O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa, apartidária e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação para zelar pela integridade da informação que molda o debate público. O objetivo é oferecer à audiência uma compreensão clara e confiável dos acontecimentos e contribuir para a integridade do ambiente digital e para uma sociedade mais bem informada e resiliente à desinformação e a golpes e fraudes virtuais.
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Política

Investigado por: 24/07/2025

Vídeo distorce fala de Lula para atribuir a ele ataque à democracia

Política
Conteúdo viral editado tenta transformar discurso de defesa da democracia em ataque às eleições

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não defendeu menos eleições nem deu “sinais de que não irá deixar a presidência”, como afirma um vídeo viral publicado no TikTok e no X. A alegação distorce um trecho do discurso lido por Lula durante declaração à imprensa após a reunião de alto nível “Democracia Sempre”, realizada em Santiago, no Chile, em 21 de julho de 2025.

Na fala, Lula afirma que “cumprir o ritual eleitoral a cada quatro ou cinco anos não é mais suficiente”, o que foi posto de forma enganosa a fim de acusar o presidente de atacar as eleições. No discurso, o presidente defende que a democracia precisa ser fortalecida com participação contínua da sociedade e governança digital mais transparente, sem colocar em dúvida a importância das eleições ou a alternância de poder.

A publicação nas redes recorta o discurso, omite o contexto completo e induz o espectador ao erro ao apresentar uma interpretação alarmista e desconectada do conteúdo original. Não há, no pronunciamento, qualquer sugestão de ruptura democrática ou tentativa de permanecer no cargo além dos limites constitucionais.

Quem criou o conteúdo investigado pelo Comprova

O post foi feito por um perfil no TikTok com mais de 44 mil seguidores. Até a publicação desta verificação, o vídeo analisado acumula cerca de 212 mil visualizações, 4 mil curtidas, 850 comentários, 555 salvamentos e mais de 2 mil compartilhamentos. No X, onde foi reproduzido, o vídeo teve 115 mil visualizações.

O perfil no TikTok costuma publicar conteúdos relacionados a política nacional e internacional. Muitos vídeos são críticos a Lula e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, frequentemente com acusações direcionadas a ambos.

O Comprova entrou em contato com o responsável pela publicação do vídeo, mas ainda não obteve resposta.

Por que as pessoas podem ter acreditado

A publicação investigada recorre a táticas clássicas de manipulação para induzir o público ao erro. O principal recurso utilizado é o recorte de contexto, no qual apenas um trecho do discurso é isolado e apresentado de forma distorcida, sem considerar o conteúdo completo da fala.

Outra estratégia é o uso de afirmações categóricas sem evidência, que transformam interpretações em verdades aparentes. Ao afirmar que Lula “defende menos eleições”, a publicação parte de distorção e a apresenta como um fato, mesmo que o presidente nunca tenha dito isso explicitamente.

A frase do discurso “cumprir o ritual eleitoral a cada quatro ou cinco anos já não é suficiente” foi usada como base para essa alegação, mas seu sentido real era o de destacar que a democracia vai além das eleições periódicas. Isso fica claro ao analisar o contexto completo do discurso de Lula.

Por fim, a publicação explora uma narrativa simplificada, em que o presidente aparece como uma ameaça direta à democracia, sem espaço para nuances. Esse tipo de enquadramento, “ou está com a democracia, ou contra ela”, reforça divisões, favorecendo a disseminação da desinformação.

Declaração de Lula à imprensa

O Palácio de La Moneda, sede do governo chileno, foi bombardeado em 11 de setembro de 1973 durante o golpe militar que depôs o presidente Salvador Allende e deu início à ditadura de Augusto Pinochet. Ali, Lula deu início ao discurso destacando a carga simbólica do local. Ele lembrou que “a democracia chilena sofreu um dos atentados mais sangrentos da história da América Latina”.

Na sequência, ele afirma que o “sistema político e os partidos caíram no descrédito”, o que exigiria um fortalecimento das instituições democráticas. Para isso, Lula enfatizou a necessidade de “participação ativa da academia, dos parlamentos, da sociedade civil, da mídia e do setor privado” na defesa da democracia, afirmando que essa defesa “não cabe somente aos governos”.

O presidente falou sobre a urgência da “regulamentação das plataformas digitais e do combate à desinformação”, argumentando que “a chave para um debate público livre plural é a transparência de dados e uma governança digital global”.

Em seguida, o discurso do presidente abordou a luta contra todas as formas de desigualdade, seja social, racial ou de gênero, e a importância da “justiça tributária” para que os “super ricos” arquem com sua parte do esforço. Em sua fala, a crise ambiental e a necessidade de um “novo modelo de desenvolvimento” também foram mencionadas como essenciais para resgatar a legitimidade das democracias.

Por fim, Lula destacou o papel da América Latina e Caribe como “força positiva na promoção da paz no diálogo e no reforço ao multilateralismo”, e a importância de atuar em conjunto com a Espanha e a Europa diante do extremismo.

Fontes que consultamos: Discurso do presidente Lula no site do Governo Federal.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas, eleições e golpes virtuais e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Estadão verificou que postagens distorcem fala de Lula no Chile para alegar ameaça às eleições de 2026. Recentemente, o Comprova mostrou que publicações tentam usar IA do X para espalhar boato antigo sobre morte de Lula e que vídeo usa IA para manipular imagens de Lula no G7 e simular embriaguez.

Política

Investigado por: 22/07/2025

Governo Lula tenta resolver impasse na justiça para concluir ponte entre Tocantins e Pará

Política
Gestão federal recebeu obra em grande parte concluída e ficou responsável pela realização dos acessos; problema com desapropriações impede entrega

Ao contrário do que alega uma postagem no Instagram, a obra da ponte sobre o Rio Araguaia, que liga os municípios de São Geraldo do Araguaia (PA) e Xambioá (TO), não está parada há três anos, período que marca a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo vídeo narrado supostamente por um morador da região, o governo de Jair Bolsonaro (PL) teria construído a ponte e deixado apenas as “cabeceiras” para conclusão no governo atual, o que também não é verdade.

Notícia do governo federal em 8 de agosto de 2022, ainda no mandato de Bolsonaro, portanto, afirma que as obras da ponte estavam 70% concluídas. Na imagem publicada à época pelo próprio Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), é possível ver que a parte central da ponte apresenta apenas os pilares de sustentação, sem a pista.

Outra publicação do governo federal, de dezembro de 2022, cita que foram concluídos 100% da infraestrutura em lâmina d´água — estrutura que fica abaixo do nível da água — , 93,93% dos pilares e travessas e 84,73% do trecho convencional executado, mas também não aponta quanto do empreendimento foi executado no total.

Em 2024, o DNIT anunciou que a ponte estava 99,16% construída. Embora pessoas e veículos possam subir na estrutura a partir de Xambioá — alguns vídeos, inclusive, mostram habitantes do município tocantinense utilizando a ponte para caminhadas —, não é possível ir de uma cidade para a outra, pois ainda faltam os acessos à ponte no município paraense. Segundo texto publicado pela Secretaria de Comunicação (Secom), também em 2024, o empreendimento, que contempla a estrutura e os acessos, estava 87,2% concluído.

O Comprova buscou imagens de 2022 e 2025 no Google Street View e registros de satélite no navegador Copernicus, plataforma da União Europeia que monitora o planeta por meio de imagens de satélite e sensores, para mostrar as mudanças na obra.

 

Um dos entraves para a construção dos acessos que faltam é o processo de desapropriação e indenização dos indivíduos que moram próximos ao local. Ao Comprova, o DNIT informou que contratou os serviços de encabeçamento da ponte em 2023 e que, desde então, “estão em curso os processos de desapropriação necessários, conduzidos por meio de conciliações judiciais”.

Na parte do Tocantins, o processo de conciliação foi concluído no primeiro semestre deste ano. Em relação ao lado paraense, o órgão afirma que as primeiras audiências estão marcadas para 6 e 7 de agosto. “O DNIT reforça que está empenhado na conclusão das obras e trabalha para garantir a funcionalidade da ponte ainda em 2025”, informa o órgão.

Quem criou o conteúdo investigado pelo Comprova

O perfil pertence ao radialista Jiripoca da Positiva, que tem 89,4 mil seguidores. Na descrição, ele se diz “radialista e ex-chefe executor da unidade avançada do Incra de São Geraldo do Araguaia, Pará”. Jiripoca já fez várias postagens falando da ponte, quase sempre com elogios a Bolsonaro e com críticas a Lula.

Em uma das postagens, o perfil escreve: “[es]tamos juntos sempre capitão bolsonarro” (sic), manifestando apoio ao ex-presidente no mesmo dia em que ele foi alvo de operações da Polícia Federal. Até o momento desta publicação, o vídeo investigado soma 29,9 mil visualizações.

Contatado pelo Comprova, o autor afirmou que a empresa contratada por Bolsonaro concluiu os serviços para os quais foi contratada. Segundo ele, a gestão passada entregou a ponte 82% concluída, faltando o vão central e outros dois vãos de 37 metros. Por fim, ele continuou afirmando que o governo Lula parou os trabalhos no empreendimento.

Por que as pessoas podem ter acreditado

A publicação recorre a estratégias emotivas e apelativas para engajar o público. Há uso de linguagem informal, que aproxima o locutor do espectador (“meus amigos e minhas amigas”, “meu filho”), além de expressões dramáticas como “aqui dói no coração” e “é uma tristeza” para gerar indignação.

A oposição entre “nosso presidente Bolsonaro” (tratado de forma positiva) e o “desgoverno” atual (adjetivado como incompetente) sugere um viés político claro. Além disso, o vídeo convoca diretamente o público a compartilhar o conteúdo, incentivando sua disseminação com frases como “compartilhe para o Brasil e o mundo”, o que amplia seu alcance e reforça seu apelo emocional.

Demanda antiga

A ponte sobre o Rio Araguaia é uma demanda antiga por parte dos dois estados, sobretudo para o escoamento da produção agrícola no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, região chamada de Matopiba. Sem a rodovia, a travessia dos veículos e cargas é feita por meio de balsas, o que gera filas demoradas e aumenta o tempo de viagem.

A construção foi autorizada em 2017, ainda durante o governo de Michel Temer (MDB), com custo estimado de R$ 132 milhões.

A obra, no entanto, só começou em abril de 2020, após ter ficado travada durante um período por disputas judiciais. Na época, o valor da obra foi ajustado para R$ 157 milhões, com previsão de entrega para setembro de 2022, prazo que não foi cumprido.

Em publicação de 2022, o valor aparece estimado em R$ 193,1 milhões. Matéria do Governo Federal de março daquele ano mostra visita técnica de Bolsonaro ao local. Na foto, é possível ver a ponte inacabada, com algumas partes apenas com os pilares, como foi mostrado nas imagens de satélite.

Fontes que consultamos: DNIT, Google Street View, Copernicus, Secom e publicações do Governo Federal.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas, eleições e golpes virtuais e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: A Lupa fez verificação sobre o tema em 2024 e mostrou que vídeo engana ao afirmar que obra da ponte de Xambioá está parada há dois anos. Em 2023, o Comprova investigou dois casos sobre a ponte do Rio Araguaia e concluiu que é falso tanto que a obra foi embargada pelo governo Lula quanto que está paralisada.

Política

Investigado por: 21/07/2025

Custo dos MEIs com IOF aumentou comparado à situação anterior, mas regra ainda é provisória

Política
A alíquota em operações diárias de até R$ 30 mil dobrou de 0,00137% para 0,00274% para empresas enquadradas no Simples Nacional. STF validou, de forma provisória, decreto do governo Lula sobre alíquota do IOF

Não é verdade que o “MEI vai pagar o dobro de impostos com o novo IOF de Lula”. Uma postagem viral no X distorce uma notícia segundo a qual a alíquota diária do IOF em operações de crédito de até R$ 30 mil dobrou de 0,00137% para 0,00274% para empresas enquadradas no Simples Nacional (o que inclui os MEIs). Essa reportagem não informa sobre outras mudanças de impostos para os MEIs. Além disso, essa é uma regra provisória, que ainda será analisada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).

A postagem analisada aqui começou a circular um dia após a maior parte do decreto do governo Lula que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) ter sido validado pelo Supremo. Na prática, a medida dobrou as alíquotas de tomada de crédito para os MEIs. Isso inclui operações de empréstimo e financiamentos, por exemplo.

De acordo com a CBN, microempreendedores e empresas do Simples serão especialmente atingidos por essa mudança, pois dependem constantemente de crédito para manter o seu negócio funcionando.

O IOF é um tributo federal pago por pessoas físicas e jurídicas que incide sobre diversas operações financeiras no país, como operações de crédito, câmbio, seguro ou de títulos e valores mobiliários. No último dia 16, decisão liminar assinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes decidiu pelo aumento da alíquota anunciado pelo presidente Lula no dia 22 de maio deste ano.

No dia 25 de junho, o Congresso Nacional aprovou um decreto legislativo que interrompeu os efeitos do decreto inicial de Lula (PT). O presidente da República, por sua vez, recorreu ao Supremo e pediu que o tribunal validasse a norma que aumentou as alíquotas – o que foi aprovado, em sua maior parte, no dia 16 de julho.

O post no X traz o texto “Urgente – MEI vai pagar o dobro de impostos com o novo IOF de Lula!” e uma foto de Lula “fazendo o L”.

A mesma imagem que foi postada no X e um título semelhante foram encontrados em um texto do dia 17 de julho deste ano, no site O Contribuinte. Nele é explicado que, embora a liminar do ministro tenha restabelecido imediatamente o decreto de Lula sobre o IOF, o plenário da Corte ainda deverá analisar o mérito da questão. Até lá, o aumento do IOF segue válido em todo o país. Segundo o site do STF, a determinação de Moraes será analisada pelo Plenário do Supremo, em data a ser definida.

O que é um MEI?

MEI significa Microempreendedor Individual. Na explicação da Secretaria de Comunicação do governo federal (Secom), a modalidade MEI foi criada para incentivar a formalização de pequenos empreendedores e trabalhadores autônomos, oferecendo um regime tributário simplificado e benefícios como cobertura previdenciária.

O programa permite que indivíduos com faturamento anual de até R$ 81.000,00 (valor sujeito a atualizações, segundo a Secom) se formalizem como empresários individuais, com um processo de registro simples e isenção de diversas taxas. O MEI é um programa gerido pelo Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN), com apoio da Receita Federal do Brasil. O Simples Nacional, por sua vez, é um regime compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte. As empresas enquadradas no Simples têm um faturamento máximo anual de R$ 4,8 milhões.

O que muda com o novo IOF para os MEIs?

Conforme informado anteriormente, no caso dos MEIs e demais empresas enquadradas no Simples Nacional, a alíquota diária em operações até R$ 30 mil dobrou de 0,00137% para 0,00274%. A alíquota máxima subiu de 0,88% para 1,38% ao ano.

Além da alíquota diária, sobre as operações de crédito para as empresas do Simples incide também uma alíquota fixa, de 0,38%. Esse valor não teve alteração com o decreto do governo federal.

Por exemplo, em um empréstimo de R$ 10 mil por 90 dias, o IOF a pagar anteriormente seria de R$ 50,33. Agora, com a alíquota diária dobrada, o IOF a pagar seria de R$ 62,66. Isso representa um aumento de 24,5%.

O professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Valter Lobato afirma que o aumento da alíquota diária é mais um obstáculo a ser enfrentado pelos MEIs.

“Considerando que essas empresas frequentemente enfrentam dificuldades de fluxo de caixa e dependem significativamente de crédito no mercado, esse aumento na carga do IOF torna o dinheiro mais caro e é mais um obstáculo a ser enfrentado, entre tantos outros que estes empreendedores já enfrentam”, disse.

Em nota ao Comprova, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) afirmou que “o principal entrave ao financiamento atualmente está nas elevadas taxas de juros praticadas no país, decorrentes do atual patamar da taxa Selic”.

“O IOF incidente sobre empréstimos tomados por pessoas físicas permanece em até 3,38% ao ano — sem qualquer alteração promovida por este governo. Em contrapartida, as taxas de juros, especialmente no crédito rotativo, frequentemente superam 100% ao ano, o que evidencia que o impacto do IOF é bastante reduzido em comparação”, comunicou.

Quem criou o conteúdo investigado pelo Comprova

A postagem soma mais de 16 mil curtidas no X e foi criada por um perfil que possui mais de 300 mil seguidores. A página afirma que posta conteúdos diariamente. O texto em seu cabeçalho diz “Perfil de notícias. Se elas não te agradam, não mate o mensageiro, lute para mudar os fatos!”.

Diferente de veículos de notícias tradicionais, o perfil não encaminha os leitores para um link da matéria completa. Um site com o mesmo nome e imagem do perfil semelhante foi encontrado, mas o último texto foi atualizado em 2024. O perfil respondeu o Comprova pelo Instagram somente com este link. É uma análise da CNN postada dia 16 de julho. O título é “IOF não vai fazer justiça tributária; MEI vai pagar o dobro”. A matéria consultou a analista de Economia da CNN Thais Herédia, que afirmou que na prática, quando os MEIs realizarem operações financeiras como pessoa jurídica, incluindo a tomada de empréstimos, terão que arcar com uma tributação duas vezes maior que a atual.

Por que as pessoas podem ter acreditado

Como foi detalhado anteriormente, a possibilidade de aumento do IOF passou por diferentes fases, que derrubaram e depois validaram o decreto de Lula. A postagem analisada aqui usa um texto breve e claro, o que facilita a transmissão da mensagem para quem procura atualizações rápidas sobre o tributo.

O conteúdo é introduzido pela palavra “Urgente”. Isso faz parecer que se trata de um “furo”, ou uma notícia muito atual. Mas isso não é verdade, dado que a postagem no X foi realizada um dia após a decisão liminar do ministro Alexandre de Moraes. Veículos tradicionais de imprensa publicaram textos completos e embasados exatamente na data da decisão.

Não menos importante, a postagem cita diretamente os MEIs. Isso representa uma quantidade significativa de pessoas que possam se interessar por uma notícia “urgente” sobre o IOF este ano. Afinal, de acordo com levantamento do Sebrae divulgado em março deste ano, os pequenos negócios representam 97% do total de empresas do Brasil. Além disso, houve um aumento de 27,7% de abertura de MEIs em 2025, em relação ao ano passado.

Fontes que consultamos: Comunicados oficiais no site do Supremo Tribunal Federal e matérias do Estadão. Também contribuíram na checagem os professores Valter Lobato, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Robson Gonçalves, da FGV.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas, eleições e golpes virtuais e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Mais notícias do Comprova relacionadas a tributos podem ser acessadas em matérias como: Reforma tributária mantém a livre negociação de preços de imóveis e Entenda a proposta de tributação de dividendos feita pelo governo federal.

Notas da comunidade: A publicação não recebeu notas da comunidade até o momento em que esta verificação foi publicada.

Correção: A versão anterior deste texto apresentava um cálculo errado sobre o IOF devido em um empréstimo de R$ 10 mil. O valor foi corrigido. O texto foi atualizado com uma nota da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom).

Comprova Explica

Investigado por: 18/07/2025

Idade não é empecilho para prisão de Bolsonaro caso seja condenado

Comprova Explica
A lei não impede que pessoas com mais de 70 anos sejam condenadas ou cumpram pena em regime fechado. Dúvida aparece em postagens nas redes sociais.

Conteúdo analisado: Duas publicações no ‘X’ viralizaram ao questionar se Jair Bolsonaro (PL), aos 70 anos, está velho demais para ser preso. Os tuítes comparam o caso ao do presidente Lula (PT), que foi preso aos 72 anos. Os posts levantam suspeitas de que a Justiça possa proteger figuras de alto escalão do bolsonarismo enquanto pune apenas os executores do 8 de janeiro.

Comprova Explica: A publicação de tuítes que sugerem que Jair Bolsonaro estaria “velho demais para ser preso” levantou dúvidas sobre a existência de uma idade máxima permitida para cumprir pena no Brasil. Diante da circulação desses conteúdos, o Comprova investigou se a idade de um réu pode impedir uma eventual prisão.

A legislação brasileira impede que pessoas idosas sejam presas?

Não existe idade máxima para que alguém seja preso no Brasil. O Código Penal só define uma idade mínima para responsabilização criminal: menores de 18 anos são inimputáveis, considerados incapazes de discernir seus atos, e respondem segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Isso significa que, mesmo pessoas com mais de 70 anos, podem ser presas normalmente, tanto em prisão preventiva quanto após condenação.

Dados do Sistema Nacional de Informações Penais (SISDEPEN), de dezembro de 2024, mostram que 2.806 pessoas com mais de 70 anos estavam presas no Brasil naquele momento, a maioria homens.

Há alguma exceção que favoreça pessoas mais velhas?

Sim, mas ela é restrita e depende da idade no momento da sentença. O artigo 115 do Código Penal prevê que, caso o réu tenha mais de 70 anos na data da condenação, a pena pode ser reduzida (exceto em crimes de violência contra a mulher).

Já o artigo 318 do Código de Processo Penal permite que pessoas com mais de 80 anos cumpram prisão preventiva em regime domiciliar. Bolsonaro, com 70 anos, não se enquadra nesses benefícios automáticos, pois a idade não impede o cumprimento da pena em regime fechado. Contudo, a advogada Beatriz Alaia Colin, especialista em direito penal, consultada pelo Comprova, explica que a defesa do ex-presidente poderia solicitar prisão domiciliar por razões humanitárias, com base em seu histórico de saúde.

“Ela é concedida quando o acusado tem a saúde debilitada e o sistema penitenciário não consegue garantir as condições específicas e adequadas àquele indivíduo. A concessão da prisão domiciliar, neste caso, deve ser se dar por meio de decisão fundamentada, que encontre respaldo em laudos e documentos médicos eventualmente apresentados por sua defesa”, detalha a especialista.

Essa modalidade de prisão só pode ser concedida por decisão judicial fundamentada, e costuma vir acompanhada de restrições, como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de acesso a redes sociais.

A dúvida levantada pelos tuítes também envolve nomes como Augusto Heleno, Braga Netto e Mauro Cid. Nenhum deles está livre de punição caso haja provas suficientes de participação na tentativa de golpe. Além disso, não há na legislação um dispositivo que proteja réus que sejam generais.

Lula foi preso aos 72. O que isso prova?

Lula foi preso em abril de 2018 aos 72 anos, após condenação em segunda instância no caso do tríplex. Sua idade não foi levada em consideração como impedimento para a execução da pena em regime fechado. Na época, não houve debate público relevante sobre a suposta fragilidade de um idoso para cumprir pena.

Fontes consultadas: O Comprova consultou o Código Penal e o Código de Processo Penal, além de buscar, com a ajuda do Google, dados sobre a idade da população carcerária no Brasil. A reportagem também entrevistou uma especialista em direito penal.

Por que o Comprova explicou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta, nesse monitoramento, um tema que está gerando muitas dúvidas e desinformação, o Comprova Explica. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Estadão Verifica investigou postagens em redes sociais que questionavam se Bolsonaro não poderia ser mais preso, concluindo que o STF rejeitou a decisão da Câmara de suspender a ação. O Comprova também checou que montagem distorce declaração de Lula sobre maioridade penal.

Comprova Explica

Investigado por: 17/07/2025

Entenda sobretaxa estudada pelos EUA para países que compram produtos da Rússia

Comprova Explica
Governo norte-americano prometeu tarifa secundária de 100% caso não haja acordo por fim de conflito na Rússia em até 50 dias, mas projeto em discussão no Congresso propõe cobrança de até 500%.

Conteúdo analisado: Vídeo de entrevista do senador republicano Lindsey Graham à CBS alega que os Estados Unidos podem sobretaxar Brasil, China e Índia em 500% por comprarem produtos derivados do petróleo e outros bens da Rússia. Reproduzido em postagens ou mencionado sem a fonte nas redes sociais, o vídeo tem provocado dúvidas nos usuários. Conteúdo foi ao ar um dia antes do pronunciamento do presidente Donald Trump, que, na segunda-feira (14/7), deu ultimato para a Rússia para acabar com a guerra contra a Ucrânia e ameaçou aplicar tarifas secundárias contra o país.

Comprova Explica: Uma sobretaxa de 500% do governo dos Estados Unidos contra países que compram produtos da Rússia é uma das sanções previstas em um projeto de lei em discussão no Congresso norte-americano. O texto foi apresentado em abril, mas ainda não foi aprovado em nenhuma comissão. O tema foi retratado pelo senador republicano Lindsey Graham em entrevista ao programa Face The Nation da CBS, rede de televisão americana, e compartilhada por perfis no X.

Graham é advogado, militar aposentado e atualmente é senador do Partido Republicano pelo estado da Carolina do Sul. Considerado um aliado direto de Donald Trump e atuante em assuntos ligados ao conflito entre Rússia e Ucrânia, ele afirmou no Face the Nation que a sobretaxa faz parte de um pacote do Congresso que está em análise para ajudar o governo Trump, mas admite que a tarifa pode ser menor do que os 500%. “Ele [Trump] pode aumentar ou diminuir. Pode ir de zero a 500. Ele tem flexibilidade máxima, mas vamos atrás daqueles que mantêm Putin nos negócios e impor sanções adicionais à própria Rússia”, disse.

Em outro trecho da entrevista, o senador menciona China, Índia e Brasil. Segundo ele, esses países compram combustíveis da Rússia e seria esse “o dinheiro que Putin usa para prosseguir com a guerra”. A entrevista foi dada ao programa Face the Nation, da emissora norte-americana CBS, no dia 13 de julho, um dia antes de declaração do presidente Donald Trump sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia. A previsão de pronunciamento de Trump para anunciar sanções foi citada nas publicações do X que divulgaram a entrevista do senador.

O vídeo da entrevista completa também foi divulgado no site da emissora e na página do programa no YouTube.

Medidas de Trump

O governo Trump anunciou, na segunda-feira (14/7), uma possível “tarifa secundária” caso não haja um acordo com a Rússia em até 50 dias para uma trégua na guerra do país com a Ucrânia. A tarifa anunciada, no entanto, seria de 100%, e não 500%, como sugerido no projeto de lei e em publicação do X.

Trump não detalhou como seriam as tarifas secundárias, disse apenas que seriam “muito severas” e que “vocês sabem o que isso significa”.

Segundo reportagem da Folha sobre a medida, a resposta viria em forma de sobretaxas contra países que fazem negócio com a Rússia, o que poderia incluir até o Brasil. Conforme matéria de O Globo, a situação fez até a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) fazer um alerta a Brasil, China e Índia para que tentem interceder junto a Putin por um acordo de paz na Ucrânia no prazo solicitado por Trump.

Comércio entre Brasil e Rússia

Brasil e Rússia atualmente mantêm relações comerciais. Dados da Balança Comercial brasileira mostram que o Brasil negociou 12,4 bilhões de dólares com a Rússia em 2024, com saldo consideravelmente maior de importações de produtos russos.

O país comprou 10,9 bilhões de dólares da Rússia no ano passado, sendo 57% disso composto por óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos. Fertilizantes são os produtos que aparecem na sequência entre os itens mais importados. Já as exportações somaram 1,4 bilhão de dólares. A soja (35%) lidera os produtos vendidos ao país de Putin, seguido por café (19%) e carne bovina (19%).

A Rússia também se tornou a principal vendedora de óleo diesel para o Brasil desde abril de 2023. Levantamento do Poder360 mostra que o governo de Putin superou os Estados Unidos na venda do combustível para o mercado brasileiro.

Fontes que consultamos: Portal do Congresso dos Estados Unidos, canais oficiais de Lindsey Graham e Donald Trump, site da CBS e matérias veiculadas na imprensa brasileira.

Por que o Comprova explicou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está gerando muitas dúvidas e desinformação, o Comprova Explica. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Comprova já explicou a sanção imposta pelos Estados Unidos ao Brasil e para que é usada a Lei Magnitsky, citada por secretário de Estado do governo norte-americano como possível ferramenta de sanção a Alexandre de Moraes.

Política

Investigado por: 17/07/2025

Publicações tentam usar IA do X para espalhar boato antigo sobre morte de Lula

Política
Estratégia reaproveita post antigo e sem provas para sugerir que presidente foi substituído.

Posts virais voltam a usar uma publicação mentirosa de 2022 para sugerir que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) morreu. Como estratégia para desinformar, os autores das publicações falsas dão informações ao Grok, ferramenta de inteligência artificial do X, e perguntam se aquilo é verdade.

Uma das publicações cita uma suposta notícia que viralizou em 2022 sobre Lula ter morrido e pergunta qual é o posicionamento da IA do X. O post questiona ainda “quem realmente comanda o Brasil hoje?” e menciona o perfil oficial de Elon Musk, chamado de “chefe” do Grok, para “assegurar que [o chatbot] fale a verdade”.

Os conteúdos de desinformação se baseiam em um tuíte de 5 de novembro de 2022 de uma página no então Twitter intitulada LarretaNews. Como verificado pelo Comprova, o perfil não é um veículo jornalístico, diferentemente do que foi difundido na época em que o post foi publicado. O perfil publica conteúdos de desinformação com frequência – além da “morte” de Lula, escreveu que Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, também teria morrido, e compartilhou um vídeo falso de um candidato a presidente na última eleição argentina.

Em sua descrição, o perfil informa que é “o canal de notícias de Horacio Larreta”, referindo-se ao empresário argentino e ex-prefeito de Buenos Aires que foi candidato à presidência do país em 2023.

O Comprova não conseguiu confirmar se o perfil tem ligação com o empresário, mas, além de publicar conteúdos mentirosos, a página usa um logotipo semelhante ao do jornal La Nacion, numa possível tentativa de confundir as pessoas.

De acordo com Alex Mahadevan, diretor do MediaWise, projeto de alfabetização midiática do Poynter Institute, perguntar ao Grok sugerindo algo mentiroso é uma estratégia dos desinformadores. “Isso pode ser como neste exemplo, em que dizem que, se o Grok não responder, a afirmação ridícula deve ser verdadeira. Mas as pessoas também fazem perguntas tendenciosas que levam o Grok a responder com desinformação”, diz ele. “E, se o Grok retorna fatos, elas ficam chateadas e afirmam que o Grok é ‘consciente’”.

Recentemente, o Comprova verificou uma publicação do deputado federal Osmar Terra que sugeria que o Grok teria “se desculpado” com ele, mas a mensagem não confirmava as informações divulgadas pelo deputado. Ferramentas de IA não são capazes de avaliar a confiabilidade dos dados que lhe são fornecidos, como já mostrou o Comprova.

Quem criou o conteúdo investigado pelo Comprova

A postagem foi criada por um perfil da rede social X que possui 70 mil seguidores. Na descrição, o perfil diz: “Estamos prestes a presenciar a justiça de Deus sobre o Brasil, veremos coisas jamais vistas e ouviremos coisas que farão nossos ouvidos tinir”, seguida por emojis de mãos em oração. A foto de capa apresenta as frases “Exército Brasileiro” e “Braço Forte – Mão Amiga”.

A publicação investigada tinha 139 mil visualizações, 2 mil curtidas e 600 compartilhamentos até 17 de julho. O perfil costuma fazer publicações sobre política internacional, por vezes “noticiando” sem citar fontes. As publicações reúnem críticas e falsas “notícias”, como as citadas, da morte de Lula e de Alexandre de Moraes, por exemplo.

O Comprova não conseguiu contatar o autor do post pois o perfil não permite o envio de mensagens privadas.

Por que as pessoas podem ter acreditado

O perfil recorre a uma autoridade questionável ao mencionar o suposto jornal argentino “LarretaNews”. Isso confere uma aparência de legitimidade a uma informação sem qualquer comprovação, o que caracteriza um apelo à autoridade falsa.

A publicação também apela ao senso comum ao afirmar que “muitos brasileiros acreditam” na teoria de impostores na presidência. Essa generalização vaga tenta criar a impressão de que há um consenso popular a respeito do que é dito.

Outro ponto relevante é a referência a fontes ambíguas ou inexistentes. Ao afirmar que a notícia da morte de Lula “não foi desmentida pelo ‘X'”, a publicação sugere que o silêncio implica verdade, o que é uma inversão do ônus da prova. Em ambientes informacionais sérios, uma alegação extraordinária exige comprovação, e não a ausência de negação como prova.

Essas táticas, combinadas, constroem um discurso persuasivo que busca convencer o leitor por meio da dúvida, do medo e da manipulação emocional, sem oferecer qualquer base factual concreta. É um exemplo de como a desinformação se estrutura para parecer crível e urgente, mesmo quando carece de qualquer fundamento real.

Fontes que consultamos: Verificações sobre o post que foi reutilizado na publicação atual e entrevista com Alex Mahadevan, do Poynter Institute.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas, eleições e golpes virtuais e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já verificou algumas vezes posts sugerindo, erroneamente, que o petista estaria morto. Ao contrário do que alega teoria conspiratória, Lula está vivo e não foi substituído por sósia e teorias da conspiração sobre sósia de Lula voltam a circular nas redes sociais são alguns dos exemplos.

Notas da comunidade: A publicação não recebeu notas da comunidade até o momento em que esta verificação foi publicada.

Comunicados

Investigado por: 15/07/2025

Por que o Comprova aboliu as etiquetas de falso e enganoso

Comunicado
Em teste desde o início de junho, o Comprova passa a adotar definitivamente uma série de mudanças no modo como investiga e reporta sobre desinformação.

O Comprova está fazendo alterações no seu modo de tratar a desinformação, adotando uma abordagem mais ampla, deixando de ser um projeto contra a desinformação para ser um projeto colaborativo pela integridade da informação. E assim elevar a importância de conteúdos que tragam mais contexto a temas usados por atores maliciosos, que consigam se antecipar ao surgimento e disseminação de desinformação, que ajudem as pessoas a identificar conteúdos gerados por IA, o uso de táticas de persuasão e de ativação de algoritmos e, sobretudo, alcançar públicos avessos à checagem de fatos.

Depois de quatro meses de estudos, avaliações e testes, o Comprova adota em definitivo uma série de mudanças para tornar a iniciativa colaborativa ainda mais transparente e empática com públicos que são resistentes à verificação.

A desinformação não está somente nos conteúdos

O Comprova monitora e verifica peças virais de desinformação sobre políticas públicas que são compartilhadas em plataformas sociais. Além disso, produz conteúdos explanatórios que visam se antecipar à circulação da desinformação ou fornecer mais contexto a temas que estejam sendo discutidos nessas plataformas e nos aplicativos de mensagem.

Essa abordagem, no entanto, estava muito focada nos conteúdos, deixando em segundo plano outros componentes essenciais de uma peça de desinformação.

Assim, desde o início de junho, verificações publicadas pelo Comprova investigam as evidências e alegações dos conteúdos virais, mas também quem são os criadores desses conteúdos e seus interesses, e quais as táticas utilizadas para persuadir as pessoas e levá-las a acreditar no que foi publicado. E aqui tentamos mostrar por que o conteúdo é convincente, por que podemos ter confiado em quem o publicou.

| Exemplo da descrição das táticas usadas por desinformadores para tornar suas publicações convincentes.

| Exemplo da descrição do criador do conteúdo investigado e seu contexto.

Títulos afirmativos da verdade

Outra mudança adotada pelo Comprova é o cuidado com a redação de seus títulos. Mesmo como negação de uma alegação falsa, um título pode amplificar a desinformação ao destacá-la. No Comprova estamos comprometidos com a redução do dano causado pela desinformação, procurando sempre que possível afirmar a verdade e evitar a reprodução das falsidades, mesmo quando tentamos negá-las.

| Título que enfatiza a verdade.

Abolição das etiquetas de falso e enganoso

É sabido que há uma aversão natural das pessoas a conteúdos que contrariam suas crenças e sua visão de mundo e uma maior aceitação daqueles conteúdos que estão alinhados a sua maneira de pensar. O Comprova entende que o uso de etiquetas como falso ou enganoso coloca um obstáculo na necessária conexão entre a verificação e as audiências mais afetadas pela desinformação.

Queremos dar um passo adiante para que, em vez da aversão, tenhamos uma saudável fricção de ideias, um momento que sirva para confrontação de argumentos e que possibilite a aceitação das evidências e dos fatos. Em função disso, desde o início de junho o Comprova não tem mais usado as quatro etiquetas de falso, enganoso, sátira ou comprovado.

Golpes virtuais

Como parte das mudanças no Comprova, em 1º de abril começamos a publicação de verificações sobre golpes virtuais. Além de atender a uma demanda crescente por verificação, entendemos que abordar esse tipo de conteúdo, que afeta diretamente as pessoas, causando danos e prejuízos, é uma forma de difundir a cultura da verificação de fatos, dar transparência ao processo investigativo e gerar confiança na aplicação dos padrões de checagem.

| Exemplo de verificação de golpes virtuais feita pelo Comprova.

Política

Investigado por: 14/07/2025

FAB vai afastar 137 pilotos e paralisar aeronaves, como diz postagem

Política
Medidas fazem parte de plano para enfrentar corte de R$ 812 milhões no orçamento da Aeronáutica.

Posts dizendo que a Força Aérea Brasileira (FAB) deverá paralisar a operação de 40 aeronaves e afastar 137 pilotos porque o governo brasileiro cortou a verba da instituição são verdadeiros. Ao Comprova, o órgão citou o decreto n° 12.447, de 30 de maio deste ano, que determina o corte de R$ 2,6 bilhões do atual orçamento do Ministério da Defesa, responsável pela FAB, Marinha e Exército. “Desse total, coube ao Comando da Aeronáutica (COMAER) a contenção de R$ 812,2 milhões, dos quais R$ 483,4 milhões em despesas discricionárias e R$ 328,8 milhões em projetos estratégicos”, disse a FAB.

Sobre conteúdos tratando desse corte, houve desinformação em alguns que espalharam que os pilotos seriam demitidos – e não afastados. “Militares de carreira, incluindo oficiais, possuem vitaliciedade assegurada, ou seja, a permanência no cargo até a aposentadoria compulsória, ao atingir a idade limite”, afirmou o órgão.

A instituição afirmou que “foram estabelecidos critérios, métodos e premissas para a definição das ações orçamentárias cujas atividades e projetos seriam afetados”. O texto aponta ainda que, por conta do alto valor que deveria ser cortado e do prazo até dezembro, “houve impactos severos em praticamente todas as atividades, desde as operacionais, até as logísticas e administrativas”.

Além da paralisação das aeronaves e do afastamento da equipe, a FAB vai adotar “meio expediente em organizações militares, trabalho em home office e reuniões por meio de videoconferências”, como mostrou matéria do Estadão.

Quem criou o conteúdo investigado pelo Comprova

A postagem foi criada por uma página cuja descrição afirma: “Perfil de notícias. Se elas não te agradam, não mate o mensageiro, lute para mudar os fatos!”. O perfil é assinante da rede social X desde outubro de 2023 e, por isso, possui o selo de verificado. De acordo com o perfil, sua localização fica em Brasília.

Na foto de capa, aparecem as frases: “Nunca dorme, sete dias por semana” e “Conheça os bastidores de Brasília!”. A conta tem 379,3 mil seguidores. A publicação alcançou 17 mil curtidas, 2 mil republicações e 958 comentários até publicação desta verificação.

O perfil segue diversas figuras associadas à direita brasileira e internacional, como Jair Bolsonaro (PL), Nikolas Ferreira (PL), Ricardo Salles (Novo) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A página também acompanha perfis menores que cobrem o presidente norte-americano e que estão alinhados com seus ideais. Além disso, o perfil segue canais e instituições ligados à segurança e à defesa, como a Polícia Militar do Estado de São Paulo.

A conta, que já teve conteúdos verificados pelo Comprova (1 e 2), costuma publicar conteúdos relacionados à política nacional e internacional, além de temas ligados a atentados em escolas brasileiras. As postagens geralmente não citam fontes, sendo compostas apenas por manchetes, imagens e, às vezes, vídeos.

Fontes que consultamos: FAB, Estatuto dos Militares, reportagens de Veja e Estadão.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas, eleições e golpes virtuais e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova concluiu que alimentos doados pelo MST e transportados pela FAB foram destinados a palestinos, não ao Hamas. Também comprovou que Luciano Hang não tem mais aeronaves atuando no Rio Grande do Sul que a Força Aérea Brasileira. O Aos Fatos revelou que militar preso por transportar cocaína em avião da FAB não é filiado ao PT.

Notas da comunidade: A publicação não recebeu notas da comunidade até o momento em que esta verificação foi publicada.

Comprova Explica

Investigado por: 14/07/2025

Entenda a sanção imposta pelos Estados Unidos ao Brasil

Comprova Explica
Donald Trump anunciou tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros; presidente fala em caça às bruxas contra Bolsonaro e déficit nas relações comerciais.

Conteúdo analisado: Tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alegando falta de reciprocidade nas relações comerciais entre os dois países. A carta aberta enviada ao representante brasileiro e publicada pelo republicano no Truth Social alega suposta caça às bruxas contra Bolsonaro e acusa o Supremo Tribunal Federal (STF) de censura contra big techs estadunidenses.

Comprova Explica: Na última quarta-feira (9/7), uma carta aberta publicada pelo presidente Donald Trump na rede social Truth Social anunciou taxação de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. A medida anunciada pelo republicano pode entrar em vigor em 1º de agosto caso os países não entrem em acordo.

O texto publicado dá argumentos sobre as transações comerciais entre os países, além de apontar questões ideológicas. Segundo o republicano, o Brasil pode ser taxado devido às decisões do STF sobre empresas de tecnologia dos Estados Unidos, como o X e Trump Media, e a uma suposta falta de reciprocidade nas relações comerciais entre os dois países por conta de “tarifas, políticas e barreiras comerciais não-tarifárias do Brasil”.

Trump inicia o comunicado com acusações de que a Justiça brasileira estaria fazendo uma caça às bruxas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e insta o judiciário a impedir imediatamente a continuidade do processo judicial. Ele alega ainda que o STF emitiu “ordens secretas e ilegais de censura” contra as big techs, com multas e expulsão do mercado brasileiro.

Além da carga tributária, o presidente afirma que pode abrir uma investigação contra o Brasil com base na seção 301 da Lei de Comércio norte-americana. O trecho, intitulado “Alívio de Práticas Comerciais Desleais”, autoriza o representante comercial dos Estados Unidos no país — Jamieson Greer, no caso do Brasil — a investigar e impor medidas para “fazer valer os direitos dos Estados Unidos sob acordos comerciais e responder a certas práticas de comércio exterior”.

O dispositivo pode ser acionado “se os direitos dos Estados Unidos sob qualquer acordo comercial forem negados, ou se um ato, política ou prática de um governo estrangeiro violar, for inconsistente com ou negar benefícios aos Estados Unidos sob um acordo comercial; ou for “injustificável” e “sobrecarregar ou restringir” o comércio dos EUA”. Atualmente, há duas investigações em curso, uma contra a China e outra contra a Nicarágua. Trump também usou a lei para taxar produtos chineses em 2018, imposição que permanece em vigor.

| Carta de Donald Trump endereçada ao presidente Lula na íntegra.

Estratégia de Trump

Embora a carta endereçada ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cite especificamente políticos e instituições do Brasil, o texto tem pontos comuns com ameaças de tarifas a outros Estados.

Na última semana, Donald Trump enviou cartas com anúncio de tarifas a 22 países. O primeiro a receber foi o Japão. Com exceção das mensagens endereçadas ao Canadá e ao Brasil, os demais textos seguem a mesma estrutura e mudam somente o nome do país e a porcentagem da tarifa.

Em todas as mensagens, os Estados Unidos alegam que as relações não são recíprocas, ameaçam aumentar a tarifa em caso de retaliação e afirmam que não vão impôr as taxas caso os países aceitem fabricar seus produtos em solo estadunidense. Esses trechos são copiados em todos os comunicados e mudam apenas as informações do destinatário.

Países notificados:

  • 50% – Brasil
  • 40% – Myanmar e Laos
  • 36% – Tailândia
  • 35% – Sérvia, Bangladesh e Canadá
  • 32% – Indonésia
  • 30% – Argélia, Líbia, Iraque, Bósnia-Herzegovina, África do Sul e Sri Lanka
  • 25% – Moldávia, Brunei, Tunísia, Cazaquistão, Malásia, Coreia do Sul, Japão e Filipinas

Segundo o mestre em Economia Internacional Alexandre Fermanian, Trump estaria fazendo uma jogada para ter margem de negociação com o Brasil. “Os Estados Unidos podem sentir algum impacto, mas é insignificante se comparado ao nosso”. Atualmente, Estados Unidos e China são os mercados que mais importam produtos do agronegócio brasileiro.

Ele explica que, atualmente, a economia dos Estados Unidos tem forte participação do consumo doméstico. Segundo dados do Departamento de Comércio dos EUA, 52% dos produtos manufaturados comprados no país são produzidos nacionalmente, enquanto outros 48% foram importados. Para o especialista, a estratégia de negociação do republicano pode estar atrelada com a meta de aumentar a industrialização no país.

Embora o Brasil exporte muitos bens para o país norte-americano, o especialista destaca que os produtos são bens primários e do agro, o que inviabiliza a alternativa dada por Trump de que empresas brasileiras passem a produzir em solo estadunidense.

Quem deve ser impactado

A nova tarifa, caso seja implementada, deve atingir com mais força o setor exportador brasileiro. Segundo Carlos Henrique, que dirige a área jurídica e de compliance da Frente Corretora, os produtos mais afetados serão “ferro, aço, café, suco de laranja, carne bovina e também aeronaves”. Ele reforça que “a Embraer tem participação importante nas exportações para os EUA”.

Segundo ele, esses setores têm forte presença no mercado norte-americano e podem enfrentar perda de competitividade com a elevação das tarifas, o que exigiria redirecionamento das exportações para novos mercados.

Carlos destaca que os dois países seriam impactados, mas de formas diferentes. “No Brasil, os prejuízos tendem a ser mais concentrados em setores específicos da economia, afetando diretamente os exportadores e pressionando negativamente o PIB, com projeções de uma possível redução de até 0,6 ponto percentual”, disse.

Esses impactos também seriam sentidos pela população na alta do dólar e na inflação.

“Nos Estados Unidos, o impacto tende a ser mais difuso, afetando consumidores e indústrias que dependem dos produtos brasileiros. Pode haver aumento de preços em itens básicos, como o café e o suco de laranja, além de impactos nas cadeias produtivas”, completou o especialista.

Fontes consultadas: Carta de Donald Trump direcionada a Lula, entrevistas com o especialista em economia internacional Alexandre Fermanian e Carlos Henrique, CCLO da Frente Corretora, além de reportagens veiculadas na mídia.

Por que o Comprova explicou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está gerando muitas dúvidas e desinformação, o Comprova Explica. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Aos Fatos explicou porque Trump quer taxar produtos brasileiros e quais as consequências. O Estadão mostrou que Trump não disse que Lula é “escândalo ambulante”.

Golpes virtuais

Investigado por: 11/07/2025

Golpe da falsa taxa da alfândega: entenda o que é e como se proteger

Golpes virtuais
O golpe que cobra uma “taxa da alfândega" para liberação de encomendas tem se tornado cada vez mais comum. Criminosos se aproveitam da expectativa das pessoas de receber pacotes, especialmente aqueles comprados online e vindos do exterior, para cobrar taxas inexistentes via Pix. Para isso, se passam por órgãos públicos e empresas de transporte. O Comprova mostra como os golpistas abordam as vítimas, que táticas utilizam contra elas e como você pode se proteger dessas abordagens.

Golpe da falsa taxa da alfândega

Como os golpistas abordam as pessoas: As vítimas são abordadas por mensagem no WhatsApp, SMS ou via e-mail. Por texto, o golpista afirma ser o transportador responsável pela entrega de um pedido que foi retido pelo controle de remessas ou taxado pelo Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX). A mensagem afirma que, para evitar a devolução do pacote e regularizar a pendência, é necessário acessar um link e pagar um valor. O endereço leva a uma página onde um QRCode é gerado para pagamento via Pix.

Que táticas eles usam para chamar a atenção: As táticas incluem mensagem alarmante – alegando que a encomenda será devolvida caso não haja regularização – e o uso de informações verdadeiras. São citados, por exemplo, nomes de transportadoras reais e de órgãos oficiais, como Correios e SISCOMEX. Também são mencionados dados da vítima, como número de telefone e endereço. Outra estratégia é o uso de links que simulam o endereço de sites verdadeiros. Algumas das URLs encontradas fraudulentas foram “acessosedex .com” e “alfandega .correios360 .com”. Essa abordagem dá aparência de legitimidade à mensagem.

Qual é o objetivo do golpe: Desviar dinheiro das vítimas.

Como se proteger: Ao Comprova, a Receita Federal confirmou que nunca liga ou manda mensagens de cobrança de pagamento para liberar encomendas. Segundo o órgão, o pagamento de impostos sobre mercadorias importadas não é recebido por meio de Pix, QRCode, cartão de crédito ou débito.

O pagamento é feito apenas por meio de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF). Portanto, identificar mensagens que solicitam pagamento de taxas de alfândega por estes meios pode ser uma forma de se proteger dos golpes. Uma página da Receita Federal mostra exemplos de golpes semelhantes contendo mensagens falsas sobre pagamentos de taxas para liberação de mercadorias.

A psicóloga Bianca Orrico, responsável pelo atendimento do Canal de Ajuda da SaferNet, associação que promove a defesa dos Direitos Humanos na Internet, orienta sempre conferir com cuidado o remetente da mensagem, observando número, e-mail ou perfil nas redes sociais. Conforme ela, golpistas costumam usar endereços muito parecidos com os oficiais, mas com pequenas alterações.

Uma das mensagens avaliadas pelo Comprova, por exemplo, tem erros de grafia em relação ao site correto da transportadora citada. Além disso, a página exibida para cobrar o pagamento do usuário também apresenta a descrição da cobrança como “Ministério da Economia”, mas a pasta deixou de existir em 2023, mesmo ano da recriação do “Ministério da Fazenda”.

Bianca afirma ser fundamental desconfiar de mensagens que criem senso de urgência ou contenham ameaças, pois esse é um artifício comum para pressionar a vítima a pagar sem questionar.

Além disso, antes de clicar em links ou efetuar qualquer pagamento, ela sugere entrar em contato diretamente com a empresa ou instituição citada, usando canais oficiais, para confirmar a veracidade da cobrança. É possível verificar se o site é realmente o oficial conferindo o endereço completo (URL) ou buscando a página no navegador e em fontes confiáveis.

Outra sugestão é manter celulares e computadores com antivírus atualizados e verificações em duas etapas em aplicativos e contas, o que ajuda a evitar invasões que podem levar a novos golpes.

A quem denunciar: A Receita Federal orienta procurar uma Delegacia de Polícia Civil especializada para fazer denúncia caso ocorra tentativa de fraude ou extorsão.

A isso, Bianca Orrico acrescenta ser importante também comunicar imediatamente o banco ou empresa envolvida caso o golpe tenha usado o nome das instituições. O Consumidor.gov.br é um serviço público e gratuito que faz a interlocução entre consumidores e empresas para solução alternativa de conflitos de consumo pela internet.

Por fim, se o golpe envolver uso indevido de dados pessoais, é possível apresentar uma reclamação à Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) pelo site oficial.

Desconfiou que é golpe? O Comprova pode ajudar a verificar: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, eleições e possíveis golpes digitais e abre verificações para os conteúdos duvidosos que mais viralizam. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Comprova já explicou como funciona o golpe do frete, o do falso emprego e também roubos de contas de redes sociais. Verificações também já mostraram como se proteger de golpes de chamadas de robôs e do “Pix errado”. A agência Aos Fatos também fez conteúdo informativo sobre o golpe das encomendas retidas.