O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
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Eleições

Investigado por: 2022-04-25

Dendeleão, livro da infância de Moro, estava disponível no Brasil desde a década de 70

  • Enganoso
Enganoso
É enganosa a publicação que diz que o livro “Dendeleão”, que marcou a infância de Sergio Moro, é de 1995. A primeira edição da obra foi lançada no Brasil na década de 1970, mesmo período em que o ex-juiz nasceu.

Conteúdo investigado: Tuíte cita publicação de Sergio Moro em homenagem ao Dia do Livro Infantil na qual o ex-juiz afirma que o livro “Dendeleão” marcou sua infância e o ajudou na alfabetização. O post do Twitter diz que a primeira edição em português da obra foi lançada em 1995, quando Moro tinha 23 anos.

Onde foi publicado: Twitter

Conclusão do Comprova: É enganosa a publicação que afirma que a primeira edição em português do livro “Dendeleão” é de 1995. O post usa a informação para rebater a fala do ex-juiz Sergio Moro de que a obra marcou sua infância. Na data referida, Moro tinha 23 anos.

Na realidade, em 1995 ocorria o lançamento da 5ª edição da obra no Brasil, publicada pela editora Ediouro. O livro, voltado para o público infantojuvenil, foi escrito por Don Freeman e lançado nos Estados Unidos em 1964. Uma reportagem do Jornal do Brasil, de 1971, já citava a obra como parte da coleção “Pingos de Ouro”, publicada no Brasil pela editora Edições de Ouro — antiga Ediouro.

Em resposta ao Comprova, a editora afirmou que comprou os direitos da obra e fez sua tradução na década de 1970, o que leva a crer que o livro foi lançado nessa época, embora não tenha sido possível encontrar registros para determinar a data exata. Já sobre a versão de 1995, a empresa informou que contratou “ilustrações para uma nova edição e a obra voltou a circular nesse momento.”

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. Em 25 de abril, a publicação alcançou cerca de 19 mil interações no Twitter.

O que diz o autor da publicação: O perfil do Twitter não permite o envio de mensagens, portanto, não foi possível entrar em contato com o autor.

Como verificamos: O Comprova fez consultas a partir da palavra-chave “Dendeleão” no acervo digital da Biblioteca Nacional (1 e 2), na Agência Brasileira de ISBN e no site da editora Ediouro. A equipe ainda procurou informações sobre o número de identificação da obra (ISBN) no site da Amazon.

Também foram buscadas informações gerais sobre o livro — como o autor, data de lançamento — e sobre o ex-juiz Sergio Moro. Por fim, o Comprova solicitou esclarecimentos à editora e procurou por outras verificações sobre o assunto.

 

Dendeleão não é de 1995

O livro Dendeleão foi escrito pelo norte-americano Don Freeman e lançado nos Estados Unidos em 1964. A versão em português foi traduzida por Stella Leonardos, poetisa nascida em 1923, no Rio de Janeiro, que atuou como tradutora entre 1942 e 1971.

Em uma busca na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, o Comprova encontrou uma edição do Jornal do Brasil, datada em 18 de dezembro de 1971, que falava sobre o lançamento da coleção infantil “Pingos de Ouro”, da editora Edições de Ouro — antiga Ediouro. Entre as obras, a reportagem cita Dendeleão como parte do catálogo da editora naquele ano.

Outra consulta no acervo da Biblioteca Nacional retornou quatro resultados, nos quais uma edição não consta data e o restante se refere às versões de 1995, 1997 e 2000, as últimas têm a mesma capa.

Referências à obra traduzida ao português por Stella Leonardos, no entanto, já podiam ser encontradas desde a década de 1970, como mostrou o site Boatos.org. Na página 473 do livro “Resumo Bibliográfico da Biblioteca Nacional” consta a edição de 1974 de “Dendeleão”, da Ediouro, antiga editora Edições de Ouro.

Além disso, como mostra uma publicação no Twitter, um trecho do livro “Dicionário crítico da literatura infantil/juvenil brasileira 1882-1982”, de Nelly Novaes Coelho, conta que, durante os anos 1970, Stella Leonardos traduziu uma série de obras para crianças em processo de alfabetização, incluindo “Dendeleão”.

Procurada, a editora Ediouro informou que de fato foi contratada uma versão da obra na década de 1970, mas não soube precisar a data. Em relação à edição de 1995, trata-se de uma publicação repaginada com novas ilustrações.

A editora também não soube informar quantas edições e os respectivos anos de lançamento. “Como esse título é bem antigo, o registro mais confiável seria o do nosso arquivo, que atualmente está em processo de mudança de endereço e levantamento de inventário”, informou.

Resposta de Moro

Após a viralização do tuíte, Sergio Moro se manifestou novamente em rede social. “Sobre o livro infantil Dendeleão: Tinha fixação por leões. Pedia a minha mãe que lesse o livro a toda hora. Um dia me disse: aprenda a ler se gosta tanto. Daí aprendi. Matéria abaixo confirma que ele já estava disponível na década de 70. Chega de fake news.” A publicação tem o link para uma verificação feita pelo Boatos.org.

O ex-juiz nasceu em 1º de agosto de 1972. Conforme as informações levantadas pelo Comprova sobre a data provável da primeira publicação, em 1971, o livro estava disponível no Brasil quando Moro era criança.

Por que investigamos: O Comprova verifica conteúdos suspeitos sobre as eleições de 2022, as políticas públicas do governo federal e a pandemia que tenham viralizado nas redes sociais. Conteúdos que contêm informações enganosas sobre possíveis presidenciáveis, como no caso de Sergio Moro, podem influenciar no processo de escolha dos candidatos. Esse tipo de prática é prejudicial à democracia e polui o debate em torno das eleições.

Outras checagens sobre o tema: O site Boatos.org, a agência Lupa e o Monitor7 também checaram o conteúdo e chegaram à mesma conclusão do Comprova de que a obra não foi lançada em 1995. Em verificações anteriores sobre as eleições, o Comprova mostrou que vídeo de Neymar com apoio a Aécio em 2014 foi editado para parecer atual e em favor de Bolsonaro, que foto de Bolsonaro ao lado de André Mendonça é de 2019, anterior à nomeação como ministro do STF e que vídeos de manifestação contra Lula em Passo Fundo são de 2018.

Eleições

Investigado por: 2022-04-22

‘Advogado do PT’ em vídeo do Kwai é personagem de humor

  • Sátira
Sátira
O Comprova classificou como sátira um vídeo apontado como uma gravação vazada do “líder dos advogados do PT, Dr. Avacalho Elhys”. O conteúdo foi publicado nas redes sociais pelo próprio “Dr. Avacalho”, que é um personagem humorístico criado pelo comediante mineiro Warley Alberto Clauhs, e não um advogado real.

Conteúdo investigado: Em vídeo publicado no Kwai e no YouTube, um homem apontado como “líder dos advogados do PT” é gravado ao nível da cintura enquanto bebe um café, como se tivesse sido filmado com uma câmera escondida. Ele alega que haveria uma conspiração para fraudar pesquisas eleitorais e manipular votos nas urnas eletrônicas em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Onde foi publicado: Kwai e YouTube. Também circula no WhatsApp e no Facebook

Conclusão do Comprova: Não é verdade que um “líder dos advogados do PT” tenha dito em um vídeo que existe uma conspiração para fraudar pesquisas eleitorais e manipular votos em favor do ex-presidente Lula. O homem que aparece na gravação é um comediante, e o conteúdo foi publicado originalmente no Kwai e no YouTube como piada.

O autor da peça é Warley Alberto Clauhs, também conhecido como Nana Arroba. Na legenda, ele se identifica como “Dr. Avacalho Ellhys” — um personagem fictício de “advogado pilantra”, cujo nome é um trocadilho com a expressão “avacalho eles”.

Em material divulgado no site oficial de Lula, o PT negou que o “Dr. Avacalho” seja advogado do partido ou do ex-presidente. Ao Comprova, a assessoria de comunicação de Lula afirmou que “o vídeo não tem nenhuma veracidade e infelizmente faz parte de uma campanha da extrema-direita brasileira contra a democracia e o debate público honesto”.

O Comprova classificou o material como sátira porque se trata de uma publicação que foi compartilhada com o intuito de fazer humor, ainda que parte dos usuários nas redes sociais tenha interpretado erroneamente o conteúdo como verídico. Perfis que replicaram o conteúdo no Kwai e no WhatsApp também ocultaram o nome do personagem, amplificando a desinformação.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. Até 22 de abril, o vídeo checado teve mais de 16 mil visualizações no Kwai e 51 mil no YouTube, além de viralizar no WhatsApp, para o qual não há métricas de compartilhamento disponíveis.

O que diz o autor da publicação: Procurado por e-mail, Warley Alberto Clauhs confirmou ser o homem que aparece no vídeo e que o conteúdo é uma sátira. Ele afirmou que todas as suas contas nas redes sociais “têm uma descrição do autor e a modalidade de material criado”.

Como verificamos: O Comprova começou a verificação a partir da análise do conteúdo original e do perfil do autor no Kwai. Ao pesquisar pelo nome do personagem “Dr. Avacalho Ellhys” e por palavras-chaves sobre o conteúdo no Google, a reportagem chegou a um canal no YouTube que informa que o homem que aparece nas imagens é o “humorista mineiro Warley Clauhs”.

Essa informação foi usada em novas buscas, que revelaram que o comediante havia se lançado como candidato a vereador nas eleições municipais de 2016 e 2020. Foi então possível encontrar os registros das candidaturas (1 e 2) no site de divulgação de contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A assessoria de comunicação do ex-presidente Lula foi procurada e respondeu por mensagem de texto. O site do político publicou uma nota a respeito do assunto no dia 20 de abril.

Sobre o perfil

O nome verdadeiro do autor da peça é Warley Alberto Clauhs, que se apresenta em seu perfil do Kwai como “professor, ator, poeta, locutor, comediante, imitador e político”. Ele foi candidato a vereador nas duas eleições municipais mais recentes.

Em 2016, concorreu pelo Progressistas na cidade de Açailândia (MA). Quatro anos depois, nas eleições de 2020, foi candidato em Rondon do Pará (PA), pelo Republicanos. Nas duas ocasiões, classificou-se como vereador suplente. De acordo com informações declaradas para o TSE, Warley é natural de Teófilo Otoni (MG) e tem 42 anos.

O personagem do “Dr. Avacalho Elhys” aparece em vários outros vídeos do comediante. Além de “líder dos advogados do PT”, já foi apresentado também como advogado “dos grandes políticos” — são citados João Doria (PSDB), Flávio Dino (PSB), Helder Barbalho (MDB) e Ruy Costa (PT), entre outros — e “das empresas fabricantes de vacina contra a covid-19”. O comediante também interpreta uma drag queen chamada Nana Arroba e já fez vídeos em que as duas personagens interagem.

Por que investigamos: O Comprova checa conteúdos suspeitos que viralizaram a respeito de eleições, políticas públicas e pandemia de covid-19. Apesar de ter sido publicado originalmente como sátira, o vídeo aqui verificado levou alguns usuários nas redes sociais a acreditarem nas declarações falsas feitas pelo comediante acerca da confiabilidade do processo eleitoral e de pesquisas de intenção de voto.

O vídeo deu origem a comentários como “essa tática dos corruptos do PT é muito preocupante”, “isso é muito sério, crime envolvendo o nome de pessoas do STF” e “essas pessoas perderam toda ética profissional”. No Facebook, perfis conservadores repercutem o material agradecendo ao “petista traíra” que fez a gravação e alegando que a fala supostamente confirma “o que todos nós já sabíamos” sobre pesquisas eleitorais e urnas eletrônicas.

O Comprova também recebeu o vídeo como sugestão de checagem pelo WhatsApp. No aplicativo de mensagens, o vídeo é acompanhado por legendas como “querem entender o que se passa? É preciso coragem para ver o incontestável (vídeo/áudio) do advogado do PT orientando como continuar a fraudar as eleições” e “esse é advogado do PT ou uma montagem?”.

Outras checagens sobre o tema: O vídeo analisado pelo Comprova também foi checado pela agência Lupa, pelo site Boatos.org e pela AFP. A AFP e a Lupa classificaram o conteúdo como falso, destacando que ele foi criado em tom humorístico, mas desinforma a respeito do processo eleitoral e das pesquisas de intenção de voto para presidente. O Boatos.org esclareceu que se trata de uma peça humorística.

Esse é mais um exemplo de desinformação acerca das eleições presidenciais de 2022, que se tornou um dos principais focos de teorias conspiratórias e falsidades a favor ou contra determinados políticos. Recentemente, o Comprova mostrou que nenhuma pesquisa eleitoral aponta 70% de votos para o presidente Jair Bolsonaro (PL), que uma enquete feita em restaurante de Minas Gerais não pode ser considerada pesquisa eleitoral e que um texto anônimo alegando que o ministro Luís Roberto Barroso teria prometido atuar contra reeleição de Bolsonaro é falso.

Saúde

Investigado por: 2022-04-20

Sistema de saúde francês não recomenda azitromicina para tratar covid-19

  • Enganoso
Enganoso
É enganosa a publicação que, usando um vídeo do youtuber Felipe Neto, afirma que o sistema de saúde da França adota o antibiótico Azitromicina no tratamento de covid-19. O comunicador critica a venda feita em uma farmácia no país europeu, mas o governo francês não recomenda o remédio para tratar coronavírus. Mesma situação do Brasil, onde a indicação é para doenças causadas por agentes bacterianos, e não virais, como a covid-19.

Conteúdo investigado: Postagem que utiliza um vídeo do youtuber Felipe Neto criticando a indicação de Azitromicina para o tratamento contra a Covid-19 na França. A autora ironiza a indignação do comunicador dizendo que no país europeu o medicamento faz parte do protocolo de atendimento (a pacientes infectados) enquanto no Brasil é criminalizado.

Onde foi publicado: Twitter

Conclusão do Comprova: É enganosa a postagem que sugere que o antibiótico Azitromicina faz parte do protocolo de tratamento de covid-19 pelo sistema de saúde francês. Para enfrentamento da doença, o país europeu concentrou esforços na ampliação da vacinação da população, bem como em medidas como distanciamento social e uso de máscaras.

A autora da postagem também alega que a Azitromicina é criminalizada no Brasil, o que não é verdade. O medicamento apenas não é recomendado para pacientes infectados pelo Sars-Cov-2, vírus que provoca a covid-19. Porém, o remédio é indicado para doenças bacterianas.

A autora usa um vídeo do youtuber Felipe Neto, que mostrou-se indignado com a venda da Azitromicina para sua colega de viagem diagnosticada com a covid-19, enquanto estavam na França.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga conteúdos suspeitos de grande alcance nas redes sociais. Até o dia 20 de abril, esta publicação teve mais de 20 mil interações no Twitter, entre curtidas, comentários e retuítes.

O que diz o autor da publicação: O perfil da autora no Twitter não permite mensagem direta. Ela foi localizada em outra rede social, mas não respondeu os questionamentos até a publicação da verificação.

Como verificamos: A equipe do Comprova entrou em contato com Felipe Neto para verificar a veracidade do vídeo publicado e em que contexto ele havia sido divulgado.

Também foram feitas pesquisas em sites, tanto jornalísticos quanto de órgãos e entidades de saúde, sobre o uso da Azitromicina para o tratamento da covid-19 no Brasil e na França.

Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi questionada sobre o posicionamento oficial do governo brasileiro em relação ao medicamento citado no vídeo e outros remédios indicados para a doença.

A autora da postagem também foi procurada por mensagem em rede social.

 

Felipe Neto não fala de protocolos adotados pelo sistema de saúde da França

De férias na Europa no início deste mês, o youtuber Felipe Neto ficou doente, mas seu teste deu negativo para a covid-19. Uma companheira de viagem, no entanto, contraiu a doença e, ao buscar remédio para os sintomas, recebeu Azitromicina – antibiótico cuja indicação é para tratar doenças provocadas por bactérias. Felipe Neto mostrou-se indignado no trecho do vídeo investigado, mas ele não fala de protocolos de saúde francês, e sim critica, sem dar nomes, quem passou a medicação.

Procurada, a assessoria de imprensa do comunicador desmente que ele tenha declarado que o sistema de saúde francês utiliza medicamentos e protocolos para tratar covid-19.

“Trata-se de mais uma notícia falsa, mais uma desinformação retirada de contexto. A crítica feita por ele consiste no fato do farmacêutico em questão – mesmo com amplos estudos e pesquisas científicas feitos em todo o mundo comprovando que não existe tratamento para Covid – vender a Azitromicina para sua amiga e companheira de viagem”, diz um trecho da nota.

Ainda conforme o posicionamento oficial de Felipe Neto, a assessoria aponta que a amiga do youtuber foi à farmácia em busca de remédio para tratar os sintomas, como dor de cabeça e tosse, mas recebeu do farmacêutico apenas o antibiótico.

Em suas redes sociais, Felipe Neto também comentou o uso indevido dos stories que publicou. (print abaixo)

Durante a mesma viagem, Felipe Neto também exaltou o SUS e agradeceu o fato de estar vacinado contra a covid, pois considera que, se fosse infectado pelo vírus e não estivesse imunizado, seu quadro seria mais grave.

Medicamentos contra a covid-19 usados no Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária , órgão responsável pela aprovação de medicamentos para uso no Brasil, tem uma lista de remédios autorizados ou em análise no seu site.

Atualmente, segundo a assessoria da Anvisa, há cinco medicamentos autorizados contra covid-19 e nenhum deles é a Azitromicina. Em relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), órgão de assessoramento do Ministério da Saúde, o remédio não é recomendado para pacientes com suspeita ou diagnóstico de infecção pelo coronavírus.

Dos autorizados pela Anvisa, o Evusheld está aprovado para profilaxia em situações específicas, ou seja, pode ser usado como medida preventiva à doença. A medicação não substitui a vacinação para pessoas em que a imunização contra a covid-19 seja recomendada. Os outros quatro medicamentos autorizados para a covid no país – Remdesivir, Sotrovimabe, Baricitinibe e Paxlovid -, são todos para tratamento de pessoas infectadas, e os três primeiros somente permitidos para uso hospitalar.

Tratamento e prevenção da covid-19 na França

Segundo o último boletim epidemiológico divulgado na França, o número de óbitos em hospitais entre 4 e 10 de abril teve uma redução de 2% em relação à semana anterior: foram 724 casos nesta última semana de dados divulgados. Em relação às internações neste período, houve 9.522 registros, uma redução de 3% em relação à semana anterior. Dos internados, 833 estavam em UTIs, queda também de 3%.

A França tem hoje 943.342 casos confirmados de covid. Segundo o governo francês, 73,5% das pessoas com mais de 18 anos estão vacinadas com três doses.

Não existe orientação dos órgãos de saúde da França para o uso de medicamentos como a Azitromicina para o combate à covid-19. Além da vacinação, os franceses recomendam o distanciamento social, o uso de máscaras e medidas de higiene como lavar as mãos com álcool gel. O governo também disponibiliza ferramentas para testagem em massa e rastreamento de pessoas com quem o infectado teve contato para evitar a proliferação por pessoas assintomáticas.

A medicação hoje disponível nas farmácias da França para o tratamento de covid é o Paxlovid, antiviral que também é autorizado pela Anvisa para uso no Brasil.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizaram sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. Desde o início da crise sanitária, conteúdos falsos e enganosos circulam em aplicativos e redes sociais, ora colocando em dúvida as medidas preventivas contra a doença, como vacina, isolamento e máscara, ora sugerindo medicamentos sem eficácia para combater o vírus.

A desinformação é um risco à saúde porque leva muitas pessoas a deixarem de se proteger por acreditarem nos conteúdos inventados.

Outras checagens sobre o tema: Mesmo após dois anos de pandemia, a desinformação sobre a Covid-19 persiste. Recentemente, o Comprova mostrou que as máscaras ajudam a proteger contra a transmissão e a contaminação pelo coronavírus para esclarecer uma postagem enganosa no Twitter e apontou serem falsas as declarações que o Brasil foi escolhido pela OMS como um dos três países que melhor atuaram na pandemia e que vacinas mRNA causam covid.

Eleições

Investigado por: 2022-04-20

Vídeo de ex-ministro da Suíça é de 2010 e não tem relação com o contexto político brasileiro

  • Falso
Falso
É falso que o ex-ministro de Finanças da Suíça Hans-Rudolf Merz teria rido dos acontecimentos envolvendo o ex-presidente Lula (PT) e o ex-procurador da República Deltan Dallagnol durante um discurso. Um vídeo de Merz voltou a circular nas redes sociais com legendas em português incorretas. Na verdade, a gravação foi feita em 2010 e mostra o político tendo uma crise de riso ao ler um texto sobre normas para importação de carnes temperadas.

Conteúdo investigado: Trata-se de um vídeo de dois minutos que mostra o ex-ministro de Finanças da Suíça Hans-Rudolf Merz tendo um ataque de riso enquanto discursa no parlamento. A gravação é acompanhada de legendas em português que dão a entender que o político estaria debochando da política e das eleições brasileiras.

Onde foi publicado: TikTok e Facebook.

Conclusão do Comprova: Não é verdade que o ex-ministro Hans-Rudolf Merz riu ao falar sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante um discurso no parlamento suíço. O vídeo da fala do político foi gravado em 20 de setembro de 2010 e o ataque de riso ocorreu quando Merz falava sobre a burocracia para a importação de carnes temperadas. Na época, ele admitiu não ter entendido a linguagem empregada no texto.

O vídeo circula com legendas que alteram o contexto da fala do político pelo menos desde 2014. Em diferentes versões, o ex-ministro teria debochado de supostas promessas feitas pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para a Copa do Mundo de 2014 e de um pedido feito pela deputada federal Gleisi Hoffmann (PT) para homenagear Lula.

Todos os acontecimentos do cenário político brasileiro falsamente associados à fala de Merz, no entanto, ocorreram anos depois da gravação do discurso do ex-ministro. Não há menção alguma ao nome de Lula ou qualquer tema envolvendo a política brasileira, como atesta o vídeo original e a transcrição da declaração, disponíveis no site do parlamento suíço.

O Comprova classifica como falso conteúdos inventados ou que tenham sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgados de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. No TikTok, o vídeo teve 88 mil visualizações, mais de 3 mil curtidas e compartilhamentos, e 497 comentários. No Facebook foram 22 mil visualizações, 109 curtidas e 37 comentários até o dia 20 de abril.

O que diz o autor da publicação: Ao Comprova, o autor do post no Facebook afirmou que sua conta foi hackeada e que conseguiu retomá-la apenas no dia 19 de abril. Como o TikTok não oferece opção para envio de mensagens e não há informações de contato no perfil, não foi possível conversar com o responsável pela postagem.

Como verificamos: Como as imagens do conteúdo verificado pelo Comprova circulam há vários anos e já foram alvo de outras checagens (Estadão Verifica, Fato ou Fake, Boatos.org, Aos Fatos, Lupa e AFP Checamos), foi comprovado que se tratava de fato de um discurso do ex-ministro suíço Hans-Rudolf Merz, realizado em 2010.

A partir da análise do vídeo, o Comprova constatou que o idioma falado é alemão e que a gravação se refere a uma sessão do Conselho Federal da Suíça.

O Comprova também buscou reportagens jornalísticas (G1, The Guardian, BBC News) que trataram do tema na época, assim como o vídeo original do discurso no site do parlamento suíço.

Por fim, foram solicitados esclarecimentos aos responsáveis pelas publicações do vídeo no TikTok e no Facebook.

Verificação

Discurso de Hans-Rudolf Merz foi feito em 2010 no Parlamento da Suíça

A partir das verificações anteriores realizadas por outras agências de checagem, foi possível confirmar que o homem que aparece no vídeo é o ex-ministro do Departamento de Finanças da Suíça Hans-Rudolf Merz.

Na gravação, é possível ver duas palavras que indicam que o idioma falado pelo político é alemão, uma das línguas oficiais da Suíça (assim como o italiano e o francês) e que se tratava de uma sessão do Conselho Federal da Suíça.

Tagesschau” é o nome de um serviço de notícias de televisão nacional e internacional alemão produzido pela equipe editorial da ARD-aktuell. Já “Bundesrat” é uma palavra em alemão que significa “Conselho Federal”.

Na época do discurso, Merz era membro do Conselho Federal da Suíça, que é formado por sete chefes de departamentos do país. Quem elege os conselheiros é a Assembleia Federal (Parlamento).

As legendas

Assim como em outras versões do vídeo, as legendas em português que foram inseridas no conteúdo aqui verificado não têm relação com a fala original do político. Em nenhum momento o nome de Lula ou qualquer assunto referente à política brasileira são mencionados.

Além de não corresponderem ao discurso de Merz, as legendas também trazem informações mentirosas a respeito da atual composição do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável por anular quatro processos movidos contra o ex-presidente Lula a partir das investigações da Operação Lava Jato.

Apenas três dos 11 magistrados que compõem o órgão foram indicados por Lula: Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Dias Toffoli.

As legendas colocadas no vídeo fazem menção às condenações sofridas por Lula no âmbito da Operação Lava Jato, investigação realizada na 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná que tinha como juiz titular Sergio Moro e como coordenador dos procuradores do Ministério Público Federal Deltan Dallagnol.

O ex-presidente teve os quatro processos criminais da Operação Lava Jato anulados pelo STF em abril de 2021. Os ministros entenderam que era competência da Justiça Federal do DF julgar os processos, e não a do Paraná.

Com essa decisão, e a que declarava o ex-juiz Sergio Moro suspeito para julgar o caso, todos os processos foram reiniciados em outras varas da primeira instância, com nova fase de captação de provas, oitivas com testemunhas e defesa das partes envolvidas.

Em março deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou o ex-procurador Deltan Dallagnol a indenizar Lula em R$ 75 mil. Os ministros entenderam que Dallagnol extrapolou os limites de sua função ao utilizar qualificações que feriam a honra do ex-presidente quando deu uma entrevista coletiva utilizando uma montagem com diversas acusações a Lula.

O discurso

A crise de riso durante o discurso de Merz no dia 20 de setembro de 2010 foi noticiada internacionalmente (G1, The Guardian, BBC News). Conforme as publicações dos veículos, o político admitiu ter achado engraçada a linguagem burocrática empregada no texto que falava sobre a importação de carnes.

O vídeo completo da declaração, assim como a transcrição da fala do ex-ministro, está disponível no site do parlamento suíço, em alemão.

Legenda: Transcrição do discurso de Merz no site do parlamento da Suíça. O trecho da fala que viralizou nas redes sociais está sublinhado em vermelho.

A partir de ferramentas e sites de tradução online como Happy Scribe e DeepL, o Comprova obteve o trecho do discurso de Merz que viralizou na internet.

“Seguindo a nota 6ª do capítulo 2 da CN, a Administração Aduaneira publicou adicionalmente (risos) as chamadas ‘Notas Explicativas sobre a Tarifa Aduaneira Suíça’ (muitos risos, aplausos). De acordo com estas explicações, certos produtos ainda são classificados no Capítulo 2 aos quais foram adicionados temperos durante o processo de fabricação, desde que o caráter de um produto deste Capítulo não seja alterado (por exemplo, Bündnerfleisch [um tipo de carne]), (muitos risos). Entretanto, a carne em que os temperos são distribuídos em todas as superfícies do produto e são visíveis a olho nu está excluída deste capítulo (risos).”

Quem é Hans-Rudolf Merz

Hans-Rudolf Merz é um político de 79 anos e antigo membro do Conselho Federal Suíço pelo Partido Liberal, o Free Democratic Party (FDP), em inglês. Ele foi eleito em 10 de dezembro de 2003 e renunciou um mês após o discurso sobre a importação de carnes viralizar na internet, em 31 de outubro de 2010, por motivos de saúde.

Doutor em Ciência Política pela Universidade São Galo, ou University of St. Gallen, Merz também foi presidente da Suíça em 2009 e chefe do Departamento Federal de Finanças do país entre 2004 e 2010.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizaram nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. O conteúdo analisado nesta checagem é prejudicial porque traz informações enganosas que envolvem um pré-candidato à presidência em 2022 e isso pode influenciar na escolha dos eleitores. É importante que a população decida sobre o voto com base em conteúdos verdadeiros, e não em mentiras.

Outras checagens sobre o tema: As mesmas imagens do ex-ministro circulam fora de contexto pelo menos desde 2014. Diversas agências de checagem como Estadão Verifica, Fato ou Fake, Boatos.org, Aos Fatos, Lupa e AFP Checamos já desmentiram versões diferentes do vídeo que alegavam que o político estaria rindo do pedido de homenagem a Lula feito pela deputada federal Gleisi Hoffmann ou das supostas promessas feitas pela ex-presidente Dilma Rousseff para a Copa do Mundo realizada no Brasil em 2014.

Anteriormente, o Comprova já verificou conteúdos semelhantes, como os vídeos que mostram supostamente o presidente da Rússia, Vladimir Putin, atacando Jair Bolsonaro. As gravações, na verdade, são humorísticas.

Eleições

Investigado por: 2022-04-20

Vídeo de Neymar com apoio a Aécio em 2014 foi editado para parecer atual e em favor de Bolsonaro

  • Enganoso
Enganoso
Vídeo divulgado no Facebook engana ao relacionar declarações do jogador de futebol Neymar a um eventual apoio à candidatura do presidente Jair Bolsonaro à reeleição em 2022. O conteúdo sofreu cortes e omitiu informações relativas ao segundo turno da campanha eleitoral de 2014. Na ocasião, Neymar apoiou o então candidato Aécio Neves.

Conteúdo investigado: Vídeo que voltou a circular nas redes sociais sugere que o jogador brasileiro Neymar, que hoje atua no Paris Saint-German, apoia o presidente da República e pré-candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). O vídeo é sobreposto por uma imagem do presidente e pelos dizeres: “Vote Bolsonaro 22. Brasil, nunca foi tão fácil escolher o lado certo”.

Onde foi publicado: Facebook

Conclusão do Comprova: O vídeo que voltou a circular nas redes sociais, na verdade, foi gravado e divulgado pelo jogador Neymar em 23 de outubro de 2014. Na ocasião, ele declarou apoio ao então candidato à presidência da República, Aécio Neves (PSDB), no segundo turno da corrida eleitoral daquele ano. Na época, o atacante disse que decidiu se manifestar sobre o assunto publicamente após uma conversa com seus familiares.

Além de sugerir apoio de Neymar a Bolsonaro, o vídeo sofreu diversos cortes e omitiu trechos das declarações do jogador, nos quais ele deixa claro seu posicionamento em prol da candidatura do tucano.

Para o Comprova, enganoso é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. Até 20 de abril, o vídeo teve 913 mil visualizações, 48 mil curtidas e 38 mil comentários.

O que diz o autor da publicação: O Comprova tentou contato, por meio do messenger do Facebook, com Ligia Martins, autora da publicação, mas não obteve resposta.

Como verificamos: O primeiro passo foi procurar notícias publicadas na imprensa a respeito do posicionamento político do jogador Neymar e de um possível apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Ao usar palavras chaves como “Neymar + eleição + apoio presidente” no Google logo foi possível encontrar registros da eleição de 2014. Além das notícias, também buscamos o vídeo original no canal do jogador no Youtube.

 

Vídeo de Neymar é da eleição de 2014

O vídeo em que o jogador de futebol Neymar fala sobre o processo eleitoral e a importância de não anular o voto e de se posicionar politicamente foi divulgado no canal do atleta no Youtube, em outubro de 2014. Naquela ocasião, disputavam o segundo turno da eleição presidencial Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), que acabou eleita com 51,64% dos votos.

A gravação foi publicada no dia 23 de outubro daquele ano, em apoio ao então candidato Aécio Neves. O vídeo tem 1 minuto e 14 segundos de duração e o jogador inicia o depoimento dizendo ter conversado muito com sua família antes de tomar a decisão de se posicionar politicamente.

Neymar citou o momento político atravessado pelo país naquela ocasião e disse ter a ciência de que o voto de cada eleitor seria importante para decidir o futuro do Brasil. Ainda à época, o jogador contou que resolveu declarar o apoio a Aécio Neves por se identificar com a proposta que ele apresentou ao país durante a corrida eleitoral.

No vídeo original, Neymar também menciona o dia 26 de outubro, quando ocorreu o segundo turno da eleição presidencial de 2014. Agora, em 2022, um eventual segundo turno está previsto para ocorrer em 30 de outubro.

Na publicação que voltou a viralizar, os autores omitem trechos das declarações que fazem menção à data da eleição bem como ao nome de Aécio Neves. Também fazem uso de elementos gráficos em alusão ao número do partido de Bolsonaro, o 22 do PL.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizaram nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, eleições presidenciais e políticas públicas do governo federal. Conteúdos que distorcem informações ou mentem sobre apoios de personalidades a pré-candidatos na corrida presidencial podem influenciar na escolha dos eleitores, o que prejudica o processo democrático. O eleitor deve tomar sua decisão com base em informações verdadeiras a respeito do cenário político eleitoral do país, e não em conteúdos enganosos.

Outras checagens sobre o tema: O conteúdo analisado pelo Comprova também foi checado pelo Aos Fatos, demonstrando que vídeo mostra apoio de Neymar a Aécio Neves em 2014, não a Bolsonaro em 2022. Em verificações anteriores, o Comprova mostrou que nenhuma pesquisa eleitoral aponta 70% de votos para Bolsonaro e que suposta imagem de apoio a Bolsonaro é um meme com ator pornô.

Eleições

Investigado por: 2022-04-20

Foto de Bolsonaro ao lado de André Mendonça é de 2019, anterior à nomeação como ministro do STF

  • Enganoso
Enganoso
É enganosa a publicação que mostra uma foto do ministro do STF André Mendonça e do presidente Jair Bolsonaro (PL) juntos em um jogo do Santos, sem deixar claro a data. O encontro entre os dois ocorreu em novembro de 2019, quando Mendonça era advogado-geral da União.

Conteúdo investigado: Publicação mostra foto do presidente Jair Bolsonaro (PL) vestido com uma camisa do Santos ao lado do atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça. A autora afirma que é “estranho” um integrante da corte acompanhar o presidente em um jogo de futebol.

Onde foi publicado: Twitter

Conclusão do Comprova: É enganosa a publicação em rede social que mostra uma foto do ministro do STF André Mendonça ao lado do presidente Jair Bolsonaro em estádio de futebol. A postagem sugere que a imagem é recente e aponta como estranho um ministro do STF acompanhar o chefe do Executivo.

Na verdade, o registro é de um jogo entre Santos e São Paulo realizado em novembro de 2019, na Vila Belmiro. No dia 17 de abril, Bolsonaro acompanhou o jogo entre Santos e Coritiba, também na Vila, e não estava na companhia do ministro do STF, conforme notícias e fotos divulgadas na imprensa.

Enganoso, para o Comprova, é conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. Até o dia 19 de abril, o tuíte investigado teve 14,8 mil curtidas, e 2 mil compartilhamentos. No dia 20, o post foi apagado. Outra publicação de mesmo teor alcançou cerca de 7 mil interações no Twitter antes de ser excluída.

O que diz o autor da publicação: A empresária Roberta Luchsinger foi acionada via e-mail, mas não respondeu até a publicação desta verificação. Já Wladimyr Jung, autor de publicação similar e anterior à da empresária, informou que não checou a informação antes de publicar e excluiu o post após contato do Comprova.

Como verificamos: A partir do mecanismo de busca por imagem do Google, o Comprova encontrou uma foto publicada por André Mendonça em 17 de novembro de 2019. A equipe também fez buscas pelas palavras-chave “Bolsonaro”, “André Mendonça” e “Santos”, que retornaram reportagens sobre a relação entre o chefe do Executivo e o atual ministro do STF (Correio Braziliense e Lance). A foto do encontro ilustrava as matérias. Também foi possível localizar postagem similar e anterior à que originou a checagem do Comprova.

Por fim, o Comprova buscou informações sobre a presença de Bolsonaro em jogos recentes do Santos e foram procuradas outras verificações sobre o post investigado.

 

Foto é anterior a nomeação para o STF

A publicação enganosa sugere que Bolsonaro assistiu à partida entre Santos e Coritiba, no último 17 de abril, ao lado do ministro do STF André Mendonça. A foto, no entanto, foi tirada em 16 de novembro de 2019, no estádio da Vila Belmiro, em Santos (SP). À época, André Mendonça ocupava o cargo de advogado-geral da União. A nomeação para a cadeira do STF ocorreu somente em dezembro de 2021.

Na ocasião, o time do Santos enfrentou o São Paulo em partida válida pelo Campeonato Brasileiro daquele ano. O jogo terminou com o placar de 1 a 1. No dia seguinte à partida, Mendonça publicou uma foto do encontro com Bolsonaro. Ao comparar a imagem com a do post investigado, é possível observar elementos que indicam terem sido feitas no mesmo dia.

| Foto: Reprodução do Twitter. Marcações em amarelo feitas pelo Comprova.

Foto recente

No sábado, dia 17 de abril, Bolsonaro foi ao estádio da Vila Belmiro para assistir à partida entre Santos e Coritiba.

Na ocasião, o presidente acompanhou o jogo em um camarote e ao lado do presidente do Santos, Andrés Rueda.

Ao fazermos comparações de fotos do dia 16 de novembro de 2019 com imagens do jogo recente, de 17 de abril de 2022, publicadas no site ge.globo.com, é possível notar que Bolsonaro usa roupas distintas e as pessoas que o acompanham também são diferentes das que estavam com ele em 2019.

Histórico de André Mendonça

André Mendonça é advogado e assumiu a vaga no STF após a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello. Foi o segundo nome indicado por Bolsonaro para ocupar uma cadeira na Suprema Corte. Mendonça também é pastor da igreja presbiteriana.

O atual ministro compõe o governo Bolsonaro desde o início da gestão. Em duas ocasiões atuou como advogado-geral da União — entre janeiro de 2019 e abril de 2020 e de março a dezembro de 2021. No período em que ficou fora do cargo, André Mendonça chefiou o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Sobre os autores

Uma das publicações de maior alcance foi feita por Roberta Luchsinger, empresária e filiada ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Nas eleições de 2018 foi candidata a deputada estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT), mas não se elegeu. Recentemente, Luchsinger apresentou notícia-crime contra Sergio Moro e a esposa Rosângela Moro para solicitar a investigação sobre a mudança de domicílio eleitoral do ex-juiz para São Paulo. Questionada sobre o post, Roberta não respondeu até a publicação desta verificação.

Horas antes do tuíte feito pela empresária, outro post foi publicado no Twitter com a mesma foto. O autor é Wladimyr Jung, artista plástico e advogado carioca. Na rede social do artista predominam publicações contrárias ao governo Bolsonaro. Nas respostas à publicação investigada, internautas alertaram acerca do conteúdo fora de contexto.

| Captura de tela do Twitter. Nas respostas, Jung foi informado sobre a origem da foto.

Ao Comprova, Wladimyr Jung informou que não checou a informação antes de publicar e excluiu o post. “Fiz confusão e isso não vai se repetir. Espero que não tenha causado maiores transtornos”, disse.

Por que investigamos: O Comprova checa conteúdos suspeitos que viralizaram a respeito das eleições presidenciais, políticas públicas do governo federal e pandemia de covid-19. Publicações enganosas envolvendo ministros do STF são investigadas com frequência pelo Comprova. Esse tipo de conteúdo é prejudicial pois compromete a confiança da população na Suprema Corte.

Outras checagens sobre o tema: O Uol Confere, as agências Lupa e Aos Fatos e a AFP Checamos fizeram verificações que corroboram com a conclusão do Comprova de que a imagem foi publicada fora do contexto original.

Eleições

Investigado por: 2022-04-19

Vídeos de manifestação contra Lula em Passo Fundo são de 2018

  • Enganoso
Enganoso
São enganosas publicações que mostram uma manifestação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na cidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Os vídeos sem legenda clara fazem parecer que os protestos são atuais, mas o ato retratado ocorreu em março de 2018, quando o ex-presidente circulava por diversas cidades do Sul do país.

Conteúdo investigado: Vídeos publicados nas redes sociais mostram uma manifestação contra o ex-presidente Lula. Com alguns tratores, dezenas de pessoas fecham uma estrada e informam que por aquele caminho não será possível passar. Na legenda, a informação é de que a entrada da cidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, foi fechada e que Lula não poderia cumprir agenda lá.

Onde foi publicado: Os vídeos foram publicados no Facebook, Twitter, TikTok e Instagram

Conclusão do Comprova: São enganosas as publicações feitas em 2022 em redes sociais com vídeos de uma manifestação contra o ex-presidente Lula na cidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. O protesto, que bloqueou uma estrada com carros e tratores, ocorreu em 2018, quando o ex-presidente fazia uma série de visitas em cidades da região Sul para o que ele chamou de Caravana Lula pelo Brasil. Devido ao ato, uma visita à Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) foi cancelada e o petista seguiu para outros municípios.

Para o Comprova, é enganoso o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. Em apenas uma das páginas do Facebook, o vídeo publicado teve mais de 100 mil visualizações, 3 mil curtidas e 2 mil compartilhamentos que geram ainda mais visualizações e interações. No TikTok, o vídeo teve mais de 100 mil visualizações e mais de 20 mil compartilhamentos até o dia 18 de abril.

O que diz o autor da publicação: Procurados, os autores das publicações não responderam os questionamentos feitos.

Como verificamos: O Comprova fez busca pelas palavras-chaves Lula e Passo Fundo no Google e encontrou, além das recentes publicações, matérias de diversos veículos jornalísticos e publicações em redes sociais relatando o caso em 2018.

Utilizando a ferramenta Invid, que faz a leitura detalhada dos vídeos e busca por publicações semelhantes, foi possível mapear os vídeos mais antigos, feitos e publicados em 2018. A ferramenta também direcionou para matérias divulgadas à época.

 

Caravana Lula pelo Brasil

Em 2017, por iniciativa própria e do PT, Lula iniciou uma jornada por diversos estados do Brasil em todas as regiões do país. Intitulado “Caravana Lula pelo Brasil”, o projeto tinha como intenção mostrar força e popularidade em face das investigações da operação Lava Jato que avançavam sobre ele.

Iniciada pelo Nordeste, região de maior popularidade de Lula, em 17 de agosto de 2017, a caravana percorreu 60 municípios até o dia 5 de setembro. Depois de passar por cidades e estados de outras regiões do país, a última etapa foi visitar a região Sul.

O plano inicial consistia em passar por 19 cidades dos três estados em 10 dias, terminando com um ato em Curitiba, sede da 13ª Vara Federal, local onde se julgaram os processos da operação Lava Jato. O final da caravana ocorreu juntamente com o julgamento do último recurso da defesa de Lula e semanas antes do que seria a data de sua prisão. O ex-presidente foi solto em 8 de novembro de 2019, por decisão do STF, após 580 dias preso na sede da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba. 

Lula em Passo Fundo

O Rio Grande do Sul foi o primeiro estado visitado por Lula durante sua passagem pela região Sul com a caravana. Marcada por protestos desde o início, a comitiva do ex-presidente enfrentou sua maior dificuldade na cidade de Passo Fundo. Ruralistas e movimentos de apoio ao então deputado federal e pré-candidato à presidência Jair Bolsonaro montaram um bloqueio na entrada da cidade queimando pneus e ocupando a pista com tratores no dia 23 de março de 2018.

A Brigada Militar chegou a usar bombas de gás para dispersar os manifestantes. Uma pessoa foi presa por desacato e levada à delegacia, onde prestou depoimento e foi liberada. Depois de uma espera de mais de três horas, os organizadores da comitiva decidiram recuar.

A passagem de Lula pela cidade, que incluía uma visita à Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), foi cancelada. A comitiva se deslocou, de maneira separada e por caminhos diferentes, para a cidade de São Leopoldo, também no Rio Grande do Sul, de onde prosseguiu com o roteiro planejado.

Manifestações

Antes mesmo de iniciar a visita pelas cidades da região Sul, o ex-presidente foi alertado sobre as manifestações que poderiam ocorrer. Associações ruralistas bloquearam a entrada da cidade de Bagé, primeira cidade do Rio Grande do Sul visitada por Lula. No Paraná, um dos ônibus da caravana foi atingido por um tiro. O ex-presidente não estava no veículo e ninguém ficou ferido. Não foi identificado o autor do disparo e ninguém foi preso ou detido. Também no Paraná, em Francisco Beltrão, houve relatos de confronto entre os seguranças e jornalistas.

A região Sul teve a maior concentração de manifestações contrárias ao ex-presidente e foi o local com o maior número e gravidade de registros de confrontos. Nas demais regiões, Lula também foi alvo de manifestações contrárias.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que tenham viralizado nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais.

As publicações checadas aqui desinformam ao não contextualizar a data de quando ocorreram as manifestações, associando um ato de quatro anos atrás aos dias atuais e levando o leitor a uma interpretação incorreta relacionada à um pré-candidato à presidência da república.

Outras checagens sobre o tema: Diversos vídeos com manifestações contra o ex-presidente Lula ocorridos em 2018 passaram a circular novamente nas redes sociais, assim como relatos de protestos em diversas cidades. A Piauí mostrou que Lula não foi expulso da Bahia, e o projeto Comprova já fez verificações semelhantes como as publicações que diziam que o ex-presidente tinha sido expulso de Niterói, no Rio de Janeiro, ou que também mostravam manifestações de 2018 mesmo sem a presença de Lula.

Eleições

Investigado por: 2022-04-18

Nenhuma pesquisa eleitoral aponta 70% de votos para Bolsonaro

  • Falso
Falso
Tuíte cita levantamento eleitoral do instituto Ipespe que nunca existiu; postagem ainda traz informação errada sobre o tamanho do eleitorado brasileiro e o calendário eleitoral.

Conteúdo investigado: Um tuíte diz que o instituto Ipespe informou que Jair Bolsonaro (PL) terá 85 milhões de votos no 1º turno e que isso equivaleria a 70% dos votos. A postagem termina com um pedido para que apoiadores do presidente interajam comentando.

Onde foi publicado: Twitter e Facebook.

Conclusão do Comprova: É falso que o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) tenha divulgado pesquisa eleitoral na qual o presidente Jair Bolsonaro apareça com 70% das intenções de voto. Essa alegação está em um tuíte viral, mas o levantamento não consta no site do instituto. Toda pesquisa em ano de eleição precisa estar registrada no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde não é possível encontrar nenhum levantamento com esse resultado entre os mais recentes.

O tuíte também engana ao dizer que um candidato que recebesse 85 milhões de votos teria 70% do total. Dados atualizados do TSE mostram que essa alegação está errada. 70% dos eleitores equivalem a 103 milhões de votos.

Por fim, a postagem enganosamente alega que o 1º turno está previsto para ocorrer em 22 de outubro. Na verdade, a data correta é 2 de outubro.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. No Twitter, a postagem feita pelo perfil Ariane Patriota somou ao menos 5,4 mil interações até o dia 18 de abril.

O que diz o autor da publicação: Como não há opção para entrar em contato com o perfil responsável pela publicação no Twitter, o Comprova buscou outras redes sociais da autora do post investigado. Uma mensagem foi encaminhada pelo Facebook, mas não houve retorno até a publicação desta checagem. O tuíte foi excluído depois do contato com a autora.

Como verificamos: Procuramos, no site do Ipespe, pesquisas que tivessem o mesmo resultado mostrado na postagem e em veículos de comunicação profissionais. Também consultamos a página do TSE para acessar as pesquisas eleitorais registradas, os dados mais atualizados sobre o eleitorado brasileiro e o calendário eleitoral.

O Comprova também buscou em reportagens jornalísticas e no site do TSE pesquisas recentes, realizadas em março e abril de 2022, que mostrassem as projeções atualizadas do cenário eleitoral.

 

A pesquisa citada não existe

A legislação eleitoral obriga que toda pesquisa de opinião pública sobre os candidatos, realizada em ano eleitoral, deve ser registrada no TSE caso a empresa ou os contratantes tenham a intenção de divulgar o resultado. Ficam disponíveis a metodologia da pesquisa, o contratante e o valor pago por ela e o plano amostral (quantidade de pessoas e sua divisão por gênero, raça, idade, grau de instrução, entre outros). Também é possível verificar qual foi o questionário completo aplicado.

O TSE mantém uma página onde é possível consultar todas as pesquisas eleitorais registradas. A pesquisa do Ipespe mais recente (registro BR-03874/2022) foi divulgada em 6 de abril. Como mostrou o site da emissora CNN, o levantamento identificou 44% das intenções de voto para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra 30% para Jair Bolsonaro (PL). Em seguida aparecem o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), com 9%; o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB), 3%; a senadora Simone Tebet (MDB), 2%; e o deputado federal André Janones (Avante), 1%.

Foram ouvidas 1.000 pessoas por telefone entre 2 e 5 de abril. A pesquisa foi encomendada pela XP Investimentos. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95,5%.

Não existe pesquisa com 70% dos votos para Bolsonaro

Todas as pesquisas eleitorais publicadas recentemente mostram o ex-presidente Lula liderando as intenções de voto e Jair Bolsonaro em segundo lugar. De acordo com uma reportagem da CNN Brasil, quatro levantamentos realizados em março deste ano por institutos diferentes apresentaram resultados semelhantes em relação às intenções de voto no primeiro turno das eleições.

Candidato/Instituto

Genial/Quaest

BTG/FSB

Datafolha

Ipespe

Lula

45%

43%

43%

44%

Bolsonaro

25%

29%

26%

26%

Moro

6%

8%

8%

9%

Ciro

7%

9%

6%

7%

| Legenda: Tabela utiliza dados da matéria da CNN Brasil sobre as pesquisas eleitorais realizadas em março de 2022

A pesquisa Genial/Quaest foi realizada com 2.000 entrevistados entre 10 e 13 de março e a margem de erro é de 2 pontos percentuais. O levantamento do BTG/FSB foi feito a partir de 2.000 entrevistas realizadas entre 18 e 20 de março, enquanto a pesquisa do Datafolha ouviu 2.556 pessoas entre 22 e 23 de março. Por fim, a amostra do Ipespe contou com 1.000 pessoas entrevistadas entre 21 e 23 de março. Todos os estudos estão registrados no TSE com os números de identificação BR-06693/2022, BR-09630/2022, BR-08967/2022 e BR-03874/2022, respectivamente.

Além disso, outra pesquisa realizada pelo PoderData entre 10 e 12 de abril (registro BR-00368/2022) também mostra Lula à frente, com 40% das intenções de voto, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro, com 35%, e Ciro Gomes, com 5%. O nome do ex-juiz Sergio Moro foi retirado da lista de pré-candidatos testados. Foram 3.000 pessoas entrevistadas por telefone em 322 municípios. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais.

Na pesquisa mais recente divulgada pelo Genial/Quaest em 7 de abril (registro BR-00372/2022), o instituto mediu seis cenários de primeiro turno. Em todos eles o ex-presidente Lula aparece como primeira opção de voto, seguido por Bolsonaro em segundo lugar. No contexto com o maior número de candidatos, Lula tem 44% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 29%.

O levantamento ouviu 2.000 pessoas presencialmente entre os dias 1º e 3 de abril. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com um intervalo de confiança de 95%.

Dados eleitorais errados

O tuíte diz que 70% das intenções de voto equivaleriam a 85 milhões de votos – o que não bate com os dados oficiais do TSE. O Tribunal mantém informações atualizadas sobre o eleitorado brasileiro. Elas são extraídas do Cadastro Nacional de Eleitores, também conhecido como Cadastro Eleitoral. Em março de 2022, o país tinha 148.327.396 eleitores. Isso quer dizer que 70% do eleitorado equivale a cerca de 103,8 milhões de pessoas.

Outra informação errada é o dia do 1º turno. A postagem diz que será em 22 de outubro, quando a data correta é 2 de outubro. Já o 2º turno está previsto para ocorrer em 30 de outubro.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizaram nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, eleições presidenciais e políticas públicas do governo federal. Conteúdos que distorcem informações ou mentem sobre pesquisas eleitorais podem influenciar na escolha dos eleitores em determinado candidato, o que prejudica o processo democrático. O eleitor deve tomar sua decisão com base em informações verdadeiras a respeito do cenário político eleitoral do país, e não em conteúdos enganosos.

Outras checagens sobre o tema: Em verificações anteriores, o Comprova mostrou que é enganoso vídeo que diz que pesquisas foram forjadas na eleição de Bolsonaro em 2018 e que site omitiu que pesquisa com vantagem para Bolsonaro foi feita apenas em Santa Catarina. Além disso, o Comprova já explicou que pesquisas eleitorais seguem métodos científicos, ao contrário de enquetes.

Eleições

Investigado por: 2022-04-14

É enganosa postagem afirmando que lançamento da campanha de Bolsonaro reuniu multidão em Brasília

  • Enganoso
Enganoso
É enganosa a afirmação de um vídeo publicado nas redes sociais de que o lançamento da campanha de Bolsonaro reuniu uma multidão em Brasília. Na verdade, a campanha ainda não foi lançada, e o conteúdo divulgado diz respeito a um discurso do presidente durante manifestação em setembro de 2021.

Conteúdo investigado: Vídeo publicado em redes sociais mostra o presidente Jair Bolsonaro (PL) discursando para multidão em ato em Brasília. Na legenda das publicações, os autores afirmam que as imagens são do lançamento da campanha de Bolsonaro para as eleições de 2022.

Onde foi publicado: O conteúdo foi publicado em WhatsApp, Twitter e YouTube.

Conclusão do Comprova: São enganosas as publicações em redes sociais que dizem apresentar vídeo do lançamento da campanha de Bolsonaro para a eleição presidencial de 2022. As imagens mostram bandeiras nas cores verde e amarela e uma multidão de pessoas que acompanha um discurso do presidente na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Na verdade, o vídeo diz respeito às manifestações ocorridas em 7 de setembro de 2021, data em que se comemora o dia da Independência do Brasil. Naquela ocasião, Bolsonaro discursou em Brasília e em São Paulo, e o próprio vídeo mostra o presidente citando o 199º aniversário da Independência do país. Além disso, o PL, partido do pré-candidato, informou que ainda não há data para o lançamento da campanha deste ano.

Para o Comprova, é enganoso o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações e que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. Segundo o Monitor de WhatsApp da UFMG, o vídeo circulou em ao menos sete grupos monitorados entre 1º e 4 de abril. Em dois canais do Youtube verificados pelo Comprova, o vídeo alcançou 308 visualizações. Em um perfil de Twitter verificado, a postagem foi visualizada 102 vezes.

O que diz o autor da publicação: O Comprova não identificou o criador da postagem que circula em grupos de WhatsApp.

Como verificamos: O Comprova fez buscas por vídeos similares por meio do Google e redes sociais como Facebook e Instagram. Dessa forma, foi possível confirmar as datas e falas do discurso de Bolsonaro.

Também buscamos publicações de notícias com vídeos na internet sobre o discurso de Bolsonaro em cima de um caminhão de som naquela data. Isso também permitiu o cruzamento de informações do discurso e fatos, confirmando o ato do presidente no dia 7 de setembro de 2021.

Comparando o trecho do vídeo, viralizado em Whatsapp, a partir do tempo 1’06” e o trecho do vídeo do Poder360 a partir de 5’06” é possível confirmar que se trata do mesmo discurso no feriado pátrio do ano passado.

 

Atos no 7 de setembro

No dia 7 de setembro de 2021, feriado da Independência do Brasil, milhares de pessoas foram às ruas após convocação do presidente Jair Bolsonaro. O mandatário buscava apoio para protestar contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e decisões da Corte envolvendo ações do governo e de políticos aliados. As manifestações se multiplicaram pelo país, e Bolsonaro aproveitou para realizar discursos em Brasília e em São Paulo.

Pela manhã, na capital federal, ele subiu em um carro de som na Praça dos Três Poderes e realizou discurso diante da multidão que o aguardava. Bolsonaro fez um discurso com ameaças ao STF, no qual acusou o ministro Alexandre de Moraes de perseguir aliados do governo federal. Na época, apoiadores de Bolsonaro foram alvo de investigações por incitação a atos violentos e ameaçadores contra a democracia.

O ex-deputado Roberto Jefferson, aliado do presidente, defendeu a deposição de ministros do STF em fotos nas quais aparecia armado. Ele acabou preso no dia 13 de agosto de 2021 por determinação de Moraes no inquérito das milícias digitais. Depois de uma semana, Bolsonaro protocolou um pedido de impeachment do ministro do STF.

A imagem abaixo, publicada no Twitter em 7 de setembro de 2021, mostra, do alto, a concentração de apoiadores de Bolsonaro em Brasília naquele dia. A segunda imagem, retirada do vídeo investigado, mostra a mesma cena, mas por outro ângulo. É possível ver uma área isolada em meio aos manifestantes e, alguns metros ao lado, uma bandeira verde e amarela.

Outro indicativo de que as imagens do vídeo investigado não são atuais é o fato de que um evento de filiação do PL, partido de Bolsonaro, que serviu como um lançamento informal de sua pré-candidatura, em março deste ano, foi realizado não na Praça dos Três Poderes, mas sim no Centro Internacional de Convenções de Brasília, como registrado pela imprensa e pelo próprio partido de Bolsonaro.

 

| Reprodução Twitter @euvim181 – imagem aérea da Praça dos Três Poderes, em Brasília, na manhã do dia 7 de setembro de 2021.

| Reprodução do vídeo investigado.

Na tarde daquele 7 de setembro, já na cidade de São Paulo, Bolsonaro se encontrou com manifestantes na Avenida Paulista. O teor da fala dele foi similar ao discurso em Brasília: em tom de ameaça ao STF e ao mesmo tempo afirmando que ele como presidente cumpria a Constituição.

No dia seguinte aos atos, o presidente do STF, ministro Luiz Fux, fez pronunciamento no Supremo destacando, entre outras coisas, que “a liberdade de expressão não comporta violências e ameaças”.

Discurso temporal

No vídeo divulgado em redes sociais, é possível verificar o momento em que o presidente Jair Bolsonaro cita o 199º aniversário da Independência do Brasil, comemorado em 2021.

Além disso, os atos do dia 7 de setembro foram amplamente divulgados na imprensa nacional. Por meio de fotografias, vídeos e textos é possível verificar o contexto das imagens, bem como diferentes trechos do discurso de Bolsonaro naquela data.

 

| Print de vídeo publicado no canal do Youtube do Poder360 mostra Bolsonaro discursando diante de multidão na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que tenham viralizado nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais.

Sobre o conteúdo aqui apurado, o Comprova investigou postagens que estão desinformando sobre o lançamento da campanha de Bolsonaro nas eleições de 2022, o que ainda não ocorreu.

Outras checagens sobre o tema: Em verificações anteriores em outros endereços na internet, os sites da Agência Lupa, do Estadão Verifica e do Boatos.org apuraram que o vídeo é antigo e diz respeito aos atos de sete de setembro de 2021, em Brasília. Dessa forma, o público pode ser levado a acreditar que o vídeo seria de um lançamento de campanha eleitoral.

Eleições

Investigado por: 2022-04-14

Auxílio-reclusão é garantido por lei desde 1960 e seu valor é equiparado ao salário mínimo

  • Falso
Falso
É falso um vídeo que circula na internet em que um homem afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria criado o auxílio-reclusão e que, com esse benefício, familiares de detentos receberiam de R$ 2,5 mil a R$ 4 mil. O auxílio é garantido por lei desde 1960 e o valor é equiparado ao salário mínimo, que em 2022 é de R$ 1.212. O autor da publicação também mente ao afirmar que o direito à saída temporária dos presos teria sido criado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), cujos ministros teriam sido todos nomeados por Lula. A saída temporária está prevista pela Lei de Execução Penal e apenas três dos 11 magistrados do Supremo foram indicados pelo ex-presidente.

Conteúdo investigado: Em vídeo, um homem identificado como José do Brasil afirma que o auxílio-reclusão foi criado pelo ex-presidente Lula (PT) e que os beneficiários recebem de R$ 2,5 mil a R$ 4 mil enquanto a família da vítima do crime fica desamparada. O homem também diz que o benefício da saída temporária é concedido pelo STF que, segundo José, é composto por ministros indicados por Lula. No vídeo, o autor trata Justiça e STF como sinônimos.

Onde foi publicado: TikTok

Conclusão do Comprova: Ao contrário do que diz um vídeo que viralizou nas redes sociais, o auxílio-reclusão, concedido a dependentes de presos em regime fechado que sejam de baixa renda, não foi criado pelo ex-presidente Lula e seu valor não varia de R$ 2,5 mil a R$ 4 mil.

O auxílio foi criado pelo governo de Getúlio Vargas, em 1933, através do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos. Na época, o benefício era voltado apenas a trabalhadores da navegação. Em 1960, o auxílio foi expandido para a população geral e, desde 1988, é assegurado pela Constituição Federal. Sua criação e regulamentação, portanto, precedem a gestão de Lula, que ocupou a presidência entre 2003 e 2011.

Segundo o próprio INSS, desde 2019, o valor do auxílio-reclusão é equiparado a um salário mínimo, que em 2022 é de R$ 1.212.

O autor do vídeo também mente ao dizer que a saída temporária dos presos é um direito criado pela Justiça e que todos os ministros do STF foram indicados por Lula. Na realidade, a saída temporária é prevista pela Lei de Execução Penal, decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pela Presidência da República em 1984, e é utilizada como forma de ressocialização dos presos. Já em relação aos ministros do STF, apenas três (Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Dias Toffoli) dos 11 foram escolhidos pelo ex-presidente Lula.

Falso, para o Comprova, é todo conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. Até 14 de abril, o vídeo teve mais de 103 mil visualizações, 4,5 mil curtidas e 718 comentários.

O que diz o autor da publicação: O Comprova entrou em contato com José do Brasil por meio do e-mail registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e também pelos endereços disponíveis nas redes sociais. Além disso, foram enviadas mensagens para dois perfis no Facebook identificados como sendo de José do Brasil, mas não houve retorno até o fechamento desta checagem.

Como verificamos: Como o autor do vídeo faz uma série de afirmações a respeito das legislações penal e constitucional brasileiras, o primeiro passo da verificação foi checar as informações em sites de órgãos oficiais como o STF, a Câmara Legislativa, o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) e o próprio Governo Federal (aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).

O Comprova também se baseou em reportagens jornalísticas que tratam do auxílio-reclusão e do processo de escolha dos ministros do Supremo (Poder360, Folha de São Paulo, CNN Brasil e UOL Notícias), além de verificações realizadas por outras agências de checagem como Lupa e Aos Fatos.

A equipe entrou em contato com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para entender se o Estado oferece algum tipo de auxílio para os familiares de vítimas de latrocínio e para esclarecer as mudanças sofridas na lei que determina as condições para recebimento do auxílio-reclusão.

José do Brasil, autor do vídeo verificado, também foi procurado.

 

Auxílio-reclusão foi criado pelo menos 43 anos antes de Lula

O auxílio-reclusão é um benefício pago aos dependentes de segurados de baixa renda que estejam presos em regime fechado. O objetivo é garantir a sobrevivência da família do interno que contribuiu com a Previdência Social antes do período de detenção.

O auxílio foi instituído para a população geral em 1960 pela Lei nº 3.807 e é assegurado pelo artigo 201 da Constituição desde 1988. No entanto, esse direito já existia para os trabalhadores do setor de navegação desde 1933, quando foi criado o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos.

Em 1991, durante o governo Collor, o pagamento do auxílio passou a ser regulamentado com a Lei nº 8.213 e a última mudança no texto foi realizada após a Reforma da Previdência, em 2019. Na ocasião, o tempo de contribuição com a previdência para concessão do benefício passou a ser de 24 meses. Anteriormente, o auxílio independia de qualquer período de carência.

Portanto, a criação e regulamentação do benefício são anteriores à gestão de Lula, que ocupou a presidência entre 2003 e 2011.

Quem pode receber o benefício e valores pagos

No vídeo, o homem dá a entender que os familiares de todos os presos teriam direito ao auxílio e afirma que o valor pago aos beneficiários varia de R$ 2,5 mil a R$ 4 mil. No entanto, para ter direito ao benefício, é preciso que o trabalhador encarcerado seja de baixa renda e que, no momento de sua prisão, tenha renda mensal bruta igual ou inferior a R$ 1.655,98 (valor atualizado em portaria interministerial de janeiro deste ano). O detento ainda precisa ter contribuído com a Previdência Social pelo período mínimo de 24 meses anteriores à prisão.

Conforme o INSS, quem recebe o auxílio são os dependentes do preso, podendo ser cônjuge ou companheiro; e pais ou filhos e irmãos não emancipados. O período de pagamento depende da situação conjugal e da idade dos beneficiários.

Porém, se o segurado preso estiver recebendo outros benefícios como auxílio-doença, pensão por morte, salário-maternidade, aposentadoria ou abono de permanência em serviço, seus familiares não têm direito ao auxílio-reclusão.

Segundo informações do INSS, desde 2019 o valor do auxílio-reclusão é equiparado a um salário mínimo, que em 2022 é de R$ 1.212.

De acordo com o boletim estatístico da Previdência Social, atualmente, o INSS tem 36,4 milhões de beneficiários. Desse total, 23.124 (ou 0,06%) receberam o auxílio-reclusão em fevereiro deste ano, num valor médio de R$ 1.300,62.

| Legenda: Número total de beneficiários do INSS em fevereiro de 2022.

| Legenda: Número total de beneficiários do auxílio-reclusão em fevereiro de 2022.

O número de beneficiários do auxílio-reclusão representa cerca de 2,8% do total da população carcerária no país. O último Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias do DEPEN, atualizado em junho de 2021, mostrou que o Brasil tem 820.689 presos, dos quais 332 mil estão em regime fechado.

Familiares de vítimas de latrocínio não possuem benefício específico

A única informação verdadeira divulgada no vídeo é a de que, em caso de latrocínio, a família da vítima não recebe nenhum auxílio destinado a essa situação.

Segundo o INSS, não há nenhum benefício previdenciário específico para dependentes de vítimas de latrocínio ou outros crimes violentos. Nesses casos, explica o órgão, o benefício que pode alcançar os familiares é o da pensão por morte, uma vez que a vítima se enquadre nas regras gerais deste benefício.

Para ter direito à pensão por morte, os dependentes devem comprovar que o falecido possuía qualidade de segurado do INSS e que exercia atividade em área urbana ou rural, sendo pescador artesanal ou indígena que produz em regime de economia familiar.

A saidinha e os ministros do STF

Ao contrário do que afirma o autor do vídeo, a saída temporária dos detentos é um direito previsto pela Lei de Execução Penal desde 1984. De acordo com a legislação, presos em regime semiaberto que não estão cumprindo pena por crime hediondo, que resultou em morte, podem sair temporariamente da prisão para visitar a família, frequentar um curso profissionalizante ou participar de atividades “que concorram para o retorno ao convívio social”.

No entanto, não são todos os detentos que têm direito às saídas. Conforme a lei, os internos precisam ter o cumprimento mínimo de 1/6 da pena se ele for réu primário e 1/4 se ele for reincidente, além de ter bom comportamento.

Além disso, segundo matéria do G1, para exercer o direito de cinco saídas ao ano, o detento precisa fornecer à Justiça um endereço onde pode ser encontrado durante o período em que estiver fora do sistema prisional e todas as saídas são programadas com dia e hora de egresso e de retorno.

O autor do vídeo também engana ao dizer que todos os ministros do STF foram escolhidos por Lula. Atualmente, três dos 11 magistrados foram indicados pelo ex-presidente: Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Dias Toffoli.

Luiz Fux, atual presidente, foi indicado por Dilma Rousseff, assim como Rosa Weber (vice-presidente), Roberto Barroso e Edson Fachin. O decano, Gilmar Mendes, foi escolhido por Fernando Henrique Cardoso. Alexandre de Moraes foi indicado por Michel Temer e Jair Bolsonaro é responsável por duas indicações: Nunes Marques e André Mendonça.

O STF é composto por 11 ministros que devem ser indicados pelo presidente da República. Para ser nomeado, é preciso ser brasileiro, ter entre 35 e 65 anos, ter amplo conhecimento jurídico e não ter nenhum histórico de acusação ou suspeita. A indicação é então avaliada pelo Senado e caso a posse seja confirmada, o ministro pode permanecer no STF até completar 75 anos.

Quem é o autor

O homem que aparece no vídeo é o comerciante de 36 anos José Pereira de Oliveira. Ele é conhecido como José do Brasil e foi candidato a deputado estadual no Espírito Santo em 2018 pelo DC (Democracia Cristã), mas não se elegeu.

Na descrição da conta do TikTok, o comerciante afirma ser pré-candidato a deputado federal nas eleições de 2022. Já em um vídeo publicado no Facebook, José diz que teve a candidatura rejeitada por “todos os partidos” em razão da quantidade de votos que recebeu no último pleito. Na gravação, o homem ainda ressalta que o único candidato que apoiará nas eleições é Jair Bolsonaro.

A maioria das publicações nos perfis de José do Brasil são de apoio ao atual presidente e críticas aos governos do PT e, em especial, a Lula, também pré-candidato ao Planalto em 2022.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizaram a respeito da pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. Dentro deste escopo, são selecionadas as publicações de maior alcance. Conteúdos que contêm informações falsas sobre presidenciáveis, como Lula, podem influenciar no processo de escolha dos candidatos. O voto é o principal instrumento de participação popular em uma democracia. A decisão sobre o candidato deve ser tomada com base em informações verdadeiras e confiáveis.

Outras checagens sobre o tema: As agências Lupa e Aos Fatos investigaram o vídeo e chegaram ao mesmo entendimento, de que as informações ditas pelo homem são falsas. Em 2018, a Aos Fatos também verificou um conteúdo falso que atribuía a criação do auxílio-reclusão ao governo do PT. O Comprova mostrou, recentemente, que enquete em restaurante de MG não pode ser considerada pesquisa eleitoral e que não há ligação entre o governo Bolsonaro e a criação da ferrovia que liga o Pará ao Maranhão.