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Investigado por: 2018-09-21

Áudio atribuído a Jair Bolsonaro no hospital é falso

O áudio atribuído ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) que circula em redes sociais desde terça-feira, 18 de setembro, quando foi divulgada a pesquisa Ibope, é falso, segundo peritos ouvidos pelo Comprova.

Na gravação, o homem que se passa por Bolsonaro xinga o general Hamilton Mourão, vice do candidato à presidência, e uma enfermeira do hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde o capitão reformado do exército está internado para se recuperar de um atentado a faca ocorrido no dia 6 de setembro durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG).

O homem também diz que não aguenta mais ficar no hospital e que o “teatrinho acabou”. A fala alimentou teorias falsas de que o atentado sofrido por Bolsonaro seria forjado.

Um trecho da gravação faz referência a Fernando Haddad, candidato do PT à Presidência, que está em segundo lugar nas intenções de votos, segundo o Ibope, atrás apenas de Bolsonaro. “Me tira daqui, a gente tem uma eleição pra ganhar, pô (sic). Uma eleição pra ganhar, e você me mantendo aqui nesse teatro”, diz o homem, dirigindo-se a quem chama de Eduardo – mesmo nome de um dos filhos de Bolsonaro.

A pedido do Comprova, o Instituto Brasileiro de Peritos comparou o áudio viral com a voz de Bolsonaro na entrevista que ele concedeu ao jornalista Luiz Datena no dia 22 de abril de 2018. A conclusão é de que não é o candidato do PSL que fala na gravação viral que foi divulgada nesta semana. “O corpo probatório sustenta muito fortemente a hipótese de que as amostras de fala não foram proferidas pelo mesmo locutor”, diz o laudo.

A metodologia da perícia constitui-se de uma análise qualitativa dos marcadores de voz, fala e linguagem dos falantes. Depois, é realizada a comparação desses parâmetros em cada amostra de voz e fala questionada. Nesta análise, foram observados padrões das vogais e consoantes, ritmo e velocidade de fala, padrões de entonação, qualidade da voz e os hábitos apresentados pelo falante, além da aplicação de palavras nas sentenças e o uso de regras gramaticais.

No áudio falso foi percebido, por exemplo, um sotaque típico do interior na fala do fonema “r”, enquanto na fala de Bolsonaro isso não aparece. Também foram percebidas diferenças na ressonância, articulação, velocidade de fala e desvio fonético entre as amostras comparadas.

O Comprova também consultou o perito Mauricio de Cunto, da empresa Fonolab. Ele comparou o áudio viral a três gravações do candidato no hospital (aqui, aqui, e aqui).

Ao analisar a frequência da voz do candidato, o especialista concluiu que o imitador do áudio tem um tom mais agudo. “A voz questionada é muito divergente das vozes autênticas, podendo ser considerada falsa”, afirma o parecer emitido pelo perito.

Outro elemento que aponta se tratar de um áudio falso é a baixa qualidade da gravação. De acordo com peritos experientes, esse é um truque típico das falsificações: diminuir a resolução de áudios, vídeos e fotos faz com que a análise dessas mídias se torne mais difícil.

Dois filhos de Bolsonaro, Carlos e Eduardo, já desmentiram em suas contas de Twitter a veracidade do áudio. “A mais nova fakenews (sic) com um áudio em que dizem ser Bolsonaro reclamando no hospital”, escreveu Carlos em um tuíte, republicado por Eduardo.

O hospital em que o presidenciável está internado, o Albert Einstein, também negou a gravação e a informação de que uma enfermeira teria sido despedida após o episódio.

O boato foi repassado a integrantes do Comprova por WhatsApp, além de ter sido publicado em vídeos no YouTube. No canal Jefferson Moraes, por exemplo, o vídeo somava 49.038 mil visualizações da data em que foi publicado, dia 18 de setembro de 2018, até a tarde desta sexta-feira, 21 de setembro.

Os sites Fato ou Fake e Boatos.Org também publicaram desmentidos sobre o assunto.

Investigado por: 2018-09-21

Vídeo de “eleitores do PT” espancando idosas é falso

Um vídeo publicado nas redes sociais alega que idosas eleitoras do candidato à presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, foram atacadas por apoiadores do Partido dos Trabalhadores em 18 de setembro de 2018. As imagens, no entanto, estão fora de contexto e essa versão é falsa.

“Aconteceu Agora: Eleitores do PT já estão atacando os da direita! Vejam eles espancando covardemente essa senhoras de idade eleitoras do Bolsonaro” diz a descrição de uma publicação no Facebook feita na última terça-feira, 18 de setembro.

O vídeo não foi gravado recentemente e não há imagens de idosas sendo espancadas e nem de eleitores fazendo campanha para Bolsonaro.

Na verdade, o vídeo foi gravado em 4 de março de 2016, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi conduzido coercitivamente a uma delegacia da Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para depor no âmbito da operação Lava Jato.

Para chegar a essa conclusão, fizemos uma busca por imagens semelhantes às do vídeo enganoso, com auxílio do Citizen Evidence, e identificamos o local da gravação.

Comparamos as imagens do vídeo e confirmamos que foi feito nas imediações do aeroporto.

Na sequência, fizemos buscas na web por incidentes com militantes do PT naquelas imediações e chegamos ao dia 4 de março de 2016, data em que Lula foi conduzido à delegacia da Polícia Federal em Congonhas. Há duas pessoas nas imagens e elas também aparecem em um vídeo publicado pelo portal G1 sobre o evento, em março de 2016. A paisagem urbana de ambas gravações também coincide com a Avenida Washington Luis, da capital paulista, na altura do número 6995.

A alegação falsa viralizou depois que foi publicada no Facebook pela conta “Fagner Andrade”. As páginas “Jair_Messias_Bolsonaro_Oficial” e “BRN – O Brasil é Nosso” também publicaram o conteúdo falso.

No Facebook, este post falso foi visualizado cerca de 916 mil vezes e teve mais de 39 mil compartilhamentos desde o dia 18 de setembro nas páginas e no perfil citados.

Investigado por: 2018-09-20

Declaração de Cid Gomes é tirada de contexto e atribuída a Fernando Haddad

Um post enganoso publicado no Facebook sugere que o homem que aparece em um vídeo afirmando que “desvio de dinheiro é natural e intrínseco ao serviço público” é o candidato à presidência da República do PT, Fernando Haddad. A informação não é verdadeira. O político na imagem – visualizada mais de duas milhões de vezes – é Cid Gomes (PDT), ex-governador do Ceará.

A descrição da publicação diz: “Olha a visão do candidato de Lula (Haddad), o cara que vocês irão votar a pedido do Lula, a mesma coisa de Dilma e Temer, ou talvez pior ainda”. A declaração provocou inconformidade em alguns usuários. “Ladrão safado. Natural né bandido.vamos banir VCS do Brasil corja de pilantras”, comentou um deles.

No entanto, a declaração foi feita por Cid Gomes, ex- governador do Ceará e irmão do candidato à presidência Ciro Gomes (PDT), no dia 29 de setembro de 2014. O comentário sobre desvios foi feito em defesa do Camilo Santana (PT), que na época era candidato a governador do Ceará e foi envolvido em um escândalo político relacionado a desvio de verbas destinadas à construção de sanitários para famílias carentes no estado cearense.

Santana, sucessor e aliado de Cid, teve o nome envolvido porque era o secretário de Cidades quando o chamado “escândalo dos banheiros” veio à tona. Ele sempre negou irregularidades e disse que suas contas foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado.

“Desde que existiu o dinheiro, existe quem procure roubar o dinheiro (sic). A diferença entre um governo sério e um governo conivente, é que o governo sério, quando descobre, pune. E foi o que o Camilo fez quando assumiu a secretaria [de Cidades] e viu que tinha um escândalo”, disse Cid, no vídeo original, após se referir à normalidade dos desvios.

No dia 8 de agosto de 2018, o Comprova mostrou que outra frase, também atribuída a Cid Gomes, foi falsamente relacionada ao candidato Geraldo Alckmin (PSDB).

Segundo as estatísticas do Facebook, o vídeo do post enganoso foi assistido mais de 2,8 milhões de vezes e compartilhado 159 mil vezes desde que foi publicado, no dia 1º de setembro.

Investigado por: 2018-09-20

Patrícia Pillar desmente meme e diz que nunca sofreu agressão

Um meme que combina uma foto da atriz Patrícia Pillar com uma fala atribuída a ela, que diz “Gente, eu nunca fui casada com Bolsonaro. Quem me batia era o Ciro Gomes” é uma das imagens mais sugeridas para verificação recebidas pelo WhatsApp do Comprova nos últimos dias. Graças à popularização da peça, a própria atriz veio a público para declarar que nunca fez essa afirmação, tampouco teria sido agredida pelo ex-marido.

Patrícia, que foi casada com Ciro Gomes entre 1999 e 2011, fez duas postagens na sua página oficial no Facebook – uma no dia 19 de setembro e outra na madrugada do dia 20. Na primeira, ela afirma em texto que “estou aqui para dizer que estão usando a minha imagem para divulgar notícias falsas, favorecendo um candidato que jamais seria o meu”. Neste primeiro vídeo, a atriz declara que “nunca sofri nenhum tipo de violência da parte de ninguém. Isso é totalmente falso”. Na segunda postagem, a atriz vai além e chega a declarar seu voto em Ciro Gomes.

O meme começou a circular no Facebook no dia 19 de setembro. A primeira postagem localizada pelo Comprova, em um perfil pessoal, foi apagada, mas chegou a ter 20 mil compartilhamentos. Pelo menos outros três perfis continuam compartilhando a montagem, com engajamento expressivo. Um deles tinha 29,2 mil compartilhamentos na tarde de 20 de setembro. Os outros dois perfis somavam 4,4 mil compartilhamentos. O conteúdo também está sendo compartilhado por WhatsApp e foi rastreado pelo monitor de WhatsApp da UFMG.

A dupla postagem de Patrícia Pillar foi notícia nos principais jornais e portais de notícias do país. O site Boatos.org e a Agência Lupa também publicaram o desmentido.

Investigado por: 2018-09-20

Posts que anunciam vitória de Bolsonaro no 1º turno com 61% são enganosos

São enganosos os posts nas redes sociais afirmando que o candidato Jair Bolsonaro (PSL) tem 61% das intenções de voto e, portanto, seria vitorioso no primeiro turno da disputa presidencial. As postagens se baseiam em cálculos do site PollingData, que não faz pesquisa de intenção de voto. O site faz uma projeção de resultado da eleição tendo como base pesquisas feitas por diversas empresas. Na tarde desta quarta-feira, 19 de setembro, ele apontava que Bolsonaro tinha apenas 5% de chances de vencer a eleição já no primeiro turno.

Os posts enganosos usaram a projeção que o site fazia na manhã de terça-feira, 18 de setembro. Naquele momento, de acordo com o PollingData, a probabilidade de Bolsonaro ganhar a eleição era de 61%, mas não exatamente no primeiro turno.

Como o cálculo muda conforme novas pesquisas são divulgadas, as projeções do PollingData estavam um pouco diferentes nesta quarta-feira. No período da tarde, com as pesquisas disponíveis naquele momento, a probabilidade de Bolsonaro vencer a disputa presidencial era de 54%, contra 37% de Fernando Haddad (PT), 8% de Ciro Gomes (PDT) e 1% de Marina Silva (Rede).

A probabilidade de a eleição terminar logo no primeiro turno, com vitória de Bolsonaro, era de somente 5%. Para que a disputa acabe já em 7 de outubro, o primeiro colocado precisa obter metade dos votos válidos mais um. A probabilidade de isto não acontecer e haver necessidade de realização do segundo turno era de 95%.

Os cálculos do PollingData indicavam que, havendo segundo turno, Bolsonaro tinha 100% de probabilidade de estar nele. A probabilidade de Haddad chegar ao segundo turno era de 84%; a de Ciro ir à segunda rodada era de 14%; a de Marina era de 2% e a Geraldo Alckmin (PSDB) era de apenas 1%.

O PollingData usa o “modelo de agregação” como método de cálculo das probabilidades de vitória na eleição. Neste modelo, são levados em consideração os resultados de pesquisas eleitorais, dando pesos diferentes a elas de acordo com elementos como a margem de erro e a distância da data das eleições – quanto mais perto do pleito, maior o peso do levantamento no cálculo. Trata-se de um conjunto de médias ponderadas.

Neale Ahmed El-Dash, doutor em estatística pela USP (Universidade de São Paulo) e responsável pelo PollingData, afirmou ao Comprova que alimenta os cálculos com dados de pesquisas agregadas pelo site Poder360. O “Agregador de Pesquisas” do Poder360 reúne as pesquisas feitas por empresas como Datafolha, Ibope, DataPoder360 e outros.

El-Dash frisa que o “modelo de agregação” não foi desenvolvido com a intenção de se fazer previsões. O modelo não tem como prever fatos que venham a mudar a história da campanha eleitoral e alterações no comportamento do eleitor.

Os posts enganosos foram replicados por apoiadores de Bolsonaro no Facebook e no Twitter. No Facebook, umas das postagens reproduzia o título equivocado do site “Notícias inFoco”: “Bolsonaro está com 61% dos votos e assusta oposição”. A postagem enganosa do site gerou 38 mil interações nesta rede social, de acordo com o Spike Newswhip, ferramenta de monitoramento.

O site Poder360 faz parte do projeto Comprova.

Evento nos EUA é um debate sobre o cenário eleitoral brasileiro e não é organizado por George Soros

É falsa a informação que circula nas redes sociais e diz que grupo de George Soros realiza uma reunião para definir como destruir o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL). O evento que será realizado em Washington é uma palestra, organizada pelo Diálogo Interamericano (IAD, em uma sigla em inglês), uma entidade que fomenta o debate político e social para a América Latina. No dia 25 de setembro, será realizado um painel sobre o cenário eleitoral do Brasil em 2018, com três debatedores brasileiros. George Soros não é formalmente vinculado à entidade.

A postagem diz que George Soros promoveria um encontro de “figurões de esquerda”, que teriam em comum o apoio a regimes comunistas da América Latina, cuja pauta seria como destruir em todo o mundo – principalmente nos Estados Unidos e no Brasil – a reputação do presidenciável Jair Bolsonaro. A nota lembra que o candidato foi vítima de um ataque e faz suposições acerca da autoria. Ainda há suposições sobre o apoio de George Soros a regimes de esquerda.

O texto é ilustrado por uma foto que mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Antônio Palocci cumprimentando George Soros. Esse encontro aconteceu no dia 26 de janeiro de 2003, durante o 33º Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Na época, Lula era presidente recém-eleito para o primeiro mandato e Palocci, seu ministro da Fazenda. A foto é de Ricardo Stuckert, que trabalhava para a presidência da República.

O evento que será realizado em Washington – Brazilian Elections: Starting over or more of the same? (Eleições brasileiras: um recomeço ou mais do mesmo?, em tradução livre) – não terá a participação de nenhum “figurão”. A proposta é discutir o cenário eleitoral em um momento de grande polarização no Brasil, que tem uma economia se recuperando após uma recessão e cujos escândalos de corrupção afetaram a confiança pública nas instituições do país. O convite para o evento fala na inelegibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT que foi substituído por Fernando Haddad, e em Jair Bolsonaro, apresentado como um congressista linha dura e que está hospitalizado após um ataque a faca. O texto ainda menciona que há quatro ou cinco nomes com possibilidade de chegar ao segundo turno.

O painel terá explanações de três brasileiros, e conta com a mediação de Peter Hakim, presidente emérito da entidade. Serão palestrantes Monica de Bolle, diretora do Departamento de Estudos Latino-Americanos da Escola de Estudos Internacionais Avançados Johns Hopkins; Maurício Moura, fundador e CEO do Ideia Big Data; e Henrique Gomes Batista, correspondente d’O Globo em Washington.

A postagem original foi publicada no site MCI Rádio, no dia 14 de setembro. O conteúdo foi repostado 19 vezes no Twitter e Facebook – foram 555 interações totais que alcançaram 274.236 usuários das redes sociais até o dia 19 de setembro, segundo o CrowdTangle, uma das ferramentas utilizadas pelo Comprova para analisar o grau de viralização de posts nas redes sociais.

Investigado por: 2018-09-20

Incluir número do candidato na assinatura ao votar pode levar à prisão e não permite confrontar os votos da urna, segundo o TSE

Circulou no Facebook, Twitter e Whatsapp um vídeo gravado por um vereador da cidade de Panorama, no interior de São Paulo, no qual ele sugeria aos eleitores de Jair Bolsonaro incluir o número do candidato do PSL ao Palácio do Planalto após a assinatura do nome no dia da votação. Segundo Edemir Vermelho (PSDB), que se diz apoiador do deputado, seria uma forma de confrontar os votos computados na urna eletrônica. Logo, outras pessoas desmentiram a informação e alertaram que isso poderia causar a anulação dos votos. O Tribunal Superior Eleitoral enviou uma nota e esclarece que a atitude pode até levar à prisão.

No vídeo, o vereador afirma “é bem simples. Qualquer um consegue controlar o seu voto. Nós temos que votar. Vamos na Zona Eleitoral, pegamos o caderno, damos o nosso título e nós temos que assinar o livro. É simples acrescenta (número do candidato) na sua assinatura”.

A mesma mensagem circulou no Whatsapp: “URGENTE E MUITO IMPORTANTE! Sabe aquele caderno que a gente assina antes de votar e que eles destacam dele nosso comprovante de votação? É o caderno de registro de votação. Pois então! Escrevam o (número do candidato) na frente da sua assinatura naquele caderno, pois ele é um documento que registra quem votou e quem não compareceu e pode servir de prova caso haja alguma fraude, pois ele fica arquivado durante um tempo! Repassem isso urgente! Essa ideia precisa rodar o Brasil inteiro até o dia da eleição!”

Pouco tempo depois, a advogada Janaína Paschoal , candidata a deputada estadual em São Paulo, alertou que isso poderia prejudicar Bolsonaro. O mesmo foi feito por outros apoiadores.

Ao Comprova, o TSE afirmou que a inclusão de informações, como a do número do candidato, pode configurar, em tese, crime eleitoral passível de reclusão e multa, tal como previsto no art. 350 do Código Eleitoral: omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir declaração falsa ou diversa da que deveria ser escrita para fins eleitorais prevê pena de até cinco anos de reclusão e de 5 a 15 dias multa, se o documento é público.

Ainda de acordo com a Corte, “esse recurso jamais poderá ser utilizado como meio de recontagem de votos, pois o voto que conta é o da urna eletrônica. Ademais, o voto é secreto.

O vídeo, divulgado no Facebook, foi retirado do ar pelo vereador, que publicou outro fazendo a correção. Esse, no entanto, também já foi excluído. No Youtube, foram mais de duas mil visualizações. No Twitter, a correção feita por Janaína Paschoal teve mais de 9 mil curtidas até a quarta-feira, 19 de setembro.

Códigos de urnas eletrônicas não foram entregues a venezuelanos

É falsa a informação que circula em redes sociais de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) “entregou códigos de segurança das urnas eletrônicas para venezuelanos”, como divulgado inicialmente pelo site Jornal da Cidade. De acordo com o texto enganoso, uma empresa estrangeira, com os tais códigos, poderia gerar votos falsos e fazer com que eles passassem como verdadeiros, fraudando as eleições brasileiras.

Segundo o texto publicado no site, a entrega dos códigos teria sido feita a uma empresa comandada por venezuelanos, vencedora do edital da licitação nº 106/2017. Entretanto, a licitação mencionada no texto não previa entrega de códigos da urna e nem chegou a ser concluída, pois as duas únicas empresas interessadas foram desclassificadas.

O Comprova verificou que o edital 106, de 2017, foi aberto para a compra de módulos impressores para as urnas eletrônicas. A primeira empresa vencedora foi a Smartmatic. Fundada em 2000, de acordo com seu site, nos Estados Unidos, por venezuelanos, ela atuou em eleições venezuelanas por mais de dez anos, razão pela qual costuma ser associada ao governo daquele país. Em 2017, envolveu-se em uma confusão na Venezuela ao acusar o Conselho Nacional Eleitoral de fraude nas eleições para a Assembleia Constituinte. Este ano, fechou seus escritórios venezuelanos. A Smartmatic foi reprovada no teste técnico do TSE, realizado em fevereiro deste ano. Segundo a comissão de assessoramento da Corte, os QRs impressos pela empresa foram lidos corretamente, mas as medidas não atenderam às exigências. A organização foi, portanto, desclassificada.

A segunda empresa vencedora do edital e posteriormente desclassificada, foi a TSC Pontual. O motivo, segundo o TSE, foi que a proposta apresentada tinha um valor considerado alto. Convocada para reconsiderar o montante, a TSC Pontual manteve o mesmo número e acabou reprovada.

Este ano foi aberto um outro edital com o mesmo intuito, o 16/2018, cuja empresa vencedora foi a CIS Eletrônica da Amazônica. Registrada em Manaus, não há indícios de que ela tenha qualquer relação com a Venezuela.

O edital de 2018, porém, foi revogado por causa da decisão do TSE de suspender a implementação do voto impresso, após a Procuradoria-Geral da República mover uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra um trecho da minirreforma eleitoral feita pelo Congresso, em 2015.

Os dois editais, ao contrário do que diz o texto, não envolvem os códigos-fonte das urnas, e sim códigos para o funcionamento das impressoras. Segundo informou o TSE em nota, “a Justiça Eleitoral nunca entregou códigos-fonte da urna eletrônica para qualquer empresa privada, seja estrangeira ou nacional”.

“Esse dado pode ser comprovado no Edital nº 106/2017, cujo objeto é a contratação de módulos impressores para a urna eletrônica. Em momento algum do documento está prevista a entrega dos códigos das urnas, especialmente os módulos criptográficos, que são os responsáveis por garantir a identidade e a segurança do processo eleitoral”, diz trecho da nota.

Ainda de acordo com o TSE, o edital de 2017 previa apenas o fornecimento de parte do Sistema Operacional Linux, um sistema de código aberto e de conhecimento público, que no caso da Justiça Eleitoral foi adequado para funcionamento específico nas urnas eletrônicas.

Parte das alegações do texto enganoso do Jornal da Cidade Online são atribuídas ao professor de Ciências da Computação da UnB Pedro de Rezende. As afirmações dele, no entanto, foram descontextualizadas.

O especialista participou de audiência pública realizada no Senado, em 6 de março de 2018, para discutir a segurança do sistema de votação eletrônica no Brasil. Conforme os registros oficiais, Rezende, na verdade, lia aos parlamentares um pedido do Comitê Multidisciplinar Independente (CMind) para a suspensão da licitação 106/2017, do TSE.

O CMind reúne especialistas em votação eletrônica e havia apresentado sete petições para suspender a licitação. Na opinião do grupo, ela poderia resultar no compartilhamento de “informações confidenciais, sensíveis à segurança do processo de votação, entre a empresa estrangeira e o TSE”.

Para a agência Aos Fatos, Rezende disse que a informação de que os dados das urnas foram enviados a empresas estrangeiras é falsa. Para ele, o correto é dizer que, se a licitação tivesse sido confirmada, “poderiam ser entregues dados sensíveis do sistema de segurança do processo de votação”.

Publicado às 21:22 dessa segunda-feira, 17 de setembro, o texto publicado no Jornal da Cidade Online sofreu atualizações cujos horários não foram informados. Entre outras mudanças, primeiro, a redação incluiu a palavra “quase” no título. Depois, o título do texto passou a atribuir informação a professor da UnB.

No Facebook, posts com o link para o texto do Jornal da Cidade Online, até a noite desta quarta-feira, 19, receberam mais de 208 mil interações. Foram publicados em páginas como Brasil Conversador, Canal da Direita e Queremos Bolsonaro Presidente. No Twitter, foram outras 6,9 mil curtidas e retuítes. Nesta rede social, o boato foi impulsionado principalmente após o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidenciável Jair Bolsonaro, publicá-lo em seu perfil, na terça-feira.

A informação sobre a suposta entrega de códigos da urna aos estrangeiros já foi desmentida por Aos Fatos, Agência Lupa, Boatos.org e e-farsas.

Investigado por: 2018-09-19

Vídeos foram alterados para parecerem gravações de atos de apoio a Jair Bolsonaro

Um vídeo que está sendo difundido nas redes sociais e que mostra uma multidão de pessoas no centro de Campinas (SP) em um ato em “prol da saúde” de Jair Bolsonaro é falso. O vídeo original, gravado no Largo do Rosário, em Campinas, mostra a multidão reunida para assistir à transmissão de uma partida de futebol da Copa do Mundo, mais precisamente do jogo entre Brasil e Sérvia, realizado em 27 de junho deste ano.

O deputado e candidato à presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, sofreu um atentado com faca em 6 de setembro de 2018 e, atualmente, se encontra internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

O Comprova verificou outros dois vídeos compartilhados na internet como de atos de campanha de Bolsonaro, mas que não guardam relação com a candidatura do presidenciável.

O segundo vídeo falso que circula no Facebook e em correntes de WhatsApp mostra o candidato Jair Bolsonaro discursando na Esplanada dos Ministério, em Brasília (DF). A corrente diz que a gravação é de uma caminhada realizada no dia 5 de setembro de 2018 e foi finalizada às 14h da mesma data. Isso é falso. O vídeo foi registrado no dia 13 de março de 2016, durante uma manifestação contra a corrupção e pela saída da então presidente Dilma Rousseff (PT).

No dia 5 de setembro de 2018, Bolsonaro esteve no Distrito Federal. Ele participou de uma carreata no centro de Ceilândia e em Taguatinga, não na Esplanada dos Ministérios, que fica no centro de Brasília. A informação consta na agenda do candidato do PSL, enviada à imprensa no dia 2 de setembro.

O Poder360, membro do Comprova, acompanhou o presidenciável nesta data, onde foram registradas fotos e vídeos da carreata do presidenciável. Em uma das gravações, é possível ver que ele discursou para um público bem menor em Taguatinga (DF) e não na Esplanada.

O Comprova já desmentiu em 18 de setembro um vídeo que supostamente mostrava um milhão de pessoas manifestando-se em apoio a Bolsonaro em Brasília. A gravação é de uma ato pelo impeachment de Dilma Rousseff, realizado em 2015.

O vídeo falso da manifestação em Campinas teve 4,7 milhões de visualizações desde que foi publicado, na sexta-feira, 14 de setembro. Os três vídeos, em seu conjunto, foram visualizados cerca de 6 milhões de vezes no Facebook até a quinta-feira, dia 19 de setembro.

Investigado por: 2018-09-19

Não há indícios de que o dinheiro apreendido em Viracopos era destinado a Haddad ou a Adélio Bispo

Não há nenhum indício que confirme alegações que circulam nas redes sociais de que a fortuna confiscada da comitiva da Guiné Equatorial no aeroporto de Viracopos, no dia 16 de setembro, era destinada à campanha do candidato à presidência Fernando Haddad (PT) ou a Adélio Bispo de Oliveira, o homem acusado de ser o autor do atentado contra Jair Bolsonaro no dia 6 de setembro.

O perfil no Facebook de um usuário que se apresenta como sendo Paulo Cesar Brasil, por exemplo, afirma que “criminosos internacionais vieram deixar dinheiro para campanha de Haddad”. Outro artigo, publicado na manhã de segunda-feira, 17 de setembro, pelo site Jornal da Cidade Online, diz que “Dinheiro da Guiné Equatorial pode ter sido enviado para pagar os advogados de Adélio”.

Até o momento, não há indícios que confirmem as alegações de que o dinheiro e os relógios de luxo estariam destinados à campanha presidencial de Fernando Haddad (PT) ou para custear a defesa legal de Adélio Bispo de Oliveira. Contatados pela AFP, membro do Comprova, tanto a Receita Federal, que confiscou o material de valor trazido pela comitiva guinéu-equatoriana, quanto a Polícia Federal, que investiga o caso, disseram que não houve ainda nenhuma manifestação oficial sobre o episódio até o momento.

O ministério das Relações Exteriores declarou à AFP que “mantém comunicação permanente com a Polícia Federal e o Serviço de Aduanas para seguir o caso e decidir sobre quais medidas tomar”, sem dar mais detalhes.

A Embaixada da Guiné Equatorial no Brasil ainda não respondeu à solicitação de contato.

As publicações disseminando informações sem evidência sobre o destino da riqueza apreendida em Viracopos identificadas pelo Comprova somam cerca de 100 mil compartilhamentos no Facebook desde que começaram a circular no dia 16 de setembro até a publicação deste post, segundo medições feitas com a ferramenta Crowd Tangle.