O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.Filtro:
É enganosa a alegação de que as ações de ocupação promovidas pela Frente de Luta por Moradia (FLM) no último domingo (27), na Grande São Paulo, foram motivadas pela derrota de Guilherme Boulos (PSOL) nas eleições para prefeito da capital paulista. Embora as ações tenham ocorrido no dia da votação, Boulos não tem relação com o coletivo e, nas postagens da FLM, nenhuma menção ao processo eleitoral é feita – todas as ações são justificadas pelo propósito de luta por moradia defendido pelo grupo.
Conteúdo investigado: Vídeo diz que após derrota de Guilherme Boulos, militantes do Movimento Sem Terra (MST) teriam começado uma série de invasões na Grande São Paulo. Ao longo do vídeo, fotos de Boulos e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são exibidas antes da gravação de uma das ações.
Onde foi publicado: TikTok.
Conclusão do Comprova: Vídeo engana ao relacionar ação de ocupação realizada no último domingo (27) ao Movimento Sem Terra (MST), ao deputado federal e candidato derrotado em São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL-SP), e ao resultado das eleições municipais na capital paulista.
O vídeo exibido pelo perfil é, na verdade, referente a uma ação promovida pela Frente de Luta por Moradia (FLM), movimento com o qual Boulos não teve relação. Boulos foi líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). A ocupação foi uma de três tentativas, todas realizadas em 27 de outubro, no Centro de São Paulo – uma na Av. Nove de Julho (apresentada no vídeo checado), uma na Rua Major Quedinho (Bela Vista) e uma na Rua São Bento (Sé).
“O poder público não garante moradia para trabalhadores e trabalhadoras sem-teto, mas expulsa mulheres, crianças, homens, idosos e jovens de imóveis que não cumprem a função social da propriedade”, escreveu a FLM. “As pessoas são tratadas com tiro, porrada e bomba. Tudo isso para proteger prédios que estão fora da lei, leia-se o Estatuto da Cidade, a Constituição Federal. As imagens deste domingo retratam a violência do estado contra famílias sem-teto. Ocupação não é caso de polícia!”.
Em nenhuma das publicações relativas às ações do dia 27 é feita qualquer menção ao resultado das eleições municipais, que terminaram com a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB). O nome de Boulos também não é mencionado. O advogado da FLM, em entrevista ao portal Metrópoles, negou qualquer relação das ações com a votação, assim como duas pessoas do movimento ouvidas pela Folha de S. Paulo.
O Comprova também consultou portais de notícias parceiros do projeto, bem como as páginas oficiais do MST e do MTST – este último, sim, já liderado por Boulos. Não há nenhum registro de ocupações ou ações dos dois grupos em São Paulo desde o dia 27. Uma nota a respeito das ações da PM foi solicitada à Secretaria de Segurança Pública, mas não houve retorno até a publicação desta checagem.
Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 31 de outubro, o vídeo tinha 159,7 mil reproduções no TikTok, bem como 8,8 mil curtidas.
Fontes que consultamos: Redes sociais da Frente de Luta Por Moradia, do Movimento Sem Terra e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto; reportagens da Folha de S.Paulo e do UOL; Secretaria de Segurança Pública.
Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Ricardo Nunes (MDB), prefeito reeleito de São Paulo, não colocou fim ao Bilhete Único e nem criou lei recente com um substituto ao cartão, como afirmam conteúdos enganosos que circulam na internet. A última alteração sobre o sistema de bilhetagem eletrônica na capital paulista ocorreu em 2021, e teve como objetivo evitar fraudes na utilização do serviço.
Conteúdo investigado: Vídeo fala em “primeira vitória dos pobres de direita”, se referindo ao suposto fim do Bilhete Único em São Paulo. A postagem traz o texto: “fim de Bilhete Único popular: Ricardo Nunes traz lei nos ônibus e metrôs de SP com substituto”.
Onde foi publicado: Site de notícias e TikTok.
Conclusão do Comprova: Não é verdade que o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) instituiu o fim do Bilhete Único, cartão que unifica passagens de trens e ônibus e permite aos passageiros fazer até quatro embarques em linhas diferentes, dentro de um período de 3 horas. Conteúdos que circulam na internet descontextualizam uma medida de 2021, no primeiro ano da gestão do emedebista, para insinuar que ele tomou a decisão de substituir o sistema de bilhetagem eletrônica depois de reeleito em outubro de 2024.
A imagem e uma parte do texto que aparece no vídeo foram originalmente publicados em um site na internet no dia 28 de outubro, data seguinte ao segundo turno do pleito que reelegeu Nunes. No texto, o autor fala do “fim do Bilhete Único popular, com decreto do prefeito Ricardo Nunes na SPTrans e que garante substituto no metrô, ônibus e CPTM”.
O conteúdo tira de contexto, fazendo parecer recente uma medida de 2021 que determinou o fim do Bilhete Único sem cadastro associado a um CPF. “O objetivo é reforçar as medidas de combate a fraudes no sistema de transportes e, consequentemente, prejuízos aos cofres públicos e também aos passageiros”, informou a prefeitura na época.
Uma consulta no Diário Oficial de São Paulo mostrou que nenhum decreto sobre o Bilhete Único foi publicado após a reeleição de Nunes, o que significa que o prefeito não adotou nenhuma medida nova após o resultado do pleito.
O Comprova consultou a prefeitura e a SPTrans sobre o caso, que responderam da mesma forma: “A Prefeitura de São Paulo informa que o Bilhete Único segue funcionando normalmente na cidade e qualquer informação diferente disso não condiz com a verdade”.
“Para a prevenção de fraudes, a SPTrans utiliza desde 2021 o cadastro de cartões a partir do CPF do usuário. Informações sobre as modalidades disponíveis estão disponíveis aqui”, afirma trecho da nota.
A reportagem contatou o perfil que publicou o vídeo no TikTok e o autor responsável pelo texto publicado no site de notícias, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.
Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O primeiro conteúdo publicado no TikTok com a desinformação foi excluído, portanto não é possível mensurar o alcance. Também não é possível mensurar o alcance do site de notícias que publicou sobre o tema. Já um vídeo no TikTok que reproduziu o primeiro atingiu mais de 1,1 mil visualizações até 31 de outubro.
Fontes que consultamos: Prefeitura de São Paulo, SPTrans e Diário Oficial.
Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Ao final das Eleições Municipais de 2024, as agências de checagem observam que o período teve menos pedidos de verificação enviados pelo público do que o imaginado. Será isso um sinal de que a desconfiança crescente está afastando os brasileiros da política? Um esforço inédito entre seis veículos e a ONG Meedan busca combater a desinformação e a crise de confiança que ameaça a democracia.
Em um cenário onde a desinformação segue sendo uma das maiores ameaças à integridade democrática, o número de solicitações de checagem durante o período eleitoral de 2024 se manteve bastante similar aos meses anteriores ao início da campanha. Esperava-se um aumento nos pedidos de checagem diante da intensa desinformação vista em anos eleitorais anteriores. No entanto, a manutenção dos números acabou sendo uma surpresa.
Antecipando-se ao que achavam ser um momento eleitoral com nova avalanche desinformativa estabeleceu-se uma ação de colaboração entre as seis maiores agências de checagem do Brasil — AFP, Aos Fatos, Estadão Verifica, Lupa, Projeto Comprova e UOL Confere — que, em parceria com a ONG Meedan, compartilharam dúvidas e conteúdos desinformativos de suas audiências de maneira integrada. O objetivo: compreender o cenário da desinformação que circulou nas redes sociais e em grupos privados durante o período eleitoral e enfrentar, de forma conjunta, um desafio coletivo que ameaça o processo democrático.
Entre 6 de agosto e 27 de outubro — dia do segundo turno eleitoral — as agências de verificação receberam 2.369 envios de seu público para verificar potenciais peças de desinformação sobre os candidatos e a integridade do processo de votação.
Uma perspectiva colaborativa entre agências de notícias sobre a desinformação
Ao unirem esforços, as agências puderam analisar os pedidos de verificação de suas audiências de maneira abrangente, identificando padrões e trocando informações que agilizaram seus processos editoriais. Essa colaboração foi essencial para mapear as principais preocupações da população e identificar os temas mais frequentes que alimentaram a desinformação.
O relatório da Meedan sobre os dados compartilhados mostra que, ao todo, as seis agências receberam 2.369 pedidos de verificação durante as eleições municipais, um número substancial, porém abaixo do que a percepção dos checadores acreditava, dado o momento eleitoral.
A análise conjunta revelou alguns padrões preocupantes. O Brasil continua com uma produção e distribuição organizada de ataque às instituições democráticas. Isso valida-se ao observar que a maioria dos pedidos de verificação centrou-se em narrativas que reforçam a desconfiança no processo eleitoral. Entre elas, a alegada manipulação de urnas eletrônicas e a suposta interferência do Supremo Tribunal Federal no resultado da eleição, mostrando que velhas peças de desinformação ainda exercem impacto. O ciclo repetitivo dessas narrativas falsas aponta para uma estratégia deliberada de manter antigos discursos vivos, o que sugere que, mesmo em menor volume, a desinformação permanece perigosa por sua persistência.
De acordo com o relatório dos dados das agências de checagem, 44,6% de todos os envios de sugestões de verificação foram relacionadas à integridade do processo eleitoral, sendo que 49,4% desse conteúdo focava especificamente nas urnas eletrônicas. Isso demonstra a persistência de um cenário já observado nas eleições anteriores, com narrativas que questionam a segurança e o funcionamento das urnas dominando o cenário da desinformação. Além disso, 100 conteúdos enviados foram relacionados à desinformação sobre a legislação eleitoral vigente, o que sugere uma confusão persistente sobre as regras do processo eleitoral.
| Fonte: Relatório Meedan 2024.
Pautas de Costume como instrumento de polarização
Outro ponto de destaque é o uso crescente de temas morais para polarizar o debate público. 13% dos envios que tratavam de moralidade estavam diretamente relacionados à religião. Questões como a sexualização precoce de crianças (16%), aborto (11%) e Identidade de gênero (14%) somaram quase 40% das questões abordadas sobre moralidade, frequentemente vinculadas a narrativas religiosas para influenciar o eleitorado.
Esse uso da religião como instrumento político demonstra uma tentativa de engajar grupos específicos de eleitores, aprofundando a divisão ideológica e desviando a atenção de questões políticas mais amplas.
| Fonte: Relatório Meedan 2024.
As narrativas que polarizam Bolsonaro vs. Lula persistem
Mesmo durante eleições municipais, a polarização entre apoiadores de Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva permaneceu forte. 48 peças de conteúdo partidário destacaram essa divisão, evidenciando como o debate político ainda é amplamente influenciado pelas dinâmicas das eleições federais anteriores.
Saúde e desinformação: o legado da pandemia
A pandemia de Covid-19 deixou um legado de desinformação sobre saúde pública. 24 peças de conteúdo enviadas às agências de checagem estavam relacionadas a questões de saúde, sendo que 70% delas focavam em vacinas. Isso mostra que, apesar da diminuição do impacto da pandemia, o tema das vacinas ainda polariza e gera desconfiança no público, o que pode ser reflexo de narrativas anticiência que inundaram o país nos anos anteriores.
IA e deepfakes: muito menos do que o esperado
Com o avanço das tecnologias de inteligência artificial, era esperado um aumento massivo no uso de deepfakes e outros mecanismos de IA para espalhar desinformação. No entanto, o uso da inteligência artificial para este fimnão foi como o imaginado. A maior parte das peças de desinformação não foi gerada por IA, e, quando ocorreu, ela teve foco majoritário em candidaturas de mulheres e representantes de grupos LGBTQIAP+. Não se pode afirmar se a regulamentação da Justiça Eleitoral foi um fator que inibiu a prática ou se o acesso às tecnologias de IA ainda é nichado.
Consumo de verificação de fatos concentrada no Sudeste
A concentração de pedidos de verificação de informações na região Sudeste (57%) indica um acesso mais elevado a mecanismos de checagem na região com maior densidade econômica e populacional. Esse fenômeno pode estar relacionado às disparidades regionais de infraestrutura digital e educação, destacando a necessidade de ampliar a cobertura e o acesso à checagem de fatos em outras regiões do país para fortalecer a integridade democrática nacional.
| Fonte: Relatório Meedan 2024.
Rumo à eleição presidencial de 2026
Diante desse cenário, é fundamental destacar o papel do jornalismo e da checagem de fatos como pilares da democracia. Se as narrativas desinformantes continuam as mesmas há dois anos e se a participação dos eleitores está caindo nas grandes cidades brasileiras, o fortalecimento do acesso a conteúdos checados e de qualidade se mostra indispensável para recobrar a confiança da população nos processos democráticos e na política.
Nosso papel neste esforço coletivo, como agências de checagem, é identificar quais serão as narrativas que tentarão confundir a cidadania na eleição presidencial de 2026 e buscar novas maneiras de combater aquelas que, apesar de recicladas, ainda têm algum efeito.
Na preparação para 2026, também será fundamental buscar aliados sem interesses partidários que promovam a educação midiática. Essa aliança entre os principais meios de verificação brasileiros — AFP, Aos Fatos, Estadão Verifica, Lupa, Projeto Comprova e UOL Confere — se concretizou graças ao uso do Meedan como aliado tecnológico e conseguiu chegar exatamente onde os cidadãos estão conectados e comunicados: na mensageria instantânea.
O combate à desinformação, porém, não se resume apenas à verificação de fatos. É preciso fortalecer a confiança da população nas instituições democráticas e nos veículos de mídia de forma colaborativa e integrada para que a sociedade brasileira possa, em 2026, exercer seu direito ao voto de forma plena e informada.
Por: AFP, Aos Fatos, Estadão Verifica, Lupa, Projeto Comprova, UOL Confere e Meedan.
Voltaram a circular na internet conteúdos que afirmam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) morreu e foi substituído por sósias. Publicações usam informações falsas ou tiradas de contexto para afirmar que o chefe do Executivo brasileiro teria morrido após procedimento médico realizado em 2022. As postagens usam teorias da conspiração para sugerir a morte de Lula, conforme já foi mostrado pelo Comprova em outras ocasiões.
Conteúdo investigado: Vídeos afirmam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) morreu e foi substituído por sósias. Publicações no X anunciam a morte de Lula e o aniversário do óbito.
Onde foi publicado: Youtube e X.
Conclusão do Comprova: O presidente Lula não morreu, ao contrário do que afirmam duas postagens feitas no X, e nem foi substituído por sósias, conforme apontam dois vídeos publicados no YouTube. Os conteúdos desinformativos reúnem uma série de informações falsas ou tiradas de contexto.
É o caso, por exemplo, de trechos que incluem prints de publicações do X afirmando que Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, teria dito que Lula foi substituído ou cooptado pela CIA, serviço de inteligência estadunidense. Uma checagem do Estadão Verifica mostrou que isso não é verdade.
Em outro trecho, um dos vídeos aponta que o atual vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) coordenou a transição de governo porque Lula estaria morto. A voz que narra o conteúdo falso afirma que é o chefe de Estado quem deve assumir essa responsabilidade, o que também não é verdade. Em outras ocasiões, inclusive, na primeira gestão de Lula, o vice foi quem assumiu o processo de transição.
Outra afirmação falsa, utilizada como “evidência”, é que o Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, teria confirmado a morte do chefe do Executivo brasileiro e identificado a utilização de sósias. No entanto, o Comprova não encontrou qualquer informação a respeito.
O tempo de recuperação de Lula após a cirurgia que fez no quadril, em novembro de 2023, também foi usado para insinuar que o presidente teria sido substituído. De acordo com o vídeo, seria necessário um ano e meio de recuperação após o procedimento. A reabilitação, no entanto, é de cerca de três meses, como explicou o ortopedista e cirurgião do Hospital Albert Einstein Luciano Miller, à CNN Rádio, quando falava especificamente sobre o caso do petista.
Boatos que insinuam morte de Lula são antigos
Os boatos sobre a suposta morte de Lula aumentaram após o presidente ser internado no Hospital Sírio-Libanês em novembro de 2022, quando ele tratou uma lesão na prega vocal esquerda. De acordo com os vídeos investigados, o chefe do Executivo teria morrido e o corpo dele estaria escondido no hospital. Contudo, o político teve alta médica em 21 de novembro daquele ano, no dia seguinte à internação, conforme o boletim médico.
Antes ainda, no início do mês, uma publicação no X anunciou a morte de Lula. Um ano depois, o perfil, que se autointitula o “canal de notícias de Horacio Rodríguez Larreta”, ex-prefeito de Buenos Aires, na Argentina, voltou a postar sobre o assunto, anunciando o aniversário de óbito. O Comprova não conseguiu contato com a página e nem com Horacio Larreta. Essa mesma conta também fez uma publicação em que anuncia a morte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O magistrado está vivo, como mostra uma fala do ministro no dia 27 de outubro, data do segundo turno das eleições municipais de 2024.
Além disso, um dos vídeos investigados nesta verificação insinua que a vacina contra covid-19 aplicada por Alckmin em Lula em fevereiro do ano passado, foi uma fraude, mas o Comprova já mostrou que essa teoria é mentirosa.
Há também uma menção ao deputado federal Nikolas Ferreiras (PL-MG) em um dos conteúdos investigados. A desinformação aponta que o parlamentar teria pedido exame de DNA de Lula para comprovar a utilização de sósias. A reportagem entrou em contato com a assessoria de Nikolas para questionar se o pedido procede, mas não houve retorno até a publicação desta checagem.
Também contatamos a Secretaria de Comunicação (Secom) do governo federal para questionar sobre a teoria de que Lula estaria morto. “Luiz Inácio Lula da Silva só tem um. Claro que essas postagens são falsas e delirantes. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República repudia a divulgação de boatos falsos para fins políticos”, respondeu a pasta, por nota.
Vale destacar que ambos os vídeos investigados aqui foram publicados pelo mesmo canal do YouTube. Inicialmente, o perfil se descreve como uma conta de receitas e dicas domésticas, mas compartilha inúmeros conteúdos sensacionalistas sobre política, principalmente sobre a Venezuela e o presidente Lula.
Em resposta ao Comprova sobre a teoria infundada de que Lula estaria morto, o perfil disse que não afirmou nada. “Meu trabalho é apenas levantar as questões que se falam muito nas redes sociais, principalmente o X. Daí deixo as pessoas tirarem suas conclusões”. Em seguida, ele disse: “Infelizmente, assim como vocês jornalistas, não poderei revelar minhas fontes”.
Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 31 de outubro, os dois vídeos postados no YouTube alcançaram 1,3 milhões e 578 mil visualizações. O post feito no X que apontou a morte de Lula não mostra o número de visualizações. No entanto, a publicação feita pelo mesmo perfil e na mesma rede, apontando um ano do óbito, alcançou 606,5 mil visualizações.
Fontes que consultamos: Secom do governo federal e reportagens linkadas ao longo do texto.
Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Fortaleza não teve 6 mil urnas eletrônicas trocadas e nem registrou fraude nas eleições municipais de 2024. Vídeo com o primeiro assunto circulou no Kwai. O segundo repercutiu no X e no WhatsApp. Publicações falsas tiraram de contexto entrevista sobre distribuição de urnas no Ceará e vídeo antigo sobre o pleito de 2022. O TRE-CE confirmou a troca de apenas quatro urnas no segundo turno da capital cearense e afirmou não ter havido fraude no pleito.
Conteúdo investigado: Publicação no Kwai afirma que 6 mil urnas foram trocadas em Fortaleza e que a ação “fez a diferença” no resultado; vídeo no X que mostra comemoração de suposta vitória de André Fernandes (PL) após constatada fraude nas eleições; e áudios no WhatsApp que colocam sob suspeita as urnas ao também mencionarem fraude.
Onde foi publicado: Kwai, X e WhatsApp.
Conclusão do Comprova: É falso que Fortaleza teve 6 mil urnas trocadas no segundo turno das eleições de 2024. O vídeo utilizado na publicação é o trecho de uma entrevista ao vivo exibida no dia 17 de outubro no CETV, da TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo na capital cearense. O entrevistado foi Caio Guimarães, secretário de eleições do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE).
A pauta foi sobre as 6 mil urnas utilizadas no segundo turno de Fortaleza e em Caucaia, município localizado na região metropolitana da capital. Caio falou sobre a preparação das mídias com os dados dos candidatos, os testes de integridade e a logística de distribuição das urnas nas duas cidades. Em nenhum momento foi informado sobre trocas de urnas, o secretário apenas explicou como é feita a substituição caso ocorra algum problema.
Segundo o TRE-CE, foram distribuídas 6.034 urnas, sendo, 5.274 para Fortaleza e 760 para Caucaia. O Tribunal informou ao Comprova que não há indício de fraude no resultado em Fortaleza e que foram feitas apenas quatro substituições das urnas que apresentaram algum problema técnico. “Elas foram substituídas por urnas de contingência que servem de reserva. A informação difundida como fake news trata-se de uma distorção da realidade”, completou por nota.
Nos áudios que circulam nas redes sociais, há menção à suposta compra de urnas e insinuações de que parte dos equipamentos teriam vindo de Brasília de “última hora”. Questionado, o TRE-CE também negou transporte dos equipamentos da capital federal para o segundo turno no Ceará.
O outro vídeo, publicado no X, mostra uma suposta comemoração de André Fernandes, que foi o candidato do PL à Prefeitura de Fortaleza neste ano. Na verdade, o vídeo foi gravado em 31 de outubro de 2022, no final da apuração de votos do segundo turno, quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito presidente do Brasil e derrotou o então chefe do Executivo brasileiro, Jair Bolsonaro (PL). Na época, alguns boatos sobre uma suposta confirmação de fraude geraram celebrações por parte de apoiadores do agora ex-presidente. As mesmas imagens aparecem em vídeos publicados, no período eleitoral de 2022, pelo jornais O Globo e Estado de Minas. Não há informação de onde o vídeo foi gravado.
Com 716.133 votos (50,38%), Evandro Leitão (PT) foi eleito prefeito de Fortaleza no segundo turno do pleito. Em uma disputa acirrada, Fernandes obteve 705.295 dos votantes, computando 49,62%.
Após o resultado, o candidato derrotado discursou para apoiadores no comitê central de campanha e não mencionou fraude no segundo turno das eleições. Ele, na verdade, avaliou que o resultado “significa uma vitória”. “Saio daqui muito feliz, nenhum jogo de loteamento de espaço público, e esse resultado apertado para a gente significa uma vitória”, disse.
O Comprova tentou contatar os autores dos conteúdos de desinformação, mas não houve retorno até a publicação desta verificação.
Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 30 de outubro, o vídeo publicado no X teve 27,3 mil visualizações e 800 no Kwai.
Fontes que consultamos: Íntegra da entrevista de Caio Guimarães, secretário de eleições do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), reportagens, TRE-CE e redes sociais de André Fernandes (PL).
Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
É falso que Elon Musk visitou o Brasil em 2024 e investiu 15 milhões de dólares na construção de escolas no país. Postagem feita no TikTok utilizou dublagem para manipular fala do empresário. No vídeo original, Musk opina sobre assuntos de inovação e tecnologia, sem mencionar o Brasil ou a construção de escolas no país. A mais recente visita do bilionário ao Brasil foi em 2022, para negociar projetos tecnológicos na Amazônia.
Conteúdo investigado: Post dubla vídeo de Elon Musk, proprietário do X e Starlink, dizendo que ele esteve recentemente no Brasil e decidiu investir 15 milhões de dólares na educação com a construção de escolas. “É Astra Nova, rede de instituições, que vai focar em ensino de verdade, sem viés ideológico. Já estamos construindo escolas por todos os Estados Unidos e agora vou investir do meu próprio bolso para construir colégios nas principais cidades brasileiras”, cita a dublagem.
Onde foi publicado: TikTok.
Conclusão do Comprova: Elon Musk não disse que investiria em construções de escolas no Brasil em 2024, ao contrário do que cita post. Na publicação, a fala do empresário é dublada para omitir seu contexto original, em que Musk compartilha opiniões sobre inovações e tecnologia.
Tanto a dublagem quanto a legenda do vídeo foram inventadas. O vídeo é acompanhado de um aviso que diz: “marcado pelo criador como gerado por IA”.
A conversa foi publicada na íntegra no canal do instituto em 14 de agosto, com 34 minutos e 17 segundos de duração. Nela, foram abordadas as opiniões do empresário sobre inovação e tecnologia. No entanto, em nenhum momento Musk mencionou a situação da educação no Brasil, nem a decisão de investir na construção de escolas no país.
O post falso também diz que, no dia anterior à gravação, Musk teria visitado escolas de regiões periféricas no Brasil. No entanto, o registro mais recente de uma visita do empresário ao país é de 2022, quando ele viajou a Porto Feliz, no interior de São Paulo, para negociar com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) projetos de “conectividade e proteção” na Amazônia. Na ocasião, Musk, proprietário da Starlink, anunciou um projeto da rede para conectar 19 mil escolas em áreas rurais e monitorar a Amazônia.
De acordo com reportagem do jornal Valor Econômico, de abril de 2024, o projeto está em curso e pretende conectar em rede mais de cinco mil comunidades em áreas protegidas da Amazônia até 2025. O investimento, que usa tecnologia de comunicação da Starlink, é avaliado em 80 milhões de dólares com recursos de entidades filantrópicas. No entanto, o projeto não menciona construção de escolas.
Segundo a Agência Brasil, também em 2022, a Tesla – fabricante de veículos elétricos gerida por Musk – fechou contrato de longo prazo com a mineradora brasileira Vale para o fornecimento de níquel a partir das operações da mineradora no Canadá.
O conteúdo falso ainda afirma que Musk estaria investindo 15 milhões de dólares na construção de escolas no Brasil, como parte do seu projeto de educação “Astra Nova”. Musk não anunciou recentemente investimentos no Brasil de forma pública. Pelo contrário, no dia 31 de agosto de 2024, o empresário disse em sua conta no X que “investir no Brasil sob a administração atual é insano”.
O post foi feito após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinar a suspensão da plataforma no Brasil, em 30 de agosto, e em resposta a uma publicação de outro usuário, que chamou a suspensão do X no país de ilegal, e a definiu como “um caminho rápido para o Brasil se tornar um mercado ininvestível”.
Em 2014, Musk criou uma escola para educar os filhos, a “Ad Astra”. De acordo com uma entrevista que o empresário deu a uma televisão chinesa em 2015, a criação foi motivada pela insatisfação que ele sentia em relação ao ensino nos Estados Unidos. A escola de Musk é oficialmente registrada como uma escola privada ativa em Los Angeles, na Califórnia, desde 20 de julho de 2015, com cursos para crianças de 7 a 14 anos. Segundo a BBC, que visitou “Ad Astra” em 2018, a escola contava com cerca de 40 alunos na época.
Um canal no YouTube e uma página na internet levam o nome de “Astra Nova”, suposto projeto no Brasil ao qual o vídeo falso se refere. Tanto a página quanto o canal citam Elon Musk, mas não falam sobre a criação de escolas no Brasil. Na verdade, a “Astra Nova” se trata de, conforme a própria descrição, “uma escola online experimental para alunos de 10 a 14 anos”. Não há registros, físicos ou virtuais, de escolas criadas por Musk no país.
O Comprova tentou contato com a página responsável por publicar o conteúdo, mas um aviso de erro aparece ao enviar a mensagem, impossibilitando o diálogo.
Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 29 de outubro, o vídeo contava com mais de 225,1 mil visualizações no TikTok.
Fontes que consultamos: Buscamos no Google por entrevistas com Elon Musk via chamada virtual e encontramos o vídeo original, editado pelo post verificado. Também consultamos reportagens sobre as visitas do empresário ao Brasil e sobre a Ad Astra, escola criada por Musk.
Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Publicação mente ao afirmar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não renovou a isenção de imposto para medicamentos. A Medida Provisória 1.271/2024, publicada em edição extra do Diário Oficial da União no dia 25 de outubro, garante a continuidade da isenção do imposto de importação incidente sobre medicamentos comercializados via plataformas, sites e outros meios digitais até março de 2025.
Conteúdo investigado: Imagem publicada por um deputado federal diz que o presidente Lula não renovou a isenção de impostos sobre medicamentos e que os preços vão subir 60%. O autor do post escreve: “Mais um golpe no bolso dos brasileiros!”.
Onde foi publicado: X.
Conclusão do Comprova: O governo federal renovou a isenção de medicamentos importados, diferentemente do que diz uma publicação nas redes sociais. A Medida Provisória 1.271/2024 foi publicada na edição extra do Diário Oficial da União no dia 25 de outubro. A decisão garante a continuidade da isenção do imposto de importação incidente sobre medicamentos comercializados via plataformas, sites e outros meios digitais até o dia 31 de março de 2025.
O artigo 2º da Medida Provisória reduz a zero a alíquota do imposto incidente sobre medicamentos importados por pessoa física, para uso próprio, dentro do regime de tributação simplificada, com valor de até US$ 10 mil ou o equivalente a essa quantia em outra moeda estrangeira.
A nova MP substituiu a MP 1.236/2024, que estava vigente até o dia 25 de outubro. Em publicação no site oficial, a Presidência da República, por meio da Casa Civil, argumentou que a continuidade da medida é “fundamental para garantir o direito social à saúde, tendo em vista que a incidência do Imposto de Importação poderia dificultar a aquisição de medicamentos considerados essenciais à sobrevivência”.
A postagem com a informação falsa foi publicada no domingo (27), dois dias após a publicação da MP. Além da divulgação nos canais oficiais do governo federal, vários portais de notícias repercutiram a publicação da Presidência, como O Globo, Folha, CNN, UOL e Terra.
O Comprova tentou contato com o autor da postagem, o deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ), para solicitar um posicionamento, mas não obteve resposta até o momento da publicação deste material.
Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 29 de outubro, a publicação teve 22,7 mil visualizações.
Fontes que consultamos: Notícias relacionadas ao tema, Diário Oficial da União e portal do governo federal.
Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
A candidata à Prefeitura de Imperatriz (MA) Mariana Carvalho (Republicanos) foi acusada erroneamente de divulgar uma “pesquisa fake” na véspera do segundo turno. Segundo o post enganoso, ela teria divulgado uma pesquisa de setembro, anterior ao primeiro turno, em 26 de outubro. No entanto, o post de Mariana trazia os resultados de pesquisa eleitoral divulgada pelo Instituto Ranking naquela mesma data (26 de outubro). O número que estava errado na publicação da política era o de registro da pesquisa, referente a um levantamento realizado em setembro. Ela apagou o post com erro e publicou, minutos depois, um post com o número de registro da pesquisa correto.
Conteúdo investigado: Post afirma que a candidata à Prefeitura de Imperatriz, no Maranhão, Mariana Carvalho (Republicanos) teria divulgado uma pesquisa eleitoral falsa. O conteúdo usa imagem com dados de levantamento publicado por ela e, na legenda, escreve: “Candidata Mariana Carvalho posta pesquisa fake! A pesquisa divulgada está registrada sob número: 03954/2024 no TSE. Pasmem, quando consultada a pesquisa, seu registro foi no dia 17/09/2024 antes do primeiro turno das eleições, será uma tentativa de induzir e enganar o povo de Imperatriz?”.
Onde foi publicado: Instagram.
Conclusão do Comprova: Post publicado em 26 de outubro engana ao afirmar que Mariana Carvalho teria divulgado em suas redes sociais uma “pesquisa fake” em que ela aparece com 45% dos votos e, seu rival, Rildo Amaral (PP), com 43%.
O post investigado destaca que o número de registro da pesquisa divulgado no perfil de Mariana é 03954/2024, e que esse levantamento foi registrado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 17 de setembro, o que é verdade. O que esse post não diz é que os resultados que o material divulgado pela candidata trazia estavam corretos — apenas o número de registro da pesquisa estava errado.
O levantamento registrado em setembro — e que Mariana usou em uma publicação daquele mês — indicava as intenções de voto da pesquisa estimulada (na qual os eleitores recebem a lista de candidatos antes de dizer em quem vão votar). Na ocasião, ela aparecia com 25%, e Rildo, com 32%.
Os números de intenção de voto trazidos na postagem feita por Mariana em 26 de outubro — 45% para ela, e 43% para Rildo — são de uma pesquisa eleitoral divulgada, segundo o TSE, em 26 de outubro. Ou seja, diferentemente do que sugere o post verificado, ela não tentou induzir ou enganar os eleitores publicando, pouco antes do segundo turno, dados de uma pesquisa anterior ao primeiro dia de votação.
Como verificado pelo Comprova, Mariana publicou em seu Instagram o resultado correto, mas o número de registro da pesquisa, digitado em letras miúdas, errado. Às 14h40, o post foi apagado e substituído por outro, com o número de registro correto (01971/2024) e outra legenda. O conteúdo investigado, que usou o primeiro post com o número errado para desinformar sobre a candidata, foi publicado no Instagram às 14h28, antes da correção.
Os horários foram obtidos ao inspecionar o código-fonte das publicações na página da rede social, clicando em “elementos” e buscando pelo termo “datetime”, que indica o horário do post.
O extensor do Google Chrome — programa que pode ser instalado no navegador para melhorar a sua funcionalidade — “Exact Time Viewer for Instagram”, usado para verificar o horário em que os conteúdos foram postados na rede social, confirmou os horários.
Em contato com a reportagem por telefone e WhatsApp, Ivanildo Tavares, marido e marqueteiro de Mariana, afirmou que, ao fazer o post com o resultado de 26 de outubro, o designer se esqueceu de alterar o número de registro. “Foi uma falha humana, sem intenção”, ele afirmou. “Imediatamente, foi corrigido, conforme está no feed.”
O Comprova tentou entrar em contato com um dos perfis que publicou o post enganoso, mas não houve resposta até a publicação deste texto. Entre os posts recentes da página, há um declarando apoio a Rildo e outros atacando Mariana. Outro perfil que postou o conteúdo de desinformação não pôde ser contatado por não permitir o envio de mensagens e não haver outro meio de contato.
Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 27 de outubro, o post verificado tinha alcançado 1,7 mil curtidas.
Fontes que consultamos: Conta oficial de Mariana Carvalho no Instagram, site para consulta de pesquisa eleitoral do TSE e assessoria da candidata.
Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Áudio atribuído a André Fernandes (PL), deputado federal e candidato à Prefeitura de Fortaleza (CE), sob acusação de que o material foi elaborado por inteligência artificial (IA), apresenta resultados divergentes quanto à possibilidade de ter sido manipulado ou não. No conteúdo, Fernandes diz, supostamente, que é preciso distribuir dinheiro a pastores e lideranças comunitárias depois de ser ultrapassado pela oposição em pesquisas para o segundo turno das eleições municipais de 2024. Ele acusa o adversário Evandro Leitão (PT) de ter utilizado deepfake para gerar o material. Este ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou regra que pode levar à cassação do registro ou do mandato por uso irregular de IA. O Comprova contextualiza o caso e apresenta a análise de especialistas.
Conteúdo analisado: Áudio em que André Fernandes (PL) teria dito ser necessário “derramar dinheiro na mão de pastor e de líder comunitário” para conseguir vencer no segundo turno das eleições municipais.
Onde foi publicado: YouTube.
Contextualizando: Na semana que antecedeu o segundo turno das eleições 2024, circulou nas redes sociais um áudio atribuído a André Fernandes, candidato a prefeito de Fortaleza, em que ele supostamente afirma que é preciso distribuir dinheiro a lideranças religiosas e comunitárias. No áudio, uma voz parecida com a do candidato diz que ele foi ultrapassado nas pesquisas de intenção de voto. Após a divulgação do conteúdo, Fernandes chamou uma coletiva de imprensa e disse ter provado que o material seria falso e teria sido criado pela campanha do adversário Evandro Leitão (PT), com uso de inteligência artificial. O candidato, no entanto, não apresentou evidências do uso de deepfake no material que viralizou.
O Comprova pediu a dois peritos forenses que analisassem o material, mas as conclusões apresentadas mostraram resultados divergentes. A Agência Lupa submeteu o áudio a três ferramentas de detecção de IA e também obteve resultados diferentes.
Mauricio de Cunto, cientista forense em material multimídia, um dos especialistas consultados pelo Comprova, analisou, em estudo preliminar, ser “muito improvável que a gravação tenha sido espontaneamente gerada por André Fernandes”. Ele esclarece, no entanto, que um estudo completo do material demandaria dias ou até semanas.
Cunto comparou o áudio que viralizou a gravações reais coletadas no perfil de Fernandes. Ele afirmou que “é muito improvável” que o áudio e as gravações reais tenham a mesma origem. O perito informou que fez “rápidas avaliações fonéticas, linguísticas, comportamentais, observação da forma de onda, espectro e espectrograma”. Esses últimos três termos se referem a gráficos que mostram aspectos técnicos como frequência, amplitude, tempo e harmônicos (características de ondas, sons, luz e variadas radiações) de elementos do áudio.
“Há, de fato, um conjunto minimamente robusto de evidências, como irregularidades no ritmo e entonação da voz, anomalias no ruído de fundo, tempos excessivamente longos entre algumas palavras e formações improváveis de formas de onda, entre vários outros aspectos, que indicam que a gravação pode ter ser sido gerada artificialmente, editada ou ainda imitada”, afirmou o perito.
Para fazer a análise preliminar, o especialista aplicou uma abordagem baseada em probabilidades bayesianas (Teorema de Bayes), muito comum em exames forenses. O teorema permite calcular a probabilidade de uma hipótese ser verdadeira com base em evidências observadas e conta com uma escala que vai de -4 a +4. Para a conclusão da análise do áudio atribuído a Fernandes, foi adotado o índice -3.
“Quanto mais próximo de ‐4, mais forte é a indicação de que as amostras não correspondem”, disse. “Por isso, a conclusão de que é muito improvável que as vozes tenham sido originadas pelo mesmo falante.”
Para essa análise, Cunto usou parâmetros como “características acústicas em comparação de voz, para determinar se ela corresponde à mesma origem de outra”. O perito informou que avaliou ainda o histograma de frequência fundamental (que demonstra a distribuição de frequência da voz) e padrões de entonação.
Outra perícia feita a pedido do Comprova deu resultado diferente. O professor e pesquisador em Computação Forense da Universidade Federal do ABC (UFABC) Mario Gazziro analisou o áudio em oito trechos separados e concluiu que é Fernandes na gravação. Ele alerta, contudo, que o material pode ter sido montado ou adulterado para parecer que o candidato mencionou uma distribuição de dinheiro.
“As evidências indicam que todos os oito trechos de áudio estavam com similaridade acima de 90%, logo eles pertencem ao suposto autor, o candidato André Fernandes”, afirmou. “Mas as montagens detectadas podem ter atribuído outro contexto à mensagem, a exemplo do trecho em que é mencionado ‘derramar dinheiro na mão de…’. Aqui é identificado um corte antes de ele falar ‘…de pastor, líder comunitário’”.
A figura 2 mostra o detalhamento da inspeção visual e os diferentes ruídos encontrados entre os trechos, configurando a realização dos cortes, segundo Gazziro.
| Fig.2: Transição de ruído de fundo em 21,5 segundos, mostrando um dos 7 cortes (na região onde o padrão amarelo encontra o padrão vermelho, definido por inspeção visual)
“Esse trecho poderia facilmente ter sido adulterado a partir de um diálogo hipotético do tipo: ‘derramar dinheiro na mão de marketeiros e depois pedir apoio de pastor, líder comunitário’”, explicou. “Mas também poderia ter sido cortado apenas para suprimir algum nome que não era de interesse que fosse vazado junto com o material”.
O professor afirmou que sem o áudio completo e sem cortes, não é possível afirmar o que o candidato realmente disse na gravação.
Para a análise, Gazziro utilizou a inspeção visual das formas de onda utilizando o software GoldWave. Ele buscou por trechos de alteração do padrão do ruído de fundo ou ruído de conforto (gerado pelos aparelhos de captação, como smartphones, quando não existe ruído ambiente). Uma vez diferenciados eventuais trechos, cada um deles foi comparado com um áudio de controle, que contém a voz verdadeira de Fernandes, livre de ruídos ambientes e outras vozes, e adquirida com tecnologia de qualidade similar. “A comparação trecho a trecho se faz necessária, pois um desses trechos pode pertencer ao autor e outro não, principalmente pela evidência da constatação de cortes”, explicou.
Para realizar a comparação, segundo Gazziro, foi utilizada a extração de coeficientes cepstrais na escala MEL de frequências, que é uma técnica padrão ouro de computação forense para extração de características de biometria vocal, usada para gerar um “mapa” similar a uma “impressão digital” da voz do interlocutor. Extraídas as características, foi aplicada a checagem de batimento, que determina o percentual de verossimilhança da comparação. Todos os oito trechos tiveram fator de comprovação da hipótese acima de 90%. “De acordo com essa técnica, imitadores são classificados por fatores de comprovação entre 50% e 80% e deepfakes, entre 80% e 90%”, detalhou Gazziro.
As figuras 3 e 4 mostram respectivamente a forma de onda do áudio em que Fernandes supostamente falaria de dar dinheiro a pastores e seu respectivo mapa de biometria vocal. Na sequência, as figuras 5 e 6 mostram, respectivamente, a forma de onda do áudio de controle, pertencente a Fernandes, e seu respectivo mapa de biometria vocal.
(AMOSTRA)
| Fig.3: Trecho #7 da voz atribuída a André Fernandes no áudio analisado
(AMOSTRA)
| Fig.4: Biometria do trecho #7 da voz atribuída a André Fernandes
De acordo com Gazziro, o trecho mais comprometedor do áudio, que fala em “derramar dinheiro” na mão de pastores, teve semelhança de 92,5% com a voz verdadeira de Fernandes. Os outros trechos têm percentuais de similaridade com média de 91,5%. Veja na tabela abaixo.
| Tab. I: Percentual de similaridade entre AMOSTRA e CONTROLE para cada trecho.
Acusações
No dia 21 de outubro, Fernandes voltou a acusar, durante uma coletiva de imprensa, a campanha do adversário Evandro Leitão de espalhar o áudio e de tê-lo criado usando inteligência artificial. Ele já havia feito isso dois dias antes, em 19 de outubro. André afirmou que o conteúdo teria sido publicado primeiro em um grupo oficial de Leitão e posteriormente em dois perfis no Instagram de integrantes do PT do município de Eusébio, no Ceará. O candidato do PL informou que pediu ao Ministério Público Eleitoral do Ceará (MP-CE) e à Polícia Federal (PF) a abertura de um inquérito contra o adversário.
A reportagem do Aos Fatos teve acesso ao material enviado por Fernandes ao MP-CE e à PF e constatou, por meio de uma imagem anexada à denúncia, que o áudio, na verdade, foi enviado ao grupo oficial de Leitão e não postado originalmente por eles. A mensagem com o áudio estava marcada como “encaminhada com frequência”. Além disso, a apuração detalhou que o vídeo compartilhado no Instagram de integrantes do PT já tinha marca d’água de outro usuário do TikTok, o que indica que foi uma reprodução.
No Instagram, Leitão negou as acusações de Fernandes, chamando-o de “rei das fake news”, e disse ser vítima de notícias falsas. O candidato, porém, não apresentou esclarecimento sobre o fato de aliados terem reproduzido vídeos com o áudio citado por André. As postagens com o compartilhamento do áudio já não estão mais disponíveis.
O Comprova tentou contato com André Fernandes para obter detalhes sobre a denúncia, com a diretoria estadual do PT no Ceará e com duas lideranças do partido no município de Eusébio para pedir um posicionamento sobre as publicações, mas não houve resposta. O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também não retornaram o e-mail da reportagem questionando a denúncia do candidato do PL em Fortaleza.
Fontes consultadas: Peritos Mauricio de Cunto e Mario Gazziro, reportagens de Lupa e Aos Fatos, vídeo da transmissão da coletiva de imprensa do candidato André Fernandes.
Por que o Comprova contextualizou este conteúdo: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) na última sexta-feira (25/10) por suposto desvio de verbas parlamentares para financiar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Uma publicação no X atribui uma fala à defesa do parlamentar, dizendo que operações “não podem ser deflagradas no ápice do processo eleitoral”, dado que o segundo turno das eleições municipais acontecem neste domingo (27/10). O Comprova contextualiza a ação da PF e sua relação com o período eleitoral.
Conteúdo analisado: Post no X que atribui fala à defesa do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) dizendo que operações da PF, como a que fez do parlamentar um alvo, “não podem ser deflagradas no ápice do processo eleitoral”, pois “atos judiciários interferem diretamente na política local, o que coloca em xeque a seriedade das decisões”.
De acordo com o Portal da Transparência da Câmara dos Deputados, a empresa recebeu, ao todo, R$ 24 mil referentes a serviços de “publicidade das redes sociais” entre março, abril e maio deste ano. Esta é a maior fonte de gastos da cota parlamentar de Gayer.
A PF também trabalha com a hipótese de que seus secretários seriam pagos com recursos públicos para trabalharem em uma empresa chamada “Loja Desfazueli”, registrada no nome do filho de Gustavo, Gabriel Gayer.
A corporação também aponta que o espaço locado para o gabinete do deputado, supostamente custeado com cota parlamentar, seria utilizado simultaneamente para as operações da escola de inglês Gustavo Gayer Language Institute e para as atividades da Loja Desfazueli, o que poderia configurar, em tese, o uso inapropriado de recursos públicos destinados ao funcionamento do gabinete político, afirma a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Além disso, segundo a investigação, o deputado teria adquirido a Associação Comercial das Micros e Pequenas Empresas de Cidade Ocidental (Ascompeco) para receber verbas públicas por meio das emendas parlamentares.
Para receber as emendas, a associação simulou contratos para fingir ter todas as certificações, segundo a PF. O órgão encontrou ao menos dois documentos supostamente falsificados.
Com isso, conforme a manifestação da PGR, assinada em 3 de outubro, a PF trabalha com quatro hipóteses:
Peculato (desvio de recursos);
Uso de verba pública para remuneração de empresa particular;
Aquisição de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) por meio de falsificação de documento particular;
Associação criminosa (nesse caso, a investigação aponta Gayer como suspeito de liderar o grupo).
Em decorrência da investigação, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, autorizou uma operação da PF de busca e apreensão na casa do deputado, que foi feita na sexta-feira (25/10).
Por ocorrer próxima ao segundo turno das eleições municipais, que acontece neste domingo (27/10), surgiram conteúdos nas redes sociais que questionam a legalidade da operação.
É o caso de uma publicação feita no X que atribui uma fala à defesa do deputado federal. O texto diz que operações como essa “não podem ser deflagradas no ápice do processo eleitoral”, pois “atos judiciários interferem diretamente na política local, o que coloca em xeque a seriedade das decisões”.
O Comprova consultou o advogado e professor de direito eleitoral, Alberto Rollo, para questionar sobre o tema. Segundo ele, a afirmação do post está incorreta. “O artigo 236 do Código Eleitoral proíbe prisão de eleitores, salvo em flagrante. Nada fala sobre operações que não envolvem prisão. Não tem nenhuma restrição para executar operação”, afirmou.
O advogado criminalista e sócio fundador do escritório Coura e Silvério Neto, André Coura, explicou que a operação tem amparo legal. “Não há qualquer restrição para a atuação da PF, em regra. O que o momento eleitoral restringe é a prisão”, disse.
De acordo com o TSE, desde terça-feira (22/10) e até 48 horas depois do encerramento da votação, nenhum eleitor poderá ser preso ou detido, salvo em flagrante delito, ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto.
“Vale lembrar, todavia, que a investigação de agentes com foro privilegiado (como é o caso dos deputados federais, que têm foro no STF), depende de prévia autorização judicial (nesse caso, do próprio Supremo)”, acrescentou. No caso de Gayer, Moraes autorizou a investigação.
O Comprova também contatou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a Polícia Federal (PF) para questionar sobre a legalidade da operação, mas não obteve retorno até a publicação desta checagem.
O Partido Liberal (PL), sigla de Gayer, também se manifestou nas redes sociais. A legenda afirmou que a operação policial e a busca e apreensão na casa do deputado “representam mais uma ação nessa escalada autoritária e parcial de um ministro do STF contra um espectro político que representa grande parte da população brasileira”.
Ainda segundo o texto, o PL afirma que “trata-se de tema com baixa repercussão financeira. Por isso, o estranhamento e a perplexidade do Partido Liberal com a medida adotada”.
O Comprova contatou Gustavo Gayer por e-mail para solicitar uma posição sobre as acusações da Polícia Federal. No entanto, não obtivemos retorno até a publicação deste texto.
Fontes consultadas: Decisão do ministro Alexandre de Moraes, manifestação da PGR, entrevista com o advogado criminalista e sócio fundador do escritório Coura e Silvério Neto, André Coura, reportagens sobre o tema, linkadas ao longo do texto, e redes sociais de Gayer e do PL.
Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.