O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
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Eleições

Investigado por: 2022-10-29

Posts enganam ao dizer que Lula não considera MEIs e autônomos como trabalhadores

  • Enganoso
Enganoso
É enganoso que o candidato do PT à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, tenha dito, durante debate eleitoral na Rede Globo, na sexta-feira (28), que microempreendedores (MEIs) e autônomos não são trabalhadores. Na verdade, o ex-presidente criticou a nova metodologia adotada pelo governo federal para fazer o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que registra o número de trabalhadores formais no País. Segundo especialistas, a mudança impactou nos resultados porque o sistema atual permite o registro de MEIs, de contratos temporários e funções sem carteira assinada, gerando discrepância com outras estatísticas de emprego, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Conteúdo investigado: Vídeo publicado no Twitter traz um recorte da fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a geração de empregos no Brasil durante debate presidencial da Rede Globo, em 28 de outubro. No trecho, Lula critica a nova metodologia do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) por incluir os microempreendedores individuais (MEI) como empregados com carteira assinada. Sobre o vídeo há a legenda “Lula quer acabar com os micro empresários” (sic) e “Lula afirma que MEI não é emprego e autônomos não são trabalhadores. Mente e desvaloriza uma categoria tão importante para a economia do Brasil”. Outra postagem, do deputado estadual Gil Diniz (PL-SP), questiona a fala de Lula: “Mande para seu amigo ou familiar que é MEI. Temos milhões de MEIs pelo Brasil e que precisam saber que o descondenado (sic) não os considera trabalhadores”.

Onde foi publicado: Twitter.

Conclusão do Comprova: É enganoso que Lula tenha dito que MEI não é emprego e que autônomos não são trabalhadores. Diferentemente do que afirmam publicações compartilhadas no Twitter, o petista questionou no debate a nova metodologia adotada a partir de janeiro de 2020 pelo governo federal nos cálculos de empregos formais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

A fala de Lula foi em resposta ao questionamento de Jair Bolsonaro (PL) sobre o que o petista achava dos números de geração de emprego do atual governo. “Primeira coisa que o povo tem de compreender é que eles mudaram a lógica de medição de emprego, colocaram MEI como se fosse emprego, colocaram trabalhador informal como se fosse emprego. No meu tempo, a medição de emprego era carteira assinada. Era isso que era que a gente… Agora não. Agora eles inventaram colocar o trabalho eventual, coloca o trabalho informal, coloca o MEI. Eu quero saber emprego geral com carteira assinada, emprego registrado”, disse Lula. O trecho da fala pode ser conferido no portal G1.

A metodologia utilizada pelo governo federal no Caged mudou desde 2020. Com a alteração, o cálculo do novo Caged passou a considerar outras fontes de informações. Além da pesquisa realizada mensalmente com os empregadores, o sistema também puxa dados do eSocial e do empregadorWeb (sistema no qual são registrados pedidos de seguro-desemprego). O e-Social inclui os empregos com vínculos temporários e intermitentes.

Segundo especialistas ouvidos pelo G1, a mudança impactou nos resultados porque a declaração dos vínculos temporários à pesquisa do Caged é opcional – mas a inserção no eSocial é obrigatória. O novo Caged, portanto, gera resultados maiores ao considerar esses vínculos.

Além dos vínculos temporários, o Caged também incorpora os MEIs, servidores e empregados públicos (federal, estadual, distrital ou municipal), avulsos, diretores sem vínculo de emprego, dirigentes sindicais autônomos, prestadores de serviços, políticos (cargos eletivos), estagiários, domésticos, cooperados ou cooperativados e trabalhadores com contrato de prazo determinado.

A assessoria de comunicação do PT informou que Lula criou o MEI em seu governo, para “incentivar milhões de batalhadores”. O partido sustenta que o ex-presidente nunca criticou a categoria, mas apenas denunciou a mudança de metodologia que o governo atual utiliza “para mascarar o desemprego no País”. De autoria do deputado Antônio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), a Lei Complementar nº 128, que altera regras da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar nº 123/06) e cria a figura do MEI (Microempreendedor Individual) foi sancionada em 2008, pelo então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

Para o Comprova, enganoso é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Juntas, as duas publicações somaram mais de 12,5 mil interações no Twitter em cerca de 10 horas.

O que diz o responsável pela publicação: O Comprova enviou e-mail para o gabinete do deputado Gil Diniz, mas não recebeu retorno. Já a conta da outra usuária do Twitter que publicou a peça de desinformação está bloqueada para envio de mensagens diretas e não foi possível localizá-la em outras redes sociais.

Como verificamos: Primeiro, foi feita uma pesquisa no Google pelos termos “debate da Globo”, “Lula” e “MEI”. O retorno foi de link do portal G1 com trechos do debate realizado na sexta-feira (28) entre os presidenciáveis. Também foram buscadas informações no site do Ministério do Trabalho e Previdência sobre as mudanças feitas na metodologia do Caged.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre eleições presidenciais, políticas públicas do governo federal e pandemia. A equipe tem como foco as publicações virais, que tiveram grande alcance nas redes sociais e podem confundir a população.

No contexto das eleições no Brasil, muitos conteúdos de desinformação envolvendo os dois candidatos à Presidência, Bolsonaro e Lula, estão circulando, prejudicando a escolha do eleitor, que deve ser feita com base em informações verdadeiras. O Comprova colabora para validar a veracidade das informações e permitir que o eleitor faça a melhor escolha nas urnas, sem que seja influenciado por desinformação.

Outras checagens sobre o tema: O Projeto Comprova já mostrou que a fala de Lula foi tirada de contexto para sugerir deboche de quem crê na promessa de comer picanha. Também foi comprovado que, ao contrário do que afirma um vídeo, Lula não disse a canal chinês que vai implantar ditadura no Brasil, além de ser falsa montagem de Lula declarando voto em Bolsonaro.

Neste final de semana, a equipe do Comprova se uniu a outras 6 iniciativas de checagem de fatos no Brasil para verificar conjuntamente a desinformação sobre as eleições. A parceria reúne AFP, Aos Fatos, Boatos.org, Comprova, E-Farsas, Fato ou Fake e Lupa.

Eleições

Investigado por: 2022-10-28

Bolsonaro não disse que vai acabar com 13º e hora extra, ao contrário do que afirma vídeo

  • Falso
Falso
É falso o vídeo que mostra Jair Bolsonaro (PL) durante entrevista dizendo que vai “acabar com o 13º e com a hora extra”. O conteúdo foi editado para parecer uma afirmação do atual presidente e candidato à reeleição. No vídeo original, Bolsonaro nega a existência das propostas e contesta a propaganda política em inserções de rádio de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu adversário do 2º turno.

Conteúdo investigado: Vídeo publicado no TikTok mostra a reprodução de uma entrevista em que o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), aparece falando que irá acabar com o 13º salário e com a hora extra, a partir de uma “nova Assembleia Nacional Constituinte”. Ainda no conteúdo aqui investigado, é possível ler as seguintes frases: “Proposta de Bolsonaro é chocante!”, “Nova constituição vem aí??” e a legenda do vídeo também questiona se isso seria possível: “FIM DO 13º E HORA EXTRA?”.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: É falso que Jair Bolsonaro tenha declarado que pretende acabar com o 13º salário e as horas extras remuneradas caso seja reeleito. A postagem no TikTok recorta um trecho do pronunciamento do presidente, feito na quarta-feira, 26 de outubro, e insere legendas para deturpar o conteúdo.

Como se percebe no vídeo original, Bolsonaro negava a existência de tais propostas e criticava a campanha do ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva que, segundo Bolsonaro, fez as afirmações contra a campanha do PL em inserções radiofônicas, como mostrou O Globo em matéria do último dia 25.

Falso, para o Comprova, é todo conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 28 de outubro, o vídeo no TikTok alcançou 7,6 milhões de visualizações, 64,5 mil curtidas, 6.815 comentários e 132,8 mil compartilhamentos.

O que diz o responsável pela publicação: Como o TikTok não permite o envio de mensagens entre contas que não se seguem mutuamente, não foi possível contatar o responsável pela publicação. O Comprova buscou o nome do perfil em outras redes sociais, mas não encontrou correspondência.

Como verificamos: Fazendo uma busca reversa de imagem com um frame do vídeo foi possível encontrar um post no Twitter, publicado em 26 de outubro, mostrando que o conteúdo viral faz parte de uma gravação do Hora News, do Jornal da Record.

Como a chamada da reportagem do Hora News é: “Agora: Bolsonaro concede entrevista coletiva em Brasília”, o Comprova fez uma busca no Google por “entrevista coletiva”, “Bolsonaro” e “Brasília”, e encontrou reportagens da imprensa (Folha, CNN Brasil, Correio Braziliense e Estadão) sobre o ocorrido.

O vídeo completo com a reportagem do Hora News está disponível no YouTube. O trecho da fala de Bolsonaro usado no TikTok pode ser conferido entre 00:05:35 e 00:05:56.

O Comprova também conferiu o plano de governo de Bolsonaro (2023-2026) e o Decreto presidencial Nº 10.531, de 26 de outubro de 2020, que institui a Estratégia Federal de Desenvolvimento para o Brasil no período de 2020 a 2031.

Por fim, a equipe entrou em contato com a assessoria de imprensa do presidente.

Vídeo é recortado para propagar ideia falsa

Bolsonaro não declarou que pretende acabar com o 13º salário e horas extras remuneradas em um eventual segundo governo. A postagem que propaga essa ideia traz o recorte de um trecho do pronunciamento do presidente no último dia 26 de outubro e insere legendas que distorcem a realidade.

As frases “Proposta de Bolsonaro é chocante!” e “Vem aí nova Constituição??” mentem, pois são inseridas sobre um trecho de 13 segundos de uma declaração do presidente em que, na verdade, ele nega a existência das medidas, num momento em que critica a veiculação dessas afirmações por parte da campanha de Lula, como mostrou O Globo.

O recorte foi feito sobre a gravação do pronunciamento pela TV Record. No material original, Bolsonaro diz: “Eu agora há pouco ouvi um áudio de uma inserção do PT onde eu perguntei para o partido se era verdade aquele áudio. Preliminarmente me informaram que sim. Ou seja, nesses áudios, que estão indo para as rádios, estão dizendo que eu vou acabar com o 13º e com a hora extra. Nós obviamente que estudamos, entendemos de Constituição, sabemos que esses direitos trabalhistas eles só poderiam ser suprimidos numa nova Assembleia Nacional Constituinte. É impossível qualquer pessoa suprimi-los e até mesmo, ouso dizer, numa nova Constituinte ninguém ia suprimir o direito…esses dois direitos trabalhistas.”

Bolsonaro prossegue:

“Agora, para as pessoas mais humildes, na ponta da linha, muitos acreditam. Não votam na gente, até mesmo mudam seu voto, caso tenham votado no primeiro turno na gente. Isso não é uma forma de se fazer política. Isso é algo que não pode ser admitido numa democracia”.

A postagem falsa insere as legendas “Proposta de Bolsonaro é chocante!” e “Vem aí nova Constituição??” sobre o seguinte trecho:

“Eu vou acabar com o 13º e com a hora extra. Nós obviamente que estudamos, entendemos de Constituição, sabemos que esses direitos trabalhistas eles só poderiam ser suprimidos numa nova Assembleia Nacional Constituinte. É impossível qualquer pessoa suprimi-los.”

Plano de governo de Bolsonaro não fala em acabar com 13º e horas extras remuneradas

O Comprova consultou o Plano de Governo de Bolsonaro 2023-2026, no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e não há qualquer menção a propostas de pôr fim ao 13º salário e ao pagamento de horas extras remuneradas. A equipe também consultou o Decreto presidencial Nº 10.531, de 26 de outubro de 2020, que institui a Estratégia Federal de Desenvolvimento para o Brasil no período de 2020 a 2031, e nada foi encontrado nesse sentido.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre eleições presidenciais, políticas públicas do governo federal e pandemia. A equipe tem como foco as publicações virais, que tiveram grande alcance nas redes sociais e podem confundir a população. No contexto das eleições no Brasil, muitos conteúdos de desinformação envolvendo os dois candidatos à Presidência, Bolsonaro e Lula, estão circulando, prejudicando a escolha do eleitor, que deve ser feita com base em informações verdadeiras.

Dessa forma, o eleitor deve ter a atenção redobrada em relação a conteúdos suspeitos que possam influenciar na hora de seu voto. O Comprova trabalha nesse sentido, para trazer informação de qualidade acerca de conteúdos caluniosos sobre os candidatos.

Outras checagens sobre o tema: Em verificações anteriores envolvendo Jair Bolsonaro e os direitos trabalhistas, o Comprova mostrou que vídeo do presidente criticando direitos trabalhistas é de 2019, que vídeo engana ao afirmar que Bolsonaro acabou com a multa para demissão sem justa causa e que proposta para flexibilizar trabalho aos domingos e feriados é de 2019 e foi rejeitada pelo Senado.

Eleições

Investigado por: 2022-10-28

Deputado eleito repete alegações já desmentidas para tentar ligar Lula a narcotráfico e FARC

  • Enganoso
Enganoso
É enganoso conteúdo de vídeo em que o vereador e deputado federal eleito Nikolas Ferreira (PL-MG) acusa o PT e o seu candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, de ligações com o narcotráfico. Na publicação, o parlamentar também sugere, de forma enganosa, que o candidato tem relações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), uma milícia transformada em partido político no país sulamericano. Entre as afirmações, há conteúdos falsos já desmentidos, como o de que a sigla CPX, em boné usado por Lula, tem ligação com o crime organizado, além de falas retiradas de contexto.

Conteúdo investigado: Vídeo publicado no Instagram do vereador de Belo Horizonte e deputado federal eleito por Minas Gerais Nikolas Ferreira (PL) com uma série de acusações ao ex-presidente Lula e a seu partido, PT, como suposta ligação com o tráfico de drogas no Rio de Janeiro e com as FARC. O vídeo é uma resposta ao youtuber Felipe Neto, declarado apoiador do petista nestas eleições.

Onde foi publicado: Instagram, com reprodução em páginas no Twitter, TikTok e Facebook.

Conclusão do Comprova: É enganoso o conteúdo de um vídeo em que o vereador de Belo Horizonte Nikolas Ferreira (PL), eleito deputado federal por Minas Gerais, tenta vincular o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao narcotráfico e às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

No vídeo, Nikolas recorre a afirmações já desmentidas, como a de que a sigla CPX, que aparece em um boné usado por Lula em comício em 12 de outubro no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, é associada à facção criminosa Comando Vermelho. Na verdade, CPX significa Complexo, em referência ao nome da comunidade. A sigla é também usada como abreviação de complexo em outras comunidades cariocas e que são dominadas por outras facções criminosas, como a Vila do João, no Complexo da Maré, e o Complexo de Israel, dominadas pelo Terceiro Comando Puro (TCP).

O conteúdo também tira de contexto as ligações das FARC com o PT e com o Foro de São Paulo e, ainda, sobre relações de ex-presidentes do partido com ex-guerrilheiros.

Para o Comprova, enganoso é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O vídeo aqui investigado teve 15,5 milhões de visualizações no Instagram, 4,5 milhões de visualizações no TikTok e 515 mil visualizações no Twitter até o dia 27 de outubro de 2022.

O que diz o responsável pela publicação: O Comprova entrou em contato por e-mail e telefone com a assessoria de imprensa de Nikolas Ferreira, que não respondeu até a publicação desta verificação. Na quinta-feira, 28, o deputado eleito publicou no Twitter um direito de resposta do PT, após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A postagem afirma que Lula “não tem qualquer vinculação com a criminalidade ou organizações criminosas, essa suposta relação já foi desmentida reiteradas vezes pelo TSE”. O direito de resposta foi concedido na terça-feira, 25, em resposta a um vídeo intitulado “Faz o L”.

Como verificamos: O Comprova recorreu a outras checagens sobre afirmações feitas por Ferreira no vídeo, como a que afirma que sigla em boné usado por Lula significa complexo e a que explica que fotos de políticos ou de personalidades em pacotes de drogas são identificações aleatórias.

Na sequência, a equipe acessou notícias (El País, The Intercept Brasil, BandNews Rio de Janeiro, O Dia) sobre a atuação de criminosos que usam ou usavam a alcunha de CPX e suas relações com facções criminosas. Também buscou comunicados oficiais das polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, além do Disque-Denúncia e do portal de Procurados do Estado.

Foram consultadas, ainda, reportagens (Folha de S.Paulo, Estadão, O Globo), sobre relações entre o PT e integrantes das FARC, assim como a participação da antiga guerrilha colombiana no Foro de São Paulo – organização que reúne partidos políticos e organizações de esquerda.

Também foram feitas pesquisas em redes sociais e mecanismos de busca por informações que esclarecessem sobre o domínio do tráfico em comunidades do Rio.

A ferramenta WayBack Machine foi utilizada para recuperar publicações antigas já deletadas de determinado site, mas cujo conteúdo foi salvo no arquivo da internet.

Por fim, houve tentativa de contato com a assessoria de comunicação do candidato Lula, o Foro de São Paulo, a polícia do Rio de Janeiro e com o autor do conteúdo.

Acusações do deputado

Ao longo do vídeo que viralizou nas redes sociais, Nikolas faz ao menos 15 acusações contra Lula. Confira, a seguir, a checagem para cada uma delas:

É falso que o boné usado por Lula, com a inscrição CPX, seja identificado com o Comando Vermelho

O autor do vídeo mostra uma foto em que Lula aparece em um ato de campanha no Complexo do Alemão usando o boné preto com a sigla CPX em letras vermelhas. Então, tenta associar o CPX ao crime organizado, o que é falso. O Projeto Comprova já mostrou que a sigla CPX é popularmente usada no Rio de Janeiro e significa “complexo”. No dia em que o boné foi usado por Lula, em 12 de outubro, ele participava de um ato de campanha no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. O Estadão Verifica e o UOL Confere também desmentiram conteúdo similar. A abreviação para se referir a “complexo” é usada, inclusive, por autoridades, como a Polícia Militar do RJ. Em 2017, a PMERJ usou “CPX” ao falar do Complexo da Penha.

Nascido e criado no Complexo do Alemão, o fundador do jornal Voz das Comunidades, com sede na região, Rene Silva, publicou no Twitter que “desde sempre CPX é abreviação de Complexo. Assim como usam BXD para Baixada e RJ para Rio de Janeiro”. Depois da viralização de mentiras envolvendo a sigla, ele inclusive alterou sua identificação na rede social para “Rene Silva CPX”.

Em nota, a assessoria de imprensa da campanha de Lula reforçou que a sigla CPX refere-se a “complexo, como Complexo do Alemão” e que “não tem relação com o Comando Vermelho”.

Não há evidências de que seja perigoso entrar na Vila do João com um boné CPX

A próxima imagem a aparecer no conteúdo é um vídeo de um suposto morador de uma localidade chamada Vila do João. Ele sugere que CPX tem, sim, relação com o tráfico e que seria perigoso entrar lá com um boné como o que Lula usou. A Vila do João é uma comunidade do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, dominada pela facção Terceiro Comando Puro (TCP), como mostram reportagens recentes sobre o tráfico de drogas na região (Rádio BandNews FM, Intercept Brasil e O Dia). O Comprova localizou tuítes do perfil “Vila do João”, que posta conteúdos sobre a comunidade, em que a sigla “CPX” é utilizada justamente como abreviação de Complexo da Maré. Os tuítes são de 2020 (1, 2 e 3). À época, o domínio na comunidade já era do TCP, como se constata em postagens nas redes sociais (1, 2, 3 e 4).

Sendo assim, não faz sentido a alegação de que seja arriscado entrar na Vila do João com boné escrito “CPX”. O homem que diz isso no vídeo dá a entender que a sigla é identificada com o Comando Vermelho (CV), facção rival, o que não procede, já que a sigla referente ao termo “complexo” é utilizada também em regiões sob domínio do TCP.

Além da Vila do João, outra região do Rio dominada pelo TCP, o Complexo de Israel, na Zona Norte, também utiliza a sigla “CPX” como abreviatura para complexo (1, 2).

Foto em que homem aparece com um bando usando camiseta com as siglas CPX e CV está descontextualizada

Nikolas segue no vídeo mostrando imagens com a sigla CPX e exibe uma foto com armas e uma pessoa de costas vestindo uma camiseta com as siglas CPX e CV, em alusão ao Comando Vermelho. Ironicamente, ele diz que a sigla deve ser de um “clube de leitura”. A imagem foi postada no perfil @CpxMda, no Twitter, em 29 de fevereiro de 2020. No vídeo verificado, ela é utilizada para sugerir que a sigla CPX tem identificação com o Comando Vermelho (CV).

Na descrição e no título do perfil, MDA CPX TD2, há indicações ao Morro do Adeus (MDA) e ao Complexo (CPX) do Alemão, onde fica o Morro do Adeus. Além disso, a sigla TD2 (ou “tudo 2”) remete ao CV, assim como os homens armados na fotografia, que mostram o número 2 com as mãos.

A foto faz uma provocação aos rivais, ao insinuar que o CV retomou o controle do Morro do Adeus, no Complexo do Alemão, em um contexto de confronto com a facção TCP.

Na época da postagem, traficantes do TCP e do CV travavam uma guerra pelo controle do Morro do Adeus (SBT, Extra). Um tuíte da época comprova a disputa. Nele, um homem armado diz que o CV retomou a comunidade do TCP, que chama, no vídeo, de “TCPuta”. Percebe-se que o homem faz parte do CV porque ele diz: “É a tropa do Carão” em referência a Carão do Adeus, como é conhecido o traficante Fábio Brum Camargo. Segundo o Disque-Denúncia, ele pertence ao CV e é o chefe do tráfico de drogas no Morro do Adeus e no Morro da Baiana.

Quem é Xandinho CPX?

No vídeo, o deputado eleito exibe um cartaz de “procurado” referente a um homem identificado como Xandinho CPX. Esse era o apelido de Alexandre de Souza Lima, cujo cartaz foi divulgado pelo Disque-Denúncia em abril de 2019. Ele era apontado como traficante ligado ao Comando Vermelho. Atuava como segurança de Antonácio do Rosário, conhecido como Schumaker, chefe do tráfico no Jardim Catarina – comunidade que pertence ao Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio.

A região onde Schumaker e Xandinho CPX atuavam, por sua vez, também costuma ser identificada pelas letras CPX em páginas do Facebook (1, 2). A sigla é uma abreviação da palavra “complexo”, não a identificação de uma facção.

Schumaker, também conhecido como Piloto ou F-1, foi assassinado aos 35 anos em abril de 2019, segundo matéria do jornal O Dia, após desavenças com aliados. Um dos suspeitos de matar o traficante foi o antigo comparsa Thomas Jhayson Vieira Gomes, que era conhecido como 2N. Após a morte de Schumaker, Thomas Jhayson deixou o Comando Vermelho e se juntou a outra facção, o Terceiro Comando Puro (TCP), identificado pelo sinal de 3. Por isso, 2N passou a ser conhecido como 3N, e Xandinho juntou-se a ele.

Xandinho, 3N e mais oito pessoas respondiam, desde 2019, a um processo no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) por associação criminosa e roubo majorado – quando há uso de violência. O processo apontava Thomas Jhayson, o 3N, como líder do grupo. No entanto, 3N, Xandinho e mais um acusado morreram antes de serem sentenciados.

Eles foram mortos em 26 de novembro de 2019 durante uma operação conjunta da Polícia Militar e da Polícia Civil do Rio de Janeiro em Itaboraí, na região metropolitana do Rio. O novo cartaz do Disque-Denúncia, que informava a morte de Alexandre, o chamava apenas de Xandinho, enquanto a PM referiu-se a ele como Xandinho do TCP.

CPX da Trindade e foto de Lula em pacotes de drogas não provam ligação do PT com o tráfico de drogas

Nas imagens, também surge uma foto de um pacote de maconha com uma foto de Lula e a inscrição “CPX da Trindade” – uma nova tentativa de associar o candidato ao tráfico de drogas. CPX da Trindade, ou Trindade, é um bairro de São Gonçalo (RJ). Em março de 2021, na reta final do Big Brother Brasil daquele ano, traficantes da região passaram a vender maconha com o rosto da participante Juliette no rótulo. O material é bem parecido com a imagem que aparece no vídeo verificado com o rosto de Lula, ao sugerir ligação do petista ao tráfico de drogas. Na época, o uso do rosto da campeã do BBB foi apontado como “marketing” da facção para vender a droga.

Não é a primeira vez que o rosto de Lula aparece em rótulos de pacotes de drogas. Em 2018, o Projeto Comprova mostrou que fotos de Lula em rótulos de droga apreendida pela Polícia Militar de São Paulo não tinham relação com o petista ou com a campanha dele.

Em julho deste ano, o Departamento de Operações de Fronteira da Polícia Civil do Mato Grosso do Sul apreendeu uma carga de entorpecentes que tinham alguns rótulos com o escudo do Flamengo e outros com a frase “Todo mundo merece uma xícara de café e Lula presidente”. Na época, a Polícia Civil descartou que houvesse ligação entre Lula, o PT e os traficantes e explicou que as inscrições em rótulos são comuns e aleatórias e servem apenas para identificação, como mostrou o Comprova.

“Essas marcações de propriedades não possuem indicativos da participação do órgão oficial dono da marca afixada nos fardos. Os adesivos são apenas o meio utilizado para identificação da propriedade do entorpecente se caso esta chegasse ao seu destino final”, explicou na época o capitão Eduardo Garcia da Costa Marques em entrevista à RIT TV.

O próprio Bolsonaro já teve a imagem usada mais de uma vez. Em 2017, quando ele ainda era deputado, dois homens foram presos em Sarandi (PR) com embalagens de droga que levavam uma caricatura de Bolsonaro; em 2019, um adolescente de 17 anos foi apreendido em Mogi Mirim (SP) com embalagens de maconha com a foto do presidente e as inscrições “Bolso Bek” e “Na primeira legalizo”. Em 2020, foi a vez da polícia da Paraíba encontrar embalagens de maconha com a foto de Bolsonaro. No mesmo ano, a Polícia Civil de São Paulo disse que traficantes usavam a foto do presidente nas embalagens para indicar que a droga era de qualidade.

Cantor que já foi preso apoia Lula, mas isso não prova ligação do político com tráfico

O vídeo em que um homem aparece cantando funk, com ofensas a Bolsonaro e às facções TCP e ADA (Amigo dos Amigos), é antigo e circula na internet desde 2020. Na imagem, que teria sido gravada em baile funk dentro de uma comunidade do Rio, é possível ver traficantes armados. O cantor em questão é Marlon Brandon Coelho Couto da Silva, o MC Poze do Rodo, que, recentemente, postou vídeo em apoio a Lula. Esta outra imagem mostra um show em que ele diz à plateia:

“(…) E outra, só explicando. Todo mundo tem seu direito de escolha. Cada um escolhe o que quer ser. E eu sou Lula, po**a”.

MC Poze chegou a ser preso em setembro de 2019. No ano seguinte, foi denunciado pelo Ministério Público em inquérito que apurou relações entre ele e o Comando Vermelho. No mesmo ano, a Justiça do Rio revogou o mandado de prisão ao apontar que a defesa do réu comprovou “atividade laborativa lícita e endereço residencial fixo”.

É enganoso afirmar que o apoio declarado de MC Poze a Lula signifique o apoio dos traficantes de drogas a Lula.

O processo contra MC Poze segue em andamento no Tribunal de Justiça do Rio (Nº 0122164-61.2020.8.19.0001). A acusação é pelos crimes de associação ao tráfico, incitação ao crime, apologia ao crime e corrupção de menores.

Não foram encontradas informações sobre o contexto do fuzil com CPX grafado em letras brancas

O Comprova não conseguiu identificar o contexto da imagem que mostra um fuzil com as inscrições CPX e CV na cor branca. Pelas características do espaço, a imagem parece ter sido registrada em uma delegacia do Rio de Janeiro. A PM e a Polícia Civil do estado foram contatadas, mas não responderam. Na internet, não foi possível localizar conteúdo que elucidasse sobre a origem da imagem.

O que são as FARC e qual a sua relação com o PT?

No vídeo, o vereador Nikolas Ferreira diz que Lula está ao lado de bandidos e cita ligação do petista com as FARC. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia formavam um grupo de cunho marxista-leninista que atuava no meio rural e adotava táticas de guerrilha. Criada em 1964 pelo ex-combatente liberal Pedro Antonio Marín, também conhecido como Tirofijo, essa organização tinha como discurso ideológico a implantação do socialismo na Colômbia. Promovia a distribuição igualitária de renda, a reforma agrária e o fim de governos corruptos e das relações políticas e econômicas com os Estados Unidos.

Em 2016, foi celebrado um acordo de paz entre as FARC e o governo de Juan Manuel Santos. Os combatentes entregaram as armas. Após mais de meio século de conflito, em 27 de junho de 2017, as FARC deixaram de ser oficialmente um grupo armado, época em que seus cerca de 7 mil combatentes se encontravam na fase final de transição à vida civil. Ainda nesse ano, o ex-grupo de guerrilha ingressou legalmente na política partidária do país com o nome de Força Alternativa Revolucionária do Comum – escolhido para manter a sigla original, FARC, mas com um novo significado e atuação na esfera legal. Conforme os termos do Acordo de Paz, foi garantida à nova FARC dez cadeiras no Congresso colombiano, divididas entre o Senado e a Câmara.

Já em 2021, o partido FARC mudou novamente de nome. Desta vez, para Comunes. Essa mudança ocorreu justamente para dissociar o partido da imagem de violência que as antigas Forças Armadas Revolucionárias deixaram no país.

Nas últimas décadas de atuação como guerrilha, as FARC foram acusadas de usar o tráfico de drogas como meio de financiamento de suas ações e de atuar na rede de narcotráfico internacional. Também empreenderam vários sequestros, entre os quais o da então senadora Ingrid Betancourt (Partido Verde), quando ela fazia campanha pela Presidência da Colômbia em 23 de fevereiro de 2002. Betancourt foi resgatada por uma operação militar do governo em 2 de julho de 2008.

Em 2018, o PT publicou, em seu site, o texto que Nikolas expõe no vídeo sobre a solidariedade da Força Alternativa Revolucionária do Comum (a nova FARC, criada em 2017) a Lula, na ocasião da prisão do ex-presidente. Trata-se da seguinte nota:

“O partido Força Alternativa Revolucionária do Comum expressa sua solidariedade ao companheiro e ex-presidente brasileiro Lula. Rejeitamos a decisão adotada contra ele pelo Supremo Tribunal de Justiça do Brasil [em referência ao Superior Tribunal de Justiça] e exigimos para ele todas as garantias políticas e judiciais no âmbito da constituição política brasileira, seu sistema jurídico interno e direito internacional.

Apoiamos o apelo do ex-presidente Lula ao Supremo Tribunal Federal no sentido de que sejam oferecidas as garantias de uma verdadeira justiça, com o devido processo legal e o respeito à presunção de inocência.

Rejeitamos que, assim como aconteceu com a ex-presidente Dilma Rousseff, recorram a práticas juridicamente questionáveis ​​que obscurecem o dever de uma democracia, com o objetivo de deslegitimar e bloquear o caminho para seu adversário político. Mais grave quando o recurso ao ódio é alimentado como uma tática da reação brasileira fiel às diretrizes imperiais, que compromete a estabilidade, a soberania e a segurança de todo um povo.

Esse jogo macabro acaba por distorcer as instituições judiciárias para fabricar convicções com fundo político claro. O interesse em impedir uma nova presidência de Lula é evidente.

Juntamo-nos à sincera homenagem que Lula presta a Marisa Letícia, sua companheira de vida e de luta e que ao seu lado sofreu toda a perseguição e ignomínia. Estendemos nossa solidariedade ao seu grupo político, o Partido dos Trabalhadores, e ao povo brasileiro que clama por justiça e avanços democráticos”.

A assessoria de imprensa da campanha de Lula diz não haver nenhum vínculo entre as FARC (o grupo de guerrilha que atuou até 2016) e o PT ou o ex-presidente. “As FARC, inclusive, nem existem mais, como parte do acordo de paz da Colômbia”, informou ao Comprova.

Não há provas de que as FARC tenham participado oficialmente do Foro de São Paulo

No vídeo, Ferreira insinua que as FARC estiveram presentes no Foro de São Paulo. Embora integrantes do grupo tenham dito que participaram de encontros (anuais) do Foro, nenhum documento menciona as Farc como integrante formal. Portanto, a guerrilha não atuava nas discussões de orientação do Foro e na elaboração de suas declarações. No livro “Declaração Final dos Encontros do Foro de São Paulo (1990-2012)”, publicado pela Secretaria de Relações Internacionais do PT, não é encontrada a palavra Farc ou Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

Os encontros anuais do Foro de São Paulo chamavam a atenção de agrupamentos latino-americanos que não eram formalmente integrantes. Nada impedia que tentassem se aproximar dos participantes oficiais.

Em entrevista ao jornal O Globo, em 2019, o ex-guerrilheiro das FARC Rodrigo Granda afirma que, embora a guerrilha não esteja presente nas atas oficiais do Foro de São Paulo, integrantes do grupo participaram em várias edições do Foro, inclusive na de sua fundação, em 1990. Naquela ocasião, uma carta de Pedro Antonio Marín (Tirofijo), então líder das FARC, foi lida na abertura do evento.

Na mesma entrevista, entretanto, Granda disse que o PT e outros partidos tentaram expulsar representantes das FARC do Foro de São Paulo, mas sem sucesso. “De fato, alguns partidos não viam com bons olhos nossa participação, como o PT e a Frente Ampla, mas não se trata do gosto pessoal de um ou outro partido. O Foro nasceu para coordenar trabalhos e intercambiar opiniões. Sempre discordamos quando governos eleitos o usaram como plataforma de sua política exterior. É um espaço de interlocução”, disse.

Granda afirmou ainda que, durante os governos de Álvaro Uribe na Colômbia, entre 2002 e 2010 (período em que Lula estava na Presidência), as FARC não puderam mais enviar representantes aos encontros do Foro de São Paulo.

Reportagem da Folha de S.Paulo de 31 de maio de 2008 informa que as Farc foram impedidas de participar da reunião de 2005, realizada no Memorial da América Latina, em São Paulo. A decisão foi tomada pela secretaria do Foro que, na ocasião, estava nas mãos do PT. Segundo a reportagem, a guerrilha também tinha sido barrada em seminário do Foro um ano antes em Manágua, Nicarágua.

Em 2016, após o acordo de paz com o governo colombiano, as FARC se transformaram em um partido político (Força Alternativa Revolucionária Comum) e mantiveram a mesma sigla da guerrilha. Em 2021, o partido mudou de nome e, agora, chama-se Comunes. O Comunes está listado entre os nove partidos da Colômbia que integram a formação atual do Foro de São Paulo.

A assessoria de imprensa da campanha de Lula afirma que as FARC (em referência à antiga guerrilha), “justamente por serem grupo armado, jamais fizeram parte do Foro de São Paulo”.

Lula se relacionou, como chefe de Estado, com os ditadores Hugo Chávez, da Venezuela, e Fidel Castro, de Cuba

O vídeo verificado traz uma imagem de Lula ao lado dos ditadores Hugo Chávez, da Venezuela, e Fidel Castro, de Cuba, “os cabeças da quadrilha inteira”, diz o deputado eleito. A imagem é pano de fundo para a afirmação de que Lula tem relação com ditadores.

A fotografia mostrada no vídeo é da posse de Lucio Gutierrez como presidente do Equador, de 15 de janeiro de 2003. No mesmo grupo, está (à esquerda, ao fundo) o então príncipe de Astúrias, dom Felipe de Bourbon, hoje rei da Espanha. No portal de fotografias Alarmy, há outras fotos da cerimônia, entre as quais a de Felipe de Bourbon, Fidel Castro, Lula e o então presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, sentados lado a lado.

Como presidente da República, Lula manteve vários encontros com Hugo Chávez e com Fidel Castro. Em especial, durante reuniões do Mercosul, da Unasul e da Cúpula Iberoamericana, e em posses presidenciais em países da América Latina. Houve encontros bilaterais de Lula com Fidel Castro e com Hugo Chávez. Também um trilateral, com os então líderes de Cuba e da Venezuela, em Ciudad Guayana.

A assessoria de imprensa da campanha de Lula afirma que os três eram chefes de Estado. “O jovem deputado (Nikolas Ferreira) faz acusações sem provas contra pessoas mortas, que ele nem conhece”, diz a nota, se referindo às afirmações de que Hugo Chávez e Fidel Castro eram ligados ao narcotráfico.

Alckmin fez a acusação da relação das FARC com o PT, mas em 2010

O trecho do vídeo de Geraldo Alckmin mencionado por Ferreira foi retirado de uma entrevista no dia 29 de julho de 2010, durante sabatina com os candidatos ao governo de São Paulo. Na semana anterior à entrevista, Alckmin, que era do PSDB, havia citado que a ligação do PT com as FARC era de conhecimento de todos. Quanto à suposta ligação do PT com o Comando Vermelho ou outras facções, Alckmin disse, à época, não ter informações suficientes para fazer tal acusação.

A assessoria de imprensa da campanha de Lula informou que desconhece a declaração e seu contexto. O Comprova encaminhou o link com o vídeo e a data, mas não obteve resposta.

Vídeo de Merval Pereira sobre a ligação entre o PT e as FARC é de 2008

O vídeo do jornalista Merval Pereira é um recorte do comentário dele no J10, da GloboNews, edição de 4 de março de 2008, quando Lula era presidente do Brasil. O comentário completo está disponível no YouTube. Na véspera daquele dia, a Colômbia havia feito um bombardeio contra um acampamento das FARC no Equador, que resultou na morte do líder rebelde Raúl Reyes.

Na ocasião, Merval disse que havia indícios de um apoio logístico dos Estados Unidos ao ataque, o que talvez justificasse o fato de o governo brasileiro não ter condenado diretamente as FARC e ter pedido que a Organização dos Estados Americanos (OEA) investigasse o caso e, até então, o tratasse apenas como uma invasão de território do Equador por parte da Colômbia. O outro motivo seria porque o PT, segundo Merval, sempre tinha sido um aliado das FARC nas políticas de esquerda, uma vez que grupos guerrilheiros, como a ALN e as FARC, faziam, segundo Merval, parte do Foro de São Paulo.

Guerrilheiro Raúl Reyes afirma ter se encontrado com Lula, mas não há registros

Na tentativa de reforçar a ligação do PT com as FARC, Ferreira ainda apresenta uma entrevista em que um guerrilheiro afirma ter conhecido Lula pessoalmente. Raúl Reyes, já falecido, de fato, concedeu uma entrevista à Folha de S.Paulo, publicada em 24 de agosto de 2003, em que cita suposto encontro com Lula. À época, Reyes era comandante das FARC (ainda guerrilha) e conversou com o enviado especial Fabiano Maisonnave na Amazônia colombiana. Em determinado trecho da entrevista, ele afirma ter conhecido o petista “em San Salvador, em um dos Foros de São Paulo”. Acrescenta, contudo, que não se recorda do ano.

Questionado pelo repórter se teria havido uma conversa entre os dois, Reyes confirma. “Sim, ficamos encarregados de presidir o encontro. Desde então, nos encontramos em locais diferentes e mantivemos contato até recentemente.” Eles teriam se falado pela última vez por volta dos anos 2000.

Em 2002, ano anterior à publicação da entrevista, Lula havia sido eleito presidente da República. À Folha, Reyes diz que as FARC chegaram a enviar uma “carta de felicitações” ao político, mas que não haviam recebido resposta: “Quando ele se tornou presidente, não pudemos mais falar com ele.”

O Foro de São Paulo foi criado em 1990 a partir de um chamamento dos ex-presidentes Lula e Fidel Castro a partidos, movimentos e organizações de esquerda. O objetivo, segundo o próprio grupo, era refletir sobre os acontecimentos pós-queda do Muro de Berlim e sobre “caminhos alternativos pela visão da esquerda da América Latina e Caribe, para além das respostas tradicionais”. O primeiro encontro foi na cidade de São Paulo, em julho de 1990, e reuniu 48 partidos e organizações que representavam diversas experiências e matrizes político-ideológicas de esquerda de toda a região latino-americana e caribenha. Em vídeo do encontro, disponível no YouTube, é feito o anúncio das delegações participantes. As FARC não são citadas.

De lá para cá, três encontros ocorreram em San Salvador: em 1996, em 2007 e em 2016. Reyes foi morto em 2008, durante operação militar colombiana em território do Equador, onde estava montado um acampamento das FARC. Procurada, a assessoria de Lula negou o encontro. Informou que as Farc, justamente por ser grupo armado, jamais fizeram parte do Foro de São Paulo.

Não foram encontrados registros fotográficos do suposto encontro entre Lula e Reyes.

Não há prova de doação ao PT feita pelo guerrilheiro Padre Medina

No final do vídeo, Nikolas tenta fazer mais associações entre o PT e as FARC ao mencionar o ex-guerrilheiro Francisco Cadenas Collazos, conhecido como Padre Medina, a esposa dele, a professora Angela, e uma decisão do STF sobre asilo político para Medina.

O ex-guerrilheiro começou a ser associado ao PT sobretudo depois de ser mencionado em uma matéria da revista Veja de 16 de março de 2005. A revista publicou uma longa reportagem com base em documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O material denunciava que representantes das FARC, entre eles o ex-padre Francisco Cadenas Collazos, conhecido como Olivério Medina ou Padre Medina, teriam se reunido com lideranças do PT e prometido uma doação de R$ 5 milhões à campanha de Lula à Presidência da República em 2002. O índice daquela edição da revista foi salvo através da ferramenta WayBack Machine, mas o texto da reportagem não está mais disponível.

Um dia após a publicação da reportagem, o então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo federal, general Jorge Félix, apresentou um documento que era mantido nos arquivos da Abin à Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência do Congresso Nacional. Segundo ele, no entanto, a agência não tinha memória sobre o suposto autor do material. Félix reiterou que os documentos usados pela reportagem não tinham sido elaborados pela Abin.

Alguns meses depois, em agosto de 2005, a Polícia Federal prendeu Olivério Medina em São Paulo. Segundo uma matéria da Folha de S.Paulo publicada na época, Medina atuava no Brasil como porta-voz das FARC. A prisão preventiva tinha sido decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, a pedido do governo da Colômbia, que acusava Medina de ter comandado um ataque a uma unidade do Exército colombiano em 1991.

Em 14 de junho de 2006, quase um ano após a prisão, o Comitê Nacional para Refugiados (Conare), vinculado ao Ministério da Justiça, reconheceu Medina como refugiado político. Em novembro, a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, solicitou ao governador do Paraná, Roberto Requião, que a professora Ângela Maria Slongo, servidora da Secretaria de Educação do Paraná, fosse colocada à disposição do governo federal para atuar na Secretaria Especial da Aquicultura e Pesca.

Ângela Maria Slongo era mulher de Medina e, de acordo com nota divulgada pela pasta da Aquicultura, ela foi selecionada em 2006 para trabalhar no Projeto de Alfabetização dos Pescadores como assistente técnica e foi cedida pelo Estado do Paraná. A Secretaria negou qualquer vínculo entre a contratação de Ângela Maria e as atividades de seu marido, Padre Medina.

Em 2007, Medina foi solto e prometeu romper ligações com as atividades na Colômbia. Em 2008, contudo, a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados pediu informações ao então ministro da Justiça, Tarso Genro, sobre as atividades de Medina no Brasil. “Em carta de próprio punho, Olivério Medina se comprometeu a romper totalmente relações com as FARC e abandonar qualquer atividade política. Mas notícias veiculadas nos últimos meses pela imprensa enfatizaram a troca de e-mails entre o ex-padre colombiano e o representante número dois das FARC, falecido recentemente”, diz publicação feita em 2008 pela Comissão.

Gilmar Mendes não autorizou a extradição de Padre Medina?

Em tom crítico, o vereador Nikolas Ferreira ainda exibe um print de reportagem do Estadão de 2007 sobre decisão do STF contrária à extradição do Padre Medina. Ele cita Gilmar Mendes como relator, dando a entender que o ministro teria sido o responsável pela decisão.

Em março de 2007, o STF negou a extradição do Padre Medina para a Colômbia por causa da condição de refugiado político de que ele gozava no Brasil desde 2006. Na mesma decisão, arquivou a investigação contra Medina e revogou sua prisão domiciliar. A Suprema Corte não chegou a analisar se os crimes pelos quais Medina era acusado na Colômbia eram comuns ou políticos. O que pesou na decisão foi o fato de que a legislação brasileira diz que refugiados políticos não podem ser extraditados para seus países de origem.

O único voto favorável à extradição foi justamente o de Gilmar Mendes, que havia autorizado a prisão de Medina em 2005. Para o ministro, que foi vencido pelos colegas, o STF deveria primeiro analisar se os crimes pelos quais Medina era acusado se qualificavam como políticos ou comuns, para depois decidir se ele poderia ou não receber o status de refugiado político.

O refúgio foi concedido pelo Conare por entender que as acusações contra Medina eram políticas. Em agosto de 2008, parlamentares pediram que o Conare revisse a posição para que o colombiano pudesse ser extraditado.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. Conteúdos como o investigado nesta checagem, que contêm desinformação, algumas inclusive já desmentidas anteriormente, podem influenciar a decisão do eleitor, que deve se basear em informações verdadeiras e confiáveis na hora de decidir sobre o voto. O material se torna ainda mais nocivo quando divulgado às vésperas do segundo turno.

Outras checagens sobre o tema: O Projeto Comprova já mostrou que a sigla CPX em boné usado pelo candidato Lula durante ato de campanha no Complexo do Alemão significa “complexo”, e não tem ligação com facções criminosas; também já mostrou que era enganosa postagem que tentava ligar Lula e o PT a droga apreendida no Mato Grosso do Sul.

Eleições

Investigado por: 2022-10-27

Proposta de “esconder” Alckmin é de dirigente do PCO e não tem relação com o PT

  • Enganoso
Enganoso
Vídeo publicado no Kwai usa uma declaração descontextualizada de um político sem ligação com o PT para afirmar, sem qualquer evidência, que o partido planejaria matar Geraldo Alckmin (PSB), candidato à vice-presidência na chapa com Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O homem que aparece no vídeo e diz que o PT deveria mudar o rumo da campanha é Rui Costa Pimenta, presidente do PCO (Partido da Causa Operária), legenda que se diz mais à esquerda do que o PT e que não tem relação com a coordenação de campanha de Lula, conforme informou ao Comprova a assessoria de imprensa do Partido dos Trabalhadores. O PCO também não faz parte da coligação do PT para estas eleições presidenciais. Além disso, Pimenta não propôs matar Alckmin na declaração usada no vídeo publicado no Kwai, e sim “escondê-lo” do eleitor. A assessoria do PT também negou que acataria qualquer sugestão do tipo.

Conteúdo investigado: Vídeo publicado no Kwai mostra uma gravação em que Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, diz que o PT deveria abandonar o que fez na campanha até agora. Pimenta sugere que Lula esconda seu candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), abandone o “falatório besta sobre amor” e apele “para o ódio dos trabalhadores contra a burguesia”. Ao falar sobre Alckmin, propõe que o PT “suma” com o candidato a vice, dizendo que ele deveria “ser mandado para a Suíça”, que teve uma “crise respiratória grave que pode ser fatal” e que “é possível que ele morra e nunca assuma o cargo”, com o objetivo de escondê-lo dos eleitores. O vídeo é acompanhado da inscrição: “É assim que o PT faz na eleição. Com ódio, tramam até a morte de Alckmin”.

Onde foi publicado: Kwai.

Conclusão do Comprova: Uma declaração do presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, está sendo usada fora de contexto para insinuar, sem qualquer prova, que o PT planeja a morte de Geraldo Alckmin, candidato à vice-presidência na chapa com Lula. O PCO e Rui Costa Pimenta não possuem relação com a coordenação da campanha de Lula (apesar de estarem apoiando o petista). A declaração de Pimenta, que na verdade apenas sugeriu que o PT “escondesse” Alckmin, aconteceu em agosto.

A fala reproduzida no vídeo foi dada durante o 11º Congresso Nacional do partido, no dia 13 de agosto de 2022, na cidade de São Paulo. O congresso foi transmitido ao vivo no canal do PCO no YouTube, e a declaração de Rui Costa Pimenta pode ser assistida a partir de 57 minutos e oito segundos do vídeo.

Pimenta disse na ocasião que, para vencer a eleição, o PT deveria abandonar o que havia feito até então na campanha. O presidente do PCO não sugeriu que o PT mandasse matar Alckmin – ex-quadro do PSDB que se filiou ao PSB em 2022 –, mas ironizou a aliança, dizendo, em tom de brincadeira, que seria melhor “escondê-lo”, para, logo depois, sugerir embate entre trabalhadores e a burguesia. “Tem que pegar o Alckmin, esconder ele. Mandar ele pra Suíça. Falar que ele teve uma crise respiratória, que pode ser até fatal, e é bem provável que ele morra e nunca assuma a vice-presidência. (…) Tem que pegar todo esse falatório besta sobre o amor, e guardar isso daí. E tem que apelar para o ódio dos trabalhadores contra a burguesia”.

Apesar de ser um partido de esquerda, o PCO não faz parte da atual coligação do PT e não tem influência sobre as estratégias de campanha de Lula, conforme respondeu a assessoria de imprensa do PT ao Comprova. Em 2022, o PCO declarou apoio à chapa petista à presidência, apesar de recorrentemente fazer críticas ao PT, a Lula e sua campanha. O PCO também foi procurado pelo Comprova para prestar esclarecimentos sobre a fala de Pimenta e a relação do partido com a atual campanha do PT, mas não houve retorno até o fechamento desta verificação.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; ou o conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova verifica conteúdos com grande alcance nas redes sociais. Até o dia 27 de outubro, a postagem que distorce a declaração de Rui Costa Pimenta sobre a campanha de Lula à presidência tinha 241,9 mil visualizações e mais de 42 mil interações no Kwai, entre curtidas, compartilhamentos e comentários.

O que diz o responsável pela publicação: O Comprova entrou em contato com o autor do vídeo publicado no Kwai por meio de mensagens na rede social, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

Como verificamos: O Comprova reconheceu no início da verificação que o homem que aparece no vídeo que circula no Kwai é Rui Costa Pimenta. Para confirmar essa informação, a reportagem buscou vídeos do analista político e presidente do PCO no canal da legenda no YouTube. Depois de pesquisar pela expressão “PCO TV Rui Costa Pimenta virada na situação eleitoral” no campo de busca da rede social (Pimenta diz no vídeo que o PT deveria buscar a virada eleitoral, por isso o uso desses termos), a verificação encontrou o vídeo original.

Com isso, o Comprova entrou em contato por WhatsApp com o PCO e com a assessoria de imprensa de Lula para entender qual é a relação entre o PCO e o PT na campanha. Reportagens publicadas na imprensa e reunidas pela verificação mostram que os dois partidos não estão próximos em 2022, apesar de o PCO ter declarado “apoio crítico” a Lula contra Jair Bolsonaro, que é candidato à reeleição pelo PL.

O contexto do vídeo

O vídeo da fala de Pimenta foi retirado de uma transmissão ao vivo do canal oficial do YouTube do PCO, feita no dia 13 de agosto de 2022. O título da transmissão é “Virada na situação eleitoral? – Análise Política da Semana, com Rui Costa Pimenta” e, segundo a descrição do vídeo, foi gravado durante o 11º Congresso Nacional do PCO, em São Paulo.

Na transmissão ao vivo, o presidente do PCO inicia sua fala fazendo uma análise sobre acontecimentos recentes da política brasileira, como a leitura da carta a favor da democracia organizada por juristas na faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) no início de agosto. Em seguida, Rui Costa passa a fazer uma análise das campanhas eleitorais de Lula e Jair Bolsonaro (PL), afirmando, entre outras coisas, que o atual presidente tinha, à época, grandes chances de crescer nas pesquisas de intenção de voto e poderia ganhar as eleições.

É neste contexto que o presidente do PCO, então, passa a descrever qual deveria ser a estratégia da campanha do PT para garantir a vitória de Lula. Rui Costa Pimenta diz: “Tava na hora de o PT chamar aquela famosa reunião antes que a coisa fique pior, né? (…) Quer dizer, qual seria a decisão que o PT tem que tomar? Tem que abandonar tudo o que eles fizeram na campanha eleitoral até agora. Tem que pegar o Alckmin, esconder ele. Mandar ele pra Suíça. Falar que ele teve uma crise respiratória, que pode ser até fatal, é bem provável que ele morra e nunca assuma a vice-presidência se o Lula ganhar. Primeira coisa. Tem que pegar todo esse falatório besta sobre o amor, e guardar isso daí. E tem que apelar para o ódio dos trabalhadores contra a burguesia. Tem que mostrar que o povo está sendo vítima de uma tentativa de estelionato político extraordinária. Tem que chamar o povo pra rua. Tem que falar que vai aumentar o salário. (…). Tem que ter um programa que acenda no coração do pessoal a chama da revolta e da revolução. Porque se não, a coisa… a vaca está indo para o brejo. Ele pode ver a vaca caminhando para o brejo. Tem que dar um cavalo de pau na campanha agora”.

A relação entre PT e PCO

De acordo com o site oficial da legenda, o PCO foi fundado em 1995 por dissidentes da Causa Operária (CO) e ex-filiados ao PT. De orientação marxista, o PCO se define como de “extrema-esquerda”. O partido já lançou a candidatura de Rui Costa Pimenta à presidência da República em 2002, 2006 (quando o registro foi indeferido pelo Tribunal Superior Eleitoral), 2010 e 2014. Em 2018 e 2022, o PCO anunciou apoio crítico às candidaturas de Lula nas eleições presidenciais, embora não tenha feito parte da coligação com o PT em nenhuma das oportunidades. A atual coligação da candidatura de Lula para presidência (“Brasil da Esperança”) conta, além do PT, com o PSB, PCdoB, PSOL, PV, Rede, Solidariedade, Avante, Agir e PROS.

No segundo turno destas eleições, o PCO tem realizado atos de campanha a favor de Lula, como é possível verificar em algumas postagens do partido nas redes sociais e em seu site (1, 2, 3 e 4), embora também mantenha críticas a outros candidatos do partido ou às estratégias adotadas pelo PT nas eleições.

Em contato com o Comprova, a assessoria do PT afirmou que o suposto plano citado por Rui Costa Pimenta no vídeo aqui verificado não é verdadeiro e que o PCO não faz parte da campanha de Lula à presidência. “Rui Costa Pimenta não faz parte da coordenação da campanha, embora o PCO tenha declarado apoio a Lula. Logicamente, o PT não vai seguir as sugestões mencionadas no vídeo“, afirmou o partido em nota.

O PCO também foi contatado para esclarecer qual fora a intenção da declaração de Rui Costa Pimenta e qual seria a relação do partido com a campanha de Lula, mas não houve retorno.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos sobre pandemia, as políticas públicas do governo federal e a eleição presidencial de 2022. Publicações falsas ou enganosas envolvendo candidatos à Presidência, como o vídeo investigado nesta verificação, podem induzir os eleitores a interpretações equivocadas sobre a realidade e influenciá-los negativamente no momento do voto. Os eleitores têm o direito de basear suas escolhas em informações verdadeiras e confiáveis.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova verificou outros boatos sobre a eleição presidencial. Entre eles, está o conteúdo falso que diz que Janja, esposa de Lula, incitou a morte de Bolsonaro; a postagem que tira uma declaração de Lula de contexto para sugerir que ele demonstrou desprezo aos mais pobres; e o vídeo enganoso que sugere que Paulo Guedes, ministro da Economia de Bolsonaro, tenha anunciado a redução da aposentadoria e de outros benefícios sociais do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Eleições

Investigado por: 2022-10-27

Público não vaiou Bolsonaro em show de Gusttavo Lima em Aracaju, ao contrário do que mostra vídeo

  • Falso
Falso
É falso o vídeo que mostra show de Gusttavo Lima com o áudio da plateia xingando o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). Gravações publicadas anteriormente, na época do show, em maio, mostram o áudio original, do público ovacionando o cantor. A assessoria de imprensa do artista afirmou que o post verificado é mentiroso.

Conteúdo investigado: Vídeo no TikTok mostra o cantor Gusttavo Lima em show enquanto plateia grita “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*”. É possível ler na peça as seguintes frases: “O cantor teve três shows cancelados na Bahia”, “vai apoiar genocida tirador de direitos dos trabalhadores” e marca a localização como sendo em Aracaju, “Brazil”.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: É falso que a plateia de um show do cantor Gusttavo Lima em Aracaju, em 28 de maio, tenha gritado “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*”, dirigindo-se ao presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). Um post viral no TikTok com a legenda “kkkk vai apoiar genocida, tirador de direitos dos trabalhadores” usa imagens reais de uma apresentação do artista, mas edita o áudio para fazer parecer que o público fez coro contra o político.

No YouTube, a reportagem encontrou outros vídeos deste show e, comparando com o mesmo trecho publicado no TikTok, é possível verificar que o público estava, na verdade, aplaudindo o sertanejo.

Procurada, a assessoria de imprensa do cantor afirmou que o vídeo é editado e que “isso nunca ocorreu em nenhum show” dele.

O post verificado aqui ainda desinforma ao publicar que Gusttavo Lima teve três shows cancelados na Bahia, relacionando isso ao fato de o cantor ter declarado apoio a Bolsonaro. Sobre isso, a equipe do artista informou que “se trata de fake news” e “que não houve cancelamento de shows em nenhum estado”.

Falso, para o Comprova, é todo conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. No TikTok, o vídeo verificado teve 9,8 milhões visualizações, 273,6 mil curtidas, 31,7 mil comentários e 101,7 mil compartilhamentos até 27 de outubro.

O que diz o responsável pela publicação: Nós tentamos contato com o perfil que publicou o vídeo, porém, seu perfil do TikTok apresenta o seguinte alerta: “Apenas amigos podem mandar mensagens entre si”, o que impossibilitou o contato.

Como verificamos: A reportagem fez uma busca pelas palavras-chave “Gusttavo Lima”, “três shows cancelados Gusttavo Lima”, “Buteco Aracaju”. A partir de registros do show no YouTube e de post da página oficial no Twitter do Festival Buteco, da produção de Lima, conseguimos comparar o áudio original com o do vídeo investigado nesta verificação.

A assessoria do cantor foi contatada por e-mail.

Não houve gritos contra Bolsonaro

O vídeo usado no post checado foi gravado em 28 de maio de 2022, em Aracaju. Inicialmente, o show “Buteco do Gusttavo Lima” seria realizado em maio de 2020, porém, por conta da pandemia, teve de ser remarcado.

A reportagem conseguiu confirmar que se tratava da apresentação realizada em maio na capital sergipana ao comparar as imagens do post falso com vídeos no YouTube e na página @OficialButeco no Twitter. Gusttavo Lima usa o mesmo paletó azul e faz os mesmos gestos. Além disso, a localização – Aracaju, Brazil (em inglês) – também aparece no YouTube em vídeo publicado há mais de quatro meses.

I Legenda: Frame do post verificado e de vídeo publicado no YouTube.

Nos vídeos publicados anteriormente ao post verificado, o público ovaciona Lima, que agradece.

Cantor nega que shows na Bahia foram cancelados

O vídeo desinforma ao afirmar que três shows de Lima foram cancelados na Bahia, sugerindo que isso teria relação com o fato de o cantor ter declarado apoio a Bolsonaro. Após o post viralizar, veículos como Diário de Goiás e Correio publicaram textos negando o cancelamento.

Procurada pelo Comprova, a assessoria do cantor enviou uma “nota de repúdio a fake news“, em que diz que o conteúdo é mentiroso. A equipe afirma que após o anúncio do apoio de Lima a Bolsonaro “não houve cancelamento de shows em nenhum estado”.

Apoio a Bolsonaro

Em 17 de outubro, Gusttavo Lima e o também cantor sertanejo Leonardo se reuniram com Bolsonaro no Palácio da Alvorada e declararam apoio a ele na corrida presidencial.

“Eu tenho certeza que todo cidadão de bem não vai abrir mão também e jamais negociará a sua família, o seu bem mais precioso. É melhor um passarinho na mão do que dois voando. Não vamos trocar o certo pelo duvidoso. Tá aqui o meu total apoio ao nosso presidente Jair Messias Bolsonaro”, afirmou o artista na ocasião.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre eleições presidenciais, políticas públicas do governo federal e pandemia. A equipe tem como foco as publicações virais, que tiveram grande alcance nas redes sociais e podem confundir a população. No contexto das eleições no Brasil, muitos conteúdos de desinformação envolvendo os dois candidatos à Presidência, Bolsonaro e Lula (PT), estão circulando, prejudicando a escolha do eleitor, que deve ser feita com base em informações verdadeiras.

Dessa forma, o eleitor deve ter a atenção redobrada em relação a conteúdos suspeitos que possam influenciar na hora de seu voto. O Comprova trabalha nesse sentido, para trazer informação de qualidade acerca de conteúdos caluniosos sobre os candidatos.

Outras checagens sobre o tema: A peça de desinformação sobre o cancelamento de shows de Lima também foi verificada pelo Correio Braziliense e pelo Estado de Minas. Outros conteúdos envolvendo a eleição foram checados pelo Comprova, como o que mentia ao dizer o aplicativo do TSE não permite denúncias contra o PT e o também falso que dizia que Janja e um cantor teriam incitado a morte de Bolsonaro em música e que o jogador Vini Jr criticou o presidente no Twitter.

Eleições

Investigado por: 2022-10-27

Vídeo usa áudio de outro evento para fazer crer que torcida do Flamengo xingou Lula em jogo no Maracanã

  • Falso
Falso
É falso o vídeo em que torcedores do Flamengo supostamente xingam Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante partida de futebol no Rio de Janeiro. A peça é resultado de uma montagem feita no TikTok, que aproveita áudio de eleitores de Jair Bolsonaro (PL) durante um comício realizado em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, em 18 de outubro.

Conteúdo investigado: Vídeo que circula no TikTok, no qual torcedores do Flamengo aparecem supostamente xingando o candidato à presidência Lula durante uma partida de futebol no Maracanã.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: É falso o vídeo publicado no TikTok que sugere que torcedores do Flamengo xingaram o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ladrão durante partida de futebol no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.

O áudio que acompanha as imagens não é original. É, na verdade, oriundo de um vídeo postado na plataforma no dia 19 de outubro. O som foi captado em um comício realizado na cidade de São Gonçalo (RJ), que contou com a presença do presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).

A montagem com a torcida do Flamengo foi publicada no dia 20 de outubro. O mesmo áudio já foi inserido em mais de 100 vídeos do TikTok.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: Até o dia 26 de outubro, o conteúdo obteve mais de 5,7 mil curtidas, 276 comentários, mais de 82 mil visualizações e 2,1 mil compartilhamentos.

O que diz o responsável pela publicação: O TikTok não permite envio de mensagem direta entre contas que não se seguem mutuamente, logo, o responsável pela publicação não foi contactado. A equipe buscou perfil com identificação semelhante em outras redes, mas não obteve sucesso.

Como verificamos: O Comprova iniciou a verificação a partir do próprio TikTok, identificando de imediato que o áudio já havia sido utilizado em outras montagens. A partir de então, acessou o vídeo com o áudio original, onde constatou tratar-se de um comício com participação de Bolsonaro e Cláudio Castro em São Gonçalo.

A equipe, então, fez buscas no Google utilizando palavras como “Bolsonaro”, “comício” e “São Gonçalo”, o que retornou publicações do Poder360, UOL e AFP sobre o evento político.

A equipe também utilizou o Invid, ferramenta para análise de vídeos e imagens. Com o recurso, foi possível dividir a gravação em frames, utilizados para a realização de busca reversa na internet. O vídeo original da partida não foi encontrado.

Áudio do vídeo é compartilhado em postagens do TikTok

O áudio do vídeo em que torcedores do Flamengo supostamente xingam Lula de ladrão já foi compartilhado em mais de 100 outros vídeos no TikTok desde 19 de outubro. A publicação original foi feita por um usuário da plataforma, identificado como Leandro Melo, e diz respeito a um trecho de um evento organizado pelo prefeito da cidade de São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, Capitão Nelson (PL), com apoio do seu filho, Douglas Ruas (PL), segundo deputado estadual mais votado no estado. O ato aconteceu em 18 de outubro e contou com a presença de Bolsonaro e do governador reeleito do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).

| No TikTok, o áudio com xingamentos contra Lula já foi inserido em mais de 100 vídeos.

Na postagem verificada, é possível ver um círculo rodando no canto inferior direito. O símbolo mostra quem postou o áudio originalmente e utiliza a foto do perfil responsável pela gravação. É possível ver outras postagens que usaram a mesma gravação ao clicar sobre o ícone.

| Marcação indicando que o áudio foi utilizado em outro vídeo.

No vídeo original, postado um dia após a realização do comício, é possível identificar o momento em que eleitores do candidato à reeleição entoam o grito de guerra com ataques a Lula ao avistarem um helicóptero que sobrevoa o evento político. Observa-se no trecho que as autoridades políticas estão no palco.

| Print do vídeo original publicado no TikTok dia 19 de outubro.

| Prints de publicação feita pelo Poder360, nos quais é possível confirmar elementos da estrutura, banner e roupas utilizadas por Bolsonaro e por Cláudio Castro no comício realizado em São Gonçalo.

Montagem com torcida do Flamengo é posterior ao vídeo do comício

A equipe do Comprova usou diversas ferramentas para tentar identificar a gravação original do vídeo, mas sem sucesso. No entanto, detalhes como as camisas do Flamengo das temporadas de 2013 e 2014, usadas por boa parte dos torcedores, e as instalações físicas do estádio, reformado para Copa do Mundo de 2014, dão indícios de que as imagens são posteriores a 2013.

| Torcedor com suposta camisa de treino laranja da temporada de 2014.

| Torcedor usando a camisa com patrocínio da marca Peugeot nas costas. O logo da fabricante de automóveis foi utilizado pelo Flamengo durante o ano de 2014.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos sobre a pandemia, políticas públicas do governo federal e as eleições. Publicações falsas ou enganosas envolvendo candidatos à presidência, como a peça aqui verificada, podem induzir a interpretações equivocadas sobre a realidade e influenciar eleitores no momento da votação. Há considerável volume da veiculação de vídeos distorcidos, que tentam influenciar de forma falsa os eleitores. Os cidadãos têm direito de basear suas escolhas em informações verdadeiras e confiáveis.

Outras checagens sobre o tema: Investigações recentes do Comprova confirmaram que trecho que entrevista de Lula foi retirado de contexto para sugerir desprezo aos mais pobres, que o ator e humorista Marcelo Madureira não é autor de texto com críticas a Lula e que vídeo engana ao sugerir que Lula forçou beijo em comício.

Eleições

Investigado por: 2022-10-27

É falso que Lula estivesse sem segurança em ato de campanha no Complexo do Alemão

  • Falso
Falso
É falso o vídeo que sugere relações do ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com facção do tráfico de drogas do Rio de Janeiro por ele ter feito, sem segurança, uma caminhada no Complexo do Alemão, em uma região à qual a polícia não teria acesso. O evento, no entanto, contou com a Polícia Federal, Polícia Militar do Rio de Janeiro e Guarda Municipal.

Conteúdo investigado: Em vídeo, o deputado federal eleito por Goiás Gustavo Gayer (PL) diz que o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou caminhada no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em um local em que a polícia não pode entrar. O autor afirma que o ex-presidente estava sem segurança no território dominado pelo Comando Vermelho e que a facção criminosa estaria obrigando o voto dos moradores em Lula.

Onde foi publicado: O vídeo foi publicado na rede social Gettr, fundada por Jason Miller, ex-assessor do ex-presidente americano Donald Trump, e no YouTube.

Conclusão do Comprova: É falso o vídeo publicado pelo deputado federal eleito Gustavo Gayer (PL-GO) que sugere relações do ex-presidente e candidato Lula com facção do tráfico de drogas no Rio de Janeiro. O autor afirma que o petista realizou, sem segurança, caminhada no Complexo do Alemão em uma região que a polícia não tem acesso. “Ele é recebido, autorizado a entrar numa área que nenhum cidadão de bem pudesse jamais cogitar essa hipótese”, afirma no vídeo.

O evento, no entanto, contou com a presença de agentes da Polícia Federal, Polícia Militar do Rio de Janeiro e Guarda Municipal. No complexo de favelas da Zona Norte do Rio há quatro Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). A região e a via na qual transcorreu a caminhada são, inclusive, palco de ações e operações policiais cotidianamente.

Tampouco há registro, por parte das autoridades responsáveis, de coação eleitoral por parte de traficantes no Complexo do Alemão. O Ministério Público Eleitoral e o Ministério Público do Rio de Janeiro afirmam que não há denúncia neste sentido.

Falso, para o Comprova é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. No YouTube, o vídeo investigado alcançou 129.269 visualizações, 36 mil curtidas e 2.138 comentários até 26 de outubro de 2022. No GETTR, a mídia teve 444 curtidas e 67 compartilhamentos até a mesma data.

O que diz o responsável pela publicação: O Comprova tentou entrar em contato com o autor do vídeo através de e-mail, mas não houve retorno até a publicação desta verificação.

Como verificamos: Por meio de pesquisa no Google, confirmamos que a caminhada realizada pela campanha do ex-presidente Lula no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, aconteceu no feriado do dia 12 de outubro. O aviso de pauta da campanha marcava o ato para as 10h daquele dia.

Confirmamos a área em que ocorreu a caminhada com lideranças, como Renê Silva, fundador do jornal Voz das Comunidades, e com o aviso de pauta à imprensa enviado aos veículos de comunicação e publicado no site da campanha. Para saber se a polícia tinha acesso à área, pesquisamos no Twitter da Polícia Militar do Rio de Janeiro, em que a divulgação de ações são frequentes, e encontramos registro de ação no local.

Verificamos com o assessor da Polícia Militar por ‘WhatsApp’ quais Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) atuam no complexo de favelas. Utilizamos o Google Maps para calcular a distância entre a sede da UPP Alemão e a Estrada do Itararé, onde ocorreu a caminhada.

Pedimos à plataforma Fogo Cruzado o número de ações policiais realizadas no Complexo do Alemão neste ano até o dia 21 de outubro.

Para apurar quais órgãos atuaram na segurança do evento, mandamos email para a campanha do presidenciável do PT, para a Polícia Militar e para o Governo do Estado do Rio. Nenhum deles respondeu. Procurada, a Guarda Municipal informou que participou do ordenamento do trânsito. A Polícia Federal afirmou que não divulga informações sobre segurança de autoridades.

Na transmissão da caminhada no canal do candidato, foi possível identificar a presença de uma viatura da PM. O vídeo da caminhada publicado pela campanha de Lula foi retirado do ar posteriormente.

Entrevistamos o coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI-UFF), Daniel Hirata, sobre a influência da facção criminosa Comando Vermelho na área.

Para verificar as imagens que foram exibidas pelo influenciador bolsonarista, salvamos um print do vídeo e fizemos uma busca no aplicativo Invid. A plataforma mostrou outras publicações do mesmo vídeo do dia 12 de outubro.

No vídeo exibido por Gayer, uma mulher afirma que trabalha na secretaria de Serviços Públicos e que teria sido obrigada pelo secretário Christiano a participar do comício. Verificamos que o nome coincidia com o do secretário Christiano Miranda Pontes, de Belford Roxo. Pedimos à Prefeitura do município da Baixada Fluminense esclarecimentos sobre o conteúdo.

Para apurar se traficantes estariam obrigando as pessoas a votarem no Lula, questionamos os Ministérios Público do Rio e Eleitoral, além da Polícia Civil do estado.

Lula fez caminhada no Complexo do Alemão

O ex-presidente Lula fez uma caminhada no Complexo do Alemão no feriado de 12 de outubro deste ano. A última vez que o petista esteve no complexo de favelas foi em 2008, na inauguração das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) na comunidade, quando ele era presidente. A caminhada, marcada para as 10h encerrou-se no início da tarde, entre 13h e 13h30, conforme a cobertura da imprensa.

Polícia tem acesso à área da caminhada

A caminhada aconteceu na Estrada do Itararé, no Complexo do Alemão. Segundo Renê Silva, fundador do jornal Voz das Comunidades, que participou da organização do evento, a caminhada iniciou na Estrada do Itararé, na esquina da Rua Engenheiro Efren Dantas e seguiu um percurso de 750 metros, terminando na esquina da Rua Paranhos.

| ARTE: David Michelson/Comprova

A Polícia Militar tem acesso ao local. Verificamos uma publicação no Twitter da Polícia Militar do Rio de Janeiro que mostra um patrulhamento da área. “Policiais da #UPP #Alemão estão presentes na Estrada do Itararé, no Complexo do Alemão”, diz o tuíte do dia 22 de julho deste ano.

O Complexo do Alemão também conta com quatro Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs): Fazendinha, Nova Brasília, Alemão e Adeus/Baiana.

A sede da UPP Alemão fica a 500 metros a pé da Estrada Itararé (mapa abaixo), onde transcorreu a caminhada. A unidade fica em frente à estação do Teleférico do Alemão.

Órgãos de segurança participaram do evento

O UOL Confere apurou que 30 policiais federais reforçaram a segurança do candidato à presidência no evento. O homem que aparece atrás de Lula no carro de som (foto abaixo) é o delegado da PF Alexsander Castro Oliveira. Ele é o chefe operacional da segurança do ex-presidente durante a campanha. O delegado da PF Andrei Augusto Passos Rodrigues também estava no carro. Ele é o coordenador da segurança do petista.

Aqui vale destacar que a segurança pessoal exercida por agentes da Polícia Federal é direito dos candidatos à Presidência da República, segundo o art. 10 do Decreto nº 6.381, de 27 de fevereiro de 2008. Além disso, verificamos por meio do vídeo de transmissão da caminhada que pelo menos uma equipe da Polícia Militar esteve presente no ato. Na transmissão da caminhada realizada pela campanha do petista é possível visualizar uma viatura da Polícia Militar do Rio no evento, circulada em branco na imagem abaixo. O vídeo da caminhada foi retirado do ar. Questionamos a campanha do ex-presidente Lula e a Justiça Eleitoral sobre o motivo da retirada do vídeo, mas não obtivemos retorno até a publicação deste texto.

| Viatura da PM aparece em transmissão da caminhada de Lula no Complexo do Alemão

O UOL Confere também identificou uma viatura em uma fotografia feita na cobertura do comício pela fotojornalista Érica Martins, do Estadão.

A Guarda Municipal do Rio atuou no evento com foco exclusivo no trânsito. Foram empregados 19 guardas municipais da Subdiretoria Técnica de Trânsito para operar os bloqueios viários já estabelecidos e também atuar no monitoramento do trânsito em geral. 

A campanha de Lula não retornou sobre o esquema de segurança do petista no ato. A Polícia Federal afirmou que não divulga informações ou dados operacionais, em especial relacionados à segurança de autoridades. A Polícia Militar e o Governo do Estado do Rio de Janeiro não responderam os pedidos de informação da reportagem sobre o policiamento no dia da caminhada.

Comando Vermelho atua no Complexo do Alemão

Segundo o Mapa dos Grupos Armados no Rio de Janeiro, do Geni-UFF, a facção criminosa Comando Vermelho atua no Complexo do Alemão. A região tem quatro UPPs e é alvo frequente de operações policiais.

Localizado na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, na Serra da Misericórdia, subúrbio da Leopoldina, o Complexo do Alemão é um bairro criado em 1993 pela lei nº 2055. Ele faz limite com os bairros de Olaria, Ramos, Bonsucesso, Inhaúma e Higienópolis. Os dados do último Censo, de 2010, apontam uma população de aproximadamente 70 mil habitantes.

Hoje, o complexo é formado pelas comunidades de Nova Brasília, Reservatório de Ramos, Parque Alvorada, Morro das Palmeiras, Casinhas, Fazendinha, Canita, Pedra do Sapo, Mineiros, Morro do Adeus, Morro da Baiana, Matinha, Grota (ou Joaquim Queiroz) e Morro do Alemão. Esta última localidade emprestou seu nome ao complexo, muito embora o personagem que inspirou a alcunha fosse, na verdade, polonês, como narra a MultiRio (Empresa Municipal de Multimeios, vinculada à Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura do Rio de Janeiro), no texto “A história do jovem bairro do Complexo do Alemão”, de 2015, da série Bairros cariocas.

| ARTE: David Michelson/Comprova

O coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI-UFF) Daniel Hirata destaca que não apenas os grupos armados definem quem entra ou não numa favela.

“Lula foi convidado por moradores, associações, lideranças. Há outras formas de dignidade e de pertencimento para além do tráfico. Há muitos grupos de assistência que atuam no Alemão e uma cena importante de movimentos e organizações. Foram essas pessoas que convidaram Lula para estar ali e me parece um sinal de que há vida ali para além do tráfico de drogas. Muitas outras coisas que não apenas o tráfico acontecem nas favelas do Rio”, diz o professor de sociologia.

A MultiRio lembra ainda que, segundo informações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal, a ocupação do bairro pelo tráfico de drogas e de armas ocorreu no início dos anos 1990.

Imagens noturnas contrariam período do evento

No vídeo, Gustavo Gayer exibe imagens de pessoas com adesivos de campanha de Lula e em atos do presidente. Elas dizem que foram obrigadas a participar da manifestação. Como as imagens aparecem desfocadas e os rostos escondidos, o Comprova não conseguiu confirmar se os áudios são de fato dessas pessoas. Além disso, as cenas foram gravadas à noite enquanto a caminhada de Lula no Complexo do Alemão foi realizada pela manhã.

Outras contas no Twitter e no TikTok que publicaram as mesmas imagens no dia 12 de outubro afirmaram tratar-se de ato do candidato em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, realizado na noite da véspera do feriado de Nossa Senhora Aparecida.

Uma das mulheres que aparece no vídeo diz que trabalha na Secretaria de Serviços Públicos do secretário Christiano Miranda Pontes, de Belford Roxo, que teria obrigado os funcionários a participar do comício. 

A Prefeitura de Belford Roxo afirmou que desconhece a informação e disse que não é prática da administração municipal adotar este tipo de conduta, pois entende que o país é democrático e a pessoa tem o direito de escolher o seu candidato livremente. 

Não há denúncias sobre coação eleitoral

O Comprova também não encontrou nos órgãos oficiais denúncias de coação eleitoral por parte de traficantes no Complexo do Alemão. A Procuradoria Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (PRE/RJ) informou que não houve registro de nenhum incidente na região e a Ouvidoria do Ministério Público do Rio de Janeiro não recebeu nenhuma denúncia nesse sentido.

A Polícia Civil, por sua vez, não respondeu ao Comprova.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre as eleições presidenciais, políticas públicas do governo federal e a pandemia. A equipe tem como foco as publicações virais, que tiveram grande alcance nas redes sociais e podem confundir a população. No contexto das eleições no Brasil, muitos conteúdos estão sendo divulgados com o objetivo de tumultuar o processo. A propagação de desinformação impede que o eleitor tome sua decisão com base em informações verdadeiras.

Outras checagens sobre o tema: Recentemente o Estadão Verifica desmentiu que traficantes ameaçaram eleitores para votarem em Lula na Rocinha, assim como o Aos Fatos. O Comprova já mostrou que a sigla “CPX”, em boné usado por Lula, significa complexo (conjunto de favelas) e não tem relação com facção criminosa, e checou também que um vídeo afirmando que Lula chamou apoiadores de vagabundos e traficantes é falso.

Eleições

Investigado por: 2022-10-26

É falso que aplicativo do TSE não permita denúncias contra o PT; eleitor deve selecionar federação partidária

  • Falso
Falso
É falso que o aplicativo de disque-denúncia do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para eleições, o Pardal, não aceite queixas contra o Partido dos Trabalhadores (PT). A ferramenta acata denúncias contra a legenda, mas, como ela compõe uma federação partidária com outras siglas, é preciso denunciar a federação em si, no caso, a Brasil da Esperança, que também inclui o Partido Comunista do Brasil (PC do B) e o Partido Verde (PV). O PL, do presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, pode ser denunciado como partido, visto que não integra nenhuma federação.

Conteúdo investigado: Tuíte alegando que o aplicativo de disque-denúncia do TSE, o Pardal, não aceita queixas contra o PT. A postagem inclui um vídeo de uma tentativa fracassada de denunciar a sigla.

Onde foi publicado: Twitter.

Conclusão do Comprova: É falso que o aplicativo de disque-denúncia do TSE para eleições, o Pardal, não aceite queixas contra o PT. Ele acata denúncias contra a legenda, mas, como ela compõe uma federação partidária com outras siglas, é preciso denunciar a federação em si, no caso, a Brasil da Esperança, que também inclui o Partido Comunista do Brasil (PC do B) e o Partido Verde (PV).

A mesma regra se aplica a todos os outros partidos federados, que são siglas unidas em uma eleição e durante os quatro anos posteriores. Atualmente, as únicas outras duas federações existentes envolvem PSDB e Cidadania, sob o nome Federação PSDB Cidadania, e PSOL e Rede Sustentabilidade, como Federação PSOL REDE.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o final da manhã de 26 de outubro, o tuíte investigado havia sido retuitado mais de 3 mil vezes e tinha mais de 6,1 mil curtidas e 52,4 mil visualizações.

O que diz o responsável pela publicação: O Comprova tentou entrar em contato com o autor do tuíte verificado por mensagem direta no Twitter, mas não houve retorno até a publicação desta checagem.

Como verificamos: Pesquisamos, no Google, por páginas que contivessem as palavras-chave “Pardal”, “denúncias”, “PT” e “TSE”. Obtivemos como resposta publicações do próprio TSE, da agência de checagem de fatos Lupa e dos sites de notícias O Antagonista e Yahoo News, que desmentem o conteúdo verificado. Depois, encontramos artigo da agência de checagem AFP Checamos sobre o tema. O Comprova também baixou o Pardal para testar o sistema de denúncia do aplicativo.

Pardal aceita, sim, denúncia contra o PT

Partidos federados, como é o caso do PT, não podem ser denunciados individualmente no Pardal. Perceba que o aplicativo também não permite protocolar queixa contra o PSDB, outra legenda federada.

| Ao tentar buscar o PSDB como partido para denunciar, o Pardal não reconhece a sigla também, porque, assim como o PT, ela compõe federação partidária

Para denunciar o PT, o PSDB ou qualquer outro partido federado, é preciso selecionar, como “objeto da denúncia”, a opção “Federação”, e não “Partido”. Também é possível denunciar um candidato específico ou uma coligação, que é um grupo de partidos aliados para apenas a disputa das eleições.

| Menu do Pardal na etapa do processo de protocolar queixa na qual o usuário nomeia o partido, coligação, candidato ou federação denunciado

Escolhida a opção “Federação”, o usuário poderá informar qual grupo partidário será denunciado. O Pardal, então, apresenta automaticamente como opções disponíveis as três federações partidárias existentes nas eleições de 2022: Brasil da Esperança; PSDB Cidadania; e PSOL REDE.

| Menu do Pardal com denúncia contra a Federação Brasil da Esperança, que representa o PT e os outros dois partidos que a integram, o PC do B e o PV

O PL, do presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, pode ser denunciado como partido, visto que não integra nenhuma federação.

Para mais informações sobre como denunciar potenciais irregularidades nas eleições deste ano, o eleitor pode acessar a página no site oficial do TSE com instruções de uso do Pardal.

O que são federações partidárias

As federações partidárias são um tipo de aliança política, assim como as coligações. Mas, enquanto as coligações duram apenas pela disputa de uma eleição, os partidos federados ficam também ligados por, pelo menos, os quatro anos da legislatura decorrente.

Partidos federados agem como uma única bancada no Congresso durante esse período, assim aumentando a expressão das siglas aliadas. Em específico, uma das principais vantagens das federações é permitir que siglas menores superem a cláusula de barreira sem a necessidade de se fundir.

Também conhecida como cláusula de desempenho, essa regra restringe o acesso a fundo partidário e propaganda gratuita com base em limite mínimo de porcentagem de votos válidos ou número de deputados federais eleitos.

Estas são as primeiras eleições com federações partidárias, visto que elas foram regulamentadas apenas em setembro de 2021, pela Lei nº 14.208. A data limite para registro de federações nestas eleições foi 31 de maio.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre as eleições presidenciais, a realização de obras públicas e a pandemia. A equipe tem como foco as publicações virais, que tiveram grande alcance nas redes sociais e podem confundir a população. No contexto das eleições no Brasil, muitos conteúdos estão sendo divulgados com o objetivo de tumultuar o processo, pois podem enganar os eleitores brasileiros sobre a integridade da Justiça Eleitoral.

Outras checagens sobre o tema: A peça de desinformação verificada já foi desmentida pelo TSE em setembro e, nesta semana, pelas agências de checagem de fatos Lupa e AFP Checamos, e pelos sites de notícias O Antagonista e Yahoo News. Sobre publicações envolvendo denúncias no processo eleitoral, o Comprova já mostrou que o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, não disse que vai mandar prender eleitor que reclamar das urnas, que queixas sobre urnas devem ser registradas com o presidente da mesa, não em aplicativo do TSE e que vídeo faz apologia ao crime ao incentivar os eleitores a escreverem o próprio voto no caderno de assinaturas da seção eleitoral.

Eleições

Investigado por: 2022-10-25

Tuíte atribuído a Xuxa é falso e policial federal ferida por Roberto Jefferson não estava grávida

  • Falso
Falso
É falso que a policial federal Karina Lino Miranda de Oliveira estava grávida e perdeu o filho após ser atingida por uma granada atirada pelo ex-presidente do PTB e ex-deputado federal Roberto Jefferson. Um tuíte atribuído à apresentadora Xuxa Meneghel sobre o caso também é falso, de acordo com apuração do Comprova e informações fornecidas pela assessoria da artista à reportagem. Karina não estava grávida e teve ferimentos leves por estilhaços de vidro do para-brisa da viatura, atingido pelo explosivo no último dia 23 de outubro.

Conteúdo investigado: Uma publicação no Facebook mostra um suposto tuíte atribuído à apresentadora Xuxa, no qual ela teria prestado solidariedade a uma policial federal ferida durante operação para a prisão do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB). Segundo a peça de desinformação, a agente de segurança estaria grávida e teria perdido o bebê após o conflito com o ex-parlamentar. “Até quando, irmão evangélicos (sic), vai continuar insistindo em seguir um governo desumano desses. Romanos 1:32 não somente que faz, mas também quem consente”, escreve o perfil que fez a postagem no Facebook.

Onde foi publicado: Facebook e Instagram.

Conclusão do Comprova: É falso que a policial federal Karina Lino Miranda de Oliveira estava grávida e perdeu o filho após ser atingida por uma granada atirada pelo ex-presidente do PTB e ex-deputado federal Roberto Jefferson. A Polícia Federal (PF) negou que a policial estivesse grávida. Karina de fato fazia parte da equipe da PF que foi atacada por Roberto Jefferson, mas ela teve apenas ferimentos leves.

Também é falso que a apresentadora Xuxa Meneghel tenha publicado um tuíte alegando que a agente de segurança teria perdido o suposto bebê em decorrência das ações do ex-parlamentar que resistiu à prisão. Uma busca avançada no perfil de Xuxa no Twitter não mostra resultados para as expressões utilizadas na peça alvo da checagem. Ao Comprova, a assessoria de imprensa da artista negou que ela tenha publicado tal conteúdo.

A postagem já recebeu do Facebook o selo de “informação falsa”, com base em checagens feitas por verificadores independentes, mas a publicação continua acessível na plataforma. O Facebook recomendou ainda aos usuários que acessem o site da Justiça Eleitoral para encontrar informações oficiais sobre as eleições de 2022 e disponibilizou link para o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Falso para o Comprova é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: No Facebook, a peça alvo da checagem tinha 620 reações, 572 comentários e 623 compartilhamentos até o dia 25 de outubro de 2022.

O que diz o responsável pela publicação: O Comprova enviou mensagem ao perfil que publicou o tuíte falso de Xuxa, mas não obteve resposta até a publicação deste material.

Como verificamos: O Comprova entrou em contato com fontes oficiais da Polícia Federal tanto do Rio de Janeiro, quanto de Brasília, para checar a informação de que a policial federal Karina de Oliveira estava na viatura atacada por Roberto Jefferson. Durante o contato, também checamos se a agente estava grávida, o que foi negado pelo órgão. Depois, entramos em contato com a assessoria de imprensa de Xuxa.

Xuxa não fez postagem sobre o caso

Em seu perfil no Twitter, a última atualização feita pela apresentadora foi no dia 18 de outubro, ou seja, quase uma semana antes do ocorrido, no dia 23 de outubro.

A equipe da apresentadora confirmou que a mensagem não foi publicada originalmente no perfil de Xuxa. “Fake. Xuxa não fez esse post”, foi a resposta enviada ao Comprova.

Além disso, a foto do perfil do Twitter atribuído a Xuxa, utilizada na montagem que está sendo compartilhada, não condiz com a atual foto utilizada pela apresentadora no seu perfil na rede social.

PF nega que policial ferida estivesse grávida

Karina de Oliveira não estava grávida, logo, não perdeu nenhum filho por conta dos ferimentos. A informação não consta em nenhum boletim de ocorrência e foi negada por fontes oficiais da PF.

A agente foi ferida na cabeça e em outras partes do corpo por estilhaços de vidro do para-brisa, que foi atingido por uma granada lançada por Roberto Jefferson, segundo a PF. Karina foi prontamente atendida e teve ferimentos leves. Ela foi levada para um hospital da região e recebeu alta no mesmo dia.

Roberto Jefferson é indiciado por tentativas de homicídio

Karina não foi a única a ser ferida no episódio. O delegado federal Marcelo Vilella também estava na viatura e foi atingido por estilhaços. O policial teve ferimentos sem gravidade e recebeu atendimento no mesmo hospital que Karina.

Roberto Jefferson foi indiciado por quatro tentativas de homicídio, duas pelo ataque aos policiais Karina e Marcelo e outras duas relacionadas a agentes que estavam numa viatura, mas que não chegaram a ser atingidos.

O caso aconteceu no dia 23 de outubro, em Levy Gasparian, município que fica no interior do estado do Rio de Janeiro, onde mora Jefferson. Agentes da PF foram até a residência do político para cumprir ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e foram atacados pelo ex-deputado com granadas e um fuzil.

Jefferson se entregou depois de oito horas de descumprimento da decisão do STF. De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP), ele teve a prisão mantida nesta segunda-feira (24), por determinação da Justiça, e foi levado para o Presídio Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8), no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste.

O ex-deputadoé investigado no inquérito que apura atividades de uma organização criminosa (milícia digital) que teria agido com o intuito de provocar um atentadocontra o Estado Democrático de Direito. Jeffersonvinha cumprindo prisão domiciliar e estava proibido de usar as redes sociais. No entanto, na última semana, ele apareceu em um vídeo nas redes proferindo xingamentos contra a ministra do STF Cármen Lúcia, reclamando de uma decisão judicial tomada por ela.

Autora da postagem é advogada e filiada ao PT

Maria Aparecida Vieira de Lima tem 52 anos e nasceu em Inajá, Pernambuco. É advogada inscrita na subseção da OAB da cidade de Santo André, na Grande São Paulo. Em seu perfil no Instagram, consta que possui PhD em Teologia, Pós-graduação em Direito Constitucional, em Direito Eleitoral e Prática Previdenciária. Tem aulas online gravadas sobre religião e política. Nas eleições municipais de 2020, a advogada concorreu pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para o cargo de vereadora da cidade de Santo André, utilizando o nome de Pastora Maria Aparecida.

De acordo com a Justiça Eleitoral, Maria Aparecida é filiada ao PT desde 2018.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos sobre a pandemia, políticas públicas do governo federal e as eleições presidenciais. Publicações falsas ou enganosas envolvendo candidatos à Presidência, como a peça aqui verificada, podem induzir a interpretações equivocadas sobre a realidade e influenciar eleitores no momento da votação. Os cidadãos têm direito de basear suas escolhas em informações verdadeiras e confiáveis.

Outras checagens sobre o tema: Em checagem recente o Boatos.org desmentiu que a policial federal atingida na ocasião estivesse grávida, assim como o portal G1. A agência Reuters também já confirmou que a postagem que está sendo compartilhada não foi feita por Xuxa. O Comprova já mostrou ser montagem um tuíte atribuído a Jair Bolsonaro (PL) com menção de acabar com o feriado de Nossa Senhora Aparecida, que é falso que Lula tenha defendido o uso de mentiras na política e que sinal de “L” feito por traficantes não é referência ao petista e, sim, saudação de facção que atua no Rio de Janeiro.

Eleições

Investigado por: 2022-10-25

É falsa a mensagem que atribui a Arthur Lira condução de romeiros a Juazeiro para gerar abstenção no 2º turno

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É falsa a mensagem que circula no WhatsApp segundo a qual o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), estaria usando verba do orçamento secreto para levar romeiros a Juazeiro do Norte, no Ceará, para uma estadia de 28 de outubro a 2 de novembro em busca de gerar abstenção no 2º turno das eleições. Não há evidências da ocorrência do crime eleitoral (até o momento, não há denúncias no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no Ministério Público Eleitoral ou mesmo qualquer veiculação de matéria nos meios de comunicação); o deputado classifica a publicação como “fake news”; e a professora citada na mensagem nega ser a autora do conteúdo verificado.

Conteúdo investigado: Texto atribuído à ex-reitora da Universidade Federal de Alagoas Ana Dayse (UFAL), em que ela teria afirmado que o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) estaria usando verba do orçamento secreto para levar romeiros a Juazeiro Norte, no Ceará. A estadia seria de 28 de outubro a 02 de novembro – coincidindo com a data do segundo turno da eleição presidencial. Segundo a mensagem, a romaria evitaria o comparecimento de eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) às urnas.

Onde foi publicado: WhatsApp.

Conclusão do Comprova: É falsa a mensagem que circula no WhatsApp na qual consta que o deputado federal e presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), estaria usando verba do orçamento secreto para levar romeiros de cidades do Nordeste a Juazeiro do Norte – município símbolo de devoção ao Padre Cícero, no Ceará –, para uma estadia de 28 de outubro a 2 de novembro em busca de gerar uma possível abstenção no 2º das eleições, que ocorrerá dia 30 de outubro.

A mensagem indica que as pessoas transportadas nas caravanas seriam “na grande maioria eleitores do Lula”, candidato do PT à Presidência da República. Lira é aliado do candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). Conforme apurado pelo Comprova, não há evidências da ocorrência do crime eleitoral – até o momento, não há denúncias no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nem no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), sobre o assunto, tampouco no Ministério Público Eleitoral (MPE) no estado. Também não há, até agora, veiculação de reportagens sobre o caso.

Consultada pelo Comprova, a assessoria do deputado informou que classifica a publicação como “mais uma fake news”. A professora citada como a suposta autora da mensagem, a ex-reitora da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Ana Dayse, nega que tenha produzido o conteúdo inverídico.

Falso, para o Comprova, é todo conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O conteúdo circula no aplicativo de troca de mensagens WhatsApp, com a anotação “encaminhada com frequência”, sinalização que indica a viralização do conteúdo.

O que diz o responsável pela publicação: O conteúdo circula no aplicativo de troca de mensagens WhatsApp, não sendo possível localizar o responsável pela publicação.

Como verificamos: Iniciamos a verificação buscando no Google pelas palavras “Arthur Lira”, “romeiros”, “juazeiro”, que retornou conteúdos já apurados pelo UOL, Boatos.org, além de uma reportagem do site Tribuna Hoje, a respeito de nota em que a Academia Alagoana de Educação (Acale) repudia veiculação de mensagem falsa de cunho político envolvendo a presidente da entidade.

Também procuramos a Universidade Federal de Alagoas – na qual a professora Ana Dayse é reitora honorária –, o Ministério Público Eleitoral no Ceará, o TSE, a Acale e a Prefeitura de Juazeiro do Norte.

O Comprova buscou, ainda, contato com a assessoria de imprensa do deputado Arthur Lira e falou, por WhatsApp, com a professora Ana Dayse – citada no conteúdo de desinformação.

Romarias em Juazeiro do Norte (CE)

O conteúdo enganoso afirma que há “verdadeiras caravanas com ônibus repletos partindo de diversas cidades e estados nordestinos, para que esses eleitores estejam no Ceará e não votem. São pessoas simples e devotas do Padim Pe. Cícero, na grande maioria eleitores do Lula”.

A cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará, de fato, é marcada pelo turismo religioso, sendo um município símbolo de devoção ao padre Cícero Romão Batista. O calendário oficial de eventos do município registra 10 romarias. A mais movimentada é a Romaria de Finados, que ocorre de 29 de outubro a 2 de novembro.

Em 2022, a programação divulgada pela Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores confirma que o evento acontecerá nesta data, mas devido ao 2º turno das eleições, nos dias 29 e 30 de outubro a programação encerrará mais cedo.

A Prefeitura de Juazeiro do Norte informou ao Comprova que, baseada nas últimas romarias, a estimativa é de que 400 mil fiéis devem passar pela cidade na Romaria de Finados. A gestão também foi questionada se, em algum momento, devido à ocorrência do 2º turno das eleições no dia 30, foi cogitado antecipar ou adiar o evento religioso e respondeu que não houve proposta alguma de mudança de data.

Em nota, a Prefeitura afirmou que “a programação da Romaria é da Igreja e já existe um calendário”, cabendo ao município auxiliar nos serviços de apoio e acrescentou: “acreditamos que um número elevado de romeiros estarão exercendo seu papel de cidadania no domingo e virão depois da votação. Assim como alguns já estão vindo e retornarão antes das eleições, ou seja, pode acontecer de no domingo de eleição, o número de fiéis não ser como nos anos anteriores”.

Em 2018, o 2º turno das eleições ocorreu no dia 28 de outubro e a programação da Romaria dos Finados teve início no dia 29 de outubro, seguindo até o dia 2 de novembro.

A mensagem indica que Lira, para levar os romeiros a Juazeiro do Norte, estaria usando o dinheiro do orçamento secreto, nome dado às emendas de relator, mecanismo criado em 2019 e implementado em 2020, que permite que deputados e senadores façam o requerimento de verba da União sem detalhes como identificação ou destinação dos recursos.

No orçamento secreto, os nomes dos parlamentares beneficiados não aparecem no sistema, somente o nome do relator do orçamento, por isso a expressão “secreto”. Em novembro de 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a suspender os repasses. No fim do ano passado, o Supremo liberou o pagamento das emendas, depois que o Congresso aprovou novas regras de transparência, e deu prazo de 90 dias para que o sistema de monitoramento (com individualização, detalhamento e motivação das indicações) fosse instituído. Ainda assim, o dispositivo é criticado já que, por meio dele, o presidente da República pode negociar com as bancadas do Congresso Nacional em busca de apoio político. Recentemente, o Comprova fez um conteúdo explicativo a respeito do tema.

Lira é um dos defensores do orçamento secreto. Em pronunciamentos públicos, o deputado já argumentou que é um erro chamá-lo de “secreto” e, segundo ele, é um orçamento municipalista. Em maio de 2022, matéria do Portal Metrópoles apontou que Lira indicou ao menos R$ 357,477 milhões em emendas parlamentares via orçamento secreto nos últimos dois anos. O montante, diz a reportagem, foi destinado a cidades de Alagoas, estado natal de Lira.

Não há registro de denúncias na Justiça Eleitoral

O Comprova entrou em contato com o TSE e questionou se a Justiça Eleitoral tem conhecimento do suposto caso mencionado na mensagem. O Tribunal esclareceu inicialmente que o Código Eleitoral prevê que “promover concentração de eleitores no dia da eleição com a finalidade de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto é crime eleitoral” e a penalidade pode chegar a até seis anos de reclusão.

Mas, no que diz respeito ao caso concreto, explicou o órgão, se houver alguma denúncia ela tramita primeiro no TRE de cada localidade. Na situação específica seria no Tribunal Regional do Ceará. Conforme o TSE, até a noite de sexta-feira, 21 de outubro, o TRE-CE informou que “a comissão de fiscalização da propaganda da corte regional não recebeu nenhuma denúncia sobre o caso”.

O Ministério Público Eleitoral no Ceará também foi consultado pelo Comprova e informou, via e-mail, que até o início da tarde de segunda-feira, 24 de outubro, “não há procedimento instaurado sobre o referido caso”.

Ex-reitora da UFAL nega autoria de mensagem

Na publicação verificada consta que a mensagem teria sido “encaminhada pela ex-reitora da Universidade Federal de Alagoas, professora Ana Dayse”. Em contato com o Comprova, Ana Dayse Rezende Dórea garante que a publicação “é fake” e ela não é autora do texto.

Ana Dayse, conforme consta no site da UFAL, é reitora honorária da instituição (título que confere honraria a ex-reitores, mas, na prática, não implica em qualquer prestação de serviço ou remuneração por isso). Ela foi professora adjunta da universidade e exerceu o cargo de reitora em duas gestões, de 2003 a 2007, e de 2007 a 2011.

Em 2021, Ana Dayse foi eleita presidente da Academia Alagoana de Educação (Acale) para o biênio 2022-2023. Na quinta-feira, 22 de outubro de 2022, a Acale divulgou uma nota na qual repudia a informação de que Ana Dayse “teria postado na mídia social um comentário em relação a determinado político de Alagoas, divulgada em 20.10.2022, via WhatsApp”.

A nota indica repúdio “à prática de divulgação de notícias falsas, assim como de informações mentirosas que possam desabonar a conduta ética, profissional e cidadã da presidente da Acale”.

O documento ressalta ainda que Ana Dayse “tem um lastro de seriedade e reconhecimento público em todo o Estado de Alagoas, com meritório trabalho em prol da educação, nacionalmente aplaudido”.

Camilo Santana não é mais governador

A mensagem que circula no WhatsApp diz ainda que “temos que apelar para que o governador Camilo Santana intervenha e adie a data. Senão teremos uma enorme abstenção”. Citado na publicação, Camilo Santana (PT) não é mais governador do Ceará desde abril de 2022. Ele governou o Estado por dois mandatos, de 1º de janeiro de 2015 até 2 de abril de 2022. Nesta data, deixou o cargo – como estipula a legislação eleitoral – para concorrer ao Senado Federal.

Na eleição de 2 de outubro, foi eleito senador pelo Ceará, com 2.831.810 votos (68,68% dos válidos). O Ceará hoje é governado por Izolda Cela (sem partido), eleita como vice de Santana em 2014.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre a pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. Publicações enganosas que guardam alguma relação com candidatos à presidência podem prejudicar o processo eleitoral, induzir a interpretações equivocadas da realidade e influenciar eleitores no momento da votação. Os cidadãos têm direito de basear suas escolhas em informações verdadeiras e confiáveis.

Outras checagens sobre o tema: O conteúdo analisado nesta verificação foi checado também por Boatos.org e UOL Confere, que classificaram a mensagem como falsa.

O Comprova tem desmentido frequentemente conteúdos que guardam relação com os presidenciáveis que concorrem neste segundo turno das eleições. Recentemente, mostrou que Marcelo Madureira não é autor de texto com críticas a Lula, que vídeo mente ao insinuar que protesto em Recife teria sido convocado por Lula e que é enganoso que Paulo Guedes anunciou redução em aposentadorias e outros benefícios do INSS.