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Investigado por: 2018-09-27

Meme que trata Lula, FHC e Dilma como beneficiários de uma “Bolsa Ditadura” é enganoso

É falso o conteúdo do meme disseminado no WhatsApp e em redes sociais que acusa os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) de receberem uma “Bolsa Ditadura” e aposentadorias em função do cargo que exerceram. Na parte de cima da peça de desinformação, o título “Veja quem Bolsonaro ameaça” sugere que os citados terão os benefícios cortados caso o candidato do PSL seja eleito em outubro, o que também é enganoso.

O texto do meme coloca os três ex-presidentes, o ex-ministro José Dirceu, o ex-deputado federal José Genoino e artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque e Marieta Severo entre os “aproximadamente 20 mil anistiados” que recebem a “Bolsa Ditadura” e diz que o benefício é pago mensalmente com isenção de Imposto de Renda. O material enganoso também afirma que metade dos beneficiados recebe acima do teto constitucional de R$ 33.763 e que os ex-presidentes têm direito a aposentadorias no valor de R$ 30.471.

O projeto Comprova verificou que o meme tem informações falsas. Para chegar a esta conclusão, a equipe consultou dados do Ministério da Justiça, a Constituição brasileira e o Diário Oficial da União, entre outras fontes.

Aquilo que o meme chama pejorativamente de “Bolsa Ditadura” é a “reparação econômica” que pode ser concedida a quem foi vítima de perseguição política no período de 18 de setembro de 1946 a 5 de outubro de 1988, período mais amplo que o do regime militar, que vigorou entre 1964 e 1985. Ela está prevista na lei 10.559/2002 e é regulada por esta mesma norma.

No site do Ministério da Justiça, é possível verificar a lista de beneficiados pela anistia política. Dos citados no meme, somente Dirceu e Genoino, perseguidos durante a ditadura, aparecem entre os beneficiados. Lula, Dilma, FHC e os artistas não receberam indenização.

Dirceu obteve em 2002 o direito de receber uma parcela única equivalente a 330 salários mínimos, o que na época correspondia a R$ 59.400. Em 2006, Genoino teve direito a uma parcela única de R$ 100.000 em valores da ocasião. De fato, o recebimento da reparação é isento de Imposto de Renda, mas nenhum dos dois recebe valores mensalmente.

Em 1993, o Ministério do Trabalho concedeu a Lula um outro tipo de direito: a aposentadoria como anistiado. A decisão foi tomada porque, em ato de exceção, a ditadura havia cassado os direitos sindicais do petista e o destituído do cargo de presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP). No ano passado, a defesa de Lula na operação Lava Jato informou que a aposentadoria rendia ao ex-presidente R$ 8.900 por mês, valor mais baixo que os citados no meme.

A afirmação de que os ex-presidentes recebem aposentadorias por terem exercido o cargo é totalmente falsa. O benefício não existe desde a promulgação da Constituição de 1988.
A insinuação de que Bolsonaro é contra a reparação econômica aos perseguidos políticos e a aposentadoria dos ex-presidentes também é enganosa. Em seu plano de governo não há nenhuma posição contrária à reparação e nem poderia haver proposta de encerrar um tipo de aposentadoria que não existe.

O que poderia embasar tal insinuação é que o candidato já afirmou, em tom crítico, que “há muito 171 recebendo Bolsa-Ditadura”. Além disso, o presidenciável apresentou em março deste ano um projeto de lei que propõe o fim do direito que todos os ex-presidentes têm de contar com seis servidores, dois carros oficiais e dois motoristas, benefício previsto em lei de 1986, regulamentada por decreto de 2008.

O projeto foi apensado a outro, o 6.280, este de autoria do deputado Rocha (PSDB-AC), que propôs exatamente a mesma coisa em 2016. As propostas ainda não foram votadas na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara.

O pedido de verificação do meme foi enviado pelo WhatsApp do Comprova. Recebeu algum conteúdo duvidoso sobre as eleições presidenciais e quer sugerir uma verificação? Mande uma mensagem para o WhatsApp do Comprova (11) 97795-0022.

O sites Boatos.org e e-farsas verificaram, recentemente, peças semelhantes de desinformação.

Investigado por: 2018-09-27

Candidato não venceria no 1º turno com 35% dos votos válidos, como diz post enganoso

É enganoso o post que vem sendo compartilhado nas redes sociais com uma imagem de tela do Índice Band acompanhada da afirmação de que Jair Bolsonaro (PSL) seria eleito presidente no primeiro turno das eleições com 35% dos votos válidos. Para ganhar as eleições na primeira fase do pleito, o candidato ao Planalto deve ter 50% dos votos válidos mais um voto.

A foto foi publicada no perfil de Facebook do deputado federal Mitel Mazard (PSL-SP) e em outros perfis e páginas da internet. O indicador é elaborado pelo Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) e apresenta a média das pesquisas eleitorais divulgadas por institutos de pesquisas selecionados entre os de maior tradição no país, com mais anos de experiência, e que divulguem pesquisas com frequência. São usados, por exemplo, dados de Ibope, Datafolha e MDA.

Segundo Marcela Montenegro, diretora-executiva do Ipespe, o objetivo é que o eleitor tenha como referência valores semelhantes aos anunciados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na apuração. O cálculo do Índice trabalha sempre com “votos válidos”, ou seja, não entram na conta os entrevistados indecisos ou que declararam voto branco ou nulo.

O resultado do cálculo mostra que Bolsonaro tinha, em 20 de setembro, 35% dos votos válidos. Mazard postou um gráfico do índice verdadeiro, mas publicou um texto incorreto junto à imagem, em que afirma que com esse número o presidenciável seria eleito.

Na postagem do Facebook, ele disponibilizou um link do site “O Antagonista“. A publicação reproduz um trecho de uma entrevista do cientista político Lúcio Rennó, da UnB (Universidade de Brasília) à jornalista Miriam Leitão, do jornal “O Globo”.

Rennó explica que, dependendo da quantidade de abstenções, votos brancos e nulos – o que é difícil prever– um candidato que obtenha mais de 35% dos “votos totais” pode ser eleito no primeiro turno. Mas não cita valores mais específicos.

Em entrevista por telefone, o candidato a deputado federal disse ter ciência de que esta informação está incorreta. No entanto, não quis dizer à equipe do Comprova se iria corrigir ou não a descrição do post enganoso.

A postagem enganosa foi publicada na terça-feira, 25 de setembro, e viralizou no Facebook. O post registrou 7,1 mil compartilhamentos, 973 curtidas e 523 comentários até as 12h44 desta quinta-feira, 27 de setembro. E até esse horário o post não havia sido alterado.

Investigado por: 2018-09-26

Vídeo que faz acusação de fraude em urnas eletrônicas é enganoso

Um vídeo gravado nas eleições municipais de 2016 voltou a viralizar nas redes sociais como suposta comprovação de fraude nas urnas eletrônicas. As imagens mostram fiscais do TSE procurando – sem sucesso – as “mídias” das urnas, que deveriam estar nos envelopes, enquanto uma outra pessoa filma tudo. A postagem é enganosa, pois não dá o contexto da situação, nem explica a resolução do caso.

Uma postagem feita por um usuário do Facebook afirma que “envelopes que deveriam conter as mídias, estão VAZIOS. Menores de idade manuseando envelopes onde deveriam estar as mídias, pessoas sem identificação. Mídia é praticamente o cartão de memória onde se computam os votos. Se não estão lá é pq alguém já está fraudando os votos para as eleições para o candidato comunista”.

O post ainda acompanha um trecho do comentário de Paulo Martins no Jornal Tarobá Primeira Edição, de Cascavel (PR), que não tem relação direta com o caso, mas faz referências a possíveis fraudes nas urnas.

O caso ocorreu na cidade de Extrema (MG), nas últimas eleições para prefeito. Segundo a Justiça Eleitoral do município, a questão surgiu em função de um presidente de seção acondicionar a mídia de resultado de uma urna eletrônica no envelope errado. “Ao invés de colocar no envelope específico (branco), colocou em outro (pardo)”, explicou o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG).

O post de 2018 não diz o local em que o vídeo foi filmado. Porém, no diálogo das pessoas, é possível discernir dois locais que serviam de local de votação: Odete Valadares e Dom Bosco. Uma busca rápida no Google aponta que esses locais são duas escolas que existem na cidade de Extrema, em Minas Gerais. Um outro vídeo, publicado no Youtube um dia antes do post que motivou a investigação (16 de setembro), diz que o mesmo foi feito por “Reinaldo candidato a prefeito de estrela (sic), na época viu o que estava acontecendo e começou a gravar o flagrante”.

Com essas informações, chegamos a Reinaldo de Andrade, que foi candidato à prefeitura de Extrema pelo PSD em 2016. Não encontramos os vídeos originais nas suas redes sociais, mas em outro vídeo, de 5 de agosto de 2018, Reinaldo conta a história toda e confirma que foi ele quem filmou as ações no cartório eleitoral de Extrema.

O Comprova entrou em contato com o TRE-MG, que confirmou que “quando o material chegou na junta apuradora e a mídia dessa urna não foi encontrada no envelope branco, o candidato a prefeito Reinaldo filmou a ação da procura da mídia e, em seguida, deu repercussão ao caso nas redes sociais”. De acordo com o TRE-MG, Reinaldo protocolou na ocasião uma reclamação na Polícia Federal, em Varginha (Sul de Minas, mesma região de Extrema), que encaminhou ao Ministério Público – “que, por sua vez, não viu indício de irregularidade e pediu arquivamento do caso. O Juiz Eleitoral então o arquivou”.

A postagem do vídeo no Facebook foi feita no dia 17 de setembro, e na manhã do dia 26 já passava dos 29 mil compartilhamentos e 1,5 mil comentários. O pedido de verificação foi enviado pelo WhatsApp do Comprova. Recebeu algum conteúdo duvidoso sobre as eleições presidenciais e quer sugerir uma verificação? Mande uma mensagem para o WhatsApp do Comprova (11) 97795-0022 .

Investigado por: 2018-09-25

Foto de maconha embalada com imagem de Lula é verdadeira, mas não tem ligação com a campanha do PT

É verdadeira a foto que mostra porções de maconha embaladas com a imagem do ex-presidente Lula com a inscrição “Lula livre no Brasil e no mundo” que circula nas redes sociais. A droga foi apreendida pela Polícia Militar de São Paulo, em Batatais, no dia 11 de setembro e a imagem foi feita por um dos policiais que participaram da ação. O PT, no entanto, considerou absurda a ligação entre o material e uma suposta estratégia de campanha do partido, como sugerido em textos de redes sociais que acompanham a foto.

O 15º Batalhão da PM em Franca-SP, que também é responsável pelo policiamento em Batatais, confirmou ao Comprova que a foto diz respeito a uma ocorrência registrada no dia em questão, quando houve a apreensão da droga. A maconha embalada com a imagem do ex-presidente e outros entorpecentes estavam em posse de um adolescente de 17 anos.

Utilizando a ferramenta de busca de imagens do Google, o Comprova identificou a mesma foto publicada por um blog no dia 24 de setembro, com a informação de que a apreensão ocorreu na cidade de Batatais-SP.

O mesmo caminho foi percorrido para a busca de informações sobre a imagem usada para a embalagem da droga. Trata-se do mesmo logotipo utilizado na divulgação de atos pela liberdade de Lula, dia 11 de abril, embora não exista qualquer relação entre os movimentos em defesa do ex-presidente e a ocorrência policial no interior paulista. Ao Comprova, a CUT diz que a imagem publicada no seu site é pública.

A apreensão da maconha personalizada foi registrada pelo Jornal de Batatais no dia 17 de setembro. Em contato com o Comprova, a proprietária do site informou que as informações sobre a apreensão e foto da droga foram disponibilizadas pela polícia.

O jornal também registrou outra apreensão de maconha na cidade de Batatais, com a mesma imagem de Lula nas embalagens, no dia 7 de setembro.

Imagens de pessoas famosas em embalagens de drogas não são raras. Há outros casos (como aqui e aqui) também sem relação alguma entre o indivíduo da foto e o tráfico do entorpecente.

No Twitter, a foto das porções de maconha revestidas com o rosto do ex-presidente repercutiu em um post do cantor Roger (@roxmo), vocalista do Ultraje a Rigor, que alcançou mais de 600 retweets e 1,4 mil curtidas entre os dias 24 e 25 de setembro.

O perfil de Winston Ling, empresário brasileiro que mora na China, compartilhou a mesma imagem que Roger no Twitter. Segundo ele “enquanto traficantes ameaçam nas favelas quem vai votar no Bolsonaro, eles fazem campanha em tabletes de maconha com foto de Lula Livre, com certeza com apoio do partido (NarcoEstado)” (sic).

O Comprova também localizou compartilhamentos do mesmo conteúdo em grupos do WhatsApp.

Investigado por: 2018-09-25

Haddad não afirmou que governo deve decidir o gênero das crianças

Ao contrário do que afirma um meme que viralizou no Facebook, não há registro de que o candidato à presidência Fernando Haddad (PT) tenha afirmado que o governo deve decidir sobre o gênero de crianças.

Segundo o meme, o petista teria dito que “ao completar cinco anos, a criança passa a ser propriedade do Estado” e que cabe ao governo “decidir se menino será menina e vice-versa”. Em pesquisas com as palavras-chave “criança”, “propriedade” e “Estado”, não foi encontrada nenhuma referência a falas de Haddad nesse sentido. O Comprova usou as ferramentas de busca do Google, YouTube, Facebook, Twitter e fez buscas em portais de notícia.

A assessoria do presidenciável também negou que Haddad tenha feito as declarações que viralizaram.

No programa de governo do PT a palavra “criança” aparece 18 vezes, mas em nenhum trecho o termo é utilizado no mesmo sentido do boato. No documento, há referências ao combate da mortalidade infantil, repressão do trabalho de crianças e incentivos à educação, além de prevenção ao abandono e à violência.

O meme é aparentemente uma reedição de um boato que circulou em fevereiro de 2017, baseado em uma declaração de Deborah Duprat, procuradora federal dos Direitos do Cidadão, que foi tirada de contexto para dar a ideia de que as crianças são propriedade do Estado.

Na ocasião, Duprat defendia a inconstitucionalidade do projeto Escola Sem Partido. Ela afirmou ser “equivocada” a percepção de que a família tem “poder absoluto sobre a criança” e que a “a Constituição diz que a criança é um problema da família, da sociedade e do Estado”. Posts e textos sobre essa declaração repercutiram nas redes.

Ex-ministro da Educação, Haddad também é contra o Escola Sem Partido. Foi na gestão do petista à frente do ministério que surgiu, em 2011, a polêmica em torno do material “Escola sem homofobia”, que críticos chamam pejorativamente de “kit gay”. O material foi vetado pelo governo federal.

A postagem do meme feita na manhã deste domingo, 23 de setembro, em uma página no Facebook teve 152 mil compartilhamentos até o início da tarde desta terça-feira, 25. O meme também foi compartilhado pelo WhatsApp.

A agência Aos Fatos e o site Boatos.org também verificaram o post com a frase atribuída a Haddad.

Investigado por: 2018-09-24

Caminhões em carreata pró-Bolsonaro pertencem a empresa de turismo, e não ao Exército

É enganosa a informação de que o candidato a deputado estadual Tenente Coronel Zucco (PSL-RS) usou caminhões do Exército para fazer campanha a favor dele e de Jair Bolsonaro (PSL) no último sábado, 22 de setembro, no litoral do Rio Grande do Sul. Os veículos foram adquiridos em leilões do Exército e foram emprestados por Paulo Souza, proprietário da empresa Carrossauro, que promove transporte turístico na região.

A carreata passou por Capão da Canoa, no litoral gaúcho. Pela similaridade dos caminhões usados no ato, muitas pessoas denunciaram que haviam sido cedidos pelo Exército. Na realidade, os veículos já pertenceram às Forças Armadas, mas foram a leilão e agora são da empresa de turismo.

O proprietário da Carrossauro, Paulo Souza, comprou dois dos caminhões em dezembro do ano passado. São veículos produzidos no início da década de 1980 pela Engesa, antiga indústria nacional de material bélico, que eram usados pelo Exército e pela Aeronáutica para o transporte de tropas e equipamentos. Em março deste ano, Souza comprou mais um caminhão. Todos foram comprados de pessoas que os haviam adquirido em leilões. Os três foram usados na caravana no sábado.

O Comprova solicitou os documentos dos veículos, mas o proprietário preferiu não apresentá-los porque o advogado de Zucco disse que irá entrar com uma representação no TRE-RS (Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul) contra pessoas que compartilharam a informação.

Segundo a assessoria do Exército, esse tipo de veículo, como mostra no vídeo, não teria placa se fosse realmente do órgão. É preciso uma regularização para eles circularem normalmente. Aliás, os caminhões da gravação contam com o brasão do Cruzeiro do Sul, o que não é mais usado. Sobre o caso, o Comando Militar do Sul publicou nota em seu perfil no Twitter.

O próprio Zucco desmentiu o boato em vídeo publicado em seu perfil no Facebook. “Esse comentário maldoso, essa fake news, não pode acontecer, e, logicamente, que as Forças Armadas não compactuariam, não apoiariam, nenhum tipo de campanha política”, disse.

O proprietário da empresa de turismo, Paulo Souza, também desmentiu a informação em uma postagem no Facebook. “Os veículos são de minha propriedade e foram usados gratuitamente na campanha e continuarão a serem usados”, escreveu. “Soube que haveria uma carreata em Capão da Canoa, peguei meus caminhões e fui com meu filho e cunhado. Os caminhões são meus e ando onde quiser”, completou, em entrevista ao Comprova.

O vídeo usado em uma das publicações falsas tem origem do Instagram. Foi publicado na ferramenta “Stories”. Por ser uma rede social fechada não é possível saber o autor original do conteúdo. Essa gravação foi replicada em outras redes sociais e gerou grande engajamento (reações, comentários e compartilhamentos). Na página do Facebook “Falando Verdades”, por exemplo, o vídeo com a descrição enganosa registrou 3,6 mil compartilhamentos, 1,2 mil comentários e 1,5 mil reações até a tarde desta segunda-feira, 24 de setembro.

Investigado por: 2018-09-24

Imagens de caravana de motos são de romaria e não de carreata em apoio a Bolsonaro

O vídeo de uma caravana de motos compartilhado nas redes sociais como sendo de uma carreata formada por apoiadores do candidato à presidência Jair Bolsonaro é falso.

As imagens foram gravadas durante a 32ª Moto Romaria 2018, no dia 16 de setembro, um evento que reuniu milhares de motocicletas em uma caravana que faz o percurso de 120 km de Fortaleza até Canindé, no Ceará. Segundo os organizadores, “é um evento único do motociclismo no Ceará, quem foi nunca se arrependeu. Muitos vão pela fé e religiosidade, mas o evento é aberto a todos”.

A gravação foi realizada na BR-020, na entrada de Canindé, na altura do bairro de Boa Vista, quando a caravana chegava em seu destino final. Na gravação, pode-se observar uma bandeira do candidato Robério Monteiro (PDT), que também aparece em um vídeo sobre o evento publicado por Edison Maia, organizador da Moto Romaria, em sua página no Facebook.

Outra filmagem da Moto Romaria 2018 mostra o mesmo padrão do comboio liderado por viaturas da Polícia Rodoviária Federal: um Renault, um Chevrolet e cinco motocicletas em formação.

Para chegar a essa conclusão, a equipe do Comprova examinou comentários do vídeo e obteve a dica de que teria sido gravado na Moto Romaria do Ceará. A partir disso, uma extensa busca por vídeos da Romaria nos recentes anos foi realizada. Uma comparação dessas gravações com as imagens do vídeo verificado foi realizada para comprovar seu contexto e localização originais.

Ainda que alguns motoqueiros tenham levado bandeiras de candidatos que concorrem nas eleições de outubro, o evento não tem nenhuma motivação política. Trata-se de uma peregrinação de cunho religioso em homenagem a São Francisco.

A solicitação de contato feita pela AFP, membro do Comprova, aos organizadores do evento não foi respondida até a publicação desta história.

Recentemente, diversas imagens fora de seu contexto original alegando exibir manifestações a favor de Bolsonaro vêm sendo compartilhadas nas redes sociais. O Comprova já desmentiu algumas delas.

Segundo estatísticas do Facebook, o vídeo já foi compartilhado 161,8 mil vezes e assistido por quase 4 milhões de usuários desde que foi publicado no dia 22 de setembro de 2018. O vídeo foi disseminado por 142 páginas diferentes, grande parte delas apoia abertamente o presidenciável.

Investigado por: 2018-09-24

Imagens de caminhão e aeronaves com banners de Bolsonaro são simulações

São manipuladas as imagens compartilhadas em redes sociais que mostram aeronaves da rede de lojas de departamentos Havan e um caminhão de uma transportadora catarinense com banners do candidato Jair Bolsonaro (PSL). As aeronaves realmente pertencem à Havan, mas a customização da plotagem em verde e amarelo com a foto de Bolsonaro foi manipulada digitalmente.

A assessoria de imprensa da Havan confirmou ao Comprova que se trata de uma simulação feita pela própria empresa para ilustrar como ficariam as plotagens. Conforme a assessoria, o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas, protocolou um pedido junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a intenção de obter autorização para plotar o avião e o helicóptero conforme aparecem na imagem. Hang já declarou apoio a Bolsonaro.

O TSE informou ao Comprova nesta segunda-feira, 24 de setembro, que a petição de Luciano Hang foi distribuída ao ministro Jorge Mussi e ainda não há decisão sobre o caso. Ainda segundo o TSE, “não consta da letra da lei a propaganda feita em aeronaves, razão pela qual essa é uma questão que poderá ainda ser submetida à jurisdição da Justiça Eleitoral”.

O Grupo Pegoraro, transportadora com matriz em Joaçaba-SC, também confirmou que o caminhão na imagem pertence à empresa, mas que nesse caso a montagem partiu de usuários nas redes sociais. A empresa ainda apontou que a legislação eleitoral não permitiria propaganda nas dimensões que sugere a imagem.

Uma publicação da página Bolsonaro Herói Nacional com a montagem das aeronaves e os dizeres “Olha só o que o Luciano Hang da Havan aprontou dessa vez” foi compartilhada mais de 10 mil vezes entre os dias 20 e 24 de setembro no Facebook. O Prova Real também localizou compartilhamentos do mesmo conteúdo no Twitter e em grupos de WhatsApp.

Outra publicação no Facebook, de um membro do Grupo Olavo de Carvalho, teve 5,9 mil compartilhamentos da imagem do caminhão no mesmo período. O texto diz que o Grupo Pegoraro de Joaçaba personalizou 17 de suas carretas. A provável publicação inicial data de 19 de setembro, com pouco mais de cem compartilhamentos.
A legislação eleitoral aponta que é proibido colar propaganda eleitoral em veículos, exceto adesivos microperfurados até a extensão total do para-brisa traseiro e, em outras posições, adesivos que não excedam o tamanho de 0,5m² (meio metro quadrado).

A veracidade da plotagem das aeronaves também foi verificada pelo jornal O Município, de Brusque-SC.

Investigado por: 2018-09-21

PT e Ciro não têm plano de fazer confisco de poupanças como sugere boato

São falsas as mensagens que circulam no WhatsApp dizendo que o PT tem um projeto de confisco da poupança e que ele será automaticamente aprovado caso o candidato do partido, Fernando Haddad, ou mesmo Ciro Gomes (PDT) vençam a eleição.

A mensagem que faz circular o boato cita o Projeto de Lei nº 137, de 2004, apresentado pelo então deputado federal Nazareno Fonteles (PT-PI), comparando-o ao confisco da poupança idealizado pela ministra Zélia Cardoso de Melo no governo Fernando Collor, em 1990.

O texto enganoso deturpa o projeto e omite informações – principalmente, o fato de que ele não avançou na Câmara dos Deputados e acabou arquivado em 2007. A mensagem também deixa de informar que os planos de governo de Haddad e de Ciro não incluem nenhuma proposta semelhante ao projeto de 2004.

O projeto de Fonteles propunha o estabelecimento, por um período de sete anos, de um limite máximo de consumo por pessoa e da “Poupança Fraterna”. O limite de gastos pessoais seria o equivalente a dez vezes o valor do PIB per capita mensal do brasileiro no ano anterior. Para se ter uma ideia, levando-se em conta o resultado do ano passado, este limite seria de R$ 12.680 mensais em 2018.

Todo o rendimento que ultrapasse este limite teria de ficar depositado em uma conta especial de poupança, a “Poupança Fraterna”. Os valores seriam devolvidos, com juros e em parcelas, aos titulares nos 14 anos seguintes ao período de sete anos. Até a devolução, os recursos seriam investidos em programas de incentivos a cooperativas, a micro e pequenas empresas, em programas especiais de trabalho nas áreas de saúde, nutrição e educação e em programas de desenvolvimento tecnológico.

O projeto parou logo na primeira comissão em que tramitou na Câmara, a Comissão de Finanças e Tributação. O então deputado Max Rosenmann (PMDB-PR), que morreu em 2008, foi o relator do projeto na comissão. Em 2005, ele elaborou um relatório contrário ao projeto, pedindo o seu arquivamento, o que aconteceu oficialmente em 2007. Fonteles foi deputado federal até 2014 e não voltou a apresentar projetos com este teor.

Na campanha eleitoral deste ano, o
plano de governo de Haddad
não tem nada que se assemelhe ao projeto apresentado 14 anos atrás por Fonteles. A palavra “consumo”, por exemplo, aparece 20 vezes no plano do petista. Nenhuma delas tem o sentido do projeto apresentado em 2004. Bem ao contrário, a ativação do consumo é apresentada como um pilar do plano de desenvolvimento econômico proposto pela candidatura do PT. “A estruturação do novo projeto de desenvolvimento passa pela renovação e ampliação da capacidade de produção e consumo”, diz um trecho do plano do PT.

O plano de Ciro Gomes também não tem nenhuma proposta que se pareça com o projeto de Fonteles. O candidato do PDT propõe algo bem diferente, que é a redução de impostos sobre consumo (PIS/COFINS e ICMS).

Quando tramitava na Câmara, o projeto também foi objeto de boatos, como relatou o portal G1. Em 2014, voltou a circular um boato sobre confisco da poupança tendo o projeto como base. Nesta ocasião, o “Boatos.org” desmentiu a peça de desinformação.

Investigado por: 2018-09-21

É falsa notícia de que Jean Wyllys foi convidado para ser ministro da Educação de Haddad

É falso o tweet que alega que o deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ) foi convidado para ser ministro da Educação num possível governo de Fernando Haddad, candidato à presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores.

A postagem enganosa usa uma imagem manipulada do portal G1 com a seguinte manchete: “Jean Wyllys confirma convite de Haddad para ser Ministro da Educação em eventual governo do petista”. Isso é falso e a reportagem não foi publicada pelo site.

O texto da montagem foi feito com padrões de escrita diferentes daqueles usados pelo G1. As palavras “deputado” e “ministro”, por exemplo, foram grafadas com caixa alta. Quando não iniciam frases, o portal usa caixa baixa para elas – como neste exemplo. O portal também publicou um desmentido sobre a informação falsa que circula atrelada a sua marca.

Como o código fonte e os elementos do HTML das páginas de internet podem sempre ser acessados por meio dos próprios aplicativos de navegação (Google Chrome, Internet Explorer e Mozilla Firefox, por exemplo), é possível editar os textos que eles armazenam. No entanto, as alterações só ficam disponíveis para quem faz as edições. Logo, o texto alterado não é exibido para os demais internautas que acessam os sites.

Outra evidência de que a informação é falsa está no nome de quem é o responsável pela suposta reportagem. O jornalista que assina o texto é Bernardo Caram. A matéria falsa está datada de 20 de setembro de 2018. É verdade que Caram trabalhou no G1, mas entre outubro de 2016 e março de 2018. Atualmente ele é jornalista da Folha de S.Paulo, integrante do Comprova.

As assessorias de Fernando Haddad e de Jean Wyllys também negaram a informação.

O tweet falso foi publicado em 21 de setembro de 2018 pelo usuário @fabiopatriota10. Até a noite desta sexta-feira, 21 de setembro, a publicação teve 2,3 mil curtidas, 1,2 mil compartilhamentos e 297 comentários.