portal da Transparência mostram que essas informações não procedem.

Conteúdo investigado: Publicação afirma que o atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) repassou, sem licitação, R$ 11 milhões para o laboratório PCS Lab Saleme, responsável pelo escândalo envolvendo transplantes de órgãos que resultou na contaminação de seis pacientes com o vírus HIV no Rio de Janeiro. Outra postagem, feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), diz que a revogação de duas portarias sobre transplantes feita pelo Ministério da Saúde em 2023 permitiu a situação.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Publicações que circulam nas redes sociais compartilham informações enganosas sobre o caso de órgãos transplantados contaminados com HIV no Rio de Janeiro. O laboratório PCS Lab Saleme, que emitiu laudos falsos negativos que resultaram na doação de órgãos infectados, está sob investigação.

Um post, publicado no X pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), reproduz trecho de um vídeo no qual o apresentador cita um médico que estaria atribuindo a responsabilidade sobre o caso ao Ministério da Saúde, devido a uma suposta revogação de duas portarias.

No entanto, conforme informado pela pasta e apurado pelo Comprova, a revogação não tem relação com a testagem dos órgãos, mas sim com questões financeiras. A Portaria GM/MS nº 1.262, de 12 de setembro de 2023, revogou as portarias GM/MS nº 3264/22 e nº 3265/22.

Entre as principais modificações, destacou o Ministério da Saúde ao Comprova, estão o reajuste do valor de incentivo e o monitoramento por parte das centrais estaduais dos indicadores para receber esse valor, uma vez que isso estava sendo feito sem o acompanhamento adequado dos serviços. A Portaria nº 1.262 alterou cinco principais pontos:

  • Mudança de nome do incremento: de Qualidot para Incremento Financeiro para Qualidade do Sistema Nacional de Transplantes;
  • Reforço na participação das Comissões Intergestores Bipartite, para fortalecer a gestão e auxiliar no monitoramento do repasse de incentivos financeiros públicos;
  • A classificação dos serviços de transplantes foi reformulada, a fim de esclarecer melhor os parâmetros;
  • Reajuste dos valores de incrementos, ampliando os recursos destinados a cada nível de classificação em relação às portarias revogadas;
  • Definição de indicadores a serem monitorados pelas centrais estaduais de transplantes como contrapartida dos incrementos, como realização de vistorias técnicas e o acompanhamento da sobrevida dos pacientes.

O Ministério da Saúde também informou que o caso ocorrido no Rio de Janeiro “se trata de um evento isolado cujas providências já estão sendo tomadas pelas autoridades competentes”. A pasta disse ainda que “as interpretações em circulação nas redes sociais sugerindo que revogações de portarias e alterações em normativas contribuíram para o incidente são infundadas e não correspondem à realidade”.

Além disso, o ministério informou que as modificações realizadas reforçam a segurança e eficiência do sistema, sem retrocesso no padrão de controle. O Comprova apurou que o novo texto não cita a fiscalização do transplante de órgãos.

Ao Comprova, a presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), Luciana Haddad, reforçou que a revogação das portarias não têm relação com os casos de infecção pelo vírus HIV. Questionada se a norma culminou na redução de custos que levaria a redução na qualidade do serviço, Luciana explicou que, “pelo contrário, a portaria fez um incremento financeiro”.

“As portarias não têm qualquer relação com os fatos. Elas não tratam de doadores de órgãos, mas sim dos procedimentos de transplante. Elas são muito semelhantes, [a revogação, no entanto,] mudou apenas a forma de avaliar o incremento e aumentou o valor do incremento, mas nada relacionado à doação de órgãos”, frisou.

Outra publicação, também feita no X, diz que o governo federal repassou R$ 11 milhões ao laboratório PCS Lab Saleme sem licitação. Uma busca pelo CNPJ da empresa no Portal da Transparência mostrou, no entanto, que não houve qualquer negociação entre o governo e o laboratório.

O PCS Lab Saleme foi contratado para fazer os exames em doadores de órgãos em 2023 pela Fundação Saúde, entidade pública de personalidade jurídica de direito privado responsável pela gestão da saúde pública do estado. O diretor executivo da entidade desde 2016 é médico ginecologista João Ricardo da Silva Pilotto, que já foi parceiro na vida privada de Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, sócio da PCS Lab Saleme. Matheus foi responsável por assinar o contrato com a Fundação.

A Fundação Saúde está vinculada à Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ). O secretário na época era Doutor Luizinho, hoje deputado federal e líder do PP na Câmara dos Deputados. Doutor Luizinho também é primo do Matheus Sales, sócio da PCS Lab Saleme. O Ministério Público do Rio de Janeiro investiga se há indícios de irregularidades no contrato.

O ex-secretário Doutor Luizinho esteve à frente da pasta entre janeiro e setembro de 2023, tendo como governador do estado Cláudio Castro (PL). Segundo reportagem da Band, o governador defendeu que o ex-secretário de saúde não interferiu na contratação do laboratório.

Contatada pelo Comprova, a secretaria informou que o laboratório foi contratado por licitação pela fundação para atender o programa de transplantes e unidades da rede estadual de saúde.

“O serviço foi suspenso logo após a ciência do caso e o prestador interditado cautelarmente. Neste momento, o PCS Lab está proibido de atuar em todo o território nacional”, afirmou a pasta em nota.

A secretaria informou ainda que o laboratório atendeu, anteriormente, quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e um hospital da rede por meio de contrato emergencial. Nesses casos, portanto, sem licitação. As contratações estão disponíveis no Portal da Transparência do Estado do Rio de Janeiro.

O Comprova procurou os responsáveis pela publicação dos conteúdos, mas não obteve retorno até a publicação desta checagem. 

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 16 de outubro, a publicação feita por Bolsonaro no X alcançou 594,7 mil visualizações. Já a outra publicação analisada teve 138,6 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Portal da Transparência do estado do Rio de Janeiro e do governo federal, Secretaria Estadual de Saúde do RJ e Ministério da Saúde.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O tema do transplante de órgãos já foi alvo de checagens anteriores do Comprova. A iniciativa explicou, por exemplo, como funciona a lista de espera por transplante de órgão no Brasil – o que também foi explicado pelo Ministério da Saúde –, e mostrou que um vídeo exagera o tamanho da lista de espera por transplante para enganar sobre Faustão e o SUS.

 

Atualização: Esta verificação foi atualizada em 18 de outubro de 2024 para corrigir uma informação equivocada de que um dos vídeos verificados pelo Comprova teria sido exibido pelo canal Brasil Paralelo. 

Eleições

Investigado por: 2024-10-17

Vídeo de 2022 foi editado para insinuar que Silvio Almeida pede votos para Boulos nas eleições de 2024

  • Falso
Falso
Posts enganam ao editar um vídeo para atrelar o ex-ministro Silvio Almeida, demitido do governo federal após acusações de assédio sexual, à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo. Almeida apoiou Boulos em 2022, na eleição para deputado federal, mas as publicações enganosas removeram do vídeo em questão as falas do ex-ministro a respeito daquele pleito, em uma tentativa de fazer o eleitor acreditar que o ex-ministro gravou um vídeo apoiando Boulos em 2024.

Conteúdo investigado: Vídeo em que o ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida presta apoio à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL). Um dos posts traz a legenda “Silvio Almeida – ex Min. de Lula e acusado por assédio e importunação sexual (seis mulheres), pede apoio para Guilherme Boulos. ‘Não há nada tão ruim que não possa piorar’”. Outro perfil publicou o conteúdo com a legenda “Guilherme Boulos recebe apoio de Mão Boba. Agora vai!”. Um terceiro perfil compartilhou o mesmo vídeo com a frase “Olha quem tá pedindo voto para o Guilherme Boulos, o taradão do Planalto”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Vídeo de Silvio Almeida pedindo apoio a Guilherme Boulos enquanto candidato a deputado federal, em 2022, foi editado para alegar apoio do ex-ministro ao psolista nas eleições municipais de 2024. O pleito deste ano não é citado nos conteúdos, mas a publicação próxima à realização do segundo turno pode induzir usuários das redes sociais ao erro.

O vídeo original foi publicado em 31 de agosto de 2022 no canal oficial do YouTube de Boulos. No conteúdo, Almeida diz que “a eleição de Boulos à Câmara dos Deputados é fundamental não apenas para São Paulo, mas para todo o Brasil, contribuindo para um futuro onde novas conquistas possam ser realizadas em prol de uma sociedade mais justa”.

O trecho, assim como os outros que citam a Câmara, o ano e o âmbito federal das eleições de 2022, no entanto, foi suprimido nos posts enganosos. O vídeo original tem 1 minuto e 22 segundos de duração, enquanto a versão enganosa tem 56 segundos. O Comprova listou todas as falas de Almeida que estão no vídeo original e foram retiradas do conteúdo enganoso:

  • “Venho aqui apoiar Guilherme Boulos a deputado federal por São Paulo” (0:00 a 0:05)
  • “Por isso, vai ser essencial que com o presidente Lula na presidência, Guilherme Boulos esteja na Câmara dos Deputados para fazer o bom combate” (0:28 a 0:38)
  • “No próximo ano” (0:59)
  • “No próximo ano, na Câmara dos Deputados” (1:10)

Além disso, no conteúdo investigado, há ao menos três cortes abruptos de edição, mostrando alteração do conteúdo original. A edição também aplicou um zoom na imagem, retirando a legenda do vídeo e marca d’água da campanha de Boulos, com o número de candidato a deputado federal.

O Comprova não encontrou entrevistas ou declarações públicas de Almeida apoiando qualquer candidato a prefeito nas eleições municipais deste ano. Ele comentou o pleito, sem citar especificamente São Paulo, em fevereiro, durante encontro com a ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edilene Lôbo, para discutir o combate à violência política nas eleições.

O Comprova contatou os envolvidos na checagem. A assessoria do candidato Guilherme Boulos não quis comentar o caso. Já o ex-ministro Silvio Almeida não respondeu à tentativa de contato até a publicação desta checagem.

O perfil responsável pela publicação e criação do vídeo, como mostra uma marca d’água que reproduz seu nome de usuário, não permite o envio de mensagens. A mesma configuração impediu o contato com outros perfis que publicaram a desinformação.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 17 de outubro, o primeiro perfil que publicou o vídeo enganoso alcançou 27,1 mil visualizações na publicação do conteúdo. Os outros dois perfis que compartilharam a desinformação tiveram 229,2 mil e 222,7 mil visualizações, respectivamente.

Fontes que consultamos: Vídeo original na íntegra e reportagens sobre Almeida e as eleições.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: A participação de Boulos na disputa pela Prefeitura de São Paulo é alvo frequente de desinformação. O Comprova já mostrou, por exemplo, que é falso que a candidatura dele foi cassada e Marçal (PRTB) está no segundo turno contra Ricardo Nunes (MDB). A iniciativa também concluiu que o psolista não ultrapassou Marçal na mesma hora em que Dilma e Lula dispararam contra adversários em 2014 e 2022, o que indicaria uma fraude nas eleições.

Comprova Explica

Investigado por: 2024-10-17

Entenda o papel da Enel e de cada ente da Federação na crise de energia em SP

  • Comprova Explica
Comprova Explica
Após o apagão que atingiu a Grande São Paulo no dia 11 de outubro, foram levantadas discussões sobre a responsabilidade do poder público – federal, estadual e municipal – e da empresa responsável por fornecer o serviço na prevenção e na resolução de problemas do tipo. Nesta edição do Comprova Explica, apresentamos os principais órgãos federais, estaduais e municipais do setor de energia e as funções desempenhadas por cada um deles.

Conteúdo analisado: Posts, incluindo publicação de um vereador paulistano, que afirmam que o apagão teria sido proposital, a fim de alavancar a campanha de Guilherme Boulos (PSOL) nas eleições municipais. Posteriormente, o assunto ganhou alcance e chegou a ser tema de discussão no primeiro debate do segundo turno entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Boulos e Ricardo Nunes (MDB).

Comprova Explica: O apagão ocorrido na Grande São Paulo no dia 11 de outubro foi ocasionado por um forte temporal, e chegou a atingir 3,1 milhões de imóveis na região metropolitana da capital, segundo a Enel. Além disso, de acordo com a Defesa Civil do Estado, sete mortes foram registradas.

A situação, que já durava mais de 120 horas no momento da publicação desta reportagem, ainda sem uma previsão de restabelecimento completo do serviço – 36 mil pessoas ainda seguiam sem energia, nesta quinta-feira (17) –, trouxe à tona questionamentos sobre a responsabilidade do poder público e da Enel, empresa privada responsável pela distribuição de eletricidade em São Paulo, principalmente após a empresa, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), trocarem acusações sobre a culpa pela crise.

A seguir, a seção Comprova Explica traz o papel de cada ente da federação.

Quem é responsável pelo apagão e qual a responsabilidade dos governos?

Enel

É a principal distribuidora de eletricidade de São Paulo, com 37% de todos os clientes paulistas, segundo dados de 2021. A maior parte dos consumidores atingidos – 3,1 milhões, mais do que os 2,1 milhões informados inicialmente – está em área sob concessão da Enel. Portanto, a empresa tem responsabilidade direta pela falta de luz.

No entanto, no contrato de prestação de serviço público de distribuição de energia elétrica da Enel, que é público, não está previsto prazo para restabelecimento do serviço em caso de um evento climático que provoque a falta de luz. No documento, só constam tais prazos para casos de suspensão por falta de pagamento, que são de 6 horas no meio urbano e 24 horas no meio rural.

Governo federal

A Enel é regulada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), instituição federal responsável por fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica no país. Seu atual diretor-geral é Sandoval de Araújo Feitosa Neto, indicado por Jair Bolsonaro (PL) em abril de 2022, ainda durante a gestão do ex-presidente.

Nos últimos dias, o órgão tem sido alvo de discussão e até de reclamações do prefeito Ricardo Nunes, que alega que a responsabilidade seria da esfera federal, não municipal. A mobilização foi tamanha que a ANEEL emitiu uma nota à imprensa, em que reforçou o papel que cumpre e repudiou “qualquer tentativa de intervenção ou tutela indevida”.

Além da ANEEL, o setor elétrico brasileiro é composto, a nível federal, por seis outras instituições, com papéis principalmente de planejamento e monitoramento. São elas, por ordem de hierarquia:

  • Ministério de Minas e Energia (MME): responsável pela condução das políticas energéticas do Brasil.
  • Conselho Nacional de Política Energética (CNPE): órgão interministerial que assessora o presidente da República; suas principais atribuições são a formulação de políticas e diretrizes de energia que assegurem o suprimento a todas as áreas do país.
  • Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE): acompanha e avalia a continuidade e a segurança do suprimento elétrico em todo o território nacional; é composto tanto pelo MME quanto pelas instituições seguintes.
  • Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE): reúne empresas e instituições que viabilizam operações de compra e venda de energia em todo o Brasil.
  • Empresa de Pesquisa Energética (EPE): realiza estudos e pesquisas com o objetivo de subsidiar o planejamento do setor energético.
  • Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS): opera, supervisiona e controla a geração de energia elétrica no Sistema Integrado Nacional (SIN), além de administrar a rede básica de transmissão de energia elétrica no país.

Na quarta-feira (16), a Controladoria-Geral da União (CGU) abriu uma investigação para apurar irregularidades envolvendo dirigentes da ANEEL. A ação é em resposta a denúncias encaminhadas pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Governo estadual

O governo paulista também tem uma agência reguladora estadual. É a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), que fiscaliza todas as concessionárias do estado. A agência cita, entre as próprias competências:

  • Estabelecer normas e padrões para otimizar a prestação dos serviços;
  • Fazer com que sejam cumpridas as regras estabelecidas em contratos e regulamentos, bem como aplicar penalidades quando necessário;
  • Assegurar o equilíbrio econômico-financeiro e o efetivo cumprimento dos contratos de concessão.

Ou seja, embora não possa solucionar o problema de energia, a Arsesp cumpre um papel voltado principalmente ao aspecto de cobrar a Enel.

Governo municipal

O papel de uma prefeitura é basicamente o de realizar ações preventivas – por exemplo, a poda e o manejo das árvores. No primeiro semestre deste ano, dados da Prefeitura de São Paulo apresentados pelo g1 em um infográfico interativo mostram que há mais de 13 mil pedidos de poda em aberto na cidade. A queda de árvores foi uma das razões que levaram ao apagão na capital paulista.

Vale notar que, em 2020, a Prefeitura de São Paulo firmou um convênio com a Enel para que a empresa fizesse a poda de árvores próximas ou em contato com a rede de energia elétrica – outra justificativa que tem sido apresentada por Nunes para eximir a prefeitura de responsabilidade na gravidade do blecaute.

Também conforme reportagem do g1, a Enel executou menos de 1% das podas de árvores em contato com a fiação elétrica em 2024 na cidade de São Paulo.

Na Resolução Normativa ANEEL n° 1.000/2021 é citado, ainda, que são de responsabilidade do poder público municipal: a elaboração do projeto, a implantação, expansão, operação e manutenção das instalações de iluminação pública.

O Comprova procurou o Ministério de Minas e Energia e a Enel, mas não houve retorno.

Fontes consultadas: Contrato de prestação de serviço da Enel; ANEEL, do governo federal; Arsesp, do governo do Estado e reportagens sobre o tema.

Por que o Comprova explicou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está gerando muitas dúvidas e desinformação, o Comprova Explica. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Comprova realizou outras verificações sobre blecautes no país, como quando concluiu que uma postagem enganava ao relacionar apagão em 25 estados brasileiros e no DF a decreto para compra de energia na Venezuela, em 2023. Próximo ao período eleitoral do ano anterior, o tema sobre queda de energia foi usado para falsas alegações de que as Forças Armadas haviam descoberto fraudes decorrentes de apagões nas eleições de 2014 e 2018. Ainda em 2022, ano da Copa do Mundo de Futebol, o Comprova mostrou que um conteúdo afirmava, de forma satírica, que Richarlison havia protestado contra falta de eletricidade no Amapá poucas horas antes de o Brasil entrar em campo contra o Uruguai.

Política

Investigado por: 2024-10-14

Lula não é réu em tribunal internacional; post usa áudio fora de contexto

  • Falso
Falso
Vídeo mente ao afirmar em legenda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será julgado por um “Superior Tribunal Internacional”. Não existe corte com esse nome e não há registros de que Lula seja réu em julgamento fora do Brasil.

Conteúdo investigado: Vídeo utiliza fotos de Lula e da comentarista Ana Paula Henkel com a legenda “Lula será julgado pelo Supremo Tribunal Internacional”. Um áudio da colunista também foi utilizado. “Agora tem a obrigação de apresentar provas de que o Judiciário [brasileiro] estava sob comando do Departamento de Justiça dos Estados Unidos”, diz trecho do áudio.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: É falso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será julgado pelo “Superior Tribunal Internacional”. Não há corte com este nome. O que existe é o Tribunal Penal Internacional (TPI), mas não há registro no site oficial do órgão de que o mandatário seja réu em algum processo. A corte possui uma lista pública com os 64 atuais réus, e o presidente brasileiro não é mencionado.

O áudio utilizado pelo vídeo checado pelo Comprova é um trecho da participação da comentarista Ana Paula Henkel no programa Oeste sem Filtro, da revista Oeste. No vídeo completo, a colunista critica Lula por ele ter dito, no dia 18 de janeiro de 2024, que o judiciário brasileiro “estava sob comando do Departamento de Justiça dos EUA”. O chefe do Executivo federal criticava o processo de julgamento da Operação Lava Jato. Diante disso, Ana Paula questionou se o presidente seria incluído no Inquérito das Fake News, caso não apresentasse provas do que disse em relação à Lava Jato.

No programa, veiculado no dia seguinte (19), Ana Paula falou que a declaração de Lula, feita durante uma visita à refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, foi uma acusação “gravíssima” e alertou que “isso pode causar um incidente diplomático gravíssimo”. A comentarista também indagou se as autoridades brasileiras, como o Supremo Tribunal Federal (STF), iriam questionar a acusação feita por ele.

Esse trecho da opinião da colunista foi reproduzido no vídeo com a informação falsa. No entanto, em nenhum momento ela menciona o suposto “Superior Tribunal Internacional” ou que o presidente seria investigado e julgado.

A crítica dela ao presidente foi sobre ele ter dito, em Pernambuco, que “tudo o que aconteceu” com a Lava Jato foi uma “mancomunação entre alguns juízes e procuradores desse país, subordinados ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos”. Segundo o presidente, os EUA “nunca aceitaram o Brasil ter uma empresa como a Petrobras”.

O Comprova tentou contato com o perfil que publicou o vídeo no TikTok, mas não teve retorno até a publicação deste texto.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

O que é o Tribunal Penal Internacional

O TPI, criado pelo Estatuto de Roma, é um organismo internacional permanente, com jurisdição para investigar e julgar indivíduos acusados de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crime de agressão. O tribunal emitiu, por exemplo, um mandado de prisão contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin, por crimes de guerra, deportação ilegal de população e transferência ilegal de crianças da Ucrânia para a Rússia.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 14 de outubro, a publicação no TikTok já tinha alcançado 1,2 milhão de visualizações.

Fontes que consultamos: Buscador de pesquisa do Google, do Tribunal Penal Internacional, vídeo completo do comentário de Ana Paula Henkel, no programa Oeste Sem Filtro, e o discurso de Lula, disponíveis no YouTube.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Em janeiro deste ano, a Reuters verificou um conteúdo que circulou no Instagram e constatou que era falsa a alegação de que Lula seria julgado por um “Supremo Tribunal Internacional”. O Comprova já checou que um vereador alegou, de forma enganosa, que todos os juízes que condenaram o presidente foram afastados de seus cargos. Sobre o TPI, o projeto contextualizou que a prisão de Putin em possível vinda ao Brasil depende do Judiciário e não de Lula.

Eleições

Investigado por: 2024-10-11

Boulos não ultrapassou Marçal na mesma hora em que Dilma e Lula dispararam contra adversários em 2014 e 2022

  • Falso
Falso
É falso que os votos de Guilherme Boulos (PSOL) ultrapassaram os de Pablo Marçal (PRTB) no mesmo horário em que Dilma Rousseff (PT) e Lula (PT) viraram contra seus adversários em 2014 e 2022. Publicação no X e vídeo no Tiktok utilizaram imagens com gráficos manipulados.

Conteúdo investigado: Publicação no X afirma que o candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), ultrapassou o adversário Pablo Marçal (PRTB) durante a apuração dos votos às 18h45. A postagem diz que foi neste mesmo horário também que Dilma Rousseff (PT) e Lula (PT) “viraram” em relação aos demais candidatos nas eleições de 2014 e 2022, respectivamente. “Tudo coincidênssias (sic)”, diz o autor.

Onde foi publicado: X, Telegram e TikTok.

Conclusão do Comprova: O candidato Guilherme Boulos (PSOL) não ultrapassou o adversário Pablo Marçal (PRTB) às 18h45 durante a apuração dos votos, assim como a ex-presidenta Dilma Rousseff e o presidente Lula não ganharam vantagem neste mesmo horário contra os adversários Aécio Neves (PSDB) e Jair Bolsonaro (PL), respectivamente, nas eleições de 2014 e 2022.

A publicação busca pôr em dúvida o processo eleitoral com informação falsa, ao tentar convencer que, nas três eleições, as viradas aconteceram no mesmo horário. Em outro conteúdo, um homem gravou um vídeo e publicou no TikTok mostrando as mesmas imagens utilizadas pelo post original, publicado no X.

No entanto, na apuração dos votos da eleição de domingo (6), em São Paulo, Boulos ultrapassou Marçal às 18h40. O G1 disponibilizou um gráfico animado onde dá para observar a disputa acirrada entre os candidatos. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em 2014, a então presidenta Dilma Rousseff (PT), que concorria à reeleição, ultrapassou Aécio Neves às 19h32 no segundo turno, como consta no relatório do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que registra a cada minuto a atualização da apuração dos votos.

O gráfico utilizado pela publicação com informação falsa foi retirado de uma matéria do G1, mas com o horário manipulado. Na própria imagem compartilhada é possível ver o horário correto e perceber que o 18h45 está em fonte diferente, ou seja, foi inserido por terceiros.

Em 2022, o momento em que a quantidade de votos de Lula superou os de Bolsonaro no primeiro turno foi às 20h02. No segundo turno, a virada aconteceu em um horário mais próximo do que foi divulgado pela publicação, às 18h44, como informa o TSE (conferir aqui e aqui – arquivos ZIP).

Vale contextualizar que o termo “virada” pode gerar uma interpretação equivocada. Isso porque, na prática, o resultado do pleito já está definido assim que as urnas são fechadas, às 17h. A “disputa” durante a apuração é, na verdade, um reflexo do processo de computação dos votos, que é realizada de forma gradativa a partir do envio das informações dos tribunais regionais.

O Comprova tentou entrar em contato com o responsável pela publicação, mas o perfil está configurado para não receber mensagens.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O post compartilhado no X teve 624 mil visualizações, o vídeo no Tiktok passou dos 217 mil, enquanto o post que circula no Telegram alcançou 2,9 mil visualizações

Fontes que consultamos: Os dados da apuração em tempo real do Tribunal Superior Eleitoral e os gráficos elaborados pelo portal G1.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O conteúdo falso também foi checado pelo Uol Confere, Estadão Verifica, Agência Lupa, Aos Fatos e Reuters. Todas as iniciativas concluíram que as publicações são falsas. O Comprova já realizou várias checagens sobre insinuação de fraudes eleitorais envolvendo as urnas. Recentemente, um vídeo antigo voltou a circular com a ideia de que o sistema brasileiro é uma fraude.

Eleições

Investigado por: 2024-10-11

PT conquistou 248 prefeituras em 2024, e não 46 como alega post

  • Falso
Falso
Diferentemente do que alegam postagens que circulam nas redes sociais, o Partido dos Trabalhadores (PT) elegeu 248 candidatos a prefeituras no primeiro turno das Eleições Municipais de 2024, apresentando crescimento na quantidade de candidaturas eleitas, já que no primeiro turno de 2020 o partido havia vencido em 179 municípios.

Conteúdo investigado: Uma postagem no X diz que o Partido dos Trabalhadores (PT) só venceu a disputa para prefeitura em 46 municípios. Outro conteúdo, publicado no Telegram, afirma que o Brasil “despetizou”.

Onde foi publicado: X e Telegram.

Conclusão do Comprova: Autor de postagem no X mente ao afirmar que o PT conquistou apenas 46 prefeituras no primeiro turno das Eleições Municipais de 2024. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que, na verdade, o partido teve 248 candidatos à prefeitura eleitos. Desse total, 120 conquistaram a reeleição. Com isso, o PT ficou em 9º lugar dentre os partidos com mais candidatos eleitos no país.

Outra postagem, feita no Telegram, afirma que o país foi “despetizado”. Em um glossário ‘bolsonarista’ feito pelo Estadão, o termo “despetizar/despetização” é definido como um neologismo. O termo foi usado por Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), que dizia que o governo precisava “despetizar o Brasil”; ou seja, exonerar todos os funcionários não alinhados com a ideologia de direita do presidente.

O dicionário informal, por sua vez, define o termo despetização como “efeito de despetizar, deixar de ser petista”.

No entanto, considerando que o PT aumentou o número de prefeituras conquistadas entre as últimas eleições, indo de 179 no primeiro turno de 2020 para 248 no primeiro turno de 2024, a afirmação foge do contexto do cenário político atual.

Além das prefeituras já conquistadas, o PT ainda disputará 13 municípios no segundo turno, incluindo 4 capitais, sendo elas: Cuiabá (MT), Fortaleza (CE), Natal (RN) e Porto Alegre (RS).

Já o Partido Liberal (PL), também citado em uma das peças de desinformação, elegeu 510 prefeitos neste ano, sendo dois nas capitais Rio Branco (AC) e Maceió (AL). O número é similar ao apontado no conteúdo enganoso (que citou 508 prefeituras). No primeiro turno das eleições de 2020, a sigla elegeu prefeitos em 343 municípios, sendo duas capitais (também Rio Branco e Maceió, prefeitos que foram reeleitos em 2024).

O Comprova não conseguiu contatar os responsáveis pela publicação, pois seus perfis no Telegram e X não permitem o envio de mensagens.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 11 de outubro, o conteúdo publicado no X tinha 1,2 mil visualizações. Já o conteúdo compartilhado no Telegram foi visualizado 2,9 mil vezes.

Fontes que consultamos: Consultamos os dados eleitorais na seção Estatísticas Eleitorais no portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: A Aos Fatos também investigou o conteúdo e concluiu que a publicação feita no X é falsa. Em 2022, o Comprova investigou e concluiu que era falso um vídeo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso aparecia dizendo ser contra o PT. Já em 2018, o projeto mostrou que uma empresa contratada pelo TSE não tinha ligação com o PT no segundo turno das eleições presidenciais daquele ano.

Eleições

Investigado por: 2024-10-11

Post usa captura de tela fora de contexto para alegar que houve fraude nas eleições de 2022

  • Enganoso
Enganoso
Publicação engana ao usar captura de tela fora de contexto, sugerindo que teria havido fraude na disputa que elegeu Lula (PT) presidente. Na imagem, é apresentada apuração do estado do Paraná sobre as eleições presidenciais de 2022, momento em que Jair Bolsonaro (PL) aparece com 55,38% e Lula, 35,80%. O recorte, no entanto, não representa o resultado da votação em todo o país. Dados do TSE confirmam vitória de Lula sobre Bolsonaro nesse pleito.

Conteúdo investigado: Captura de tela da transmissão realizada pela Jovem Pan News durante a cobertura do primeiro turno das eleições de 2022, acrescida de legenda que aponta fraude no pleito. A imagem é acompanhada dos dizeres: “Nunca esquecemos dessa tela” e “1 minuto depois, Lula 46 versus 45 Jair Bolsonaro”.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Uma captura de tela mostrando a apuração das eleições presidenciais de 2022 engana ao apontar fraude naquele pleito. A imagem exibida é um trecho da transmissão realizada pela Jovem Pan News durante a cobertura do primeiro turno.

Às 20h21, o telão exibido no estúdio mostrava 79,32% das urnas apuradas em todo o país para a eleição à Presidência. O jornalista Adalberto Piotto, então, pergunta se há alguma atualização nos dados. Enquanto espera retorno da produção, o apresentador faz uma menção ao fato de Sérgio Moro (União Brasil) já ter sido eleito naquele momento “e o Lula ainda não”.

Na ocasião, a imagem apresentada no telão muda para a apuração dos votos para presidente da República no Paraná – estado em que o ex-juiz da Operação Lava Jato foi eleito senador, o que pode ter gerado a confusão –, onde Jair Bolsonaro (PL) tinha 55,38% dos votos e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 35,80%. A imagem fica na tela antes de a exibição voltar ao cenário nacional, agora com 82,55% das urnas apuradas. Diferentemente do cenário observado no Paraná, no panorama total do país Lula vencia com 46,53% dos votos, ante 44,81% de Bolsonaro.

Conforme aponta o portal de dados abertos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro, que tentava a reeleição, não chegou a ter 55% dos votos no primeiro turno das eleições de 2022 no cenário geral do país. O percentual máximo atingido, a nível nacional, pelo então presidente durante a apuração foi de 49,0%, às 18h8min. Já no segundo turno, o ex-mandatário despontou com 56,8% dos votos apurados até às 17h17min. O último momento em que Bolsonaro teve 55% ou mais dos votos apurados foi às 17h21min.

No Paraná, Bolsonaro venceu tanto no primeiro quanto no segundo turno das eleições de 2022. No resultado final do estado, o então presidente obteve 62,40% dos votos válidos ao conseguir 4.159.266 de eleitores. Enquanto Lula computou 37,60%, um total de 2.506.464 de votantes.

O Comprova tentou contatar o responsável pela publicação, mas o perfil não admite receber mensagens de perfis que não estão em sua rede.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 11 de outubro de 2024, a publicação contava 2,4 milhões de visualizações no TikTok.

Fontes que consultamos: O programa na íntegra da Jovem Pan News e o Portal de Dados Abertos do TSE.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Estadão, Reuters e Justiça Eleitoral verificaram conteúdos semelhantes. O processo eleitoral é frequentemente alvo de desinformação. O Comprova, por exemplo, mostrou ser enganoso vídeo de 2010 descredibilizando as urnas sem provas, que voltou a circular em 2024 como se fosse atual, assim como post engana ao afirmar que os EUA teriam construído urnas para o Brasil. Além disso, o Comprova verificou ser falso que Lula tenha recebido votos nulos ou brancos nas eleições de 2022. Neste link, você confere as checagens do Comprova sobre eleições.

Política

Investigado por: 2024-10-10

Vídeo não mostra Musk dizendo que suspensão do X no Brasil teria sido “jogo sujo”

  • Falso
Falso
É falso o vídeo que circula no TikTok e mostra o empresário Elon Musk dizendo que a suspensão do X no Brasil “foi um jogo sujo”. O trecho utilizado pelo autor da postagem é de um discurso do empresário em um evento da Tesla, feito em junho deste ano, antes mesmo da suspensão da plataforma no Brasil, e o tema não foi abordado. O vídeo acrescenta às imagens uma dublagem falsa.

Conteúdo investigado: Vídeo mostra Elon Musk discursando em um evento. O áudio, em português, supostamente uma dublagem do que foi dito por Musk, indica que o empresário estaria parando sua apresentação para comentar o desbloqueio do X no Brasil, alegando que “foi um jogo sujo”, e que “o medo deles [autoridades brasileiras] era outro”, era “o poder de vocês, o poder de falar sem filtros, sem amarras” e que havia sido uma “guerra”.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: O vídeo utilizado pelo autor da postagem foi feito durante a participação de Musk no “2024 Annual Stockholder Meeting”, um encontro anual da Tesla realizado em Austin, no Texas, no dia 13 de junho de 2024, dois meses e quatro dias antes do X fechar o escritório no Brasil após decisões do judiciário brasileiro. Conforme checado pelo Comprova, o conteúdo da dublagem é inventado, e não tem relação com a fala de Musk na ocasião.

Segundo a dublagem, Musk teria dito que tentaram de tudo para derrubar a plataforma por meio de “bloqueios, acusações, pressão de todo lado”. Teria, ainda, prometido seguir na luta para evitar que “eles” continuem “tentando controlar o que você fala”. Além de ter ocorrido antes do bloqueio do X no Brasil – e, consequentemente, antes da liberação da plataforma -, o tema não foi pauta do discurso do empresário durante o evento de junho.

Observa-se também que, para dificultar a identificação de onde foi feita a fala, o autor da postagem “espelhou” o vídeo, de forma que o letreiro que aparece atrás de Musk não pode ser lido facilmente.

Até o momento, Elon Musk ainda não se pronunciou oficialmente sobre o desbloqueio da rede social no Brasil, que ocorreu em 8 de outubro. Um perfil oficial da plataforma emitiu um comunicado afirmando que o “X tem orgulho de estar de volta ao Brasil” e que continuará a “defender a liberdade de expressão, dentro dos limites da lei”.

O Comprova entrou em contato com o autor do vídeo, mas não obteve resposta até o momento da publicação deste material.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 9 de outubro, apenas um dia após a publicação, o conteúdo já havia recebido mais de 125 mil visualizações, além de 15,5 mil curtidas, 3,2 mil comentários e 1,3 mil compartilhamentos.

Fontes que consultamos: Discurso de Elon Musk no evento da Tesla e perfis oficiais do empresário e do X nas redes sociais.

A liberação do X no Brasil

No dia 29 de agosto deste ano, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão imediata e completa do funcionamento do X (antigo Twitter) no Brasil. Antes da suspensão, a empresa anunciou o fechamento de seu escritório no Brasil em 17 de agosto, em protesto contra as decisões do ministro do STF.

A decisão pela suspensão da plataforma ocorreu por descumprimento de ordem judicial emitida pela Suprema Corte, que exigia a nomeação de um novo representante legal da empresa no país. Na ocasião, o STF notificou a empresa diretamente pela plataforma X. A empresa, no entanto, não cumpriu a ordem no período estipulado.

De acordo com o Supremo, a ausência de um representante legal no Brasil dificultou o cumprimento de ordens judiciais, como a remoção de conteúdos considerados ilegais. Ao determinar a suspensão imediata do X, Moraes solicitou diretrizes às empresas Apple, Google e provedores de internet, para que retirassem aplicativos VPN das lojas a fim de impedir o acesso à rede social em território nacional.

No entanto, horas depois da decisão sobre o bloqueio ter sido expedida, o ministro recuou sobre a retirada de aplicativos de VPN das lojas virtuais.

Após diversos ataques de Musk ao ministro do Supremo, em 20 de setembro, 22 dias depois do bloqueio do X no Brasil, a plataforma indicou a advogada Rachel de Oliveira Villa Nova como representante legal no Brasil. Ela já tinha desempenhado a mesma função antes do fechamento do escritório da empresa no país.

No dia 26 de setembro, a companhia enviou ao ministro todos os documentos solicitados para a retomada da rede social e bloqueou as nove contas solicitadas nas ordens judiciais.

Além disso, no dia 7 de outubro, a plataforma realizou o pagamento das multas determinadas por Moraes. Elas se referiam ao não cumprimento das ordens do ministro.

Nesta terça-feira (8), o magistrado determinou a liberação do X no país, dando à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) 24 horas para cumprir a decisão.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Essa não é a primeira vez que falas de Musk são “dubladas” de forma mentirosa. Em agosto deste ano, o Comprova mostrou que um vídeo mentia ao afirmar que ele teria dito que Lula “foi nomeado, e não eleito”. Além disso, desde o bloqueio do X no Brasil, o Comprova fez diversas checagens relacionadas ao tema, como quando o X voltou a funcionar temporariamente por causa de troca de servidor, não por pagamento de multa e que é enganoso post que associa queda em ações da Tesla com embates entre Musk e Alexandre de Moraes.