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Investigado por: 2018-09-18

PT não aprovou “plano de dominação comunista” como sugere boato

Um boato antigo sobre um “plano de dominação comunista” que teria sido elaborado pelo PT voltou a circular no WhatsApp nos últimos dias. O texto enganoso diz que o partido publicou o tal plano em seu site e que agora, na eleição presidencial, “é Bolsonaro ou ditadura comunista petista”. Também afirma que espalhar a mensagem enganosa seria a “última chance de impedir que nosso país se torne uma nova Cuba”.

A mensagem lista diretrizes supostamente defendidas pelo PT, como a estatização da TV Globo e a anulação das sentenças do mensalão. No entanto, nenhuma delas é apresentada como posicionamento oficial no site da legenda. O link que acompanha o boato é um arquivo em formato PDF que reúne teses apresentadas por diferentes correntes petistas no congresso do partido realizado entre 11 e 13 de junho de 2015, em Salvador.

As afirmações do boato, quando existentes, foram citadas por alas diferentes da legenda. No entanto, elas não aparecem nas resoluções aprovadas naquele congresso, que foram registradas pelo partido no documento “Carta de Salvador e Resoluções do 5º Congresso”. Ou seja, as propostas listadas no boato não avançaram. São apenas ideias mais radicais – e às vezes deturpadas pelo boato – de correntes petistas não-hegemônicas.

O boato diz, por exemplo, que o PT quer a “estatização da Rede Globo e de todas emissoras religiosas”. Trata-se, porém, de uma tese da chapa Virar à Esquerda! Reatar com o Socialismo!, da Esquerda Marxista. A proposição faz parte de um documento chamado “Carta Aberta ao companheiro Lula, à Presidente Dilma Rousseff e ao Diretório Nacional do PT”, escrito no final de 2014. No congresso de 2015, a própria corrente marxista admite que o partido tomou um caminho diferente do proposto na carta.

A suposta proposição de dar “imunidade aos movimentos como MST e MTST, que poderão agir sem serem presos” sequer é mencionada no documento de teses do Congresso do PT. A única vez em que os movimentos são citados é na sentença “constituir um governo apoiado nas organizações populares, na CUT, no MST, entre outras”, proposta da carta aberta da Esquerda Marxista citada acima, mas não na Carta de Salvador.

O boato também diz que o PT defende a “anulação das sentenças do Mensalão” e o “impeachment dos Ministros do STJ que foram a favor da condenação do Mensalão”. A chapa Diálogo e Ação Petista pediu a “anulação da Ação Penal 470” — processo criminal aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) contra os 40 denunciados no escândalo do Mensalão. Já a Esquerda Marxista sugeriu o “impeachment dos ministros do STF que votaram na farsa da AP 470, a liberdade imediata e anulação da sentença dos dirigentes do PT”. Nenhuma das diretrizes foi aprovada pelo partido. Nas resoluções petistas, o PT concorda em lutar contra a corrupção, aprofundando “a participação e o controle social da gestão do Estado.”

A proposta de “cancelar todas as privatizações do Brasil, assim como a Bolívia fez no passado” foi feita pelas chapas Diálogo e Ação Petista e Virar à Esquerda! Reatar com o Socialismo!. No entanto, não há qualquer menção à Bolívia nesse sentido. No documento final aprovado pelo PT, o partido afirma ser contrário a privatizações, mas não fala em cancelamentos.

Quanto à afirmação de que o PT defende a “cassação do mandato de Jair Bolsonaro”, trata-se uma posição citada pela tendência Articulação de Esquerda. O grupo disse na ocasião que, num Congresso conservador e então presidido por Eduardo Cunha (MDB), temas como a reforma política, a “lei da mídia democrática”, a punição dos crimes da ditadura militar, o combate à corrupção e “mesmo a cassação do deputado Jair Bolsonaro” só terão chance de avançar caso haja pressão social. Como nos casos anteriores, o relatório final do PT não contém esta proposta.

O boato diz que o PT quer o “fim do financiamento público a qualquer mídia que seja contrária ao partido”. O que a corrente Esquerda Marxista pediu foi o “fim imediato do financiamento público a toda a imprensa burguesa (jornais e revistas) feitos através dos anúncios de publicidade estatais”, sugestão descartada pelo partido.

O texto enganoso alega que o PT defende o “calote da dívida interna e externa”, proposta feita somente pela chapa Virar à Esquerda! Reatar Com o Socialismo. A corrente sugeriu o envio ao Congresso de uma lei orçamentária que acabasse com o pagamento das dívidas interna e externa para usar o dinheiro com “Transporte, Saúde e Educação, públicos e gratuitos para todos, uma política para elevar o Salário Mínimo ao piso constitucional (DIEESE), reduzir a jornada para 40 horas sem redução de salários.” Mas, assim como as outras medidas citadas no boato, a proposição não foi aprovada como resolução do partido.

A última afirmação do boato, de que o PT pretende declarar “o Brasil é o fiador dos países comunistas da América”, está completamente deturpada. O que há, na verdade, é um parágrafo da chapa Partido Para Todos e na Luta, na tese “O Tempo Não Para”, dizendo que a reeleição de Dilma em 2014 foi “a grande vitória das possibilidades democráticas e populares no Brasil e no mundo” e que o Brasil é fiador de “um importante processo político e econômico em curso no mundo”, cuja derrota seria prejudicial à esquerda na América Latina. Nada relacionado a comunismo. Nas resoluções finais do encontro petista, não há nenhuma diretriz sobre o assunto.

O jornal “O Estado de S.Paulo” já verificou este boato anteriormente.

Investigado por: 2018-09-18

Vídeo de 2015 foi editado para parecer manifestação de apoio a Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios

É falso o vídeo publicado no Facebook pela página “Bolsonaro Presidente Sudeste” que alega que um milhão de pessoas fizeram um “coro de arrepiar” na Esplanada dos Ministérios em defesa de Jair Bolsonaro, candidato à Presidência pelo PSL. A gravação original foi publicada no YouTube em 15 de março de 2015 em um ato pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT).

Para encontrar o conteúdo original, o Comprova fez uma análise do vídeo. Em uma cena da gravação, aparece uma pessoa com um cartaz escrito “Fora Dilma”, bastante difundido durante os protestos contra o segundo governo da petista, entre 2015 e 2016.

A partir disso, foi realizada uma busca no Google Vídeos com as seguintes palavras-chaves: “fora” “dilma” “manifestação” “brasília”. Na primeira página dessa busca foi possível encontrar o vídeo em questão.

A gravação original foi publicada no YouTube por Mairon Oliveira, advogado e morador do Distrito Federal. Ao Comprova, ele confirmou a autoria do vídeo. “Isso foi em 2015 na manifestação ‘fora Dilma’. Não tem nada a ver com o Bolsonaro”, disse.

Além disso, de acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, publicada em 15 de março de 2015, a Polícia Militar do Distrito Federal estimou que a manifestação pelo impeachment reuniu 40 mil pessoas e não um milhão como diz a descrição do vídeo enganoso. Já os organizadores do protesto, na época, diziam que cerca de 100 mil foram à Esplanada dos Ministérios.

O vídeo publicado pela Página “Bolsonaro Presidente Sudeste” foi compartilhado nessa segunda-feira, 17 de setembro, e alcançou mais de 66 mil compartilhamentos e 888 mil visualizações nas primeiras 24 horas.

Investigado por: 2018-09-14

Padre Marcelo Rossi não divulgou áudio com apoio a Bolsonaro

É falsa a informação de que o padre Marcelo Rossi apoia o candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro. Um áudio atribuído ao religioso que circula no WhatsApp e no YouTube diz que o candidato do PSL é “pró-família, pró-Deus e pró-valores”. “E quando vejo quem são os inimigos do Bolsonaro, eu falo ‘eu to escolhendo o cara certo para votar’”, diz o homem em trecho final do áudio. O padre Marcelo Rossi negou que a voz na gravação seja dele.

No WhatsApp, uma corrente com o áudio é compartilhada seguida de um texto que chama Marcelo Rossi de porta-voz da igreja.

O Comprova localizou versões do áudio que variam de 9 a 18 minutos — é possível ouvir aplausos em determinados momentos. A informação falsa da peça está no texto que acompanha o áudio, atribuindo o discurso a Marcelo Rossi. Em nenhum momento do áudio viral o dono da voz, também vítima da informação falsa, diz seu nome.

Na sexta-feira, 14 de setembro, o áudio foi publicado no canal de Bolsonaro no YouTube sendo atribuído a Marcelo Rossi. No Twitter, Carlos, um dos filhos do presidenciável, compartilhou o vídeo. “Padre Marcelo Rossi faz uma interessante reflexão da atual conjuntura política e social do Brasil e expõe porque Bolsonaro é importante neste cenário”, escreveu Carlos.

Após ser alertado por seguidores que disseram não se tratar nem da posição de Marcelo Rossi nem da voz do religiosos, Carlos apagou o tuíte. O vídeo também foi apagado da página do YouTube de seu pai.

Nas suas redes sociais, Marcelo Rossi pediu ajuda aos seus seguidores para encontrar o responsável por criar o boato. “Um áudio que está viralizando no WhatsApp, e eu nem tenho WhatsApp, com a minha voz falando sobre política, falando absurdos. Além de ser uma notícia mentirosa, eu jamais me meto em política, vocês me conhecem”, disse o sacerdote.

“Além do que não é a minha voz. Infelizmente foi viralizado. Eu não me meto em política. A minha função é orar pelo Brasil”, completa.

Em comentários nas redes sociais, internautas afirmaram que o autor da voz é Rinaldo Seixas Pereira, o Apóstolo Rina, da igreja Bola de Neve, que não faz imitações de Marcelo Rossi e que seria tão vítima do boato falso quanto Marcelo Rossi. O Comprova tentou contato com Rina pelo telefone da igreja, sem sucesso. Até a publicação deste texto, Rina também não tinha respondido às solicitações feitas por e-mail pelo Comprova.

O site Aos Fatos também fez a verificação deste boato.

Investigado por: 2018-09-14

Grupo de Facebook “Mulheres unidas contra Bolsonaro” é recente e foi criado já com esse nome

Circula nas redes sociais a informação de que o grupo “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”, do Facebook, teve número de seguidoras inflado artificialmente por meio de uma artimanha: o grupo seria originariamente um grupo de humor, e que depois teria trocado de nome para se transmutar numa campanha contra Bolsonaro, mantendo os seguidores. Essa informação é falsa.

Os boatos variam: uns afirmam que o grupo de humor seria pertencente à página “Gina Indelicada” (exclusivamente feminino, com 800 mil inscritas), outros que seria da “Gina Sincera”. Porém, o Facebook registra que o “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro” foi criado no dia 30 de agosto de 2018 – e a data da criação de um grupo, de acordo com a rede social, não pode ser modificada. A empresa também confirma que o grupo “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro” nunca mudou de nome nesse período.

Entre os argumentos dos que defendem que o grupo foi “comprado”, está a discrepância entre o número de membros que o Facebook exibe quando se faz uma busca pelo grupo e quando se consulta os inscritos dentro dele (1,8 milhão x 1 milhão, uma diferença de 800 mil perfis). De acordo com os acusadores, esse seria o número de pessoas que saíram do grupo quando perceberam a mudança de nome.

Consultado pelo site Buzzfeed, o Facebook explicou que “essa discrepância [entre o que aparece quando se busca o grupo e quando se está dentro dele] acontece porque o número visível dentro do grupo, que é fechado, inclui pessoas que foram convidadas mas ainda não responderam ou não tiveram seu nome analisado pelas administradoras.”

Segundo o site Hoje em Dia, o criador do personagem Gina Indelicada, Henrique Lopes, afirmou que a informação da venda do grupo é falsa. “Segundo ele, todos os grupos da Gina, incluindo os antigos, permanecem inalterados e podem ser acessados pelos usuários”.

Diversas contas no Twitter e no Facebook estão espalhando a informação falsa. Entre as mais viralizadas, está um tweet do perfil @Anacgraf2 que na tarde do dia 14 de setembro já contava com mais de 2,8 mil curtidas e 1,2 mil retweets, enquanto um post no Facebook da página “Eu sou mais Brasil” já passava dos 18 mil compartilhamentos. Na peça que a página botou em circulação, há também a informação de que Bolsonaro “é líder absoluto entre as mulheres que gostam de depilar as axilas”, frase sem sustentação, pois esse critério específico não é avaliado durante as consultas. Na pesquisa Ibope divulgada na segunda-feira, o candidato do PSL apresentou um aumento na preferência entre o voto feminino, mas em contrapartida continua sendo a opção mais rejeitada entre as mulheres.

Além do Hoje em Dia e do Buzzfeed, essa alegação também foi alvo do Catraca Livre e do e-Farsas.

Atualização
O grupo foi hackeado e o seu nome foi alterado na noite de sábado, 15 de setembro, como relata o site GaúchaZH.

Investigado por: 2018-09-14

Adélio esteve na Câmara em 2013 mas ainda não se sabe se visitou deputados do PSOL

O homem que feriu o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) com uma faca, Adélio Bispo de Oliveira, esteve na Câmara dos Deputados em 2013, mas não é possível afirmar que ele visitou ou foi ao gabinete de algum dos deputados do PSOL como afirmam um site e páginas e perfis em redes sociais.

O site Jornal da Cidade publicou a foto dos três deputados do PSOL na legislatura passada – Ivan Valente, Chico Alencar e Jean Willys – e afirmou que um deles teria recebido Adélio. O site faz uma ilação baseada em duas informações corretas: Adélio esteve na Câmara e era filiado ao PSOL na época. Mas ainda não há qualquer evidência de que o agressor de Bolsonaro tenha se encontrado com algum dos três parlamentares do partido.

A informação da ida de Adélio à Câmara foi divulgada inicialmente pelo deputado Fernando Fancischini (PSL-PR) e ganhou destaque a partir de publicações no Twitter, no Facebook e em sites e mensagens de WhatsApp. Porém, ninguém soube afirmar, até agora, qual foi o gabinete supostamente visitado por Adélio – o Comprova questionou o PSOL, partido ao qual o agressor era filiado à época, Francischini e a Câmara.

A visita de Adélio foi confirmada pela assessoria de imprensa da Câmara. “Há registros de que, no dia 6 de agosto de 2013, Adélio Bispo de Oliveira ingressou na Câmara dos Deputados, por duas vezes, pela portaria do Anexo IV. O registro é feito no Sistema de Identificação de Visitantes”, informou, em nota, o departamento. No prédio do Anexo IV está localizada a maioria dos gabinetes dos deputados federais, um restaurante panorâmico e uma capela ecumênica projetada por Oscar Niemeyer.

A Câmara também afirmou que não há informações no sistema “sobre o destino do visitante”, nem como “saber o local ao qual ele se dirigiu” porque “as imagens captadas pelo Circuito Fechado de Televisão (CFTV) ficam armazenadas somente por determinado período”. Essa nota é assinada pelo diretor do Departamento de Polícia Legislativa da Câmara, Paul Pierre Deeter.

Adélio foi filiado ao PSOL entre 2007 e 2014. A liderança do partido na Câmara alegou que “a Câmara dos Deputados recebe cerca de 580 mil visitantes por ano, 44 mil por mês (…) e que “não é possível verificar se a pessoa citada no texto esteve no gabinete de algum deputado do PSOL ou de qualquer outra legenda”.

A informação de que Adélio esteve na Casa foi divulgada por Francischini, que em nenhum momento afirmou saber o motivo da visita. “Francischini protocolou requerimento de informações ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a fim de obter detalhes da visita do agressor, assim como imagens. O deputado também encaminhou as informações à Polícia Federal, que investiga o atentado.

No dia da visita de Adélio, a Câmara teve duas sessões em plenário – uma não deliberativa –, encontros de comissões, como Orçamento, Legislação Participativa e Cultura, e uma discussão sobre a reforma do ensino médio. Na data, também ocorreu uma reunião do presidente da Casa à época, Henrique Alves (MDB-RN) com movimentos que pediam o fim dos autos de resistência. Nas fotos divulgadas pela Casa naquele dia, não é possível localizar Adélio.

Meme mistura frases ditas por Ciro Gomes com outras sem registro ou fora de contexto

Um meme com frases atribuídas ao candidato Ciro Gomes (PDT), e que está circulando nas redes sociais, é enganoso. O Comprova procurou por todas as seis declarações atribuídas ao presidenciável e verificou que a maioria delas foi modificada ou está fora de contexto. Uma delas é um rumor, sobre o qual não há registro em áudio ou vídeo.

O meme traz as seguintes afirmações: “Holiday, por ser negro, é um capitãozinho do mato”; “Papel da minha mulher é dormir comigo”; “Dória é um viadinho com areia no cú (sic)”; “Vou receber a turma do Sérgio Moro na bala”; “A Venezuela é um exemplo de democracia”; e “Vou acabar com a ilusão moralista católica”. A peça ainda afirma que todas as frases são de Ciro Gomes.

A declaração de Ciro sobre Fernando Holiday, vereador de São Paulo pelo DEM e integrante do MBL, está fora de contexto e frase foi modificada no meme. “Imagina, esse Fernando Holiday aqui. O capitãozinho do mato, porque é a pior coisa que tem é um negro que é usado pelo preconceito para estigmatizar, que era o capitão do mato do passado”, declarou no dia 18 de junho deste ano em uma entrevista à rádio Jovem Pan. Após a declaração, Holiday anunciou que processaria Ciro Gomes e o Ministério Público pediu investigação do caso por injúria racial.

Em relação à declaração sobre o papel de sua mulher, a frase é verdadeira, mas declarada há 16 anos. Em 20 de agosto de 2002, Ciro Gomes, então candidato à presidência, foi questionado sobre qual o papel de sua esposa na campanha – na época, ele era casado com a atriz Patrícia Pillar. “A minha companheira tem um dos papéis mais importantes, que é dormir comigo. Dormir comigo é um papel fundamental”, afirmou. Em março de 2018, ele foi novamente questionado sobre a frase em entrevista ao Metrópoles. Ciro alega que foi uma grande brincadeira e que a afirmação foi retirada de contexto, mas pondera que foi uma bobagem dita por ele pela qual já se desculpou.

A frase menos documentada é a suposta declaração sobre o ex-prefeito de São Paulo e candidato ao governo daquele estado, João Doria (PSDB). Em 27 de abril de 2017, Ciro Gomes esteve em um evento da USP e teria respondido a uma pergunta provocativa de estudantes da faculdade de Direito dizendo que Doria seria “um viado com areia no cu”. O fato foi relatado na coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo. A coluna esteve no mesmo evento e ouviu Gomes proferir um dos palavrões, porém, não ouviu a frase completa atribuída a ele. Não há gravações em áudio ou vídeo da declaração, que é negada por Ciro. Em participação no programa Pânico, da Jovem Pan, em 9 de agosto de 2017, ele nega que tenha falado com os estudantes.

Ciro Gomes realmente falou a polêmica frase sobre o juiz Sergio Moro. Em entrevista ao jornalista Luis Nassif, o pedetista criticava a operação Lava Jato e rememorava o caso do blogueiro Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, que foi alvo de mandados de busca e apreensão e condução coercitiva. “Hoje esse Moro resolveu prender um blogueiro. Ele que mande me prender, eu recebo a turma dele na bala… se eu não tiver cometido nada errado”, declarou.

A frase sobre a Venezuela está fora de contexto, e também foi modificada ao ser inserida no meme. Em entrevista à rádio Jovem Pan, Ciro Gomes foi questionado sobre a relação do Brasil com os países bolivarianos e se ele achava que a Venezuela é uma democracia. “A Venezuela é uma democracia tão democrática quanto a brasileira e a americana”, respondeu. Na sequência, ele ponderou que não defende o regime de Nicolás Maduro.

A última declaração atribuída a Ciro Gomes também é verdadeira. Em 14 de maio de 2017, ele participou de um debate em Oxford, e, depois de falar sobre o escândalo de corrupção da Petrobras e em grandes empresas, como a Volkswagen, foi questionado se queria a estatização de empresas. “Não, eu não quero estatização nenhuma. Eu quero controle social e o fim da ilusão moralista católica, o fim da ilusão. A humanidade precisa de controle. Não adianta alguém imaginar que um anjo vingador vai descer do céu, estalar o chicote e resolver o problema nacional brasileiro”

O meme foi publicado no Facebook pela página Marx da Depressão em 4 de setembro e já teve 2,6 mil reações e 27 mil compartilhamentos. O mesmo meme está sendo replicado no Twitter.

Investigado por: 2018-09-13

Carro não foi danificado por militantes por ter adesivo de Bolsonaro

Ao contrário do que sugerem postagens que viralizaram nas redes sociais, um vídeo que mostra manifestantes atacando um carro branco não é de protesto em razão do automóvel ter um adesivo de apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). O ataque, na verdade, teve lugar em manifestação que pedia a renúncia de Michel Temer, em maio de 2017, em Goiânia (GO), e ocorreu após uma motorista tentar furar o bloqueio organizado por centrais sindicais, movimentos sociais e outras entidades.

O vídeo viral, de um minuto, usou o trecho entre 55s e 1m55s de um outro, de dois minutos e 46 segundos, publicado pelo G1 no dia 18 de maio de 2017. O portal noticiou o protesto pela renúncia de Temer e registrou a confusão ocorrida nos cruzamentos entre as avenidas Anhanguera e Goiás. O vídeo, que acompanha textos falsos sobre inexistente ataque a apoiador de Bolsonaro, tem a logomarca do site de notícias em seu canto inferior direito.

Outros jornais noticiaram a confusão no protesto do ano passado contra Temer (aqui, aqui e aqui), alvo de denúncias de corrupção. Nenhum deles faz qualquer menção ao candidato Bolsonaro ou a adesivo supostamente colado no veículo que teve os vidros destruídos. No conflito, dois manifestantes foram atropelados pela motorista que tentou seguir adiante em meio ao protesto.

No dia anterior ao ato realizado em Goiás, foi tornada pública a gravação, feita em março, de uma conversa entre o empresário Joesley Batista e o presidente da República. No diálogo, Joesley relatou a Michel Temer, entre outras coisas, que estava pagando para que o ex-deputado Eduardo Cunha permanecesse calado. A resposta do presidente foi: “’Tem que manter isso, viu?”

O vídeo, acompanhado do texto com a informação falsa, somente em duas contas no Twitter, teve mais de 30 mil visualizações, 2,6 mil curtidas e 1,5 mil retuítes nesta semana. No Facebook, um post com o vídeo teve 1,3 milhão de visualizações, 4,5 mil curtidas e 74 mil compartilhamentos no mesmo período.
Neste post do Facebook, o ataque ao eleitor de Bolsonaro é atribuído a apoiadores de Fernando Haddad e Luiz Inácio Lula da Silva, ambos do PT. Essa informação também é enganosa, uma vez que a manifestação em Goiânia não tinha relação com a campanha eleitoral.

A agência Aos Fatos também fez a verificação desse vídeo.

Investigado por: 2018-09-13

Tatuagens de Che Guevara e Lenin em Manuela são falsas

A foto da candidata a vice-presidente de Fernando Haddad (PT), Manuela D’Ávila (PC do B), com tatuagens de Che Guevara e Lenin é falsa. Compartilhada pelo WhatsApp, pelo Twitter e pelo Facebook, a imagem foi manipulada para inserir os desenhos dos líderes comunistas na deputada estadual do Rio Grande do Sul.

Por meio de uma busca reversa feita com o Google Images, o Comprova localizou a imagem original em perfis do Twitter, como no da usuária @ajulysantos. Na foto original, Manuela não exibe as tatuagens de Che Guevara e Lenin.

O Comprova também identificou uma foto semelhante à manipulada, registrada no mesmo dia, o que reforça a manipulação. Registrada pelo repórter Lucas Rivas, da Rádio Guaíba, de Porto Alegre, a imagem foi registrada no dia 10 de novembro de 2017 durante entrevista ao programa Esfera Pública. O jornalista publicou a foto em seu Twitter e foi retuitado pelo perfil da rádio. Procurado, confirmou a autoria do registro.

Assinada por RLippi Cartoons, a imagem manipulada foi compartilhada pelo Facebook, pelo Twitter e pelo WhatsApp.

Em 21 de novembro de 2017, a própria Manuela denunciou a manipulação da foto em sua página oficial no Facebook. “Aumentaram minhas olheiras (…) e fizeram mais tatuagens no meu corpo”, escreveu a deputada. “Tenho muitas tatuagens mesmo e as exibo porque são lindas. Não são esses desenhos feinhos que vocês fizeram de Lenin e Che”, completou.

Investigado por: 2018-09-13

Pesquisa que aponta Bolsonaro com 45% das intenções de voto é enganosa

Não há evidências de que publicações das redes sociais que atribuem 45% ao candidato Jair Bolsonaro (PSL) sejam resultado de uma pesquisa eleitoral confiável. Os posts que divulgam a pesquisa afirmam que Bolsonaro estaria perto da vitória no primeiro turno. De acordo com a legislação eleitoral, enquetes do tipo não são válidas, pois não cumprem uma série de exigências, como a divulgação de dados e metodologia, o registro oficial e prestação de contas.

Uma das versões da publicação diz que a pesquisa foi feita pela “agência americana que previu com exatidão a vitória de Trump nos EUA”. Não há evidência que a Encuestas Digitales é americana nem que previu a vitória eleitoral de Trump.

As postagens incluem um gráfico, no qual nenhum dos outros candidatos alcança 10%, que tem origem no site Encuestas Digitales. O site diz que realiza pesquisas eleitorais com métodos modernos, diferente do que chama de “pesquisas tradicionais” e que analisa redes sociais e buscas na internet para determinar os índices dos candidatos, mas não divulga dados detalhados nem a metodologia utilizada.

Uma explicação encontrada no site Encuestas Digitales detalha que os números atribuídos a cada candidato não representam intenções de voto, como é o caso das principais pesquisas eleitorais. Diz apenas que os números retratam uma “projeção de vitória”, sem deixar claro o que isso significa.

Segundo o site, o serviço está baseado numa metodologia mais sofisticada e semelhante a do site de jornalismo de dados americano FiveThirtyEight sem, no entanto, deixar claro o que seria essa versão mais aprimorada da apuração das informações. Além disso, pesquisas digitais não representam os 39% da população que ainda não tem acesso à internet, como mostra a Pesquisa TIC Domicílios, apresentada em julho deste ano pelo Comitê Gestor da Internet (CGI.br).

Ao utilizar um serviço que verifica os dados dos endereços (URL) dos sites, como o IP Checker, foi constatado que o domínio “www.encuestasdigitales.com” foi criado no dia 30 de julho de 2018, com validade até 2019. A primeira pesquisa relativa ao Brasil foi publicada pela suposta empresa em agosto.

O site Politz também publicou a pesquisa feita pelo Encuestas Digitales, afirmando que o tracking acertou previsões da vitória de Donald Trump e do Brexit. No entanto, o presidente americano foi eleito em 2016 e a saída britânica da União Europeia (Brexit) foi aprovada em referendo também em 2016. Ou seja, antes do registro do site Encuestas Digitales.

O site Encuestas Digitales tem erros básicos de texto em espanhol e não deixa claro qual é a sua metodologia de trabalho e quem são seus clientes. Também não há disponível nenhum ponto de contato com a organização.

Até o dia 13 de setembro, ao menos três publicações com o gráfico da pesquisa tiveram grande repercussão em páginas no Facebook: “Movimento Avança Brasil” (mais de mil compartilhamentos, publicado em 10 de setembro); “Mulheres Unidas A FAVOR do Bolsonaro” (mais de 17 mil compartilhamentos, publicado em 12 de setembro); e “Jair Bolsonaro 2018, a última Esperança da Nação” (mais de de 4.,9 mil compartilhamentos, publicado em 12 de setembro).

Investigado por: 2018-09-12

Mulher não entregou a um homem na multidão a faca usada pelo agressor de Bolsonaro

É enganoso o vídeo que sugere que a faca usada no crime contra o candidato à Presidência do PSL, Jair Bolsonaro, foi passada da mão de uma mulher para a mão de um homem antes de chegar ao autor do crime, Adélio Bispo de Oliveira. O atentado aconteceu na última quinta-feira, 6 de setembro, enquanto Bolsonaro fazia campanha de rua em Juiz de Fora (MG).

O vídeo enganoso verificado pelo Comprova circula por redes sociais e aplicativos de mensagens. Publicado em um canal no YouTube chamado Samuca Fernandes, o vídeo sugere que uma mulher de óculos escuros, que estava na multidão, teria passado a faca para um homem de camiseta branca, que, por sua vez, teria repassado o objeto cortante para Adélio.

No entanto, ao analisar o vídeo é possível ver que a mulher em questão não passa nenhum objeto cortante para o homem de camiseta branca. Na sequência, é possível ver a mão do homem vazia após cruzar com a mulher. O Comprova fez uma análise deste vídeo em editores de imagens como o Watch Frame by Frame.

Ao Comprova, a assessoria da Polícia Federal diz que não comenta investigações em andamento. Por ora, a única pessoa presa e investigada pelo crime é Adélio. Nenhum dos supostos nomes que são apontados em redes sociais como participantes do crime foi divulgado pela PF.

Adélio está preso e foi indiciado no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional. Se condenado, o agressor pode ficar preso de 3 a 10 anos. Essa pena pode dobrar quando o ataque resulta em lesão corporal grave.

Apesar de a PF tratar oficialmente apenas Adélio como culpado, mulheres têm sido acusadas e perseguidas em redes sociais – sem provas – de participarem do atentado ao candidato do PSL. Entre os nomes que circulam na rede estão os de Maria Clara de Paula Ribeiro Tarabal e de Aryane Campos.

Um tweet de Alexandre Frota, candidato a deputado federal pelo mesmo partido de Bolsonaro, diz: “Atenção Brasil estamos atras dessa mulher que junto com os bandidos elaborou e participou do atentado ao Jair .ligue 190” (sic).

Apenas o vídeo publicado no canal de Samuca Fernandes teve mais de 177 mil visualizações no YouTube. Já no Facebook, esse mesmo vídeo teve mais de 2 mil interações (reações, comentários e compartilhamentos), segundo o CrowdTangle, ferramenta usada pelo Comprova para análise de redes sociais.

O site Boatos.org também verificou essa peça de desinformação.