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Investigado por: 2018-10-01

Prédio que desabou em 2012 não aparece em foto de manifestação das mulheres contra Bolsonaro no Rio

É falsa a afirmação que circula no WhatsApp e em rede sociais como Facebook e Twitter de que imagens da manifestação #EleNão que aconteceu no centro do Rio de Janeiro seriam antigas porque um prédio que teria desabado anos atrás estaria visível em algumas fotos. O prédio apontado nessas imagens, o Edifício Capital, entretanto, nunca desabou: o acidente, ocorrido em janeiro de 2012, afetou três prédios vizinhos – Liberdade, Treze de Maio e Colombo -, que não aparecem nas imagens do protesto na Cinelândia.

Fotos feitas por veículos como O Globo e Estado de S. Paulo circulam – especialmente no Twitter e no Facebook – com várias versões da mensagem falsa. Uma das mais frequentes diz: “Foto do Globo de Hoje mostrando a Cinelândia cheia… ao fundo o prédio que desabou a seis anos atrás, intacto!!! Kkkk AINDA BEM QUE ELES SÃO BURROS”.

Confirmar a veracidade da foto original exige somente uma busca pelas imagens do Google Street View da região. O desabamento ocorreu no dia 25 de janeiro de 2012 na Av. Treze de Maio, como explica uma matéria da Folha de S.Paulo. Localizado atrás do Theatro Municipal do Rio, o edifício Liberdade tinha 20 andares, e com seu desabamento, também foram ao chão os vizinhos Edifício Treze de Maio e Edifício Colombo, com quatro e dez andares, respectivamente.

As imagens mais antigas do Google Street View são de junho de 2011, e mostram os três prédios como eram antes do desabamento. A próxima atualização, de novembro de 2013, exibe o terreno sem os prédios – mas com a área cercada – e o edifício vizinho, o Edifício Capital, já com a pintura atual. O registro mais recente, de maio de 2016, mostra a região de forma bem mais similar ao que vemos nas fotos divulgadas pelos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo.

Algumas das mensagens falsas que viralizaram chegam até a confundir os fundos do Theatro Municipal do Rio com o Edifício Colombo. Entretanto, o prédio ficava na esquina da Av. Treze de Maio com a Rua Manuel de Carvalho, enquanto o teatro está do outro lado da rua.

Os primeiros questionamentos sobre a veracidade das imagens do protesto #EleNão no Rio de Janeiro surgiram logo após a divulgação das fotos pelos veículos jornalísticos. Diversos usuários no Facebook postaram a desinformação, atingindo algumas centenas de compartilhamentos. Até a publicação deste texto, um dos posts que divulgaram a informação falsa no Twitter tinha 1.139 retuítes. Memes com a peça de desinformação foram encontrados pelo Comprova no Monitor do WhatsApp, ferramenta desenvolvida pela UFMG.

O próprio jornal O Globo, um dos alvos das mensagem falsa, desmentiu a informação em seu site. O Boatos.org também contestou os posts que duvidaram das fotos.

Investigado por: 2018-10-01

Manifestação pró-Bolsonaro em Israel é real, mas pega carona em celebração judaica

São verdadeiros os vídeos publicados nas redes sociais que mostram manifestações de apoio ao candidato Jair Bolsonaro (PSL) nas ruas de Jerusalém, em Israel. Pessoas vestidas de amarelo, levando bandeiras do Brasil, aparecem desfilando em clima festivo na rua enquanto um locutor grita frases pró-Bolsonaro. Em um dos vídeos, divulgado no YouTube, um homem interage com a câmera: “Ouviu aí, né? Aqui em Israel, Jerusalém, quem está sendo aclamado”.

Ao pesquisar sobre manifestações recentes em Israel, o Comprova constatou que as gravações ocorreram durante as celebrações judaicas da Festa dos Tabernáculos 2018, evento organizado pela Embaixada Cristã Internacional de Jerusalém (ICEJ). A programação tem como destaque a chamada Marcha de Jerusalém, que reúne grupos de diversos países pelas ruas da Capital. Segundo o Jerusalem Post, o Brasil levou a maior delegação, com 900 pessoas.

Na data da marcha, dia 27 de setembro, o diretor nacional da ICEJ Brasil, apóstolo Renê Terra Nova, divulgou em suas redes sociais um vídeo de apoio a Jair Bolsonaro. Na publicação, ele e outros brasileiros aparecem nas ruas de Jerusalém com camisetas e faixas do candidato do PSL. Ao pesquisar pelo líder religioso no Facebook, o Comprova também localizou vídeos em que ele mobiliza brasileiros em Israel com gritos de “17 é Bolsonaro”.

É possível constatar que as manifestações lideradas por Terra Nova ocorreram durante a realização da Marcha de Jerusalém com base no trajeto da caminhada: uma das imagens mostra ele e outros brasileiros na rua Ben Yehuda, enquanto outro vídeo registra manifestações na rua Hillel. As duas vias constam no trajeto da marcha festiva detalhada pelo site Israel B (o Comprova analisou o percurso no Google Street View e confirmou as localizações).

Um vídeo dos atos pró-Bolsonaro em Israel, publicado na página SomostodosBolsonaro do Facebook, foi apresentado como “Mega manifestação em Israel a favor de Bolsonaro!”, sugerindo que a multidão em marcha participou de um ato exclusivamente político, enquanto na verdade se tratava de uma programação religiosa. O vídeo somou 74 mil visualizações entre 28 de setembro e 1º de outubro. Outra gravação, publicada pela página Folha Política no YouTube, alcançou 21,7 mil visualizações no mesmo período.

A ambientação dos vídeos deixa evidente o contexto de festa e interação entre povos — embora tenham ocorrido manifestações esporádicas voltadas para a eleição no Brasil, o evento não teve motivação política e contou com atos promovidos por delegações judaicas de outras nações. Ou seja, não é possível atribuir a presença de todos os brasileiros e demais pessoas que aparecem nas imagens como sendo apoiadores do candidato.

Foto de multidão no Largo da Batata é de protesto contra Bolsonaro e não do Carnaval de 2017

São falsas as afirmações e montagens que alegam ser de um Carnaval as fotos do protesto realizado contra o candidato Jair Bolsonaro (PSL) no Largo da Batata, em São Paulo, no sábado, 29 de setembro, e que estão circulando em grupos de WhatsApp e nas redes sociais, como o Facebook. As mensagens usam uma reportagem com uma foto antiga do Estadão sobre o Carnaval realizado no local em 2017. Uma versão do boato faz uso de uma manchete da Gaúcha ZH sobre o protesto, mas substitui a foto original por uma antiga, estimulando a desinformação.

Algumas páginas que apoiam o candidato Bolsonaro apenas republicaram a reportagem do Estadão sobre o pré-carnaval de 2017, sob alegação de que veículos de comunicação usavam imagens daquela festa para ilustrar as novas reportagens sobre o protesto. Outra versão colocava lado a lado chamadas da reportagem já citada do Estadão, com a referência da data de fevereiro de 2017, junto a uma notícia da Gaúcha ZH, que traz informações sobre as manifestações contra Bolsonaro em todo o país, em setembro de 2018. Neste caso, a foto do carnaval – de autoria de Gabriela Biló, do Estadão – foi copiada e colada na chamada do protesto. Ela mesmo publicou uma foto da manifestação do último sábado em seu Instagram. Esta não é a mesma foto escolhida para ilustrar a reportagem da Gaúcha ZH: o jornal usou uma foto de autoria de Miguel Schincariol, distribuída pela AFP, feita no sábado, dia 29 de setembro de 2018.

Há semelhanças entre as duas imagens: elas foram feitas no mesmo local, o Largo da Batata, em São Paulo, e mostram a vista aérea com uma multidão. Porém, há diferenças que mostram que as imagens não foram feitas no mesmo dia. Na fotografia do Carnaval, há mais guarda-sóis e, inclusive, uma roda-gigante ao fundo da imagem. Já a imagem do protesto tem menos guarda-sóis, não há roda-gigante e é possível perceber bandeiras de partidos políticos e uma bola azul.

A roda-gigante foi instalada em 2017 somente durante o carnaval, precisamente no dia 18 de fevereiro, no contexto de ação de marketing da marca de cerveja Skol. As fotos do último fim de semana, portanto, não mostram a atração de 21 metros de altura.

Outra diferença entre as duas imagens é a existência de um grafite na lateral de um prédio da região – está na foto do protesto, mas não existia em 2017.

O Comprova teve acesso aos metadados do arquivo original de Miguel Schincariol e pôde verificar a data original em que a foto foi realizada: 16:28 do dia 29 de setembro de 2018.

Contatada pelo Comprova, a fotógrafa Gabriela Biló, autora da foto da manifestação que foi distribuída pela Estadão no último sábado e também da foto durante o carnaval de 2017, explicou a situação. O ponto de onde a foto foi tirada é a casa de uma residente. É um local já conhecido e utilizado frequentemente por ela e para tirar fotos panorâmicas do Largo da Batata. No último sábado, enquanto ela entrava no edifício, Miguel Schincariol, autor da foto veiculada pela AFP, a viu entrar e pediu para subir também. Com eles também estava a fotógrafa Carla Carniel.

Usuários nas redes sociais compartilharam a foto do Estadão. O perfil de Geovani Campelo no Facebook, por exemplo, obteve 2,9 mil reações, 1,3 mil comentários e 32 mil compartilhamentos até a tarde de 1º de outubro. Além disso, algumas páginas viralizaram a desinformação utilizando imagens aéreas do telejornal SPTV (TV Globo), como a Papai Noel, que alcançou 25 mil visualizações, 1,5 mil pessoas compartilhamentos e 69 comentários. Já a página O Congressita alcançou 217 mil visualizações, 681 comentários e 8,8 mil compartilhamentos com a mesma estratégia.

O Estadão, o Gaucha ZH e o Fato ou Fake também verificaram e constataram a desinformação disseminada na web.

É falsa afirmação de que Haddad apoia lei que obriga igrejas a casar homossexuais

É falsa a informação de que o candidato do PT à presidência da República, Fernando Haddad, apoia a criação de uma lei para prender padres e pastores que se recusarem a realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo em igrejas. Não há registros de criação de lei com esse propósito, nem de apoio do petista a qualquer proposta semelhante. O programa de governo do candidato também não faz qualquer proposta similar.

O boato foi alimentado por uma frase falsamente atribuída ao deputado federal Jean Wyllys (PSOL/RJ) e publicada no Facebook junto com uma foto do parlamentar. A declaração inventada é a seguinte: “Com o apoio do candidato a presidência Fernando Haddad, vou criar a Lei Marielle Franco, essa lei obrigará Padres e Pastores a realizarem cerimônias de casamentos de homossexuais na igreja, os que recusarem serão presos (sic)”.

Para concluir que o parlamentar jamais afirmou tal frase, o Comprova, primeiro, pesquisou pronunciamentos dele em plenário, publicações nas redes sociais e entrevistas. Buscas no Google pelas mesmas palavras e expressões usadas na declaração falsa também não apresentaram resultados.

Também consultamos a relação de propostas de Fernando Haddad, registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A única lei sugerida no documento que beneficia diretamente os homossexuais diz respeito à responsabilização “dos crimes de ódio, entre os quais os praticados contra as pessoas LGBTI+”.

Logo após assumir um mandato na Câmara pela primeira vez, em 2011, o deputado apresentou uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para garantir o direito do casamento civil entre homossexuais. A PEC, que não reuniu o número mínimo de assinaturas para prosseguir, não versava sobre igrejas.

Em 2013, uma resolução aprovada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) obrigou todos os cartórios do país a celebrar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e a converter união estável homoafetiva em casamento. A decisão foi tomada após o deputado, o partido dele e a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Rio de Janeiro (Arpen-RJ) provocarem o Conselho a respeito.

O parlamentar também apresentou um projeto de lei, há cinco anos, para “reconhecer o casamento civil e a união estável entre pessoas do mesmo sexo”. Em junho deste ano, Jean Wyllys esclareceu em sua página que, apesar da decisão do CNJ, é autor de projeto para “incluir essa realidade no Código Civil, que continua desatualizado”.

Embora seja coordenador da comissão externa que acompanha investigação do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, Jean Wyllys não tem nenhum “projeto de lei Marielle Franco”.

A única lei com nome semelhante localizada pelo Comprova foi sancionada em julho, no Estado do Rio. Ela torna o 14 de março o dia de luta contra o genocídio da mulher negra. É uma lei estadual e, portanto, sem qualquer relação com a atuação legislativa de um deputado federal.

Procurado pelo Comprova para se manifestar sobre a frase atribuída a ele, o deputado afirmou que sua defesa “é pelo casamento civil – ou seja, em nada tem a ver com igrejas! -, pela liberdade religiosa e pelo respeito à Constituição, que reconhece no artigo quinto o direito à liberdade de crença e consciência”.

A assessoria de imprensa de Fernando Haddad foi procurada, mas não deu retorno.

A frase falsa foi postada na página Esquerda Brasil 2018, que não é de apoio a partidos desse campo político. Até o início da noite desta sexta-feira, 28 de setembro, a postagem havia sido compartilhada 22 mil vezes. Recebeu, ainda, 2,2 mil reações e 4,8 mil comentários. Enviamos um pedido de esclarecimento à página, para que revelassem de onde retiraram a informação. A mensagem foi visualizada, mas não respondida.

O Comprova identificou que boatos sobre punições a religiosos que não casarem gays existem pelo menos desde 2011, quando o debate sobre o tema ganhou força.

Investigado por: 2018-09-28

Deputado do RJ não ofereceu vantagens para professoras fazerem vídeo contra Bolsonaro

É velho e falso o vídeo que circula no WhatsApp e em redes sociais dando conta de que o deputado estadual Paulo Ramos (PDT-RJ) estaria visitando escolas e oferecendo vantagens para que professoras fizessem um vídeo dizendo que são contra o candidato do PSL ao Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro. Na verdade, a gravação foi feita em agosto de 2017 na Fazenda Modelo, que abriga animais abandonados no Rio de Janeiro. O parlamentar, que na época era filiado ao PSOL, discutiu com ativistas de proteção animal.

O vídeo ganhou força com a publicação na página do delegado Francischini, apoiador de Bolsonaro e candidato a deputado estadual no Paraná.

Antes de qualquer coisa, o Comprova procurou, no Google, a origem do vídeo, buscando pelo nome do deputado Paulo Ramos e por “professoras”. As publicações mais antigas são de agosto de 2017 e a primeira delas foi feita por Bruna Franco no YouTube. A gravação original tem 9min02s. O vídeo enganoso foi editado e tem apenas 1min37s. Ele representa o trecho de 2min59s a 4min36s do original.

Na ocasião, o parlamentar se irritou quando uma das protetoras disse que a visita ao abrigo era um “circo”. Ele começou a gritar com elas e as expulsou do local. Não houve agressão física, mas o deputado chegou a derrubar, acidentalmente, o celular de uma ativista.

No Facebook, o Comprova encontrou Bruna Franco, estudante de medicina e ativista da proteção aos animais. Por telefone, ela esclareceu que o vídeo foi feito por uma amiga, a pedido dela, na Fazenda Modelo, antes de uma vistoria que seria realizada pela Comissão de Defesa dos Animais da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro). Ela chegou a fazer uma transmissão ao vivo no Facebook antes da gravação. O convite foi feito pelo então presidente da comissão, o deputado Carlos Osório, que também aparece nas gravações. A confusão, segundo ela, não tem qualquer relação com a eleição presidencial ou ao fato de apoiarem ou não Bolsonaro.

Na página do deputado Paulo Ramos no Facebook, ele divulgou uma nota sobre o caso. “Este vídeo que está sendo levianamente divulgado, inclusive sendo editado, com o deputado Paulo Ramos, do PDT, ocorreu na Fazenda Modelo, órgão da Prefeitura do Rio de Janeiro, quando da visita da Comissão de Proteção Animal da Alerj para apurar denúncias de maus-tratos no abrigo, no dia 18 de agosto de 2017”, diz o deputado, que ainda faz acusações contra as protetoras.

No Twitter, Bruna Franco rebateu. O Comprova não encontrou qualquer processo movido contra as protetoras no TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro).

Até agora, o vídeo enganoso, que também vem sendo compartilhado no Whatsapp, teve 78 mil visualizações e 3,6 mil compartilhamentos na página do delegado no Facebook.

A informação falsa também foi checada pelo “Fato ou Fake”, do G1.

Vídeo que mostra apreensão de material de campanha de Gleisi Hoffmann é verdadeiro

É verdadeiro o vídeo publicado no YouTube que mostra a apreensão de materiais irregulares de campanha, incluindo peças de divulgação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) ao lado do ex-presidente Lula. Gleisi é candidata a deputada federal. A gravação registra o momento em que policiais militares e uma pessoa com identificação da Justiça Eleitoral recolhem placas e panfletos do PT expostos em tendas montadas em um calçadão.

Ao analisar as imagens dos policiais e da viatura no local, é possível identificar que se trata da PM do Paraná. A partir disso, o Comprova entrou em contato com a Polícia Militar paranaense e o Tribunal Regional Eleitoral para confirmar a ocorrência do evento. Os órgãos informaram que a ação retratada no vídeo ocorreu no último dia 26 de setembro, no Centro de Curitiba, por ordem da Justiça Eleitoral. Por meio do Google Maps, o Comprova localizou o lugar exato do ocorrido.

O TRE-PR encaminhou ao Comprova documentos relacionados à apreensão. Na decisão, assinada dia 26 de setembro, o juiz eleitoral Douglas Marcel Peres aponta que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indeferiu o registro de candidatura de Lula com base na Lei da Ficha Limpa e determina que sejam feitas diligências e, eventualmente, a apreensão de materiais de propaganda de Lula como presidente.

Em ofícios assinados nos dias 26 e 27 de setembro, o chefe de cartório da 176ª Zona Eleitoral confirma o recolhimento de peças de Lula como candidato a presidente em “diversos materiais de diversos candidatos” em um calçadão no centro de Curitiba, no diretório do PT, no comitê da senadora Gleisi e no comitê central do partido.

Em nota, o diretório do PT no Paraná afirmou que os materiais recolhidos foram produzidos antes da impugnação da candidatura de Lula. A nota também aponta que desde a confirmação da candidatura de Fernando Haddad à presidência pelo PT, os materiais foram readequados conforme orientação do TSE.

A gravação divulgada no YouTube pelo canal da página Folha Política teve 32,7 mil visualizações entre os dias 27 e 28 de setembro. O título do vídeo diz que “cidadãos comemoram” apreensão, embora as imagens não registrem grande reação coletiva. Outros canais compartilharam o mesmo conteúdo no YouTube. A notícia da apreensão foi tema da coluna de Murilo Ramos na Época.

Investigado por: 2018-09-28

Forças Armadas não solicitaram ao TSE perícia nas urnas eletrônicas

Não é verdade que as Forças Armadas exigiram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) uma perícia nas urnas eletrônicas. Em texto apócrifo que circula no WhatsApp e em redes sociais, há o rumor que oficiais do Exército, Marinha e Aeronáutica enviaram um comunicado oficial à presidente do TSE, ministra Rosa Weber, por receio de fraude nas votações. No entanto, o órgão nega a existência de uma comunicação do tipo.

Para checar a veracidade da corrente, o Comprova entrou em contato com as assessorias do TSE e das Forças Armadas — ambas as instituições negaram o boato.

“O Exército não solicitou ao TSE nem recebeu qualquer determinação para participar de perícia, avaliação ou auditoria técnica do funcionamento e segurança dos equipamentos eletrônicos de apuração”, diz nota enviada pelo Exército ao Comprova.

O Comprova também buscou nos comunicados oficiais e no site do Exército referências a urnas eletrônicas, sem resultados.

A equipe de verificação do boato ainda buscou localizar a foto original utilizada em uma publicação no Facebook com o texto enganoso. Ela foi feita no Quartel-General do Exército, em Brasília (DF), em setembro de 2017, e divulgada no site do Exército.

Na ocasião, estava sendo realizada a “301ª Reunião do Alto-Comando do Exército” (RACE), em Brasília. Segundo o site do Exército, durante o encontro, os presentes discutiram assuntos na esfera do planejamento estratégico da instituição, “com decisões relacionadas à carreira, à profissão militar e aos meios disponíveis atualmente para o cumprimento das missões constitucionais”.

Já a foto que acompanha o mesmo texto enganoso em uma publicação no Twitter foi encontrada pelo Comprova na mesma rede social, mas em um tuíte do general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército brasileiro. O post também é de setembro de 2017.

Rumores sobre fraudes no sistema de votação têm sido frequentes durante a campanha. Segundo o TSE, o voto eletrônico emprega segurança em camadas. Isso quer dizer que qualquer ataque ao sistema causa um efeito dominó, que impossibilita que uma urna comprometida gere resultados válidos.

O TSE encomenda auditorias e perícias de instituições independentes. Da mesma forma, antes de cada eleição é realizado um Teste Público de Segurança do sistema eletrônico de votação, de acordo com a Resolução-TSE 23.444/2015. No dia da eleição, ocorre mais uma verificação: fiscais de partidos políticos e coligações, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de entidades representativas da sociedade fazem uma “votação paralela”. O objetivo é atestar os dispositivos de segurança e a veracidade dos resultados de urnas sorteadas.

Além do WhatsApp, o boato também foi compartilhado no grupo do Facebook “Apoio ao dr Sérgio Moro e Lava Jato e a FFAA”, com 9,5 mil compartilhamentos, e no Twitter pelo usuário @arthur_slo, com 951 retweets.

Investigado por: 2018-09-28

PM não invadiu comitê de campanha do PT em busca de panfletos com a foto de Lula candidato

É falsa a alegação que acompanha um vídeo publicado no Facebook com imagens de uma suposta invasão da Polícia Militar de Santa Catarina a um comitê de campanha do Partido dos Trabalhadores (PT). A ação policial estaria buscando, diz um dos posts, panfletos com a foto de Luiz Inácio Lula da Silva como candidato à presidência. As imagens não têm nenhuma relação com o fato relatado.

A gravação mostra policiais invadindo uma residência cuja porta tem um adesivo da campanha presidencial do PT. “Polícia invade comitê do PT em Santa Catarina …entregavam panfletos com a foto de LULA pra presidente”, diz a descrição de uma das publicações que usou o vídeo. Um internauta comenta: “Quadrilha desgraçada…tudo pelo poder….não tem respeito com nada…são sujos”.

O Comprova chegou ao fato original com ajuda da busca por vídeos do Google e encontrou uma versão da gravação divulgada pela UnisulTV. O vídeo foi gravado na tarde da última terça-feira, 25 de setembro, por volta das 15h, no centro histórico de Laguna, em Santa Catarina, distante cerca de 120 quilômetros ao sul da capital Florianópolis, mais precisamente na altura do número 33 da Rua Raulino Horn. A Polícia Militar invadiu a residência, na parte de cima de uma loja, e prendeu duas jovens por desacato. A corporação havia recebido denúncias de uma festa com som alto no local.

“Essas estudantes já tinham histórico de ficar mostrando partes íntimas, usando drogas e escutando som alto, gerando perturbação do trabalho e sossego alheio (dos comerciantes vizinhos e de pessoas que passam por ali). O comerciante gerou a ocorrência após vários clientes reclamarem do fato. A GU [Guarnição] tentou negociar com as estudantes, mas não teve êxito, por este motivo teve que arrombar a porta”, disse a assessoria da Polícia Militar.

Segundo a PM, o evento não teve motivações políticas. “Não tem nada a ver com o recolhimento de materiais da campanha do Lula. Era um caso de perturbação do sossego alheio, em que coincidiu o fato das moradoras serem militantes do PT, mas não tem nada a ver com situação política”, declarou.

Na mesma data, o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) determinou a busca e apreensão de materiais de campanha eleitoral nos quais Lula é apresentado como candidato ao Planalto. Em sua decisão, o juiz auxiliar Antônio Schenkel do Amaral e Silva menciona que é crime “divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos e capazes de exercerem influência perante o eleitorado”. A ordem foi executada em seis cidades, mas Laguna não faz parte da lista. As cidades são: Chapecó, São João, Mafra, Blumenau, Araranguá e Florianópolis.

“O Partido dos Trabalhadores de Santa Catarina e a campanha Ana Paula Lima Federal 1313 esclarecem que o material impresso em que consta o ex-presidente Lula foi contratado, executado e pago no início da campanha, no dia 15 de agosto”, diz a nota de imprensa divulgada no dia 26 de setembro pela assessoria jurídica da candidata.

Ainda que os comitês de campanha dos petistas Ana Paula Lima e Claudio Vignatti, candidato a deputado federal, foram buscados pelas forças da ordem naquele dia, respectivamente, em Blumenau e Chapecó, o vídeo mostra um evento não relacionado e em outra cidade catarinense.

O vídeo com a descrição enganosa viralizou na rede. Apenas um deles, publicado no Facebook por Emerson Persuhn Persuhn, teve até a manhã desta sexta-feira, 28 de setembro, mais de 72 mil visualizações de 3 mil compartilhamentos. Outras versões também circulam no Twitter, YouTube e WhatsApp.

Entrevista de vice de Amoêdo foi editada para parecer apoio a Bolsonaro

É falsa a informação de que o vice na chapa de João Amoêdo (Novo) à presidência da República, Christian Lohbauer, elogiou e recomendou votos para o candidato Jair Bolsonaro (PSL). O vídeo de uma entrevista de Lohbauer à rádio Jovem Pan foi digitalmente alterado para mudar o sentido real das declarações dele.

O conteúdo enganoso, com 1m21s, reproduz o trecho em que o vice de Amoêdo critica os cinco principais candidatos da disputa presidencial. Mas há um corte logo após a menção a Bolsonaro e o vídeo continua com outro trecho da entrevista, como se a opinião de Lohbauer sobre o adversário do PSL fosse elogiosa: “Nós temos aqui é um candidato viável, um sujeito que estuda, que tem posições, que vai constituir um governo técnico, que vai enfrentar todos os desafios que a gente tem pela frente inclusive de um Congresso hostil, que é o que a gente vai ter lá adiante”.

O Comprova buscou o vídeo original da entrevista, realizada no dia 17 de setembro e disponível no canal da emissora no Youtube. Na realidade, Lohbauer comenta que votar em Bolsonaro seria “entregar o país num cheque em branco no escuro, porque ninguém tem a menor ideia do que vai acontecer” e completa que o país “não tem tempo para aventura”. Só depois dessas afirmações que o candidato a vice parte para os elogios ao presidenciável do Novo.

João Amoêdo desmentiu o conteúdo em sua página oficial. Ele publicou um post com o vídeo original no canal da Jovem Pan News e escreveu: “Está circulando por aí um vídeo editado onde o Professor Christian, candidato do NOVO à Vice-presidência, estaria apoiando outro presidenciável nas eleições. Isso é mentira. Uma fake news, prática já conhecida da velha política. Mas mentira a gente combate com verdade. Assista ao vídeo completo da entrevista em questão.”

O vídeo manipulado teve ampla circulação no WhatsApp e em redes sociais como o Twitter e o Facebook. Uma das publicações na rede de Mark Zuckerberg atingiu 407 mil visualizações e 24 mil compartilhamentos. No twitter, uma publicação de Winston Ling teve mais de 4 mil curtidas e 2 mil retuítes.

Investigado por: 2018-09-27

“Mamadeiras eróticas” não foram distribuídas em creches pelo PT

É falsa a afirmação de que mamadeiras com bico de borracha em formato de pênis foram distribuídas em creches para combater a homofobia. Em um vídeo publicado por um usuário do Facebook, no dia 25 de setembro, o autor da gravação mostra o objeto e diz que a mamadeira é “distribuída em creche, para seu filho, com a desculpa de combater a homofobia”. O vídeo não menciona em qual unidade de ensino, município ou Estado ocorreria a suposta distribuição. Ele ainda afirma que se trata de “parte do kit gay, uma invenção de Haddad”, em referência ao candidato à presidência pelo PT, Fernando Haddad.

Embora vários usuários tenham entendido a publicação como sátira, ironizado o post e contestado a veracidade do conteúdo nos comentários, houve quem manifestasse indignação e revolta, confiando nas informações do autor. Até esta quinta-feira, 27 de setembro, o Facebook informava que 4,3 mil pessoas que curtiram o vídeo haviam reagido com humor (Haha); outras 2,2 mil com indignação (Grr).

O Comprova fez buscas com a descrição do objeto no Google e constatou que o produto existe e é comercializado para o público adulto em sex shops. Uma das lojas que anuncia a venda pela internet informou ao Comprova que a mercadoria é importada.

A Secretaria Nacional de Comunicação do PT disse desconhecer o vídeo do Facebook e afirmou que o partido e a campanha de Haddad não tem qualquer ligação com o produto mostrado na gravação.

O Ministério da Educação (MEC) observou que cada município e Estado é autônomo e que a gestão de educação básica é dos entes federados, confirmando que não existiu distribuição de material daquele tipo por parte do governo federal.

O Comprova tentou contato com o responsável pelo post no Facebook para esclarecer se ele é o autor da gravação e qual seria sua intenção ao divulgar o vídeo, mas não obteve resposta até a publicação desta verificação. As publicações mais recentes do perfil apoiam candidatura de Jair Bolsonaro.

A publicação original do vídeo no Facebook teve 2,4 milhões de visualizações e 71 mil compartilhamentos entre os dias 25 e 27 de setembro.