O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 41 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
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Eleições

Investigado por: 2022-10-07

É falso o áudio atribuído a Ciro Gomes sobre tomada de poder pelas Forças Armadas caso Lula seja eleito

  • Falso
Falso
É falso o áudio atribuído a Ciro Gomes (PDT) sobre um esquema armado para eleger Luiz Inácio Lula da Silva (PT) presidente da República e uma consequente tomada de poder pelas Forças Armadas caso isso aconteça. Peritos consultados pelo Comprova e a assessoria de imprensa do político negaram a veracidade do material. Segundo os técnicos, a gravação fraudulenta foi gerada a partir de técnicas de deepfake.

Conteúdo investigado: Suposto áudio com voz atribuída a Ciro Gomes afirma que existe um conluio para eleger Lula presidente da República, e que as Forças Armadas estão cientes e prontas para tomar o poder após a vitória do ex-presidente. Responsável pela postagem da gravação no Facebook diz na publicação: “Então é só esperar que está chegando a hora. Presidente Bolsonaro tá com a caneta na mão pra decretar a intervenção militar no Brasil”.

Onde foi publicado: WhatsApp e Facebook.

Conclusão do Comprova: É falso que seja Ciro Gomes falando em um áudio atribuído a ele com mensagem sobre a tomada de poder pelas Forças Armadas caso Lula seja eleito presidente da República. O áudio faz parte de um vídeo postado no Facebook, no último dia 3, que atingiu, até o dia 6, mais de um milhão de visualizações. Na gravação, é dito que as Forças Armadas estão cientes que existe um esquema armado para eleger Lula, e que, por isso, estão preparadas para tomar o poder caso o candidato do PT seja eleito.

Ao Comprova, os peritos Mario Gazziro, da Universidade Federal do ABC (UFABC), Paulo Matias, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e Kalinka Castelo Branco, da Universidade de São Paulo (USP), analisaram o material e concluíram que o áudio é falso. Como base de comparação, os pesquisadores utilizaram áudio do discurso de Ciro Gomes na convenção nacional do PDT, que ocorreu no dia 20 de julho deste ano. A similaridade encontrada nos áudios foi de 47% – o que indica que é falso. Gravações do mesmo autor devem apresentar similaridade acima de 80%, de acordo com Gazziro.

Procurada pelo Comprova, a assessoria de imprensa de Ciro Gomes respondeu que os áudios não são do ex-governador do Ceará. “Infelizmente as eleições de 2022 foram e estão sendo violentadas com diversas mentiras distribuídas por gabinetes de ódio montados pelas principais candidaturas”, afirmou.

Outra evidência de manipulação, é o fato de o áudio não guardar relação com o posicionamento de Ciro Gomes, que divulgou, nesta terça-feira (4), vídeo em que afirma seguir a decisão do seu partido, o PDT, em apoio à candidatura de Lula no segundo turno.

“Frente às circunstâncias, é a última saída”, declara Ciro Gomes, que ainda afirma, no vídeo, não acreditar que a democracia esteja em risco nesta disputa eleitoral.

Falso, para o Comprova, é todo o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova verifica conteúdos com grande alcance nas redes sociais. Até o dia 7 de outubro, a publicação no Facebook que deu origem à verificação tinha 1,3 milhão de visualizações, 64 mil curtidas, 66 mil compartilhamentos e 14 mil comentários. A postagem foi sinalizada como falsa no Facebook. Em relação à circulação no WhatsApp, não é possível dimensionar o alcance de conteúdos que viralizam no aplicativo de mensagem.

O que diz o autor da publicação: A equipe do Comprova entrou em contato com o responsável pela postagem no Facebook. Questionado sobre como obteve o áudio e por qual motivo decidiu compartilhá-lo sem confirmação de veracidade, ele respondeu que a voz é idêntica a de Ciro Gomes. E questionou: “Aonde está a declaração do partido dizendo que o áudio não é do Ciro?”.

Como verificamos: Para descobrir a veracidade do áudio, o Comprova entrou em contato com profissionais de perícia para uma análise da gravação e buscou um posicionamento da assessoria de imprensa de Ciro Gomes. A equipe também pesquisou declarações recentes de Ciro sobre o atual cenário político nacional e sobre a legislação brasileira.

Laudo elaborado por peritos conclui que áudio é falso e configura deepfake

De acordo com o perito Mario Gazziro, quando a semelhança dos áudios é abaixo de 10%, é possível identificar que não se trata de um conteúdo verídico apenas pelo ouvido. Em casos de produção pela técnica deepfake, é necessário realizar uma análise cepstral – criada inicialmente para identificar problemas no aparelho do trato vocal humano.

O resultado da análise realizada pelos peritos apontou que a similaridade do áudio verificado é de 47%. Quando abaixo de 10%, é provável que a fraude tenha sido realizada por um imitador. Já entre 10% e 80%, o conteúdo é gerado por meio de deepfake – quando uma base grande de dados da voz é copiada e utilizada para gerar o text-to-speech (texto lido por uma voz aprendida artificialmente sintetizada via computador).

Ainda que a análise cepstral tenha sido criada para fins médicos, a combinação com técnicas modernas possibilita levantar a identidade vocal de um indivíduo analisado, conforme explicação do pesquisador da UFABC. “Do ponto de vista matemático, trata-se de uma análise em frequência que ‘desembaralha’ o espectro vocal e o atribui a uma escala de cores logarítmica, adequada à sensibilidade do ouvido humano para as frequências audíveis”.

No laudo elaborado, a análise cepstral foi realizada a partir do áudio do discurso de Ciro Gomes na convenção nacional do PDT, quando o partido confirmou sua candidatura no dia 20 de julho de 2022. Segundo Gazziro, é importante que, na análise cepstral, as vozes comparadas sejam da mesma época em que a amostra foi supostamente gerada. “Uma vez que a análise cepstral identifica componentes do trato vocal, isso pode sofrer mudanças com o avanço da idade”, explica.

Por fim, a análise gera um mapa relativo ao trato vocal. Gazziro explica que os mapas gerados se assemelham a impressões digitais dos dedos. Quando a gravação é feita pelo mesmo autor, a variação é baixa entre diferentes tipos de fala. Como exemplo, ele diz que se uma mesma pessoa cantar rápido em inglês e narrar calmamente em português em áudios diferentes, a similaridade ainda será acima de 80%, já que são gravações de mesma autoria.

| Mapa relativo ao trato vocal do áudio analisado

| Mapa relativo ao trato vocal da voz original de Ciro Gomes

Também procurado pelo Comprova, o perito forense computacional João Benedito dos Santos Junior, membro da Associação Nacional dos Peritos em Computação Forense (Apecof), fez uma análise preliminar, com base no critério de audibilidade, em que se utiliza apenas o ouvido treinado do perito como instrumento para a comparação de locutores. Ao analisar o áudio questionado em confronto com trechos de 10 áudios comprovadamente de Ciro Gomes, o perito concluiu que “há forte possibilidade de rejeitar a hipótese de que a voz (presente no áudio verificado) seja do senhor Ciro Gomes”.

Assessoria de Ciro Gomes nega veracidade do áudio

Ao Comprova, a assessoria de imprensa de Ciro Gomes negou que o áudio seja verdadeiro. E encaminhou nota à equipe, com o seguinte teor:

“Infelizmente as eleições de 2022 foram e estão sendo violentadas com diversas mentiras distribuídas por gabinetes de ódio montados pelas principais candidaturas. São estruturas especializadas em criar fakenews e espalhar pelas redes, chegando, inclusive, a encontrar eco em alguns setores da mídia. Estes áudios claramente não são de Ciro Gomes”, diz a nota, que também foi publicada nas checagens da Agência Lupa e do site Aos Fatos.

Artigo 142 não prevê intervenção militar no Poder Executivo federal

No áudio atribuído falsamente a Ciro, é dito que as Forças Armadas irão colocar em prática o Artigo 142 da Constituição Federal para restabelecer a ordem. No entanto, não há no artigo, nem no conjunto de normas da legislação brasileira, nenhum dispositivo legal que autorize a intervenção das Forças Armadas no governo.

Em 22 de abril de 2020, durante reunião ministerial cujo registro teve divulgação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro citou o Artigo 142 como um dispositivo a ser empregado em um contexto de intervenção militar no país. Desde então, apoiadores passaram a repetir o discurso.

Em junho daquele ano, ainda durante a repercussão do conteúdo da reunião, a Câmara dos Deputados emitiu um parecer esclarecendo que o Artigo 142 não autoriza a intervenção militar a pretexto de “restaurar a ordem”, como havia sugerido Bolsonaro.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam na internet relacionados às eleições presidenciais de 2022, à pandemia e a políticas públicas do governo federal. Áudios manipulados de uma personalidade política conhecida, como é o caso de Ciro Gomes, com falsa acusação de haver um esquema armado para eleger Lula, são prejudiciais às eleições, às instituições e ao Estado Democrático de Direito. E podem contribuir para contestações infundadas ao resultado das eleições presidenciais.

Outras checagens sobre o tema: O áudio atribuído a Ciro Gomes e verificado nesta checagem também foi apontado como falso pela Agência Lupa, Aos Fatos e Boatos.org. Também envolvendo as eleições presidenciais, o Comprova mostrou, recentemente, que Ciro Gomes não declarou apoio a Bolsonaro, ao contrário do que afirmava post; que não há comprovação de que urna tenha impedido voto em Bolsonaro no Pará; e que vídeo engana ao dizer que Lula pode ter candidatura anulada por conta da Lava Jato.

Eleições

Investigado por: 2022-10-06

Exército não interferiu na apuração dos votos para presidente no dia da eleição, ao contrário do que diz vídeo

  • Falso
Falso
É falso que integrantes do Exército, alertados por hackers russos, teriam entrado na sala de totalização dos votos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a apuração do resultado do primeiro turno das eleições, no domingo (2), e impedido uma suposta fraude para eleger o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O conteúdo foi fabricado sem nenhuma evidência comprovada e já desmentido pelo tribunal, pelo Ministério da Defesa e pela Embaixada da Rússia no Brasil.

Conteúdo investigado: Vídeo de três minutos alegando que integrantes do Exército brasileiro, alertados por hackers russos, teriam entrado na sala de totalização dos votos no TSE, durante a apuração do primeiro turno das eleições, no domingo (2), e impedido uma suposta fraude. O esquema envolveria descontar gradativamente um ponto percentual dos votos conferidos ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e acrescentar meio ponto para o ex-presidente Lula (PT), a partir do momento em que 12% das urnas já tivessem sido apuradas.

Onde foi publicado: TikTok e Instagram.

Conclusão do Comprova: É falso que integrantes do Exército, alertados por hackers russos, teriam entrado na sala de totalização dos votos no TSE, durante a apuração do primeiro turno das eleições e impedido uma suposta fraude. O conteúdo foi fabricado, ou seja, não se baseia em nenhuma evidência.

A assessoria de imprensa do tribunal desmentiu a peça de desinformação ao garantir que o Exército não esteve na sede do tribunal no dia do primeiro turno. O Ministério da Defesa, órgão ao qual estão vinculadas as Forças Armadas, e a Embaixada da Rússia no Brasil também negaram a história aqui verificada. A plataforma TikTok retirou o vídeo do ar por conter “desinformação danosa”.

A chamada “sala secreta”, onde ocorre a totalização dos votos, na verdade, não é a mesma onde servidores do TSE monitoram a contagem, tendo, inclusive, a participação de entidades fiscalizadoras. O processo de totalização ocorre automaticamente, sem interferência de nenhum dos presentes, por um supercomputador.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: Até o final desta terça-feira (4), a publicação no TikTok contava com 227,1 mil curtidas, 10,3 mil comentários e 144 mil compartilhamentos. O vídeo passou a ficar indisponível entre a noite de terça e o início da tarde desta quarta-feira (5).

O que diz o autor da publicação: Conseguimos contactar o autor da publicação, Sérgio Tavares, pelo Whatsapp. Ele confirmou a autoria da publicação e disse que sua fonte é “fidedigna”, e nos informou que lhe pediria permissão para revelá-la; depois, optou por “não prestar mais detalhes”.

Como verificamos: Buscamos no Google por artigos que contivessem, ao mesmo tempo, as expressões-chave “fraude”, “primeiro turno”, “hackers russos” e “forças armadas”, ou “exército” ou “militares”. Também fizemos uma pesquisa à parte por “sala secreta” e “TSE” para apurar especificamente sobre o local onde os votos são totalizados, na sede do tribunal. Obtivemos, como resposta, um artigo da agência de checagem de fatos Boatos.org desmentindo a peça de desinformação, assim como matérias de veículos de imprensa, como CNN Brasil e UOL, usados nesta verificação.

Ainda consultamos, na internet, sobre a apuração realizada no dia da eleição para averiguar a dinâmica da contagem de votos. A pesquisa retornou reportagens do G1 e do Valor que, entre outras informações, indicavam o motivo para a mudança de posição dos candidatos durante a apuração, conforme o avanço da contagem em diferentes regiões do país.

Entramos em contato com o TSE, o Ministério da Defesa, o Exército e a Embaixada da Rússia no Brasil, as partes citadas pelo conteúdo, e com o TikTok, rede social onde o conteúdo verificado foi publicado.

TSE, Ministério da Defesa e Embaixada da Rússia no Brasil desmentem história

Os órgãos citados no vídeo negam a história alegada. Em nota enviada ao Comprova, a assessoria de imprensa do TSE desmentiu a peça de desinformação e assegurou que o Exército não esteve na sede do tribunal em 2 de outubro, dia do primeiro turno.

O Exército informou que o pedido deveria ser direcionado ao Ministério da Defesa. Em contato com o Comprova, por telefone, a assessoria do Ministério da Defesa afirmou que o conteúdo é falso. A Embaixada da Rússia no Brasil disse, apenas, que “não comenta informações fictícias e falsificações (fakes)”.

Apuração dos votos

A apuração dos votos no domingo, 2 de outubro, foi transmitida em tempo real por diversos veículos, na televisão e internet, e os primeiros dados divulgados apontavam para uma vantagem de Lula, logo superada por Bolsonaro. O presidente ficou à frente da apuração por mais de duas horas, enquanto a contagem dos votos avançava nas regiões Sul e Centro-Oeste, onde Bolsonaro tem a preferência do eleitorado.

À medida que a contagem avançava em outros pontos do país, a diferença de Lula para Bolsonaro foi diminuindo até que, por volta de 20 horas, com 70% das urnas apuradas, o ex-presidente virou e não deixou mais a liderança até a conclusão da apuração. O mapa de votação demonstra, portanto, que as variações nos índices dos candidatos têm relação com as regiões em que se concentraram a apuração dos votos, e não com a suposta fraude falsamente alegada no vídeo aqui investigado.

Sala secreta é conhecida e não é o mesmo local onde fica a equipe de totalização

O conteúdo também alega que existe uma “sala secreta”, onde ocorreria a totalização dos votos, dentro da sede do TSE, em Brasília. A expressão, que sugere falta de transparência no processo eleitoral, é comumente usada entre aqueles que atacam a credibilidade da Justiça Eleitoral, dentre eles o próprio presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Entretanto, é incorreto afirmar que a existência ou a localidade dessa sala não seja oficialmente revelada.

O que existe são duas “salas-cofres” no TSE. Em uma, há um supercomputador que totaliza os votos das eleições automaticamente – ou seja, sem interferência de nenhuma pessoa presente – e a partir dos dados coletados nas próprias urnas eletrônicas e impressos nos boletins de urna. Na outra, fica o código-fonte das urnas, que é a linguagem de programação do software delas, após ser lacrado.

Ambas as salas têm acesso restrito, sendo monitoradas 24 horas e protegidas por cinco portas codificadas, como reportou a CNN Brasil. A existência e a localidade delas são de conhecimento público: elas ficam nas dependências da Secretaria de Tecnologia da Informação do TSE, na sede do tribunal, em Brasília.

A equipe de servidores do TSE que acompanha a totalização dos votos, composta por técnicos da própria Justiça Eleitoral, não fica em nenhuma dessas salas. Eles trabalham em um espaço que é aberto, até mesmo no dia da eleição, a agentes fiscalizadores, como o Ministério Público e representantes dos partidos políticos.

Em visita no dia 28 de setembro guiada pelo presidente do tribunal, ministro Alexandre de Moraes, e acompanhada pela imprensa, o próprio Valdemar Costa Neto, que preside o PL, sigla de Bolsonaro, disse que a sala “é aberta”.

Vídeo ficou indisponível no TikTok

O TikTok tornou o vídeo indisponível entre terça e quarta-feira (5). O Comprova não conseguiu determinar o momento exato da suspensão. Procurada, a assessoria de imprensa do TikTok no Brasil informou que a plataforma de vídeos “trabalha com uma combinação de tecnologia e de pessoas para identificar e remover conteúdos que violam nossas Diretrizes da Comunidade”. Sobre o conteúdo verificado, o TikTok disse que o vídeo “foi removido por desinformação danosa”.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizaram nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. O vídeo aqui investigado cita os dois presidenciáveis que estão na disputa do segundo turno, tentando induzir as pessoas a acreditar em uma suposta fraude para favorecer um candidato em detrimento de outro. A desinformação, como a deste vídeo, tenta tirar a credibilidade do processo eleitoral, o que é uma afronta à democracia porque retira o direito das pessoas de fazerem as suas escolhas baseadas em conteúdos verdadeiros.

Outras checagens sobre o tema: O Fato ou Fake, do G1, e a agência de checagem Boatos.org também desmentiram o conteúdo aqui verificado. O período de campanha para o segundo turno das eleições já começou com desinformação. O Comprova mostrou, por exemplo, que é mentira que Barreiras, na Bahia, registrou número de votos em Lula superior à população da cidade e que é falso que boletim de urna encontrado em Curitiba não tenha sido computado no resultado da eleição.

No fim de semana da votação, também circularam muitas peças de desinformação. O Comprova revelou ser falso que Ciro Gomes declarou apoio a Bolsonaro, que site noticiou aumento do patrocínio de Neymar após o jogador manifestar apoio ao presidente e, ainda, que eleitores de Lula teriam dia diferente para votação.

Eleições

Investigado por: 2022-10-06

Vídeo em que Bolsonaro oferece capim a eleitores de Lula é de 2018 e não há menção a nordestinos

  • Enganoso
Enganoso
É enganoso vídeo publicado no Kwai que tenta relacionar declarações do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), feitas em 2018, ao segundo turno da disputa presidencial de 2022. No conteúdo, Bolsonaro oferece “capim” aos eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O vídeo é antigo e não há qualquer menção a eleitores do Nordeste do país, como faz crer o autor do post ao usar a legenda “falta de respeito ao povo nordestino”. A população do Nordeste brasileiro passou a ser alvo de ataques xenofóbicos após a região registrar o maior número de votos para Lula no primeiro turno da disputa presidencial.

Conteúdo investigado: Vídeo que circula no Kwai mostra o presidente Bolsonaro segurando um punhado de capim nas mãos e oferecendo a eleitores do ex-presidente Lula. O conteúdo é sobreposto com as frases: “Falta de respeito com o povo nordestino. Iremos te ‘da’ essa resposta agora no segundo turno”. O autor do post ainda utiliza as hashtags “#Eleições2022”, “querosaber”, “meajudaTSE” e “comLula”.

Onde foi publicado: Kwai.

Conclusão do Comprova: Vídeo engana ao tentar relacionar declarações do presidente Jair Bolsonaro, feitas em 2018, com o processo eleitoral de 2022. Naquela ocasião, o político segurava um punhado de capim nas mãos e dizia que iria oferecer aos eleitores do ex-presidente Lula. O vídeo foi gravado quando Bolsonaro assistia a uma meia-maratona no Rio de Janeiro. Ao repostar o conteúdo, o autor cita um suposto desrespeito de Bolsonaro com a população do Nordeste do país e diz que os eleitores darão a resposta ao presidente neste segundo turno da disputa eleitoral.

No último domingo (2), os brasileiros foram às urnas para escolher o futuro presidente do país e representantes de outros quatro cargos em disputa. A eleição para aà Presidência, no entanto, será decidida no segundo turno, no dia 30, tendo como oponentes Bolsonaro e Lula.

Durante a apuração, Bolsonaro chegou a ficar por um tempo à frente do petista. Mas, com o avançar da totalização de votos dos eleitores do Nordeste, Lula acabou virando e terminou com 48,43% dos votos válidos, diante de 43,20% do atual presidente. Desde então, a população do nordeste brasileiro passou a ser alvo de ataques xenofóbicos, sobretudo, nas redes sociais. A região foi a que registrou o maior número de votos para Lula: uma vantagem de 12,9 milhões de votos em relação a Bolsonaro.

O conteúdo aqui investigado, acompanhado da legenda feita pelo autor da publicação, pode passar a falsa impressão de que Bolsonaro estaria se referindo ao povo nordestino ao “oferecer capim” aos eleitores de Lula. A declaração de Bolsonaro de fato ocorreu, mas em 2018, e fazia referência aos eleitores de Lula de uma forma geral, como mostra esta versão mais longa do registro, postada em 9 de abril de 2018.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: Até o dia 6 de outubro, a publicação acumulava mais de 56,7 mil curtidas, passava de 19,6 mil comentários e já havia sido compartilhada mais de 84 mil vezes.

O que diz o autor da publicação: Procurado, o autor da publicação se limitou a responder que “o vídeo está no youtube pra todo mundo ver” e, na sequência, bloqueou nosso contato.

Como verificamos: O Comprova fez buscas no Google e em redes sociais com a frase “Bolsonaro oferece capim a eleitores de Lula”. Foram encontradas diversas postagens do mesmo conteúdo e textos em sites que repercutiram a gravação, datados de 2018. Uma das versões, mais longa e com melhor qualidade de imagem, foi submetida à ferramenta InVid para busca reversa. Novas postagens foram localizadas na internet com o mesmo conteúdo, feitas também naquele ano.

Bolsonaro gravou vídeo em 2018

O vídeo em que Bolsonaro oferece capim a eleitores de Lula é antigo. O registro foi feito em abril de 2018, enquanto o atual presidente e candidato à reeleição pelo PL acompanhava uma corrida esportiva na Barra da Tijuca, bairro do Rio de Janeiro onde tem casa. Na época, Bolsonaro era candidato à Presidência da República.

Na gravação, que foi compartilhada diversas vezes nas redes sociais naquele mês, é possível perceber que Bolsonaro se refere a eleitores de Lula de uma forma geral, e não aos da região Nordeste, como tenta fazer crer a versão do vídeo que voltou a circular na internet.

Em uma versão mais longa do vídeo, é possível ver que uma pessoa que cumprimenta Bolsonaro nas imagens faz referência às eleições de 2018, que ocorreram seis meses após o registro. O homem diz: “nosso futuro presidente, tá escutando?”.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre a pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. Conteúdos falsos que envolvem ou mencionam candidatos à Presidência, como a postagem checada neste caso, podem influenciar a decisão do eleitor brasileiro, que deve se basear em informações verdadeiras e confiáveis para definir o voto.

Outras checagens sobre o tema: Neste segundo turno da disputa presidencial, o Comprova já mostrou que é falso que boletim de urna encontrado em Curitiba não foi computado no resultado da eleição, assim como é falso que cidade de Barreiras, na Bahia, registrou número de votos em Lula superior à população do Município. Também mostramos ser falsa a informação de que o jogador de futebol Vinicius Jr criticou Bolsonaro em uma postagem no Twitter.

Eleições

Investigado por: 2022-10-06

Não há comprovação de que urna tenha impedido voto em Bolsonaro no Pará

  • Enganoso
Enganoso
É enganoso o vídeo em que uma mulher relata não ter conseguido votar em Jair Bolsonaro (PL), no último domingo (2), em uma seção eleitoral em Tucuruí, no Pará. Ela também afirma não ter conseguido assinar o livro de votação. A mesma queixa foi feita por outra mulher que aparece nas imagens. Em resposta ao caso, o promotor da Justiça Eleitoral responsável pela zona eleitoral, disse que compareceu à escola, que a urna estava em ordem e que nenhum dos eleitores no local relatou problemas. Sobre as queixas relacionadas ao livro de presença, o tribunal ressaltou que os eleitores com a biometria coletada não são obrigados a assinar o caderno de votação.

Conteúdo investigado: Em vídeo, um eleitor que diz estar na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) D. Julia Passarinho, em Tucuruí (PA), filma uma mulher que afirma não ter conseguido votar em Bolsonaro e que não a deixaram assinar o livro de votação. Outra mulher também reclama não ter assinado o registro. Elas não dão detalhes sobre o que teria ocorrido. O vídeo, divulgado no dia do 1º turno de votação, é acompanhado pela legenda: “Começou a palhaçada, relatos de que urnas não estão deixando votar no bolsonaro” (sic).

Onde foi publicado: Twitter.

Conclusão do Comprova: Na mesma tarde em que o vídeo começou a circular, o Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) informou ao Comprova que o promotor e o juiz eleitoral responsáveis pela seção compareceram ao local e não verificaram problemas. Na ocasião, a assessoria de imprensa do tribunal encaminhou vídeo em que eles afirmam que a urna estava em ordem e que todos os eleitores que estavam no local foram questionados e não relataram problemas. O tribunal também disse que as imagens foram gravadas do lado de fora da seção eleitoral.

Ainda na mesma tarde, o TRE-PA informou que a mulher havia sido notificada e estava prestando depoimento na sede do cartório eleitoral da região. Já na terça-feira, o tribunal disse que “encaminhou o depoimento juntamente com o vídeo para a Corregedoria e para a Presidência do Tribunal para que possam ser avaliados e remetidos, se for o caso, para o Ministério Público Eleitoral para que sejam tomadas as medidas cabíveis”. O tribunal não informou o teor do depoimento.

O delegado de Polícia Civil Thiago Mendes, superintendente da região do Lago do Tucuruí, disse que não foi provado qualquer tipo de fraude, e que não houve constatação técnica de falha de urna.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: Até a tarde do dia 6 de outubro, a postagem havia registrado 1.074 curtidas e 512 retuítes. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), também compartilhou o conteúdo no Twitter: foram 9.157 compartilhamentos e 30,6 mil curtidas.

O que diz o autor da publicação: O Comprova tentou contato com o autor da publicação, mas não obteve resposta.

Como verificamos: O Comprova contatou o TRE-PA, as polícias Civil e Militar do estado e o homem que gravou o vídeo. Ele não respondeu.

TRE-PA não encontra problemas nas urnas

Ao Comprova, o TRE-PA informou que esteve no local para verificar a situação tão logo tomou conhecimento do caso. Compareceram à seção de votação, o juiz eleitoral da 40ª Zona Eleitoral, Thiago Cendes Escórcio, e o promotor de Justiça Eleitoral Francisco Charles Pacheco Texeira. Em vídeo enviado ao Comprova por WhatsApp, eles esclareceram que a urna estava em ordem e que todos que estavam no local foram ouvidos e não relataram nenhum problema.

“Na verdade, a urna estava em ordem. Todos os eleitores que estavam lá dentro foram questionados, inclusive quem já tinha votado, e disseram que foi tudo ok nos candidatos A e B que escolheram. Estamos empreendendo diligências para notificar essas pessoas, tendo em vista que a cidade não é tão grande assim e as mesmas já foram identificadas”, disse Teixeira.

Na terça-feira, dia 4, procurado novamente pelo Comprova, o TRE-PA informou que o depoimento da mulher havia sido colhido e encaminhado, junto com o vídeo, para a corregedoria e presidência do tribunal.

“O TRE do Pará informa que a eleitora que aparece no vídeo já foi ouvida pelo juiz Eleitoral da 40ª Zona Eleitoral, Thiago Cendes Escórcio. O depoimento dela, colhido na sede do cartório do município, no mesmo dia 2, foi encaminhado juntamente com o vídeo para a Corregedoria e para a presidência do Tribunal para que possam ser avaliados e remetidos, se for o caso, para o Ministério Público Eleitoral para que seja tomadas as medidas cabíveis”, diz a nota.

O TRE-PA não informou o teor do depoimento, o que, segundo a assessoria de imprensa, só poderia ser feito após a conclusão do caso.

Polícia Civil atua no caso

Segundo o delegado Thiago Mendes, superintendente da região do Lago do Tucuruí, da Polícia Civil do Pará, não foi registrada queixa em delegacia sobre o caso. Apesar disso, ele disse, ainda no dia 2, que havia designado duas equipes para apurar o caso.

Procurado novamente na terça-feira, o delegado disse que a mulher havia prestado depoimento no cartório eleitoral e que não houve prova de qualquer tipo de fraude. Ele disse, ainda, que não houve constatação técnica de falha da urna.

A PM do Pará foi contatada no dia 2, e respondeu que não foi acionada para nenhuma ocorrência no local de votação citado no vídeo.

Assinatura e biometria

De acordo com o TSE, o eleitor está dispensado de assinar o caderno de votação se for reconhecido pela biometria. Se não houver biometria cadastrada ou em caso de não reconhecimento da biometria, ele deverá assinar o caderno de votação.

Publicação do TRE-SP explica que, quando não é possível confirmar a identidade do eleitor pela sua digital, o mesário deve verificar novamente os documentos do eleitor e comparar com dados presentes no caderno de votação.

“Se confirmada a identidade do eleitor por meio dos documentos apresentados, mesmo não havendo o reconhecimento biométrico, o mesário libera a votação com código próprio. Nesse caso, o fato é registrado na ata da seção e o eleitor deve assinar o caderno de votação, além de retornar posteriormente ao seu cartório eleitoral para uma nova coleta de digitais”, descreve o texto.

Na nota enviada à imprensa, o TRE-PA ressaltou que os eleitores com a biometria coletada não são obrigados a assinar o caderno de votação, pois ela já é uma comprovação de que o eleitor compareceu à urna para inserir o seu voto. Porém, quem mesmo assim quiser assinar o caderno pode fazer essa solicitação ao mesário. O tribunal relembra ainda que o eleitor não pode colocar o número de seu candidato ao lado da assinatura, como boatos nas redes sociais têm sugerido.

Segundo a Justiça Eleitoral, a ideia da biometria não é agilizar a votação, mas garantir mais segurança ao processo. Ela se soma aos outros dispositivos de identificação do eleitor, como o caderno de votação e a exigência de apresentação de documento oficial, para aumentar a confiabilidade do sistema de votação.

O Comprova também já esclareceu, em verificação publicada na quinta-feira (29), que o caderno de votação da seção eleitoral é uma das formas de conferir a identidade do eleitor, que deve assiná-lo antes de votar caso não tenha cadastrado a biometria. Outras dúvidas foram esclarecidas na mesma checagem.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre as eleições presidenciais, as políticas públicas do governo federal e a pandemia. A postagem verificada dissemina conteúdo enganoso, que tem potencial para descredibilizar as urnas eletrônicas e, consequentemente, o processo eleitoral e a democracia no país.

Outras checagens sobre o tema: Recentemente, o Comprova mostrou que vídeo mostrando confusão entre petistas de Sergipe é de 2013 e não envolve ato de Lula; que não há evidências de que urnas tenham chegado a Cordeiro (RJ) com votos já registrados e que queixas sobre urnas devem ser registradas com o presidente da mesa, não em aplicativo do TSE.

Eleições

Investigado por: 2022-10-06

Com declarações antigas de Dallagnol, vídeo engana ao dizer que Lula pode perder candidatura por conta da Lava Jato

  • Enganoso
Enganoso
Não é verdade que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode perder a candidatura à Presidência em 2022 por causa de uma denúncia da Operação Lava Jato, como sugere um post no TikTok. A postagem, que usa um vídeo de 2016, engana ao afirmar que Lula é acusado de corrupção e pode ficar inelegível. Lula foi condenado e preso no âmbito da Lava Jato em 2018, mas foi solto no ano seguinte. Em 2021, teve as condenações anuladas e hoje não é mais alvo de processos da operação. Em 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou a candidatura do petista, dizendo que não há causa legal que o impeça de concorrer.

Conteúdo investigado: Post no TikTok diz que Lula pode perder a candidatura à Presidência antes do segundo turno e mostra um vídeo do ex-procurador da República e hoje deputado federal eleito Deltan Dallagnol (Podemos), que coordenou a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba de 2014 a 2020. No vídeo, Dallagnol diz que Lula comandou o esquema de corrupção descoberto pela operação e mostra a apresentação de slides que ficou conhecida como “PowerPoint do Lula”. Os slides mostram um gráfico com o nome de Lula no centro e setas apontadas para ele, indicando sua suposta relação com evidências levantadas pela Lava Jato.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: É enganoso vídeo que usa declarações do ex-procurador da Operação Lava Jato Deltan Dallagnol para afirmar que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “pode perder sua candidatura antes do segundo turno”.

A gravação de Dallagnol é de 2016, quando ele fez uma apresentação com um slide que ficou conhecido como “Powerpoint do Lula”. Ou seja, o conteúdo verificado tira as declarações do ex-procurador de contexto. Lula já foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá, em São Paulo. Ficou preso de abril de 2018 a novembro de 2019, tendo sido impedido de disputar a eleição presidencial de 2018. Mas, em 2022, ele está apto a concorrer, diferentemente do que afirma o conteúdo verificado.

Não há mais processos que o impeçam de se candidatar, uma vez que, em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou todas as condenações do petista no caso. O ministro Edson Fachin entendeu que Lula não teve seus direitos respeitados já que as decisões não poderiam ter sido tomadas pela vara responsável pela Lava Jato, a de Curitiba, e que o caso deveria ser reiniciado no Distrito Federal. Mas a Justiça do local reconheceu a prescrição dos crimes, e Lula não responde mais por eles.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; ou o conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: A postagem verificada havia registrado 179 mil visualizações, 13,4 mil curtidas, mais de 5,5 mil compartilhamentos e mais de 800 comentários no TikTok até a tarde de 5 de outubro. No dia 6, foi retirada do ar.

O que diz o autor da publicação: O TikTok não permite envio de mensagens privadas entre usuários que não se seguem mutuamente. O Comprova buscou o nome do autor da postagem verificada em outras redes sociais e encontrou no Instagram um perfil com a mesma descrição da conta investigada no TikTok. Contatado, o autor não respondeu à mensagem do Comprova até o fechamento desta verificação.

Como verificamos: Para descobrir a data do vídeo publicado no TikTok, o Comprova fez buscas no Google usando as palavras-chave “Dallagnol”, “Lula” e “PowerPoint”. Notícias recentes sobre o episódio dizem que o vídeo é de 2016. Fazendo novas buscas, mas limitando os resultados a 2016, o Comprova encontrou notícias da época confirmando que Dallagnol fez naquele ano a denúncia mostrada no vídeo.

Sabendo que o vídeo é antigo, o Comprova buscou novas informações para entender qual foi o desfecho dos processos contra Lula na Lava Jato. O objetivo dessa etapa da verificação foi descobrir se há alguma ação pendente que possa impedir o petista de concorrer à presidência em 2022, mesmo depois de seis anos da denúncia citada no post verificado.

Outro passo da verificação foi buscar, também no Google, informações sobre o status da candidatura de Lula em 2022. Todas as candidaturas submetidas à Justiça Eleitoral passam pelo julgamento da corte e precisam ser aprovadas antes do 1º turno da eleição. Na busca, o Comprova localizou uma notícia do site do TSE informando que, em setembro, o tribunal aprovou o registro da candidatura de Lula ao Planalto.

Vídeo é de 2016

Dallagnol apresentou a denúncia citada na postagem verificada no dia 14 de setembro de 2016. Na época, coordenador da Lava Jato em Curitiba, ele anunciou em um evento aberto à imprensa que o Ministério Público Federal (MPF) acusava Lula de ser o “comandante máximo do esquema de corrupção” identificado pela operação na Petrobras. Segundo Dallagnol, o petista poderia ter interrompido o esquema, mas não o fez.

A denúncia protocolada pelo MPF naquele dia acusava Lula, na verdade, de ter recebido da construtora OAS R$ 3,7 milhões em propina como parte de um acordo de contratos na Petrobras. O valor correspondia a um apartamento tríplex no Guarujá, no litoral paulista. A defesa do ex-presidente disse na época que não havia provas da ligação de Lula com o tríplex.

Lula criticou a apresentação na época. Segundo a defesa do petista, o conteúdo da denúncia protocolada naquele dia havia se perdido “em meio ao deplorável espetáculo de verborragia” de Dallagnol.

Lava Jato e Lula

Alvo da Lava Jato por suspeitas envolvendo um tríplex em Guarujá e um sítio em Atibaia (ambos em São Paulo), o ex-presidente foi condenado em julho de 2017 pelo então juiz Sergio Moro (recém-eleito senador pelo partido União Brasil) a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex.

Em janeiro de 2018, os três desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, votaram para manter a condenação e ampliar a pena para 12 anos e um mês de prisão. Lula sempre se declarou inocente.

Mas ele só foi preso em abril de 2018, após o STF decidir que réus condenados em segunda instância pudessem cumprir pena. Assim, não pôde disputar a eleição presidencial daquele ano, vencida por Jair Bolsonaro, hoje no PL.

Em novembro do ano seguinte, o órgão mudou a jurisprudência, decidindo que esses réus têm direito a aguardar o fim do processo em liberdade, e Lula foi solto, depois de 580 dias.

Em março de 2021, o STF anulou as condenações do petista na operação por entender que ele não teve seus direitos respeitados. Segundo o órgão, os processos não podiam ter tramitado na Justiça de Curitiba. Como mostrou a Folha, “segundo os magistrados, a competência de Moro era restrita a esquemas diretamente relacionados à Petrobras e as acusações contra Lula envolvem outros órgãos públicos que vão além da estatal petrolífera”. Em junho do mesmo ano, o tribunal decidiu também que Moro foi parcial em seu julgamento.

Sergio Moro teve diálogos particulares com Dallagnol divulgados pelo The Intercept. Neles, segundo a BBC, o juiz adotava condutas ilegais em parceria com o Ministério Público Federal.

Até então, Lula ainda poderia responder pelas acusações em novos processos, se tramitassem no Distrito Federal. Mas, como mostra a BBC, “esse retorno à estaca zero acabou provocando a prescrição da pretensão punitiva” e Lula, embora não tenha sido julgado inocente, “não pode mais ser julgado nos casos do triplex e do sítio de Atibaia”.

Justiça aprovou candidatura de Lula em 2022

O TSE aprovou no dia 8 de setembro o registro da candidatura de Lula à Presidência em 2022. O plenário também deferiu o registro de Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice do petista. O ministro Carlos Horbach disse na ocasião que os dois preenchem as condições de elegibilidade exigidas pela Constituição e pela lei eleitoral e que não há nenhuma causa legal que os impeça de concorrer à eleição.

Antes de examinar os pedidos de registro, Horbach, que foi relator dos processos, rejeitou impugnações (petições) que haviam sido propostas ao TSE contra a candidatura de Lula. Entre elas, estava a de um eleitor que dizia que os efeitos da condenação do ex-presidente no caso do sítio de Atibaia deveriam permanecer, apesar de o Supremo ter anulado o caso em 2021. O tribunal julgou o pedido improcedente.

Outras impugnações foram dos políticos Fernando Holiday e Lucas Pavanato, ambos do partido Novo. Os dois disseram que Lula cometeu abuso de poder ao ser beneficiado por manifestações favoráveis à sua candidatura em shows que haviam acontecido antes da campanha. Horbach rejeitou as petições, dizendo que o julgamento do registro de candidatura não era a via correta para julgar aquele tipo de acusação.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam na internet relacionados às eleições presidenciais de 2022, à pandemia e às políticas públicas do governo federal. Conteúdos falsos, enganosos ou fora de contexto sobre os candidatos tentam manipular a decisão do voto e prejudicam eleitores que buscam ter acesso a informações verdadeiras antes de se dirigir à urna.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova verificou outros conteúdos suspeitos sobre os candidatos que disputam a Presidência em 2022. Entre eles, está o que mente ao afirmar que Lula propõe fechar igrejas; o que diz, também de forma mentirosa, que o petista quer abrigar famílias sem teto em casas já com dono; e o vídeo que distorce uma declaração antiga do presidente Jair Bolsonaro sobre direitos trabalhistas.

 

Eleições

Investigado por: 2022-10-06

G1 não publicou matéria na qual Lula afirma que “nem Deus tira essa eleição da gente”

  • Falso
Falso
São falsas as postagens no Twitter e Instagram que mostram capturas de tela de uma suposta notícia do portal G1, da Globo, sobre o ex-presidente e candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter declarado que "nem Deus tira essa eleição da gente". A frase atribuída ao presidenciável teria sido proferida durante um jantar com aliados, no qual religiosos teriam se sentido constrangidos com a afirmação, passando a cogitar não apoiá-lo. O portal de notícias informou, porém, que não publicou nenhum conteúdo com esse teor. Já a assessoria do PT afirmou que a frase não foi dita por Lula e que suposto o jantar não aconteceu. Além disso, nenhuma reportagem foi encontrada na internet com o título em questão.

Conteúdo investigado: Captura de tela com suposta notícia veiculada no portal de notícias G1, na qual título afirma que Lula disse em jantar com aliados que “nem Deus tira essa eleição dele”. Já o subtítulo da matéria diz que “religiosos presentes no local se sentiram constrangidos e cogitam não apoiá-lo após o deslize na fala do ex presidente”.

Onde foi publicado: Twitter e Instagram.

Conclusão do Comprova: É falso que o site G1 tenha publicado notícia afirmando que o ex-presidente Lula (PT) teria dito que “nem Deus tira essa eleição da gente” durante um jantar em que religiosos teriam se sentido constrangidos e cogitado não apoiá-lo no segundo turno das eleições. Ao procurar pelo título da suposta reportagem no site do portal G1, não foi possível encontrar o conteúdo supostamente noticiado.

Ao Comprova, a assessoria do veículo disse que a imagem é falsa e que o conteúdo “nunca foi publicado pelo G1”. Além disso, a postagem aqui checada mostra a assinatura de um suposto repórter chamado “José Mota”. O nome não consta na relação dos que fazem parte da equipe do G1.

Em 6 de outubro, o Instagram colocou a etiqueta “informação falsa” avisando o internauta que acessa o conteúdo.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: Até 5 de outubro, a postagem no Instagram que deu origem à verificação teve 1,7 mil curtidas. Já no Twitter, foram 173 compartilhamentos e 218 curtidas.

O que diz o autor da publicação: O perfil autor da publicação no Twitter não permite o envio de mensagem. Na foto de perfil da conta, a autora se identifica como “anti-Lula”. O Comprova enviou mensagem ao autor do post no Instagram, mas não obteve resposta até a publicação desta checagem .

Como verificamos: Primeiramente, pesquisamos no site do portal de notícias G1 pelo título da suposta matéria. Em seguida, foram utilizadas as ferramentas Wolframalpha, Bing images, Tineye, Verexif, Google Lens para verificar se a imagem ou a suposta matéria estava presente em algum outro portal ou rede social.

Por fim, a equipe do Comprova entrou em contato com a assessoria do G1 e do PT para saber sobre a veracidade do conteúdo.

Também contatou o autor do post, mas não houve resposta até o fim dessa verificação.

Portal informa que nunca publicou tal notícia

Procurada pelo Comprova, a assessoria do G1 afirmou que o conteúdo com título “Lula diz em jantar com aliados que nem Deus tira essa eleição dele” nunca foi publicado pelo portal. A assessoria do PT, por sua vez, disse que “não houve nem esse jantar, nem essa declaração”. O partido considerou o conteúdo como “fake news” produzida por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) para “tumultuar a eleição”. Por meio da busca pelo título da suposta reportagem no Google, usando o filtro da data da publicação (3 de outubro), não foi encontrado nenhum resultado. A procura pela frase que consta na legenda da foto do ex-presidente Lula – “Lula discursa no seu comitê de campanha em MG onde funcionava templo religioso de João de Deus” – também não encontra resultados correspondentes.

Outra forma de verificar a existência da publicação, inclusive para checar a repercussão da imagem, foi o uso do aplicativo Google Lens. Por meio dessa plataforma, é possível fazer a busca de fotos ou vídeos na internet. A procura pela suposta captura de tela por meio dessa ferramenta não indicou nenhuma publicação. O mesmo ocorreu ao utilizar o Bing Images.

A informação da legenda da suposta reportagem sobre o local do comitê de campanha também é falsa. Diz ser em Minas Gerais, “onde funcionava um templo religioso de João de Deus”. As atividades de João Teixeira de Faria, conhecido como “João de Deus” e condenado a mais de 40 anos de prisão por estupro e estupro de vulnerável, concentravam-se em Abadiânia (GO). A foto do ex-presidente Lula associada à publicação tem origem em um vídeo de transmissão de uma entrevista coletiva à imprensa em São Paulo (SP), publicado no perfil do PT no YouTube. Além disso, observa-se na imagem um indicativo de que o conteúdo não corresponde a uma reportagem jornalística: erros de ortografia no subtítulo. Em “religiosos presentes no local se sentiram constrangidos e cogitam não apoiá-lo após o deslize na fala do ex-presidente”, uma das palavras aparece sem acento agudo, erroneamente, e outra, sem hífen.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre a pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. A poucas semanas do segundo turno das eleições de 2022, conteúdos falsos que envolvem candidatos à Presidência da República, como a postagem checada, podem influenciar a decisão do eleitor brasileiro, que deve se basear em informações verdadeiras e confiáveis para definir seu voto.

Outras checagens sobre o tema: Recentemente, o Comprova verificou outros conteúdos que simulavam páginas de veículos jornalísticos. Em setembro, o Comprova mostrou ser falsa uma montagem de suposta publicação do G1 na qual Lula teria dito, durante um ato de campanha em Santo André (SP), que a Venezuela “não precisa de críticas”, mas de “financiamento e empréstimos”. Já no início deste mês, o Comprova checou uma suposta postagem do portal GE (Globo Esporte), também vinculado a Globo. Afirmava que a marca Puma teria aumentado o patrocínio do jogador de futebol Neymar Jr. após ele postar vídeo apoiando a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). A postagem era falsa, e o GE negou ter publicado tal reportagem.

Eleições

Investigado por: 2022-10-05

É falso que boletim de urna encontrado em Curitiba não foi computado no resultado da eleição

  • Falso
Falso
Vídeo publicado no Kwai e republicado no Facebook mostra uma mulher com boletins de urna (BU) impressos que foram encontrados ao lado de um terminal de ônibus em Curitiba (PR). A autora do vídeo propaga a informação falsa de que o fato de ter encontrado os boletins na rua significa que os votos registrados nos BUs não foram contabilizados. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reforça que os votos são contados eletronicamente a partir da leitura das mídias de resultado (uma espécie de pendrive inserido na urna) e não pelos boletins impressos, que podem ser utilizados para conferência e checagem dos resultados eletrônicos.

Conteúdo investigado: Em vídeo publicado no Kwai, uma mulher de Curitiba afirma ter encontrado boletins de urna jogados no chão, quando a contagem de votos no país ainda não havia sido finalizada, no domingo, 2 de outubro. Na publicação, a mulher questiona o sistema eleitoral e diz que vai encaminhar o conteúdo para a polícia, para a justiça eleitoral e para alguns candidatos.

Onde foi publicado: Kwai e Facebook.

Conclusão do Comprova: É falsa a informação de que boletins de urna encontrados na rua na capital do Paraná comprovam que a contagem de votos no primeiro turno das eleições de 2022 não foi feita de forma honesta. Diferentemente do que afirma uma mulher em vídeo publicado nas redes sociais, o boletim de urna não conta com impressão única e, além das cópias impressas, os resultados da votação também são disponibilizados de forma online para atestar a quantidade de votos registrados.

O Comprova classifica como falso todo conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova verifica conteúdos com grande alcance nas redes sociais. A publicação verificada tinha 4,4 mil visualizações, 167 curtidas, 79 comentários e 588 compartilhamentos no Kwai até o início da tarde desta quarta-feira (5). No Facebook, o conteúdo teve 559 visualizações, 10 curtidas e 28 comentários até a mesma data.

O que diz o autor da publicação: Procurada por e-mail, a autora do vídeo respondeu que, no domingo (2), ela e o marido encontraram dois Boletins de Urna no chão, os quais foram levados à Justiça Eleitoral no dia seguinte, às 14h.

Ela afirmou que tratavam-se da 6ª e 8ª vias de cada boletim e que, após conversar com o gabinete de um candidato (a autora não revelou o nome), foi informada que os dados da votação são transportados em uma espécie de pendrive até a justiça eleitoral, e não em boletins de urna. “Porém, trata-se de um documento eleitoral que jamais poderia ter sido abandonado ou jogado em via pública”, disse.

Segundo a autora, o vídeo original foi excluído da plataforma pela repercussão que tomou. “Perdi minha liberdade de ir e vir e de possuir contas em redes sociais”. Outro conteúdo foi publicado posteriormente, no dia 3 de outubro, em que a mulher diz que os boletins foram entregues ao órgão competente.

Como verificamos: Primeiramente, foi feita uma busca no Google pelos termos “Paraná”, “Boletins de Urna” e “eleição”. Como retorno, foram apresentadas checagens feitas pelo Estadão Verifica e pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) sobre o tema. O Comprova também entrou em contato por e-mail com o TRE daquele estado e com o TSE, bem como com a autora da publicação.

Votos dos boletins foram contabilizados

Conforme mostrou a checagem do Estadão Verifica, em determinado momento do vídeo, a autora mostra de perto um dos boletins de urna encontrados. No documento é possível ler: “Zona Eleitoral 0175”, “Seção Eleitoral 0164”, “Eleitores Aptos 0380”, “Comparecimento 307”, “Eleitores faltosos 0073”.

Essas informações correspondem ao que está registrado no portal de resultados do TSE. Na Seção Eleitoral 0164, Jair Bolsonaro (PL) teve 152 votos enquanto Lula (PT) teve 115. São os mesmos dados ditos pelo casal no vídeo, o que prova que os votos nos boletins encontrados por eles foram contabilizados.

Boletins de Urna

Procurado pelo Comprova, o TRE-PR ressaltou que após o encerramento da votação, as urnas que foram distribuídas em seções por todo o país emitem cinco Boletins de Urna oficiais, sendo que dois são enviados à Justiça Eleitoral, um é afixado na sala da seção eleitoral onde ocorreu a votação e as outras cópias são entregues aos fiscais dos partidos, à imprensa e ao Ministério Público. Com o fim do primeiro turno das eleições deste ano, foram emitidos mais de 472 mil Boletins de Urna, que podem ser consultados por qualquer pessoa.

Nas eleições deste ano, a diferença é que os Boletins de Urna foram impressos em tempo real, na medida em que os dados chegavam para a totalização na Corte Eleitoral. O TSE sempre disponibilizou para a consulta pública os boletins de urna alguns dias após a votação.

Além das cinco versões mínimas emitidas, os fiscais, caso acreditem ser necessário, podem emitir outros cinco BUs para levar à conferência do TSE. Após isso, os boletins são descartados.

Consulta ao resultado

Todo boletim de urna conta com um QR code que possibilita que cada eleitor fiscalize o processo de apuração das urnas eletrônicas nas seções eleitorais e acompanhe a totalização feita pelo TSE. Para isso, basta baixar no celular o aplicativo Boletim na Mão, que está disponível nas lojas virtuais Google Play e App Store.

Pelo aplicativo, qualquer pessoa pode obter cópia de quantos boletins quiser, bastando que realize a captura do código impresso nos BUs das seções eleitorais. As informações podem ser comparadas com os dados disponibilizados na internet no mesmo dia da votação, por meio do aplicativo Resultados, também da Justiça Eleitoral, ou na página Resultados, do TSE.

Contagem de votos

A contagem dos votos não se dá a partir das vias impressas dos boletins de urna, mas sim a partir da leitura das mídias de resultado. A checagem dos votos constantes do boletim de urna e dos votos contabilizados pode ser feita a partir do QR code, o que garante a inviolabilidade do número total de votos, de acordo com o TSE.

A mídia de resultado é um pendrive que toda urna tem. A diferença é que os arquivos que a mídia traz possuem uma série de travas eletrônicas de segurança que fazem com que eles só “conversem” com os programas que foram desenvolvidos e lacrados exclusivamente para aquela eleição. Se alguém tentar colocar a mídia de resultado em um computador comum para acessar os dados, eles não poderão ser alterados.

Depois de imprimir os boletins de urna, o presidente da seção eleitoral rompe o lacre da urna eletrônica e retira a mídia de resultado, para enviá-la ao cartório eleitoral da localidade junto a uma via do boletim de urna impresso. A partir do cartório é que a totalização dos votos contabilizados é enviada para o TSE.

Caso não foi levado à Justiça Eleitoral

Em seu perfil na rede social Kwai, a autora afirma em sua descrição que: “a todos que estão aqui por causa do vídeo. cumpri meu DEVER como cidadã e entreguei à justiça eleitoral, que é o órgão competente para averiguar a questão”.

O vídeo original em que ela mostra os boletins de urna não está disponível no perfil. Há apenas outro conteúdo publicado no dia 3 de outubro em que ela afirma que encaminhou os BUs à Justiça Eleitoral. No vídeo, ela mostra que está na frente do Fórum Eleitoral de Curitiba e que entregou os boletins a um rapaz na recepção do local, às 14h.

Ao Comprova, o TRE-PR informou que o caso não foi denunciado ao tribunal e nem à Procuradoria Regional Eleitoral.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos sobre a pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais que viralizam nas redes sociais. Conteúdos falsos, enganosos ou fora de contexto sobre as urnas eletrônicas e a contagem de votos podem criar suspeitas infundadas sobre o sistema eleitoral, prejudicando as eleições, as instituições e a democracia brasileira.

Outras checagens sobre o tema: O vídeo já foi desmentido por outras agências de checagem como Estadão Verifica, Aos Fatos e pelo site Boatos.org. O Gralha Confere, do TRE-PR, e o Fato ou Boato, da Justiça Eleitoral, também classificaram o conteúdo como falso.

Em verificações recentes envolvendo as eleições e as urnas eletrônicas, o Comprova mostrou que Moraes não disse que vai mandar prender eleitor que reclamar das urnas; que não há evidências de que urnas tenham chegado a Cordeiro (RJ) com votos já registrados; que Em Londres, mesária foi afastada após responder pergunta de eleitor sobre número de candidato; não houve confusão; e que queixas sobre urnas devem ser registradas com o presidente da mesa, não em aplicativo do TSE.

Eleições

Investigado por: 2022-10-05

Em Londres, mesária foi afastada após responder pergunta de eleitor sobre número de candidato; não houve confusão

  • Enganoso
Enganoso
É enganoso post segundo o qual houve quebra de urna após uma mesária que trabalhou na eleição brasileira em Londres, na Inglaterra, ter tentado “incitar fraude falando que as pessoas eram obrigadas a votar no Bolsonaro”. De acordo com o Itamaraty, a mesária foi desligada por ter respondido a um eleitor o número de urna de um dos candidatos – e não obrigado as pessoas a votar em Jair Bolsonaro (PL), como afirma a publicação. Além disso, ainda segundo o Itamaraty, a eleição ocorreu dentro de "absoluta normalidade". Uma delegada fiscal do PT também confirmou ao Comprova que não houve nenhum episódio de violência.

Conteúdo investigado: Tuíte diz que mesária bolsonarista tentou fraudar a eleição presidencial durante votação em Londres ao informar que os eleitores eram obrigados a votar no presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). A postagem também alega que uma urna foi quebrada durante a confusão.

Onde foi publicado: Twitter.

Conclusão do Comprova: É enganoso tuíte que afirma que mesária, “desesperada com alta adesão a Lula em Londres”, teria dito para eleitores que eles eram obrigados a votar em Jair Bolsonaro (PL) e que o tumulto teria resultado em uma urna quebrada.

Consultado pelo Comprova, o Itamaraty afirmou que “a mesária brasileira que trabalhava no West London College respondeu pergunta de eleitor sobre número de candidato, quando deveria tê-lo conduzido à lista afixada na entrada das seções” e, “como tal conduta pode ser interpretada por outros eleitores e fiscais como tentativa de induzir voto, ela foi desligada dos trabalhos”.

Segundo Elda Cardoso, que atuava como delegada fiscal do PT na zona eleitoral, a mesária teria respondido “22” a uma pergunta feita por um eleitor, referindo-se ao número do candidato Bolsonaro. Então, uma eleitora petista que estava na fila da seção naquele momento fez a denúncia aos fiscais.

Diferentemente do que afirma o tuíte, não houve quebra de urna. “De modo geral, a votação em Londres transcorreu bem, com absoluta normalidade, não tendo sido relatados grandes contratempos”, afirmou o Itamaraty.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: A informação foi postada às 11h01, horário de Brasília, de 2 de outubro, dia da eleição. Até 5 de outubro, a publicação obteve 53 mil curtidas, 326 comentários e 4,8 mil retuítes.

O que diz o autor da publicação: O tuíte foi postado por @ThiagoResiste, apoiador de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A reportagem tentou contato com ele por mensagem direta no Instagram, mas não houve retorno até a publicação desta verificação.

Como verificamos: Para verificar se a declaração do autor da postagem era verdadeira, o Comprova entrou em contato com o Itamaraty, a delegada do Partido dos Trabalhadores nas eleições em Londres, Elda Cardoso, e a assessoria de imprensa do PT.

Também pesquisamos na imprensa profissional reportagens sobre a votação em Londres e verificamos no portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dados sobre o eleitorado na cidade.

Votação em Londres

Os eleitores brasileiros que votam em Londres tiveram de comparecer ao West London College, edifício de uma faculdade britânica, para registrar o voto no primeiro turno da eleição deste ano. A votação ocorreu entre 8h e 17h, no horário local. Dados do TSE mostram que a cidade tem 34 mil eleitores brasileiros aptos a votar.

O tuíte enganoso aqui verificado relata uma grande confusão envolvendo uma mesária bolsonarista que estaria revoltada com a alta adesão de apoiadores de Lula na cidade e teria incitado fraude ao dizer a eleitores que eles eram obrigados a votar em Bolsonaro.

No entanto, em nota enviada ao Comprova, o Itamaraty disse que uma mesária respondeu a uma pergunta de eleitor sobre número de um candidato (o órgão não citou qual), quando deveria tê-lo conduzido à lista afixada na entrada das seções. Ainda segundo o Itamaraty, como a conduta pode ser interpretada por outros eleitores e fiscais como tentativa de induzir voto, ela foi desligada dos trabalhos.

O texto também informa que todos os agentes eleitorais convocados no exterior realizam treinamento on-line disponibilizado pela Justiça Eleitoral, conforme as funções designadas no dia do pleito. De acordo com a pasta, o Consulado-Geral em Londres realizou, no dia 27 de setembro, reunião de coordenação com a presença dos presidentes e mesários das 44 seções eleitorais na jurisdição daquele posto. “De modo geral, a votação em Londres transcorreu bem, com absoluta normalidade, não tendo sido relatados grandes contratempos”, informou.

Em entrevista ao Comprova, a delegada representante do PT na eleição em Londres, Elda Cardoso, informou que uma eleitora petista da seção ouviu a mesária dizendo o número 22 para o eleitor. Essa eleitora, que tinha o telefone de Elda, denunciou o caso para ela, que decidiu acompanhar o ocorrido. Elda explicou que o juiz eleitoral afastou a mesária dos trabalhos e que não houve quebra de urna ou violência.

O Partido dos Trabalhadores afirmou que houve um incidente por volta das 8h da manhã nas eleições em Londres, em que a mesária teria orientado o voto ao candidato Bolsonaro. Entretanto, a situação foi resolvida e a mesária foi retirada antes das 9h, sem confusão. O partido informou que acompanhou a votação com 15 fiscais.

Reportagens publicadas pela Folha de S.Paulo e pela BBC Brasil relataram que os brasileiros que votam em Londres enfrentaram longas filas, mas não citam confusões. Na cidade, Lula recebeu 55,18% dos votos válidos. Bolsonaro teve 34,94%. No resultado geral, Lula teve 48,43% e Bolsonaro, 43,2%, o que levou os dois candidatos para o segundo turno.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre as eleições presidenciais, políticas públicas e a pandemia. O tuíte publicado pelo influenciador digital denunciava uma tentativa de fraude eleitoral, mas não apresentava testemunhas nem informações oficiais sobre o suposto fato ocorrido. Essa omissão trazia dúvidas sobre a veracidade e/ou acuracidade da denúncia, o que poderia causar suspeitas sobre o processo eleitoral em Londres e seu resultado.

Outras checagens sobre o tema: Dentro do tema eleição, o Projeto Comprova também já mostrou que Alexandre de Moraes não disse que vai mandar prender eleitor que reclamar das urnas e que uma montagem foi feita e publicada no Instagram para espalhar a mentira de que Ciro Gomes havia declarado apoio a Bolsonaro. Também publicamos texto explicativo sobre Padre Kelmon, candidato à Presidência da República pelo PTB.

Eleições

Investigado por: 2022-10-04

É falso que cidade de Barreiras, na Bahia, registrou número de votos em Lula superior à população do município

  • Falso
Falso
É falso que na cidade de Barreiras, na Bahia, o número de votos para Lula na eleição presidencial do último domingo, 2, tenha sido maior do que o total de habitantes do município. A informação falsa circula em um vídeo do Kwai. Segundo estimativas do IBGE, Barreiras tem 158.432 habitantes. No primeiro turno da eleição presidencial, Lula, o mais votado no município, recebeu 47.952 votos, de acordo com números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Conteúdo investigado: Vídeo no Kwai em que um homem afirma que em Barreiras, na Bahia, Lula teve 213 mil votos no primeiro turno, o que seria incompatível com a população da cidade, que tem 156.532 habitantes.

Onde foi publicado: Kwai e Instagram.

Conclusão do Comprova: Não é verdade que no município de Barreiras, no interior da Bahia, o número de votos recebidos por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno da eleição do último domingo, 2, tenha sido maior do que o número de habitantes do município, como afirma um vídeo publicado no Kwai. De acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2021, Barreiras tem uma população de 158.432 habitantes, número ligeiramente superior ao que é mencionado no vídeo (156.532).

Segundo o TSE, Barreiras apresentava, em setembro de 2022, um total de 103.705 eleitores. No último domingo, Lula recebeu 47.952 votos no município, de acordo com dados oficiais do TSE. O número é menos de um quarto do total de votos de Lula que foi falsamente alegado no vídeo (213 mil).

Em relação ao total de votos válidos, a votação de Lula em Barreiras foi de 58,05%. O atual presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o segundo colocado no município, com 30.197 votos (36,56% dos votos válidos). Simone Tebet (MDB) recebeu 1.950 votos (2,36%) enquanto Ciro Gomes (PDT) recebeu 1.854 (2,24%). Outros 2.899 eleitores de Barreiras votaram branco ou nulo, enquanto o número de abstenções (ou seja, eleitores que não foram votar) foi de 18.593.

Falso, para o Comprova, é todo conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: Até o dia 4 de outubro, o conteúdo investigado tinha 76,8 mil visualizações, 4.706 curtidas, 768 comentários e 7.554 compartilhamentos.

O que diz o autor da publicação: O Comprova tentou contato com o autor da postagem pelo Kwai, mas o aplicativo não permite o envio de mensagens entre contas que não se seguem mutuamente. Um perfil no Instagram com a mesma foto do Kwai (e que também postou o vídeo) foi encontrado pela equipe. Enviamos mensagem direta para esse perfil do Instagram, mas não houve retorno até a publicação dessa checagem.

Como verificamos: Primeiro, o Comprova procurou informações do IBGE sobre o número de habitantes do município de Barreiras, na Bahia. A pesquisa foi feita por meio da busca “População cidade de Barreiras Bahia” no Google.

Em seguida, consultamos o site do TSE para verificar o número de eleitores da cidade e o mapa da apuração do Tribunal, que identifica os números de votação do último domingo, 2, em cada município brasileiro.

Por fim, o Comprova buscou nas redes sociais outros perfis da conta responsável pela publicação do vídeo no Kwai e enviou mensagem direta ao autor do vídeo pelo Instagram.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam na internet relacionados às eleições presidenciais de 2022, à pandemia e a políticas públicas do governo federal. Conteúdos falsos, enganosos ou fora de contexto relacionados à quantidade de votos de um determinado candidato em alguma cidade podem criar suspeitas infundadas sobre o sistema eleitoral, prejudicando as eleições, as instituições e a democracia brasileira.

Outras checagens sobre o tema: O Estadão Verifica, UOL Confere CNN Brasil e Fato ou Fake do G1 já fizeram checagens sobre o tema. No caso da publicação do Estadão Verifica, o boato analisado falava que o número de votos que Lula recebeu em Barreiras era maior do que o número de eleitores do município, e não do que o total de habitantes, como era o caso do vídeo aqui analisado pelo Comprova. No final de semana da eleição, o Comprova também fez outras verificações envolvendo o pleito, como o boato de que o TSE iria mandar prender quem reportasse alguma falha nas urnas eletrônicas ou a notícia falsa de que o presidenciável Ciro Gomes teria declarado apoio a Jair Bolsonaro. O Estadão Verifica também mostrou recentemente que são falsos os boatos afirmando que outras cidades da região Nordeste também teriam registrado número de votos em Lula superior ao número de habitantes dos municípios.

Eleições

Investigado por: 2022-10-04

Vini Jr não criticou Bolsonaro no Twitter; postagem é de outro usuário

  • Falso
Falso
É falso que o jogador de futebol Vinicius Junior, do Real Madrid (Espanha), tenha publicado em seu Twitter a mensagem ofensiva a Bolsonaro. A publicação alvo da checagem foi feita por outro usuário da rede social que também tem o selo de verificação na conta. Quando a publicação viralizou, o autor do tuíte usava a mesma foto de perfil e o mesmo nome utilizados pelo atleta brasileiro; posteriormente ele voltou a se identificar com foto e nome originais.

Conteúdo investigado: Uma publicação no Twitter de um perfil que possui selo de verificação e que supostamente seria do jogador de futebol Vinicius Junior diz que “bolsonaro é meu piru kkkkkk #bailei”. No momento da publicação, a conta autora do post estava com o mesmo nome e foto de perfil do atleta.

Onde foi publicado: Twitter.

Conclusão do Comprova: Não foi o perfil do jogador de futebol Vinicius Junior, do clube espanhol Real Madrid, que publicou no Twitter a frase “bolsonaro é meu piru kkkkkk #bailei”. A mensagem foi publicada pelo perfil @alamoju. O autor da postagem alterou a foto e o nome que aparecia na rede social para os mesmos de Vinicius Junior, causando confusão entre usuários da rede.

O Comprova procurou pelas palavras “bolsonaro”, “presidente” ou “eleição” na conta oficial de Vinicius Junior no Twitter, mas não encontrou nenhum resultado. O perfil que fez a publicação também tem o selo de verificado do Twitter e pertence, na verdade, ao atleta de jiu-jitsu Mateus Santana.

Após a viralização, Santana alterou o nome e a foto na publicação, voltando a colocar uma imagem sua e a alcunha de “padre meia noite”. Contudo, até o fechamento desta apuração, o perfil alterou o nome para “analista de análise”.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: A publicação alvo da checagem teve 5.802 retuítes, 2.064 tuítes com comentário, 50,3 mil curtidas e 624 comentários até o dia 4 de outubro de 2022.

O que diz o autor da publicação: O Comprova entrou em contato com o dono do perfil que fez a publicação por mensagem direta no Twitter e via e-mail, disponibilizado no perfil do autor, mas ele não respondeu até o fechamento deste texto.

Como verificamos: A publicação verificada tem um nome de usuário (o @ do Twitter) diferente do encontrado no perfil oficial de Vinicius Junior na mesma rede. Enquanto o jogador do Real Madrid tem o @vinijr como seu perfil, a conta que publicou o tuíte investigado tem o @alamoju. Com essas diferenças, o Comprova pesquisou pelos termos usados na postagem falsa no perfil oficial do jogador e não encontrou resultados.

Após a viralização do conteúdo, o@alamoju também alterou sua foto e o nome que aparece no perfil, que estavam idênticos aos usados pelo jogador brasileiro em sua conta na rede social. Até o dia 30 de setembro, o tuíte investigado seguia no ar, mas já sem a mesma imagem e nome do jogador de futebol.

Assim, foi possível identificar que o post viral era falso, feito por uma conta diferente da de Vinicius Junior. O perfil que postou a peça de desinformação também tem o selo de verificado do Twitter, pois pertence ao atleta de jiu-jitsu Mateus Santana. Como os dois são verificados, a publicação causou confusão entre usuários da plataforma, que chegaram a acreditar que o post tinha sido feito mesmo por Vinicius Junior.

Por fim, entramos em contato com o autor da publicação, o atleta Mateus Santana.

Postagem confundiu usuários do Twitter

Entre as respostas ao tuíte, vários usuários afirmaram ter “caído” na postagem, acreditando que se tratava mesmo de uma publicação do jogador Vinícius Junior e que o atleta havia criticado o presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).

Após o alerta de um usuário que comentou sobre a possibilidade de o Twitter retirar o selo de verificação da conta, Santana recolocou uma foto sua no perfil. “Amigo, cuidado que isso faz perder o verificado”, comentou um usuário da plataforma que também tem o selo de verificação em sua conta.

| Prints mostram a mesma publicação durante e depois da viralização.

| Alerta feito por outro perfil com selo de verificação sobre o risco de perda de conta devido à prática.

| Resposta publicada por outro perfil no Twitter.

Atleta de jiu-jitsu fez publicação

O perfil que postou a mensagem se passando por Vini Jr. é do atleta Mateus Santana. No Twitter, há um link para o seu perfil no Instagram. Nele, Santana identifica-se como atleta de jiu-jitsu e idealizador do projeto Bienal da Quebrada, “criado pelo @oalamoju com missão de dar protagonismo a outras narrativas e democratizar o acesso à leitura”, conforme a descrição do perfil.

Hashtag #Bailei é sobre combate ao racismo e ao preconceito

O jogador brasileiro Vinicius Junior, mais conhecido como Vini Jr., tem como uma de suas marcas comemorar seus gols dançando. Recentemente, um comentarista de um programa de esportes espanhol fez um comentário racista em relação ao atleta, dizendo que ele deveria parar de “fazer macaquices” nas comemorações. O ataque criminoso viralizou nas redes sociais e uma campanha de apoio ao atleta brasileiro se espalhou sob a hashtag #BailaViniJr.

No tweet aqui verificado, o autor do post acrescentou ao final do texto a #bailei — uma referência à campanha de apoio ao futebolista, mas usada fora do contexto da mobilização on-line.

O Comprova buscou por possíveis publicações na conta do jogador que poderiam citar apoio ou reprovação a Bolsonaro, mas nenhuma postagem com este cunho foi encontrada. Da mesma forma, não foram encontrados registros no Google em que o esportista tenha citado Bolsonaro.

Em junho deste ano, inclusive, a Lupa desmentiu um texto que circulou pelo WhatsApp em que Vini Jr. teria dedicado um de seus gols ao presidente da República durante uma entrevista ao jornal estadunidense The New York Times.

Twitter tem regras específicas para contas verificadas

De acordo com os Termos de Serviço do Twitter, a empresa pode remover o selo de verificação de qualquer conta, a qualquer momento e sem aviso prévio. Dentre as razões que podem ocasionar a retirada do selo, estão mudanças feitas pelo proprietário da conta, que incluem entre outras coisas: alteração do nome de usuário (@ identificador), inatividade ou conta com dados obrigatórios incompletos e alterações enganosas na conta.

A plataforma explica ainda que uma das violações de suas regras, que pode ocasionar a remoção do selo de verificado, é quando o usuário assume uma “falsa identidade ou engano intencional das pessoas no Twitter ao alterar seu nome de exibição, bio, imagem do banner e/ou imagem do perfil”. O Twitter se reserva o direito de avaliar as qualificações de qualquer conta verificada.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. Conteúdos falsos que envolvem ou mencionam candidatos à Presidência, como a postagem checada neste caso, podem influenciar a decisão do eleitor brasileiro, que deve se basear em informações verdadeiras e confiáveis para definir o voto.

Outras checagens sobre o tema: Na reta final das eleições de 2022, conteúdos de desinformação envolvendo presidenciáveis têm se intensificado. O Comprova já mostrou que postagem mentiu ao atribuir ao ator Fabio Assunção declarações em defesa da reeleição de Jair Bolsonaro (PL), acompanhadas de críticas ao PT; que é enganoso o tuíte que indica o 17 como número de urna de Bolsonaro; e também explicou o que é deepfake, técnica de inteligência artificial que está sendo usada para produzir desinformação.