O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
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Investigado por: 2021-12-07

Vídeo de torcedores do Atlético Mineiro xingando Lula é de 2016

  • Falso
Falso
Vídeo da torcida do Atlético Mineiro xingando Lula voltou a viralizar em novembro de 2021, após uma partida entre o Galo e o América, no dia 7 do mês passado, no Mineirão, em Belo Horizonte. No entanto, as imagens foram gravadas em 2016, na Arena Independência, em jogo contra o Colo-Colo, do Chile.
  • Conteúdo verificado: Post alegando que o ex-presidente Lula (PT) compareceu ao jogo do Atlético Mineiro contra o América, em novembro deste ano, e acabou sendo xingado por torcedores do Galo.

Para colocar em descrédito pesquisas de opinião que mostram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como líder nas intenções de voto para presidente nas eleições de 2022, grupos nas redes sociais espalham um vídeo de 2016 em que torcedores do Atlético Mineiro insultam o político momentos antes de uma partida de futebol. A legenda inventa que Lula teria ido a um jogo do Galo contra o América, em novembro deste ano, no Estádio Mineirão, em Belo Horizonte, e presenciado os xingamentos, o que não é verdade.

O Comprova encontrou a mesma gravação circulando desde março de 2016 e constatou que ela foi feita durante uma partida do Galo contra o clube chileno Colo-Colo, pela Copa Libertadores da América. O jogo foi disputado na Arena Independência, que também fica na capital mineira.

Na época, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) enfrentava protestos e havia acabado de nomear Lula para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, o que foi interpretado pela Justiça como uma tentativa de conferir foro privilegiado ao colega de partido. Outro assunto em evidência era uma conversa grampeada de Lula com Dilma, tornada pública naquela noite pelo ex-juiz Sergio Moro.

Já a partida do Atlético contra o América, citada no post, ocorreu no Estádio Mineirão — e não na Arena Independência — no dia 7 de novembro deste ano. Não há registro de que Lula tenha comparecido a nenhum desses eventos.

O autor da postagem foi procurado, mas não se manifestou. O Comprova classificou o conteúdo como falso porque ele sofreu edições para mudar o seu significado original e foi divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

Como verificamos?

O Comprova iniciou a checagem procurando por informações no vídeo que pudessem indicar onde e quando ele foi feito e dividiu o conteúdo em vários frames com ajuda da ferramenta InVID.

As camisetas dos torcedores confirmam que se tratava de um jogo do Clube Atlético Mineiro, e a estrutura do estádio era semelhante ao Independência, em Belo Horizonte, que pertence ao América Futebol Clube.

| Captura de tela do vídeo checado pelo Comprova.

| Imagem disponibilizada no site da Arena Independência.

Apesar da baixa resolução do vídeo, é possível visualizar rapidamente o telão do estádio durante o movimento da câmera. O escudo do Atlético Mineiro aparece primeiro, indicando que era o mandante da partida, enquanto o segundo se assemelha com o do clube chileno Colo-Colo.

| Captura de tela do vídeo mostrando o telão do estádio com Atlético mandante e escudo do Colo-Colo.

| Print de transmissão ao vivo do Fox Sports, recuperada por canal do YouTube.

Com essa dica, o Comprova pesquisou por palavras-chave no Google e encontrou um texto publicado em um blog da revista Veja que continha um link para um vídeo no YouTube, de 2016, que mostra torcedores do Galo insultando o ex-presidente Lula, mais de cinco anos atrás, em um ponto diferente do estádio.

Entre os resultados sugeridos pelo YouTube, estava outra gravação, idêntica à da postagem analisada e com data de 18 de março de 2016.

A reportagem também encontrou o mesmo vídeo publicado no Facebook um dia antes, em 17 de março de 2016, mas não conseguiu determinar a autoria da filmagem.

Por fim, o Comprova procurou informações sobre as partidas do Atlético Mineiro contra o Colo-Colo, em 2016, e o contexto da época em notícias. Também pesquisou sobre os jogos do Galo contra o América, em 2021, e o que dizem as pesquisas eleitorais até o momento.

A reportagem contatou a assessoria de comunicação do ex-presidente Lula, que respondeu por mensagem de texto. O mesmo foi feito com o perfil que espalhou o conteúdo falso na internet, mas este não retornou os questionamentos do Comprova.

Verificação

Gravação antiga

O vídeo que está sendo compartilhado nas redes sociais como se fosse recente foi gravado em 2016 e circula na internet desde aquela época.

Atlético Mineiro e Colo-Colo se enfrentaram em 16 de março daquele ano, na Arena Independência, pela fase de grupos da Copa Libertadores da América, com vitória do time brasileiro por 3 a 0. As cores dos uniformes são compatíveis com as mostradas no vídeo — o Atlético jogou de branco e o Colo-Colo, de preto.

Outro indício de que se trata daquele jogo do Atlético contra a equipe chilena é uma notícia do jornal O Tempo, de Belo Horizonte. “O início do jogo entre Atlético e Colo-Colo, na noite desta quarta-feira, pela Copa Libertadores, foi marcado por gritos de protesto contra o PT, a presidente Dilma e o ex-presidente Lula”, informa a publicação, destacando o fato de que um deputado estadual foi hostilizado por torcedores antes de começar o evento.

No início da transmissão da partida pelo Fox Sports, reproduzida por um canal do YouTube, ouve-se um coro de xingamentos, executado por uma parte da torcida do Galo.

Contexto

Na data da partida entre o Atlético e o Colo-Colo, a então presidente Dilma Rousseff (PT) havia anunciado a nomeação do ex-presidente Lula para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil.

O Planalto alegou que o objetivo da medida era ajudar a recompor a base política no Congresso e barrar o processo de impeachment, mas opositores viram no movimento uma forma de conferir foro privilegiado ao político, com o intuito de escapar da alçada da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba.

Lula ainda não era réu em nenhuma ação penal da Lava Jato, mas estava definitivamente sob a mira da operação. No início do mês, o ex-juiz Sergio Moro havia autorizado uma condução coercitiva da Polícia Federal para colher depoimento do ex-presidente em meio às investigações.

No mesmo dia da nomeação de Lula para a Casa Civil, na noite de 16 de março, Moro derrubou o sigilo e divulgou grampo de uma conversa telefônica entre Lula e Dilma. Na gravação, Dilma avisa a Lula que mandaria um “termo de posse” para que o líder petista usasse “em caso de necessidade”.

Esses episódios estimularam uma nova onda de protestos pelo País contra o PT. Alguns deles foram registrados em estádios de futebol — além de parte da torcida do Galo, outra que registrou manifestações foi a do Athletico Paranaense, com alguns torcedores levando máscaras e faixas em apoio a Moro, na mesma semana.

A decisão do magistrado em dar publicidade a uma gravação não autorizada da presidente da República gerou polêmica e foi contestada pelo Planalto. Posteriormente, ele se desculpou com o Supremo Tribunal Federal (STF), em pedido de esclarecimento da Corte. Por outro lado, Moro já declarou publicamente que não se arrepende da decisão por considerar que as conversas vazadas não eram “republicanas”.

Lula chegou a tomar posse no cargo de ministro-chefe da Casa Civil, mas a nomeação foi suspensa em menos de dois dias pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, que entendeu que houve desvio de finalidade na medida. O petista depois foi condenado pela Justiça nos casos do sítio de Atibaia e do triplex do Guarujá e ficou preso por 580 dias.

Lula foi solto com a decisão do Supremo que proibiu a prisão após segunda instância, em novembro de 2019, e teve as sentenças anuladas quando a Corte declarou que a 13ª Vara Federal em Curitiba não era competente para investigá-lo, em abril deste ano. Dessa forma, o petista voltou a ser elegível.

Atlético x América

As postagens mostrando insultos contra Lula em jogo do Atlético Mineiro começaram a viralizar novamente em novembro deste ano, pegando carona com a partida mais recente entre o Galo e o América, adversário de Minas Gerais. A versão de maior alcance foi compartilhada no dia 15, e alegava que a gravação teria sido feita quando Lula “arriscou e foi assistir Atlético MG X América, domingo último em BH”.

Neste ano, Galo e Coelho se enfrentaram cinco vezes:

A única partida que poderia se encaixar na descrição seria a mais recente, pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro. Acontece que o jogo foi disputado no Estádio Mineirão, e não no Independência.

Ambos ficam em Belo Horizonte, mas a estrutura é bem diferente. O Independência apresenta um formato retangular, com cantos bem marcados e um lado vazio, sem arquibancadas atrás do telão, e tem capacidade para 23 mil torcedores. O Mineirão traz um desenho mais clássico, oval e abriga até 62 mil pessoas.

Ao contrário do que alega o boato, não há qualquer registro de que Lula tenha assistido ao jogo entre Atlético e América, no dia 7 de novembro, em Belo Horizonte. As redes sociais do petista (Facebook, Instagram e Twitter) não mencionaram nenhuma agenda naquela data, apenas divulgaram um vídeo sobre fatos da semana.

O Comprova entrou em contato com a assessoria de comunicação do ex-presidente por WhatsApp, que respondeu: “Infelizmente grupos políticos têm usado fake news e desinformação contra o ex-presidente Lula, não contribuindo para um debate público democrático”. Para as agências de checagem Lupa e Aos Fatos, que investigaram o mesmo conteúdo antes, a assessoria também negou que ele tenha comparecido ao evento.

Pesquisas

Desde que recobrou os direitos políticos, Lula tem aparecido na dianteira em sucessivas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República, que será disputada em 2022. Em 10 de novembro deste ano, o petista totalizou 48% da preferência de 2.063 pessoas entrevistadas pela Genial/Quaest, contra 21% obtidos pelo atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).

O ex-presidente foi vitorioso em duas simulações de segundo turno realizadas, uma contra Bolsonaro; outra frente ao ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato pelo Podemos. A pesquisa foi realizada entre 3 e 6 de novembro, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais e nível de confiança de 95%.

O último levantamento Datafolha, divulgado em 17 de setembro de 2021, também mostrou o líder do PT à frente de Bolsonaro, com 44% a 26%, respectivamente. Nesta pesquisa, feita entre 13 e 15 de setembro, com participação de 3.667 pessoas de 190 municípios brasileiros, Lula apareceu em primeiro nas simulações de segundo turno.

De acordo com o Datafolha, Lula somou 56% da preferência do eleitorado na simulação da segunda etapa da disputa, contra 31% do atual mandatário. Esse é o percentual ironizado na postagem falsa checada pelo Comprova.

A divisão de pesquisas eleitorais e de opinião do Poder360, o PoderData, reflete cenário similar ao apresentado pelo Datafolha. O último levantamento, feito de 22 a 24 de novembro, mostra que Lula e Jair Bolsonaro seguem isolados em 1º e 2º lugar em eventual 1º turno para 2022. Dependendo do cenário testado, o petista pontua de 34% a 36% das intenções de voto. Já Bolsonaro marca de 27% a 29%. As entrevistas foram realizadas por telefone.

Por que investigamos?

Em sua quarta fase, o Projeto Comprova investiga conteúdos suspeitos sobre pandemia, governo federal e eleições. A publicação aqui verificada foi compartilhada 33 mil vezes no Facebook, contabilizando 6,3 mil reações, e o vídeo atingiu sozinho 415 mil visualizações em cerca de um mês. No Brasil e no mundo, é comum que estádios de futebol e outras praças esportivas ressoem os humores políticos do momento.

Ao reproduzir um vídeo de 2016 e afirmar se tratar de um conteúdo de 2021, o autor do post induz outros usuários a uma percepção falsa do que ocorre no período que antecede um ano de disputa presidencial.

A peça de desinformação cita o Datafolha num panorama em que o instituto de pesquisa vinculado à Folha de S. Paulo — jornal constantemente atacado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) — é um dos que mostra o ex-presidente à frente em intenções de voto na corrida ao Palácio do Planalto.

O Comprova já concluiu ser falso que o Washington Post tenha publicado manchete com elogios a Bolsonaro; e verificou que um texto de opinião com críticas ao ex-juiz Sergio Moro foi assinado por um cientista político, sem que tenha representado a opinião do The New York Times. Explicou ainda como uma foto foi retirada de contexto para sugerir aliança entre o senador Renan Calheiros e o ministro da Suprema Corte, Alexandre de Moraes.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

Eleições

Investigado por: 2021-11-26

Texto com críticas a Moro é de cientista político e não representa a opinião do New York Times

  • Enganoso
Enganoso
São enganosas as postagens compartilhadas no Facebook segundo as quais o jornal norte-americano The New York Times teria dito que o ex-juiz federal Sergio Moro corrompeu o sistema judicial brasileiro. O texto com críticas à Operação Lava Jato é de autoria de um cientista político e não representa a posição institucional do periódico.
  • Conteúdo verificado: Duas publicações feitas no Facebook criticam o ex-ministro da Justiça alegando que o “New York Times diz que Moro corrompeu o sistema judicial e é responsável direto pelo caos que o Brasil vive hoje”.

São enganosas as publicações segundo as quais o jornal norte-americano The New York Times teria feito críticas ao ex-juiz federal Sergio Moro, acusando-o de corromper o sistema judicial e ser responsável pelo caos do Brasil.

Em fevereiro deste ano, o jornal publicou um artigo do cientista político Gaspard Estrada com críticas à Operação Lava Jato, inclusive afirmando que ela se tornou um escândalo judicial e que contribuiu para o caos no Brasil. O texto representa, no entanto, a opinião pessoal do especialista, e não a posição institucional do Times. Apesar do artigo citar Moro como responsável por “iniciar” a Lava Jato, ele não é individualmente responsabilizado no texto pelos atos criticados.

Especialistas em redação jornalística entrevistadas pelo Comprova dizem que, ao contrário de uma notícia, que tem a função principal de informar, um texto de opinião busca defender um posicionamento. O gênero, porém, tem duas vertentes.

A primeira é o artigo de opinião, em que uma pessoa física emite uma opinião sobre algum tópico importante para a sociedade. Esse tipo de texto é assinado, indicando quem está emitindo aquela opinião, e frequentemente é escrito por pessoas que não trabalham para o jornal. Já a segunda é o editorial, não assinado ou assinado pelo próprio veículo, e representa as posições e visões institucionais do jornal.

No caso do NYT, o Comprova identificou que o jornal já publicou três editoriais mencionando Sergio Moro, sendo o primeiro deles de junho de 2016 e o último de janeiro de 2020. A visão do jornal norte-americano sobre o ex-juiz mudou com o tempo. Inicialmente tratado como um juiz que corajosamente enfrentou a corrupção no Brasil, o jornal diz que o vazamento de mensagens dos bastidores da operação mostram o que parece ser um “conluio ilegal” entre Moro e os integrantes da força-tarefa da Lava Jato do Ministério Público Federal. Mas não diz que o ex-juiz “corrompeu o sistema judicial” ou o responsabiliza “pelo caos que o Brasil vive”.

O Comprova tentou ouvir os dois perfis que publicaram o conteúdo verificado por meio do Facebook, mas nenhum deles respondeu até a publicação desta checagem. Um dos perfis fez uma postagem em um grupo público do Facebook de apoio ao ex-presidente Lula e o outro é uma postagem de uma página de apoio ao petista.

As postagens foram consideradas enganosas por retirarem o conteúdo de seu contexto original e usá-lo em outro, de modo que seu significado fosse modificado.

Como verificamos?

Primeiramente, buscamos no site do The New York Times todos os editoriais e artigos de opinião que o jornal publicou que tenham mencionado o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro. Na mesma página, buscamos entender como o jornal explica a diferença entre esses dois tipos de texto.

A partir daí, lemos o artigo do cientista político Gaspard Estrada, usado por um dos perfis para afirmar que o jornal americano teria dito que “Moro corrompeu o sistema judicial” brasileiro. Também lemos todos os editoriais citando o ex-ministro para saber o que o Conselho Editorial do Times escreveu sobre o ex-ministro da Justiça.

Por fim, entrevistamos duas especialistas para explicar a diferença entre editorial, artigo de opinião e notícia: Isaltina Gomes, doutora em Linguística e professora de Redação Jornalística da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e Marcelle Chagas, jornalista e mestranda em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Verificação

Menções a Moro no NYT

Uma busca na seção de Opinião do jornal The New York Times mostrou que eles publicaram três editoriais e nove ensaios de convidados (guest essays, no termo original) com os termos de busca “Sergio Moro”. Os editoriais que citam o ex-ministro foram publicados em 6 de junho de 2016 (A medalha de ouro do Brasil em corrupção, na versão traduzida para o português), em 12 de abril de 2018 (‘Lula’ está na prisão e a democracia brasileira está em perigo) e, o mais recente deles, em 21 de janeiro de 2020 (Brasil chama reportagem de Glenn Greenwald de crime).

Já os artigos de opinião saíram nos dias 23 de janeiro de 2018 (A democracia do Brasil empurrada para o abismo, por Mark Weisbrot); 10 de abril de 2018 (Testando a democracia do Brasil, por Carol Pires); 5 de julho de 2019 (Para onde você vai quando os cruzados anticorrupção estão sujos?, por Vanessa Barbara); 14 de agosto de 2018 (Lula: Há um golpe de direita em andamento no Brasil, por Luiz Inácio Lula da Silva); 26 de dezembro de 2019 (Por que as ruas do Brasil estão tão calmas?, por Vanessa Barbara); 24 de janeiro de 2020 (A guerra contra a verdade de Bolsonaro, por Petra Costa); 4 de agosto de 2020 (Exército de trolls vai às ruas no Brasil, por Patrícia Campos Mello); 21 de agosto de 2018 (Por que Lula deveria ter a chance de concorrer à Presidência, por Jorge G. Castañeda); e 26 de fevereiro de 2021 (A Operação Lava Jato não foi uma bala de prata, por Gaspard Estrada).

Segundo o próprio jornal, os ensaios de convidados são artigos de opinião para defender uma ideia, em busca de enriquecer o debate público e ajudar os leitores a entender o mundo. O Times descreve a seção como “um espaço para pessoas que não são jornalistas e que não têm nenhuma ligação institucional frequente com o Times falarem diretamente com os leitores”. Qualquer pessoa pode submeter textos para serem publicados como ensaios. O jornal promete ler e revisar todos os textos submetidos.

Os artigos publicados nessa seção trazem a palavra “opinião” escrita no topo da página. O nome e a profissão do autor também são mostrados antes do texto. Já os editoriais trazem o termo “editorial” no cabeçalho e são assinados pelo Conselho Editorial do jornal.

O atual conselho editorial do New York Times é formado por 13 jornalistas. Três deles são especialistas em assuntos internacionais: Alex Kingsbury, Serge Schmemann e Farah Stockman. “O conselho não fala pela redação ou pelo Times como um todo. Em vez disso, em meio às vozes individuais conflitantes da editoria de Opinião, visa a fornecer uma visão consistente e independente do mundo com base em valores institucionais testados pelo tempo”, descreve o próprio veículo.

Texto lincado

Uma das postagens verificadas pelo Comprova traz o link para o artigo mais recente com menção a Moro publicado pelo jornal, em fevereiro de 2021. Nele, o cientista político Gaspard Estrada, diretor-executivo do Observatório Político da América Latina e do Caribe da universidade francesa Sciences Po, especializado em América Latina, diz que a Lava Jato “se vendia como a maior operação anticorrupção do mundo, mas se tornou o maior escândalo judicial da história do Brasil”.

Ele também diz que “o imenso capital político e social acumulado por Sergio Moro, o célebre juiz que iniciou a Lava Jato, e pelos procuradores tem se evaporado nos últimos anos”. Além disso, também afirma que “em vez de ajudar a erradicar a corrupção, conseguir maior transparência na política e fortalecer a democracia, a famosa operação contribuiu para o caos que o Brasil vive hoje”.

Em resumo, o artigo diz que a Operação Lava Jato contribuiu para o caos, se tornou o maior escândalo judicial do país, e sinaliza que Moro iniciou a operação, mas não diz diretamente que foi o ex-juiz o responsável por corromper o sistema judicial ou instalar o caos.

No texto, o autor fala em violações do processo judicial cometidas pelos promotores e “violação do princípio jurídico de não ser juiz e parte ao mesmo tempo”, cometida por Moro, ao afirmar que ele julgou e construiu a acusação contra o ex-presidente Lula.

Estrada diz ainda que, após a divulgação das conversas via Telegram entre Moro e os procuradores da Lava Jato, a força tarefa da operação passou a apresentar números no intuito de defender seus resultados, mostrando quantas pessoas foram presas ou condenadas, por exemplo. “No entanto, para conseguir isso, os promotores caíram em violações do devido processo sem reduzir a corrupção”, afirma.

O autor do artigo acrescenta ainda que, mesmo após a revisão pela Polícia Federal de parte dos diálogos divulgada pela imprensa, a mando de Moro, as conversas “confirmam que essa operação perverteu a Justiça, violou o estado de direito no Brasil e foi fator fundamental na construção da distopia que o país vive, com uma crise política exacerbada e com o segundo lugar mundial de mais mortes pela pandemia”.

Diferença de editorial, artigo de opinião e notícia

Em entrevista ao Comprova, a professora de jornalismo Isaltina Gomes explica que a diferença entre editoriais e artigos de opinião está ligada a quem é a pessoa que emite aquela posição. Segundo ela, não há diferenças estruturais de texto. “A diferença fundamental é em termos de assinatura. O editorial é a opinião formal do jornal. Em geral, não é assinado e a responsabilidade pelo que é dito é do jornal, enquanto empresa. O artigo é assinado e representa a opinião daquela pessoa física”, detalha.

A professora ainda chama atenção para o fato de que, enquanto alguns colunistas são pessoas contratadas pelo jornal para emitir opiniões e análises, outros artigos são escritos por autores externos, que publicam de forma voluntária, sem ter nenhum vínculo com o veículo. Isaltina diz não acreditar que um jornal publicaria um artigo de opinião que fosse frontalmente contra os seus valores.

Segundo a professora da UFPE, a notícia busca relatar fatos e, ainda que ela possa demonstrar um viés, na escolha de entrevistados ou na abordagem de um determinado assunto, seu objetivo é trazer informações. Já o texto opinativo relaciona essas informações em busca de defender uma posição.

Ao Comprova, a jornalista Marcelle Chagas também explicou a diferença entre artigo e notícia. “O artigo de opinião expressa, como o próprio nome diz, a opinião de alguém sobre um determinado assunto”, disse. “Já a notícia é produzida através da apuração de fatos que podem ter mais de um relato sobre o mesmo acontecimento. Garantido assim que a notícia seja divulgada da forma mais isenta possível”.

Segundo Marcelle, o artigo de opinião e a notícia jornalística, por estarem dentro de um espaço consolidado como produtor de fonte de informação confiável, impactam o leitor e ajudam a moldar a opinião da sociedade.

Ela pondera, no entanto, sobre a ausência de uma educação midiática que ensine sobre os diversos meios de informação. “Ainda existem poucas atividades de letramento midiático para auxiliar os atores sociais a entenderem essas mensagens informacionais transmitidas em diferentes formatos”, analisa.

O que o NYT realmente falou sobre Moro?

A leitura sobre os três editoriais publicados pelo New York Times com citações a Sergio Moro mostra que o olhar do jornal sobre a figura do hoje ex-juiz mudou substancialmente com o passar dos anos.

O primeiro editorial foi ao ar em 6 de junho de 2016, logo após Michel Temer (MDB) assumir a presidência do Brasil interinamente, depois do afastamento da então presidente Dilma Rousseff (PT). Naquela época, Moro foi citado no texto porque o jornal decidiu destacar dois trechos de um artigo que ele havia escrito em maio de 2016 para a revista Americas Quarterly. O juiz foi citado porque supervisionava as investigações do caso da Petrobras, que, segundo o editorial, havia acabado de culminar no afastamento de Dilma.

“‘Esquemas de corrupção sistêmica são prejudiciais porque afetam a confiança no Estado de Direito e na democracia’, escreveu Sergio Moro, o juiz federal que supervisionou a investigação da Petrobras, em um ensaio no Americas Quarterly no mês passado, acrescentando: ‘Crimes que são descobertos e comprovados devem, respeitando o devido processo, ser punidos'”, destacou o NYT.

O segundo editorial a mencionar Moro é de 12 de abril de 2018, cinco dias após o ex-presidente Lula se entregar à Polícia Federal para cumprir pena por sua condenação na Operação Lava Jato. Embora o editorial afirme que Lula está na prisão e a democracia brasileira está em perigo, o juiz da Lava Jato não é tratado com suspeição. Para o jornal, ele liderou corajosamente a operação contra o petista.

“Juízes como Sergio Moro, que corajosamente liderou a acusação na Operação Lava Jato, demonstraram que o Brasil tem instituições e meios para enfrentar até os mais poderosos – e mais populares – dos malfeitores”, diz um trecho do editorial.

o terceiro editorial a mencionar o ex-juiz foi publicado em 21 de janeiro de 2020 e dá outro tratamento a Moro. O texto critica como no Brasil o trabalho de jornalismo investigativo de Glenn Greenwald e da equipe do The Intercept Brasil — que denunciou as trocas de mensagens entre Moro e os promotores da Operação Lava Jato – foi tratado como se fosse crime.

Para o NYT, o país decidiu atacar o mensageiro, em vez da mensagem. O editorial menciona as suspeitas de corrupção do próprio ex-juiz na condução da operação. Isso aparece no texto quando o editoral diz que as mensagens vazadas “pareciam mostrar um conluio ilegal” entre Moro e os promotores e que elas sugeriam que Moro tinha violado a lei brasileira.

O texto diz que os artigos de Greenwald” revelaram uma verdade dolorosa sobre os que estão no poder” e que “perfurar a imagem heroica do Sr. Moro foi obviamente um choque para os brasileiros e prejudicial para o Sr. Bolsonaro”.

Por que investigamos?

Atualmente, em sua quarta fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos sobre as eleições de 2022, as políticas públicas do governo federal e a pandemia que tenham viralizado nas redes sociais. Juntos, os conteúdos verificados tiveram mais de 1,1 mil interações no Facebook.

As publicações se enquadram no tema eleições, já que Moro, recém-filiado ao Podemos, é um dos pré-candidatos à Presidência da República em 2022. Segundo as pesquisas de intenção de voto, a corrida presidencial está sendo liderada pelo ex-presidente Lula (PT), cuja condenação por Moro na primeira instância foi posteriormente anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ver indícios de parcialidade no julgamento, e pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de quem Moro foi ministro da Justiça até deixar o governo acusando o atual chefe do Planalto de tentar intervir na Polícia Federal.

O Projeto Comprova mostrou recentemente ser falso que o Washington Post tenha publicado uma manchete elogiando o presidente Jair Bolsonaro e também que o surfista brasileiro Italo Ferreira tenha pedido a prisão de Lula em entrevista ao New York Times.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Eleições

Investigado por: 2021-11-26

Folha não publicou tuíte questionando se absolvição de jovem nos EUA pode estimular bolsonaristas a atirarem contra manifestantes no Brasil

  • Falso
Falso
É falsa a montagem que circula no Facebook simulando tuíte do jornal Folha de S.Paulo com o título "A absolvição do jovem supremacista branco nos EUA pode estimular brasileiros a atirar indiscriminadamente contra manifestantes pacíficos no Brasil?". O veículo não publicou tal conteúdo.
  • Conteúdo verificado: Montagem simula tuíte com título para texto da Folha de S.Paulo questionando se absolvição de jovem branco que matou dois manifestantes antirracismo nos Estados Unidos poderia estimular brasileiros bolsonaristas a atirarem contra membros do MST e do MTST.

É falso que a Folha de S.Paulo tenha publicado um tuíte com o título “A absolvição do jovem supremacista branco nos EUA pode estimular brasileiros bolsonaristas a atirar indiscriminadamente contra manifestantes pacíficos no Brasil?”. Montagem que circula no Facebook simula conteúdo usando, inclusive, o logo e o nome de usuário do veículo paulistano no Twitter.

Abaixo do título do meme há uma foto de Kyle Rittenhouse, jovem branco inocentado após matar dois manifestantes em um protesto contra o racismo em Wisconsin, nos Estados Unidos, ao lado de uma imagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Mais abaixo, está o endereço do site da Folha e o que seria uma explicação da suposta reportagem: “Sociólogo afirma que integrantes do MST e MTST correm risco de vida por causa da…”, assim mesmo, com reticências. Não há link para nenhum outro conteúdo.

Em uma rápida consulta no site do jornal e no Twitter, via TweetDeck, é possível verificar que não foi publicado nada nesse sentido. Contatada pelo Comprova, a Folha afirmou não ter publicado nenhum texto com esse teor e nem feito o tuíte com o conteúdo em questão.

A reportagem tentou contatar três páginas no Facebook que compartilharam o conteúdo, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. A postagem foi considerada falsa porque usa informações inventadas.

Como verificamos?

O primeiro passo foi fazer uma busca pelo título que aparece no conteúdo falso no site da Folha. Depois, para confirmar que não havia nenhum texto com aquelas informações publicado no Twitter, a mesma busca foi feita no TweetDeck.

A reportagem entrou em contato com três páginas que publicaram a montagem – @analisespoliticasdaesquerdabrasileira, @osshibumi e @paulobatistasp –, mas nenhuma delas respondeu.

Para contextualizar o caso do jovem absolvido, foram feitas pesquisas em sites da imprensa.

Verificação

O falso tuíte

Simulando um post da Folha no Twitter, o conteúdo verificado aqui inventa título de texto que o jornal não publicou. Além disso, a imagem mostra o link do site do veículo, mas, diferentemente do que ocorre nas redes sociais do jornal, não é possível clicar no endereço que aparece no montagem..

A Folha tampouco se referiu a Rittenhouse como supremacista. Há 17 textos sobre ele no site do jornal, sempre o descrevendo como “jovem branco” e “adolescente”.

O caso

Kyle Rittenhouse tinha 17 anos quando detido, após matar Joseph Rosembaum e Anthony Huber durante uma manifestação antirracista que ocorria na cidade de Kenosha, nos Estados Unidos, em agosto de 2020. Uma terceira pessoa foi atingida pelos disparos, mas, ao ser levada para o hospital, conseguiu sobreviver.

Em novembro do ano passado, ele foi liberado da detenção após pagar fiança de US$ 2 milhões. A defesa alegou que Rittenhouse agiu em legítima defesa. Rittenhouse respondia por ser um menor de idade em posse de arma de fogo, algo que é proibido em Wiscosin, e também por homicídio.

Mais de um ano após o episódio, em novembro de 2021 o júri inocentou o acusado. Os advogados do jovem afirmaram que ele foi “repetidamente atacado e atirou com medo de perder a própria vida”. Agora com 18 anos, Rittenhouse chorou após o veredito e desabou no chão antes de ser ajudado a voltar para sua cadeira.

O caso foi concluído em juízo após mais de três dias de deliberações e de oitivas que ofereceram perspectivas diferentes das ações de Rittenhouse na noite do crime.

Protestos após o veredito

A absolvição de Kyle gerou uma onda de protestos nos Estados Unidos. Após o veredito, dezenas de manifestantes ocuparam as escadas externas do tribunal em que acontecia a sessão que inocentou o adolescente. Durante a noite, eles saíram às ruas para protestar.

Personalidades políticas, como o ex-presidente norte-americano Donald Trump, elogiaram o veredito do júri, alegando que o julgamento “não foi mais do que uma caça às bruxas da esquerda radical”.

Por outro lado, o presidente Joe Biden disse que a decisão o deixava “irritado e preocupado”, mas pediu calma à parcela da população norte-americana que foi às ruas protestar.

Por que investigamos?

Em sua quarta fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos que tenham viralizado sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições. O conteúdo checado aqui teve ao menos 3 mil interações até 25 de novembro. Dois compartilhamentos haviam se tornado indisponíveis para visualização, o que ocorre, segundo o Facebook, porque “o dono só compartilhou com um pequeno grupo de pessoas, alterou quem pode vê-lo ou ele foi excluído”.

Ao inventar que a Folha, um dos principais jornais do país, teria publicado tal conteúdo, o post incentiva ataques ao jornal – e, consequentemente, à imprensa – ao sugerir falsamente que o veículo estaria fazendo uma campanha contra os apoiadores do presidente. Diversos comentários mostram que os seguidores das páginas entenderam que a Folha estaria ultrapassando limites éticos com o suposto conteúdo. “Tem que ser preso (por) fazer uma matéria mentirosa”, “Isso é jornalismo? Dá nojo ler uma coisa dessas” e “É cada uma! R.I.P, jornalismo brasileiro”.

O mesmo conteúdo foi verificado pela agência Aos Fatos. E o Comprova já checou outras peças de desinformação que, seguindo a linha de Bolsonaro, atacam a imprensa, como o de post que inventa que inventa que Lula é acionista da Folha.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

Eleições

Investigado por: 2021-11-24

É falso que jornal The Washington Post publicou manchete elogiando Bolsonaro

  • Falso
Falso
É falsa a imagem de uma capa do The Washington Post em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é elogiado como o “melhor presidente de todos os tempos” do Brasil e que a população “o ama”. O conteúdo é fruto de uma montagem que utilizou como base um panfleto produzido por manifestantes contrários ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Na sequência, foi retirada a imagem de Trump e substituída por uma de Bolsonaro.
  • Conteúdo verificado: Suposta capa do jornal The Washington Post com elogios ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) circula em grupos bolsonaristas no Facebook. O texto traz como manchete que Bolsonaro é “o melhor presidente de todos os tempos” para o Brasil.

É uma montagem a capa do jornal norte-americano The Washington Post que descreve Jair Bolsonaro (sem partido) como o melhor presidente que já liderou o Brasil. O próprio veículo norte-americano desmentiu a suposta manchete em e-mail enviado ao Comprova afirmando que nunca houve publicação como a que circula na internet.

O grupo do Facebook onde a notícia falsa circulou foi removido da plataforma antes que a reportagem conseguisse fazer contato para pedir esclarecimentos sobre a origem da publicação. Antes de ser suspenso, o post já havia alcançado mais de 27 mil interações.

Para o Comprova é falso o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira, como é o caso da publicação aqui verificada.

Como verificamos?

Inicialmente, o Comprova encaminhou um e-mail para o Washington Post para questionar a veracidade da suposta manchete com elogios a Bolsonaro.

Na sequência, a reportagem fez uma busca na internet para identificar se havia matérias em veículos nacionais registrando os tais elogios ao presidente.

Apenas foram localizados conteúdos de agências verificadoras desmentindo a montagem que circula em grupos bolsonaristas.

Por fim, o Comprova procurou o grupo do Facebook Bolsonaro 2022 BR, que divulgou a capa falsa do jornal. O conteúdo foi removido da rede social e não foi possível encaminhar mensagem.

Verificação

Manchete é falsa

A imagem da capa do jornal The Washington Post que circula na internet e na qual Bolsonaro é elogiado é falsa. O texto, em inglês, além de escrito de forma errada, mente ao dizer que o veículo considerava o brasileiro como o “melhor presidente de todos os tempos”.

As informações sobre a falsidade do material foram confirmadas pelo próprio Washington Post, após o Comprova encaminhar ao jornal um e-mail solicitando mais detalhes sobre a suposta matéria. Em resposta, o editor para assuntos internacionais Douglas Jehl declarou que a manchete nunca existiu.

“A imagem vinculada não é autêntica; o Post nunca publicou tal manchete sobre o presidente Bolsonaro”, informou. Portanto, trata-se de uma montagem que tenta simular boa reputação de Bolsonaro fora do país.

Outras agências de checagem também confirmaram que a imagem viral é falsa, como a feita pelo Estadão Verifica. A Lupa também desmentiu o boato, assim como o G1.

A publicação viralizou após momentos de baixa receptividade do presidente brasileiro por líderes internacionais em viagens diplomáticas, como a Assembleia Geral da ONU e, mais recentemente, a Cúpula do G20, que ocorreu no início de novembro, na Itália.

Na ocasião, a imprensa nacional e internacional repercutiu que Bolsonaro ficou deslocado ao não receber atenção de outros chefes de Estado. Durante a mesma viagem que gerou constrangimento ao presidente do Brasil pela ausência de credibilidade fora do país, jornalistas que faziam a cobertura do evento foram agredidos por seguranças de Bolsonaro.

Origem da montagem

A montagem em que Bolsonaro aparece foi feita a partir da junção da imagem do presidente com uma capa falsa, elaborada por manifestantes contrários ao então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em janeiro de 2019.

O conteúdo das impressões são falsos e foram desmentidos por outra publicação norte-americana, a revista New Yorker.

Na ocasião, uma tiragem de 25 mil cópias do jornal falso foi distribuída em Washington, e os documentos apresentavam uma data errada, com o cenário futuro, de maio de 2019.

O The Washington Post fez uma reportagem para desmentir a capa falsa que trazia Trump como um não presidente – “unpresident”. O jornal alegou que estava ciente de que um site tentava reproduzir sua tipografia e que investigava o caso.

A autoria dos jornais e sites falsos foi assumida pelo grupo ativista Yes Men. O anúncio foi realizado por Onnesha Roychoudhuri, porta-voz da organização.

Jornal atribui a Bolsonaro e governadores o avanço da covid no Brasil

Uma das últimas matérias veiculadas pelo jornal norte-americano em que Bolsonaro é citado dá destaque ao relatório final da CPI da Covid no Senado, citando que o presidente é apontado como um dos responsáveis pelo agravamento da covid-19 no Brasil.

Segundo uma pesquisa feita pelo veículo, não apenas Bolsonaro, mas também alguns governadores de estado influenciaram negativamente no número de infectados e mortos ao evitar medidas restritivas que impedissem o avanço da doença no país.

O Washington Post afirma ter utilizado como base estatística os dados do Observatório da Covid-19 da Universidade de Miami, Ministério da Saúde, Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A matéria em questão arrematou a análise sobre as gestões federal e estaduais a partir do relatório enviado pela CPI da Covid à Procuradoria-Geral da República, em que ações e omissões do governo federal para conter o coronavírus foram analisadas.

Por que investigamos?

Em sua quarta fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos que tenham viralizado sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições. O conteúdo checado teve ao menos 27 mil interações até o dia 23 de novembro, quando a postagem ainda estava acessível.

Ao fazer uma montagem falsa da capa do jornal The Washington Post, a publicação pode gerar conclusões erradas sobre a reputação de Bolsonaro fora do país e manipular a opinião pública.

O Comprova tem publicado verificações que desmentem boatos de internet, como o que esclareceu que o inquérito da PF não investiga fraude no processo de votação e que pesquisa antiga foi usada para sugerir que Bolsonaro é aprovado por metade da população.

O Comprova classifica como falso o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

Eleições

Investigado por: 2021-11-18

Lewis Hamilton não elogiou Bolsonaro após o GP do Brasil

  • Falso
Falso
É falso que Lewis Hamilton tenha dito que os brasileiros estão felizes com o governo Bolsonaro, como mostra uma peça de desinformação que circula no Twitter. A publicação falsa afirma que o piloto fez o comentário elogioso ao jornal The New York Times, mas não há registros da entrevista. Escuderia de Hamilton, a Mercedes-Benz afirmou que o inglês não elogiou o governo Bolsonaro.
  • Conteúdo verificado: Peça publicada no Twitter afirma que o piloto Lewis Hamilton disse ao The New York Times nunca ter visto os brasileiros tão felizes como no governo Bolsonaro.

É falso que o piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton tenha dito que nunca viu os brasileiros tão felizes como no governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Circula nas redes sociais peça de desinformação que atribui ao britânico o comentário elogioso.

A declaração, compartilhada por perfil que se autodefine bolsonarista, teria sido dada ao jornal The New York Times, após a vitória de Hamilton no Grande Prêmio de Interlagos, em São Paulo, em 14 de novembro. Ao Comprova, por e-mail, a assessoria de comunicação da Mercedes-Benz, escuderia de Hamilton, afirmou que o piloto “nunca disse isso e não deu entrevista ao NYT”.

Em outro tuíte sobre a peça de desinformação, a dona do perfil afirmou que, para ela, não faz diferença que o piloto inglês não tenha, de fato, feito comentários positivos sobre o governo Bolsonaro. “(…) ninguém precisa falar por mim o que eu mesma posso dizer: Estou feliz com este governo”, ela escreveu.

O Comprova questionou a autora da publicação falsa pelo Instagram. Ela respondeu que não achou que a postagem tinha potencial de gerar danos a outras pessoas. Afirmou que viu apenas esquerdistas classificando o conteúdo como falso, “ninguém da direita”. Na sequência, porém, ela reconheceu a falsidade da publicação e apagou o conteúdo.

Falso, para o Comprova, é todo conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original ou divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

Como verificamos?

Inicialmente, o Comprova realizou buscas no Google e no portal do The New York Times à procura de alguma entrevista concedida pelo piloto inglês com o mesmo teor da publicação verificada. As palavras digitadas foram “Lewis Hamilton”, “Brazil” e “Bolsonaro”. O site não apresentou matérias com estes temas.

O Comprova também visitou checagens sobre a peça realizadas pelos sites Boatos.org, UOL Confere, Estadão, Yahoo, Agência Lupa e IstoÉ. A conclusão de todas as verificações foi de que o conteúdo é falso.

A reportagem entrou em contato com a autora do post por mensagem privada no Instagram e, após a entrevista, ela apagou o conteúdo.

Ao Comprova, por e-mail, a assessoria de comunicação da Mercedes-Benz, escuderia de Hamilton, afirmou que o piloto “nunca disse isso e não deu entrevista ao NYT.”

Verificação

O post aqui verificado inventa que o comentário de Hamilton teria sido feito na presença do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), um dos principais adversários políticos de Bolsonaro. O tucano é chamado de “calcinha apertada” na postagem. Foi Doria quem entregou ao inglês o prêmio de vencedor do GP de Interlagos.

“Uma honra entregar o prêmio de vencedor do Grande Prêmio SP de Fórmula 1 a Lewis Hamilton. Emocionante ver Hamilton levantar a bandeira do Brasil no lugar mais alto do podium. Emocionante ver a torcida gritar ‘Senna! Senna!’”, publicou o perfil do governador no Twitter.

Hamilton emulou Senna

A reverência do piloto à bandeira nacional não foi uma forma de menção ao bolsonarismo, movimento que usa as cores e a bandeira brasileiras em manifestações a favor do presidente da República. O gesto de Hamilton foi uma mostra de admiração ao tricampeão mundial de Fórmula 1 Ayrton Senna (1960-1994). Em 2021, completam-se 30 anos da primeira vitória de Senna em Interlagos.

Em 24 de março de 1991, o brasileiro enfrentou percalços até conseguir comemorar ineditamente perante a própria torcida, como a chuva e somente a sexta marcha funcionando. Ele levantou a bandeira nacional no primeiro lugar do pódio. Em 1993, o gesto se repetiu duas vezes, no Brasil e na Austrália, quando o piloto levantou a bandeira a partir do cockpit, ainda com o carro em movimento, como fez Hamilton. Os registros estão no site em memória ao piloto.

Em entrevista à TV Bandeirantes, que detém os direitos da transmissão da modalidade, Hamilton afirmou: “Essa foi para o Brasil. Estou muito orgulhoso e muito feliz com toda essa paixão e amor que recebi das pessoas. Foi um momento muito especial. Me lembro de ver os vídeos do Ayrton carregando a bandeira quando vencia aqui e procurei a bandeira no fim”.

Hamilton apoiou críticos de Bolsonaro

O piloto da Mercedes já publicou no Instagram, em 31 de maio de 2021, mensagem em apoio a manifestantes contrários a Bolsonaro. “Meu coração está com vocês, Brasil”, escreveu o heptacampeão da Fórmula 1.

A imagem da publicação era da Avenida Paulista, um dos cartões-postais de São Paulo, àquela oportunidade tomada por pessoas contrárias ao manejo da crise sanitária pelo governo Bolsonaro. O país somava mais de 461 mil mortes ocasionadas pela covid-19.

F1 já gerou disputa entre Doria e Bolsonaro

Bolsonaro já quis que o GP brasileiro fosse realizado no Rio de Janeiro, em um autódromo que ainda seria construído, no bairro de Deodoro, Zona Oeste da cidade. Ele chegou a anunciar que as tratativas com a Liberty Media, grupo empresarial que administra a F1, estavam 99% concluídas. Em paralelo, o governo paulista negociava com o mesmo grupo para a manutenção da corrida em São Paulo.

O projeto de mudança para a capital fluminense também continha implicações ambientais. A pista do autódromo passaria na Floresta do Camboatá, o último trecho de Mata Atlântica em área plana na cidade do Rio de Janeiro. A Câmara Municipal do Rio de Janeiro, então, aprovou o projeto de lei 1.345, de 2019, que cria o Refúgio de Vidas Silvestre (Revis) na Floresta do Camboatá.

O líder do prefeito Eduardo Paes (DEM) na Casa, Átila Nunes (DEM), avaliou que a aprovação do texto resultará na preservação da fauna e da flora.

Por que investigamos?

Em sua quarta fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos que tenham viralizado nas redes sociais sobre a pandemia, as políticas públicas do governo federal e as eleições de 2022. O post aqui verificado tem potencial de levar as pessoas a uma falsa impressão sobre a popularidade de Bolsonaro, pois afirma que o presidente foi elogiado por um piloto mundialmente celebrado.

Até o momento da publicação deste texto, o post tinha mais de 6 mil interações. Alguns comentários foram contrários à publicação falsa. Outros, favoráveis. “Valeu Hamilton! O calcinha merece! E o povo, apesar de tudo, vivemos uma ditadura judicial, está feliz e seguro com Bolsonaro”, escreveu uma usuária.

Falso, para o Comprova, é todo conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original ou divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

Eleições

Investigado por: 2021-11-10

Vídeo de Bia Kicis sobre retenção de passaporte de Lula é de 2018

  • Enganoso
Enganoso
Compartilhamento de vídeo gravado em 2018 pela deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), em que ela celebra a autorização da Justiça para que o passaporte do ex-presidente Lula seja apreendido, está fora de contexto. Atualmente, o político petista não está impedido de realizar viagens internacionais.
  • Conteúdo verificado: Vídeo gravado por Bia Kicis em 2018, relacionado à apreensão do passaporte de Lula naquele ano, é compartilhado fora de contexto.

É enganoso que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteja impedido de realizar viagens internacionais atualmente. Circula no Facebook vídeo em que a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) comemora a retenção do passaporte do petista, o que, de fato, ocorreu. Contudo, a decisão judicial que o impediu de ir à Etiópia é antiga, de 25 de janeiro de 2018, assim como o vídeo publicado por Kicis.

A determinação que desfavoreceu o líder petista foi do juiz federal Ricardo Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília. A decisão foi amplamente noticiada pela imprensa à época. Lula embarcaria na madrugada do dia 26.

Apesar de o vídeo de Kicis ser antigo, um perfil o compartilhou recentemente, dando a entender se tratar de uma decisão atual. O comentário é em tom de comemoração: “Só tenho uma maneira de me manifestar: Iiiiiiihuuuuuuu…!!!”

O Comprova considerou este conteúdo como enganoso por ter sido retirado do seu contexto original. Procurado pelo Comprova, o autor da publicação não respondeu.

Como verificamos?

Inicialmente, pesquisamos no Google as seguintes palavras-chave sobre o assunto: Bia Kicis, Lula e passaporte. Apareceram entre os principais resultados três checagens sobre o assunto, da Agência Lupa, do Boatos.org e do UOL Confere.

Todas as matérias verificam que o vídeo de Kicis foi publicado em 25 de janeiro de 2018. É algo que o Comprova também conseguiu confirmar. A partir das mesmas palavras pesquisadas, a reportagem chegou ao vídeo original, publicado no Facebook de Kicis.

A reportagem localizou ainda o pedido do Ministério Público Federal para que a Justiça determinasse a retenção do passaporte, a decisão do juiz Ricardo Leite, acatando parcialmente o pedido, e a determinação para que o passaporte fosse devolvido, uma semana depois, por decisão de outro juiz, Bruno Apolinário.

O Comprova entrou em contato com o perfil responsável pela publicação do vídeo antigo no Facebook, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

O vídeo também foi compartilhado pelo perfil Selma Gonçalves no grupo Bolsonaro 2022 no Facebook, em 8 de novembro. No mesmo dia, a postagem atingiu 1,2 mil curtidas e 468 compartilhamentos. No dia 10 de novembro, a reportagem verificou que o post não estava mais disponível. Nestes casos, o Facebook informa que o responsável compartilhou o conteúdo com um pequeno grupo de pessoas, alterou quem pode vê-lo ou foi excluído. O Comprova tentou contato com o perfil Selma Gonçalves, mas também não houve retorno.

Verificação

A viagem à Etiópia

A decisão que impediu Lula de viajar ocorreu em 25 de janeiro de 2018, motivando o vídeo de Bia Kicis. Um dia antes, o Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4) havia condenado Lula a 12 anos e um mês de prisão, em segunda instância, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso envolvendo um triplex no Guarujá, litoral de São Paulo.

Naquela ocasião, o advogado do político, Cristiano Zanin Martins, emitiu nota na qual defendeu que o cliente tinha assegurado pela Constituição o direito de ir e vir. No dia seguinte, a defesa de Lula entregou o passaporte dele à Polícia Federal.

No país africano, Lula participaria de reunião da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Alimentação e a Agricultura (FAO), com foco na discussão sobre meios para a erradicação da fome no continente até 2025.

O desfecho da ação

O pedido do Ministério Público Federal para que o passaporte fosse retido foi feito no dia 25 de janeiro de 2018 pelos procuradores Anselmo Henrique Cordeiro Lopes e Hebert Reis Mesquita. O pedido, sinalizado como urgente, foi feito no âmbito do processo 0076573-40.2016.4.01.3400, em que o ex-presidente e outras três pessoas eram acusadas da prática de crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e constituição de organização criminosa.

Para os dois procuradores, era necessário reter o passaporte de Lula porque, na véspera, ele havia sido condenado em segunda instância pela 8ª Turma do TRF-4, de Curitiba (PR), e no dia seguinte estava agendada uma viagem do ex-presidente à Etiópia. Além disso, estava agendado um interrogatório do réu para o dia 20 de fevereiro daquele ano.

No pedido, os dois procuradores afirmaram que havia passado a existir “risco concreto aos bens jurídicos protegidos no processo e à garantia da ordem pública e da aplicação da lei penal, presentes no art. 312 do Código de Processo Penal, pela possível fuga do país do ex-presidente, notadamente para países sem acordo de extradição com o Brasil ou que lhe poderiam conceder institutos jurídicos internacionais como o asilo político, nos termos diversos diplomas internacionais”.

Além da apreensão do passaporte em 24 horas, o MPF pediu que o ex-presidente fosse proibido de se ausentar do país e proibido de deixar São Bernardo do Campo ou a região metropolitana de São Paulo sem comunicação prévia ao juízo.

No mesmo dia, o juiz substituto da 10ª Vara Federal do Distrito Federal Ricardo Augusto Soares Leite acatou parcialmente os pedidos do MPF, afirmando que era de conhecimento público que aliados do ex-presidente faziam declarações públicas cogitando a solicitação, se necessário, de asilo político em países “simpatizantes”. O juiz afirmou na decisão que, mesmo em países do acordo de extradição, o deslocamento retardaria a execução da pena.

“Neste ponto, entendo que a própria versão de protestos gerados em seu favor, bem como a própria declaração do acusado, que acusa o Poder Judiciário de golpe em seu desfavor, militam no sentido de que não se esquiva de uma tentativa de fixar domicílio em algum outro país. Sua permanência em outro Estado seria, então, somente o exercício de um ‘suposto’ direito de defesa, ante a atuação autoritária dos poderes constituídos. Diante desta postura, entendo necessária uma atuação mais direta e eficaz para coibir este tipo de pretensão”, afirma o juiz.

Ele discordou do pedido do MPF apenas na questão relativa à necessidade de comunicação de viagens nacionais, por entender que, nestes casos, não havia “idoneidade para violar a aplicação da lei penal”. A apreensão do passaporte em 24 horas, então, foi determinada ainda no dia 25 de janeiro, véspera da viagem de Lula à Etiópia.

O advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins, disse em nota que o cliente tinha o direito de ir e vir, mas entregou o passaporte de Lula à Polícia Federal no dia 26 de janeiro de 2018. Uma semana depois, em 2 de fevereiro, outro juiz federal do Distrito Federal determinou a devolução do passaporte.

Segundo informações do próprio TRF-1, o juiz Bruno Apolinário mandou restituir o passaporte e remover o nome de Lula do Sistema Nacional de Procurados e Impedidos da Polícia Federal. Ele levou em conta os argumentos da defesa sobre o direito de ir e vir do ex-presidente e afirmou que qualquer outra medida cautelar deveria estar fundada na existência de elementos concretos de riscos à ordem pública.

O magistrado ainda ressaltou, segundo o TRF-1, que “não há como concluir que o paciente pretendesse fugir do país com a finalidade de frustrar a aplicação da nossa lei penal. Ao contrário, percebe-se na sua conduta o cuidado de demonstrar, sobretudo ao Poder Judiciário, que sua saída do país estava justificada por compromisso profissional previamente agendado, no caso, viagem à Etiópia onde participaria de evento promovido pela African Union Comission”.

Lula na Europa

Atualmente, não há restrições a viagens do ex-presidente. Ele inicia neste dia 11 uma agenda de reuniões com líderes políticos de esquerda na Europa, nos países Alemanha, Bélgica, França e Espanha.

Em 16 de novembro, o petista participará, na França, de conferência sobre o Brasil no Sciences Po (Instituto de Estudos Políticos de Paris). A conferência, feita por um dos centros de pesquisas mais respeitados no mundo, é realizada 10 anos depois de Lula ter sido o primeiro líder latino-americano a receber o título de Doutor Honoris Causa do instituto.

Nesse mesmo dia, Lula encontrará a prefeita de Paris, Anne Hidalgo. No dia seguinte, Lula recebe o prêmio Coragem Política 2021, concedido pela Politique Internationale por sua gestão na Presidência da República.

Na Espanha, nos dias 18 e 19 de novembro, o ex-presidente participará também de uma conferência e reunião com políticos do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) e do Podemos.

Por que investigamos?

Em sua quarta fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos que tenham viralizado sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições, como este, que teve, até o dia 10 de novembro, ao menos 957 compartilhamentos e 4,6 mil visualizações no Facebook.

Ao divulgar novamente o vídeo sem explicar o contexto em que foi gravado e divulgado em 2018, o perfil Marco Aurélio confunde os internautas que visualizam o conteúdo, levando à interpretação de que atualmente Lula está com o passaporte apreendido.

Embora haja comentários afirmando que a notícia é de 2018, a maioria deles mostra que os internautas acreditam que se trata de uma postagem atual.

Lula é pré-candidato à presidência da República. A propagação de conteúdos enganosos relacionados a nomes que pretendem disputar a eleição prejudica a democracia. Os eleitores são livres para decidir em quem irão votar, mas decisões não devem ser tomadas com base em desinformação.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do seu contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações.

Eleições

Investigado por: 2021-11-10

Prejuízo de refinaria não concluída no Maranhão foi de cerca de R$ 2 bilhões, não de R$ 5 bilhões

  • Enganoso
Enganoso
São enganosas as publicações coordenadas que afirmam que houve roubo de R$ 5 bilhões dos cofres públicos na construção da refinaria Premium I, em Bacabeira, no Maranhão, sem investigação dos órgãos responsáveis. A obra, que, de fato, não foi concluída, gerou prejuízos de cerca de R$ 2,1 bilhões para a Petrobras e é alvo de auditoria do órgão desde o início, além de ter sido mencionada na CPI da Petrobras na Câmara.
  • Conteúdo verificado: Publicações no Facebook afirmam que a construção da refinaria Premium I, em Bacabeira, no Maranhão, nunca saiu do papel e que foram roubados R$ 5 bilhões dos cofres públicos, sem que o caso tivesse atenção de órgãos fiscalizadores e imprensa.

Publicações coordenadas no Facebook enganam ao afirmar que foram roubados R$ 5 bilhões dos cofres públicos na construção da refinaria Premium I, em Bacabeira, no Maranhão. O projeto, que, de fato, não foi concluído, gerou prejuízo de R$ 2,1 bilhões para a Petrobras, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), e ainda está sob investigação.

O post também erra ao afirmar que “o TCU não viu” o caso. O órgão faz auditoria no projeto desde 2011 e já apontou irregularidades no decorrer dos anos, que foram mencionadas no relatório final da CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados.

Também acusada de “não ver” a situação, segundo o post, a imprensa noticiou o cancelamento das obras, o reflexo da promessa não cumprida e o impacto que a decisão teve nas contas da estatal de petróleo.

A publicação engana ainda ao dizer que o vídeo utilizado, mostrando o então presidente Lula (PT) e sua equipe, é de 7 de fevereiro de 2005. A gravação, uma reportagem, foi publicada originalmente no dia 19 de janeiro de 2010 no canal do programa Maranhão TV no YouTube.

Procurado, o autor da publicação, que aparece em 11 grupos de Facebook diferentes, não respondeu ao contato. O Comprova considerou o conteúdo como enganoso porque usa dados imprecisos.

Como verificamos?

Para encontrar o vídeo original, fizemos uma busca no YouTube com o nome do canal que aparece no final do vídeo publicado no post verificado aqui e o nome do estado: MA TV Maranhão. O primeiro resultado é o canal do programa Maranhão TV.

Dentro do canal, na aba de vídeos, foi feita nova busca pelas palavras-chave “Petrobras” e “Premium I”.

O segundo vídeo que aparece entre os resultados é o mesmo do post desta verificação e foi postado em 19 de janeiro de 2010. Esta data foi confirmada como sendo a correta com outras reportagens da mesma época, como esta da TV Brasil, estatal, postada um dia antes.

O próximo passo foi pesquisar reportagens sobre o lançamento, a construção e o cancelamento da obra da refinaria.

Na sequência, a reportagem contatou a assessoria de imprensa da Petrobras por telefone e email.

Também verificamos as investigações de autoridades e órgãos de controle. No site da Câmara foi possível encontrar a página com o relatório final e o próprio documento da CPI da Petrobras. O relatório final menciona processos abertos no Tribunal de Contas da União. Na página do TCU na internet, com os números citados, foi possível fazer consultas por cada um. Buscamos informações também no Senado. Contatamos a assessoria de imprensa do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), mas não obtivemos retorno.

Fizemos contato com a Secretaria de Comunicação do governo do estado do Maranhão, que não respondeu aos questionamentos. Procuramos ainda a Prefeitura de Bacabeira, mas o telefone e o email disponíveis no site da prefeitura não funcionam. Na página do Facebook, enviamos mensagem, mas não houve resposta.

Verificação

Início

A construção de uma refinaria no Maranhão havia sido citada pelo governo federal em 2007 em seu Plano de Aceleração do Desenvolvimento (PAC). No texto, o estado receberia investimentos em três eixos: logística, energia e infraestrutura social. O montante previsto no PAC era de R$ 9,1 bilhões, dos quais 5,6% destinavam-se ao eixo energia, que incluía a refinaria de petróleo.

O projeto da Premium I, da Petrobras, no município de Bacabeira, a 60 quilômetros de São Luís, foi lançado em 2010, pelo ex-presidente Lula (PT) e a a chefe da Casa Civil na época, Dilma Rousseff. A promessa era de que a fábrica entraria em funcionamento em 2015.

A construção foi incluída no Plano de Negócios e Gestão da Petrobras 2014-2018 e no PAC2. No entanto, a estatal cancelou a implantação da refinaria em 2015. Se a obra tivesse sido concluída, representaria a maior refinaria do Brasil, com capacidade de produzir cerca de 600 mil barris de petróleo por dia.

Obra cancelada

Existem alguns motivos para a construção da refinaria não ter sido concluída. Um deles é que o TCU apontou irregularidades na obra. Em um relatório de fiscalização de abril de 2013, o órgão identificou indícios graves de irregularidade na terraplanagem — a única obra que teve início, mas que foi paralisada. De acordo com o TCU, somente em 1º de novembro de 2010, oito meses depois do lançamento, e já com a terraplanagem em andamento, é que foi assinado um contrato para elaboração do projeto básico da refinaria.

Outro motivo: em informações coletadas no site do Senado, a parceria da petroleira chinesa Sinopec com a Petrobras para construir a Premium I não deslanchou porque os chineses deixaram claro que não confiavam na paridade de preços no Brasil (equilíbrio entre os preços internos dos combustíveis e do petróleo no mercado internacional) e exigiram uma rentabilidade mínima de 12% ao ano — enquanto a Petrobras trabalhava com um índice de 8,7%. A refinaria iria processar diesel para exportação.

Além disso, um terceiro ponto destacado foi a destruição da vegetação no Maranhão, que causou danos ambientais por causa da terraplenagem e outros serviços – citado no relatório do TCU. Em 2017, a Petrobras foi condenada a pagar R$ 53,7 milhões por essa questão, em decisão resultante de ação civil pública proposta pela Procuradoria-Geral do Estado.

O fato de o empreendimento ter sido iniciado sem projeto básico também foi apontado pelo TCU.

A obra da Premium I foi alvo de investigações na Câmara dos Deputados na CPI da Petrobras. Foram apontadas irregularidades na refinaria, com base em processos do Tribunal de Contas da União: sobrepreço decorrente de jogo de planilha, prática na qual o construtor muda valores durante a execução da obra, prejudicando o contrato (processo 007.321/2011-2); falha de planejamento, ocasionando aditivos e atrasos injustificáveis nas obras e serviços com prejuízos à Petrobras (006.280/2013-7).

Gastos

Com terraplanagem, construção de canais perimetrais, canteiro de obras e pontes de acesso e cercas foram gastos, pela Petrobras, R$ 583 milhões.

Além disso, o TCU apontou que foram gastos mais R$ 1 bilhão em projetos, treinamentos, transporte e estudos ambientais pela empresa estatal.

Procurada pelo Comprova, a Petrobras disponibilizou documento com os resultados consolidados do terceiro trimestre de 2015, quando houve baixa contábil das obras das refinarias Premium I e Premium II – esta última no Ceará. Segundo o documento, houve prejuízo de R$ 2,7 bilhões em ambas. De acordo com reportagem do G1 à época, R$ 2,1 bilhões eram da Premium I e R$ 596 milhões, da Premium II.

o item 561 do documento do TCU indica que “em 2015, em face da limitação de funding [financiamento] e da falta de parceiros para o empreendimento, propôs-se o encerramento parcial dos projetos com prejuízo de R$ 2,8 bilhões contabilizados até dezembro de 2014”.

Ação articulada

O autor do post se identifica no Facebook como Marcos Rocha e integra o grupo “#bolsonarotemrazão” na mesma rede, onde ele publicou o conteúdo verificado aqui. A reportagem tentou entrar em contato, mas ele não respondeu.

Após ele fazer a publicação com as informações enganosas, ela foi compartilhada em sete grupos públicos do Facebook ao mesmo tempo, sendo todos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Cerca de uma hora depois foi postada em outros quatro grupos.

Por que investigamos?

Em sua quarta fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições. O post aqui verificado foi usado em ação coordenada e publicado em 11 grupos diferentes, sendo em sete deles ao mesmo tempo, e, segundo a ferramenta CrowdTangle, somou cerca de 500 interações até o dia 10 de novembro de 2021. Na página do autor da publicação, ela foi visualizada 1,3 mil vezes.

Ao aumentar o valor e alegar roubo de um dinheiro investido em obras da Petrobras no governo Lula, a publicação tenta descredibilizar o político, que lidera pesquisa Datafolha de intenção de voto para presidente em 2022, sendo o principal concorrente de Jair Bolsonaro (sem partido).

O Comprova já verificou outros conteúdos que distorcem a verdade para favorecer o atual presidente, como o que acusa falsamente Lula e Dilma de terem pagado 6 mil euros em um jantar em Paris e o que retira de contexto tabela com dados do Bolsa Família.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado com alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Eleições

Investigado por: 2021-11-09

Tabela sobre pagamento de Bolsa Família é editada e retirada de contexto para favorecer Bolsonaro

  • Enganoso
Enganoso
É enganoso que o programa Bolsa Família tenha atendido a um número maior de famílias no governo de Jair Bolsonaro (sem partido), com menos recursos e parcelas maiores do que na gestão de Dilma Rousseff (PT). A postagem contém uma tabela incompleta que retira de contexto dados sobre o benefício.
  • Conteúdo verificado: Postagem no Facebook apresenta uma tabela com valores que teriam sido aplicados pelo governo federal em programas sociais, comparando as gestões do PT (Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff), do MDB (Michel Temer) e de Jair Bolsonaro (sem partido).

É enganoso que, durante o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), o programa Bolsa Família tenha passado a atender a um número maior de famílias, com um volume menor de recursos do que o empenhado durante o governo de Dilma Rousseff (PT).

Uma postagem no Facebook apresenta uma tabela com os valores do orçamento do Bolsa Família, entre 2003 e 2021, além do número de famílias atendidas e a média do benefício, alegando que, nos últimos anos, foi possível atender mais pessoas com um orçamento menor.

A tabela, na verdade, está incompleta e foi retirada de uma reportagem do Poder360, onde foi publicada com o título “Bolsa Família teve maior valor real pago em 2014”. A postagem omite o recorte principal, deixando de mostrar a coluna com a “média real por família”, que corrige o valor do benefício de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que é o índice que mede a inflação e variação dos preços, produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras e permite uma comparação mais adequada entre os anos.

A publicação ainda afirma que o Renda Brasil vai pagar R$ 400 mensais aos beneficiários, com direito a 13º salário. O novo programa social, chamado Auxílio Brasil, prevê reajuste de 20% no valor pago pelo Bolsa Família, e, de fato, com alguns benefícios transitórios programados até dezembro do ano que vem, a transferência de renda pode chegar a R$ 400. Mas este não é um valor definitivo.

No entanto, o governo federal ainda não possui a confirmação do pagamento do novo benefício em novembro, pois depende que o Congresso aprove um projeto de lei que transfere R$ 9,3 bilhões do orçamento de um programa para o outro. O funcionamento do programa também não está claro.

Além disso, no contexto de criação do Auxílio Brasil, foi suspenso o auxílio emergencial, criado para atendimento da população mais vulnerável durante a pandemia, deixando um grupo de pessoas desassistidas, uma vez que nem todas terão direito ao novo benefício.

Procurado pelo Comprova, o autor da postagem não respondeu ao pedido de esclarecimentos. O Comprova considerou o conteúdo enganoso porque usa dados imprecisos na postagem.

Como verificamos?

O Comprova analisou a formatação da tabela e notou que o estilo de fonte e diagramação parecia com o padrão adotado pelo site Poder360. Em uma busca no Google, pelos termos “média nominal por família, bolsa família, Poder360”, fomos direcionados para o link com a reportagem onde consta a informação original, que tem o título “Bolsa Família teve seu valor máximo em 2014, ano de reeleição da Dilma”.

A reportagem comparou, então, as informações da tabela presente na postagem verificada e as da matéria original e checou a veracidade das alegações do autor do post no Facebook.

A equipe ainda fez contato com o economista e professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Piscitelli.

Além disso, o Comprova procurou o autor da postagem no Facebook por e-mail e também por mensagem instantânea disponíveis na página da empresa em que ele se apresenta como “desenhista principal”, mas não tivemos retorno até a publicação da verificação.

Verificação

Tabela fora de contexto

A tabela que consta na postagem foi retirada de uma reportagem do site Poder360, publicada em 22 de outubro com o título “Bolsa Família teve seu valor máximo em 2014, ano de reeleição da Dilma”. No Facebook, porém, o autor omitiu o título da própria tabela (“Bolsa Família teve maior valor real pago em 2014”), algumas observações e, sobretudo, a última coluna, que mostra a “média real por família” do benefício, a cada ano.

Na tabela original, “média real por família” é o valor do benefício atualizado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador que mede a inflação no país. Quanto mais alta é a inflação, menor é o poder de compra das famílias. A maior variação mensal de IPCA foi em março de 1990, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

| A tabela original está publicada no site Poder360, e inclui informações sobre os valores pagos por Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro. O quadro revela que o valor mais alto do Bolsa Família foi em 2014.

Na publicação original, esta última coluna é o destaque, já que é na média real que o valor pago em 2014 se sobressai em relação aos demais anos. Segundo dados na própria tabela, a média real considera os valores nominais corrigidos pela inflação, resultando no montante que seria recebido se a mesma média de empenho orçamentário e número de beneficiados fosse mantida hoje.

Na postagem, o autor do conteúdo verificado alega que “Bolsa Família no governo Lula não passava de 100 reais” e que “no governo Dilma não passava de 164 reais”. Apesar de encontrarem respaldo na comparação do valor nominal, as afirmações não se sustentam na avaliação efetiva entre o valor pago a cada ano pelo benefício, já que é preciso considerar a correção monetária.

Dessa forma, considerando a média real, o valor mais baixo pago pelo governo Lula, por família, foi de R$ 110,80, em 2006. Já no governo Dilma, como é ressaltado no título da matéria, houve pagamento de até R$ 245,10 por família – o maior já registrado, em valores reais, desde a implementação do benefício.

Na legenda da publicação verificada, o autor ainda diz que “as famílias atendidas aumentaram nesse governo e foi gasto bem menos do que no ano do governo de Dilma”. A afirmação também não se sustenta, porque os valores na coluna de “orçamento” consideram a correção monetária pelo IPCA e, portanto, a comparação com o valor pago a cada família deve levar em conta, igualmente, o valor corrigido.

A tabela não especifica esta correção dos valores orçamentários, mas o Comprova fez o caminho matemático inverso do cálculo da média real do benefício por família, e encontrou as quantias destacadas na primeira coluna: por exemplo, em 2014, a média do benefício (R$ 245,10) foi paga a 14 milhões de famílias, por um período de 12 meses – o que resulta num gasto de R$ 41,1 bilhões (245,10 x 12 x 14.000.000 = 41.176.800.00).

Bolsa Família

O Bolsa Família começou a ser pago em outubro de 2003, quando o programa foi instituído pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e apresenta três eixos principais: complemento da renda; acesso a direitos; e articulação com outras ações de modo a estimular o desenvolvimento das famílias. Apesar de ter iniciado em 2003, os levantamentos do Ministério da Cidadania começaram em 2004.

O valor que cada família recebe do Bolsa Família depende de vários fatores, como o número de pessoas, a idade de cada um e condições como a gravidez, por exemplo. Depende também da renda per capita.

O pico dos gastos com o Programa Bolsa Família foi atingido em 2013, quando totalizou R$ 38,4 bilhões, segundo os dados oficiais. Já em 2019, um ano antes da pandemia, foram gastos R$ 33,5 bilhões e, em 2020, apenas R$ 10,1 bilhões, já que os beneficiários receberam parte do valor por meio do auxílio emergencial.

Em 2020, o programa englobava 41 milhões de pessoas, cerca de 13 milhões de famílias. Neste ano, eram 14,7 milhões de famílias beneficiadas pelo programa. O Bolsa Família era destinado às famílias com renda por pessoa de até R$ 89 mensais, e também às famílias com renda por pessoa entre R$ 89,01 e R$ 178 mensais, desde que tivessem crianças ou adolescentes de zero a 17 anos.

A última parcela do Bolsa Família foi paga em outubro aos beneficiários, ainda sem a confirmação do pagamento do Auxílio Brasil em novembro. O governo federal ainda depende que o Congresso aprove um projeto de lei que transfere R$ 9,3 bilhões do orçamento de um para o outro.

O programa Auxílio Brasil

Na postagem verificada, o autor afirma que o Renda Brasil terá o valor de R$400.

O benefício a que o autor do post se refere como Renda Brasil, na verdade, foi batizado de Auxílio Brasil. Quando a proposta foi apresentada em junho do ano passado, era Renda Cidadã, e mudou de nome duas vezes até chegar à denominação atual.

A previsão é que comece a ser pago em novembro deste ano (mês em que são pagas as últimas parcelas do auxílio emergencial criado na pandemia), numa composição de benefícios que vai alcançar o valor de R$ 400. O pagamento está previsto até dezembro de 2022, ano eleitoral e que deverá ter Bolsonaro na disputa à reeleição.

O interesse nas eleições presidenciais é apontado como motivação para as mudanças propostas e há uma discussão jurídica se o dinheiro extra para o auxílio pode, inclusive, ser considerado crime eleitoral.

O programa social, divulgado pelo governo federal como substituto do Bolsa Família, traz a novidade no nome, mas, na prática, o novo sistema de transferência de renda também exige inscrição no Cadastro Único (CadÚnico) – o mesmo usado para definir quem ganha atualmente a bolsa.

Assim, quem já está no Bolsa Família deve receber automaticamente o Auxílio Brasil. Para se encaixar como beneficiário, além de se inscrever no CadÚnico, é preciso seguir uma série de regras, entre as quais viver na extrema pobreza. Famílias em situação de pobreza também poderão ser atendidas, desde que tenham gestantes ou pessoas com menos de 21 anos.

Mas o valor de R$ 400 não é definitivo. A remuneração atual vai ter reajuste, estimado em 20%, e a esse resultado serão somados benefícios transitórios até o limite definido para o Auxílio Brasil. Assim, após dezembro de 2022, se não houver mudanças, os beneficiários do programa social voltarão a receber o equivalente ao que é pago hoje no Bolsa Família, acrescido do reajuste.

Diante de um custo de vida elevado, mesmo com reajuste e complementos, os R$ 400 não compram uma cesta básica nas capitais do país.

Além disso, o programa social não alcança todas as pessoas que, atualmente, recebem o auxílio emergencial. A previsão é que mais de 22 milhões de brasileiros fiquem sem o benefício a partir de novembro. A forma como o Auxílio Brasil está sendo apresentado também é alvo de críticas pela insegurança gerada nos beneficiários do Bolsa Família.

Consultado sobre o tema, o economista Roberto Piscitelli pontuou que, a princípio, não se deve comparar o Bolsa Família com o Auxílio Emergencial, pois as finalidades e circunstâncias são absolutamente diversas. E o auxílio não tem contrapartida.

Piscitelli cita um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado em 2013, segundo o qual o Bolsa Família beneficiava 13,8 milhões de famílias. “Estes números, como se vê, estão próximos dos números mais recentes, 8 anos depois, quando se estima algo em torno de 14,4 milhões. Comparando-se com o aumento da população no período, esse acréscimo está aquém da relação que se poderia estabelecer, levando em conta justamente essa variável (população), e muito aquém do aumento dos números do desemprego, do subemprego e da informalidade”.

Quem é o autor do post investigado?

O perfil que publicou a planilha é de Bruno Guetä, que se identifica como desenhista no Facebook.

No início da verificação, o Comprova encontrou os perfis de Bruno também no Linkedin e Twitter, fez contato com o autor por e-mail disponibilizado no Linkedin e enviou mensagem instantânea para a página da empresa em que ele diz atuar como “desenhista principal”.

No entanto, após o contato da reportagem, o jovem excluiu os perfis no Linkedin e Twitter, mantendo apenas a conta no Facebook. Apesar de não ter respondido o contato do Comprova, Bruno saiu do grupo Bolsonaro 2022 🇧🇷, onde fez o post verificado.

Até a publicação desta matéria não houve resposta.

Por que investigamos?

Conteúdos suspeitos sobre políticas públicas do governo federal, como o Bolsa Família, fazem parte do escopo do Comprova, nesta quarta fase do Projeto – assim como postagens que tratam das eleições ou da pandemia.

A postagem verificada teve mais de 13,7 mil interações no Facebook, segundo a plataforma CrowdTangle, e usa dados falsos para criar uma impressão incorreta sobre a atuação do governo Bolsonaro. A extinção do Bolsa Família, em prol da criação de um novo benefício, com características ainda incertas, é alvo de diversas críticas.

O Comprova já verificou postagens que também atribuíam méritos ao governo federal de forma incorreta, como o vídeo falso que afirmava que Bolsonaro estaria doando máquinas agrícolas aos estados, uma publicação sobre investimentos na ciência e um vídeo sobre obras de infraestrutura.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; ou ainda aquele que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Eleições

Investigado por: 2021-11-05

Post inventa que Lula é acionista da Folha

  • Falso
Falso
São falsos posts de 2018 que voltaram a circular no Facebook afirmando que o ex-presidente Lula (PT) é dono do jornal Folha de S.Paulo. O veículo pertence à família Frias.
  • Conteúdo verificado: Posts no Facebook inventam que Lula (PT) detém 52% das ações da Folha.

É falso o post de 2018 que voltou a circular no Facebook dizendo que o ex-presidente Lula (PT) seria “dono” de 52% das ações do jornal Folha de S.Paulo. Como informado em seu site, o veículo pertence à família Frias desde 1992.

Na legenda, um dos perfis que compartilhou o post alega que isso explicaria o fato de “a Folha de S.Paulo ser contra Bolsonaro”, o que também é falso. O jornal, como é explicado em seu site, é pautado pelo apartidarismo e pela desvinculação a “governos, oposições e doutrinas”.

A reportagem tentou contatar três perfis que publicaram o post com o mesmo conteúdo, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. A postagem foi considerada falsa porque usa informações inventadas.

Como verificamos?

O primeiro passo foi confirmar, por meio de notícias no site da Folha, que Lula não tem nenhuma participação no grupo do qual o jornal faz parte. Ao pesquisar as informações no Google, foi verificado que o post com conteúdo falso havia circulado inicialmente em 2018 – e que a Folha e agências como Lupa, Boatos.org e Aos Fatos já haviam checado as afirmações na época.

A reportagem também entrou em contato com a Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), que informou que os dados da Folha só podem ser acessados por representantes legais, já que se trata de uma sociedade anônima.

Outro passo foi buscar a reportagem que aparece como print de tela no conteúdo, intitulada “Jornal espanhol corrige declaração de Lula com crítica a Dilma”. Referia-se a uma matéria do veículo “El Mundo”, de 22 de outubro de 2017.

Em seguida, o Comprova analisou o mais recente projeto editorial da Folha para averiguar o posicionamento sobre manifestações partidárias, incluindo participação de políticos na empresa.

Por último, tentamos contato via mensagem no Facebook com os perfis ​​Bolsonaro 2022, Plaster Mãozinhas e Alverindo Pommer, que publicaram os posts.

Verificação

Família Frias

Em 2018, quando o post circulou pela primeira vez, a Folha desmentiu as alegações de que Lula seria dono de ações da empresa. “A Folha é editada pela Empresa Folha da Manhã S.A., que pertence 100% à família Frias de Oliveira”, diz a nota. Também lembra que o jornal foi comprado “em 1962 pelos empresários Octavio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho” e que, “em 1991, os dois sócios se separaram, e a família Frias tornou-se a única proprietária da empresa”.

Desde novembro de 2020, como informou nota no jornal, o publisher Luiz Frias, filho de Octavio Frias de Oliveira, se tornou o acionista majoritário da holding Folha Participações S.A., controladora da empresa à qual o jornal Folha de S.Paulo pertence.

I Nota publicada na versão impressa da Folha em 20 de novembro de 2020

Folha e Bolsonaro

Como informa seu projeto editorial mais recente, de 2019, a Folha atua com o princípio do apartidarismo – ou seja, ao contrário do que desinforma o post verificado aqui, ela não trabalha a favor ou contra nenhum político.

“Sob o pressuposto de que a difusão de informações confiáveis e opiniões qualificadas estimula o exercício da cidadania e contribui para o desenvolvimento das ideias e da sociedade”, a Folha coloca como um de seus princípios: “Manter atitude apartidária, desatrelada de governos, oposições, doutrinas, conglomerados econômicos e grupos de pressão”.

Já o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ataca a imprensa e, especificamente, a Folha, com frequência. Em 5 de maio do ano passado, por exemplo, chamou o jornal de “canalha”, “patife” e “mentiroso”. Na mesma ocasião, mandou um repórter “calar a boca”; a Folha se manifestou em nota dizendo que, “mais uma vez o presidente Jair Bolsonaro desrespeita a liberdade de expressão e insulta o jornalismo profissional” e que o jornal ia seguir “cobrindo os atos desta administração com isenção e independência, como fizemos em todos os governos”.

A notícia reproduzida na postagem

O título da reportagem da Folha exposto no conteúdo falso diz: “Jornal espanhol corrige declaração de Lula com crítica a Dilma”. A notícia, de 23 de outubro de 2017, conta que o “El Mundo” havia alterado uma declaração do petista dada em entrevista.

A mudança ocorreu após o ex-presidente afirmar, em seu Twitter, que a Folha e o UOL haviam divulgado uma declaração que ele não teria dado ao veículo espanhol – os veículos brasileiros haviam se baseado na reportagem do El Mundo.

Na primeira versão, o espanhol publicou que Lula disse que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) “traiu seu eleitorado”. Posteriormente, o trecho foi corrigido, afirmando que Lula declarou que o “eleitorado se sentiu traído” com o ajuste fiscal promovido pela colega de partido.

Por que investigamos?

Em sua quarta fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos que tenham viralizado sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições, como este checado aqui, que teve ao menos 16 mil visualizações até 4 de novembro.

Ao associar o nome de Lula ao comando da Folha, o post tenta descredibilizar tanto o político quanto o jornal – ambos são alvos de ataques frequentes de Bolsonaro. Descredibiliza também o Datafolha, instituto que, em sua última pesquisa, publicada em 17 de setembro, mostrou Lula à frente de Bolsonaro tanto no primeiro quanto no segundo turno do pleito presidencial de 2022. Os cidadãos têm o direito de apoiar o candidato que quiserem, mas é perigoso para a democracia quando a opinião é formada com base em conteúdos falsos, como estes.

Como já informado, esse conteúdo já foi checado pela Folha e por agências como Lupa, Boatos.org, Aos Fatos e Observador.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

Eleições

Investigado por: 2021-10-29

Publicações falsas inventam que jogadores de times europeus dedicaram gols a Bolsonaro

  • Falso
Falso
São falsas duas publicações virais no Facebook que falam que jogadores internacionais homenagearam Jair Bolsonaro (sem partido). Não existem registros de que Mohamad Salah, do Liverpool, e Ciro Immobile, da Lazio, tenham se manifestado a favor do presidente brasileiro.
  • Conteúdo verificado: Post inventa que Mohamed Salah, atacante egípcio do Liverpool, dedicou três gols a Jair Bolsonaro (sem partido). Publicação semelhante que começou a circular antes cita outro jogador internacional, o italiano Ciro Immobile, da Lazio.

São inventadas as informações de posts virais no Facebook com homenagens de jogadores de futebol internacionais ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após gols e vitórias de suas equipes.

Na publicação mais recente aparece o egípcio Mohamed Salah, atacante do time inglês Liverpool, com uma frase falsa enaltecendo Bolsonaro após supostamente ter ouvido boas referências de brasileiros companheiros de clube. Na semana passada, circulava uma montagem semelhante com foto do atleta italiano Ciro Immobile, que joga na equipe também italiana do Lazio.

Apontado como fonte de uma das histórias, o jornalista Jorge Nicola não fez publicação sobre a suposta homenagem de Salah a Bolsonaro. “Não escrevi nada daquilo”, ele afirmou ao Comprova.

No post com Immobile, a alegação é que a origem da história seria um jornal esportivo italiano, mas não há nenhuma reportagem com esse conteúdo.

A reportagem escreveu para as páginas que publicaram os conteúdos. O perfil Bolsonaro Presidente no Facebook não respondeu até a publicação deste texto. Já o grupo Bolsonaro 2022 BR não foi possível contatar porque não há opção de envio de mensagem.

O Comprova considerou os conteúdos falsos porque foram inventados.

Como verificamos?

Para verificar o caso de Salah, a reportagem checou o blog e todas as redes sociais de Jorge Nicola, jornalista citado como fonte da história, e não encontrou nenhuma referência ao caso no YouTube, Twitter, Facebook e Instagram. Houve contato com o próprio Nicola por mensagens no WhatsApp e ele negou ter publicado o conteúdo.

O Comprova também fez contato com o assessor de imprensa de Alisson Becker, um dos jogadores brasileiros citados em um dos posts.

Sobre o caso que circulou na semana anterior, de Immobile, a equipe entrou em contato com a assessoria de imprensa do jogador pelo Instagram e LinkedIn e fez buscas em sites de jornais esportivos da Itália, para verificar se algum deles seria a fonte citada no post, e não havia nenhuma informação sobre a homenagem. Também foram checadas as redes sociais do jogador italiano e não havia nenhuma manifestação sobre Bolsonaro. Até o momento, a assessoria do jogador não respondeu às mensagens.

Verificação

Mohamed Salah

No dia 24 de outubro, o Liverpool goleou o rival Manchester United por 5 a 0, com três gols de Mohamed Salah, um dos 30 melhores jogadores do mundo na atualidade, segundo lista do prêmio Bola de Ouro da revista francesa France Football. Tentando aproveitar a popularidade do egípcio, um post afirma falsamente que ele admira Jair Bolsonaro pelo que escuta em conversas com jogadores brasileiros do clube, como o goleiro Alisson, o volante Fabinho e o atacante Roberto Firmino.

A assessoria de imprensa do goleiro Alisson Becker afirmou que a situação narrada na postagem é falsa.

A fonte citada na publicação é “Jorge Nicolas”, grafia errada do nome do jornalista Jorge Nicola, que mantém blog no Yahoo e negou que tenha feito qualquer reportagem sobre o tema. “Nunca”, foi o que respondeu categoricamente ao ser questionado se já divulgou entrevista com esse conteúdo.

Ciro Immobile

A fonte citada no post sobre Immobile é “Jornal esportivo italiano”, sem especificar qual veículo de imprensa teria feito reportagem sobre o assunto.

No La Gazzeta dello Sport, nenhuma matéria foi publicada com os nomes de Immobile e Bolsonaro no mesmo texto.

No Corriere dello Sport, houve uma história com os dois envolvidos, mas não está relacionada ao assunto. A reportagem é 26 de março de 2020 e repercute a entrevista que Lucas Leiva, jogador brasileiro da Lazio, deu ao Globo Esporte com alerta para sua terra natal sobre o perigo do coronavírus. Até aquele dia, a covid-19 tinha matado 77 pessoas no Brasil, mas já afetava com maior intensidade a Itália, onde haviam falecido 8.215 cidadãos. Leiva relatava a rotina da quarentena no país. A matéria fala da postura negacionista do presidente brasileiro que desdenhava do perigo e descartava a necessidade de isolamento.

O nome de Immobile aparece na página em galeria de fotos que mostra jogadores que publicaram em redes sociais com a hashtag em italiano “iostoacasa”, que, em português, significa “eu fico em casa”, postura diferente da que foi defendida por Bolsonaro desde o início da pandemia.

O jogador italiano usou a mesma hashtag ou semelhantes em outras publicações. Ele também doou uma camisa de futebol para leilão com a renda revertida para um hospital que tratava vítimas da covid-19. Quando recebeu agradecimento pelo gesto, retribuiu chamando os profissionais da saúde de “verdadeiros campeões”.

Por que investigamos?

Em sua quarta fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições. O post falso sobre homenagens de Salah a Bolsonaro teve cerca de 3,9 mil reações e mais de 1,7 mil compartilhamentos até não poder ser mais visualizado no Facebook. A publicação com Immobile teve 2 mil reações e mais de 500 compartilhamentos até 28 de outubro, quando também foi bloqueada.

Qualquer cidadão tem o direito de apoiar o político que quiser, mas é perigoso para a democracia quando a opinião é formada com base em conteúdos falsos, como estes verificados aqui.

Conteúdos iguais ou similares foram considerados falsos pelas agências de checagem Estadão Verifica, LupaAos Fatos e Boatos.org.

O Comprova já classificou como falso outros conteúdos que associavam os nomes de atletas a apoio a Bolsonaro, como o que inventava que o surfista Italo Ferreira teria pedido a prisão do ex-presidente Lula (PT) durante as Olimpíadas de Tóquio e o que dizia que a trilha usada em apresentação da ginasta Rebeca Andrade no mesmo evento seria uma homenagem a Bolsonaro.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.