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Investigado por: 2018-09-05

Texto de apoio a Jair Bolsonaro não é de Arnaldo Jabor

Texto compartilhado nas redes sociais em que o cineasta e jornalista Arnaldo Jabor declara voto aberto ao deputado Jair Bolsonaro como única chance real “de derrotar a esquerda já no primeiro turno” é falso. O próprio Jabor nega a autoria.

A narrativa foi construída como se o autor perguntasse e ele mesmo respondesse. Em uma parte do texto, o autor pergunta: “Então por que vou votar no Bolsonaro?” E, na sequência, ele responde: “Porque o meu voto é contra a esquerda. Porque ele é a única opção que tenho! Ele é o único candidato que tem a chance real de derrotar a esquerda já no primeiro turno! Então o meu voto é dele desde o primeiro turno. Ele está na política tempo o suficiente e não se deixou corromper”.

Em seu canal oficial no YouTube, Jabor divulgou uma manifestação no último dia 2 de setembro desmentindo a autoria do texto: “Está circulando na internet um boato sórdido de que eu teria dito que votaria no Bolsonaro e no seu vice, Mourão. Isto é uma mentira, eu jamais faria isso…” declarou o cineasta.

O Comprova verificou que a mensagem circula em publicações de usuários no Facebook desde os últimos dias de agosto, mas inicialmente sem fazer menção a Arnaldo Jabor. Versões do mesmo texto, no entanto, passaram a ser compartilhadas pelo menos desde o último dia 30 de agosto com a assinatura e foto de Jabor. Também há registros do mesmo conteúdo falso no Twitter e em correntes do WhatsApp.

O Boatos.Org também já desmentiu o suposto apoio de Arnaldo Jabor a Bolsonaro. Em agosto, o jornal O Tempo esclareceu outra farsa envolvendo o nome de Jabor, depois que uma falsa conta atribuída ao cineasta defendeu a candidatura de João Amoêdo (Novo) no Twitter.

Investigado por: 2018-09-04

Rede de lojas diz que comunicado sobre venda a prazo a eleitores de Ciro Gomes é falso

As mensagens que circulam nas redes sociais e no WhatsApp afirmando que as Casas Bahia não farão vendas a prazo para os eleitores de Ciro Gomes até o fim das eleições são uma sátira. Algumas dessas imagens usam o logotipo da rede varejista simulando um comunicado oficial. A empresa afirma que o comunicado é falso.

As Casas Bahia pertencem à Via Varejo, terceira maior empresa varejista em operação no país. Em contato com o projeto Comprova, a rede informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “essa informação [sobre a suposta suspensão de vendas para eleitores do candidato do PDT a presidente] é falsa” e que o comunicado “não foi divulgado oficialmente pela empresa”.

No dia 1º de agosto, Ciro Gomes foi entrevistado na Central de Eleições da Globo News. Na entrevista, ele promete que, se eleito, o governo federal ajudará a tirar o nome de brasileiros da lista de devedores do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito).

Os primeiros registros do boato identificados pelo Comprova começaram a circular na semana em que aconteceu o primeiro debate entre presidenciáveis deste ano, promovido pela Band na noite do dia 9 de agosto. No dia seguinte, o humorista José Simão postou em seu perfil no Twitter a simulação de comunicado da empresa, em forma de brincadeira. Ele afirmou ao Comprova que recebeu o “meme” por e-mail de alguns leitores e ouvintes. Até esta terça-feira, 4 de setembro, o post recebeu 2,2 mil curtidas e 497 retweets.

Algumas pessoas acreditaram na imagem e enviaram para o perfil da loja na rede social, elogiando a iniciativa. A empresa, no entanto, desmentiu a informação pelo próprio perfil. Numa troca de mensagens com outro usuário, a empresa afirmou que sabia que se tratava de uma brincadeira.

O programa de governo de Ciro Gomes lembra que “63 milhões de consumidores estavam inadimplentes no primeiro semestre de 2018, segundo o Serviço de Proteção ao Crédito” e diz, de forma genérica, que o candidato pretende ajudar “esse imenso contingente de pessoas e famílias a reduzir seu atual endividamento”.

Segundo Ciro, serão avaliadas as dívidas feitas até o último dia 20 de julho, data em que ele falou pela primeira vez sobre a intenção de renegociar as dívidas dos inadimplentes, descontando cobranças de multas e correções.

Investigado por: 2018-09-03

Bandeira do Brasil com número que remete a facção criminosa apareceu em vídeo de Alckmin

Um clipe da campanha de Geraldo Alckmin, candidato à presidência pelo PSDB, foi divulgado pela sua assessoria com duas referências à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e substituído por uma nova versão. Perfis em redes sociais difundiram a informação e o Comprova verificou que, de fato, há duas edições diferentes.

Na manhã do dia 28 de agosto de 2018, a assessoria do tucano divulgou um jingle do candidato em um grupo de WhatsApp destinado a jornalistas que cobrem a campanha de Alckmin. Logo nos primeiros segundos do vídeo, uma jovem percorre as vielas de uma favela e numa bandeira do Brasil aparece a inscrição “1533” no lugar de Ordem e Progresso. A combinação dos algarismos é uma referência à posição em que as letras PCC aparecem no alfabeto (“P” é a 15ª e “C” é a 3ª). O PCC teve origem em São Paulo.

Embora tenha sido a própria campanha de Geraldo Alckmin a divulgar o vídeo com o “1533” no WhatsApp, o site do presidenciável publicou um “desmentido” em que acusa “mentirosos de plantão” de usarem uma “versão não oficial do clipe, que vazou na internet” e a editarem “para inserir imagens em alusão ao crime organizado”.

A equipe de Alckmin acabou distribuindo uma nova versão do jingle, produzida pela Farol Filmes, da qual um dos sócios é Lula Guimarães, marqueteiro-chefe da campanha do tucano. O portal Poder360 manteve os dois vídeos em seu canal no YouTube para que as cenas possam ser comparadas. Veja abaixo:

Na primeira versão do jingle, o “1533” é mostrado aos 8 segundos, dentro de uma bandeira do Brasil (no lugar da inscrição “Ordem e Progresso”). A inscrição volta a aparecer quando o vídeo chega a 1 minuto.

Na segunda versão do videoclipe, a jovem ganhou mais destaque, ficando ao centro da imagem e a bandeira foi desfocada manualmente. Ao ser questionada sobre o motivo da mudança, a equipe de marketing de Alckmin alegou questões “técnicas”.

No dia 30 de agosto de 2018, uma postagem do perfil no Twitter chamado “Corote” divulgou trecho do vídeo de Alckmin. A publicação dá link para o Poder360, mas usa um vídeo montado por ele com parte de um texto publicado no site Tribuna do Paraná. Este tweet foi visto 72,5 mil vezes e teve 1,3 mil compartilhamentos.

A presença do PCC em São Paulo é um dos temas mais explorados pelos adversários de Alckmin. Ele governou o Estado por duas ocasiões (2001-2006 e 2011-2018) e é constantemente questionado sobre o crescente aumento da facção nesse período.

Investigado por: 2018-09-03

Mensagens sobre financiamentos do BNDES em obras no Exterior usam informações falsas

Reproduções de imagens de tuítes da conta Brasil em Fotos, que foi suspensa pelo Twitter, estão sendo compartilhadas pelo WhatsApp com informações sobre contratos de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obras no Exterior durante os governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O Comprova verificou 10 desses tuítes e concluiu que oito deles usam informações falsas.

Para verificar o conteúdo, o Comprova entrou em contato com o BNDES, por meio de sua assessoria de imprensa, e conferiu os projetos de financiamento no Exterior em seu Portal da Transparência.

Três imagens citaram obras que nunca receberam financiamento do banco: a Ferrovia Sarmiento, na Argentina; uma rede de gasodutos em Montevidéu, no Uruguai; e a ponte sobre o Rio Orinoco, na Venezuela. As postagens traziam inclusive valores dos supostos repasses. Outras duas imagens mencionaram obras que chegaram a ser contratadas com o BNDES, mas que foram canceladas e, por isso, nunca houve o desembolso de recursos: a Hidrelétrica de Laúca, na Angola, e uma termelétrica na República Dominicana.

Outras duas reproduções apresentaram obras que foram financiadas pela instituição brasileira. Porém, colocaram valores incorretos. O Aeroporto de Nacala, em Moçambique, teve financiados US$ 125 milhões (e não US$ 200 milhões), e o Gasoduto San Martin, na Argentina, teve financiados US$ 468 milhões (e não US$ 2 bilhões). O Porto de Mariel, em Cuba, também recebeu financiamento do BNDES. O banco, no entanto, nunca repassou valores para a construção de casas, como sugere a imagem que ilustra o tuíte.

Nessa sequência de mensagens, outras duas imagens apresentaram informações corretas. De fato, o BNDES financiou a Transvase Daule Vinces, no Equador, ao valor de US$ 136.970.400, e o sistema de tratamento de água de Paraná de Las Palmas, na Argentina, ao valor de US$ 293.866.536.

Investigado por: 2018-09-03

Homem que zomba de preço da gasolina em vídeo não é filho de Lula

A identidade de um homem que zomba do alto preço da gasolina tem sido atribuída erroneamente a um filho de Lula em vídeo que circula no WhatsApp e nas redes sociais. Na gravação, o motorista, que afirma estar dirigindo um Camaro, diz não se importar com o preço da gasolina, a R$ 4 o litro. A postagem original é de 2015, sem qualquer referência ao ex-presidente.

Para buscar o vídeo original, o Comprova utilizou a ferramenta de pesquisa reversa por imagem do Google, em que é possível buscar um frame do vídeo e encontrar sites que incluam a mesma imagem.

A gravação mais antiga encontrada pelo Comprova foi publicada no YouTube em 25 de outubro de 2015. Outra indicação de que o vídeo não é recente é o fato de o homem afirmar ironicamente “obrigado, Dilma!”, e não fazer qualquer referência ao atual presidente, Michel Temer.

O vídeo parece ser uma paródia de um vídeo de 2014, feito por outro homem em Iporá (GO), que diz estar dirigindo um Camaro V8, zomba do preço da gasolina e agradece a Dilma.

A versão do vídeo com referência ao ex-presidente petista, com a legenda “Filho do Lula zuando o povo” começou a circular na época da greve dos caminhoneiros, que tinha como principal reivindicação a queda no preço dos combustíveis. A postagem mais antiga encontrada pelo Comprova neste ano no YouTube é de 2 de junho, poucos dias depois dos últimos bloqueios em estradas. O boato voltou a ser publicado nesta semana no Facebook e no YouTube, com a proximidade das eleições.

Além de a publicação original não fazer qualquer referência a filhos do ex-presidente, o motorista afirma no vídeo que acabou de abastecer em Gravataí, Rio Grande do Sul. Nenhum dos quatro filhos homens de Lula mora fora do estado de São Paulo, como já informou a Veja.

Também é possível perceber que o homem do vídeo não se parece com nenhum dos filhos do líder petista — Marcos Cláudio, Fábio Luís, Luís Cláudio e Sandro Luís. Para tirar a dúvida, comparamos dez fotos dos Lula da Silva com o motorista do Camaro em um software de reconhecimento facial chamado Betaface. Não houve nenhuma correspondência — a maior semelhança foi com Fábio Luís, que teve 73% de equivalência de traços faciais.

Para comparação, quando confrontamos diferentes fotos do motorista do Camaro no software, o Betaface aponta correspondências com até 87% de semelhança.

A revista Veja e o site Boatos.Org também já contestaram essa peça de desinformação.

Investigado por: 2018-08-31

Foto de homens armados com cartaz de Bolsonaro é montagem

É falsa uma imagem que está sendo compartilhada nas redes sociais e que mostra homens armados posando para uma foto atrás de um cartaz com os dizeres: “Bolsonaru (sic) é bala CV”, em referência à facção criminosa Comando Vermelho.

No registro mais antigo da imagem localizado pelo Comprova, de janeiro de 2016, não há nenhum cartaz diante do grupo de homens. De acordo com o site que a publicou naquele ano, a foto foi feita em uma comunidade no município de Japeri, no Rio de Janeiro. Mostra 19 homens posando para a câmera com armas na mão. A foto com a menção ao presidenciável foi cortada para que aparecesse um plano mais fechado, e um cartaz foi digitalmente colocado à frente do grupo.

A publicação com a suposta rejeição de uma facção criminosa à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) ganhou força nas redes sociais em meados de agosto, após a Procuradoria Regional Eleitoral do Ceará receber, anonimamente, um documento, atribuído ao grupo criminoso Comando Vermelho (CV). A mensagem da circular sugere a proibição da campanha eleitoral de políticos em determinadas regiões, entre eles Bolsonaro. Não há, contudo, qualquer confirmação oficial das autoridades sobre a veracidade do texto.

Apesar da ausência de informações concretas sobre a circular, diversos apoiadores do presidenciável, inclusive seu filho Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro, têm publicado nas redes sociais que o grupo criminoso proíbe a propaganda de Bolsonaro nos seus territórios.

A publicação com a foto que mostra o cartaz foi feita pela conta do Twitter @HélioNogueiraTV e foi retuitada 2,3 mil vezes e obteve mais de cinco mil curtidas em dois dias. A publicação com maior repercussão foi da página “Ódio do Bem”, que compartilhou a foto original ao lado da montagem no dia 29 de agosto de 2018 junto com o texto: “A esquerda tá desesperada tentando por o Comando Vermelho atrás do Bolsonaro que tão até criando fake news”.

A agência Lupa e o e-Farsas já haviam explicado que a foto é uma montagem.

Investigado por: 2018-08-31

Versão do vídeo “A Nossa Voz” com apoio a Lula é montagem

Um videoclipe no qual diversos artistas cantam uma música – entrecortados por imagens do ex-presidente Lula – está sendo compartilhado como uma demonstração de apoio dos artistas ao candidato. O vídeo é uma montagem, não autorizada por nenhuma das partes envolvidas.

O clipe original, “A Nossa Voz”, foi lançado em 17/08 e faz parte de uma campanha da ONG Amigos do Bem. Ao Comprova, os responsáveis pelo projeto explicaram que vídeo foi idealizado pela dupla Chitãozinho & Xororó, e foi feito pela produtora Multivídeo. A ONG Amigos do Bem foi convidada para participar duas semanas antes do lançamento da campanha, que faria a doação dos direitos autorais para a organização.

A Amigos do Bem, que trabalha com projetos sociais em áreas mais fragilizadas do país desde 1993 e tem 9 mil voluntários, explica que pouco se envolveu com a produção. Porém, colocou a condição de que o material não tivesse nenhum tipo de vínculo político. A música “Nossa Voz” é assinada por Xororó, Tonny, Kleber, Karol Conka, Projota, Negra Li e Rappin Hood. O clipe foi dirigido pelo próprio Xororó.

Já a montagem insere no clipe original imagens do jingle oficial da campanha de Lula para as Eleições 2018, e se encerra com um trecho do discurso do ex-presidente em Monteiro, na Paraíba, na ocasião da Inauguração Popular da Transposição do Rio São Francisco, em 19 de março de 2017. As imagens são da transmissão ao vivo da TVT.

Tanto a Amigos do Bem quanto a campanha de Lula já confirmaram a adulteração no vídeo. Em sua nota oficial, a ONG esclarece que não possui “quaisquer interesses e vínculos políticos”, e que foi “apenas a instituição escolhida para ser beneficiada com recursos gerados” pelas visualizações do clipe “Nossa Voz”. A campanha de Lula confirmou que “o vídeo original não tem imagens do Lula, nem nada a ver com a sua campanha”.

A postagem mais antiga do vídeo adulterado encontrada pela reportagem foi do dia 28/08, mas desde então o mesmo arquivo foi publicado por outras contas no Facebook e Youtube.

Investigado por: 2018-08-30

Críticas aos direitos dos professores não foram feitas por João Amoêdo

O material que circula no WhatsApp e nas redes sociais com críticas aos professores da rede pública atribuídas ao candidato a presidente João Amoêdo (Novo) é enganoso. O autor do artigo é, na verdade, André Capella, filiado ao partido. A informação sobre o verdadeiro autor é omitida no viral.

No texto intitulado “Como ter um ensino básico de qualidade no Brasil?”, Capella diz que “a educação pública básica brasileira encontra-se em situação de falência em decorrência de um sistema de ensino que oferece muitos direitos aos professores em detrimento do direito de aprender do aluno”. Ele também critica o fato de os professores da rede pública gozarem de estabilidade no emprego.

No artigo, Capella usa esta argumentação para propor a transferência gradativa dos alunos para as escolas privadas. “Neste caso, as Secretarias de Educação ofereceriam aos pais desses alunos um voucher (vale) educacional que lhes daria a opção de escolher uma escola particular para matricular seu filho”, diz.

Procuradas pelo projeto Comprova, as assessorias de Amoêdo e do Novo enviaram uma nota em que afirmam que as críticas aos professores não representavam a opinião do candidato e do partido. “Este foi um texto escrito por um voluntário do Novo e publicado no blog do partido, tal como diversos outros textos de opiniões pessoais, com um aviso que deixava claro que esta era a opinião pessoal e não representava as ideias do Novo. Para evitar novos desentendimentos já foi retirado do ar.”

O projeto Comprova localizou o post original do artigo usando programas que buscam conteúdos removidos da internet, como Wayback Machine e Google.

A assessoria de Amoêdo afirma que ele repudia os comentários feitos por Capella. A assessoria do Novo confirma que o artigo foi escrito por Capella e publicado em 2017. Também informa que ele é filiado ao partido, mas não tem cargo na legenda nem participação no programa de governo e na campanha do candidato.

O programa de governo de Amoêdo contém a proposta de dar bolsas em escolas particulares para alunos do ensino público, mas o Novo alega que as críticas feitas por Capella aos professores não serviram de base para que o partido viesse a adotá-la. “Esta é uma teoria amplamente discutida entre os especialistas e já aplicada em países como Chile e alguns estados americanos”, diz a assessoria do Novo.

O material enganoso foi encaminhado ao WhatsApp do projeto Comprova (11 97795-0022). O Comprova também localizou a publicação em páginas abertas no Facebook.

Em uma delas, “Verdade sem manipulação”, capturas de tela de trechos da publicação removida do site do Novo estão acompanhadas de uma foto de Amoêdo. A postagem, que até a publicação deste texto somava mais de 15 mil compartilhamentos, ainda tinha o seguinte texto: “Todos os professores do Brasil precisam saber o que o plano de governo do Amoedo diz sobre eles!”. A publicação da rede social não menciona o nome de Capella, o real autor do texto.

A página “Jovens reacionários defensores da liberdade combatendo o mal” também divulga capturas de telas do texto de Capella quando estava no ar no site do Novo, apesar de não aparecer o nome do autor. O texto que acompanha as imagens inclui um link para um tuíte de Amoêdo em que o candidato defende a ideia de vouchers, e para uma página com a íntegra do texto com a assinatura de Capella e a data de publicação, 16 de março de 2017. A publicação tem mais de 10 mil compartilhamentos.

Investigado por: 2018-08-30

Não há evidências de que possa haver um pedido de prisão de Lula e Dilma nos EUA

Não há confirmação de que os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff possam sofrer mandados de prisão expedidos pelos Estados Unidos, ao contrário do que indica uma mensagem de 2016 que voltou a circular na última semana de forma viral como se fosse atual.

O texto foi publicado pelo site Imprensa Viva em dezembro de 2016, mas sem indicação do dia exato, quando o Departamento de Justiça americano (DoJ) revelou uma investigação que aponta que políticos e funcionários de estatais brasileiros receberam dinheiro para ajudar nos interesses da Odebrecht e da Braskem, braço petrolífero do grupo. Segundo os documentos (aqui e aqui), o total pago em propina pelas duas empresas é de US$ 599 milhões.

A investigação americana analisou atos de corrupção em vários países em que a Odebrecht atuava, além do Brasil. Funcionários do Departamento de Operações Estruturadas (setor que coordenava pagamento de propinas) também atuaram nos Estados Unidos, mais especificamente em Miami. Além disso, o esquema de corrupção da construtora se utilizou de instituições financeiras americanas.

Na época, o site Antagonista e os jornalistas Diogo Mainardi e Claudio Dantas informaram que os ex-presidentes petistas teriam pedido de prisão decretado pelo FBI. O fato não se concretizou.

Nos documentos divulgados pelo DoJ, Lula e Dilma não são citados nominalmente. No entanto, o Estadão apurou à época que o ato ilícito descrito na papelada americana é o repasse de R$ 50 milhões da Odebrecht à campanha da ex-presidente – quantia solicitada pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Investigadores brasileiros já haviam apontado na 35.ª fase da Lava Jato, a Omertá, o pagamento irregular a Mantega.

Em troca do montante, foram concedidos benefícios tributários à Braskem por meio de legislação, informou o DoJ. O diretor de relações institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, disse em delação premiada que uma das formas de oferecer vantagem à empresa foi a Medida Provisória 470, de 2009, relativa ao crédito prêmio do IPI.

No texto viral da Imprensa Viva, o site atribui erroneamente a MP a Dilma Rousseff. Na verdade, foi Lula quem adotou a legislação. Outro erro é afirmar que todo o sistema de corrupção “passou pelo crivo do ex-presidente Lula” — o documento do DoJ não confirma isso.

Usando dados da ferramenta Spike, do Newswhip, é possível ver que o link para a notícia foi divulgado mais de 60 mil vezes. A ferramenta CrowdTangle indica que a postagem com mais engajamento sobre o assunto no Facebook atualmente é da página Por um Brasil Melhor, publicada em maio deste ano, que até agora já conquistou mais de 20 mil interações. Entre elas, 11 mil compartilhamentos.

Não é a primeira vez que a especulação é requentada: no final do ano de 2017, o Boatos.org fez uma verificação a respeito, porque a história havia voltado a circular na internet.