- Conteúdo verificado: Publicação no site Tribuna Nacional diz que o CDC teria admitido que 98 milhões de pessoas receberam o “vírus do câncer” por meio da vacina contra a poliomielite. O texto faz referência a uma publicação que saiu do ar no site do CDC.
É enganoso o conteúdo de um texto publicado na internet por uma integrante de um site conhecido por disseminar material antivacina, em que afirma que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos admite que “98 milhões de pessoas receberam o vírus do câncer através da vacina poliomielite”.
Não existe um “vírus do câncer” e o que os Estados Unidos afirmaram, ainda na década de 1960, foi que algumas das vacinas contra a pólio aplicadas no país entre 1955 e 1963 foram infectadas pelo vírus Simian 40, o SV40 ou vírus símio, que afeta macacos.
Em 1976, um estudo apontou que entre 10% e 30% dos lotes aplicados naqueles oito anos tinham sido contaminados. Para a produção dos imunizantes na época, foram usadas células de rins de macaco e algumas delas estavam infectadas com o vírus, o que só se descobriu depois.
Aqueles eram os primeiros anos de vacinação contra a poliomielite, uma doença infecciosa que afeta principalmente crianças menores de cinco anos, e que ataca o sistema nervoso central, podendo causar paralisia nos membros ou nos músculos respiratórios e levar à morte.
Os estudos para o desenvolvimento da vacina começaram na década de 1930, após a criação de um fundo pelo presidente Franklin Roosevelt, que perdeu o movimento das pernas por causa da doença. Com a vacinação, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), os casos de poliomielite diminuíram mais de 99% nas últimas três décadas. Os números passaram de 350 mil casos estimados, em 1988, para 29 casos notificados em 2018.
Mesmo após quase 40 anos da descoberta de que parte das vacinas foram contaminadas, quando uma comissão médica emitiu um parecer sobre o caso, em 2002, não foi possível provar que houve mais incidência de câncer entre pessoas vacinadas naquela época. Também não foi possível provar que os casos de câncer em pessoas que receberam a vacina entre 1955 e 1963 tinham sido resultado do SV40 presente nas vacinas.
O texto em verificação afirma que o CDC apagou a página que continha as informações sobre contaminação da vacina, mas que esta foi recuperada através do cache do Google. A reportagem procurou o site Tribuna Nacional, que publicou o texto, pediu um posicionamento sobre o conteúdo e solicitou a gravação de tela explicando como foi feita a recuperação da página que o site diz ter sido removido do ar “rapidamente” pelo CDC. Até o momento, não houve retorno.
Apesar de ter sido publicado no site Tribuna Nacional, o texto é “assinado” por uma integrante do site Coletividade Evolutiva que, por sua vez, publicou o mesmo texto em 2019, assinado por outra pessoa. Um estudo publicado em novembro de 2019 pela Avaaz em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) aponta o Coletividade Evolutiva como o terceiro site com mais publicações antivacina – mais de 200 links.
Diante das distorções dos fatos, o Comprova classificou este conteúdo como enganoso. Além de descontextualizar as informações, o conteúdo usa dados imprecisos e confunde o leitor.
Como verificamos?
Inicialmente, o Comprova buscou no Google e no Wayback Machine a página citada pela matéria do Tribuna Nacional como sendo do CDC. As ferramentas de busca conseguiram localizar a publicação que, de fato, não está mais disponível.
Contudo, informações similares foram encontradas em uma página do próprio CDC sobre preocupações históricas a respeito de segurança das vacinas, o que significa que o centro não escondeu dados sobre a SV40 e as vacinas contra a pólio.
O print utilizado pela publicação verificada aqui mostra que a página estava no ar no dia 11 de julho de 2013. Por meio da ferramenta Wayback Machine, o Comprova conseguiu confirmar que a publicação estava no ar ao menos até o dia 5 de julho de 2013, mas não se encontrava disponível no site a partir do dia 18 de julho do mesmo ano.
A reportagem contatou, sem sucesso, o CDC, via e-mail, questionando sobre as afirmações divulgadas pela publicação do Tribuna Nacional. Além disso, buscou no site do CDC e em artigos científicos qual seria a relação entre as vacinas contra a pólio, o vírus SV40 e o possível desenvolvimento de câncer em pessoas que receberam a vacina.
Em seguida, procuramos o pesquisador Michele Carbone, citado no texto verificado, e a farmacêutica Merck & Co. (MSD fora dos Estados Unidos e do Canadá), que, segundo o texto verificado, teria sido culpada por ele em uma fala a respeito da disseminação do vírus HIV em vacinas contra hepatite B.
Também foi ouvido Edson Elias da Silva, pesquisador do Laboratório de Enterovírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e consultor da rede de laboratórios da (OPAS) dentro do Programa de Erradicação da Poliomielite. Ele também foi pesquisador do CDC e presidiu a Sociedade Brasileira de Virologia (SBV).
Procuramos ainda o site Tribuna Nacional, mas, até a publicação desta checagem, não houve retorno.
O Comprova fez esta verificação baseado em informações científicas e dados oficiais sobre o novo coronavírus e a covid-19 disponíveis no dia 14 de dezembro de 2021.
Verificação
O CDC e os números
O texto aqui verificado afirma que o CDC apagou de seu site uma página na qual admitia que mais de 98 milhões de americanos tinham recebido o “vírus do câncer” através da vacina contra a poliomielite. Isto não é verdade. Primeiramente, porque não existe um vírus do câncer. Em segundo lugar, porque, mesmo que a página citada pelo texto não esteja mais no ar, o CDC não omitiu informações sobre vacinas contra a pólio que foram infectadas por um vírus chamado SV40 entre o final da década de 1950 e o início de 1960.
Estas informações estão disponíveis numa página sobre preocupações históricas a respeito de vacinas, listando uma série de artigos científicos e até dados de contaminação e estimativa de pessoas expostas ao vírus.
Por fim, os números citados no texto são imprecisos: 98 milhões é o número aproximado de americanos que tinham tomado vacinas contra a poliomielite entre 1955 e 1963, período em que se identificou que alguns lotes tinham sido infectados pelo SV40, e não o total de pessoas que foram expostas ou infectadas por ele.
Diversos artigos publicados nas décadas seguintes concluíram não ser possível atribuir casos de câncer de pessoas vacinadas naquela época ao vírus presente nas vacinas, nem que o vírus tenha feito aumentar a incidência de câncer nesse grupo de pessoas.
O que é o SV40?
O SV40 é um poliomavírus, um gênero da família de vírus DNA, que comumente infecta algumas espécies de macacos asiáticos, especialmente o macaco rhesus, mas não causa infecções graves neles.
No entanto, em 1962, os pesquisadores Eddy Bernice, Gerlad Borman, George Grubbs e Ralph Young apontaram que o vírus era capaz de modificar células de roedores, transformando células normais em células cancerígenas.
Nesta época, também se descobriu que o vírus poderia modificar células humanas in vitro e, apenas na década de 1990, foi que se confirmou que o SV40 realmente tinha o potencial de causar câncer em humanos.
Vacinas contaminadas
Em um artigo sobre a revisão de segurança da imunização, o Centro Nacional de Biotecnologia e Informação (NCBI), dos Estados Unidos, afirmou que das 98 milhões de doses de vacinas aplicadas contra o pólio entre 1955 e 1963, estima-se que 10% a 30% continham SV40. As informações utilizaram como base um estudo realizado pelos cientistas Neal Nathanson e Keerti Shah, em janeiro de 1976.
Estes dados levam à estimativa de que algo entre 10 milhões e 30 milhões de pessoas foram expostas ao vírus e eles também foram publicados pelo CDC. Mas, como nem todos que têm contato com um vírus são infectados por ele, não é possível dizer quantas pessoas realmente foram infectadas.
Para Edson Elias da Silva, pesquisador da Fiocruz, consultor da OPAS, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Virologia e ex-pesquisador do próprio CDC, a contaminação de alguns lotes da vacina nunca foi escondida pelo órgão americano. “Descobriram porque pesquisaram, ninguém escondeu nada, como esse texto parece dizer”, afirma.
A partir da constatação de que havia lotes contaminados, as autoridades sanitárias do país passaram a exigir que se verificasse a presença do SV40 nas vacinas produzidas. Segundo ele, não foi necessário alterar a fórmula do imunizante para livrá-lo do SV40, mas apenas se certificar de que células contaminadas não estavam sendo usadas para produzir vacinas.
“Quando se detectou que alguns lotes tinham o SV40, passaram a se preocupar em verificar se o material usado tinha o vírus, um processo chamado de pesquisa de vírus adventícios. Passaram a controlar as células usadas, então nunca mais teve vacina infectada. Desde 1963, não foi detectado o SV40 em nenhuma delas”, afirma.
Vacinas são seguras
Para Edson Elias, o mais importante é deixar clara a segurança da vacina. “Essa é uma vacina segura. Depois da varíola, a segunda doença que está quase erradicada do mundo pela vacina é a pólio. A vacina já impediu mortes de milhares de crianças e impediu prejuízo de bilhões de dólares”, afirma.
De acordo com a OPAS, o número de casos estimados para a doença em 125 países endêmicos foi de 350 mil em 1988. Trinta anos depois, em 2018, a redução tinha sido de 99% — foram 29 casos notificados. Se a doença não for erradicada, podem ser registrados 200 mil novos casos por ano. O último caso de poliomielite nas Américas aconteceu no Peru, em 1991. Nos Estados Unidos, o mais recente é de 1979. No Brasil, o último caso já tem 32 anos, foi em 1989.
O país recebeu o certificado de erradicação da poliomielite em 1994, também segundo a Opas, mas “até que a doença seja erradicada no mundo (como ocorreu com a varíola), existe o risco de um país ou continente ter casos importados e o vírus voltar a circular em seu território. Para evitar isso, é importante manter as taxas de cobertura vacinal altas e fazer vigilância constante, entre outras medidas”.
Vacinas contra covid são seguras
As vacinas produzidas para combater o coronavírus não utilizam como matéria-prima as células de chimpanzés.
Os imunizantes produzidos pela Universidade de Oxford, por exemplo, utilizam a tecnologia conhecida como vetor viral não replicante, que utiliza um “vírus vivo”, como a gripe comum, que não tem capacidade de prejudicar a saúde humana.
Já as vacinas desenvolvidas em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac utilizam como tecnologia o vírus inativado da covid. Esse vírus é cultivado em laboratório e é multiplicado numa célula de culturas.
Depois, segue para o processo de inativação por meio de calor ou produtos químicos. Esse recurso ajuda o corpo a gerar os anticorpos necessários para combater o coronavírus.
A segurança e a eficácia dos imunizantes contra a covid-19 são atestados pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), pelo Ministério da Saúde, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por secretarias de saúde dos governos estaduais e municipais brasileiros.
Associação de vacinas ao câncer
Embora alguns casos de câncer possam ser causados por vírus, segundo o Instituto Nacional do Câncer, não existe um vírus específico da doença, como afirma de maneira enganosa o texto verificado. A associação das vacinas contra a poliomielite, o vírus SV40 e o câncer em humanos começou a ser feita na década de 1960.
Foi nesse período que aumentaram as preocupações de cientistas sobre o assunto, dado que pessoas foram expostas ao SV40 em larga escala com a vacinação contra a poliomielite. Na altura, já se sabia que o vírus era oncogênico — ou seja, podia modificar células normais e transformá-las em cancerígenas em roedores.
A partir da década de 1990 é que outros estudos apontaram que o SV40 também tinha a capacidade de transformar células humanas, não apenas in vitro. Um artigo publicado em 2004 na renomada revista científica Nature pelos pesquisadores Tam Dang-Tan, Salaheddin M. Mahmud, Riccardo Puntoni e Eduardo L. Franco retoma as discussões sobre o assunto e apresenta um panorama das evidências epidemiológicas.
As vacinas contendo o SV40 foram associadas, inicialmente, a quatro tipos de câncer: mesotelioma, osteossarcoma, ependimoma e linfomas. Na revisão de segurança de imunização publicada em 2002 pelo Centro Nacional de Biotecnologia e Informação consta que, embora muitas pessoas tenham sido expostas diretamente ao SV40 por meio de injeções, não está claro se o SV40, recebido por meio da vacina, poderia ser transmitido na população uma vez que a vacina contaminada não estivesse mais em uso.
Naquele mesmo ano, a comissão de especialistas falou sobre as conclusões à imprensa. No Brasil, uma reportagem da agência Reuters sobre o assunto foi publicada pela Folha de S.Paulo. Na matéria, os integrantes da comissão destacaram que, embora o vírus tivesse o potencial de causar câncer, não havia evidências suficientes para confirmar que houvesse uma taxa de incidência maior de câncer em pessoas que receberam a vacina entre 1955 e 1963 e pessoas que não foram vacinadas naquele período.
“A grande maioria dos estudos populacionais, com prioridade para o estabelecimento de relações causais, não encontrou taxas maiores de câncer em pessoas que receberam a vacina contaminada pelo vírus 40 dos símios”, informou a comissão, em trecho publicado pela Reuters. “Entretanto, um suposto vínculo não pode ser totalmente descartado em função das limitações dos dados disponíveis e do método de realização dos estudos”, completaram os pesquisadores.
A grande questão era saber se as pessoas que alegavam ter desenvolvido câncer por causa da vacina poderiam mesmo fazer essa afirmação. Ao que parece, não havia evidências suficientes para isso.
“Há um bom conjunto de evidências biológicas de que o SV40 seja capaz de provocar câncer, mas não se sabe se a exposição ao vírus por vacinas contaminadas pode provocar determinados tumores suspeitos de associação ao SV40 – mesotelioma, osteosarcoma, ependimoma e linfoma não Hodgkin”, diz outro trecho de uma das afirmações dos especialistas, publicado pela Reuters.
Para o pesquisador Edson Elias da Silva, da Fiocruz, ainda hoje não é possível afirmar categoricamente que o SV40 tenha de fato causado câncer nas pessoas vacinadas com doses contaminadas, inclusive porque as vacinas não eram a única maneira de que humanos tivessem acesso ao SV40.
“O que se pode dizer é que as vacinas tiveram o vírus, mas você não pode dizer que até hoje que o câncer que é encontrado é porque veio disso”, afirma.
No artigo “Contaminação de vacinas de poliovírus com vírus símio 40 (1955-1963) e taxas de câncer subsequentes” os pesquisadores Howard D. Strickler, Philip S. Rosenberg e Susan S. Devesa publicaram os resultados de estudos sobre o assunto, em 1998. Segundo eles, a ausência de uma incidência de casos analisados no estudo aumenta a evidência de que não existe relação entre a exposição à vacina contaminada com SV40 e o desenvolvimento de câncer. “Conforme os dados amadurecem, no entanto, será importante continuar a monitorar os riscos de câncer”, afirmam no artigo.
Quem é Michele Carbone?
O texto verificado menciona Michele Carbone como autor de estudos sobre a relação entre o SV40 e a incidência de câncer em pessoas vacinadas contra a pólio entre 1955 e 1963 e sobre a presença do SV40 em tumores de crianças que nasceram nessa época. Ele realmente fez muitos estudos sobre o tema, sendo usados como fonte de referência em diversas publicações, desde artigos na revista Nature até textos publicados pelo CDC.
Carbone é um médico italiano, PhD em Patologia Humana pela Universidade de Roma La Sapienza. Ele foi professor e pesquisador do Departamento de Patologia da Loyola University of Chicago e atualmente é diretor da Oncologia Torácica do Centro de Câncer da Universidade do Hawai’i. Ele é membro efetivo do Programa de Biologia do Câncer e professor do Departamento de Patologia da mesma universidade, em Manoa. Entre as revistas em que ele publicou está a Oncogene, da Nature, que concentra pesquisas mais recentes sobre biologia celular e molecular do câncer.
Ele é um dos cientistas que defendem que o SV40 consegue modificar células humanas. O cientista publicou mais de um artigo sobre isso. Em um dos mais recentes, de fevereiro de 2020, o pesquisador fala sobre o SV40 e mesotelioma humano — um tipo de câncer muito raro que acomete a membrana que reveste os pulmões, o estômago e o coração. A incidência deste tipo de câncer aumentou após a década de 1960, o que inicialmente foi atribuído ao uso de amianto durante a Segunda Guerra Mundial.
Carbone aponta que o SV40 pode ser não só ser o causador de alguns tipos de câncer, como pode ter contribuído, com o amianto, para o aumento da incidência desse tipo de tumor, já que esse aumento coincide com a exposição em larga escala ao vírus entre 1955 e 1963 com as primeiras vacinas contra a poliomielite.
Procurado pelo Comprova, Michele Carbone afirmou por e-mail que “é um fato que milhões de poliovacinas foram contaminadas com o vírus SV40 vivo de 1955 a 1963, com uma estimativa de 98 milhões de potencialmente expostas a vacinas contaminadas”.
Ele acrescentou que, embora o SV40 não tenha estado mais presente nas vacinas americanas a partir de 1963, vacinas contaminadas continuaram a ser vendidas na antiga União Soviética até 1978.
O texto verificado também tenta atacar outra vacina, a de hepatite B, ao afirmar que Michele Carbone disse abertamente que estes imunizantes foram os responsáveis por disseminar o HIV, culpando assim uma das fabricantes, a Merck & Co.
O Comprova questionou o pesquisador e ele respondeu que esta afirmação era totalmente falsa e que havia dito e publicado exatamente o contrário. Contudo, compartilhou o link de um artigo em que afirma não haver evidências de contaminação por HIV nas vacinas contra a pólio, e não de hepatite B. O Comprova voltou a questioná-lo, mas não recebeu resposta.
Em nota, a Merck & Co. (MSD), negou que o vírus HIV tenha sido transmitido pela vacina contra a hepatite B e assegurou que o imunizante é eficaz para a prevenção da doença.
A empresa também negou que o HIV tenha sido transmitido pelas vacinas contra a poliomielite. “Testes laboratoriais independentes não encontraram evidências que apoiam a teoria de que uma vacina de poliomielite, usada em cerca de 1 milhão de africanos na década de 1950, desencadeou a epidemia de AIDS. Os resultados não encontram nenhuma evidência de que a vacina, administrada entre 1957 e 1961, continha qualquer tecido de Chimpanzés e que, consequentemente, disseminava o vírus HIV em humanos. A teoria predominante da transmissão do HIV em humanos é que um caçador foi infectado, após ser arranhado por um chimpanzé, ao tentar capturá-lo ou depois de cortar o animal”, diz a nota.
Autores da informação enganosa
Na aba “Quem Somos”, o Tribuna Nacional afirma ser um portal de ideias conservadoras. O site compartilhou o texto aqui verificado, escrito por Cristina Barroso. Ao clicarmos no perfil da autora, disponibilizado no site, não aparecem informações sobre quem ela seria ou sua formação, apenas textos assinados por ela.
Abaixo da assinatura de Barroso está a indicação que o conteúdo também seria do “Coletividade Evolutiva”. O site condensa informações antivacinas e havia compartilhado anteriormente o mesmo texto, assinado por outra pessoa, em 2019.
Por que investigamos?
Em sua quarta fase, o Comprova investiga conteúdos suspeitos que tenham viralizado sobre pandemia, políticas públicas e eleições. A publicação verificada recebeu quase 800 interações só no Twitter — entre curtidas, retuítes e tuítes com comentários —, e 56 compartilhamentos dentro do próprio site do portal de notícias.
Informações enganosas como essa, divulgadas como “verdadeiras”, colocam a eficácia de imunizantes em questão. Diante do avanço da pandemia da covid-19 entre os anos de 2020 e 2021, boatos que descredibilizam as tecnologias que integram qualquer imunizante e reforçam o discurso antivacina, de resistência às injeções contra o vírus, são perigosos.
Até o momento, somente os imunizantes contra o coronavírus são capazes de evitar quadros graves da doença, internações e óbitos, além de prevenir a transmissão e contaminação.
Em verificações anteriores, o Comprova mostrou que as vacinas contra a covid-19 são seguras e não geram HIV, câncer ou HPV, como também desmentiu boatos criados por médico dos EUA sobre imunizantes contra o coronavírus provocarem câncer.
Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.