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Investigado por: 2018-08-16

União Europeia não pediu retaliação ao Brasil por prisão de Lula

Um vídeo primeira mente difundido pela conta do deputado federal Marco Maia (PT-RS), e replicado por outras contas, mostra, sem mencionar seu nome, Catarina Martins, deputada portuguesa e coordenadora do partido Bloco de Esquerda, criticando a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A publicação afirma que a “Europa pede à ONU retaliação ao Brasil pela prisão ilegal do candidato que lidera as pesquisas para presidente no Brasil”. Não há, no entanto, indícios de que esse pedido de retaliação da “Europa” existiu. As imagens mencionadas simplesmente fazem parte da fala de uma parlamentar da esquerda de Portugal.

Não há registro de qualquer pedido por parte da União Europeia dirigido às Nações Unidas sobre retaliações pela prisão de Lula. Ao ser contactada pelo Comprova, a deputada Catarina Martins, retratada no vídeo, declarou que desconhece tal pedido e que as imagens são uma montagem alheia a seu mandato. O mesmo foi confirmado pelo partido Bloco de Esquerda.

O vídeo original foi gravado em 8 de abril de 2018, um dia depois de Lula ser preso. Era um evento de aniversário do Bloco de Esquerda, na cidade do Porto. A deputada e o seu partido consideram a prisão de Lula arbitrária e um golpe, posição semelhante à do PT e de outros partidos de esquerda brasileiros.

Contactada pelo Comprova, a Corte Europeia de Direitos Humanos afirmou que não conduz casos por conta própria. Apenas acolhe demandas individuais ou de Estados europeus.

No portal de documentação da União Europeia, foram encontrados arquivos com menção ao ex-presidente Lula, mas nenhum deles diz respeito a retaliações pela sua prisão.

Em 11 de julho, em resposta oficial a um eurodeputado, a chefe das Relações Exteriores da União Europeia, Federica Mogherini, disse que o bloco europeu acredita que o Judiciário brasileiro fará o que for necessário para lidar com esse e com outros casos envolvendo políticos, de forma “objetiva e independente”. Ou seja, o documento vai na contramão do que afirma o post com o vídeo.

No dia 5 de abril, parlamentares de diferentes países assinaram uma carta de apoio a Lula. No entanto, esse documento não foi endossado por nenhum organismo internacional. À época do mandado de prisão de Lula, a defesa do ex-presidente protocolou junto à ONU um pedido para evitar que ele fosse preso, mas o recurso foi negado pelo órgão.

Após a verificação do Comprova, a assessoria do deputado Marco Maia apagou o vídeo. Em nota, a assessoria do petista “agradeceu a investigação” do projeto. “Acreditamos no papel da imprensa neste trabalho de verificação de fake news”, diz trecho do texto.

Agricultor escreve o nome de Bolsonaro em plantações

O Comprova verificou imagens aéreas que vêm sendo compartilhadas pelo WhatsApp e nas redes sociais e que mostram a inscrição “Bolsonaro 2018” em duas lavouras, uma de soja e outra de milho. Elas são verdadeiras.

As fotos e o vídeo foram feitos em duas fazendas localizadas no Mato Grosso do Sul, nos municípios vizinhos de Maracaju e Sidrolândia, no fim do ano passado e em 2018. As terras são da família Basso. Ari Basso, um dos proprietários, é ex-prefeito de Sidrolândia. Ele foi eleito em eleição suplementar em 2013 e ficou no cargo até dezembro de 2016.

Em 18 de janeiro deste ano, o próprio candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) publicou no seu Facebook um vídeo que mostra um avião decolando e, ao lado, a inscrição com o seu nome. Fotos deste mesmo cenário voltaram a circular no WhatsApp nas últimas semanas, principalmente depois que Bolsonaro voltou a publicar uma imagem da inscrição nas suas redes.

A inscrição foi feita por meio de um sistema que define quais áreas recebem e quais não recebem as sementes lançadas ao solo pelas máquinas plantadeiras. As letras surgem graças ao contraste entre as áreas plantadas e as não plantadas.

Gabriel Basso, um dos proprietários das fazendas, explicou que as inscrições nas duas plantações foram feitas por máquinas com o sistema operacional Apex, da John Deere, uma tradicional fabricante de máquinas agrícolas. Segundo o site da empresa, trata-se de um “software de gestão de informações geográficas com diversas ferramentas de administração de mapas e informações coletadas em campo”.

“Esses desenhos são feitos na Trackmaker sobre uma foto de satélite, depois importados para um programa compatível com o sistema operacional das máquinas e então transferidos para o monitor do trator via pen drive. A própria máquina entende que na área interna das letras não é para plantar, então não cai semente”, explicou Gabriel.

Ele também garante ser o autor das imagens que estão circulando com a inscrição, inclusive do vídeo compartilhado por Bolsonaro. “Todas as fotos e vídeos foram feitos por mim com meu drone, inclusive o vídeo do avião decolando ao lado da escrita. Exceto apenas algumas tiradas de dentro de aviões”, disse. Segundo ele, a inscrição só é visível a no mínimo 20 metros de altura.

Além do relato do fazendeiro, o Comprova conseguiu o histórico de imagens de satélite em serviços como Planet.com e Google Earth. Na fazenda Estância Gaúcha, em Sidrolândia, é possível ver a inscrição na plantação de milho em fotos feitas entre junho e julho de 2018 (-21.240501, -55.559463). Na propriedade Engenho 2, em Maracaju, o nome do presidenciável é visível na lavoura de soja entre novembro de 2017 e fevereiro de 2018 (-20.998326, -55.259964).

Bolsonaro teve atuação militar na região. Entre 1979 e 1981, no período da ditadura, o capitão serviu ao Exército Brasileiro em Nioaque, município vizinho às fazendas onde as inscrições foram feitas.

Investigado por: 2018-08-13

Cabo Daciolo foi a lançamento de biografia de Karl Marx

Uma foto que circula em grupos de WhatsApp mostra o candidato a presidente Cabo Daciolo, do Patriota, segurando uma biografia de Karl Marx. A foto, que é verdadeira, está sendo usada para sugerir sua ligação com doutrinas e partidos de esquerda, algo que de fato marcou o início de sua carreira política.

Daciolo foi eleito deputado federal pelo PSOL do Rio de Janeiro em 2014, após ter ajudado a liderar a greve de bombeiros no Estado, e expulso do partido no ano seguinte.

O homem que aparece ao lado de Daciolo na foto é Cyro Garcia, presidente do PSTU-RJ e pré-candidato ao Senado. Ele confirmou o episódio e a veracidade da foto ao Comprova.

“Eu o conheci na época da greve dos bombeiros, em 2011, o movimento contou com a ampla solidariedade do PSTU, foi criada uma estreita relação com o Cabo Daciolo, por causa da sua liderança numa luta importantíssima”, disse Garcia. “Posteriormente, o Cabo Daciolo viria a se filiar ao PSOL e eventualmente ser expulso do partido por suas posições – abrindo um fosso político entre aquilo que nos aproximou e suas novas convicções. Porém, mesmo na época, chamá-lo de ‘marxista’ seria uma forçação de barra.”

Daciolo não respondeu a questionamentos enviados por jornalistas do Comprova, mas confirma a veracidade do episódio em um vídeo postado no Facebook, no qual mostra o exemplar do livro que ele obteve na ocasião, “Karl Marx – A história de sua vida”, de Franz Mehring (Ed. Sundermann – 2013). A foto foi tirada em um evento de lançamento do livro promovido pelo PSTU no Rio em 15 de agosto de 2013. Nós não conseguimos identificar o autor da foto.

No vídeo, Daciolo afirma que recebeu espaço para falar publicamente no evento e aproveitou a oportunidade para discursar sobre religião.

“Eu lembro que eu falei de Jesus para todas aquelas pessoas”, disse. “O pai de Karl Marx era cristão. Karl Marx foi criado no berço ouvindo a palavra de Jesus Cristo. Faltou alguém ali falando algo para ele, porque ele desviou em determinado caminho.”

Os desentendimentos de Daciolo com o PSOL tiveram auge no final de 2014, quando relatos de seus discursos com ideais religiosos e militaristas começaram a incomodar as lideranças do partido.

Em entrevista à Carta Capital em dezembro de 2014, o deputado federal Chico Alencar, também do PSOL-RJ, afirmou que “essas declarações, que evidentemente não têm a mínima identificação com o PSOL, nos surpreenderam”. A expulsão de Daciolo do partido ocorreu alguns meses depois.

Em sua declaração mais recente tratando do assunto, Daciolo afirmou que havia se filiado ao PSOL por acreditar que essa fosse uma vontade divina:

“Eu estava no monte, e Deus falou para mim assim: Meu filho, eu vou te colocar naquele partido lá, não quero você em nenhum outro partido, eu quero você no PSOL”, disse, em entrevista à Gazeta do Povo. “Eu fui para o PSOL para pregar. Preguei no PSOL e depois eles me expulsaram porque eu botei que todo o poder não emana do povo e sim de Deus.”

Foto que associa Alckmin a “líder do PCC” é enganosa

Uma foto em que aparecem juntos o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) e o atual prefeito de Embu das Artes, Ney Santos (PRB), está circulando por grupos de WhatsApp com uma inscrição sobre a imagem que sugere proximidade entre o “líder do PCC” e o “líder de São Paulo”.

Ney Santos já foi preso duas vezes – em 1999, por receptação e formação de quadrilha, e em 2003, por roubo a banco. Foi solto por falta de provas em 2005. Mas, durante a campanha de 2010, ele chegou a ter a prisão temporária decretada durante uma investigação sobre o rápido crescimento de seu patrimônio e uma possível ligação com a facção criminosa. Em 2016, foi acusado pelo Ministério Público por associação ao tráfico, de integrar organização criminosa e lavagem de dinheiro. Na época, ele era presidente da Câmara de Vereadores de Embu das Artes e foi considerado foragido.

Eleito prefeito de Embu das Artes em 2016, assumiu graças a uma liminar do STF e teve o mandato cassado este ano, por suspeita de uso de dinheiro do tráfico de drogas e doações ilícitas na campanha de 2016. A sentença não teve caráter suspensivo, por isso ele continua no cargo.

As fotos e vídeos com Geraldo Alckmin foram feitos em 2010, quando Alckmin era candidato ao governo de São Paulo – e foi eleito -, e Ney Santos tentava uma vaga na Câmara dos Deputados, então pelo PSC. Os partidos faziam parte da mesma coligação, o que justificaria a presença de Alckmin naquele evento de campanha. Desde então, o boato de ligação entre os dois reaparece a cada pleito. Há, também, uma montagem em vídeo no YouTube que voltou a circular.

A campanha de Geraldo Alckmin já se pronunciou sobre essa alegação. Uma nota no site do candidato diz que quando o vídeo de apoio foi gravado, em 2010, Alckmin desconhecia qualquer denúncia contra Ney Santos e que as notícias que circulam na internet são mentirosas.

A assessoria de Ney Santos respondeu ao Estadão Verifica, que já checou esse boato, que as informações são falsas e que ele não concorre a nenhum cargo em 2018. Vale ressaltar que Santos está inelegível. Em sua página do Facebook, Santos divulgou um vídeo falando sobre acusações recorrentes que são feitas contra ele e podem prejudicar os candidatos que ele apoia para deputado estadual e federal – o presidente da Câmara de Embu, Hugo Prado, e sua irmã, Ely Santos, respectivamente. Não há menção a Alckmin.

A ligação entre os dois já foi usada contra Alckmin em 2010, na campanha do governo estadual, pela equipe de Aloizio Mercadante, candidato pelo PT. É o que mostra nota da coluna Painel, da Folha de S.Paulo. Coincidentemente, os partidos dos dois políticos – PSDB e PRB – estão na mesma coligação em 2018.

Professor tem que trabalhar por amor? Não há registro de que Alckmin tenha dito isso

A frase “quem quiser dar aula, faça isso por gosto, e não pelo salário. Se quiser ganhar melhor, pede demissão e vá para o ensino privado” vem sendo atribuída a Geraldo Alckmin em sites e em redes sociais, mas não há qualquer registro de que o candidato do PSDB à presidência da República a tenha proferido em algum momento.

Alckmin não é a primeira vítima desse boato. Pelo que o Comprova verificou, a frase foi originalmente atribuída ao então governador do Ceará Cid Gomes no final de agosto de 2011, quando o estado enfrentava uma greve dos professores.

Embora não se tenha encontrado um registro da frase original que teria sido dita por Cid Gomes, parte de uma entrevista sua, concedida em 2011, está gravada. Nela, ele cita professores, policiais, médicos e detentores de cargos eletivos e diz que a atividade pública deve ser exercida “por amor, não por dinheiro”. O caso repercutiu e até outdoors foram colocados em Fortaleza, capital cearense, ironizando a declaração.

Quando assumiu o Ministério de Educação em janeiro de 2015, o irmão do candidato à presidência Ciro Gomes (PDT) negou a autoria da frase.

Nos últimos dias, uma imagem que atribui a declaração a Geraldo Alckmin ganhou força nas redes sociais e teve maior impulso no dia 23 de julho de 2018 após a página São Paulo Querida publicá-la. Mais de 9,1 mil pessoas já compartilharam o post no Facebook. A imagem foi enviada ao WhatsApp [11 97795-0022] do Comprova para ser checada.

Post diz que Lulinha embolsou R$ 317 milhões e atribui informação a delação inexistente

08/08/2018: A informação de que uma “delação bomba” revelou que Lulinha – Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula – embolsou R$ 317 milhões voltou a circular nas redes sociais depois da confirmação da candidatura de Lula à presidência na convenção do PT realizada em 4 de agosto.

O Comprova verificou que a delação a que o título do post se refere não existe, e sequer é mencionada no texto, e que a informação é falsa. A publicação acusa o filho de Lula de ter recebido sozinho o que, na verdade, é o montante de toda a receita da Gamecorp, empresa do qual é sócio, num período de 11 anos. A postagem também omite que os fatos relatados ocorreram em 2016.

A informação que agora viralizou foi publicada na tarde de 4 de agosto no site News Atual e outros sites replicaram a notícia. Versões desse mesmo texto circulam desde 2016.

A “delação bomba” que aparece no título não é citada no texto porque não existe. Uma reportagem de junho de 2016, do site G1, ajudou a esclarecer em que contexto houve uma citação a Lulinha e à Gamecorp em uma delação. O caso foi citado por Roberto Trombeta, um contador ligado à montadora Caoa, em um acordo de colaboração premiada, firmado em abril de 2016. Ele afirmava que fez pagamentos de R$ 300 mil do Grupo Caoa para a Gamecorp. Trombeta teve sua colaboração colocada em sigilo de Justiça após descumprir sua parte do acordo. A informação foi confirmada pelo Comprova junto ao Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR). Trombeta foi condenado em maio de 2018 no âmbito da Operação Lava Jato. Já o grupo Caoa é alvo da Operação Acrônimo, braço da Zelotes, que também investiga o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na sequência, a postagem menciona um laudo técnico da Polícia Federal, que revela que a empresa Gamecorp, que tem entre os sócios Fábio Luís Lula da Silva, faturou mais de R$ 317 milhões entre 2005 e 2016. Esse laudo realmente existe e a equipe do Comprova teve acesso a ele. O laudo faz parte de um dos inquéritos derivados da Operação Aletheia, a 24ª fase da Operação Lava Jato, que mirou Lula em 2016. A Gamecorp e Fábio Luís foram alvo de mandados de busca e apreensão nesta operação, mas não constam como réus em nenhum dos processos da Lava Jato na primeira instância.

Esse laudo da PF analisou 12 contas bancárias da Gamecorp. O valor de R$ 317 milhões corresponde ao total de dinheiro que entrou nestas contas entre 07/01/2005 e 16/02/2016. As saídas nesse período foram de R$ 321 milhões. O laudo não apresenta conclusões sobre possíveis irregularidades cometidas nas movimentações financeiras da empresa.

As demais informações citadas no texto também foram retiradas de contexto e são colagens de diversas notas publicadas sobre a Operação Lava Jato, já que as outras empresas também são citadas na investigação. O laudo da PF, mencionado como fonte, só se refere à movimentação financeira da Gamecorp.

Além disso, a PF também elaborou um laudo pericial em relação ao patrimônio de Fábio Luís Lula da Silva, ao qual a equipe do Comprova também teve acesso. No período entre 2004 e 2014, semelhante ao avaliado na Gamecorp, Lulinha teve cerca de R$ 5,2 milhões de rendimentos brutos – aproximadamente R$ 3,8 milhões foram oriundos da distribuição de lucros da empresa G4 Entretenimento e Tecnologia, também de sua propriedade. A conclusão da perícia é de que a evolução patrimonial foi compatível com as sobras financeiras e que não havia irregularidades nas movimentações.

Investigado por: 2018-08-08

Pesquisa em presídios que indicaria rejeição a Bolsonaro não tem registro no TSE

A informação que circula nas redes sociais sobre uma pesquisa de intenção de voto que teria sido realizada em presídios brasileiros e cujo resultado mostra que o candidato Jair Bolsonaro teria 100% de rejeição entre os presos não é verdadeira.

A informação falsa foi compartilhada milhares de vezes em redes como Facebook e Twitter e dá conta de uma consulta que teria sido realizada com 13 mil detentos em 450 presídios e 150 delegacias de todo o país.

De acordo com a assessoria de comunicação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para que uma empresa faça pesquisa nos presídios, ela precisa de autorização da Justiça. E para que a pesquisa eleitoral seja viabilizada, deve ser registrada junto ao TSE pela empresa pesquisadora e os dados sobre sua realização devem estar disponíveis no site do Tribunal. Não há registros de nenhuma pesquisa de intenção de voto realizada em presídios e delegacias no período em que a informação foi publicada nas redes sociais.

O Comprova consultou também a editoria de política do portal G1 que negou a publicação da notícia.

O Comprova identificou duas versões desse boato. Uma tem origem em um post no Facebook, a outra é uma montagem produzida para parecer uma notícia publicada no site G1. A primeira menção a esta falsa notícia que localizamos data de 18 de julho. É um meme divulgado pela página MovimentoIndependentBR. A página SomostodosBolsonaro também replicou a imagem e um policial militar e pré-candidato a deputado federal pelo PSL gravou um vídeo onde divulga a falsa informação.

Aluna foi expulsa de sala de aula por usar celular e não por apoiar Bolsonaro

Uma página de apoio a Jair Bolsonaro no Facebook compartilhou em 6 de agosto um vídeo que mostra, supostamente, uma jovem sendo expulsa da sala de aula por seu professor por usar uma camiseta do candidato do PSL. A informação não é verdadeira.

O conteúdo compartilhado é um vídeo de outra página pró-Bolsonaro, alegadamente baseada em Pirapora do Bom Jesus (SP), que por sua vez teve mais de 1,3 milhões de visualizações desde que foi publicado, em abril de 2018.

Até o dia 16 de agosto, o vídeo havia sido compartilhado por 34 páginas que reúnem apoiadores do presidenciável. Ao todo, a partir de abril, já recebeu recebeu 25,3 mil interações, segundo a contagem pública do Facebook.

O texto que introduz o conteúdo afirma categoricamente que “professor de história grita e expulsa aluno por este usar a camisa do Bolsonaro em sala de aula”. Na realidade, o vídeo não tem qualquer relação com a campanha presidencial ou com Bolsonaro.

O vídeo em questão foi gravado no dia 23 de fevereiro de 2015, na Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Silva Mello, no bairro Parque da Areia Preta, em Guarapari (ES). O professor, exaltado, pediu que ela tirasse “essa merda daqui”. No mesmo dia, o vídeo foi compartilhado na página do Facebook “ES em Foco” e tornou-se um viral no WhatsApp. Em entrevista ao jornal Gazeta Online, à época, a aluna e o professor confirmaram que a confusão foi motivada pelo uso do celular.

O caso rendeu a cobertura jornalística de alguns veículos, como Gazeta Online e G1. A versão recentemente viralizada utilizou 37 segundos de uma matéria de um telejornal do Espírito Santo, que contava a história, mas suprimiu a explicação do celular.

Vídeo de apoio a Bolsonaro não é de diretor da revista Veja

Um vídeo em que um homem declara apoio ao presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, após participação do político no programa Roda Viva, da TV Cultura, no fim de julho, apesar de verdadeiro, não é de autoria de nenhum diretor ou comentarista da revista Veja.

Segundo a revista, pertencente à editora Abril, nem o homem que aparece na gravação nem ninguém com o nome de Augusto Blat têm qualquer relação com Veja.

Quem assume a autoria do vídeo compartilhado em redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas é um usuário do Facebook que se apresenta como Ival.

Ele apagou o vídeo de seu perfil no Facebook após tomar conhecimento de que a autoria do seu vídeo tinha sido deturpada.

Ival publicou o vídeo em 31 de julho, um dia após a participação do presidenciável Jair Bolsonaro, do PSL, no Roda Viva. O vídeo original alcançou quase 700 mil visualizações antes de ser apagado, nesta terça, 7 de agosto.

O site Boatos.org fez também verificação desse vídeo.