O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 41 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
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Eleições

Investigado por: 2022-06-03

Post usa áudio com imitação de Lula para confundir sobre acusações de corrupção

  • Falso
Falso
Uma montagem falsa em vídeo mostra trecho de uma entrevista com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um depoimento em que o ex-ministro Antonio Palocci diz que Lula recebeu dinheiro e imóveis para sua "aposentadoria" e, por último, um áudio em que o ex-presidente supostamente estaria irritado com as declarações de Palocci no Jornal Nacional. Os dois vídeos estão fora de contexto e o áudio já foi verificado como falso no passado. O texto que acompanha a montagem também diz que "não adiantou o TSE apagar o vídeo", mas não há registro de que o tribunal tenha emitido decisões sobre o conteúdo do vídeo.

Conteúdo investigado: Postagem no Twitter reúne três conteúdos sobre o ex-presidente Lula. No primeiro momento, aparece o político perguntando sobre o que teria “roubado”. Depois, há um vídeo da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci Filho citando um suposto envolvimento de Lula em crimes de corrupção. Por último, o vídeo inclui uma gravação que atribui a Lula, com o que pode ser interpretado como uma sugestão ao assassinato de Palocci.

Onde foi publicado: Twitter.

Conclusão do Comprova: É falsa uma montagem de vídeos e áudios que circula no Twitter em que o ex-presidente Lula supostamente ameaça o ex-ministro Antonio Palocci. O áudio aparece na montagem após vídeos que mostram uma entrevista com Lula e um depoimento de Palocci no qual ele acusa o ex-presidente de receber dinheiro e imóveis para sua “aposentadoria”.

O vídeo, além de utilizar um áudio falso, retira de contexto outros conteúdos para induzir a uma interpretação enganosa sobre acusações ao ex-presidente Lula sem mencionar o desfecho das denúncias realizadas, que já foram arquivadas pela Justiça ou tiveram a condenação anulada. Em um dos processos, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu excluir o depoimento de Palocci dos autos.

Para o Comprova, Falso é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. Até a tarde do dia 3 de junho, a postagem no Twitter tinha 8,907 retweets e 13,4 mil curtidas.

O que diz o autor da publicação: O Comprova entrou em contato com o autor da publicação por meio do Instagram, mas não houve resposta até a publicação desta checagem.

Como verificamos: Usamos palavras-chaves ditas em cada uma das partes do vídeo para verificar a originalidade das imagens. Pesquisando a frase “Diga, diga o que que eu roubei?”, relatada por Lula no início, fomos direcionados à entrevista do ex-presidente ao podcast Podpah, em que ele pronuncia os termos no minuto 1:23:40.

A segunda parte do vídeo mostra o ex-ministro Antonio Palocci Filho durante a sua delação premiada à Polícia Federal, em 2018, quando era acusado por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato. Utilizando a expressão “Recebeu seu sítio, que foi feito combinado para o seu uso“, dita pelo ex-ministro, encontramos um texto do jornal O Globo, que reproduz o vídeo original. Outras matérias jornalísticas com as imagens também foram achadas.

Por último, para verificar o áudio atribuído a Lula, procuramos as palavras-chaves “Lula”, “Palocci” e “Áudio” no Google. Outras checagens já foram feitas sobre o conteúdo (Fato ou Fake, Estadão Verifica, Aos Fatos) em 2017 e em 2019, quando o áudio voltou a circular. Além disso, fizemos uma pesquisa por gravações de Lula que foram divulgadas oficialmente pela Operação Lava Jato com autorização da Justiça.

Para esclarecer questões sobre a postagem, o Comprova entrou em contato com o Instituto Lula, Partido dos Trabalhadores (PT), Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e com a Polícia Federal.

Entrevista ao podcast

A resposta do ex-presidente foi dada durante uma entrevista ao podcast Podpah, quando o ex-presidente se referia ao juiz Sergio Moro e às condenações na Lava Jato que foram anuladas. Ao ser perguntado (1:20:20) sobre a possibilidade de evitar sua prisão em 2018, Lula comenta que jamais imaginou que sofreria acusações de corrupção, mesmo “essa gente, esses bandidos sabendo que não tinha feito”.

Relatou que poderia ter saído do país, mas tomou a decisão que tinha que ir para a prisão da Polícia Federal para provar que “Moro era mentiroso, que a força-tarefa de Curitiba era uma quadrilha”.

“Tô até hoje perguntando para esse Moro: “Diga, diga o que que eu roubei?”. A sentença que ele deu para mim, sabe qual foi o crime que eu cometi? Fato indeterminado. Eu fui condenado por um fato indeterminado”, afirmou o político.

Depoimento de Palocci

Antonio Palocci Filho foi ministro da Fazenda no primeiro mandato de Lula. Com a 35ª fase da Operação Lava Jato, em 2016, o ex-ministro foi preso e foi condenado a 12 anos de prisão, em junho de 2017, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Entretanto, a execução da pena foi suspensa em 2021 porque, segundo parecer do Superior Tribunal de Justiça (STJ), as condenações da operação realizadas em Curitiba deveriam ser anuladas e o processo ser enviado para a Justiça Eleitoral (G1; Veja; Poder360).

O vídeo de Palocci mostrado na postagem é do depoimento realizado através de sua delação premiada, que foi assinada com a Polícia Federal e homologada pelo ministro do STF Edson Fachin. As falas foram compartilhadas por veículos de imprensa, como o jornal O Globo e o canal televisivo da Record News, em outubro de 2019.

Nele, o ex-ministro apresenta detalhes do que seria um enriquecimento ilícito de Lula por meio do pagamento de propinas de empreiteiras, sobretudo da Odebrecht. Antonio Palocci menciona as denúncias relativas ao sítio de Atibaia, ao triplex do Guarujá e ao apartamento em São Bernardo do Campo. Além disso, Palocci cita que o ex-presidente teria recebido dinheiro em espécie por meio de propinas pagas por construtoras envolvidas na Operação Lava Jato.

Em nota, o Partido dos Trabalhadores classificou as falas como mentirosas e “que ficam ainda mais evidentes os crimes e armações dos procuradores e do ex-juiz Moro contra Lula e o PT”. O texto ainda afirmou que “a farsa foi denunciada nos autos, comprovada pelas mensagens dos procuradores e confessada em detalhes pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot”. O Comprova entrou em contato com a Polícia Federal para esclarecer questões sobre o vídeo da delação, mas o órgão informou que não presta informações acerca de eventuais envolvidos em suas atividades.

Em agosto de 2020, a 2ª turma do STF decidiu retirar o depoimento de Palocci da ação que investigava a doação de imóveis em São Bernardo do Campo, São Paulo, a Lula. As propriedades, segundo Palocci, seriam uma forma da Odebrecht compensar contratações irregulares da Petrobras.

Segundo Ricardo Lewandowski, a ordem do juiz Sergio Moro de suspender o sigilo da delação de Palocci às vésperas da eleição de 2018 teve quebra da imparcialidade. Gilmar Mendes afirmou que a demora em juntar o acordo de delação premiada aos autos da ação penal “parece ter sido cuidadosamente planejada” para gerar “verdadeiro fato político na semana que antecedia o primeiro turno das eleições presidenciais de 2018″.

Em relação ao sítio de Atibaia, em São Paulo, Lula foi acusado de receber R$ 1,26 milhão das empreiteiras OAS e Odebrecht. A origem do dinheiro teria sido disfarçada através de obras na residência. Em 2019, o Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-4) condenou o ex-presidente a 17 anos pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, mas a sentença foi anulada pelo STF por entender que o juiz Sergio Moro, responsável pelo caso, foi parcial na condução do processo.

O processo foi transferido para a Justiça do Distrito Federal. Em agosto de 2021, a 12ª Vara da Justiça Federal em Brasília rejeitou a denúncia contra Lula por considerar que as provas eram insuficientes e porque parte dos supostos crimes já estavam prescritos.

O Ministério Público Federal acusou, em 2016, o ex-presidente de ter recebido propina da OAS por meio de reformas em um triplex da cidade do Guarujá, São Paulo. A sentença inicial, realizada por Moro, condenou o político, mas também foi anulada pelo STF por conta da parcialidade do juiz. O processo da mesma forma foi movido para o Distrito Federal e, em janeiro deste ano, foi arquivado por prescrição do caso.

Áudio com suposta gravação de Lula

O áudio que supostamente mostraria a reação do ex-presidente Lula a um depoimento de Palocci não é novo. Ele circulou pela primeira vez em setembro de 2017. À época, veículos de imprensa como Veja, G1 e a agência de checagem Aos Fatos já apontavam a gravação como falsa. O Instituto Lula, à época, também disse que a gravação era falsa. O áudio não contém a voz de Lula, e sim uma imitação, o que fica claro na comparação com outras gravações do ex-presidente – inclusive as que foram autorizadas pela Justiça e divulgadas oficialmente pela força-tarefa da Operação Lava Jato em 2016.

Na primeira vez em que circulou, segundo as primeiras checagens do conteúdo, ele foi compartilhado no aplicativo WhatsApp e era acompanhado de uma mensagem de texto que afirmava tratar-se de um grampo e que Lula conversava, naquela ocasião, com o ex-presidente do PT Rui Falcão. No entanto, ao contrário das gravações reais divulgadas por autoridades, é possível ouvir apenas uma voz (nas gravações autorizadas pela Justiça, os dois lados da linha telefônica são gravados). Em 2017, o texto também afirmava que Lula estava reagindo à notícia da “delação” de Palocci, mas naquele ano o ex-ministro ainda não havia fechado delação premiada com autoridades. Isso só ocorreu em 2018.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. O conteúdo cita informações sobre Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato à Presidência da República pelo PT, e pode influenciar a decisão de indivíduos nas eleições federais deste ano, prejudicando o processo democrático como um todo. Além disso, as acusações ao ex-presidente são mencionadas sem o contexto devido e sem as atualizações dos processos legais, que não sentenciam o político como culpado.

Outras checagens sobre o tema: Em relação ao áudio atribuído a Lula, as agências de checagem Fato ou Fake, Estadão Verifica e Aos Fatos classificaram o conteúdo como falso.

Recentemente, o Projeto Comprova mostrou que vídeo mente ao afirmar que Lula tenha roubado 350 mil toneladas de ouro de Serra Pelada e dado dinheiro para Venezuela; que postagem mostra imagens de imóvel de luxo no Ceará como sendo residência alugada por Lula em São Paulo e que declarações “vazadas” de Lula sobre crise econômica são públicas e foram feitas em 2016.

 

Eleições

Investigado por: 2022-06-03

Post no Facebook engana ao divulgar atos pró-Bolsonaro de 2021 como se fossem atuais

  • Enganoso
Enganoso
É enganosa uma postagem que reúne três fotos de manifestações a favor de Jair Bolsonaro (PL). Intitulada “Se a mídia te corrompe, a gente mostra o resumo do mês”, e com legenda “as verdadeiras pesquisas são as ruas”, a publicação sugere que o público se reuniu em maio de 2022, após divulgação de pesquisas eleitorais desfavoráveis ao presidente, pré-candidato à reeleição. No entanto, as imagens são de atos realizados em maio de 2021.

Conteúdo investigado: Postagem com três fotos de manifestações favoráveis a Jair Bolsonaro com a alegação de que seria um resumo dos atos pró-governo no mês de maio de 2022.

Onde foi publicado: Facebook.

Conclusão do Comprova: É enganoso o post no Facebook que reúne três fotos de manifestações a favor do governo de Jair Bolsonaro. Intitulada “Se a mídia te corrompe, a gente mostra o resumo do mês”, a postagem foi feita no dia 31 de maio de 2022, porém as imagens foram captadas um ano antes.

Na legenda do post, a autora menciona que “as verdadeiras pesquisas são as ruas”, numa tentativa de contrapor as pesquisas eleitorais oficiais que, nos últimos dias, têm apontado a ampliação da vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra Bolsonaro e a possibilidade de vitória no 1º turno.

Nos comentários da postagem, a maioria declara apoio ao presidente e muitos demonstram acreditar que as fotos são registros recentes, como a apoiadora de Bolsonaro que diz: “Isso sim é a verdadeira pesquisa. Ele está eleito no primeiro turno.”

Para o Comprova, enganoso é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. O post aqui investigado teve mais de 21 mil compartilhamentos e outros 5 mil comentários até o dia 3 de junho.

O que diz o autor da publicação: Com perfil no Facebook todo dedicado a publicações sobre Jair Bolsonaro, a autora foi procurada via mensagem da plataforma, mas não deu retorno.

Como verificamos: O primeiro passo da equipe do Comprova foi separar as três fotos que foram publicadas juntas e pesquisá-las isoladamente. Com a ferramenta de busca reversa do Google, em que uma imagem é inserida no buscador para verificar se já foi publicada, foi possível identificar uma a uma. Para tanto, na seção imagens do Google, a reportagem clicou no símbolo de uma câmera e fez o upload de cada foto.

Com as imagens reproduzidas em alguns sites em maio de 2021, o Comprova também consultou conteúdos jornalísticos daquele período (G1, Folha de S.Paulo, G1) para confirmar a realização das manifestações.

O Comprova ainda fez contato com a autora da postagem viral, que não respondeu até a publicação da verificação.

Manifestações pró-Bolsonaro

As três imagens inseridas na montagem publicada na internet são do mês de maio, mas do ano passado. A sequência inicia no dia 1º, segue para o dia 9 e termina no dia 15 daquele período de 2021. A maneira como as fotos foram posicionadas não obedecem a sequência cronológica dos fatos.

A imagem superior é do dia 15 de maio de 2021. A foto foi feita durante manifestações pró-governo Bolsonaro promovidas por religiosos e por ruralistas, em Brasília. Naquele sábado, o ato ocorreu na Esplanada dos Ministérios e teve a presença do presidente e de integrantes do governo, embora o período ainda exigisse protocolos mais rígidos de prevenção à covid-19 como o distanciamento social e o uso de máscaras.

Bolsonaro chegou de helicóptero ao local do evento e em seguida desfilou a cavalo. Sem máscara, ele cumprimentou e discursou para apoiadores aglomerados no gramado da Esplanada.

Os manifestantes, em trajes verde e amarelo, portavam cartazes e faixas com intuito de criminalizar o comunismo e o voto impresso. Eles também fizeram ataques ao trabalho dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar de inconstitucional, uma faixa, em inglês, pedia intervenção militar.

Motociata

Na montagem, a foto na parte inferior à esquerda é do dia 9 de maio de 2021. Ela foi produzida na motociata realizada por Bolsonaro, numa manhã de domingo, e divulgada por ele mesmo em post no seu Twitter, com a seguinte mensagem: “Que desistam todos os que querem ver o povo distante de mim, ou que esperam me ver distante do povo. Estou e estarei com ele até o fim. Boa noite a todos!”, tuitou.

A concentração do passeio teve início em frente ao Palácio da Alvorada por volta das 8h30. A partir das 9h, o grupo iniciou o deslocamento, passando pela Esplanada dos Ministérios e percorrendo a área central de Brasília.

O general Braga Netto, ministro da Defesa, também participou do ato. Seguranças e bombeiros acompanharam os participantes da motociata. Alguns pontos do trânsito foram interditados pela Polícia Militar para a passagem do grupo.

| Print de tuíte de Jair Bolsonaro no dia 9 de maio de 2021

Dia do Trabalho

A terceira e última imagem, à direita da parte inferior da montagem, é da manifestação ocorrida na avenida Paulista, em São Paulo, no dia 1º de maio de 2021, Dia do Trabalho. A foto mostra simpatizantes pró-Bolsonaro na altura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Foi lá a concentração principal do movimento. No local, um carro de som ficou estacionado com uma faixa que pedia a reabertura econômica no estado de São Paulo durante a pandemia e também se posicionava contra o STF.

Os manifestantes carregavam bandeiras do Brasil e cartazes contra o ex-presidente Lula e que incluíam também pedidos de intervenção militar e fechamento do Congresso Nacional.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) divulgou que bloqueou quatro quarteirões da via, da Alameda Campinas até a Alameda Ministro Rocha Azevedo.

Pesquisas eleitorais

As pesquisas eleitorais com intenção de voto para a Presidência da República indicam, neste momento, vantagem do ex-presidente Lula ante Bolsonaro. As consultas mais recentes apontam, inclusive, a possibilidade de vitória no primeiro turno do pré-candidato petista.

O resultado desfavorável alimenta uma narrativa de grupos bolsonaristas que não acreditam nas pesquisas oficiais, alegando que o “Data Povo”, isto é, a mobilização das ruas é que demonstraria que Bolsonaro vai se reeleger.

A legenda da postagem aqui verificada e alguns dos comentários trazem um recorte dessa narrativa, como a internauta que diz: “Isso sim é a verdadeira pesquisa. Ele está eleito no primeiro turno.”

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizaram nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. A postagem aqui investigada menciona um suposto resumo de atos pró-Bolsonaro no mês de maio, mas não cita o ano em que aconteceram os movimentos.

Além de produzir notícia enganosa sobre o presidente e pré-candidato à reeleição, conteúdos de desinformação são prejudiciais ao processo democrático e retiram da população o direito de fazer suas escolhas com base em fatos, não em boatos.

Outras checagens sobre o tema: O período eleitoral de 2022 está sendo permeado por desinformação. O Comprova demonstrou, recentemente, que é falso que Lula roubou 350 mil toneladas de ouro da Serra Pelada, que foto de Bolsonaro com Elon Musk em lancha é montagem e que capa da revista Time com Lula é autêntica.

Também já mostrou outros conteúdos que usam imagens antigas, como o dos vídeos para enganar sobre adesão a atos pró-Bolsonaro, e inúmeros que tratam sobre as consultas eleitorais, a exemplo da matéria que sustenta que nenhuma pesquisa aponta 70% de votos para Bolsonaro ou a que mostra que enquete em restaurante não pode ser considerada pesquisa.

Eleições

Investigado por: 2022-06-02

Não há evidências de que Lula pediu para Bolívia reduzir fornecimento de gás ao Brasil

  • Enganoso
Enganoso
Não há evidências de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenha pedido ao presidente da Bolívia para cortar 30% do gás fornecido ao Brasil. Posicionamentos da Petrobras e da sua contraparte boliviana indicam que a medida foi motivada por interesses comerciais.

Conteúdo investigado: Vídeo com uma inscrição que diz que o ex-presidente Lula pediu para o presidente da Bolívia cortar 30% do gás fornecido para o Brasil.

Onde foi publicado: Kwai e TikTok.

Conclusão do Comprova: É enganoso um vídeo nas redes sociais que diz que o ex-presidente Lula teria pedido para o presidente da Bolívia reduzir em 30% o fornecimento de gás natural para o Brasil. A redução, de 20 milhões de m³/dia para 14 milhões de m³/dia, realmente foi feita e de forma unilateral pela estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). Porém, posicionamentos da YPFB e da Petrobras apontam que a medida teria sido motivada por questões comerciais.

O vídeo se baseia em uma fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) na qual ele sugere uma suposta operação contra o seu governo que foi posteriormente repercutida pela emissora Jovem Pan. Os dois citam o caso como uma possibilidade e não apresentam nenhuma evidência de sua veracidade. Já a postagem analisada faz a alegação como se fosse fato comprovado.

Além disso, não há nenhum registro público de contato recente de Lula com o presidente da Bolívia. O ex-presidente também não fez visita recente ao vizinho latino-americano. Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo que usa dados imprecisos e que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. No Facebook, até o dia 2 de junho de 2022 o conteúdo analisado recebeu 602 reações. No Kwai, 20,3 mil. O vídeo no TikTok foi visto 111 mil vezes antes de ser excluído.

O que diz o autor da publicação: Os autores das postagens mais virais foram procurados, mas não responderam até a publicação desta verificação.

Como verificamos: O Comprova iniciou a checagem procurando a gravação original do programa da Jovem Pan que aparece nos vídeos que viralizaram no Kwai Video e no TikTok. O primeiro passo foi identificar a apresentadora do jornal para saber em quais dos programas da emissora ela aparecia. Após uma busca rápida no Google pelos âncoras da Jovem Pan, encontramos a foto da apresentadora em questão, Adriana Reid. Ela apresenta o Jornal da Manhã 1ª edição da emissora.

Como os vídeos foram publicados no dia 31 de maio de 2022 e as notícias sobre o corte de fornecimento de gás da Bolívia ao Brasil foram amplamente divulgadas em meados de maio, a busca foi feita no YouTube da emissora analisando as edições do Jornal da Manhã de 20 a 31 de maio. Nessa busca, encontramos a matéria que foi colocada no vídeo na edição de 26 de maio de 2022, que pode ser vista a partir de 2 horas 17 minutos e 40 segundos de programa.

Consultamos notas nos sites da Petrobras (aqui e aqui) e da YPFB (aqui e aqui) para saber o motivo da redução no fornecimento de gás. A Petrobras também foi procurada por e-mail para um posicionamento.

Procuramos notícias na imprensa profissional (Veja) para saber se houve recentemente algum contato público entre Lula e o presidente da Bolívia, Luis Arce. Também pesquisamos quais foram as últimas viagens internacionais do ex-presidente brasileiro (Correio Braziliense, BBC, Metrópoles, G1).

Por fim, entramos em contato com o perfil que publicou a gravação no Kwai Video, mas não houve retorno. Não conseguimos entrar em contato com o usuário que divulgou o vídeo no TikTok, pois o aplicativo permite que apenas amigos enviem mensagens entre si. Não havia nenhuma foto ou outra informação que revelasse quem é a pessoa, então não conseguimos falar com ela.

Estatal boliviana reduziu unilateralmente o fornecimento de gás

Como o Comprova já mostrou, a compra de gás boliviano começou no governo FHC, com um acordo para fornecimento de 30 milhões de metros cúbicos/dia (m³/dia). O investimento na geração de termelétricas alimentadas por gás foi uma aposta para combater a crise energética do início dos anos 2000. Naquela época, a matriz energética brasileira era muito dependente das hidrelétricas e sofreu com um período de longa estiagem.

Em 2020, a Petrobras celebrou um acordo com a estatal YPFB para reduzir esse fornecimento de 30 para 20 milhões m³/dia. A diferença de 10 milhões m³/dia deveria ser comprada por empresas privadas. Essa medida visava ampliar a livre concorrência no mercado de gás natural.

A YPFB firmou, em abril de 2022, um acordo com a Argentina para o fornecimento adicional de 4 milhões m³/dia durante o inverno a um custo de US$ 20 por milhão de BTU (unidade térmica). No mesmo mês, informou à Petrobras que reduziria, na mesma proporção, a quantidade de gás fornecido ao Brasil. Segundo a petrolífera brasileira, a média de fornecimento em maio foi de 14 milhões m³/dia, 6 milhões m³/dia a menos do que o acordado.

Em nota, a Petrobras afirma que prestou os esclarecimentos às instâncias governamentais cabíveis e que adotou medidas para assegurar o fornecimento aos seus clientes. Também disse que o contrato com a YPFB prevê consequências ao fornecedor em caso de falha de fornecimento e que tomará as medidas cabíveis para o cumprimento do contrato.

O Ministro de Hidrocarbonetos e Energia da Bolívia, Franklin Molina, disse em um pronunciamento à imprensa que não há problemas em fornecer gás ao Brasil, mas busca uma melhora nos preços. Segundo ele, a Petrobras paga entre US$ 6 e US$ 7 por milhão de BTU, quando haveria empresas privadas brasileiras dispostas a pagar de US$ 15 a US$ 18.

Molina alega que o presidente da YPFB, Armin Dorgathen, veio ao Brasil renegociar os preços praticados, mas que não ficou satisfeito com o resultado das tratativas. “Diante dessa situação, evocamos uma cláusula do contrato que diz que uma das partes pode solicitar uma renegociação se ela não estiver satisfeita com os preços praticados.”

O pronunciamento do ministro boliviano tem um contexto político. O contrato mais recente foi assinado, em 2020, sob o mandato da presidente Jeanine Áñez. Ela se autoproclamou presidente interina quando o então presidente Evo Morales e aliados na linha sucessória deixaram os cargos em decorrência de protestos de rua contra seu governo. A turbulência política e social ocorreu depois de denúncias de irregularidades nas eleições.

Atualmente, o presidente da Bolívia é Luis Arce, que foi ministro do ex-presidente Morales. Tratam-se, assim, de grupos políticos rivais. O governo Arce questiona a validade do acordo firmado com a Petrobras em 2020, por considerar que o país sofreu um golpe de estado e que o governo de Áñez seria ilegítimo. O Brasil reconheceu o governo dela.

A Petrobras foi procurada por e-mail e repetiu os argumentos expostos em sua nota.

Não há evidência de participação de Lula

A postagem se baseia em uma fala de Jair Bolsonaro a apoiadores gravada em vídeo e publicada nas redes sociais (Twitter, 37 mil reações; TikTok, 3 milhões de visualizações). O presidente relata o corte no fornecimento do gás e diz que a Petrobras precisa comprar o combustível de outros países, o que aumenta o seu custo. Isso afetaria a sua popularidade. “É um negócio que parece, parece, orquestrado para beneficiar você sabe quem”, falou o presidente, dando ênfase para o verbo “parecer”. Ele não dá nenhuma prova da alegação que faz.

O programa da Jovem Pan que é utilizado no conteúdo aqui investigado foi ao ar em 25 de maio (YouTube). Nele, a jornalista diz que “o presidente Jair Bolsonaro denunciou em suas redes sociais um possível plano para prejudicá-lo e minar sua reeleição”. Novamente, a fonte é apenas a fala do presidente. O uso do adjetivo “possível” é prova de que não há confirmação.

Tanto o presidente quanto a reportagem estão falando de uma possibilidade, sem comprovação. Mas a inscrição que foi adicionada na postagem investigada afirma como se fosse um fato comprovado: “Lula pede para presidente da Bolívia cortar 30% do gás que vem para o Brasil”. Não há nenhuma evidência concreta disso.

A última vez que se tem notícia de um contato entre Lula e Evo Morales foi em 28 de novembro de 2019. Na ocasião, o ex-presidente brasileiro ligou para o mandatário boliviano quando este renunciou à presidência. Em outubro de 2020, Lula publicou um tuíte parabenizando Luis Arce, apoiado pelo ex-presidente boliviano, pela vitória nas urnas.

Não há registros de que Lula tenha viajado para a Bolívia recentemente. No ano passado, em janeiro, ele passou um mês em Cuba e se encontrou com Raúl Castro. Já em novembro, fez um tour pela Europa e foi recebido por Emmanuel Macron, atual presidente francês, em Paris. Um pouco antes do encontro, o ex-presidente do Brasil recebeu o prêmio da “coragem política” concedido pela revista Política Internacional. Ele também esteve na Argentina, em dezembro de 2021, e participou de ato na Plaza de Mayo ao lado do presidente Alberto Fernández. Em março deste ano, se encontrou com o presidente do México, López Obrador.

Em nota, Lula classificou de “fake news” a alegação de que ele teria algum envolvimento com a negociação do gás boliviano. O ex-presidente acusa Jair Bolsonaro de “tentar culpar Lula pelo desastre da gestão bolsonarista na Petrobras e pelos preços absurdos de gás e combustíveis no Brasil de 2022”, 12 anos após ele deixar o poder.

É falso que Lula tenha dado refinarias para a Bolívia

O UOL Confere e o Estadão Verifica já checaram se o ex-presidente Lula teria dado refinarias da Petrobras para a Bolívia, afirmação que também é feita no vídeo analisado nesta verificação. Os dois veículos de comunicação identificaram algum grau de desinformação na alegação. Em 2007, a Petrobras fechou acordo para vender as duas instalações por US$ 112 milhões (valores da época).

Em 2006, o Exército boliviano tomou instalações de empresas estrangeiras do setor de petróleo e gás, entre elas a Petrobras. A ação ocorreu depois de o presidente da Bolívia, Evo Morales, publicar o Decreto Supremo “Héroes del Chaco” (nº 28.701) que nacionalizou a exploração do petróleo e gás no país. Ficou decidido que a partir de 1º de maio de 2006 as empresas petrolíferas que realizassem atividades de produção de gás e petróleo no território boliviano foram obrigadas a entregar suas propriedades à estatal YPFB.

No ano seguinte, em comunicado aos investidores, a Petrobras informou que a Bolívia aceitou comprar as duas refinarias da empresa no país por US$ 112 milhões.

Por que investigamos: Em sua quinta fase, o Comprova checa conteúdos sobre a pandemia, eleições e políticas públicas do governo federal. O país vive um momento de alta da inflação causada pela retomada no ritmo das atividades econômicas permitida pela vacinação contra a covid-19 e por incertezas com a guerra da Ucrânia. O aumento do preço dos combustíveis é um dos elementos que pressionam a inflação para cima e fonte de descontentamento da população com o governo federal, gerando um ambiente propício para a circulação de desinformação sobre o tema.

Outras checagens sobre o tema: o Comprova já mostrou ser falso que motoristas possam pedir reembolso de imposto federal cobrado ao abastecer o carro. Também checou que os impostos estaduais são a menor parte na composição do preço do botijão de gás.

Eleições

Investigado por: 2022-06-02

Lula não afirmou que implantará restrições religiosas no Brasil caso reeleito

  • Enganoso
Enganoso
Vídeo que circula no Helo passa uma ideia enganosa de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), caso eleito em outubro deste ano, irá implantar restrições religiosas no Brasil, a exemplo do que foi adotado pelo governo da China. Trechos de uma entrevista concedida pelo petista ao portal chinês Guancha foram recortados e manipulados. Na entrevista original, ele não faz menção a questões religiosas.

Conteúdo investigado: Vídeo com trechos de uma reportagem exibida no Jornal da Record que trata da repressão religiosa imposta pelo governo na China seguida por declarações do ex-presidente Lula classificando o país como “um exemplo para o mundo”. O conteúdo é sobreposto com manchetes de noticiários brasileiros em que o petista afirma ser necessário regulamentar a mídia no Brasil. O vídeo encerra com a frase dita por Lula: “Espero que outros países aprendam a lição com a China. Tenho muita fé, muita esperança que vamos conseguir fazer isso a partir de 2022”.

Onde foi publicado: Helo

Conclusão do Comprova: É enganoso um vídeo que circula no aplicativo Helo e que apresenta trechos de uma reportagem do Jornal da Record sobre restrições religiosas impostas na China, acompanhado de recortes de uma entrevista concedida pelo ex-presidente Lula ao portal de notícias chinês Guancha.

A reportagem exibida pela televisão brasileira foi ao ar em 4 março de 2022, enquanto que a entrevista do petista ocorreu em junho de 2021. Ao contrário do que sugere o conteúdo alvo desta checagem, em nenhum momento o ex-presidente faz menção a questões religiosas daquele país, tampouco afirma que poderá implantar restrições autoritárias inspiradas na China, caso eleito presidente do Brasil no pleito de outubro deste ano.

A conversa entre Lula e o entrevistador Eric Li durou pouco mais de 51 minutos. Ao longo da entrevista, o ex-presidente fez elogios à China sobre diversos temas, como o combate à pandemia da covid-19, investimentos na educação e a evolução econômica do país.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. O vídeo publicado no aplicativo Helo teve mais de 7,3 mil compartilhamentos, 2,9 mil curtidas e mais de 400 comentários até o dia 2 de junho.

O que diz o autor da publicação: Uma mensagem foi encaminhada para a pessoa responsável pela publicação no próprio Helo, mas não houve resposta até a conclusão desta checagem. A busca pelo nome da autora em outras redes sociais não retornou resultados.

Como verificamos: O Comprova iniciou a checagem procurando na internet a entrevista concedida pelo ex-presidente Lula ao portal chinês de notícias Guancha, assim como a reportagem original exibida no Jornal da Record, em março de 2022, que trata da proibição do compartilhamento de conteúdos religiosos na internet sem a permissão do governo chinês.

Utilizando as palavras-chave “Lula” e “China”, a busca retornou resultados tanto de outras verificações sobre o tema (Estadão Verifica, AFP Checamos e Boatos.org), quanto de reportagens jornalísticas relatando as falas do ex-presidente sobre a China (Folha de S.Paulo e Poder360).

Também procuramos pela dona do perfil no Helo que compartilhou o conteúdo, mas não houve resposta.

A entrevista

Em junho de 2021, o ex-presidente Lula concedeu uma entrevista ao portal chinês Guancha, na qual fez elogios à China sobre diversos temas, como o combate à pandemia do coronavírus, investimentos na educação e a evolução econômica do país.

As declarações do petista, na época, foram noticiadas pela imprensa brasileira (Folha de S.Paulo e Poder360) e estão disponíveis, na íntegra, neste link.

A conversa entre Lula e o entrevistador Eric Li durou pouco mais de 51 minutos e também foi compartilhada no canal do YouTube do ex-presidente.

Em nenhum momento Lula comenta sobre as restrições impostas pela China a respeito do compartilhamento de conteúdos religiosos na internet, assim como também não diz que pretende implantar esse controle no Brasil caso seja eleito no pleito de 2022.

A reportagem sobre o tema que aparece no vídeo viral foi exibida no Jornal da Record em 4 de março deste ano, ou seja, nove meses após a entrevista de Lula ao Guancha.

Trechos foram recortados e retirados do contexto original

No vídeo que circula nas redes sociais, Lula elogia a China por ser um país “que tem o Estado forte, que toma decisões e que as pessoas cumprem”, conduta que, segundo ele, não ocorre no Brasil. Logo em seguida, o ex-presidente enaltece a China pelo combate à pandemia de covid-19: “A China só conseguiu combater o coronavírus com a rapidez que combateu porque tem um partido forte, um Estado forte. Porque tem pulso, tem voz de comando, nós não temos isso aqui no Brasil.”

Lula também diz que “pensava muito grande” na relação com a China e que acreditava que os dois países deveriam ter construído uma parceria estratégica. O que o conteúdo investigado deixa de exibir, porém, é que nesse momento o ex-presidente falava também sobre a Índia, África do Sul e Rússia, países emergentes que formam o Brics.

“Eu sonhava muito com os Brics. Eu pensava muito grande na minha relação com a China. Na minha relação com a Índia, com a África do Sul e com a Rússia. Eu achava que a gente deveria ter construído uma parceria estratégica para que a gente, sendo metade da humanidade, não ficasse dependendo da política do dólar. A gente não precisasse do dólar para a gente fazer nosso comércio exterior”, diz Lula, na entrevista original entre os minutos 00:19:08 e 00:19:44.

O próximo segmento da fala do ex-presidente que está fora de contexto é a seguinte frase: “A China é um exemplo para o mundo. E eu espero que outros países aprendam a lição com a China. Tenho muita fé, muita esperança, que vamos conseguir fazer isso, a partir de 2022.” Esta frase foi editada de modo a dar a entender que Lula desejaria implantar no Brasil o sistema autoritário chinês.

Neste trecho final, na verdade, Lula enaltece o desenvolvimento econômico da China nos últimos 20 anos. “Eu acho que a China é um exemplo de desenvolvimento para o mundo. E eu espero que outros países aprendam a lição com a China para que a gente possa ser mais rico, ser mais forte, ter mais distribuição de riqueza e ter um mundo mais humano.”

Por fim, quando afirma que tem “muita fé, muita esperança, que vamos conseguir fazer isso, a partir de 2022”, Lula se refere à independência dos países do sul global, que são nações em desenvolvimento, em relação à política cambial influenciada pelo dólar.

“Eu trabalhei muito com o Hu Jintao [ex-presidente da China] a necessidade de uma relação Sul-Sul. Não ficar dependendo do Norte como nós estamos dependendo. Lamentavelmente, a gente não conseguiu chegar lá, mas eu tenho muita fé, muita esperança que nós vamos conseguir fazer isso a partir de 2022.”

Esse trecho final pode ser conferido entre os minutos 00:20:55 e 00:22:06 da entrevista original.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. O conteúdo do vídeo aqui verificado cita o pré-candidato à presidência Lula. Informações falsas que envolvem atores políticos trazem prejuízos ao processo democrático e atrapalham a decisão do eleitor, que deve ser tomada com base em informações verdadeiras. No vídeo postado no Helo, por exemplo, há comentários afirmando que “Lula é satanista”, e que o ex-presidente “quer calar o povo de Deus”.

Outras checagens sobre o tema: A mesma entrevista presente no vídeo verificado pelo Comprova já foi deturpada e utilizada em peças de desinformação semelhantes que foram alvo de checagens do Estadão Verifica, da AFP Checamos e do site Boatos.org.

Em verificações anteriores envolvendo o nome do ex-presidente, o Comprova mostrou que é falso que Lula tenha roubado 350 mil toneladas de ouro de Serra Pelada e dado dinheiro para Venezuela; que vídeo mostra imagens de imóvel de luxo no Ceará como sendo residência alugada por Lula em São Paulo e que declarações “vazadas” de Lula sobre crise econômica são públicas e foram feitas em 2016.

Eleições

Investigado por: 2022-06-02

É uma sátira imagem da torcida do Liverpool atribuída a encontro do PT

  • Sátira
Sátira
O Comprova classificou como sátiras publicações feitas no Facebook e no Twitter que utilizam uma imagem da torcida do time inglês de futebol Liverpool, na França, para dizer que a multidão estava reunida, em Recife, em apoio ao ex-presidente e pré-candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Comparação grosseira e publicação em grupos de humor deixam clara a intenção das postagens.

Conteúdo investigado: Postagens no Facebook e no Twitter apresentam uma foto da torcida do time de futebol Liverpool e legendas dão a entender que trata-se de manifestação a favor de Lula, no Brasil. Em algumas publicações foram acrescidas imagens da bandeira do Partido dos Trabalhadores, com acusações a petistas de terem propagado fake news.

Onde foi publicado: Facebook, Twitter e WhatsApp.

Conclusão do Comprova: São sátiras as postagens que tiram de contexto uma foto da torcida do time inglês de futebol Liverpool, em Paris, no último sábado (28), e afirmam tratar-se de manifestação a favor de Lula, em Recife. A afirmação se torna absurda em relação às características da imagem, o que indica conteúdo humorístico. Na ocasião, o Liverpool disputou a decisão da Liga dos Campeões da Europa contra o Real Madrid.

O Comprova localizou três postagens – as três em grupos de humor – que compartilharam a mesma imagem e texto, e fez contato com os perfis que fizeram a publicação. Um deles respondeu afirmando que se trata de sátira.

Ainda no dia do jogo, a mesma foto foi manipulada com a inserção de bandeiras do PT e postada nas redes sociais com acusações de que membros do partido teriam feito a montagem com a intenção de propagar fake news. A primeira publicação localizada pelo Comprova foi feita também em grupo de humor, de apoio ao presidente Bolsonaro.

No dia seguinte, a imagem foi compartilhada em postagem no Twitter por uma advogada de Goiás, cujas publicações a favor de Bolsonaro são amplamente compartilhadas nas redes sociais. Mais uma vez, acusações de que petistas teriam feito a montagem.

A imagem manipulada, no entanto, não foi localizada em qualquer página ou perfil de apoio ao PT, nem mesmo em postagens em tom de sátira. A usuária, procurada pela reportagem, afirmou ter recebido a imagem via grupos no WhatsApp e no Telegram, mas relatou ter apagado as conversas e garantiu não ter criado a montagem com as bandeiras do PT.

Como as duas imagens da torcida do Liverpool em Paris, com e sem a bandeira do PT, foram postadas inicialmente em páginas de humor, e por ser grosseira a relação entre texto e imagem, o Comprova classificou o conteúdo como sátira.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. O tuíte que aponta o conteúdo como desinformação por parte do PT somou mais de 29 mil interações até o dia 2 de junho.

O que diz o autor da publicação: O Comprova entrou em contato com seis perfis que compartilharam publicações que tiram do contexto uma foto da torcida do time Liverpool. Quatro deles não chegaram a visualizar as mensagens. Entre os que responderam, um afirmou ter feito o post com finalidade humorística. O outro respondeu ter recebido as imagens em grupos de WhatsApp e do Telegram, e então elaborado uma postagem comparando as duas imagens lado a lado, com e sem a inserção de bandeiras do PT.

Como verificamos: Utilizando as ferramentas Google Lens e Google Imagens, o Comprova realizou a busca reversa das imagens e localizou as publicações iniciais em grupos de humor que apontavam se tratar de sátira. Também foi localizada a foto original da torcida do Liverpool, postada em uma reportagem do veículo portugês JN e creditada à conta Uefa Champions League no Twitter, onde ela também foi identificada.

Em seguida, foram consultadas reportagens sobre o jogo ocorrido no final de semana e presença da torcida do Liverpool em Paris, assim como foram realizadas pesquisas sobre encontros recentes do PT no Brasil.

Por fim, entramos em contato com os autores das postagens.

 

Foto tirada de contexto

A partida final da Liga dos Campeões da Europa, no último sábado, 28, entre Real Madrid e Liverpool, no Stade de France, em Paris, gerou postagens na internet relacionadas às eleições presidenciais. Inicialmente, foi utilizada foto publicada na conta do Twitter da UEFA Champions League, às 12h58, que mostra a área dedicada a torcedores do Liverpool na Rua Cours de Vincennes, em Paris, a cerca de 12 km do estádio.

A primeira postagem localizada pelo Comprova usa a imagem com o seguinte texto: “Ainda dizem que Lula está sozinho. Aconteceu hoje, em Recife”. A foto foi postada no sábado, às 14h47, em grupo do Facebook com conteúdo de humor. A característica da página, juntamente com o perfil do autor da postagem, que não costuma se manifestar politicamente e sim postar conteúdo de humor e de futebol, e a total discrepância da comparação, indicam para a intenção de sátira.

Nos comentários, não há internautas que acreditam tratar-se de uma manifestação pró-Lula em Recife. O mesmo se percebe em outras duas postagens que compartilharam a foto e mesmo texto, também no Facebook, às 19h43 e 20h18. Juntas, as três postagens somaram 2.369 curtidas, 555 compartilhamentos e 1.155 comentários até o dia 31.

O Comprova buscou contato com os três perfis. Um deles confirmou que trata-se de uma sátira.

Segundo o perfil, a ideia foi satirizar a esquerda que, conforme afirmou, “muitas das vezes usa esse tipo de manifestações envolvendo torcidas que tenham a mesma semelhança de cores para propagar postagens afirmando que foi um comício petista ou esquerdista”.

Entre as postagens, outras surgiram sugerindo que a esquerda ou o PT usariam as imagens da torcida do Liverpool para dizer que se trata de manifestação política. Os tuítes também foram postados no dia 28, às 12h59, 15h16 e 18h.

No entanto, o Comprova não localizou qualquer postagem que atribuísse de forma não satírica a imagem da torcida do Liverpool a uma manifestação pró-Lula.

Bandeira inserida na foto

Ainda no dia 28, foram feitas as primeiras postagens com a inserção de uma única foto de bandeira do PT várias vezes na mesma foto publicada na conta do Twitter da UEFA Champions League. Elas acusam petistas de terem feito a montagem e de estarem propagando fake news.

A primeira localizada pelo Comprova foi numa página do Facebook de apoio ao presidente Bolsonaro que se autodefine como “sátira/paródia”.

Em resposta às duas postagens com a bandeira inserida, usuários acreditaram na afirmação, o que resultou em ataques ao PT. Outros, no entanto, a questionaram.

O Comprova fez buscas na internet e redes sociais pela foto manipulada, inclusive com o uso de ferramentas de busca reversa de imagens, e não encontrou postagens que afirmam se tratar de manifestação petista, nem mesmo em tom de sátira.

Postagem de advogada viraliza e políticos compartilham

O tuíte que viralizou e foi compartilhado inclusive por políticos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) traz duas imagens: a foto original da torcida do Liverpool e o mesmo arquivo acrescido de imagens da bandeira do Partido dos Trabalhadores.

A primeira foto traz a legenda “original” e a segunda “fake”. A autora da postagem afirma que “petistas editaram a imagem da Torcida do Liverpool em Paris (Final da Liga dos Campeões) e espalharam nas redes, como se fosse imagem de manifestação de apoio a Lula”, concluindo com “O PT é uma Fraude!”

O Comprova a identificou como sendo uma advogada registrada em Goiás e entrou em contato via WhatsApp. A usuária confirmou ter juntado as duas imagens – original e com as bandeiras – após receber a adulterada no domingo (29), via grupos de WhatsApp e Telegram.

A advogada sustenta, ainda, ter realizado uma busca no Twitter e encontrado outras pessoas postando a imagem, inclusive em grupos que ela diz participar e serem de esquerda. De fato, a imagem já circulava no dia anterior, sábado (28). A usuária chegou a enviar ao Comprova links destas postagens. Porém, todas indicam conteúdo satírico. Em uma delas, o próprio autor afirma tratar-se de meme nos comentários.

A usuária negou ter feito a montagem com as bandeiras do PT: “Eu não tenho tempo pra isso. Não sou ‘memeira’, sou advogada, exerço minha profissão e de fato eu faço parte de alguns grupos e eu recebi essa mensagem. (…) Não tenho intenção nenhuma de estar publicando fake news, principalmente porque eu sei das consequências. Eu mais do que ninguém tenho consciência das consequências disso”, declarou.

Por fim, afirmou não ter como encaminhar prints do recebimento da imagem, pois costuma deletar as conversas.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizaram nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais.

Ainda que a primeira publicação aqui investigada tenha sido utilizada como um meme, os conteúdos analisados indicam uma tentativa de culpabilizar o PT pela criação de notícias falsas e foram lidos desta maneira por vários usuários, que expressaram comentários como “método comuno-stalinista de lidar com a realidade”. “Altera-se a fotografia. Comunismo continua o mesmo, agora usando photoshop” e “verdade, esses petistas tão editando tudo, até as intenções de votos para presidente”.

Esse tipo de publicação pode ser mal interpretada e influenciar o voto do eleitor, o que prejudica o processo democrático.

Outras checagens sobre o tema: Em outras checagens, o Comprova já verificou que vídeos com ataques de Putin a Bolsonaro são humorísticos; que suposta imagem de apoio a Bolsonaro é um meme com ator pornô; e que advogado do PT’ em vídeo do Kwai é personagem de humor.

Eleições

Investigado por: 2022-05-30

É falso que Lula tenha roubado 350 mil toneladas de ouro de Serra Pelada e dado dinheiro para Venezuela

  • Falso
Falso
Homem em vídeo diz que 350 mil toneladas de ouro de Serra Pelada foram parar nas mãos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas a quantidade citada é maior do que as estimativas de todo o ouro já minerado no mundo, somado ao que ainda há para minerar. Além disso, não houve extração do metal precioso em Serra Pelada durante todo o governo do petista.

Conteúdo investigado: Vídeo do TikTok mostra homem falando que Lula “comeu” ouro e diamantes de Serra Pelada junto de uma firma do Canadá, que esta empresa e a Vale tiraram 350 mil toneladas de ouro do local e que este minério foi parar nas mãos do ex-presidente, que passou R$ 200 milhões para a Venezuela no primeiro mandato. Lula ainda teria sido pego em um roubo de R$ 11 bilhões. O mesmo conteúdo é utilizado em um vídeo no YouTube, onde foi acrescentada uma narração afirmando que a fala do homem está repleta de informações verdadeiras publicadas na imprensa.

Onde foi publicado: TikTok e YouTube.

Conclusão do Comprova: É falso um vídeo publicado no TikTok em que um homem acusa o ex-presidente Lula de ter roubado, junto com a Vale e a mineradora canadense Colossus, 350 mil toneladas de ouro e diamantes retirados de Serra Pelada, na Província Mineral dos Carajás, em Curionópolis, no Pará. Ainda de acordo com o homem que aparece no vídeo, o minério “foi para a mão de Lula”, que mandou “R$ 200 milhões para a Venezuela”. Entretanto, não houve no local retirada de ouro ou mesmo diamantes durante o governo Lula, nem depois dele, de acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM). Além disso, todo ouro retirado de Serra Pelada desde que o metal precioso foi descoberto no garimpo, em 1979, não chega a 1% do que o autor do vídeo alega ter sido roubado pelo petista.

De acordo com dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) publicados em 2020 pela BBC, o estoque subterrâneo de ouro ainda existente no mundo é estimado em 50 mil toneladas, enquanto outras 190 mil toneladas já teriam sido extraídas de todo o planeta. Para que a alegação do vídeo fosse verdadeira, o ex-presidente Lula precisaria ter roubado em Serra Pelada todo o ouro já extraído em minas do mundo inteiro, mais as 50 mil toneladas que ainda restam, somadas a outras 110 mil toneladas do metal precioso.

O auge da extração de ouro em Serra Pelada ocorreu na década de 1980. Em 1979, um trabalhador de uma fazenda local descobriu uma pepita de ouro e a informação se espalhou rapidamente. Ao longo de toda a década de 1980, segundo dados divulgados em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), foram extraídas 42 toneladas de ouro de Serra Pelada. A retirada caiu consideravelmente em 1990, quando apenas 250 quilos foram garimpados. Em 1991, um decreto do então presidente Fernando Collor de Mello determinou o fechamento da mina de Serra Pelada, considerado o maior garimpo a céu aberto do mundo, a partir de fevereiro de 1992. O decreto foi revogado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em agosto de 2020.

Ao longo do vídeo no TikTok, o homem não explica de onde tirou os números mencionados, nem apresenta provas das acusações. Um canal no YouTube usou o mesmo material e tentou “provar” as acusações com prints de reportagens publicadas na imprensa, mas nenhuma delas de fato prova que Lula, a Vale ou a empresa canadense tenham desaparecido com 350 mil toneladas de ouro e diamantes. Sobre os R$ 200 milhões enviados para a Venezuela, o canal usa informações sobre débitos do governo venezuelano ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), sem relação com o ouro de Serra Pelada.

Ele também usa informações enganosas sobre um “roubo” de R$ 11 bilhões e mente ao afirmar que pesquisas eleitorais não falam a verdade, uma vez que enquetes on-line apontam a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.

O Comprova classificou este conteúdo como falso porque ele foi inventado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. O post feito no TikTok em 14 de maio registrou, até o dia 30 do mesmo mês, 19,7 mil curtidas, 1.733 comentários e 16,3 mil compartilhamentos. No YouTube, onde o vídeo foi postado no dia 23, havia 15,15 mil visualizações, 2,9 mil curtidas e 115 comentários até a mesma data.

O que diz o autor da publicação: No TikTok não é possível contato com os usuários, mas o Comprova localizou o perfil do autor no Instagram e enviou mensagem direta, que não foi respondida. No YouTube, o responsável pela postagem não se identifica. Na aba “sobre”, há links para duas contas, uma no Twitter que está suspensa, e outra de uma usuária do Facebook. O Comprova enviou mensagens para ela, questionando se possui ligação com a página no YouTube, mas também não houve resposta.

Como verificamos: Para fazer esta checagem, o Comprova pesquisou sobre o garimpo de ouro em Serra Pelada, a quantidade do metal já retirado de lá e a situação atual do garimpo no local. Também foram feitas buscas envolvendo os valores citados no vídeo, o nome do ex-presidente Lula, da Vale, da cooperativa de garimpeiros de Serra Pelada, a Coomigasp, e de uma “mineradora canadense”, o que levou à Colossus Minerals, empresa que chegou ao Sul do Pará em 2007, pouco depois de ter sido criada, em 2006.

As pesquisas por publicações na imprensa levaram a pelo menos duas grandes reportagens – um especial de 2017 da Folha de S.Paulo com fotografias de Sebastião Salgado e dados sobre a mineração no local, e uma denúncia de 2010 do Estadão que mostrou um esquema liderado pelo ex-senador e ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão para reabrir a mina com a participação da canadense Colossus Minerals. Lobão, que foi ministro de Lula, negou ter feito um esquema. A reportagem, publicada ao longo de algumas edições de julho de 2010, cita o ex-presidente Lula apenas duas vezes: uma para dizer que ele desmarcou duas visitas ao local por entender que o projeto era desfavorável aos garimpeiros e deixava praticamente todo o ouro nas mãos da empresa canadense, e outra para afirmar que ele disse ser questão de honra para seu governo autorizar a reabertura da mina.

Também foram consultados órgãos oficiais, como a Agência Nacional de Mineração (ANM), o Serviço Geológico Brasileiro, ligado à Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (SGB/CPRM), e o Ministério das Relações Exteriores. Foram contatadas a Vale, a Colossus Minerals, a Coomigasp, a Sedeme e o Ibram. Por fim, foram acessados relatórios técnicos oficiais da Colossus enviados à Bolsa de Valores de Toronto em 2007 e 2010, além de artigos científicos que tratam da exploração de ouro em Serra Pelada e imagens de satélite da mina entre 1985 e 2021. A reportagem procurou, ainda, o Serviço Geológico dos Estados Unidos e o Conselho Mundial do Ouro.

Os autores dos vídeos postados no TikTok e no YouTube foram procurados, mas não responderam até a publicação desta checagem.

 

Mineração em Serra Pelada

A descoberta do ouro em Serra Pelada é atribuída a um peão conhecido apenas como Aristeu, segundo explica um artigo intitulado ‘Ouro, empresas e garimpeiros na Amazônia: o caso emblemático de Serra Pelada’, publicado em 2010. Enquanto trabalhava, Aristeu encontrou uma pepita de ouro na Fazenda Três Barras, de propriedade de Genésio Ferreira da Silva. O dono da propriedade teria tentado deixar o caso em segredo, mas a notícia logo se espalhou e os garimpeiros foram chegando às centenas, depois aos milhares. Em março de 1980, 5 mil homens já trabalhavam na chamada Grota Rica.

O governo militar, então, mandou o Major Sebastião de Moura Curió, que havia dizimado alguns anos antes a Guerrilha do Araguaia, para “cuidar” do garimpo no local. O Major Curió loteou a mina e a distribuiu entre os garimpeiros. Durante uma década, estima-se que foram extraídos artesanalmente de Serra Pelada algo entre 37 e 50 toneladas de ouro, mas o volume pode ser maior por conta dos desvios. O ano com maior volume de extração foi 1983, quando saíram de lá mais de 13 toneladas de ouro, oficialmente, como mostra o artigo já citado e também esta reportagem do Estadão. Na época, havia 67 mil garimpeiros no local.

A partir de 1990, a retirada foi caindo consideravelmente e, em setembro de 1991, o então presidente Fernando Collor de Mello publicou um decreto determinando o dia 11 de fevereiro de 1992 como o prazo máximo para o fim dos trabalhos de garimpagem em Serra Pelada. O sonho de reabrir a mina continuou por muitos anos, até que, em 2007, o senador Edison Lobão começou as articulações para a reabertura.

O Estadão denunciou em 2010 como Lobão negociou a cessão das áreas da Vale para a cooperativa de garimpeiros e articulou também a formação de uma empresa entre a Coomigasp e a suposta gigante da mineração no Canadá Colossus Minerals. A entrada de uma mineradora era necessária à reabertura da mina porque o local onde antes era feito o garimpo havia se transformado em uma cratera de 200 metros de profundidade e estava cheia de água. Com a mina transformada em lagoa, era impossível aos garimpeiros minerarem de maneira artesanal.

Os trabalhos de pesquisa foram autorizados e a mineradora chegou a anunciar que havia encontrado depósitos de ouro em Serra Pelada, mas os documentos enviados à Bolsa de Valores de Toronto, também em 2010, mostram que a empresa não chegou a extrair nada – pelo contrário, foi informada a necessidade de mais dinheiro para, de fato, conseguir minerar em Serra Pelada.

O papel da Vale e da canadense Colossus

Conforme informou a Agência Nacional de Mineração (ANM), a mineradora Vale não tem mais qualquer atuação em Serra Pelada. No passado, a mineradora chegou a realizar pesquisas na área e obteve concessão de lavra, mas esta foi repassada à Coomigasp e à empresa Colossus, que posteriormente desistiu do projeto.

A Vale, também procurada pelo Comprova, confirmou não ter qualquer participação na Colossus e nunca ter chegado a exercer qualquer atividade de lavra minerária em Serra Pelada, seja para ouro ou diamante (identificado em quantidades irrelevantes). A mineradora afirma ter cedido a área de jazida à Coomigasp em março de 2007 e acrescenta manter no município de Curionópolis apenas a unidade Serra Leste, de exploração exclusiva de minério de ferro.

Em 2013, a Colossus, que desde então vinha realizando pesquisas no local e foi contratada pelos garimpeiros para explorar o ouro, realizou demissões em massa e comunicou a paralisação das atividades alegando ter encontrado desafios técnicos para o controle da quantidade de água no solo onde o projeto estava sendo desenvolvido, o que teria provocado um desequilíbrio orçamentário. As atividades nunca mais foram retomadas e o projeto acabou abandonado pela mineradora.

Atualmente, há uma briga judicial entre o Governo do Pará e a Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral – formada pela Colossus e pela Coomigasp – em decorrência do abandono da área. Em março deste ano, a Vara Única de Curionópolis chegou a deferir parte de medida liminar na qual o estado afirma ter sido construída uma estrutura de contenção para receber rejeito de mineração, entretanto o projeto nunca entrou em operação.

A parte autora da ação sustenta que em vistoria técnica foi constatado que a barragem está “apresentando trincas e erosão significativas, recalques e galgamentos, não possuindo nenhuma instrumentação para monitoramento e drenagem superficial” e que a existência de uma comunidade próxima pode ser afetada pelo rompimento da estrutura.

| Ação movida pelo Estado do Pará contra Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral, Colossus Geologia e Participações Ltda e Coomigasp – Cooperativa dos Garimpeiros da Serra Pelada.

A justiça determinou que a empresa implante um sistema de monitoramento da barragem, apresente ao órgão federal minerário e ao órgão ambiental licenciador, para aprovação, Plano de Contingência atualizado da Mina, visando prevenir qualquer desastre; Plano de Segurança de Barragens; e Plano de Fechamento da Mina atualizado, acompanhado do respectivo Plano de Recuperação de Área Degradada – PRAD.

O Comprova procurou duas vezes a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) do Pará solicitando informações detalhadas sobre a atual situação da mina e andamento do processo, mas não recebeu retorno. A Colossus também não respondeu e a Coomigasp preferiu não se posicionar por telefone ou meio eletrônico.

Não houve retirada de minério no governo Lula

Apesar do anúncio de que havia ouro a ser minerado em Serra Pelada, a empresa Colossus foi embora da região sem extrair nada. Em um comunicado de imprensa feito em 2014 – o último disponível entre os documentos apresentados à Bolsa de Valores de Toronto, a empresa trata do imbróglio com a Coomigasp e afirma que chegou a investir no local R$ 300 milhões. Em outro documento que discute as condições financeiras, apresentado em 2015, a empresa diz que já em janeiro de 2014 havia decidido colocar o programa de Serra Pelada “em manutenção” e não mais investir na mina, uma vez que corria uma disputa na Justiça com a cooperativa de garimpeiros e que isso vinha impedido a empresa de obter financiamento.

O Comprova consultou a ANM e questionou se houve extração e quanto de ouro foi retirado de Serra Pelada nos últimos 20 anos – desde 2003, o primeiro ano do governo Lula. Por e-mail, a agência informou que nada foi extraído nas últimas duas décadas. O Serviço Geológico Brasileiro também foi consultado, mas não respondeu até a publicação deste texto.

Um indício de que nada foi mesmo retirado são imagens de satélite do local do garimpo. A reportagem buscou imagens no Google Earth e encontrou registros de 1985 até 2021. O primeiro, de 1985, não possui boa resolução e, por isso, não é possível ver a situação da mina em pleno funcionamento. A próxima imagem disponível é de 2006, antes das articulações para a chegada da Colossus Minerals e 14 anos após o fechamento do garimpo.

Nas imagens a seguir é possível ver como a cratera (na parte inferior) permaneceu cheia durante todo o período que compreendeu os governos de Lula, Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), até 2021. As únicas mudanças são a instalação da sede da Colossus e a abertura de uma barragem de rejeitos, que também acabou cheia de água (ela fica visível, já com água, a partir de 2016).

Além disso, a quantidade de ouro que o homem diz ter ido parar nas mãos de Lula é irreal. Em setembro de 2020, a BBC publicou uma reportagem falando sobre a quantidade de ouro que ainda havia no mundo. O texto apresenta dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) que estima ainda haver cerca de 50 mil toneladas de ouro no planeta. O USGS também estima que, até então, haviam sido extraídas 190 mil toneladas de ouro. Ou seja, é irreal imaginar que em apenas uma mina no Brasil seria possível desviar mais ouro do que já foi minerado até hoje no mundo inteiro. As estimativas estão disponíveis no site do USGS.

A maior fonte de ouro da história foi a bacia Witwatersrand, na África do Sul, responsável por algo entre 30% e 40% de todo o ouro já extraído no mundo. Na mesma região fica a mina mais profunda do planeta, a de Mponeng, com mais de 4,5 mil metros de profundidade. Mas é a China o país com a maior produção de ouro do mundo. Dados de 2020 do Conselho Mundial do Ouro estimam a produção chinesa em 368,3 toneladas do metal precioso por ano. O Brasil produz, em média, 107 toneladas anualmente.

Dinheiro para a Venezuela?

No vídeo original, postado no TikTok, o homem que aparece nas imagens afirma que o minério retirado de Serra Pelada foi parar nas mãos de Lula e que ele mandou R$ 200 milhões para a Venezuela apenas no primeiro mandato. Não há qualquer explicação sobre como esse ouro saiu de Serra Pelada, foi parar nas mãos do ex-presidente Lula e se transformou em dinheiro entregue à Venezuela. No entanto, o mesmo vídeo foi reproduzido em um canal do YouTube, separado em parte e comentado por um narrador não identificado que tentou “provar”, por meio de textos publicados na imprensa, que o homem que aparece nas imagens fala a verdade.

Acerca do trecho em que o homem do vídeo original fala sobre o ouro “comido” por Lula, a Vale e a empresa canadense, o narrador apresenta uma reportagem da Agência Brasil. Publicado em 2008, o texto informava, apenas, que 14 anos após ser fechado, o garimpo de Serra Pelada poderia ter a extração de ouro retomada após o Departamento Nacional de Pesquisas Minerais (DNPM) autorizar a empresa canadense Colossus Minerals a pesquisar quanto ouro ainda existia no local. O texto não afirma ter sido retirado minério do local.

Em seguida, o narrador apresenta outro trecho onde o homem diz que Lula enviou R$ 200 milhões para “Venezuela e não sei pra onde” e que o valor foi retirado de Serra Pelada. Sobre o assunto, o vídeo do YouTube mostra um texto do colunista José Benedito da Silva publicado pela revista Veja. O texto é de fevereiro de 2022 e trata de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para países como Cuba e Venezuela, mas em nenhum momento é feita qualquer referência a Serra Pelada.

O dinheiro do BNDES na Venezuela e em outros países não é necessariamente um empréstimo ao país. Há alguns anos, o banco brasileiro fez financiamentos à exportação de bens e serviços de engenharia brasileiros no exterior. O dinheiro era entregue a empresas brasileiras e o pagamento do financiamento, com juros e em dólar, feito pelos países que haviam contratado os bens e serviços. Para a Venezuela, o parcelamento foi feito em 639 parcelas, das quais 598 já venceram sem pagamento e outras 41 estão para vencer. O país deve US$ 160 milhões ao Brasil, em dados atualizados pelo BNDES até março de 2022.

Roubo de R$ 11 bilhões e pesquisas eleitorais

Outro trecho do vídeo fala que Lula foi “pego no roubo de R$ 11 bilhões”. O narrador no YouTube apresenta mais uma coluna da Veja, desta vez assinada por Jorge Pontes, falando sobre os R$ 14 bilhões identificados pela Operação Lava Jato no exterior. A operação, contudo, é alvo de críticas pelos métodos empregados ao longo das investigações e o ex-juiz Sergio Moro, que coordenou a ação, neste mês, se tornou réu em Ação Popular movida pelo Partido dos Trabalhadores por dano ao erário em decorrência da operação.

Conforme apresentado em reportagem de outubro de 2021 da Folha de S. Paulo, uma série de fatores contribuiu para a Lava Jato perder força, incluindo uma sequência de decisões judiciais que a esvaziou, dentre elas, a anulação de processos contra Lula. O Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu, por 7 votos a 4, que o ex-juiz Moro foi parcial ao julgar o ex-presidente no processo do tríplex de Guarujá (SP), invalidando as provas colhidas no caso. Antes, o Supremo já havia decidido anular as condenações de Lula sentenciadas pela Justiça Federal de Curitiba.

Por fim, é utilizado o último trecho do vídeo do TikTok, em que o homem nas imagens afirma que Bolsonaro vencerá Lula nas eleições de 2022 com 30 milhões de votos a mais. O narrador diz, então, que a pessoa se equivocou apenas nesta “notícia”. Ele apresenta o print de uma suposta pesquisa definida por ele como “ao vivo, online, no Google”. O levantamento aponta mais de 3 milhões de votos, sendo 58,7% deles para Bolsonaro.

Em seguida, ele desqualifica as pesquisas oficiais, afirmando que elas ouvem pouco mais de 2 mil pessoas, e não levantam dados reais de que Bolsonaro vai vencer com mais de 60 milhões de votos no primeiro turno. O material utilizado pelo homem é uma enquete do site Eleições ao Vivo. Ele não explica que o próprio site alerta que enquetes não têm valor científico e omite que, neste site, uma mesma pessoa pode votar diversas vezes – basta informar um número de DDD.

O Comprova já demonstrou em verificação anterior que enquetes em redes sociais não têm valor científico e não substituem pesquisas eleitorais registradas nos tribunais eleitorais. Da mesma forma, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já explicou a diferença entre enquete e pesquisa eleitoral. No segundo modelo, que é legalizado, devem ser registradas informações relacionadas ao contratante da pesquisa; o valor e a origem dos recursos gastos; a metodologia e o período de sua realização; o questionário aplicado ou a ser aplicado; o nome do estatístico responsável; e a indicação do estado em que será realizado o levantamento.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. O conteúdo do vídeo aqui verificado cita dois pré-candidatos à presidência do país, Lula e Bolsonaro. Informações falsas que envolvem atores políticos trazem prejuízos ao processo democrático e atrapalham a decisão do eleitor, que deve ser tomada com base em informações verdadeiras. No vídeo postado no YouTube, por exemplo, há comentários afirmando que o homem que aparece nas imagens é “bem informado”, quando, na verdade, as alegações feitas por ele são falsas, enganosas ou estão fora de contexto.

Outras checagens sobre o tema:

Anteriormente, o Comprova já verificou que uma linha de trem que liga a região de Serra Pelada, no Pará, ao Maranhão existe há 36 anos e não é obra do governo Bolsonaro e ser enganosa publicação que associa, sem evidências, ONGs da Amazônia à exploração de riquezas minerais.

Eleições

Investigado por: 2022-05-30

Vídeo mostra imagens de imóvel de luxo no Ceará como sendo residência alugada por Lula em São Paulo

  • Falso
Falso
É falso o conteúdo de um vídeo que circula no Kwai mostrando uma casa, alegando que teria sido alugada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As imagens foram retiradas do canal no YouTube de um corretor imobiliário. Na verdade, o imóvel fica no Ceará e segundo o proprietário, o político nunca esteve na residência.

Conteúdo investigado: Vídeo de 1 minuto e 43 segundos mostra os detalhes de decoração e mobiliário de uma casa de alto padrão em um condomínio fechado. A gravação sobrepõe um áudio de um programa da Jovem Pan onde o apresentador e a comentarista falam sobre a casa que o ex-presidente Lula estaria alugando pelo valor de R$ 20.500,00 no bairro Alto de Pinheiros, na cidade de São Paulo.

Onde foi publicado: Kwai Video.

Conclusão do Comprova: É falso o conteúdo de um vídeo que circula no Kwai mostrando com detalhes o exterior e interior da suposta casa alugada pelo ex-presidente. A gravação de 1 minuto e 43 minutos de duração sobrepõe o áudio do programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, para ilustrar a afirmação que o autor da publicação traz na legenda: “esse é o pai dos pobres, que colocou o povo na miséria e vive na ostentação e no luxo”.

O Comprova apurou que o vídeo é autêntico, mas teve seu áudio original substituído. O vídeo original foi gravado e divulgado por Thallys Rocha, corretor imobiliário que usa sua página no YouTube para divulgar as casas de alto padrão disponíveis para aluguel e venda em Eusébio, cidade na região metropolitana de Fortaleza, no Ceará.

No lugar do áudio original foi colocada a fala do apresentador Vitor Brown, da Jovem Pan, e da ex-jogadora de vôlei, Ana Paula Henkel, que participa como analista no programa Os Pingos nos Is. Durante o programa de 20 de maio de 2022, com 2 horas de duração, a partir de 1:17:43 até 1:24:36 ambos debateram o custo do casamento de Lula e fizeram críticas ao preço do aluguel da casa em que ele mora com a nova esposa, Rosângela Silva, em São Paulo. As críticas se baseiam nas declarações dadas por Lula no evento realizado em 5 de abril, na Fundação Perseu Abramo, na cidade de São Paulo, no qual afirmou:

“Eu quero uma casa. Eu quero casar. Eu quero ter um carro. Eu quero ter uma televisão. Não precisa ter uma em cada sala. Uma televisão já tá boa. Eu quero um computador. Eu quero um celular. Na medida que você não impõe limite, você faz com que as pessoas comprem um barco de US$ 400 milhões e compre um outro barco para pousar o seu helicóptero, sabe? O que faz uma pessoa com um barco de US$ 400 milhões? Nada”.

Essa parte da fala é usada na matéria da Jovem Pan, entretanto, o áudio original sofreu recortes. Dessa forma, parece que o vídeo foi utilizado pela emissora durante o programa e, ainda, pretende dizer que a casa na qual o ex-presidente está morando na cidade de São Paulo é a mesma mostrada nas imagens.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. Até o dia 30 de maio, a publicação teve mais de 17,6 mil interações entre curtidas, compartilhamentos e comentários no Kwai Video, rede social usada para a divulgação de vídeos curtos.

O que diz o autor da publicação: O conteúdo analisado nesta checagem foi publicado no aplicativo Kwai Video. Com mais de 50 mil seguidores, o perfil costuma postar vídeos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL), críticas ao ex-presidente Lula e ao Supremo Tribunal Federal (STF), dentre outros conteúdos.

O Comprova enviou uma mensagem para o autor da publicação pelo Kwai Video. O perfil de nome PSS (@) em nenhum momento se identifica e não disponibiliza em sua página outras formas de contato. Questionado se era o responsável por sobrepor o áudio ao vídeo e, se não fosse, como ele teria recebido o conteúdo, ele respondeu: “o vídeo não fala endereço, é baseado em ostentação e luxo de quem diz que o povo não pode ter nem sequer 2 TV”.

Como verificamos: O Comprova iniciou a checagem procurando o vídeo original no YouTube com o nome Thallys Rocha imob, que é o logo que aparece no conteúdo divulgado no Kwai. Em seguida, uma das primeiras opções que apareceram na pesquisa foi a casa de alto padrão que o vídeo disse que Lula teria alugado por R$ 20.500,00. Como o YouTube não permite o envio de mensagens, entramos em contato pelo e-mail que o responsável pela página, Thallys Rocha, disponibiliza na descrição de seu perfil. Após o contato inicial, conversamos com o corretor através do telefone.

O corretor nos passou o nome e contato do ex-proprietário da casa, com quem falamos. Além disso, a assessoria do ex-presidente foi procurada para responder se, de fato, Lula teria alugado ou comprado uma casa no Ceará e se poderia comentar sobre a residência alugada em São Paulo.

 

Proprietário diz que Lula nunca pisou na casa

As cenas da casa mostradas na postagem são de um canal no YouTube que pertence ao corretor imobiliário Thallys Rocha. As imagens foram usadas sem autorização. Ao Comprova, Thallys contou que o autor do post falso pegou trechos de um vídeo, em que ele anuncia um imóvel para a venda.

| Reprodução de vídeo publicado por corretor que divulga imóvel à venda no Ceará.

Segundo Thallys, trata-se de uma casa localizada no Ceará, na cidade de Eusébio, região metropolitana de Fortaleza. “Na ocasião que eu havia filmado, pertencia a um empresário, que é o Júnior Sintonia. Nunca ouvi falar nisso daí, que era do Lula ou alguma coisa do tipo”, afirma.

A propriedade possui 650 metros quadrados de área construída em um terreno com 1000 metros quadrados. É composta por cinco suítes, dois lavabos, garagem para até 10 carros, projeto de geração de energia solar, espaço gourmet e uma piscina com hidromassagem.

O corretor considera a publicação falsa e confirma que a casa nunca foi alugada pelo ex-presidente Lula: “Eu nunca nem ouvi falar a história disso aqui na região, nem nada do tipo. Vale ressaltar também que este imóvel, ele estava sendo anunciado para venda, divulgado também com diversos corretores. Esse imóvel estava no mercado. Pelo menos até onde eu sei, nunca esteve para locação”.

O Comprova entrou em contato com Júnior Sintonia. O empresário explicou: “A casa era minha, ela foi vendida, mas posso lhe garantir que o Lula nunca pisou na casa. Esse vídeo aí que tá rolando é totalmente fake”.

Além disso, a reportagem também entrou em contato com a assessoria de imprensa do ex-presidente, a qual confirmou que o político não alugou nem morou em nenhuma casa no Ceará. Concluiu informando que não iria comentar sobre a residência atual do ex-presidente, alugada em São Paulo.

Áudios editados

Apesar do vídeo ser autêntico, o áudio original foi retirado e em seu lugar colocada a gravação do programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan. Entretanto, em sua edição original, o debate sobre o custo do casamento de Lula e sobre a casa que ele estaria morando em São Paulo tem cerca de seis minutos. No vídeo que circula no Kwai, o áudio do programa foi recortado para 1 minuto e 43 segundos.

Da maneira que foi editado, o vídeo que circula nas redes sociais faz parecer que a casa na qual o ex-presidente está residindo em São Paulo, no bairro Alto de Pinheiros, seria a que aparece na gravação.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizaram nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. O conteúdo investigado refere-se a um pré-candidato à presidência do país. Informações enganosas que envolvem atores políticos não contribuem para o processo democrático e ferem o direito do eleitor de escolher representantes com base em informações verdadeiras.

Uma informação falsa pode causar desequilíbrio no processo eleitoral e resultar em diferentes prejuízos.

Outras checagens sobre o tema: Recentemente, o Comprova mostrou que declarações “vazadas” de Lula sobre crise econômica são públicas e foram feitas em 2016; que foto de Bolsonaro em lancha com Elon Musk é montagem e que série sobre fome do JN foi ao ar antes da chegada do PT ao poder.

Eleições

Investigado por: 2022-05-26

Declarações “vazadas” de Lula sobre crise econômica são públicas e foram feitas em 2016

  • Enganoso
Enganoso
É enganoso um vídeo que circula sem contexto, no qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fala sobre a crise econômica no país e afirma que a União está falida. O conteúdo insinua que a gravação foi "vazada" e que Lula teria admitido que o Partido dos Trabalhadores (PT) seria o responsável pelas dívidas do Brasil. Na realidade, o trecho foi recortado de um vídeo de 2016 em que Lula comenta sobre a política e economia brasileiras para apoiadores e intelectuais. Ele critica a política econômica de sua sucessora, Dilma Rousseff, mas não culpa o PT pela crise.

Conteúdo investigado: Vídeo de 2 minutos e 40 segundos em que o ex-presidente Lula fala sobre a economia no Brasil e afirma que a União está quebrada. Na gravação estão inseridas as legendas “Vazou!” e “Lula assume que PT quebrou o País”, dando a entender que a fala teria sido gravada de forma clandestina.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: É enganoso o vídeo no qual o ex-presidente Lula fala sobre a crise econômica no país e a queda no poder de investimento do Estado. O conteúdo, que está sendo divulgado fora de contexto, sugere que a gravação foi “vazada” e que Lula teria admitido que o PT seria o responsável pelo colapso financeiro do Brasil.

O trecho, na verdade, foi retirado de uma gravação de 1h17 de duração, feita em 2016 durante um encontro entre o ex-presidente e apoiadores, e transmitida pelas redes sociais de Lula. São, portanto, declarações públicas.

Na ocasião, Lula criticou a política de desoneração fiscal de Dilma Rousseff (PT), quando ocupava a presidência da República, e apontou diversos motivos para a instabilidade na economia do Brasil, como os custos da Operação Lava Jato – responsável pela posterior prisão do petista – e a destinação de políticas de crédito e financiamento do governo.

O Comprova classifica como enganoso todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. Até o dia 26 de maio, a publicação teve mais de 438 mil interações, entre visualizações, curtidas, comentários e compartilhamentos no TikTok.

O que diz o autor da publicação: Não foi possível entrar em contato com a responsável pelo post através do TikTok porque a plataforma não permite o envio de mensagens. O Comprova então buscou pelo nome da autora em outras redes sociais e encontrou um perfil no Instagram que possui conteúdos coincidentes com aqueles publicados no TikTok. Uma mensagem foi encaminhada, mas não houve retorno até o fechamento desta checagem.

Como verificamos: A partir de uma busca no Google pelas palavras-chave “Lula”, “desoneração” e “PT quebrou o país”, o Comprova encontrou uma checagem do mesmo conteúdo feita pelo Estadão Verifica.

Com base no material, descobrimos que o fragmento que viralizou nas redes sociais é parte de um vídeo gravado em 2 de dezembro de 2016 durante um encontro do ex-presidente com apoiadores.

Na época, a gravação foi transmitida ao vivo pelo Facebook de Lula e a fala do petista foi repercutida na imprensa nacional (Estadão e Metrópoles).

O Comprova também buscou a assessoria do ex-presidente para esclarecer o contexto do vídeo, mas não houve resposta.

 

O encontro

No dia 2 de dezembro de 2016, um grupo de intelectuais e artistas lançou, no Rio de Janeiro, um “observatório da legalidade com Lula”, criado com o objetivo de acompanhar os processos judiciais contra o ex-presidente.

Segundo matéria publicada no site de Lula, entre os presentes no lançamento estavam a cantora Beth Carvalho, o escritor Fernando Moraes, o então senador pelo PT do Rio de Janeiro Lindbergh Farias e o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ).

Após a fala de algumas pessoas, o ex-presidente comentou sobre os processos da Operação Lava Jato, a situação econômica do Brasil e o seu futuro na política.

Na ocasião, conforme noticiado pelos jornais Estadão e Metrópoles, Lula disse ser a pessoa que poderia “resistir a essa euforia da insanidade judicial” e ainda afirmou que poderia ser candidato ao Palácio do Planalto nas eleições seguintes, de 2018.

O encontro durou cerca de 1h17 e foi transmitido ao vivo pelo Facebook de Lula.

Motivos citados por Lula para a crise econômica do Brasil

O trecho verificado pelo Comprova, que pode ser encontrado entre os minutos 00:58:51 e 01:08:21 do vídeo original, começa com a seguinte frase dita pelo ex-presidente: “Foi uma desoneração que significou R$ 500 bilhões a menos de entrada de dinheiro dentro do cofre do Estado. Então o Estado está falido, a União.”

Com base na gravação original, é possível afirmar que Lula se referia à política de desonerações de sua sucessora, Dilma Rousseff. O ex-presidente criticou os benefícios fiscais concedidos a empresas na gestão dela, mas não a culpou explicitamente pela crise econômica.

Este comentário não era de uma opinião mantida apenas nos bastidores, como sugere o vídeo investigado. Lula já havia se posicionado sobre o assunto antes mesmo do encontro, quando concedeu uma entrevista ao jornal francês Libération, em julho de 2016 (matéria do site do PT). “Dilma reconhece que sua política de desoneração fiscal às empresas, que reduziu a arrecadação do Estado, foi longe demais. Entre 2011 e 2015, o Estado renunciou a cerca de R$ 500 bilhões. E, fato muito grave, sem exigir nada em troca do patronato”, disse.

Além da política de desoneração, Lula mencionou outras razões para a crise na economia que não são mostradas no trecho do vídeo que viralizou nas redes sociais, segundo o qual ele atribuía os problemas apenas a seu partido, o PT. Entre essas causas, Lula cita a Operação Lava Jato: “Eles têm noção de quanto a Operação Lava Jato já causou de prejuízo na economia desse país? Ao PIB desse país? Eles têm noção de quanto desemprego [a Lava Jato] já causou?”, falou entre os minutos 01:12:01 e 01:12:14.

Em maio de 2020, em declaração à rádio Jovem Pan de Aracaju, em Sergipe, Lula disse acreditar que “o país só não quebrou por causa do PT”. “O Brasil só está de pé por causa do PT. Eu ontem vi o [Paulo] Guedes dizendo que as reservas internacionais deixadas pelo PT vão render R$ 500 bilhões ao Tesouro. Se não fosse isso, o país não estava conseguindo importar um palito de dente”, afirmou.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizaram nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. O conteúdo investigado refere-se a um pré-candidato à presidência do país. Informações enganosas que envolvem atores políticos não contribuem para o processo democrático e ferem o direito do eleitor de escolher representantes com base em informações verdadeiras.

Outras checagens sobre o tema: Em 13 de maio, o Estadão Verifica checou o conteúdo e concluiu que o vídeo foi retirado do contexto original e usado de forma a induzir o público a uma interpretação equivocada. Anteriormente, o Comprova mostrou que série sobre fome do Jornal Nacional foi ao ar antes da chegada do PT ao poder, que o Fies foi criado no governo de FHC, não na gestão Lula e que vídeo engana sobre empréstimos do BNDES no governo Lula.

Eleições

Investigado por: 2022-05-25

Foto de Bolsonaro em lancha com Elon Musk é montagem

  • Falso
Falso
É uma montagem a foto que mostra o presidente Jair Bolsonaro (PL) ao lado do empresário Elon Musk em uma lancha. Apoiadores do político espalharam diversos memes nas redes sociais após encontro recente entre os dois, que ocorreu em um hotel de luxo em Porto Feliz, em São Paulo. Na foto original, quem aparece no lugar de Musk é o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães. O registro é de dezembro de 2021, quando estavam de férias na praia do Guarujá.

Conteúdo investigado: Imagem em que o presidente Jair Bolsonaro aparece ao lado do empresário Elon Musk em uma lancha.

Onde foi publicado: Facebook, WhatsApp e Twitter.

Conclusão do Comprova: Circula nas redes sociais uma montagem em que o presidente Jair Bolsonaro aparece em uma lancha ao lado do dono da Tesla e da SpaceX, o bilionário Elon Musk. A imagem falsa surgiu na internet depois que Musk visitou o Brasil, em 20 de maio. Na ocasião, ele se encontrou com Bolsonaro e empresários do setor de telecomunicações em um hotel de luxo na cidade de Porto Feliz, no interior de São Paulo. Não houve passeio de lancha.

Ainda que o post possa ser entendido como parte de uma campanha bolsonarista para espalhar conteúdo inverídico sobre o encontro em tom de piada, diversos perfis no Facebook e no Twitter acreditaram na imagem e a passaram adiante com legendas como “pés descalços, bem à vontade, descontraídos e sem nenhuma pose ou formalidade nesse passeio” e “essa imagem é para deixar os petralhas com inveja”.

Musk tem sido festejado em grupos conservadores depois que anunciou a intenção de comprar o Twitter, ao mesmo tempo em que deu mostras de que deve alterar a moderação de conteúdo da plataforma em favor da “liberdade de expressão”. Acusado de censura por esses grupos, o Twitter alega que apenas age contra a desinformação e não permite comportamentos que violem as suas políticas.

O material no qual se baseia a peça é um post do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, em 18 de dezembro de 2021 — ele é quem aparece no lugar de Musk com uma camiseta azul escrito “Rochester”, enquanto Bolsonaro veste uma camiseta do Santos Futebol Clube. Na ocasião, ele e o presidente da República estavam de férias na praia de Guarujá, no litoral paulista. Guimarães foi indicado por Bolsonaro para a chefia do banco.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade. A classificação foi escolhida porque o perfil que divulgou a desinformação não é conhecido pela publicação de conteúdo humorístico, existem pessoas acreditando nela e não foi possível contatar a página para confirmar a sua intenção ao postar o material no Twitter.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. Até o dia 25 de maio, a postagem no Twitter tinha 2,8 mil retweets, 220 tweets com comentários e 22,8 mil curtidas. Já a publicação do Facebook alcançou 6,6 mil curtidas, 960 compartilhamentos e 1,4 mil comentários.

O que diz o autor da publicação: O Comprova tentou entrar em contato com a conta do Twitter que viralizou ao compartilhar a montagem e com o perfil no Facebook que depois espalhou o print na rede social. A página do Twitter não permite mensagens diretas. O perfil no Facebook não respondeu a mensagem.

Como verificamos: O primeiro passo foi analisar o material e procurar pelo conteúdo original na internet, por meio de buscas reversas de imagem. A pesquisa foi realizada com o Google, com apoio da ferramenta de checagem RevEye.

Os resultados confirmam que se trata de uma montagem — a foto foi publicada por diversos veículos de imprensa, como o G1 e o Poder360, em 18 de dezembro de 2021, e mostra o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, no lugar de Elon Musk.

Algumas notícias também informam na legenda que a foto foi retirada do Instagram de Guimarães. Com a dica da data e da fonte, o Comprova chegou ao post original em sua conta. “Indo pescar em excelente companhia”, escreveu no dia, como pode ser constatado na imagem abaixo:

| Reprodução do Instagram – Imagem capturada em 25 de maio de 2022

Além disso, Max Guilherme, assessor especial de Bolsonaro, também publicou o encontro em uma embarcação da Marinha do Brasil. Segundo o G1, Bolsonaro ficou hospedado na instalação militar do Forte dos Andradas. Por volta das 9 horas, a comitiva dele saiu, mas o presidente seguiu na lancha para uma pescaria.

Para contextualizar o assunto, o Comprova consultou reportagens e outras fontes confiáveis de informação, como a agenda oficial da Presidência da República, a fim de entender o que de fato aconteceu durante a visita recente do bilionário Elon Musk ao Brasil.

A reportagem procurou ainda pelo tuíte que circula no Facebook e no WhatsApp, de autoria de uma página de apoio a Bolsonaro e ao Partido Liberal (PL) no Rio Grande do Sul. Não foi possível entrar em contato com o perfil através de mensagens. Não houve resposta do usuário que espalhou um print no Facebook.

Montagem da lancha

O post analisado pelo Comprova nesta checagem foi publicado em um grupo bolsonarista no Facebook. Ele mostra um tuíte de uma conta denominada “Partido Liberal – BolsonaroPL22/RS”. Na noite de 20 de maio, o perfil compartilhou a montagem com a legenda “Pra finalizar, um passeio de lancha! Aviso: não é fake!” junto a emojis de foguete, risada e uma bandeira do Brasil. O conteúdo teve mais de 20 mil curtidas e 2,8 mil compartilhamentos na plataforma.

Vários usuários no Twitter e no Facebook entenderam que poderia ser um material verídico. No Twitter, por exemplo, uma conta militarista escreveu: “Pés descalços, bem à vontade, descontraídos e sem nenhuma pose ou formalidade nesse passeio. Um é presidente do maior país da América Latina e o outro é o homem mais rico do mundo”, com o acréscimo da hashtag #BolsoMusk.

No Facebook, uma captura de tela da postagem no Twitter gerou comentários como “Se fosse o cachaceiro estaria em um iate cercado de corruptos”, “Simplesmente dois mitos mundiais”, “Isso mesmo presidente, você merece um passeio” e “Graças a Deus que praga e inveja não pegam” entre os mais relevantes da publicação. Esse fato sugere que parte significativa dos perfis que tiveram acesso à imagem acreditaram que era autêntica.

| Reproduções de comentários publicados no Facebook. Imagens capturadas em 25 de maio de 2022.

No post da página de apoio ao PL no Rio Grande do Sul no Twitter, a maioria parece repercutir as informações como uma piada ou um meme, mas alguns (tuíte 1, tuíte 2) questionam se a imagem compartilhada é uma montagem mesmo ou uma foto verdadeira.

Um usuário chega a duvidar se Elon Musk é uma boa aliança para o presidente Bolsonaro. “Quero muito acreditar que esse é dos nossos. Ainda tenho certa desconfiança”, escreveu. Outro parece acreditar na imagem e afirma que “postar essa foto não ajuda em nada a nação”, considerando-a uma “besteira” e “superficial” por acreditar haver coisas mais importantes para se preocupar, como educação e saúde.

| Reproduções de comentários no Twitter capturadas em 25 de maio de 2022.

Em 23 de maio, a revista Bula marcou a publicação no Twitter alertando para a falsidade da imagem. A conta de apoio ao PL gaúcho respondeu: “Mas alguém acreditou que a foto é verdadeira? Será que eles pensam que as pessoas não sabem distinguir fake de meme?”.

Encontro teve apenas reunião e almoço em hotel

O encontro de Bolsonaro com Elon Musk não teve passeio de lancha. O bilionário passou cerca de quatro horas em um hotel de luxo de Porto Feliz, em São Paulo, no dia 20 de maio de 2022. O evento foi fechado para a imprensa.

Segundo relato do jornal O Estado de S. Paulo, o dono da Tesla e da SpaceX chegou ao aeroporto executivo Catarina, nos arredores de São Paulo, por volta das 10 horas, em uma aeronave própria. Seguiu de carro até o hotel Fasano Boa Vista, em Porto Feliz. Após posar para fotos, Musk se reuniu com empresários do setor de telecomunicações para discutir negócios envolvendo o serviço de satélite Starlink e depois com membros do governo. O empresário ficou para o almoço e deixou o hotel em direção ao aeroporto por volta das 14 horas.

De acordo com o jornal O Globo, o hotel Fasano Boa Vista, escolhido para o encontro, já recebeu celebridades como as modelos Kate Moss e Naomi Campbell e cobra diária de R$ 2,9 mil a R$ 11 mil. A publicação também não menciona passeios de lancha no roteiro do presidente.

A agenda oficial do presidente da República informa a partida de Bolsonaro de Brasília para Porto Feliz na manhã de sexta-feira, 20 de maio, e uma cerimônia do “Conecta Amazônia” na cidade paulista. Depois, a agenda relata voo para Curitiba, no Paraná, onde o político participaria de um evento religioso no sábado.

‘Memes’ bolsonaristas

Além da montagem da lancha, diversos conteúdos manipulados surgiram na internet após a visita de Elon Musk ao Brasil. O próprio presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, publicou um “meme” em que aparece sentado em uma mesa ao lado do bilionário e do cantor Kanye West, indicando Osasco, em São Paulo, como a localização.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) postaram imagens inverídicas de Bolsonaro e Musk comendo pastel e bebendo café. Uma delas foi desmentida pelo Fato ou Fake, do portal G1, e pelo site Boatos.org depois de ser compartilhada por outros usuários como se fosse verdade.

A repercussão na internet foi abordada em notícias do site R7, do jornal Folha de S. Paulo e da revista Isto É. A reportagem da Folha explica que a popularidade de Musk em grupos de extrema-direita ocorre depois que o empresário firmou um acordo para a compra do Twitter e sinalizou que pode diminuir a moderação de conteúdo na rede social.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizaram nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. O conteúdo investigado está relacionado com a imagem do atual presidente da República, Jair Bolsonaro, que também é pré-candidato à reeleição. As informações podem ser mal interpretadas e influenciar a escolha do eleitor, atrapalhando o processo democrático.

Outras checagens sobre o tema: Em outras checagens recentes, o Comprova mostrou que é falso que Elon Musk tenha citado as motociatas de Bolsonaro em entrevista na Alemanha; que major foi preso no Piauí por desobediência, não por apoiar presidente e também que Bolsonaro não concluiu 84% das obras da transposição do Rio São Francisco, como alega vídeo.

 

Atualização: Esta verificação foi atualizada às 19h do dia 25 de maio de 2022 para retirada de imagens que reproduziam sem nenhuma marcação o conteúdo falso, o que contraria as regras do Comprova. 

Eleições

Investigado por: 2022-05-24

Post deturpa falas de Beira-Mar, Youssef e Barbosa sobre Bolsonaro

  • Enganoso
Enganoso
É enganoso o conteúdo que atribui falas positivas sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) a Joaquim Barbosa, Alberto Youssef e Fernandinho Beira-Mar. As afirmações foram descontextualizadas. O post também defende que o político devolveu doação da JBS para a campanha dele, mas erra o valor e omite que a mesma quantia foi transferida novamente para o então candidato com a informação sobre o doador original suprimida.

Conteúdo investigado: Postagem no grupo Bolsonaro 2022 BR compartilha publicação de 2018 do deputado federal Capitão Guilherme Derrite (PL-SP). O conteúdo apresenta uma foto do presidente Jair Bolsonaro (PL) e um texto atribuindo a Joaquim Barbosa, Alberto Youssef e Fernandinho Beira-Mar falas positivas sobre o presidente. Também sustenta que Bolsonaro devolveu R$ 250 mil doados pela JBS para uma de suas campanhas.

Onde foi publicado: Facebook

Conclusão do Comprova: É enganoso conteúdo antigo e que voltou a circular recentemente atribuindo falas a diversas pessoas acerca do presidente Jair Bolsonaro.

O início do texto sustenta que o político devolveu R$ 250 mil doados pela JBS para a campanha dele. Em 2014, o diretório do PP, partido ao qual Bolsonaro era filiado, transferiu R$ 200 mil oriundos da empresa para a conta eleitoral dele, que devolveu o valor. No mesmo dia, contudo, nova transferência neste valor foi feita à conta, a partir do Fundo Partidário, desta vez omitindo o doador original.

A postagem também afirma que o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa declarou que Bolsonaro foi o único a não se vender ao Mensalão; que Alberto Youssef disse que apenas o político não pegou dinheiro do Petrolão; e que o traficante Fernandinho Beira-Mar expressou que o presidente é um dos únicos políticos respeitados por ele pela conduta apresentada.

Joaquim Barbosa, contudo, apenas citou em julgamento relacionado ao Projeto de Lei de Falência que somente Jair Bolsonaro, à época no PTB, votou contra a aprovação. Youssef, por sua vez, citou em depoimento que Bolsonaro não recebia dinheiro, mas, ao contrário do que afirma a publicação, outros políticos também foram mencionados neste sentido. Fernandinho Beira-Mar, na verdade, teceu comentários sobre Jair Bolsonaro a partir de questionamentos e citações do então deputado a respeito do traficante, que era ouvido em reunião da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal.

Para o Comprova, enganoso é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; ou que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. A postagem aqui verificada foi compartilhada no dia 17 de abril de 2018 somando 1,4 mil compartilhamentos e 360 comentários no Facebook até o dia 24 de maio.

O que diz o autor da publicação: Procurado, o autor não respondeu. Ao deputado que fez a publicação original em 2018 também foi enviado e-mail, mas não houve retorno.

Como verificamos: O Comprova iniciou a verificação utilizando o Google para buscar se o mesmo conteúdo já havia sido verificado anteriormente. A postagem original é de 2018 e teor semelhante é apresentado de diferentes formas. A partir da busca, a reportagem identificou que a Aos Fatos já havia verificado as mesmas afirmações.

O Comprova consultou as doações à conta eleitoral de Jair Bolsonaro junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e procurou a JBS. Também buscou vídeo onde Alberto Youssef cita o político.

Sobre o contexto envolvendo o então ministro do STF Joaquim Barbosa, a pesquisa no canal do Supremo no YouTube possibilitou analisar a íntegra da fala do relator, quando ele cita o nome de Jair Bolsonaro.

Para concluir a verificação sobre o que disse Fernandinho Beira-Mar, o Comprova pesquisou o banco de dados do portal da Câmara de Deputados. Nele, foi possível acessar a transcrição completa do diálogo entre Jair Bolsonaro e Fernandinho Beira-Mar, na reunião da Comissão de Direitos Humanos, em maio de 2001.

Por fim, o autor da postagem verificada e o deputado Capitão Derrite, responsável pela publicação original, foram procurados, mas não responderam.

Doação da JBS

Não há registros de que a JBS S.A. tenha doado R$ 250 mil à campanha de Jair Bolsonaro. Em 2014, contudo, um valor de R$ 200 mil, oriundo da empresa, chegou a ser repassado para a conta eleitoral dele, então candidato ao cargo de deputado federal no Rio de Janeiro pelo PP.

Em 2016, Bolsonaro postou no Facebook um posicionamento sobre o assunto. Ele alega que o Partido Progressista depositou os R$ 200 mil na conta “deliberadamente e sem meu consentimento” a título de repasse de doação feita pela JBS ao Diretório Nacional. O presidente afirma ter devolvido o valor ao partido assim que identificou o doador. “Infelizmente, por má-fé de alguns ou desconhecimento, apenas parte da prestação de contas disponível no site do TSE tem sido exposta com o claro intuito de comprometer minha conduta”, afirma.

Apesar de devolver estes R$ 200 mil, outra transferência com o mesmo valor foi realizada pelo Diretório Nacional, proveniente do Fundo Partidário, na mesma data, desta vez sem a informação de quem era o doador originário.

O Comprova acessou a prestação de contas de Jair Bolsonaro das Eleições de 2014 e a aba relacionada às receitas demonstra que o PP repassou R$ 200 mil sinalizados como doação originária da JBS S.A., no dia 24 de julho de 2014:

Na mesma data, mas na aba destinada às despesas, o mesmo valor (R$ 200 mil) aparece sendo devolvido do partido, incluindo a informação de doador originário como sendo a JBS.

Ao consultar novamente a aba relacionada às receitas, identifica-se uma transferência eletrônica realizada pelo PP à conta eleitoral de Jair Bolsonaro, mais uma vez no dia 24 de julho, no exato valor de R$ 200 mil, desta vez oriunda do Fundo Partidário e sem informação relacionada ao doador originário.

As despesas totais da campanha do então candidato somaram R$ 405.181,47, ou seja, os R$ 200 mil correspondem quase à metade de tudo o que foi gasto para a eleição do candidato.

Em 2017, conforme a Folha de S. Paulo, Bolsonaro afirmou em entrevista à Jovem Pan, que “o partido recebeu propina” da JBS, acrescentando ter recebido uma ligação do presidente da sigla afirmando que colocaria R$ 300 mil na conta eleitoral dele.

Deste dinheiro, diz, pediu para receber R$ 200 mil e que R$ 100 mil fossem depositados na conta eleitoral de um dos filhos. Ainda conforme Bolsonaro, ao ver a origem da doação, perguntou se o partido queria estornar o valor. “Falei que ia para a Câmara dos Deputados, ia jogar R$ 200 mil e dizer que é dinheiro do povo, porque foi dinheiro que pegaram do PT para se coligar com o meu partido”, teria acrescentado.

Por fim, Bolsonaro afirma ter recebido a mesma quantia, desta vez do Fundo Partidário, e alega que a Friboi (pertencente à JBS) não colocou nada na conta dele, mas sim o partido.

O Comprova procurou a assessoria de comunicação da JBS S.A. solicitando informações sobre doações para Jair Bolsonaro, se ele devolveu valores à empresa e se houve alguma doação específica no valor de R$ 250 mil. A reportagem foi orientada a procurar a J&F Investimentos, controladora da JBS, que não respondeu até a data desta publicação.

O que disse Joaquim Barbosa

Na denúncia feita pela Procuradoria Geral da República (PGR) na Ação Penal 470, que foi lida pelo ministro relator, Joaquim Barbosa, é citado que o Projeto de Lei de Falência, votado em outubro do ano de 2003, teve a interferência de atos de corrupção protagonizados por lideranças de partidos que apoiavam o governo petista na época.

Parlamentares foram denunciados por negociarem a venda de votos para aprovação de projetos de interesse do governo no plenário da Câmara.

No vídeo publicado no canal do STF, no YouTube, é possível verificar a fala do ministro Barbosa a partir de 37 minutos e 52 segundos.

“Os relatórios dessa votação demonstram que vários parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) também desobedeceram a orientação da liderança do partido e do governo e votaram contra a subemenda em referência. Por outro lado, os líderes dos quatro partidos [PP, PL, PTB e PMDB, citados no vídeo a partir de oito minutos e um segundo], cujos principais parlamentares receberam recursos em espécie do PT, orientaram as suas bancadas a aprovar o projeto, que foi encaminhado pelo governo. Somente o senhor Jair Bolsonaro, do PTB, votou contra a aprovação da referida lei. Todos os demais votaram no sentido orientado pelo líder do governo e do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados”, diz trecho da denúncia lida por Joaquim Barbosa.

Depoimento de Alberto Youssef

Embora a publicação sustente que o doleiro Alberto Youssef disse que Jair Bolsonaro era o único que não pegava dinheiro do Petrolão – esquema de corrupção na Petrobras alvo de investigações da operação Lava Jato –, isso não é verdadeiro. Em depoimento prestado durante as investigações, o doleiro afirmou que seis políticos do Rio Grande do Sul receberam valores desviados da petroleira e citou três políticos que, conforme ele, não receberam valores, dentre eles, Jair Bolsonaro.

Vídeos contendo trechos do depoimento foram cedidos pelo Supremo Tribunal Federal ao Grupo RBS e publicados pelo G1 em 2015. Em um deles, Youssef diz: “o Bolsonaro lá do Rio de Janeiro eu sei que não recebia (dinheiro)”. No mesmo trecho, contudo, ele cita outros políticos que também não teriam envolvimento com o esquema, como Ana Amélia Lemos, então senadora pelo PP-RS, e Paulo Maluf, que era deputado pelo PP-SP na época.

Beira-Mar diz que conhece sobre Bolsonaro

O diálogo entre Fernandinho Beira-Mar e Jair Bolsonaro ocorreu durante a reunião da Comissão de Direitos Humanos e Comissão Especial de Combate à Violência, da Câmara Federal, na tarde do dia 15 de maio de 2001, em Brasília.

A comissão estava encarregada de apurar a violência no Brasil e apontar caminhos que favorecessem a mudança da realidade.

Fernandinho Beira-Mar, um dos principais traficantes de drogas no país, foi convocado para falar à comissão. O então deputado Jair Bolsonaro foi um dos parlamentares inscritos para fazer perguntas ao acusado.

Bolsonaro foi o último inscrito a fazer questionamentos naquele encontro. Em diferentes momentos, Beira-Mar comenta ou responde a Bolsonaro. As falas de Beira-Mar, editadas e tiradas de contexto em vídeos publicados na internet, incluem comentários a respeito de Jair Bolsonaro. Não há elogios diretos da parte do traficante, apenas citações a partir do que é falado pelo parlamentar.

Abaixo, trechos do diálogo de Beira-Mar e Bolsonaro transcrito pelo Departamento de Taquigrafia, Revisão e Redação, da Câmara dos Deputados.

DEPUTADO JAIR BOLSONARO – Mas não tenho dúvida, não vou ser hipócrita a ponto de achar que você… você tem aí o monopólio do tráfico de drogas aqui no País. Até se você tivesse alguma autoridade colombiana na manga, você não chegaria vivo aqui. Não há a menor dúvida no tocante a isso aí, tá certo? Agora.. não, eu não estou defendo ele, não. É muito fácil fazer palanque, aqui agora. Nós estamos… tá vivo, estamos ao vivo…

DEPUTADO JAIR BOLSONARO – …. pudesse entrar contra você, eu entraria pra acabar ou morrer. Não pode ficar na demagogia.

LUIZ FERNANDO DA COSTA (Fernandinho Beira-Mar) – Eu sei… Eu sei que o senhor é um Deputado que inclusive defende a pena de morte, eu sei tudo do senhor, mas que o senhor falou foi a pura verdade. Não tem que ser hipócrita, não. Fazer campanha política aqui não. Tem que chegar e “é?”, “é!” Pô, eu não sou esse peixe grande, não, gente. Todo mundo aqui, ninguém é criança, não tem nenhum bobinho aqui, nem eu tô aqui pra somar e tal, tal, tal. Vocês sabem quem são os poderosos, quem são os verdadeiros traficantes. Fernandinho Beira-Mar não é nenhum santinho, nem nenhum pé-de-chinelo, mas também não é esse monstro todo que me fizeram, não, gente.

LUIZ FERNANDO DA COSTA (Fernandinho Beira-Mar) – Eu conheço histórias muito mais do que o senhor crê e imagina.

DEPUTADO JAIR BOLSONARO – Eu servi lá também. Foi um pouquinho antes. Então, você deve ter pego muito colega antigo meu lá que serviu contigo.

LUIZ FERNANDO DA COSTA (Fernandinho Beira-Mar) – Claro. E sei que o senhor é uma pessoa que prega a pena de morte, mas também não tem rabo preso com ninguém, não.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. A postagem verificada cita um pré-candidato à reeleição e conteúdos desinformativos envolvendo pessoas que pretendem disputar o cargo têm o poder de influenciar votos dos eleitores, o que pode ser percebido em comentários na publicação, como a do usuário que diz ser “por esses e outros motivos que ele é o meu presidente, tem o meu voto e o meu respeito incondicional” ou o que afirma que “por este motivo que votei e votarei no melhor PR”.

Outras checagens sobre o tema: Com a proximidade das Eleições, postagens desta natureza têm aparecido cada vez mais frequentemente nas redes sociais. O mesmo conteúdo já foi verificado em 2020 pela Aos Fatos. Recentemente, o Comprova já identificou que post confunde ao mencionar aumento de salário de Bolsonaro e ministros, que série sobre fome no Jornal Nacional foi ao ar antes da chegada do PT ao poder e que o Fies foi criado no governo de FHC, e não na gestão de Lula.