O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
Filtro:

Política

Investigado por: 2024-08-15

Janja defendeu regulamentação, e não taxação de dinheiro ganho nas redes sociais

  • Enganoso
Enganoso
Uma entrevista em que a primeira-dama Janja defende a regulamentação de redes sociais foi tirada de contexto. Diferentemente do que afirmam vídeos no TikTok, ela não sugeriu taxar a monetização de criadores de conteúdo.

Conteúdo investigado: Vídeos em que criadores de conteúdo afirmam que Janja pretende taxar a monetização de perfis nas redes sociais.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Vídeos tiraram de contexto uma fala de Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, para afirmar que a primeira-dama defende a taxação de dinheiro ganho nas redes sociais. Os vídeos usam trecho de uma entrevista que ela concedeu em 19 de dezembro de 2023, durante a 22ª edição da live semanal “Conversa com o Presidente”, em Brasília.

Ao acessar a entrevista na íntegra, é possível verificar que a primeira-dama pondera sobre a regulamentação dessas plataformas e defende uma rediscussão sobre a monetização das redes sociais, não a taxação. À época, Janja havia sofrido um ataque hacker na rede social X.

“A gente precisa não só da regularização das redes, mas a gente precisa discutir a monetização dessas redes sociais, porque, hoje, não importa se é do bem ou do mal. Eles ganhando dinheiro está tudo bem, né? As redes sociais hoje eu falo: ‘eles estão acima de qualquer coisa, acima de regras, acima do famoso mercado’. Então, eles estão lá flanando”, avalia Janja.

Na entrevista, Janja não detalhou o que considera importante mudar na monetização das redes sociais.

Procurada, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) do Palácio do Planalto informou que mantém o posicionamento veiculado em 24 de novembro de 2023, no qual afirma que “é falso que o governo federal tenha projeto para taxar influenciadores”.

O Comprova também direcionou a demanda à assessoria de comunicação da primeira-dama, que afirmou que a fala foi tirada de contexto. “Ela foi feita logo após a Janja ter o perfil do Twitter (atual X) hackeado no final do ano passado. Ela estava falando sobre a responsabilização das plataformas, que seguem lucrando em cima do ódio e da misoginia”, reforçou.

Além disso, a reportagem contatou influenciadores que compartilharam o conteúdo enganoso, mas não houve retorno até a publicação desta checagem.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

O que está em discussão sobre taxação de plataformas

Tramita no Congresso Federal o Projeto de Lei 8.889 (PL 8.889/2017), também chamado de PL dos Streamings, que prevê uma contribuição progressiva das empresas de streaming e de plataformas de conteúdo. Portanto, a legislação não deve se aplicar a criadores de conteúdo.

O projeto, de autoria de Paulo Teixeira (PT), atual ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura, prevê cotas de conteúdo nacional nas plataformas de audiovisual por demanda (video on demand – VoD), como Netflix e Vimeo, por exemplo. O PL prevê, ainda, o pagamento da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine).

Em maio deste ano, o relator do projeto de lei, André Figueiredo (PDT-CE), divulgou parecer sobre o texto, com previsão de que a contribuição deve ser cobrada com base no faturamento das plataformas, com alíquota máxima de 6% sobre a receita bruta.

No entanto, o imposto pode ser reduzido pela metade se a empresa aplicar o valor em conteúdos brasileiros. A regra vale também para provedores de TV por aplicação de internet e plataformas de compartilhamento de conteúdo, como o YouTube.

Para empresas que têm ao menos 50% do catálogo composto por conteúdos nacionais, o valor da alíquota cairá para 3%, podendo ser zerada se os provedores investirem esse valor em produções do país, capacitação de mão de obra do Brasil e implantação de infraestrutura para o mercado nacional.

Vale destacar que o texto do projeto não menciona taxação a usuários de redes sociais, como mostrou uma checagem do Comprova. Em nota, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal se manifestou sobre o PL 8.889/2017 destacando que a proposta não faz menção aos usuários, nem na condição de audiência e nem como produtores de conteúdo.

Regra vigente

Atualmente, o Brasil não possui uma legislação específica para regular as redes sociais. No entanto, o Marco Civil da Internet (2014) estabelece diretrizes para o uso da internet no país, e inclui princípios relacionados à privacidade, liberdade de expressão e neutralidade da rede.

Além disso, há a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), implementada em 2020, que não é exclusiva para as redes sociais, mas define regras para o tratamento de dados pessoais, o que afeta diretamente as plataformas em relação à coleta, armazenamento e compartilhamento de informações dos usuários.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 14 de agosto, três vídeos no TikTok que abordam o tema somavam 142.3 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Live em que Janja fala sobre regulamentação de redes sociais e assessorias do Palácio do Planalto e da primeira-dama.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Outras iniciativas de checagem verificaram que é enganoso que haja algum projeto de lei em tramitação para taxar o uso de redes sociais, como o Estadão Verifica. Janja foi mencionada em outro conteúdo verificado pelo Comprova, que mentia ao afirmar que Rebeca Andrade teria se recusado a tirar foto com ela e Lula.

 

Esta verificação contou com a colaboração de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

Política

Investigado por: 2024-08-14

É falso que Rebeca Andrade tenha se recusado a tirar foto com Janja e Lula em Paris

  • Falso
Falso
Post mente ao afirmar que a ginasta Rebeca Andrade teria se recusado a tirar foto com o presidente Lula e a primeira-dama, Janja, sugerindo que a recusa teria acontecido na Olimpíada em Paris. Lula não foi ao evento e Janja não se encontrou com a campeã nos dias de Jogos. Além disso, a ginasta já tirou fotos com o casal em dezembro do ano passado, após os Jogos Pan-Americanos de Santiago.

Conteúdo investigado: Publicação com fotografia de ginasta segurando a bandeira do Brasil e texto dizendo “palmas para Rebeca Andrade que se recusou a tirar foto com Lula e Janja! Parabéns Rebeca Andrade”. O vídeo inclui uma trilha sonora de risada.

Onde foi publicado: TikTok e Instagram.

Conclusão do Comprova: É falso que a ginasta Rebeca Andrade tenha se recusado a tirar foto com o presidente Lula (PT) e a primeira-dama Janja da Silva, durante a Olimpíada de Paris, diferentemente do que induz a acreditar uma publicação divulgada por políticos em redes sociais. A atleta, inclusive, tirou foto com o casal após competir nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, no Chile, entre outubro e novembro de 2023.

Lula não esteve em Paris durante a Olimpíada, como mostra a agenda oficial do Presidente da República. Janja esteve na capital francesa entre os dias 25 e 29 de julho. A primeira-dama, no entanto, cumpriu agendas que não contaram com a presença de Rebeca.

O Comprova contatou a assessoria da ginasta, que afirmou não ter acontecido um encontro entre as duas. “Rebeca estava concentrada na Vila e saía apenas para as competições. Sobre eventos, Rebeca esteve apenas na semifinal do vôlei com outros atletas”, diz o comunicado.

Após a atleta conquistar a medalha de ouro no solo, Lula e Janja publicaram fotos com Rebeca. As imagens foram tiradas há cerca de oito meses, quando o presidente recebeu no Palácio do Planalto medalhistas brasileiros dos Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos de Santiago, em 2023.

| Foto: Divulgação / Palácio do Planalto.

| Foto: Divulgação / Palácio do Planalto.

Procurada, a assessoria da Presidência da República afirmou que não houve recusa por parte da Rebeca. Além disso, destacou o encontro da atleta com Lula no Palácio do Planalto e ressaltou que a história de vida da ginasta foi registrada em uma campanha divulgada pelo Governo Federal em dezembro de 2023.

“Claramente a informação é falsa. Não houve qualquer recusa da atleta em ser fotografada com o presidente. Importante informar que a ginasta teve a história pessoal registrada em uma das peças da campanha de fim de ano do governo federal, que foi ao ar em dezembro de 2023. Vale acrescentar que a atleta também se reuniu com o presidente Lula em dezembro passado, no Palácio do Planalto. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República repudia a divulgação de boatos falsos para fins políticos”, escreveu a assessoria.

O Comprova não encontrou publicações ou pronunciamentos de Rebeca a favor de nenhum político. Em novembro de 2022, a ginasta foi às redes sociais para se justificar sobre curtidas que havia dado em publicações contrárias ao presidente Lula. Ela afirmou que não viu os conteúdos dos posts e acabou curtindo “sem querer”.

“Pessoal, acabei de ver alguns comentários sobre postagens que eu curti no Instagram nas últimas semanas, e vim aqui explicar a situação. Prezo muito pelos meus princípios e pelo que acredito como mulher preta, mulher cidadã. Curti algumas postagens sem que tivesse sequer visto os conteúdos, como pode acontecer com todo mundo. Peço desculpas, sim, pela interpretação errada, pelo mal-estar que isso gerou, especialmente em um momento tão importante e feliz da minha vida. Tenham certeza de que foi um erro, curti as postagens sem ver o conteúdo. Obrigado pelo ‘puxão de orelhas’. Vou ficar muito mais atenta”, publicou.

O Comprova fez contato com o autor da postagem, que afirmou ter retirado a informação do X do deputado federal Ricardo Salles (PL). Contatamos, então, a assessoria do político, que não deu retorno até a publicação deste texto.

Na publicação no X, que teve mais de 193 mil visualizações, Salles afirma que Rebeca teria se recusado a tirar “foto promocional” com Janja e Lula.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 13 de agosto, a publicação no TikTok contava com mais de 61,7 mil visualizações, 8,9 mil curtidas e mais de 2 mil comentários. No Instagram, a publicação recebeu 387 curtidas e 64 comentários.

Fontes que consultamos: Agenda do Presidente da República, Secom (Secretaria de Comunicação Social) e assessoria de imprensa da primeira-dama, bem como as redes sociais de Janja e Lula, além de reportagens de veículos brasileiros e matérias do Planalto.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova verificou outras publicações envolvendo atletas olímpicos e políticos. Em uma delas, o projeto concluiu que um post engana ao afirmar que a judoca Bia Souza, medalhista de ouro em Paris, tirou foto com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em outra, a equipe verificou que Rebeca Andrade não utilizou uma música com homenagem a Bolsonaro durante uma de suas apresentações.

Política

Investigado por: 2024-08-09

Uso de imóveis subutilizados para fins sociais está previsto em lei federal; entenda

  • Contextualizando
Contextualizando
Publicação tira de contexto uma fala de Guilherme Boulos (Psol-SP), sobre a utilização de imóveis para fins sociais na cidade de São Paulo. A peça sugere que eleitores paulistas precisam tomar cuidado com a “ameaça” de Boulos. O uso de imóveis subutilizados para fins sociais está previsto na lei nº 10.257, o “Estatuto da Cidade”. Entenda o contexto.

Conteúdo analisado: Post reproduz manchete de site sobre declaração do candidato à Prefeitura de São Paulo Boulos do qual ele diz que “se eleito, poderá tomar imóveis para fim social”, feita durante sabatina realizada pela Folha/UOL, quando questionado sobre a ocupação de prédios do centro de São Paulo e acrescenta a frase “O cara já tá fazendo ameaças, imagina se ganhar”.

Onde foi publicado: TikTok.

Contextualizando Uma publicação no TikTok tira de contexto uma declaração de Guilherme Boulos (Psol), deputado federal e candidato à Prefeitura de São Paulo, durante a sabatina realizada pela Folha/UOL em 12 de julho de 2024, quando ele ainda era pré-candidato. A peça usa uma captura de tela do site Pleno News, que afirma que “Boulos diz que, se eleito, poderá tomar imóveis para fim social”. O autor da postagem no TikTok acrescenta, sobre a imagem, uma recomendação para que os eleitores paulistas “abram o olho” e sugere que Boulos “já está fazendo ameaças, imagina se ganhar”.

Durante a sessão, a jornalista Fabíola Cidral pergunta a Boulos se ele vai permitir a ocupação de prédios abandonados no centro de São Paulo. Isto porque o candidato foi coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que tem entre suas atividades a realização de ocupações.

Ele responde que: “A ocupação acontece porque a lei não é cumprida, eu vou cumprir a lei. Sabe o que diz a lei, em relação a prédio abandonado? O Estatuto da Cidade e lei federal, aprovada em 2001, Fabíola, diz que o imóvel subutilizado, ocioso, abandonado – muitos daqueles prédios no centro estão abandonados a 20, 30 anos, gerando insegurança para quem passa, gerando ali criminalidade, uso de drogas, insegurança para as mulheres, especialmente. A lei diz que se prédio está abandonado, tem que ser notificado. Não cumpriu função social, IPTU progressivo, a prefeitura pode tomar para fazer habitação de interesse social. É isso que nós vamos fazer em relação ao prédio abandonado. Aliás, uma parte desses prédios são públicos”. O trecho também é citado na reportagem que serviu de base para o conteúdo investigado.

Na sequência, o então pré-candidato diz que, caso ele seja eleito, essa política terá início com prédios públicos abandonados, pois não há burocracia para transformá-los em habitações de interesse social, como acontece com a desapropriação de imóveis privados.

Ele fundamenta sua afirmação citando o Imóvel da Gente, Programa de Democratização de Imóveis da União lançado em 2024 e coordenado pela Secretaria do Patrimônio da União do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (SPU/MGI).

“O programa visa a destinação estratégica de imóveis da União para as políticas públicas prioritárias, levando em conta a função social e ambiental, com diálogo federativo e com a sociedade, em benefício da população”, diz a matéria publicada no site do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. Na sabatina, Boulos explica que esses imóveis podem, ou não, virar moradia social.

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos explica que: “O Programa promove a destinação de imóveis da União para a administração pública e para a sociedade civil organizada. Podem acessar o Programa, órgãos federais, governos estaduais e distrital, prefeituras e organizações da sociedade civil”.

O decreto nº 11.929, que institui o programa, foi publicado no Diário Oficial da União no mesmo dia em que ocorreu o seu lançamento, em 26 de fevereiro de 2024 e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e da ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck.

O que diz a lei nº 10.257 de 2001

O Estatuto da Cidade, mencionado por Boulos, foi firmado e assinado pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Refere-se à lei que determina as diretrizes da política urbana, incluindo a regulamentação da propriedade em prol do bem coletivo.Também traz outros pontos importantes como os procedimentos para desenvolver o Plano Diretor e a gestão das cidades.

Dentre os assuntos tratados no Estatuto, está o controle do uso do solo por parte do Estado para evitar a “retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização” (Art 2. parágrafo VI.), tópico abordado pelo candidato.

Alguns dos instrumentos jurídicos e políticos incluídos no estatuto, a partir do Art. 4, parágrafo V, para estes casos são: o uso de desapropriação, concessão do direito de uso, concessão de uso especial para moradia, parcelamento, edificação ou utilização compulsórios e até mesmo IPTU progressivo ao tempo.

A partir disso, a seção IV, art. 8 (da desapropriação com pagamento em títulos), afirma que após “cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o Município poderá proceder à desapropriação do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública”.

Há também o direito de preempção, no qual o Estado tem preferência na aquisição de uma propriedade em alienação onerosa, ou seja, que o proprietário tenha interesse em transferir o título. Nesta aquisição, um dos usos possíveis para o Estado adquirir o imóvel é caso necessite executar algum programa ou projeto habitacional popular.

Quando Boulos cita “função social”, ele se refere ao preposto na lei de que a propriedade urbana deve atender as necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, justiça social e desenvolvimento de atividades econômicas.

Fontes consultadas: Consultamos a sabatina realizada pela Folha/UOL com os pré-candidatos de SP, transmitida no dia 12 de julho de 2024 e publicada no YouTube, onde a matéria utilizada no vídeo viralizado dizia ter sido feita a fala. Por meio da publicação conseguimos verificar a resposta completa do candidato Guilherme Boulos e checar a fonte e o discurso. Conferimos também na Constituição Federal, o Estatuto da Cidade, lei Nº 10.257, de 10 de julho de 2001 para verificar se o que ele afirmou estava de fato na legislação e por último buscamos a explicação oficial do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos no gov.br, sobre o Programa Imóvel da Gente, onde é anunciado e lançado em 26 de fevereiro de 2024 e o decreto nº 11.929 que institui o programa.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Estadão Verifica investigou que postagem de deputado engana ao associar ocupação em bairro nobre de São Paulo a Boulos e MST. O UOL Confere elucidou que é falso que Boulos tenha cobrado aluguel de moradores sem-teto. Conteúdos de desinformação envolvendo candidato já foram checados pelo Comprova, como uma postagem sobre post de Bolsonaro usa montagem com foto de Lula e Boulos em reportagem sobre presídios.

Política

Investigado por: 2024-08-08

Vídeo em que Celso Amorim abraça Maduro é falso e foi gerado por inteligência artificial

  • Falso
Falso
É falso um vídeo publicado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) que mostra um abraço entre Celso Amorim, assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, e Nicolás Maduro, com imagens distorcidas e uma trilha sonora romântica. O vídeo foi desmentido pelo governo federal e Amorim classificou o vídeo como "totalmente manipulado e falso", ressaltando que não tem relação com sua recente visita à Venezuela. O conteúdo foi feito com ferramentas de inteligência artificial, a partir de uma gravação real de quando Amorim visitou Maduro em março de 2023.

Conteúdo investigado: Vídeo manipulado que mostra um abraço entre Celso Amorim e Nicolás Maduro circula nas redes sociais. O vídeo foi compartilhado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), acompanhado de uma mensagem que questiona a legitimidade das eleições na Venezuela. No post, o parlamentar ironiza jornalistas que perguntariam a Amorim sobre a validade ou fraude das eleições no país.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: É falso um vídeo que mostra um abraço entre o assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, Celso Amorim, e o ditador venezuelano Nicolás Maduro. A gravação, manipulada por meio de Inteligência Artificial (IA), mostra diversas imagens distorcidas, incluindo um filtro de corações e uma música romântica ao fundo.

Alguns detalhes no vídeo indicam manipulação por Inteligência Artificial. Um exemplo é quando, durante o abraço mais próximo entre Celso Amorim e Nicolás Maduro, a barba de Amorim parece “afundar” no ombro de Maduro. Além disso, a frase e as estrelas da bandeira do Brasil ao fundo aparecem visivelmente distorcidas.

O Comprova utilizou o Deepware, ferramenta que analisa possíveis usos de IA para manipulação de vídeo, e obteve a conclusão de que o vídeo é suspeito. O Fato ou Fake, do G1, usou o mesmo programa, que indicou que o conteúdo é 60% falso, já que as imagens manipuladas por IA estão misturadas com trechos reais.

Além disso, a publicação foi desmentida pelo governo federal. Segundo nota divulgada por meio da Secretaria de Comunicação Social (Secom), o próprio Amorim apontou o vídeo como “totalmente manipulado e falso”, afirmando que a gravação é uma clara tentativa de desinformação. Amorim disse que o material também não tem relação alguma com sua viagem recente à Venezuela, para acompanhar as eleições presidenciais.

Um dia após publicar a imagem, Eduardo Bolsonaro publicou o vídeo original e caracterizou o anterior como “claramente editado” e “caricato”. Apesar disso, o deputado federal não apagou a gravação manipulada de suas redes sociais.

| (Foto: Reprodução / X)

Após a repercussão, a Advocacia-Geral da União (AGU) notificou as redes sociais para removerem o conteúdo manipulado de suas plataformas. O pedido destaca a gravidade da conduta por conta do efeito de confundir a população sobre a posição do Estado brasileiro a respeito das eleições na Venezuela.

O X classificou o vídeo como “mídia manipulada”, acrescentando uma nota de que não é permitido compartilhar mídia sintética, manipulada ou fora de contexto que possa enganar ou confundir pessoas e causar danos.

Encontro em 2023

A base do conteúdo enganoso é um vídeo de 2023. Celso Amorim e Nicolás Maduro se encontraram em março daquele ano e se cumprimentaram, mas não de forma tão afetuosa como exibe o vídeo manipulado (foto mais abaixo). O conteúdo enganoso sugere que o encontro teria ocorrido no contexto das discussões a respeito das eleições venezuelanas realizadas no último dia 28 de julho.

Celso Amorim realizou sua última visita à Venezuela em 26 de julho de 2024 para acompanhar o processo eleitoral que ocorreria dois dias depois. O objetivo era coletar impressões e relatos para ajudar o Palácio do Planalto a se posicionar após a divulgação dos resultados.

Seu primeiro encontro foi com o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil. A visita é considerada um protocolo diplomático, e, em razão de sua função no Brasil, é recomendável que Amorim busque o principal representante da diplomacia local ao chegar em outro país.

| Encontro de Celso Amorim e Nicolás Maduro em 2023. (Foto: Reprodução / @NicolasMaduro via X)

Notificação da AGU

A Advocacia-Geral da União (AGU) notificou as redes sociais X, Instagram e Facebook para removerem de suas plataformas o conteúdo manipulado. O pedido de remoção, segundo a AGU, fundamentou-se “na gravidade da conduta, já que tem o efeito de confundir a população sobre a posição do Estado brasileiro a respeito das eleições venezuelanas”. Caso não seja acatado o pedido, o órgão requereu que os vídeos sejam marcados com informação de que foram gerados por inteligência artificial.

Segundo a Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia (PNDD), além de enganoso e fraudulento, o vídeo configura como ato antijurídico, uma vez que viola o direito à informação, conforme previsto no artigo 5º, inciso XIV e 220, da Constituição Federal, e extrapolam os limites da liberdade de expressão, caracterizando como abuso de direito, conforme artigo 187 do Código Civil.

“A veiculação de vídeos ou imagens manipuladas pelo uso de inteligência artificial, criando cenas não condizentes com a realidade, retira da sociedade o direito fundamental à informação”, explica a coordenadora-geral de Defesa da Democracia da PNDD, Priscilla Rolim de Almeida. “A sociedade tem o direito de ser informada com base nos valores éticos e sociais, conforme garante a Constituição Federal, em seu artigo 221, inciso IV”, complementa.

O Comprova procurou a assessoria de imprensa do deputado Eduardo Bolsonaro, mas até a última atualização desta verificação não houve retorno.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 8 de agosto, o post tinha 557,1 mil visualizações, além de 9,4 mil curtidas e 2,7 mil compartilhamentos..

Fontes que consultamos: Procuramos por informações verificadas em portais de notícias, além de informações oficiais nos sites do governo federal e da AGU.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Outras iniciativas de checagem também verificaram o conteúdo, como o Fato ou Fake (g1), Aos Fatos, AFP e Crusoé. O Comprova também já atuou em outras publicações falsas relacionadas ao governo e à Venezuela. Uma delas foi uma montagem de uma publicação do ministro Fernando Haddad com elogios a Nicolás Maduro. Em outra, o projeto checou um print falso com uma suposta reportagem do G1 de que Lula teria dito que o país vizinho “não precisa de críticas”, mas de “financiamento e empréstimos”.

Eleições

Investigado por: 2024-08-08

É enganoso vídeo que sugere que Lula admitiu gastar R$ 300 bilhões para se eleger

  • Enganoso
Enganoso
Vídeo engana ao sugerir que Lula (PT) admitiu ter gasto R$ 300 bilhões em sua campanha para se eleger nas eleições presidenciais de 2022. Durante a entrevista em que menciona esse valor, o presidente, na verdade, estava se referindo ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e não a si mesmo. Na realidade, segundo o TSE, a campanha de Bolsonaro gastou R$ 89 milhões e a de Lula R$ 131 milhões.

Conteúdo investigado: Em vídeo, o blogueiro e youtuber Allan dos Santos afirma que Lula admitiu em uma entrevista ter gasto R$ 300 bilhões para se eleger em 2022. O autor do vídeo questiona a origem desse dinheiro, afirmando que não se trata de desinformação, manipulação ou uso de inteligência artificial. Ele ainda adicionou a legenda: “60 bilhões de dólares para ganhar as eleições?”. Além disso, o homem sugere que as eleições de 2022 não aconteceram de forma legítima.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Um vídeo publicado no TikTok engana ao afirmar que o presidente Lula (PT) admitiu, durante uma entrevista concedida à rádio Sociedade, em Salvador (BA), ter gastado R$ 300 bilhões para se eleger em 2022. Na gravação original (minuto 50:00), é possível verificar que ele estava, na verdade, se referindo ao seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), e não a si, ao mencionar a quantia gasta.

Também não é verdade que Bolsonaro tenha gastado esse valor durante a campanha eleitoral. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a campanha dele acumulou despesas de R$ 89.060.761,35. Lula, por outro lado, gastou R$ 131.313.037,45, de acordo com informações do órgão.

Lula não cita a fonte dos dados, mas o valor de R$ 300 bilhões que teriam sido gastos por Jair Bolsonaro já foi mencionado pelo Ministro da Fazenda Fernando Haddad em outras ocasiões. Segundo Haddad, este valor foi gasto pelo governo Bolsonaro no ano de 2022 em termos de renúncia de receita e aumento de despesa, consideradas as três esferas de governo (Lula também mencionou esse tipo de medida).

A entrevista foi realizada no dia 2 de julho de 2024. Durante a conversa, Lula abordou vários temas, incluindo seu carinho pela Bahia, seus mandatos anteriores e o desenvolvimento da região. Ele também discutiu a alta especulativa do dólar, fez críticas ao presidente do Banco Central e comentou sobre a reforma tributária, especialmente no que diz respeito ao imposto sobre a carne.

Na fala em que menciona o valor de R$ 300 bilhões, o presidente responde a uma pergunta da entrevistadora Silvana Oliveira sobre como via o crescimento dos candidatos de direita e se tinha receio de sofrer etarismo como Joe Biden, presidente dos Estados Unidos.

Durante sua resposta, Lula afirmou que decidiu disputar as eleições em 2022 por acreditar que sua candidatura era “a única chance de derrotar o fascismo”. Em seguida, Lula faz uma referência a Jair Bolsonaro, indicando que o adversário gastou essa quantia em campanha.

O presidente afirma: “Silvana, você sabe quanto de recurso foi colocado nos últimos dois anos pra tentar ganhar as eleições? O equivalente a 60 bilhões de dólares. Eu vou traduzir em reais: 300 bilhões de reais, pra tentar fazer ele não perder as eleições, comprando voto, dando dinheiro pra taxista, pra motorista, distribuindo dinheiro para todo mundo, fazendo isenção, fazendo desoneração. Perdeu. Perdeu as eleições, e eu vou contar uma coisa pra você: não volta mais, porque esse povo vai ter que aprender a gostar da democracia, vai ter que aprender a viver de forma civilizada, de forma educada, um respeitar o outro.”

O Comprova tentou contato com a Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal em busca da fonte da alegação de Lula, mas não houve retorno até a publicação desta checagem. Também houve tentativa de contato com o autor do post enganoso, mas não tivemos retorno. Contatamos ainda a defesa de Allan dos Santos, o homem que aparece no vídeo investigado, mas não conseguimos contato com o próprio Allan dos Santos para obter um posicionamento.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 7 de agosto, a publicação no TikTok tinha 201 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Assistimos à entrevista do presidente à rádio Sociedade na íntegra. Também procuramos a fonte dos dados do valor gasto nas campanhas eleitorais de 2022, a Secom e o responsável pela publicação investigada.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Esta mesma peça de desinformação foi checada por outras agências, como Reuters, Lupa, Estadão Verifica e Boatos.org. O Comprova já checou vários conteúdos que manipulam discursos do presidente, e verificou ser falso que Lula tenha sido vaiado em evento e enganoso vídeo em que ele teria afirmado que universidades são para ricos.

 

Esta verificação contou com a colaboração de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

Política

Investigado por: 2024-08-07

Trilha sonora de Rebeca Andrade em Paris não faz homenagem a ex-presidente

  • Enganoso
Enganoso
Postagem engana ao afirmar que música utilizada pela ginasta Rebeca Andrade na Olimpíada de Paris faz menção ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na verdade, a atleta utilizou “Baile de Favela”, de Mc João, “Movimento da Sanfoninha”, de Anitta e “End of Time”, de Beyoncé, durante a apresentação. Além disso, o vídeo engana ao mostrar trechos da participação da ginasta na Olimpíada de Tóquio, em 2021, em vez de Paris.

Conteúdo investigado: Post em vídeo afirma que a ginasta olímpica Rebeca Andrade utilizou “música bolsonarista” como trilha sonora de apresentação em Paris. “Ao som de música bolsonarista Rebeca Andrade leva prata” e “Imagina Globo transmitindo isso” aparecem na legenda, enquanto a responsável pela publicação fala sobre a transmissão dos jogos pela TV Globo e pela CazéTv.

Onde foi publicado: Tik Tok.

Conclusão do Comprova: Não é verdade que Rebeca Andrade utilizou “música bolsonarista” durante a sua apresentação na final de solo da Olimpíada de Paris em 2024, como alega um vídeo que circula nas redes sociais. A ginasta performou ao som de uma junção das músicas “Baile de Favela”, de Mc João, “Movimento da Sanfoninha”, de Anitta, e “End of Time”, de Beyoncé. Nenhuma dessas músicas está relacionada a ideologias de extrema-direita ou bolsonaristas.

A autora do vídeo investigado fez a relação política com a apresentação por conta de uma paródia de “Baile de Favela” feita em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e com críticas a políticos de esquerda, ao feminismo e ao filósofo Paulo Freire. A versão, de Tales Volpi, conhecido como MC Reaça, foi feita em 2018 e chegou a ser compartilhada em abril do mesmo ano por Flávio Bolsonaro (PL), mas foi removida do YouTube por violar a política contra discurso de ódio na plataforma.

A paródia, publicada em 2020 por um canal não-oficial, conta com 20 milhões de visualizações. Já a música original, creditada por Rebeca, foi lançada em 2015 e alcançou 249 milhões, se tornando um dos funks brasileiros com maior repercussão internacional. Em sua letra, MC João exalta festas que acontecem em comunidades de São Paulo.

Apesar de Rebeca ter usado “Baile de Favela” como parte da trilha sonora da prova de solo em Paris 2024, o trecho da apresentação da ginasta utilizado no vídeo investigado é, na verdade, da prova disputada na categoria individual geral durante a Olimpíada de Tóquio, em 2021. Em nenhum momento do vídeo a paródia de Tales Volpi é tocada.

Ainda em 2021, postagens falsas na internet afirmavam que a paródia tinha sido escolhida como trilha sonora da atleta. Na época, o Comprova verificou a informação e procurou o coreógrafo de Rebeca, Rhony Ferreira. Ele negou a politização da apresentação. “É um absurdo isso que as pessoas ficam falando, não tem nada a ver com Bolsonaro”, disse Ferreira. Em 2021, o responsável pelas relações públicas da atleta, Felipe Paulino, respondeu ao Comprova por e-mail que a música e a série de solo de Rebeca “fazem referência unicamente à cultura do funk brasileiro”.

Em 2024, após Rebeca conquistar a medalha de ouro em Paris, o diretor esportivo da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) Henrique Motta também negou a politização em entrevista à CNN. Segundo ele, “a escolha da trilha sonora é feita de acordo com a indicação da ginasta, do gosto dela, do que ela gostaria de fazer, e também uma harmonia com a comissão técnica”.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 6 de agosto, o vídeo publicado tinha 1,6 milhão de visualizações e mais de 92 mil curtidas.

Fontes que consultamos: Buscamos por entrevistas com membros da Confederação Brasileira de Ginástica feitas por outros veículos e também pelo Comprova em 2021.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já checou outra peça de desinformação sobre a trilha sonora de Rebeca Andrade nas Olimpíadas de Tóquio. Em Paris, o Comprova verificou que a judoca Bia Souza não é mulher que aparece em foto com Bolsonaro e que Rayssa Leal não dedicou medalha olímpica a Bolsonaro.

 

Esta verificação contou com a colaboração de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

Comprova Explica

Investigado por: 2024-08-07

Medalha recebida na Olimpíada está livre de imposto, e prêmio em dinheiro não será mais tributado

  • Comprova Explica
Comprova Explica
Não há cobrança de impostos sobre as medalhas recebidas por atletas brasileiros nas Olimpíadas de Paris devido a uma legislação federal que vigora desde 2007. Até a publicação original deste texto, em 7 de agosto, as premiações em dinheiro eram tributadas, mas, em 8 de agosto, foi publicada no Diário Oficial da União uma medida provisória isentando os prêmios de imposto.

Conteúdo analisado: Posts afirmando que o governo federal impõe tributos sobre as medalhas recebidas pelos atletas brasileiros na Olimpíada de Paris. Um deles fala em “imposto sobre medalha”.

Comprova Explica: (No dia seguinte à publicação deste texto, uma medida provisória assinada pelo presidente Lula isentando os atletas de pagar imposto sobre prêmios em dinheiro oferecidos pelo Comitê Olímpico do Brasil em Jogos Olímpicos e Paralímpicos a partir de 24 de julho deste ano foi publicada no Diário Oficial da União)

Os atletas brasileiros na Olimpíada de Paris já ganharam, até a publicação deste texto, 14 medalhas – duas de ouro, cinco de prata e sete de bronze. Como em edições anteriores, quem sobe ao pódio recebe um prêmio em dinheiro também, oferecido pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB). A premiação mais alta é o ouro, que, na categoria individual, dá R$ 350 mil para o campeão. Até agora, os prêmios do COB já somaram R$ 3,01 milhões.

Com a informação das medalhas e dos prêmios em dinheiro circulando, surgiram nas redes sociais posts dizendo que haveria um “imposto sobre medalha”, o que é mentira. Contra conteúdos de desinformação como este, a seção Comprova Explica traz detalhes sobre as premiações.

Embora o recebimento do valor esteja ligado à medalha, por ser dado apenas a quem a ganha, ele é um prêmio separado. E, até a MP ser publicada, ele era tributado; as medalhas já eram isentas, como informou a Receita Federal em nota publicada em 5 de agosto. O órgão diz “que entrar no país com a medalha olímpica é um processo rápido e fácil, sem burocracia”.

As medalhas foram criadas pela joalheria francesa Chaumet e levam pedaços de ferro da Torre Eiffel retirados nos últimos anos em obras realizadas no monumento. Elas são oferecidas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Segundo a Receita, a isenção sobre a medalha está estabelecida na lei 11.488, de 2007.

A premiação em dinheiro, que era tributada até esta quinta, passou a ter isenção. O texto da MP inclui entre os rendimentos isentos de IR “o prêmio em dinheiro pago pelo Comitê Olímpico Brasileiro ou pelo Comitê Paralímpico Brasileiro ao atleta ou paratleta em razão da conquista de medalha em Jogos Olímpicos ou Paralímpicos, a partir de 24 de julho de 2024”.

Diferentemente do que sugerem peças de desinformação nas redes sociais, a lei nº 7.713, que define as regras de tributação do Imposto de Renda, não foi criada pelo governo Lula (PT); ela vale desde 1988. 

Até a nova MP, como COB havia afirmado à reportagem, o pagamento estava “sujeito à tributação de imposto de renda conforme estabelecido por lei federal”. Para atletas que vivem no Brasil, “a alíquota a ser considerada é a máxima, de 27,5%”.

A seguir, você confere os valores oferecidos pelo COB nesta edição da Olimpíada para os atletas que sobem no pódio agora em 2024 e os respectivos impostos que eles teriam de pagar de imposto antes da isenção. Os valores são divididos em três categorias.

 

Como o COB informa em seu site, nas categorias grupo e coletiva, “o valor será dividido entre os medalhistas de maneira igualitária, independentemente de serem titulares ou reservas”. Ainda segundo a entidade, os valores estão 40% mais altos do que os praticados nas Olimpíadas de Tóquio, em 2020, quando foram pagos R$ 5,2 milhões aos medalhistas. As premiações atuais são maiores do que as pagas por países como Estados Unidos, Alemanha e Canadá, segundo o jornal USA Today.

Recordista brasileira em número de medalhas olímpicas, a ginasta Rebeca Andrade deve receber R$ 826 mil do COB – R$ 350 mil pelo ouro, R$ 210 mil por cada uma das duas pratas e R$ 56 mil pelo bronze em equipe (eram cinco ginastas). Do valor total, R$ 227.150 deveriam ser pagos em impostos se a MP não tivesse sido publicada.

Para virar lei, a medida assinada por Lula precisa ser aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal.

Fontes consultadas: Buscamos informações em reportagens e nos sites de instituições como COI, COB e Receita Federal. Estes dois últimos órgãos foram procurados pelo Comprova por e-mail.

Por que o Comprova explicou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está gerando muitas dúvidas e desinformação, o Comprova Explica. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Comprova já verificou outras publicações sobre a Olimpíada de Paris e comprovou ser falsa a alegação de que a judoca Bia Souza e a skatista Rayssa Leal teriam dedicado suas medalhas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). E classificou como enganosa a afirmação de que o Ministério dos Esportes seria o responsável pelos uniformes dos atletas nos Jogos. O tema dos impostos recebe muita atenção devido à discussão no Congresso Nacional sobre a reforma tributária, que tem sido assunto de checagens do Comprova.

Contextualizando

Investigado por: 2024-08-07

Documentos de órgão ligado ao governo alemão não apontam que pandemia foi “fraude”

  • Contextualizando
Contextualizando
Publicações nas redes sociais usam artigo do site suíço Die Weltwoche para distorcer atas vazadas do Instituto Robert Koch (RKI), órgão oficial de saúde da Alemanha, e alegar que a pandemia foi uma “fraude”. Os documentos revelam discussões internas sobre a comunicação e gestão da pandemia de covid-19 na Alemanha entre 2021 e 2024. Entenda o contexto.

Conteúdo analisado: Postagens alegam que protocolos do órgão oficial de saúde da Alemanha negam a pandemia. Uma publicação no X, com o título “Artigo publicado no jornal suíço ‘Weltwoche’” alega no texto que “O quadro é chocante. Fica claro: Não foi ‘a ciência’ que aconselhou os políticos, mas os políticos que deram instruções aos cientistas. E juntos eles enganaram o público”.

Onde foi publicado: X.

Contextualizando: Um recente vazamento de documentos do Instituto Robert Koch (RKI), órgão público alemão que esteve na linha de frente durante a pandemia de covid-19, tem repercutido entre comunicadores na Alemanha. Os chamados “Protocolos RKI” divulgam atas de reuniões do órgão e e-mails do período de 2021 a 2024. Nas mensagens, os responsáveis discutem ações de saúde e estratégias de comunicação, mas não chegam a insinuar que a pandemia foi uma “fraude”, ao contrário do que afirma o post.

Órgão público que figura entre os mais importantes na área de saúde pública na Alemanha, o RKI teve arquivos vazados em 22 de julho por um grupo liderado pela jornalista Aya Velázquez. Anteriormente, o próprio órgão havia disponibilizado as atas de janeiro de 2020 a abril de 2021 (em alemão), divulgadas em 30 de maio após um pedido via Lei da Liberdade de Informação (IFG). Na época, o órgão disse que divulgaria os registros restantes “após análise adequada e participação de terceiros”.

Os novos documentos abrangem o período de 2020 a 2023, que ainda não estavam disponíveis no site do RKI. Segundo Aya Velázquez, os documentos foram obtidos por meio de um ex-funcionário do Instituto. O primeiro vazamento dos Protocolos RKI, ou RKI Files, como ficaram conhecidos, reuniu todas as atas de reuniões em arquivo de mais de 10GB disponibilizado livremente. Dias depois, veio a nova fase, o que a jornalista chamou de “vazamento dentro de um vazamento”. O novo conjunto de dados compreende e-mails enviados pelo órgão e até correspondências internacionais.

O jornal Die Weltwoche, que tem versões alemã e suíça, utilizou o vazamento para acusar o governo de “criar” a pandemia. O veículo publicou um artigo escrito por Philipp Gut e intitulado “Protocolos não editados do RKI: Não houve “pandemia dos não vacinados”. Não houve pandemia alguma. O governo federal deu instruções à “ciência” – e juntos eles enganaram o público”, que foi amplamente compartilhado no X.

O veículo em questão é um periódico alinhado à direita comandado pelo político conservador suíço Roger Köppel, editor-chefe e acionista majoritário. Durante a pandemia, o Die Weltwoche, chegou a questionar a eficácia das vacinas e a apoiar políticos que criticaram abertamente a atuação das autoridades de saúde, como o ex-presidente Donald Trump.

Uma das acusações feitas pelo Die Weltwoche ao governo após o vazamento dos protocolos é de que os órgãos da Alemanha teriam causado pânico na população sobre uma suposta “pandemia de não vacinados”. O termo aparece na ata de uma reunião feita em 5 de novembro de 2021.

No trecho em questão, os presentes discutem estratégias de comunicação. “A mídia está falando de uma pandemia dos não vacinados. Do ponto de vista técnico, isso não é correto, toda a população contribui. Isso deve ser abordado na comunicação?”, diz no documento. O texto também afirma que o termo pandemia de não vacinados (em alemão) estaria sendo usado por um ministro do país, por isso, não era algo fácil de ser corrigido. Em seguida, a comunicação discute estratégias para incentivar a vacinação.

O ministro citado no documento é o ex-ministro federal da Saúde, Jens Spahn (em alemão). Após a divulgação dos Protocolos RKI, ele falou a respeito da “pandemia de não vacinados” para a ZDF (em alemão), emissora pública de televisão da Alemanha. “O que eu quis dizer com isso é que naquela época, nas unidades de terapia intensiva, víamos principalmente pessoas sem vacinação que apresentavam casos graves e extremamente graves”, argumentou. Segundo ele, essa situação ameaçava sobrecarregar o sistema de saúde.

Pouco antes, em 29 de outubro de 2021, a ata afirma que o “ministro (Jens Spahn) recomendou a todos a dose de reforço e a vacinação dupla de recuperados”, mas ainda não há dados do FG33 e da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o segundo. O RKI destaca ainda que não havia feito recomendações nesse sentido pelo Comitê Permanente de Vacinação (STIKO). Em seguida, aparece a pergunta “O que realmente traz benefício adicional?”

Não há nas recomendações oficiais ou relatórios semanais de 2021 do RKI menção às recomendações feitas pelo ministro.

Em 23 de julho, o RKI emitiu um posicionamento em que critica o vazamento. “O RKI desaprova expressamente na medida em que dados pessoais e segredos comerciais e de empresas de terceiros sejam publicados ilegalmente nestes conjuntos de dados e, em particular, os direitos de terceiros sejam violados”, escreveu. O órgão afirmou que não verificou os dados vazados e destacou que ainda vai publicar as atas de maio de 2021 a julho de 2023 após revisão, mesmo após o RKI Files

Fontes consultadas: Consultamos veículos alemães para saber mais sobre os Protocolos RKI e procuramos atas e informações do próprio Instituto. As notícias nos levaram até a origem desses documentos, publicados pela jornalista independente Aya Velazquéz em 22 de julho. Uma busca pelas contas oficiais de Velazquéz nos permitiu ter acesso aos arquivos disponibilizado, onde foi feita uma busca pelos trechos utilizados para criticar o órgão.

Também buscamos o pronunciamento oficial do órgão e das figuras envolvidas.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: Em março, o RKI Files também gerou uma onda de acusações e conteúdos enganosos, como foi mostrado pelo Tagesschau (em alemão). Em abril, o Comprova publicou texto em que explica que o órgão de saúde alemão não determinou que lockdown era prejudicial, nem que covid matava igual à gripe. Em maio, a Folha de S.Paulo publicou reportagem mostrando que era falso que governo da Alemanha tenha considerado a pandemia uma fraude.

 

Este Contextualizando contou com a colaboração de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

Eleições

Investigado por: 2024-08-06

Vídeo mostra site falso para alegar que mortos teriam votado nas eleições de 2022

  • Falso
Falso
É falso que votos de eleitores falecidos tenham sido registrados em favor do candidato Luís Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022. De acordo com o TSE, é impossível consultar o voto de qualquer eleitor e o site citado em publicação é fraudulento.

Conteúdo investigado: Post com legenda perguntando o que o Supremo Tribunal Federal fará com conteúdo de vídeo em que mulher pede esclarecimento após ter visto, em consulta ao site “Veja Seu Voto”, que foram computados votos para Lula em nome de familiares que já morreram. E que o voto dela, que teria sido em Jair Bolsonaro, não foi registrado.

Onde foi publicado: X, Facebook e WhatsApp.

Conclusão do Comprova: Circula nas redes sociais um post que pergunta o que o Supremo Tribunal Federal (STF) fará sobre um vídeo no qual uma mulher diz que votos de três pessoas falecidas da sua família foram computados para o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022, no município de Camaçari (BA). Ela mostra certidões de óbito e documentos impressos de um site chamado “Veja seu Voto”. Vídeos citando o mesmo site e com afirmações semelhantes — de que Bolsonaro teria sido prejudicado e, Lula, beneficiado — circulam pelo menos desde 2022. Esses conteúdos são falsos, uma vez que o voto é secreto e não pode ser encontrado em qualquer site ou portal.

A mulher do vídeo, identificada como Marlene, alegou que seus sogros e sua mãe, todos falecidos, “ressuscitaram” para votar em Lula. Ela também afirmou que o seu próprio voto em Jair Bolsonaro não foi computado. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desmentiu essa informação, confirmando que Marlene votou nas eleições de 2022 e que seu título de eleitor está regular. O órgão atestou que os títulos eleitorais dos mencionados no vídeo foram cancelados. Essas pessoas, falecidas em 2011 e 2016, não votaram nas últimas eleições presidenciais. Os seus nomes não constam nos cadernos de votação ou nas urnas eletrônicas.

O Tribunal também reafirmou que o voto é secreto, não sendo possível acessar a opção escolhida por cada eleitor em nenhum meio. “Como os votos são gravados de forma embaralhada em um arquivo chamado Registro Digital do Voto (RDV), nem a própria Justiça Eleitoral detém essa informação porque não há como associar o nome da pessoa ao número digitado ou à candidatura escolhida pelo eleitorado”, explicou o órgão.

O site “Veja seu voto” prometia revelar em quem os eleitores votaram inserindo o número do CPF. No entanto, o TSE destacou que, enquanto estava ativo, o site retornava um suposto voto independente do número que fosse colocado na barra de pesquisa, mesmo que não fosse um CPF válido.

Em abril de 2023, durante verificação de um conteúdo enganoso relacionado ao mesmo site, Marcos Simplício, professor e pesquisador no Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores (LARC-USP), na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, destacou ao Comprova que não há possibilidade do site ter acesso às informações dos votos.

“O Boletim de Urna mostra a apuração de votos totais de cada urna, não existem informações sobre em quem determinado eleitor votou. O RDV armazena cada um dos votos individuais, mas ele não está associado ao eleitor, nem sequer a ordem que os votos foram lançados, pois eles são gravados de maneira aleatória. Já o log não tem o nome das pessoas que votaram, só o instante em que começou o voto. Ele compreende o momento de início e término do voto, mas não informa em quem o eleitor votou, dá para saber o instante de tempo que foi confirmado para governador e presidente, por exemplo, mas não é possível saber qual foi o candidato escolhido”, explicou Simplício.

De acordo com investigação do Estadão Verifica, o site foi registrado no dia 8 de dezembro de 2022 e ficou quatro dias no ar, até cair no dia 12. O endereço voltou a ficar disponível no dia seguinte, mas, no momento, está inativo.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Tome cuidado com sites desconhecidos que pedem seus dados pessoais em troca de informações ou outros benefícios.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Neste caso, o conteúdo foi investigado pois uma busca no X pelo texto que acompanha a postagem retornava dezenas de resultados idênticos, um forte indício de que se tratava de uma operação organizada de desinformação, possivelmente com a utilização de robôs.

Fontes que consultamos: Tribunal Superior Eleitoral.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já verificou outros conteúdos relacionados ao site Veja seu voto. Em março deste ano, o projeto concluiu ser falso um vídeo em que um homem afirma que o pai dele, morto em 2000, teria votado em Lula nas eleições de 2022. Em outra verificação, publicada em abril, foi classificada como enganosa uma publicação que mostra uma mulher afirmando que seu marido teria votado nas eleições de 2022 mesmo estando morto. O projeto “Fato ou Fake”, do G1, também verificou que o site apresentava informações falsas e trazia risco à segurança do visitante.

Outros dois veículos analisaram o vídeo sobre os três falecidos que teriam votado em Camaçari. São eles: Estadão e UOL.

 

Esta verificação contou com a colaboração de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

Política

Investigado por: 2024-08-05

Bia Souza dedicou medalha à avó e não a ex-presidente como afirma post

  • Falso
Falso
É falso post que afirma que a judoca Beatriz Souza tenha dedicado medalha olímpica a Jair Bolsonaro (PL). O Comprova não encontrou qualquer declaração da atleta que faça referência ao ex-presidente e a imagem usada na publicação é de 2020. A brasileira, na verdade, dedicou sua medalha de ouro para a avó, que faleceu há dois meses.

Conteúdo investigado: Publicação que utiliza print de fotografia postada no Instagram da judoca Beatriz Souza com farda do Exército e fuzil, com legenda que atribui à atleta a fala: “Eu dedico esta medalha de ouro para o nosso capitão Bolsonaro”. O conteúdo foi replicado em vídeo no TikTok com a mesma imagem e texto.

Onde foi publicado: X e TikTok.

Conclusão do Comprova: Publicação mente ao afirmar que a judoca Beatriz Souza teria dedicado medalha de ouro conquistada na Olimpíada de Paris ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os posts utilizam foto da atleta, que é terceiro-sargento do Exército, com uniforme militar e fuzil, e legenda em que ela declararia apoio ao político. No entanto, o Comprova não encontrou qualquer declaração pública partidária feita pela brasileira.

A foto utilizada para desinformar foi publicada originalmente no dia 25 de agosto de 2020 no perfil oficial de Bia no Instagram. Na legenda, ela comemora o Dia do Soldado do Exército Brasileiro. A atleta frequentemente compartilha nas redes sociais a rotina de trabalho nas Forças Armadas.

Beatriz é uma dos 31 atletas do Exército que integram a equipe olímpica nacional, sendo grande parte deles temporários que ingressaram na Força pelo Programa Atletas de Alto Rendimento. Além de não haver qualquer registro de que a campeã olímpica tenha dedicado sua medalha a Bolsonaro, a atleta dedicou a vitória para a sua avó, que morreu há dois meses.

Bia fez essa dedicatória logo após a conquista, em entrevista ao SporTV. “Deu certo, mãe. Pai, eu consegui. Sim, eu consegui, eu consegui. Foi pela vó. É pra vó, mãe”, disse a brasileira, aos prantos.

Em entrevista à repórter Day Natale, da CazéTV, ela agradeceu aos pais pela conquista. “Quando eu falei que iria para São Paulo atrás desse sonho, [eles] foram os primeiros que me apoiaram e acreditaram em mim, então, obrigada. Obrigada por terem me colocado no mundo e obrigada por nunca terem soltado minha mão, em nenhum instante.”

Além do ouro de Bia Souza na categoria +78kg, o Brasil conquistou o bronze na competição por equipes mista de judô em Paris. Em entrevista ao SporTV logo após a premiação, nenhum atleta do judô brasileiro dedicou publicamente a medalha a qualquer político ou personalidade. Também não há dedicatórias do tipo nos perfis oficiais do Instagram dos atletas.

O Comprova entrou em contato com o responsável pela postagem no X para questionar a fonte da informação e a intenção do conteúdo. Em resposta, ele afirmou se tratar de uma piada, sem qualquer intenção. Também tentamos contato com o responsável pela publicação no TikTok, mas as configurações do seu perfil na rede não permitem o envio de mensagens de desconhecidos.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 5 de agosto, a publicação no X somava mais de 1 milhão de visualizações, 19 mil curtidas e 972 compartilhamentos. Já o vídeo do TikTok somava mais de 28,4 mil visualizações, 2,2 mil curtidas e 132 compartilhamentos.

Fontes que consultamos: Redes sociais e entrevistas da atleta, bem como de toda a equipe brasileira de judô.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já checou outras peças de desinformação sobre a Olimpíada de Paris, inclusive uma publicação que afirmou que Bia Souza teria tirado foto ao lado de Bolsonaro, e outra que dizendo que a skatista Rayssa Leal teria dedicado medalha ao ex-presidente.