O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 41 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
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Contextualizando

Investigado por: 2024-05-08

Caminhões com doações ao RS não são retidos por falta de nota fiscal e multas por excesso de peso serão anuladas; entenda os casos

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Contextualizando
Caminhões com doações destinadas às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul que passaram por postos da ANTT não ficaram retidos, como alegam publicações. A agência confirmou que seis veículos foram autuados por excesso de peso, mas que as multas não terão validade. O governo federal também publicou regras de flexibilização para facilitar a entrega dos kits, dispensando, por exemplo, o processo de pesagem em rodovias federais. Além disso, o governo gaúcho esclareceu que não estão sendo exigidas notas fiscais das doações, diferentemente do que foi dito em vídeos.

Conteúdo analisado: Postagens afirmam que caminhões carregados com donativos destinados às vítimas dos alagamentos Rio Grande do Sul foram barrados durante fiscalização do poder público.

Onde foi publicado: TikTok e YouTube.

Contextualizando: Posts nas redes sociais geraram desinformação ao afirmar que veículos com doações aos afetados pelas chuvas no Rio Grande do Sul foram barrados por agentes públicos. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) confirmou que seis veículos de carga com donativos foram parados e autuados durante uma fiscalização no posto de Araranguá, em Santa Catarina, em 6 de maio, mas que foram situações isoladas e que as multas aplicadas nessas ocasiões por excesso de peso serão anuladas. Desde o dia 4 de maio, o trecho recebeu 7.928 veículos, e nenhum ficou retido.

Em um vídeo publicado na tarde de quarta-feira, 8 de maio, o diretor-geral da ANTT, Rafael Vitale, disse que as equipes trabalham para facilitar a entrega das doações e melhorar o fluxo logístico nas áreas mais afetadas pelas chuvas. Na mesma gravação, ele reforçou a publicação de uma portaria com flexibilizações regulatórias para atender as peculiaridades do estado de calamidade pública. Uma das medidas dispensa veículos de carga dos procedimentos de fiscalização nos postos de pesagem em todas as rodovias federais concedidas.

As novas regras foram divulgadas após a circulação de informações enganosas sobre caminhões que estariam sendo barrados nas rodovias do Sul do país. Diversas gravações têm acusado autoridades de exigir nota fiscal das doações. A informação foi desmentida pelo próprio Executivo gaúcho e pela Receita Federal. Doações são isentas de impostos conforme decreto estadual de 1997.

Um dos vídeos que circulam nas redes sociais mostra um caminhão da empresa Bread King parado em um posto de pesagem no município de Torres (RS). Sem mostrar o rosto, um homem diz que foi exigido o comprovante fiscal após ser constatado o excesso de peso em 500 kg. Em nota, publicada na terça-feira, 7 de maio, a empresa esclareceu que o veículo seguiu até o destino final após a pesagem realizada na noite do dia 6 de maio, e que o motorista não recebeu qualquer notificação ou autuação.

Outro caso que ganhou fôlego na internet surgiu após a exibição, na noite de terça-feira 7, de uma reportagem do SBT com falas de um motorista que disse ter sido multado ao transportar donativos. Horas depois de a reportagem ir ao ar, a ANTT divulgou uma nota na qual afirmava que os caminhões não estavam sendo retidos. No dia 8, a ANTT divulgou o vídeo de seu diretor-geral, no qual reconhece que seis caminhões com doações acabaram sendo multados. No mesmo dia, o SBT se pronunciou em nota e afirmou que a “equipe de reportagem constatou embaraços oficiais ao trânsito de caminhões com doações para o Rio Grande do Sul, e assim retratou os fatos, até mesmo como forma de alerta às autoridades”.

O imbróglio teve repercussão no espectro político e passou a ser usado em ataques à gestão federal e estadual no combate aos efeitos das enchentes. O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), chegou a publicar um vídeo acompanhado de um funcionário da Defesa Civil para criticar a ANTT. Já o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, pediu a abertura de inquérito para investigar influenciadores que disseminaram informações enganosas sobre a crise.

Em outra frente, o governo do Rio Grande do Sul também desmentiu a alegação de que autoridades estariam solicitando a habilitação de pilotos de barcos e jetskis usados em ações de salvamento, o que foi reiterado pela Brigada Militar. “Todos os esforços da corporação estão sendo destinados a salvar vidas e toda ajuda é bem-vinda”, divulgou o órgão. “Não estamos verificando nenhum tipo de autorização para pilotar uma embarcação ou até um veículo”, afirmou o subcomandante geral da Brigada Militar, coronel Douglas Soares, em vídeo.

Informações oficiais sobre doações podem ser vistas no canal criado pelo governo gaúcho.

Fontes que consultamos: Consultamos as redes sociais oficiais da ANTT, do governo do Rio Grande do Sul, do governo federal e também o site usado para divulgar informações sobre as campanhas realizadas no estado durante as enchentes.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O mesmo assunto foi checado por outros veículos, incluindo Estadão Verifica e Agência Lupa. A imprensa também repercutiu a resposta do governo gaúcho ao coach Pablo Marçal, que divulgou informações falsas a respeito das doações enviadas ao estado.

Mudanças climáticas

Investigado por: 2024-05-08

Haarp, sistema de ondas eletromagnéticas, não manipula o clima

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Enganoso
É enganoso post segundo o qual um programa criado pela Universidade de Alaska Fairbanks nos anos 1990 para estudar ondas na atmosfera esteja sendo utilizado para manipular o clima, gerando situações como granizo em um deserto da Arábia Saudita e as chuvas fortes no Rio Grande do Sul. Os cientistas que participam do projeto negam, no site, que o sistema tenha qualquer interferência no clima. Além disso, não é incomum cair granizo no país árabe.

Conteúdo investigado: Um post com vídeo e a legenda “Haarp – A manipulação do clima está cada vez mais evidente. Por exemplo: Granizo no deserto saudita parece normal para você?” e “clima em muitas partes do mundo está sendo manipulado, por homens que brincam de ‘ser Deus’!”. Outro post afirma que “estão usando o Haarp no RS”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Não há nenhuma evidência de que o clima possa ser manipulado pelo Haarp, sigla para “High-frequency Active Auroral Research Program”, ou Programa de Pesquisa Ativa de Alta Frequência de Auroras, em português. O projeto foi criado pela Universidade de Alaska Fairbanks nos anos 1990 para estudar ondas na ionosfera –camada atmosférica cuja altura pode variar de 50 a mil quilômetros acima da superfície terrestre.

Para isso, os cientistas usam um conjunto de antenas para emitir ondas eletromagnéticas a essas distâncias e observar como elas se comportam, segundo a página do Haarp no site da universidade. A ionosfera é onde a radiação do Sol perde ou ganha elétrons, no processo chamado de ionização. Essas partículas podem refletir ondas de rádio e sinais de GPS, por exemplo.

“O sistema do Haarp é basicamente um grande transmissor de rádio. As ondas de rádio reagem às correntes elétricas, e não interagem de maneira significativa com a troposfera [camada atmosférica que produz o clima terrestre]”, diz a página do projeto. “Como não há interação, não tem como controlar o clima.”

Os integrantes do Haarp explicam ainda que o Sol emite várias ondas que chegam à ionosfera, e que, se esses raios não influenciam as condições climáticas, não há nenhuma chance de que as antenas da universidade consigam fazer isso.

Além disso, não é incomum que haja granizo ou neve na Arábia Saudita, diferentemente do que afirma um dos posts virais. O próprio site oficial de turismo do país diz que o evento acontece com relativa frequência, principalmente nas montanhas da região norte, e oferece passeios de camelo pelos locais. Foram encontrados diversos registros dessas condições climáticas pelo país em meios de comunicação sauditas, como o estatal Al Arabiya nos dias 28 e 30 de abril.

O post enganoso cita granizo na legenda, mas o mesmo vídeo foi publicado pelo site de notícias marroquino Alyaoum24 como sendo neve o que aparece nas imagens. Ainda segundo o veículo, a gravação foi feita na região de Taif, na Arábia Saudita.

Tampouco o Haarp é o causador da tragédia que vem assolando o Rio Grande do Sul, como sugere um post segundo o qual estão usando o sistema no estado. Entre os comentários, teve quem escreveu “gente, querem destruir o Sul” e “eles estão preparando mais desastres ‘naturais’”.

Como informou a Folha, “projeções elaboradas há anos previam exatamente um aumento das chuvas extremas e inundações na região com o avanço do aquecimento global”. E a seção Comprova Explica já mostrou que é consenso científico que a ação humana causa mudanças climáticas, como a da tragédia no Sul.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 8 de maio, a publicação sobre granizo no deserto tinha 417,6 mil visualizações e 5 mil curtidas. Já o post sobre as nuvens no Rio Grande do Sul havia sido visualizado mais de 2 milhões de vezes e curtido 8 mil vezes até a data.

Fontes que consultamos: Fizemos buscas reversas no Google das imagens do vídeo, e verificamos em veículos de imprensa que não é incomum que haja granizo e neve no país. Por fim, entramos na página do Haarp e verificamos que o projeto é alvo de conspirações desde a sua criação. Em 2022, por exemplo, o programa foi acusado, sem nenhum fundamento, de mandar chuvas para sabotar acampamentos favoráveis ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em frente a quartéis.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova passou a verificar conteúdos relacionados a mudanças climáticas neste ano. As publicações mais recentes concluíram ser falso que alimentos com ‘selo da rã’ sejam sintéticos e produzidos por Bill Gates e que a Suécia abandonou metas de desenvolvimento sustentável. O projeto também trouxe detalhes, na seção Comprova Explica, de por que é consenso científico que ação humana causa mudanças climáticas.

Mudanças climáticas

Investigado por: 2024-05-08

É falso que Luciano Hang tenha mais aeronaves atuando no RS do que a Força Aérea Brasileira

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Enganoso
Não é verdade que o empresário Luciano Hang, das lojas Havan, tenha mais aeronaves atuando no Rio Grande do Sul que a Força Aérea Brasileira como alega um vídeo publicado no TikTok e no X. Desde 2 de maio, dois helicópteros do empresário atuam no resgate de vítimas nas regiões atingidas. A FAB iniciou as operações em 30 de abril, por meio da Operação Taquari II, com 12 embarcações, 5 helicópteros e 45 viaturas.

Conteúdo investigado: Um vídeo publicado no TikTok com imagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do empresário Luciano Hang, das lojas Havan, e do coach Pablo Marçal usa imagem de um tuíte com a alegação de que “Neste momento, Luciano Hang tem o mesmo número de helicópteros que a FAB ajudando no RS”. A acusação no X foi feita em 4 de maio pelo ex-deputado estadual pelo Partido Novo em Santa Catarina Bruno Souza.

Onde foi publicado: TikTok e X.

Conclusão do Comprova: Não é verdade que o empresário Luciano Hang tenha frota de aeronaves igual ou superior à Força Aérea Brasileira (FAB) atuando no Rio Grande do Sul. O post publicado no dia 4 de maio diz que o dono das lojas Havan disponibilizou dois helicópteros, que atuam no resgate de vítimas desde o dia 2 de maio no estado. De acordo com a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, nesta mesma data, a FAB atuava com nove aeronaves empregadas por meio da Operação Taquari II.

A FAB destaca que disponibilizou, até a última atualização, feita em 6 de maio, 12 aeronaves e 90 viaturas para a operação. A ação envolve mais de 1,3 mil militares da Força Aérea e registrou 100h20min de voo desde o início, com 405 pessoas e oito animais de estimação resgatados. No total, a Operação Taquari II, que conta também com Exército Brasileiro, Força Aérea Brasileira, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e Receita Federal, tem 42 aeronaves atuando no estado.

Desde o início, a ação do governo tem mais veículos em operação do que Hang. Na noite de 30 de abril, 626 militares, 12 embarcações, 5 helicópteros e 45 viaturas já estavam atuando no local, segundo boletim do Ministério da Defesa.

Ao Comprova, a Havan confirmou que conta com duas aeronaves envolvidas nas ações de resgate. Até a manhã de 6 de maio, foram realizados mais de 300 pousos e decolagens, sendo transportados 23 pacientes para hemodiálise e 12 médicos para atendimentos. Os helicópteros também já transportaram alimentos e água, e deram apoio no transporte de tropas da polícia e dos bombeiros.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 6 de maio, o post no TikTok tinha mais de 518 mil curtidas, 34,8 mil compartilhamentos e 9,8 mil comentários. Já a publicação no Twitter alcançava 664,5 mil visualizações, 24 mil curtidas, 4 mil compartilhamentos e 508 comentários.

Fontes que consultamos: Procuramos por publicações do governo federal que mostram a quantidade de aeronaves usadas no Rio Grande do Sul desde o início das operações de resgate e apoio às vítimas. Também entramos em contato com a Havan e com a FAB.

Postagem tira notícia de resgate de contexto

Uma publicação do ex-deputado estadual pelo Partido Novo Bruno Souza, de Santa Catarina, feita em 4 de maio, utiliza print retirado do Terra para afirmar que a FAB havia disponibilizado apenas duas aeronaves até o momento, mesmo número que Luciano Hang.

A captura é de uma matéria publicada em 1º de maio sobre resgates a vítimas das enchentes. Os dois helicópteros citados na reportagem atuaram no resgate de uma família na região da Candelária. O texto, no entanto, fala especificamente sobre resgates, e não indica outros veículos da Força Aérea empregados nos esforços para evacuações aeromédicas, distribuição de água, alimentos e donativos e auxílio na recuperação da infraestrutura danificada, funções previstas também na Operação Taquari II.

Em 4 de maio, data em que o conteúdo enganoso foi publicado, a FAB contava com nove aeronaves, 98 embarcações e 70 viaturas atuando no estado, mobilizando 936 militares.

Entramos em contato com o ex-deputado catarinense Bruno Souza, mas não houve retorno até a publicação deste texto.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: A tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul tem sido alvo frequente de desinformação e veículos como o Estadão e o UOL já comprovaram ser falsa a alegação de que Luciano Hang tenha enviado mais helicópteros que a FAB. O Comprova também já desmentiu outras publicações relacionadas às Forças Armadas, como a que disse que alimentos doados pelo MST e transportados pela FAB teriam sido destinados ao Hamas e a que afirmou que o Exército fechou a entrada do país pelo mar.

Contextualizando

Investigado por: 2024-05-07

Postagens exageram peso de declaração da Astrazeneca em processo; efeito adverso de vacina já era conhecido

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A Astrazeneca declarou em tribunal no Reino Unido que a Síndrome de Trombose com Trombocitopenia (STT) pode ser um dos efeitos raros do imunizante contra covid-19, segundo reportagem do jornal The Telegraph publicada na última semana. A publicação tem gerado reações de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma postagem do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-mandatário, afirma que o pai “sempre esteve certo” nas críticas às vacinas. O risco, no entanto, já era conhecido, pois está presente na bula desde 2021.

Conteúdo analisado: Postagens afirmam que Bolsonaro estava certo ao duvidar das vacinas contra covid-19 e relacioná-las a casos de embolia e trombose após a Astrazeneca ter admitido que o imunizante pode ocasionar Síndrome de Trombose com Trombocitopenia (STT) em casos raros.

Contextualizando: Uma declaração da farmacêutica Astrazeneca gerou uma série de reações de grupos que questionam a segurança do imunizante contra a covid-19 produzido pela companhia. Em documentos judiciais, a empresa afirma que a vacina produzida em parceria com a Universidade de Oxford pode causar Síndrome de Trombose com Trombocitopenia (STT), com incidência rara, afetando uma a cada 100 mil pessoas vacinadas. A farmacêutica é alvo de uma ação coletiva no Reino Unido que alega que o imunizante causou ferimentos graves e até a morte de dezenas de pessoas no país.

A afirmação, revelada pelo The Telegraph, foi feita pela defesa da farmacêutica na Suprema Corte britânica em resposta ao processo movido pela família de Jamie Scott, homem que ficou com lesão cerebral permanente ao ter uma hemorragia um dia após tomar a vacina. A família de Scott acredita que a lesão foi causada pelo imunizante.

A Astrazeneca defende que os casos passem por uma perícia. “Admite-se que a vacina AZ pode, em casos muito raros, causar STT. O mecanismo causal não é conhecido. Além disso, a STT também pode ocorrer na ausência da vacina AZ (ou de qualquer imunizante).”. Em 2023, a empresa declarou que não acredita “que a STT seja causada pela vacina a nível generalizado”.

Diferentemente do que sugerem Eduardo Bolsonaro e outros perfis que postaram o conteúdo, a incidência de casos raros de coágulos em imunizados não é um segredo. A informação está disponível na bula da vacina desde 23 de abril de 2021, o que pode ser conferido no histórico de bulas do site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A vacina da Astrazeneca teve o uso emergencial aprovado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em fevereiro de 2021. No Brasil, ela foi produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) e aprovada pela Anvisa no mesmo mês.

Também diferentemente do que afirmam o deputado federal e outras pessoas em redes sociais, a notícia publicada pelo jornal britânico não indica que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava certo ao criticar as vacinas como forma de combater a pandemia de covid-19.

Em março de 2021, a aplicação do imunizante da Astrazeneca chegou a ser suspensa em países da União Europeia após a ocorrência de casos de coágulos sanguíneos atribuídos à vacina. Após uma análise, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) concluiu que a formação de coágulos é efeito muito raro, que pode acontecer em uma a cada 100 mil pessoas vacinadas, e que reações ao imunizante são geralmente leves e passam em poucos dias.

Diante disso, a agência declarou que os benefícios da vacina Astrazeneca na prevenção da covid superam os riscos de efeitos secundários. A base desta conclusão é o fato de que a imensa maioria dos efeitos adversos das vacinas são leves e moderados, enquanto os efeitos graves são muito raros. No caso da covid-19, a chance de a doença matar os não vacinados era significativamente maior do que a chance de a doença levar a óbito uma pessoa com o esquema vacinal completo. Por isso, inúmeras agências de saúde e especialistas afirmam que os benefícios da vacinação superam seus riscos.

Em nota enviada ao Comprova, a FioCruz afirmou que a vacina da Astrazeneca foi considerada segura e eficaz tanto pelo Ministério da Saúde como pela Anvisa e que ela segue recomendada pela OMS para pessoas acima de 18 anos “uma vez que seus possíveis efeitos adversos graves, como a Síndrome de Trombose com Trombocitopenia, são extremamente raros”.

Fontes consultadas: Buscamos por informações sobre o caso na Justiça para entender as denúncias contra a farmacêutica. Em seguida, procuramos a bula do imunizante e os selos de aprovação dos órgãos competentes, que atestam a segurança da vacina. Pesquisas sobre notícias na época mostraram ainda que a agência europeia recomenda o uso da vacina da Astrazeneca.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Comprova já mostrou ser enganoso que pesquisadores descobriram relação entre vacina e covid longa e que o Brasil tenha comprado imunizantes banidos em outros países. Também é falso que estudo de Cambridge comprove que pessoas vacinadas contra o novo coronavírus adquiriram Aids e que a Suprema Corte dos EUA decidiu que as vacinas contra a covid-19 “não são vacinas”.

Saúde

Investigado por: 2024-05-06

Moderna não admitiu que DNA residual em vacinas pode levar a câncer

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Enganoso
Não é verdade que a farmacêutica Moderna tenha admitido que o DNA residual em suas vacinas de RNA mensageiro (mRNA), como a contra a covid-19, possa causar câncer nos imunizados. Ao Comprova, a empresa afirmou que o DNA residual é uma impureza relacionada ao processo de fabricação que não afeta a segurança e a eficácia do produto. O Federal Drug Administration (FDA), agência reguladora do governo dos EUA, também nega que as vacinas de mRNA causem câncer.

Conteúdo investigado: Post afirma que a farmacêutica Moderna admitiu que as vacinas contra a covid-19 estão contaminadas por DNA e, portanto, podem causar defeitos congênitos e câncer. Em um vídeo compartilhado junto à alegação, o médico norte-americano Robert Malone, conhecido por desinformar sobre as vacinas, diz o mesmo, acrescentando que a contaminação poderá causar qualquer doença que esteja associada com danos ao DNA.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Post viral engana ao afirmar que a farmacêutica Moderna tenha admitido que sua vacina contra a covid-19 possa levar a pessoa imunizada a desenvolver câncer por conta de resíduos de DNA no produto. De fato, há DNA residual em vacinas de mRNA, como a da Moderna, mas isso não interfere na segurança.

“Nossa vacina contra a covid-19 foi submetida a extensos testes clínicos e não clínicos para demonstrar sua eficácia, qualidade e segurança”, afirmou a farmacêutica ao Comprova. A empresa explicou que “o DNA residual é uma impureza relacionada ao processo de fabricação” que não afeta o produto final. Também disse que seus processos seguem padrões estabelecidos extensivamente e revistos por órgãos reguladores.

Conclusão semelhante tem o Food and Drug Administration (FDA), órgão norte-americano de vigilância sanitária. Em documento de 2023 sobre DNA residual em vacinas de mRNA, a agência afirma que “não há nada que indique danos ao genoma, como o aumento das taxas de câncer” e garante a segurança e eficácia de todos os imunizantes aprovados nos Estados Unidos (o da Moderna é um deles).

No Brasil, duas vacinas contra a covid produzidas pela farmacêutica são registradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Spikevax bivalente e a Spikevax monovalente. A última teve o registro concedido em março e está atualizada para proteger contra a variante Kraken. Nesta semana, as primeiras doses do imunizante chegaram ao Brasil como parte de um contrato assinado no mês passado para a aquisição de 12,5 milhões de doses.

O post usa trecho de fala do médico Robert Malone, conhecido por desinformar sobre vacinas. O mesmo vídeo foi utilizado em outra publicação enganosa verificada pela Comprova nesta semana, também atacando, sem evidências, a vacina da Moderna.

O Comprova tentou falar com o autor do conteúdo, mas o perfil no X não recebe mensagens. Não foram identificados perfis semelhantes em outras redes sociais.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O post aqui checado teve 97,9 mil visualizações até 6 de maio, além de ser compartilhado mil vezes e somar duas mil curtidas.

Fontes que consultamos: Procuramos a farmacêutica citada no post e consultamos a FDA e informações sobre a audiência em que a fala do médico foi gravada. Também localizamos outras checagens sobre o assunto e tentamos contato com o autor do post.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: A alegação aqui verificada também foi alvo de checagens fora do Brasil e desmentida por USA Today e Lead Stories. O Comprova já checou anteriormente ser falso que vacina contra covid-19 cause danos irreversíveis ao DNA e demonstrou que os imunizantes não provocam câncer.

Saúde

Investigado por: 2024-05-02

É enganoso que Brasil tenha comprado vacina contra a covid banida em outros países

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Não é verdade que o Brasil comprou vacinas que foram banidas em diversos países, diferentemente do que afirma post. As primeiras doses vendidas pelo laboratório Moderna foram realocadas para diferentes públicos ao longo das campanhas, mas nunca excluídas das ações. A versão atual do imunizante é aprovada pela Anvisa e recomendada pela OMS.

Conteúdo investigado: Mensagens no X e no Telegram sobre a compra pelo governo brasileiro de mais de 12 milhões de doses da vacina contra a covid-19 da Moderna. Post afirma que “inúmeros países” já baniram o imunizante “devido a graves problemas”.

Onde foi publicado: X e Telegram.

Conclusão do Comprova: Post engana ao afirmar que o Brasil acaba de comprar uma vacina contra a covid-19 banida em inúmeros países. O governo federal anunciou a aquisição de 12,5 milhões de doses da farmacêutica Moderna em 19 de abril. Segundo o Ministério da Saúde, o lote faz parte dos imunizantes mais atualizados contra a doença, aprovado pela Anvisa e recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O imunizante que o responsável pelo post se refere é a versão original (bivalente), que teve o público-alvo alterado em alguns países por causa de efeitos adversos. No entanto, a vacina Moderna não foi banida.

Como o próprio post mostra, na Suécia, por exemplo, o governo suspendeu a vacina para menores de 30 anos em outubro de 2021. Mas, o que o post não informa é que órgãos de saúde do país voltaram a oferecer o imunizante em outubro de 2022, com novas diretrizes para crianças acima de seis anos.

Outro exemplo de país que teria banido a vacina, segundo o post, foi o Japão, mas isso não ocorreu. Em agosto de 2021, o governo suspendeu o uso de 1,63 milhão de doses após “relatos de contaminantes em alguns frascos”. Diferentemente do que o post sugere, não foi identificado nenhum problema de segurança ou eficácia e a suspensão foi apenas uma precaução, segundo autoridades japonesas e a Moderna.

Como reações adversas graves, a bula da versão atual da vacina cita casos de miocardite e pericardite, condições que afetam o coração. Ainda assim, o risco de desenvolvimento dessas doenças, segundo a farmacêutica, é muito raro e ocorre em menos de 0,01% dos pacientes que utilizam o medicamento. A maioria se recuperou, mas há casos fatais, segundo o laboratório. As reações mais comuns são inchaço, dor de cabeça, dores musculares, náuseas e diarreia.

A publicação também traz um vídeo traduzido do inglês em que o médico Robert Malone fala sobre riscos da vacina da Moderna a congressistas norte-americanos. A sessão foi gravada em Washington em 2023 e divulgada pela republicana Marjorie Taylor Green, publicamente anti-vacina e que já teve o perfil do X derrubado por compartilhar desinformação sobre a covid-19. Malone também é conhecido por difundir informações falsas sobre vacina e já foi desmentido diversas vezes.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. No X, a publicação teve, até 30 de abril, mais de 118,8 mil visualizações e, no Telegram, 4 mil.

Fontes que consultamos: Links dos sites New York Post, BMJ e The Straits Times, citados pelo autor, do Ministério da Saúde e da OMS.

Moderna diz que vacina está atualizada

Um dos argumentos do post que tenta descredibilizar a vacina é o de que a dose atual produzida pela Moderna não protege os humanos da variante do coronavírus em circulação, o que não é verdade. A publicação compartilha outro post de um médico infectologista alegando que o imunizante não combate a linhagem JN.1, descendente da XBB e que vem aumentando de forma exponencial entre os infectados.

Em dezembro de 2023, a OMS publicou uma diretriz sobre qual deveria ser a composição dos imunizantes para acompanhar a evolução do vírus. Na nota, a organização manteve a recomendação de usar como antígeno vacinal uma linhagem descendente da variante XBB.1, como a XBB.1.5. A orientação já vinha sendo aplicada pelos laboratórios desde maio do ano passado. Segundo a OMS, pesquisas indicam que vacinas com essa composição tiveram resultados positivos na neutralização da JN.1. A entidade pondera que os dados ainda são limitados.

Ao divulgar informações sobre o acordo fechado com o governo brasileiro, a Moderna esclareceu, em nota oficial, que a farmacêutica “gerou dados pré-clínicos e clínicos de sua vacina candidata monovalente XBB.1.5 mostrando uma resposta imunológica contra sub-linhagens XBB e cepas atualmente circulantes do vírus SARS-CoV-2, incluindo JN.1”. Ou seja, o imunizante apresentou benefícios no combate à variante em circulação.

Em um texto publicado no site do Ministério da Saúde, o médico infectologista e doutor em Epidemiologia Sérgio de Andrade Nishioka explicou que todas as vacinas usadas atualmente protegem contra formas graves da covid-19, independentemente da linhagem. “Novas variantes como JN.1, porém, são mais transmissíveis que as variantes anteriormente mais prevalentes, e podem infectar e causar doença em pessoas previamente imunizadas pela vacina e/ou infecção anterior.” Todas as vacinas aprovadas pela Anvisa apresentaram resultados eficazes e de segurança; essa é a principal estratégia de prevenção.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Diversas publicações com informações falsas sobre vacinas foram checadas pelo Comprova, incluindo a de que um estudo de Cambridge comprovou que pessoas vacinadas contra a covid-19 adquiriram Aids e que o imunizante cause danos irreversíveis ao DNA.

Eleições

Investigado por: 2024-05-02

Barroso reproduzia relato de senador quando disse que “eleição em Roraima não se ganha, se toma”

  • Enganoso
Enganoso
Post engana ao afirmar que o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, disse que “eleição não se ganha, se toma”. A frase foi retirada do contexto original, quando Barroso repetiu as palavras ditas por um senador enquanto se referia ao cenário eleitoral de Roraima antes do voto eletrônico. A gravação com a fala foi editada e o momento em que o nome do estado é citado foi cortado.

Conteúdo investigado: Vídeo antigo voltou a circular e argumenta que o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, teria dito que “eleição não se vence, se toma”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Publicação engana ao dizer que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, teria dito que “Eleição não se ganha, se toma”. O post utiliza uma gravação feita na Câmara dos Deputados, em que o magistrado fala sobre o contexto das eleições de Roraima antes do voto eletrônico. O vídeo manipula o conteúdo original ao suprimir, na legenda, o nome do estado, dando a entender que as eleições como ocorrem hoje no país todo são fraudulentas.

No dia 8 de junho de 2021, Barroso atendeu no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um grupo de parlamentares, entre eles o senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR) e seu filho, o deputado Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR). Na ocasião, segundo nota publicada pelo TSE, o senador narrou ao ministro que, por duas vezes, havia ganhado eleições em seu estado, mas que “as eleições lhe foram tomadas”. Daí a origem da frase “eleição em Roraima não se ganha, se toma”. Mecias esclareceu que isso se passava no tempo do voto em cédula. E acrescentou que, com a implantação do voto eletrônico, não puderam fraudar a eleição. Assim, ele finalmente obteve a vaga.

Ao comparecer à Câmara dos Deputados, no dia seguinte, em conversa com parlamentares, Barroso narrou a história que ouviu do senador Mecias de Jesus e repetiu a passagem que a resumia: “Eleição em Roraima não se ganha, se toma”, como mostra o vídeo original da fala publicada pela TV Câmara no YouTube.

É possível ouvir que Barroso cita “Roraima” nesse registro original, diferentemente da publicação enganosa que suprime o nome do estado e tira a fala do contexto. O ministro se referia à situação da votação em Roraima ao tempo do voto de papel, antes da implantação das urnas eletrônicas. “Eu brinquei com ele que eleição em Roraima não se ganha, se toma”.

Logo após a primeira repercussão do vídeo, o deputado Jhonatan de Jesus telefonou ao ministro Barroso, relembrou o episódio e ressaltou que a fala do ministro foi editada e retirada de contexto.

Em 12 de abril de 2023, o ministro relembrou o ocorrido e reforçou a edição de vídeo atribuída a ele disseminada nas redes sociais. “Eu nunca disse que ‘eleição não se ganha, que eleição se toma’. Nunca disse isso. Mas, se entrarem na internet, eles fazem uma edição macabra de textos separados e colocam. Portanto, a mentira passou a ser uma estratégia política. E aí é preciso ter uma coisa clara: esse não é um problema ideológico. Pode ser conservador, pode ser progressista, pode ser liberal. A mentira é um problema ético, não é um problema político.”

Meses depois, em 14 de setembro de 2023, Barroso voltou a citar a edição no vídeo ao rebater a defesa de Thiago Mathar, segundo réu julgado no STF pelos atos golpistas de 8 de janeiro. O advogado do investigado citou o ministro como autor da frase antidemocrática.

O autor da publicação enganosa foi procurado pelo Comprova, mas não se manifestou.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 30 de abril, a publicação tinha 818,4 mil visualizações no X e 38 mil curtidas.

Fontes que consultamos: Fizemos uma busca pela frase que teria sido dita pelo Barroso e encontramos uma nota do TSE, um vídeo da Justiça Eleitoral desmentindo o vídeo manipulado e reportagens em que o ministro explica em qual contexto o comentário foi feito. Também localizamos um vídeo publicado pela TV Câmara com a íntegra da fala do ministro.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Ministros do STF são alvo frequente de desinformação. Nesse caso, a Justiça Eleitoral publicou um vídeo explicando que a frase foi tirada de contexto. Além disso, em 2021, o UOL Confere publicou uma verificação sobre o tema, mostrando que a frase dita por Barroso havia sido distorcida por bolsonaristas. O Comprova também já mostrou ser enganoso que o ministro queria socializar investimentos de brasileiros e que o STF quer barrar cristãos na política.

Política

Investigado por: 2024-04-30

Elon Musk não comprou o Grupo Globo

  • Sátira
Sátira
Trata-se de uma sátira o post que afirma que o bilionário Elon Musk teria comprado “mais de 99%” das ações do Grupo Globo. O vídeo altera trecho do Jornal Nacional e manipula a voz da apresentadora Renata Vasconcellos para fazer parecer que o conteúdo seria verdadeiro.

Conteúdo investigado: Vídeo com os dizeres “Negócio fechado! Elon compra a Gr0bo” exibe trecho do Jornal Nacional com fala da apresentadora Renata Vasconcellos sobre a compra de ações pelo empresário Elon Musk e diz que o bilionário teria se tornado o maior acionista do Grupo Globo ao comprar mais de 99% das ações do conglomerado de mídia.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: É satírico o vídeo que manipula a voz da apresentadora Renata Vasconcellos, do Jornal Nacional, para afirmar que Elon Musk teria comprado mais de 99% das ações do Grupo Globo.

O conteúdo investigado insere um áudio com a voz da apresentadora, que não corresponde com a leitura labial do que ela afirma originalmente. “Ele comprou mais de 99% das ações da empresa Roberto Marinho, que controla o cidadão antes de votar”, diz o áudio manipulado.

No vídeo original disponível no Globoplay, publicado no dia 4 de abril de 2022, a apresentadora fala sobre a negociação do empresário com o Twitter.

Naquele dia, Musk se tornou o maior acionista individual da rede social ao comprar mais de 9% das ações da companhia (a compra seria concretizada em outubro do mesmo ano). Tanto na chamada quanto na reportagem exibida em seguida, não é citada nenhuma negociação envolvendo o Grupo Globo. Procurada pelo Comprova, a emissora reforçou que o conteúdo não é real e trata-se de um deepfake.

Na publicação, alguns entenderam que o vídeo tratava-se de uma sátira, uma vez que apresenta a descrição “vídeo fictício produzido e redublado para fins humorísticos”, mas é possível encontrar comentários de pessoas que consideraram o conteúdo como verdadeiro. “Sucesso Elon Musk suas palavras verdadeiras serão nossas esperanças”, disse um internauta. “Parabéns Elon Musk”, comentou outro usuário do TikTok.

A compra das ações feita por Musk em abril de 2022 ocorreu no início das negociações do empresário para adquirir a rede social. No mesmo mês, o bilionário fez a primeira oferta para comprar a companhia. As transações só foram finalizadas em outubro de 2022, após um longo trâmite envolvendo desistências e processos judiciais.

Sátira, para o Comprova, são memes, paródias e imitações publicadas com intuito de fazer humor. O Comprova verifica conteúdos satíricos quando percebe que há pessoas tomando-os por verdadeiros.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 30 de abril de 2024, o vídeo satírico publicado no TikTok tinha 1,1 milhão de visualizações, 36,4 mil curtidas, 17,1 mil compartilhamentos e mais de 4 mil comentários.

Fontes que consultamos: Procuramos por notícias relacionadas a Elon Musk e a compra da TV Globo, entramos em contato com o canal e consultamos o que diz a Constituição sobre a regulação de veículos de mídia no Brasil.

Musk poderia comprar a Globo?

Mesmo que Musk tivesse interesse em comprar o Grupo Globo, o empresário seria barrado pela Constituição brasileira, que proíbe a participação total de estrangeiros em veículos de mídia do Brasil, como detalha o Art. 222 da legislação.

“A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no país.”

Além disso, uma emenda constitucional determinou, em maio de 2002, que pelo menos 70% do capital total e do capital votante dessas empresas deve pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos. O mesmo se estende à gestão das atividades e o conteúdo da programação.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Publicações com desinformações envolvendo o bilionário sul-africano são frequentes. O Comprova já mostrou ser enganoso post que associa a queda em ações da Tesla com embates entre o empresário e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e concluiu ser falsa a foto em que Bolsonaro aparece em uma lancha com Musk.

Política

Investigado por: 2024-04-30

OMS não publicou guia que recomenda masturbação para crianças

  • Enganoso
Enganoso
É enganoso que a OMS tenha publicado um guia de orientação sexual para crianças, incentivando masturbação e início precoce da vida sexual. A organização tem manuais sobre o tema, mas eles são voltados para professores e profissionais da saúde, e dizem apenas que dúvidas relacionadas ao assunto podem surgir em diversas faixas etárias.

Conteúdo investigado: Em vídeo, o youtuber português Sérgio Tavares diz que a OMS criou um guia de orientação sexual para crianças, recomendando que iniciem a vida sexual o mais breve possível. Ele também atribui à organização um vídeo em que adultos falam com crianças sobre masturbação. A publicação foi compartilhada pelo vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL).

Onde foi publicado: X e Instagram.

Conclusão do Comprova: É enganoso que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha criado um guia de orientação sexual para crianças. De fato, há documentos sobre o tema associados à organização publicados em 2010 e 2018, mas eles são voltados para profissionais da saúde e da educação, e não contêm os trechos apontados no vídeo verificado.

Em 2016, a fundação alemã BZgA, que organizou um desses documentos, disse em nota que era alvo constante de desinformação, e que não incentivou masturbação para crianças de 1 a 4 anos. O texto apenas diz a pais e professores que dúvidas relacionadas ao assunto podem surgir nessa faixa etária. “Consideramos crucial que a educação sexual seja apropriada para a idade”, escreveram.

A fundação, que colabora com a OMS, diz ainda que a educação sexual “não se restringe ao ato sexual”. “Se a educação sexual começar desde cedo, pode ser proativa e ajudar a proteger [a criança] de desinformação no futuro. A educação sexual gradualmente equipa e empodera crianças e jovens com informações, habilidades e valores positivos para que entendam e aproveitem sua sexualidade, tenham relacionamentos seguros e satisfatórios quando estiverem prontos, e se responsabilizem pela saúde e bem-estar sexual próprio e alheio”, afirma trecho da nota.

O conteúdo verificado também alega que a OMS teria publicado um vídeo incentivando a masturbação infantil, o que não é verdade. A publicação é, na verdade, da ONG holandesa Rutgers, e mostra pais e filhos conversando sobre o corpo humano e a masturbação de maneira educativa, em gravação de março de 2023.

A ONG apagou o vídeo após a repercussão negativa. “Verificamos que o vídeo está sendo retirado do contexto e usado para espalhar desinformação. Para proteger as crianças no vídeo, apagamos a publicação”, escreveram na rede social X. O vídeo fazia parte de uma campanha nacional de educação sexual que acontece há 18 anos na Holanda. Funcionários da Rutgers chegaram a ser xingados e ameaçados, segundo o jornal KRO-NCRV.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 30 de abril, o vídeo tinha 413 mil visualizações no Instagram, e 124 mil no X.

Fontes que consultamos: Colocamos imagens do vídeo atribuído à OMS na busca reversa, o que nos levou a um vídeo no YouTube de um partido de direita da Holanda, que citava qual era a organização que publicou o conteúdo originalmente. Também buscamos no Google os trechos de documentos que o youtuber cita, usando aspas para restringir os resultados somente a correspondências exatas da frase. Por fim, entramos em contato com o vereador do Rio Carlos Bolsonaro pelo e-mail que aparece em sua página na Câmara Municipal, questionando sobre a publicação, mas não obtivemos resposta até o momento.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O vídeo também foi checado pelo Estadão Verifica. Em 2020, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou a mesma desinformação sobre o documento da OMS. À época, G1, Aos Fatos, UOL e O Globo mostraram que as afirmações eram falsas. O mesmo influenciador também foi desmentido pelo Comprova quando afirmou que urnas eletrônicas brasileiras teriam sido hackeadas nos EUA.

Mudanças climáticas

Investigado por: 2024-04-30

É falso que alimentos com ‘selo da rã’ sejam sintéticos e produzidos por Bill Gates

  • Falso
Falso
Post mente ao dizer que alimentos que possuem o “selo da rã” foram fabricados por empresa de Bill Gates, são sintéticos e contaminados por insetos. O símbolo do anfíbio representa o certificado Rainforest Alliance, organização internacional sem fins lucrativos que promove ações sociais e de preservação ambiental, e não tem nenhuma ligação direta com o empresário.

Conteúdo investigado: Post com vídeo mostrando vários produtos alimentícios industrializados com um selo na embalagem cujo logo tem uma rã. A gravação é acompanhada da seguinte legenda, em letras maiúsculas: “Urgente! Não consumam os produtos com a marca da rã. São alimentos da indústria do (criminoso) o senhor Bill Gates. Lembrando que são alimentos contaminados, cujo objetivo é redução populacional e destruir o agro no mundo, esses da rã são sintéticos. Boicotem!”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: É falso que alimentos cujas embalagens apresentam o selo da Rainforest Alliance, representado por uma rã dentro de um círculo, estejam contaminados a fim de reduzir a população mundial ou destruir o agronegócio. Também é mentira que as indústrias fabricantes dos alimentos que possuem o selo ou a própria organização sejam de Bill Gates.

A Rainforest Alliance é uma organização internacional sem fins lucrativos presente em mais de 70 países, incluindo o Brasil, cujo objetivo, segundo a entidade, é “proteger as florestas e a biodiversidade, combater as mudanças climáticas e promover os direitos e a melhoria das condições de vida das comunidades rurais”. Para alcançar tal objetivo, a instituição desenvolve um programa de certificação para empresas que promovem a preservação de florestas, os direitos humanos e a subsistência.

A presença do selo em embalagens garante que sua produção cumpriu os critérios social, econômico e ambiental exigidos. Isso significa que os produtos têm pouco impacto ambiental (o menor possível) e não foram feitos com base em exploração de mão de obra análoga à escravidão ou infantil, entre outros aspectos. Para conseguir a certificação e estampar o selo em seus produtos, cada empresa precisa passar pela avaliação de auditores independentes, uma forma de garantir a integridade do programa.

Embora seja responsável por avaliar o cumprimento dos critérios, a organização não participa ou tem qualquer relação com a produção dos alimentos. Cabe à própria empresa buscar a certificação de um produto específico, que pode ser válida em todos os países participantes ou em Estados específicos.

A escolha do mascote da Rainforest Alliance se dá pelo fato de a rã de olhos vermelhos ser um bioindicador — se há uma população saudável desse animal, isso significa que o local também é sustentável.

O Comprova tentou contato com o responsável pela publicação falsa, mas o perfil não permite envio de mensagens diretas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também foi procurada e respondeu que “não há ações fiscais publicadas para estes produtos com estes nomes nos últimos 4 anos”.

Falso, para Comprova, é todo conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Organização não é de Bill Gates

A Rainforest Alliance tem diferentes fontes de receitas, sendo as principais royalties de participação provenientes de certificação, subvenções de governos e fundações e doações individuais. A organização disponibiliza anualmente um relatório onde é possível consultar os valores recebidos, gastos e projetos financiados.

Bill Gates, apontado como o dono da Rainforest Alliance, na realidade é apenas um colaborador, e não possui ligação direta com a organização. O empresário, por meio de sua fundação Bill & Melinda Gates Foundation, fez uma doação para a aliança no valor de US$ 5,3 milhões (R$ 27,1 milhões, na cotação atual) em novembro de 2007 para apoiar o desenvolvimento agrícola na África. A fundação do bilionário não aparece entre os doadores nos últimos relatórios da organização.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 26 de abril, a publicação no X tinha 218,8 mil visualizações, 5 mil curtidas e 321 comentários.

Fontes que consultamos: Primeiramente, pesquisamos no Google as palavras-chave “marca rã alimentos” e encontramos checagens sobre o assunto. Em seguida, consultamos também o site da Rainforest Alliance, que aparece facilmente nas pesquisas e explica o “certificado da rã”.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Em fevereiro, UOL Confere e Estadão Verifica já haviam desmentido o conteúdo investigado nesta verificação. Comprova também já desmentiu alegações sobre Bill Gates, como uma que relacionava um programa parcialmente financiado pelo bilionário a surto de dengue.