Filtro:

Investigado por: 2018-09-12

Homem em foto com Gleisi Hoffmann não é o agressor de Bolsonaro

É falsa a informação que circula em redes sociais de que o agressor do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) foi fotografado ao lado da senadora Gleisi Hoffmann (PT). O homem que aparece em selfie com a petista, como divulgado na publicação viral, não é Adélio Bispo de Oliveira nem possui semelhança física com o responsável pelo atentado.

Além disso, o ato político em que Gleisi Hoffmann esteve presente e no qual a foto foi feita ocorreu em cidade diferente do atentado e após a polícia prender o agressor.

A foto verdadeira, uma selfie, foi feita em Curitiba (PR), no mesmo dia do crime contra Bolsonaro, que aconteceu em Juiz de Fora (MG). Cerca de 900 quilômetros separam as duas cidades.

Adélio, o autor do atentado, foi preso na cidade mineira minutos após atacar Bolsonaro com uma faca enquanto o candidato fazia campanha de rua – o atentado aconteceu no período da tarde, às 15h40.

Uma foto do momento em que o homem faz a selfie com Gleisi Hoffmann foi publicada no Facebook da senadora por sua assessoria, assim como outras imagens feitas no ato de campanha que aconteceu, também no dia 6 de setembro, na praça Rui Barbosa, no centro da capital paranaense.

O Comprova comparou fotos de Adélio com a do rapaz ao lado de Hoffmann no Betaface, software de reconhecimento facial. A ferramenta mostrou que os rostos não são compatíveis. O resultado indicou 63,4% de equivalência de traços faciais, o que é insuficiente para apontar que sejam a mesma pessoa.

A pedido do Comprova, a assessoria de Gleisi Hoffmann disponibilizou a foto original publicada na página oficial da senadora no Facebook. A partir desse arquivo, e usando a ferramenta Read Exif Data, foi possível ler os chamados metadados da imagem. Os metadados guardam detalhes sobre a produção da foto, como data e hora do registro, local em que a imagem foi capturada e marca e modelo do equipamento utilizado pelo fotógrafo.

Os metadados da foto de Hoffmann com o homem indicam que o registro foi feito às 20h09 do dia 6 de setembro de 2018, embora a foto só tenha sido publicada no Facebook da senadora no dia seguinte. O horário, as roupas das duas pessoas, o céu escuro correspondem com a imagem viral.

No viral, a senadora aparece à esquerda. Na “foto da selfie”, feita pela equipe da petista, à direita. Não significa que tenham sido feitas em momentos diferentes. É possível que o uso da câmera frontal do aparelho celular tenha invertido a imagem ou a inversão pode ter sido feita posteriormente, quando da postagem nas redes. É por isso que os nomes que aparecem nas placas atrás da dupla também aparecem invertidos.

Presidente do PT, Gleisi Hoffmann é candidata a deputada federal e costuma atuar como porta-voz do ex-presidente Lula, que está preso em Curitiba e teve sua candidatura à presidência impugnada.

Até a publicação deste texto, o homem da foto original não havia sido localizado pelo Comprova.

A assessoria de Hoffmann também desconhece a identidade do homem. Ao Comprova, informou que Hoffmann costuma tirar fotos e conversar com as pessoas que a procuram no local.

O site Boatos.org também verificou que a corrente viral que liga Hoffmann ao autor do crime contra Bolsonaro é falsa. No Twitter, Hoffmann afirmou ser vítima de boatos e mentiras.

Investigado por: 2018-09-11

Foto de incisão no abdome de Jair Bolsonaro é verdadeira

A veracidade de uma imagem que mostra a extensão do dano causado pelo atentado a faca sofrido pelo presidenciável Jair Bolsonaro em 6 de setembro está sendo questionada por diversos usuários nas redes sociais e no WhatsApp. A foto, divulgada em perfis como o do senador Magno Malta (PR-ES) porém, é verdadeira e sua versão completa, que mostra o rosto de Bolsonaro, também está sendo espalhada pelas redes.

De forma objetiva, elementos da foto combinam com outras imagens feitas de Bolsonaro na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do Hospital Israelita Albert Einstein, para onde o candidato foi transferido na manhã do dia 7 de setembro. O padrão da estampa do avental, bem como a roupa de cama e a disposição dos eletrodos de monitoramento são condizentes com fotos e vídeos feitos de Bolsonaro no hospital. O próprio avental também possui o mesmo desenho dos usados no Albert Einstein.

Sobre a cicatriz resultante da operação, mostrada na foto, o Comprova consultou Francisco Duarte, cirurgião-geral do Instituto José Frota (IJF), maior hospital de urgência e emergência do Ceará e um dos maiores do Nordeste, que confirmou que esse é o procedimento praticado levando em consideração o ferimento sofrido por Bolsonaro:

“É mandatório que se abra todo o abdome para expor todas as vísceras que devem ser minuciosamente examinadas, porque não se sabe exatamente o trajeto do objeto [perfurante]. O nome dessa incisão é laparotomia mediana xifo-pubiana. Essa operação permite que as lesões sejam reparadas, identificadas, e que o abdome fique totalmente limpo de todo o conteúdo que possa causar infecção pós-operatória”, afirma Duarte.

O médico também explicou a presença da bolsa plástica presente na barriga do paciente. “No caso dele [Bolsonaro], a colostomia é essencial porque como o intestino foi lesionado e suturado o trânsito de fezes tem que ser desviado para não ocorrer o risco da sutura se romper. Depois da cicatrização, se faz uma nova cirurgia para se reconstruir o trânsito intestinal”, completa.

Consultada pelo Poder360, a assessoria de Magno Malta – um dos primeiros perfis a compartilhar a imagem – informou que a foto não foi tirada pelo congressista, mas recebida “de fonte fidedigna e com autorização da família”. Em uma matéria do MSN, com informações da Folhapress, um dos filhos do candidato, Eduardo Bolsonaro, confirmou se tratar de uma imagem de seu pai, mas disse que cada um que tem que avaliar se a atitude de compartilhar a foto seria apelativa.

“Cada um que faça seu julgamento. O pessoal do Einstein manifestou uma preocupação. Vale para dizer também que não foi coisa pouca. Ele está todo arrebentado lá. Está evoluindo bem, mas não se trata de fake news ou de algo leve que nós estejamos aumento e encenando para gerar comoção pública. Ele quase morreu. Enquanto familiar, não me incomodo, não [com a publicação da foto]. Nossa vida é um livro aberto”, disse Eduardo Bolsonaro.

Alguns usuários tentaram desacreditar a foto postada por Magno Malta, usando como contra-argumento principalmente um print de uma busca reversa de imagem no Google que ligava a imagem a uma postagem no imageboard 4Chan datada de 5 de maio de 2017. Essa impressão, entretanto, vem de uma má compreensão de como funcionam as buscas do Google.

A imagem encontrada aparece relacionada à data anterior, pois ela aparecia como thumbnail (termo que designa uma imagem em miniatura) da página principal da board (um tipo de fórum) “Politically Incorrect” do 4Chan. E nesta página, a thread (como são chamadas as discussões dentro desse tipo de fórum) que está fixada como a primeira é do dia 5 de maio de 2017 – por isso o Google indexou a thumbnail com a data do post. Todavia, a thread onde a imagem de Bolsonaro foi efetivamente postada foi criada às 16:44 do dia 9 de setembro de 2018 – posterior ao post feito por Magno Malta, e, portanto, não pode ser a origem do mesmo.

Até a manhã do dia 11 de setembro, o tweet de Magno Malta com a foto já tinha ultrapassado 4,1 mil retweets e 15,6 mil curtidas. A foto também foi publicada pelo senador em sua fanpage no Facebook, e já tinha mais de 59,5 mil curtidas e 14,1 mil comentários. Um dos posts no Twitter que tenta desacreditar a imagem atingiu 15,9 mil retweets e 30 mil curtidas.

Investigado por: 2018-09-11

Pesquisa atribuída ao Datafolha que diz que “desejo de votar em Lula chega a 49%” é falsa

É falso o documento que circula desde o final de agosto, principalmente pelo Whatsapp, chamado “Eleições 2018 – Datafolha Brasil” (data folha setembro 2018.pdf). O documento tem três páginas e destaca no título do relatório “Desejo de votar em Lula chega a 49%: No cenário sem o petista, Haddad lidera, Bolsonaro mantém segunda posição e cai o índice de Alckmin”. O diretor geral do Datafolha, Mauro Paulino, confirmou ao Comprova que a pesquisa é falsa e que a primeira pesquisa do mês é a divulgada na segunda-feira, dia 10 de setembro.

O levantamento falso é apresentado como um relatório interno do Datafolha, com os resultados da pesquisa de intenção de voto para presidente da República realizada “após o início oficial do período eleitoral”, no mês de setembro de 2018, apontando cenário a favor da chapa do PT.

Além disso, são apresentadas a “Intenção de voto estimulada para presidente 2018 – 1º turno (estimulada e única, em %)”, com duas tabelas que destacam a ‘situação A’ e ‘situação B” datados de 1º e 2 de setembro de 2018, e os dados distorcidos que favorecem os candidatos a presidente e a vice-presidente pelo PT.

O documento carece de informações básicas, como a data específica do começo e término da pesquisa, o número do registro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), informações sobre número de pesquisados e o período do levantamento e regiões ou locais da pesquisa. O falso documento é vago nesse aspecto e apenas informa que a pesquisa começou “após o início oficial do período eleitoral”. Também não há menção à data de término do levantamento.

O TSE informa em seu site que toda a pesquisa deve ser registrada obrigatoriamente em seu sistema próprio. Nele, a empresa pesquisadora se compromete a fornecer informações sobre a divulgação dos resultados das pesquisas, o período de coleta de dados, a margem de erro, o nível de confiança, o número de entrevistas, o nome da entidade ou da pesquisa que a realizou e, se for o caso, de quem a contratou e o número de registro da pesquisa. As informações para a realização da pesquisa podem ser alteradas em até cinco dias após o registro. Além disso, o TSE ainda oferece, na seção “Pesquisas Eleitorais – Eleições 2018”, acesso para que qualquer cidadão faça consultas às pesquisas realizadas.

Levantamento cancelado

No começo do mês, o Datafolha cancelou o registro de pesquisa eleitoral nacional que seria realizada entre os dias 4 e 6 de setembro devido à decisão do TSE, que rejeitou o registro de candidato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O registro com o código 02553/2018 foi feito na sexta-feira, 31 de agosto, antes do final da votação do TSE que vetou a candidatura de Lula, na madrugada de sábado (1º).

Penalidades

O Tribunal Superior Eleitoral ressalta que a divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime que pode ser punível com detenção de seis meses a um ano e multa cujo valor pode variar de R$ 53.205,00 a R$ 106.410,00.

O conteúdo também foi verificado pela agência Aos Fatos e pelo portal de economia Infomoney.

Investigado por: 2018-09-10

Imagens atribuídas a suposto “kit gay” não foram distribuídas em escolas

Circulam nas redes sociais imagens de um material informativo sobre doenças sexualmente transmissíveis que mostram casais praticando sexo. O material é atribuído como parte do que ficou pejorativamente conhecido como “kit gay”, uma cartilha que teria sido preparada pelo Ministério da Educação (MEC) para ser distribuída nas escolas públicas do país. Tal informação não procede: as imagens não fazem parte de material elaborado pelo MEC.

Uma das postagens enganosas, publicada no Facebook pela página “Lava Jato Notícias” em 27 de agosto de 2018, diz que a cartilha foi elaborada durante a gestão do ex-ministro da educação Fernando Haddad (PT), que comandou o órgão de 2005 a 2012. Haddad é vice-candidato à Presidência da chapa do PT.

Por meio de uma busca reversa desta imagem no Google, o Comprova descobriu que a imagem foi retirada de um post do blog Apocalink, de 22 de maio de 2011. Este, por sua vez, publicou as imagens de sexo entre vários casais, em preto e branco, com informações sobre doenças sexualmente transmissíveis, e alega que os materiais seriam distribuídos nas escolas pelo Ministério da Saúde – o que não ocorreu.

As imagens de casais fazendo sexo foram retiradas de uma cartilha produzida de fato pelo Ministério da Saúde sobre prevenção das IST e do HIV, mas utilizada para capacitação de profissionais que trabalham com redução de danos com usuários de álcool e outras drogas, principalmente injetáveis. De acordo com o próprio Ministério, esse material nunca foi destinado para escolas.

O Apocalink também publicou uma cartilha chamada “Caderno das Coisas Importantes”, erroneamente chamado pelo site de “Kit Gay” (termo pejorativo para o projeto Escola sem Homofobia, vetado pelo governo federal em 2011). O material foi elaborado pelo Ministério da Saúde e teve o apoio do MEC, Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Segundo o Ministério da Saúde, o “Caderno das Coisas Importantes” foi publicado em 2006 e fazia parte de um conjunto de materiais educativos para o Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), trabalhado com professores em turmas do ensino médio (jovens de 15 a 18 anos, aproximadamente) de escolas públicas. O material trazia informações sobre formas de transmissão e prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e do HIV/Aids, além de informações sobre corpo e sexualidade. De acordo com o órgão, processo de produção do material foi amplo e contou com a colaboração de especialistas e técnicos da área de educação.

Segundo o CrowdTangle, ferramenta de análise das redes sociais, a postagem do Apocalink teve 2,7 mil interações (reações, comentários e compartilhamentos) no Facebook. Também há registros do mesmo conteúdo falso em grupos no Facebook e em correntes do WhatsApp.

O site Boatos.Org também verificou essa peça de desinformação.

Investigado por: 2018-09-10

Foto em que agressor de Bolsonaro aparece ao lado de Lula é montagem

A imagem que coloca o agressor do candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) próximo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é uma montagem. O material manipulado digitalmente foi compartilhado em redes sociais, inclusive pelo senador Magno Malta (PR-ES).

Apoiador de Bolsonaro, Malta postou a imagem enganosa no Twitter e escreveu “Olha rm que time joga o marginal” (sic). Na montagem, o rosto de Adélio Bispo de Oliveira foi inserido na foto em que Lula aparece ao centro, ladeado pelos senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do Partido dos Trabalhadores, entre outros apoiadores. Um círculo vermelho, também inserido digitalmente, destaca o rosto de Adélio, o homem que atacou Bolsonaro na tarde da última quinta-feira (6) em Juiz de Fora (MG).

A foto original foi feita em maio de 2017 por Ricardo Stuckert, do Instituto Lula. Na ocasião, Lula prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba. A foto já foi reproduzida no site do PT, em portais e jornais. Um homem de óculos escuros aparece originalmente no lugar onde o rosto de Oliveira foi inserido digitalmente na última quinta.

A localização e a identificação da foto original são possíveis com ferramentas de busca reversa de imagem, como o TinEye.

Usuários da rede comentaram no tuíte de Magno Malta que aquilo se tratava de uma montagem. O senador acabou apagando a publicação ainda na quinta, mas o Comprova recuperou a imagem usando o WayBack Machine, uma ferramenta que permite arquivar conteúdos mesmo depois de removidos da internet.

Antes de ser apagada, a postagem do parlamentar já tinha sido retuitada 1.267 vezes. A conta @HelioNogueiraTV também tuitou a foto acrescentando que Adélio é filiado ao PT, o que é falso. De acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Adélio Bispo de Oliveira foi filiado ao PSOL entre 2007 e 2014. Ele não tem filiação partidária no momento, informação que pode ser verificada no site Filiaweb, mantido pelo tribunal.

O general Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice de Bolsonaro, e Levy Fidelix, presidente do PRTB, também procuraram vincular Oliveira ao PT. Em nota, eles disseram que o ataque foi feito “por um militante do Partido dos Trabalhadores”. Outros sites ainda associaram o agressor ao PDT.

As agências Aos Fatos e Lupa e o portal Congresso em Foco também apontaram que a imagem do agressor próximo a Lula é uma montagem.

Investigado por: 2018-09-06

Amoêdo não trabalha para o megainvestidor George Soros

É enganoso o vídeo que afirma que o candidato do Partido Novo à Presidência, João Amoêdo, é ligado ao magnata George Soros e trabalha para uma de suas organizações, a Open Society Foundations, acusada na gravação de ser “criminosa” e de “financiar a esquerda em todo o mundo”. Há fatos verdadeiros no vídeo, mas que aparecem misturados a informações inverídicas.

Um dos principais argumentos do vídeo para ligar Amoêdo a Soros é a relação do bilionário húngaro-americano com o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga (1999-2003). Entre 1993 e 1999, o economista brasileiro foi diretor-gerente do Soros Fund Management (SFM), a firma de investimentos de Soros, mas após deixar o BC abriu sua própria empresa, a Gávea Investimentos. Ao Comprova, Fraga disse admirar o trabalho da Open Society Foundations, mas confirmou que não tem vínculos com Soros.

No vídeo, Armínio Fraga é apontado como parceiro de Amoêdo na criação do Partido Novo. Ocorre que o economista não está na relação de fundadores do Novo e não é filiado à agremiação. A assessoria do partido informou ao Comprova que Amoêdo e Fraga são “conhecidos, mas nunca tiveram relação pessoal”. Fraga, por sua vez, afirmou que nunca atuou em sociedade com Amoêdo.

Além de Fraga e Amoêdo, o vídeo aponta uma terceira pessoa como artífice da criação do Partido Novo: outro ex-presidente do Banco Central, Fernão Bracher. O vídeo acerta ao afirmar que Bracher comandou o Banco Central no governo de José Sarney, responsável por iniciar a política de venda de estatais, mas não é possível apontar que Bracher, enquanto no cargo, era o “líder do programa de privatizações”.

De fato, Bracher fundou o banco BBA, como diz o vídeo, mas após deixar o governo, em 1988. O banco atuou nas privatizações e foi a única instituição brasileira a coordenar o consórcio de bancos estrangeiros para investimentos no programa de privatização.

A origem da relação entre Bracher e Amoêdo que aparece no vídeo está correta. Amoêdo trabalhou no BBA ao lado de Bracher. A companhia cresceu e, em 2002, foi vendida ao banco Itaú. Hoje, a Itaú-BBA é o braço do conglomerado responsável por atender investidores e empresas com alto faturamento.

O que não procede no vídeo é a alegação de que Fraga atuou com a dupla. Nos 11 anos em que Amoêdo atuou no banco BBA (1988/1999), Armínio Fraga, que supostamente seria a ligação do candidato com Soros e a Open Society, passou pela gerência de operações do Banco Garantia (1985/1988), no Rio de Janeiro, pela vice-presidência do Salomon Brothers, em Nova York (1989/1991), pela direção de assuntos internacionais do Banco Central do Brasil (1991/1992) e pela Soros Fund Management (1993/1999), também em Nova York.

Outra suposta ligação entre Amoêdo e Soros seria o banco Itaú, apontado na peça como um “império” que teria “fortes ligações com George Soros”. O Itaú Unibanco é, de fato, um dos maiores conglomerados financeiros do mundo, mas não há qualquer evidência sobre Soros ser o dono do banco. Em 2010, ele comprou ações do Itaú, conforme publicou a revista Exame. Essa publicação tem servido para alimentar boatos sobre a instituição pertencer ao megainvestidor.

O vínculo de Amoêdo com o Itaú se deu apenas por meio do braço da instituição dedicado aos altos investidores, o Itaú-BBA, resultado de aquisição realizada em 2002. Entre 2009 e 2015, ele integrou o conselho de administração da investidora. Amoêdo entrou pouco depois da fusão entre Itaú e Unibanco, anunciada em novembro de 2008. Antes disso, a partir de 2004, ele havia sido vice-presidente e membro do conselho de administração do Unibanco.

O Partido Novo é apontado no vídeo como extensão do banco Itaú e da atuação do suposto trio Bracher-Amoêdo-Fraga. Como dito acima, Fraga não atuou com Bracher e Amoêdo. Bracher, que foi presidente da Itaú-BBA, não está na lista de fundadores do Partido Novo, mas doou R$ 50 mil para ajudar a erguer o partido, fundado sob liderança de Amoêdo em 2011, além de outros R$ 50 mil à campanha presidencial deste ano. Seu filho, Candido Bracher, é atualmente o presidente do Itaú Unibanco.

O Itaú não tem vínculos institucionais com o Partido Novo, mas executivos e ex-executivos do banco estão entre os diversos empresários que fizeram doações à agremiação quando esta foi criada, como mostrou reportagem do jornal Valor Econômico de setembro de 2016. Atualmente, o Novo é presidido por Moisés Jardim, que foi diretor do Itaucred, outro braço do Itaú Unibanco.

Para apresentar o Novo como um partido de esquerda com “layout novo” e financiado por George Soros, o vídeo elenca equivocadamente uma série de organizações supostamente patrocinadas pela Open Society Foundations, a organização filantrópica do bilionário. A OSF já investiu US$ 32 bilhões em projetos ao redor do mundo, e seus financiamentos concedidos são abertos.

Não há na listagem patrocínios a Foro de São Paulo, MST, “Partido Comunista”, PT ou PSDB — nomes citados no boato. Por outro lado, consta um financiamento de cinco meses à Fundação Instituto Fernando Henrique Cardoso, em 2016, no valor de US$ 15.700, e um de US$ 53.633 à organização Quebrando o Tabu, que recebeu dinheiro da OSF por 18 meses.

A peça, de quase cinco minutos, foi enviada ao WhatsApp do Comprova (11) 97795-0022 por diversos leitores.

O Comprova entrou em contato com a Open Society Foundations e um porta-voz da organização informou que o vídeo é “impreciso”. Procurado pelo Comprova, o Itaú preferiu não se manifestar.

Investigado por: 2018-09-06

“Petistas nus” não invadiram manifestação pró-Bolsonaro em Nova York

Um vídeo que mostra o que parece ser um protesto pró-Lula na Times Square, em Nova York, e do outro lado da aglomeração, numa área isolada por barreiras, um grupo de pessoas nuas, vem ganhando força no Twitter. Um dos tweets sugere que o ato foi feito para tumultuar uma manifestação pró-Bolsonaro que também era realizada próximo ao local. Os “pelados”, entretanto, não fazem parte de nenhuma manifestação partidária, mas de um evento de naturismo que acontecia no local.

Manifestantes fizeram um ato de apoio ao ex-presidente Lula no último dia 2 de setembro, em Nova York. A concentração ocorreu em um ponto da Times Square, coincidindo com as celebrações do “Brazilian Day 2018” e com outras manifestações em apoio ao deputado Jair Bolsonaro.

Porém, estava agendado para o mesmo dia, o evento Ultimate Freedom Concert, promovido pelo músico e militante naturista Ton Dou. A apresentação do artista foi anunciada com a proposta de promover a nudez como um direito humano natural e isento de sanções penais. Não há qualquer menção ao ex-presidente Lula na página de divulgação do evento.

Imagens da Time Square disponíveis no site EarthCam mostram que o ato naturista ocorreu em uma área cercada por grades, afastada de onde eram exibidas as faixas em apoio ao ex-presidente. Transmissões ao vivo e outros vídeos divulgados nas redes sociais verificados pelo Comprova confirmam que as manifestações em apoio a Lula e a Bolsonaro ocorreram ao mesmo tempo, nos arredores da popular escadaria vermelha da Times Square. O Comprova não encontrou evidências de que houve algum tipo de confronto no local.

O vídeo reproduzido em contas no Twitter, no entanto, afirma que pessoas sem roupa participaram do ato pró-Lula. “Que absurdo, o pessoal do Lula trouxe a galera pelada aqui na Times Square, em Nova York”, diz o autor do vídeo. Uma das publicações, com mais de 500 retweets e 1,4 mil curtidas, anuncia que “petralhas pelados invadem manifestação pró-Bolsonaro em NY”. Até o dia 6 de setembro, o vídeo já ultrapassava as 38 mil visualizações.

Investigado por: 2018-09-06

Não há evidência de que casa que aparece em meme seja de Lula

Não há evidência de que uma casa de luxo que aparece em um montagem de fotos compartilhada nas redes sociais seja de propriedade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A casa que aparece na publicação existe e fica no município de Camaçari, região metropolitana de Salvador (BA). Procurada pela AFP, integrante do Comprova, a corretora responsável negou que o imóvel, de 890 metros quadrados e anunciado a venda por R$ 2,5 milhões, pertença ou tenha pertencido a Lula em algum momento.

A montagem mostra quatro casas. Três delas de luxo, uma como sendo de Lula e outras duas atribuídas à ex-presidente Dilma Rousseff e à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e uma quarta, de um casebre, com a inscrição “Casa dos milhões de brasileiros que o PT ‘tirou’ da pobreza”.

O Comprova verificou que as outras imagens que fazem parte do meme também estão atribuídas erroneamente.

A suposta residência de Dilma fica em Itaparica, a aproximadamente 30 km a oeste de Salvador, e a proprietária afirma que o imóvel nunca pertenceu à ex-presidente. A foto da suposta casa de Gleisi Hoffmann é do condomínio Reserva do Parque, no bairro Ponta Negra, em Manaus. O corretor responsável diz que as casas ainda estão em construção e que a presidente do PT não adquiriu nenhuma unidade no local. A foto da casa “dos brasileiros” foi tirada na Colômbia. Trata-se de um domicílio de barro e pau-a-pique em Villanueva de Guajira, a aproximadamente 860 km ao norte de Bogotá, na região de fronteira com a Venezuela. Segundo informou Villanueva 24h, em 2015, a família Cabarcas Peña habitou o lugar por mais de 20 anos até que a casa foi reconstruída em maio de 2015 com a ajuda de vizinhos.

Segundo a declaração de bens de Lula à Justiça Eleitoral, ele não é proprietário de nenhuma casa, mas de três apartamentos — todos eles em São Bernardo do Campo (SP), seu berço político. Não há evidência que ligue Lula à casa em Camaçari. Em verificação anterior feita pelo Comprova, a assessoria de imprensa de Lula disse que “todos os bens e contas do ex-presidente e sua família já foram devassados pela Operação Lava Jato”.

Em 2017, Lula foi condenado por ter se beneficiado de um apartamento tríplex em Guarujá, litoral de São Paulo, oferecido pela empreiteira OAS, investigada na Lava Jato, em troca de mediação para obter contratos na Petrobras. E desde abril de 2018, o ex-presidente cumpre a pena, de 12 anos e um mês de prisão, na superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR). Lula nega as acusações.

Lula foi registrado pelo PT como presidenciável da legenda em 2018, mas teve sua candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A defesa do petista entrou com recurso, contestando a decisão da corte eleitoral.

No Facebook, em duas semanas o meme teve mais de 190 mil compartilhamentos.

TCU fez auditoria mas não responsabilizou Haddad por rombo no Fies

Uma notícia de 2016, que trata de uma auditoria do Tribunal de Contas da União sobre o programa de Financiamento Estudantil (Fies) e que teria descoberto um “rombo estimado em R$ 20 bilhões”, ressurgiu nos últimos dias no site Publica Brasil e em perfis de redes sociais como prova do comprometimento do candidato Fernando Haddad, um dos indiciados na ação. A matéria, entretanto, falha ao não atualizar os leitores sobre o andamento da investigação.

O TCU de fato realizou uma auditoria nas contas do Fies e intimou oito autoridades ligadas ao PT para prestar depoimento – entre elas o candidato e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad. Esse processo correu em 2016. O órgão finalizou a investigação em 2018, após ouvir todos os envolvidos, e inocentou os ministros, além de determinar o arquivamento do processo.

As fontes para essa conclusão são os arquivos do próprio TCU. Em 23/11/2016, a ministra Ana Arraes divulgou o relatório no qual aponta que “verificou-se que o Fies passou por período de significativa ampliação sem que houvesse um planejamento adequado ou estudos que amparassem o crescimento da política pública, o que tem acarretado riscos à sustentabilidade do programa”.

Entre os achados, o TCU destaca que “a curto prazo, calculou-se que, a preços de dezembro de 2015, o custo para se manter os contratos de financiamentos já assinados é de R$ 55,4 bilhões até 2020”, e teria percebido que “apesar do aumento do número de matrículas, o Fies não contribuiu de forma significativa para o crescimento da taxa líquida de matrículas no ensino superior”. Com esse levantamento, a ministra convocou para audiências os ministros responsáveis pela pasta da Educação no período auditado, incluindo Fernando Haddad e Aloizio Mercadante.

Entretanto, as postagens compartilhadas em setembro de 2018 não citam as conclusões das investigações e audiências, que foram apresentadas em julho de 2018. Por seis votos a dois, o plenário do TCU aceitou os argumentos dos ex-ministros e o processo foi encerrado. A ministra e relatora Ana Arraes – um dos votos pela absolvição – acatou as justificativas dos indiciados, que alegaram que o programa foi gerido sem qualquer tipo de ilegalidade.

Os dois votos contrários – dos ministros Augusto Sherman e André Luís de Carvalho – ainda recomendaram uma multa de R$ 50 mil aos investigados, sugestão que não foi aceita pela plenária. No seu voto, a relatora afirma que a multa “parece-me medida de extremo rigor, ante as dificuldades reais dos referidos gestores”.

O texto que está sendo espalhado pelas redes sociais, publicado em 03/09/2018, é uma cópia de outro publicado na época dos primeiros acontecimentos, em 24/11/2016, e que usa como fonte notícia publicada pelo Estadão. Diversas páginas e perfis do Facebook e do Twitter têm divulgado as matérias sobre o indiciamento (tanto o texto novo quanto o antigo) de diversas fontes. Entre eles, uma postagem no Facebook com mais de 2,2 mil compartilhamentos, e outra no Twitter que ultrapassa os 470 retweets.

Investigado por: 2018-09-05

Música pró-Bolsonaro não é de artistas cubanos e nem há evidência de que faça sucesso nos EUA

A canção “O Mito chegou” que, segundo algumas postagens nas redes sociais, teria sido gravada por artistas cubanos e estaria “bombando” nas rádios da Flórida, na verdade foi criada por um venezuelano que mora no Brasil e não há registro de que tenha feito sucesso nos Estados Unidos.

A composição, feita em apoio ao presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, é de autoria do venezuelano El Veneco, que mora no Brasil e tem um canal no YouTube com 9 mil seguidores. O Comprova confirmou com El Veneco a autoria da canção. Ele administra uma conta no WhatsApp em que divulga suas produções. O artista, entretanto, não respondeu a outros questionamentos do Comprova. O canal no YouTube tem publicações regulares desde 2015, com manifestações de apoio e outras canções pró-Bolsonaro desde novembro de 2016.

Na data da publicação original, em 9 de outubro de 2017, o autor também divulgou um vídeo de bastidor da produção, realizada em parceria com seu filho, chamado de V-Hero.

O vídeo da música, em ritmo reggaeton, estilo caribenho que mescla diversos gêneros como rap, reggae, salsa e pop, contava com mais de 43 mil visualizações até a publicação deste texto.

A letra, em português, tem trechos como: “O mito chegou, o Brasil acordou. Esperança de verdade, olhar de criança e agora podemos ver um Brasil de verdade”. Além de dizer o nome de Bolsonaro, o cantor aparece no vídeo usando uma camisa com o rosto do candidato do PSL.

Em um vídeo divulgado no último dia 30 de agosto, El Veneco explica que compôs “O Mito Chegou” em 2017, mas não registrou o título (o que impediria a livre reprodução em rádios da Flórida devido aos direitos autorais).

Não há registros de “O Mito Chegou” ou de canções do artista El Veneco no aplicativo de músicas Spotify. Também não há registro da música entre as 50 composições latinas nas listas semanais da Billboard, publicação norte-americana especializada em informações sobre a indústria musical.

No Twitter, a publicação com o conteúdo do viral com maior engajamento data do último dia 3 de setembro, também anunciando a suposta repercussão nos Estado Unidos: “Um camarada meu que mora em Tampa nos EUA disse que na Flórida esse som ta bombando nas rádios”.

No Facebook, o título também foi reproduzido com a mesma versão de que se trata de uma canção de cubanos nos EUA. Uma das publicações, datada do último dia 1º de setembro, tem 1,2 mil comentários e 14 mil compartilhamentos.

A sugestão de verificação da corrente viral foi enviada ao WhatsApp do Comprova.

O conteúdo da peça foi anteriormente checado pelo site Boatos.org.