O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
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Eleições

Investigado por: 2022-10-01

WhatsApp não está bloqueado; vídeo sobre decisão pedindo suspensão do aplicativo é de 2015

  • Enganoso
Enganoso
É enganosa a notícia que circula por meio de vídeo, segundo a qual o aplicativo de troca de mensagens WhatsApp seria bloqueado por dois dias por determinação judicial. Trata-se de uma notícia de dezembro de 2015. O vídeo, portanto, engana ao compartilhar o conteúdo como sendo atual. À época, o bloqueio foi ordenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) no âmbito de uma ação criminal em São Bernardo do Campo (SP).

Conteúdo investigado: Vídeo de 2 minutos e 26 segundos reproduz uma reportagem veiculada no canal de notícias GloboNews. A matéria fala sobre decisão judicial no estado de São Paulo que determinou o bloqueio do aplicativo de mensagens WhatsApp por dois dias.

Onde foi publicado: YouTube, Kwai e WhatsApp.

Conclusão do Comprova: É enganoso um vídeo que circula pelas redes sociais afirmando que uma decisão judicial mandou bloquear o WhatsApp por dois dias a partir da meia-noite, sem especificar a data para a suspensão. O vídeo é de uma matéria da GloboNews exibida em 16 de dezembro de 2015. O Comprova recebeu, pelo site do projeto, uma sugestão de leitores para a verificação do conteúdo, que circula pelo WhatsApp e pode enganar ao dar a entender que a decisão é atual e estará em vigor durante o 1º turno das eleições de 2022, o que não é verdade.

Na época em que a reportagem foi exibida, o bloqueio tinha sido ordenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) no âmbito de uma ação criminal em São Bernardo do Campo (SP). O motivo do bloqueio não chegou a ser divulgado imediatamente porque, de acordo com o tribunal, a ação corria em segredo de justiça. O pedido de bloqueio tinha sido feito pelo Ministério Público depois de o WhatsApp ter desrespeitado uma decisão judicial de 23 de julho de 2015. No dia seguinte, o telejornal da rede Globo SPTV noticiou que o bloqueio foi determinado porque o aplicativo não liberou o acesso a conversas para a investigação de uma facção que atuava no roubo a bancos e caixas eletrônicos e também no tráfico de drogas.

A decisão da época determinou que o aplicativo ficaria sem funcionar nos dias 17 e 18 de dezembro de 2015, mas uma liminar do TJ-SP autorizou que as operadoras de telefonia deixassem a plataforma no ar. O bloqueio acabou durando cerca de 14 horas.

Ao Comprova, o WhatsApp informou que não há qualquer bloqueio do aplicativo no fim de semana da eleição deste ano.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: Como o conteúdo circula no WhastApp, não é possível definir a quantidade exata de repasses. É identificado, no entanto, com a etiqueta “compartilhado frequentemente” no próprio aplicativo.

O que diz o autor da publicação: Não é possível identificar a origem do compartilhamento, pois o conteúdo circula no WhatsApp.

Como verificamos: Primeiro, buscamos os termos “globonews + j10 + justiça ordena bloqueio do whatsapp” no Google. Os resultados levaram a uma verificação publicada pelo Fato ou Fake, do G1, e a duas notícias do mesmo portal sobre decisões judiciais que ordenavam o bloqueio do WhatsApp no Brasil em 2015 e 2016, além de uma verificação feita em 2018 desmentindo um bloqueio de 48 horas, com base no mesmo conteúdo aqui investigado.

Só a decisão de dezembro de 2015, no entanto, havia sido noticiada pelo portal com vídeo do Jornal das Dez, cuja logomarca – J10 – aparece nas imagens verificadas. O vídeo disponibilizado no portal G1 é o mesmo que está viralizando no WhatsApp e mostra uma notícia de 16 de dezembro de 2015.

Em seguida, foi feito contato com o WhatsApp para verificar se havia novas movimentações sobre aquela decisão, e com o Tribunal de Justiça de São Paulo. O TJ-SP respondeu que não era possível verificar o andamento da ação sem um número de processo.

Bloqueio do WhatsApp em 2015

A decisão da juíza Sandra Marques, da 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo, em dezembro de 2015, segundo matéria do portal G1, deu-se após autorização judicial para a interceptação das conversas pelo WhatsApp para investigar uma facção criminosa que também tem envolvimento com o tráfico de drogas. Apesar da autorização do grampo oficial, o WhatsApp não liberou o acesso às conversas, sendo multado em R$ 100 mil ao dia por descumprimento, além da determinação do bloqueio.

Mesmo com a determinação do bloqueio durante dois dias, o WhatsApp, na ocasião, só ficou fora do ar por algumas horas. No mesmo dia da decisão, o desembargador Xavier de Souza, da 11ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, determinou o restabelecimento do aplicativo WhatsApp em todo o país.

Outros bloqueios

Além da determinação de dezembro de 2015, outras decisões judiciais ordenaram o bloqueio do WhatsApp no Brasil. Em fevereiro de 2015, a Justiça do Piauí determinou a suspensão do aplicativo em todo o país depois de o WhatsApp se negar a fornecer informações para uma investigação policial. No mesmo dia, uma liminar suspendeu a decisão anterior e o aplicativo não chegou a ficar fora do ar.

Em maio de 2016 foi a vez da Justiça de Sergipe determinar o bloqueio por 72 horas em todo o país, alegando que o Facebook (Meta), dono do WhatsApp, tinha descumprido uma decisão anterior de compartilhar informações para uma investigação policial. Desta vez, o aplicativo chegou a ficar fora do ar por 24 horas, até que outra decisão do Tribunal de Justiça de Sergipe restabeleceu o serviço.

Novamente em 2016, agora em julho, a Justiça do Rio de Janeiro determinou o bloqueio do aplicativo, também porque o Facebook se recusava a cumprir uma decisão de fornecer informações para uma investigação policial. O serviço ficou fora do ar por uma tarde.

Sem determinações de bloqueios nas eleições

De acordo com a assessoria de comunicação do WhatsApp, a informação de um novo bloqueio no fim de semana eleitoral (1º e 2 de outubro de 2022) não passa de um boato. Procurada, a empresa confirmou que a peça em questão trata-se de um vídeo antigo que está sendo usado fora do contexto.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam na internet e estão relacionados às eleições de 2022, à pandemia da covid-19 ou às políticas públicas do governo federal. O vídeo aqui verificado é antigo e voltou a circular dias antes da eleição. Sem contexto, o conteúdo pode levar o usuário a acreditar que a proibição do WhatsApp – aplicativo de mensagens amplamente usado no Brasil – é atual e tem relação com pleito de 2022.

Outras checagens sobre o tema: O mesmo conteúdo foi investigado pelo ‘Fato ou Fake’ do G1, que concluiu tratar-se de uma desinformação. O Comprova também investigou que boato de 2018 foi resgatado para afirmar que a Polícia Federal encontrou urnas eletrônicas não zeradas.

Também foram objetos de investigação do Comprova que queixas sobre urnas devem ser registradas com o presidente da mesa, e não em aplicativo do TSE; que vídeo foi editado para parecer que Lula defende o fechamento de igrejas e que não houve redução de seções eleitorais em 2022 em função das mortes por covid-19.

Neste fim de semana, a equipe do Comprova se uniu a outras 6 iniciativas de checagem de fatos no Brasil para verificar conjuntamente desinformação sobre as eleições. A parceria reúne AFP, Aos Fatos, Boatos.org, Comprova, E-Farsas, Fato ou Fake e Lupa.

Eleições

Investigado por: 2022-10-01

Vídeo que mostra confusão entre petistas de Sergipe é de 2013 e não envolve ato de Lula

  • Falso
Falso
É falso que vídeo mostra confusão para "pagar o povo que foi participar do ato de Lula" em Aracaju (SE) na atual campanha eleitoral. As imagens foram gravadas na cidade, mas em 2013, durante o Processo de Eleições Diretas (PED) do Partido dos Trabalhadores (PT), que ocorreu em todo o país naquele ano.

Conteúdo investigado: Vídeo, publicado no TikTok, mostra uma confusão entre pessoas vestidas de vermelho. Um homem que está no centro das imagens grita bastante e xinga. Outra mulher diz que ele estaria ganhando dinheiro. No vídeo, foram inseridos dois textos: “Ato de Lula em Aracaju” e “confusão para pagar o povo que foi participar do ato de Lula”.

Onde foi publicado: Twitter, TikTok e Facebook.

Conclusão do Comprova: Confusão mostrada em vídeo não aconteceu após ato do ex-presidente e candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Aracaju, Sergipe, como afirma post no TikTok. O registro, na verdade, foi feito em novembro de 2013 durante Processo de Eleições Diretas (PED) do Partido dos Trabalhadores, que ocorreu em todo o país naquele ano. No processo, os filiados à legenda devem escolher presidente da sigla a nível nacional e estadual.

No vídeo, é possível identificar o senador Rogério Carvalho (PT-SE), que atualmente concorre ao governo do estado, mas ele está com os cabelos escuros. Em 2022, o parlamentar está com os cabelos grisalhos. A assessoria do PT em Sergipe confirmou ser o político no vídeo e afirmou se tratar de um registro de 2013 feito em Aracaju.

Na publicação, também é possível identificar o número 180 escrito na camisa das pessoas. O número não é usado pelo PT em eleições federais e nem estaduais. Além disso, nenhum candidato ao Senado (cargo em que o número do candidato tem três números) por Sergipe, em 2022, está usando o número 180, conforme o DivulgaCand.

Em buscas no Twitter, foi possível confirmar que o número 180 foi o usado por Rui Falcão para concorrer ao cargo de presidente nacional do PT em 2013. Além disso, uma reportagem do G1 daquele ano sobre as eleições internas do partido mostra as pessoas usando a mesma camiseta que aparece no vídeo.

Lula, que atualmente faz campanha para a Presidência da República, esteve em Aracaju em 18 de junho deste ano. Na ocasião não foram registrados tumultos.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: Até o dia 1º de outubro, o vídeo no TikTok tinha 6.029 curtidas, 1.359 comentários e 6.021 compartilhamentos. No Facebook, a publicação tinha 3,8 mil comentários e 197 mil visualizações. No Twitter, apenas uma das publicações somou 1.055 compartilhamentos e 2.467 curtidas.

O que diz o autor da publicação: O vídeo foi postado no TikTok. No perfil, tem a identificação de que a pessoa trabalha na prefeitura de Novo São Joaquim (MT). Como a rede social não permite envio de mensagens entre perfis que não se seguem, o Comprova procurou o nome do perfil no Google. O resultado encontrou uma página de um escritório de contabilidade em Novo São Joaquim, que tem um número de contato de WhatsApp. A equipe enviou uma mensagem, mas até o momento não teve retorno.

Como verificamos: Para fazer a verificação, o primeiro passo foi procurar em que outros locais o vídeo foi postado. Encontramos uma publicação no Twitter, de junho de 2022. Nos comentários do post, algumas pessoas apontavam que o homem no centro da imagem seria o senador e candidato ao governo de Sergipe, Rogério Carvalho, e que as imagens seriam antigas. Também havia um comentário que falava que a situação tinha acontecido no Sindicato dos Bancários.

Procuramos então as assessorias do PT em Sergipe, do PT Nacional, de Rogério Carvalho e do Sindicato dos Bancários. O PT em Sergipe explicou que as imagens seriam de uma eleição interna do partido em 2013.

Para confirmar se a informação realmente procedia, o Comprova procurou no Google e no Twitter, usando a ferramenta de busca por data, informações sobre a eleição interna daquele ano. A busca encontrou notícias no Estado de Minas e no G1. Na reportagem do G1, é possível comparar a roupa usada pelas pessoas no vídeo checado.

A equipe também procurou no DivulgaCand, ferramenta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), se algum candidato ao Senado por Sergipe está usando o número 180, que aparece nas camisetas das pessoas no vídeo, nas urnas. Também comparamos as imagens atuais do senador Rogério Carvalho com as do vídeo, nelas é possível ver que o parlamentar está com a aparência mais envelhecida agora.

Por fim, tentamos contato com o autor da publicação.

Vídeo foi gravado nas Eleições Diretas do PT em 2013

O conteúdo foi gravado durante o Processo de Eleições Diretas do PT que ocorreu em todo o país em 2013. Nele aparece Rogério Carvalho – na época deputado federal e atualmente senador e candidato do partido ao governo de Sergipe – discutindo com outros militantes.

Naquele ano, Rui Falcão foi eleito presidente nacional do partido e concorreu com o número 180, como mostram publicações da época em redes sociais (1, 2 e 3). Além disso, nenhum dos sete candidatos ao Senado de Sergipe em 2022 usa o número 180 nestas eleições.

O número está estampado em camisetas vestidas por várias pessoas que aparecem no vídeo e é visível mesmo com a péssima resolução do material. Uma reportagem exibida pelo jornal Bom Dia SE, da TV Sergipe, afiliada à Rede Globo, traz imagens daquele período. Nelas, é possível ver pessoas trajando a mesma vestimenta:

 

| Captura do vídeo verificado realizada pelo Comprova
 
| Captura realizada pelo Comprova de reportagem exibida em 2013 pelo telejornal Bom Dia SE, da TV Sergipe.
 

Outra prova de que o vídeo não é atual são as características físicas de Rogério Carvalho. Nas imagens verificadas ele está com os cabelos escuros, mas atualmente os apresenta grisalhos:

 

| Captura do vídeo investigado feita pelo Comprova mostra cabelos escuros de Rogério Carvalho
 
| Foto de ato de Lula em Sergipe, em junho de 2022, publicada no site do PT
 

Lula esteve em Sergipe no dia 18 de junho deste ano e realizou ato no Centro de Convenções, no Bairro Inácio Barbosa, em Aracaju. Na ocasião, conforme pesquisa feita pelo Comprova, não foram noticiados tumultos.

A camiseta utilizada por Rogério Carvalho no ato de Lula e no vídeo também é diferente. Nas imagens verificadas, ele está com uma blusa vermelha e sem estampa. Já no dia em que Lula esteve na cidade, o candidato ao governo de Sergipe vestia roupa estampando o rosto do ex-presidente:

 

| Captura do vídeo investigado, feita pelo Comprova, mostra camiseta de Rogério Carvalho sem estampa
 
| Transmissão ao vivo do ato de Lula em Aracaju, em junho deste ano, mostra Rogério Carvalho vestindo camiseta estampada
 

A assessoria de comunicação do PT em Sergipe confirmou que o vídeo em questão se trata de um episódio ocorrido em 2013, durante votação interna do partido, e destacou ser possível verificar a temporalidade do material citando que Rogério Carvalho está visivelmente mais jovem nas imagens verificadas. “Lamentavelmente, o material, que é absolutamente antigo, tem sido usado de maneira descontextualizada com o objetivo de enganar o eleitor sergipano”, diz o partido.

 

 

O secretário de Comunicação do PT em Sergipe, Plínio Pugliesi, explicou ao Comprova que as imagens foram registradas na sede do Sindicato dos Bancários em Aracaju, quando Rogério concorria à presidência estadual do partido, eleição que venceu. “Por ser um processo eleitoral interno do partido, marcado tradicionalmente por disputas acirradas, aconteceu essa tensão entre ele e alguns militantes, que logo depois foi superada internamente, mas hoje está sendo divulgado em forma de fake news”, declarou.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre as eleições presidenciais, políticas públicas e a pandemia. Durante o período que antecede as eleições no Brasil, muitos conteúdos estão sendo divulgados com o objetivo de tumultuar o processo eleitoral e a escolha do eleitor. O vídeo aqui verificado apresenta uma informação falsa envolvendo o presidenciável Lula. A população deve escolher seus candidatos com base em informações verdadeiras e confiáveis.

Outras checagens sobre o tema: Em verificações recentes sobre as eleições, o Comprova mostrou que não há evidências de que urnas tenham chegado a Cordeiro (RJ) com votos já registrados, ao contrário do que afirma áudio, que apoiador que tirou foto com Bolsonaro em Garanhuns não é tio de Lula, diferentemente do que diz post e que queixas sobre urnas devem ser registradas com o presidente da mesa, não em aplicativo do TSE.

Neste fim de semana, a equipe do Comprova se uniu a outras 6 iniciativas de checagem de fatos no Brasil para verificar conjuntamente desinformação sobre as eleições. A parceria reúne AFP, Aos Fatos, Boatos.org, Comprova, E-Farsas, Fato ou Fake e Lupa.

Eleições

Investigado por: 2022-10-01

Eleitores de Lula não têm dia diferente para votação. Todos os brasileiros votam em 2 de outubro

  • Falso
Falso
É falso o áudio que indica dia diferente de votação para eleitores do ex-presidente e candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No conteúdo compartilhado em um aplicativo de mensagens, a alegação é que a suposta diferença de datas foi divulgada no Jornal Nacional, da TV Globo, e que seria para evitar confusão com apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa a reeleição, o que é mentira. O primeiro turno da eleição deste ano ocorre neste domingo, dia 2 de outubro, para todos os eleitores.

Conteúdo investigado: Em um áudio que circula no WhatsApp, um homem afirma que os eleitores que pretendem votar no ex-presidente Lula devem ir às urnas no dia 3 de outubro (segunda-feira), e não no dia 2 de outubro (domingo), para evitar conflitos com eleitores que votarão em Bolsonaro.

Onde foi publicado: WhatsApp.

Conclusão do Comprova: É falsa a alegação que circula em um áudio no WhatsApp na qual um homem diz que viu no Jornal Nacional, da TV Globo, uma matéria que supostamente teria dito que eleitores dos candidatos Lula e Bolsonaro devem votar em dias diferentes nas eleições presidenciais deste ano. O primeiro turno das eleições presidenciais de 2022 será realizado no dia 2 de outubro (domingo) e todos os eleitores que pretendem comparecer às urnas devem fazê-lo neste dia.

Diferentemente do que alega o áudio, o Jornal Nacional não divulgou o material mencionado na mensagem falsa. Uma reportagem veiculada pelo JN na última sexta-feira, 30, destacou que o Brasil tem recorde de eleitores aptos a votar nas eleições de 2022 e mencionou detalhes que envolvem o eleitorado e que a votação ocorrerá no próximo domingo (2 de outubro).

Onde houver segundo turno, o eleitor deverá comparecer às urnas no dia 30 de outubro. O voto é obrigatório para os brasileiros com idade entre 18 e 69 anos e é facultativo para as pessoas analfabetas, jovens com 16 e 17 anos e para quem tem mais de 70 anos de idade.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e tenha sido divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: Não é possível dimensionar o alcance da publicação que circula em aplicativo de mensagem como o WhatsApp.

O que diz o autor da publicação: Também não foi possível identificar o autor do áudio e, por isso, o Comprova não conseguiu contato.

Como verificamos: Consultamos o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), instituição responsável pela organização do pleito, e conferimos o calendário das eleições de 2022. Nele consta o dia 2 de outubro como a data oficial para o primeiro turno em todo o país. No caso de segundo turno, a votação será realizada no dia 30 de outubro também para todos os eleitores.

Ainda no site do TSE pesquisamos sobre os cargos em disputa no dia 2 de outubro e a ordem de votação, que segue o previsto na Resolução 23.669/2021. A norma dispõe sobre os atos gerais do processo eleitoral deste ano.

A equipe ainda fez consultas na internet sobre reportagem de eleições no Jornal Nacional e a pesquisa retornou uma matéria da última sexta-feira, 30 de setembro, indicando a data correta da votação.

Dia da votação é 2 de outubro para todos

No calendário eleitoral definido pelo TSE, o primeiro turno de votação para todos os eleitores é neste domingo, 2 de outubro. A última atualização que houve nessas normas foi registrada em dezembro do ano passado, no site do órgão. Em caso de segundo turno, para os cargos de governador ou presidente, a votação se dará no dia 30 de outubro. A data da eleição também está prevista na Constituição Federal.

A votação começa às 8h e termina às 17h do horário de Brasília. As pessoas que estiverem na fila da seção no horário de fechamento ainda poderão votar. Neste ano, há uma novidade: o horário de votação será unificado em todo o país. Como consequência, estados com fuso horário diferente ao de Brasília terão de se adequar à medida.

Assim, as seções de Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima e de parte do Amazonas abrem uma hora antes, ou seja, às 7h do horário local, e fecham também uma hora antes, às 16h. Nas localidades que seguem o fuso do Acre, os trabalhos começam às 6h e se encerram às 15h. Já em Fernando de Noronha (PE), a votação será iniciada às 9h do horário local, e se encerrará às 18h.

Ordem da votação

Na eleição deste ano, o eleitor brasileiro deverá escolher candidatos para o Legislativo e Executivo. Cinco cargos estarão em disputa, sendo dois para o poder Executivo (governador e presidente da República) e três do poder Legislativo (deputado federal, deputado estadual ou distrital e senador).

No momento da votação, o TSE destaca a importância de que o eleitor esteja atento para a ordem de votação estabelecida pelo Congresso Nacional.

O primeiro a ser votado será o candidato a deputado federal, que tem o número representado por quatro dígitos. Na sequência, vem o candidato a deputado estadual ou distrital, com número representado por cinco dígitos. Depois, o eleitor escolherá o candidato a senador e deverá teclar três dígitos na urna eletrônica. Em seguida, a votação é para governador (dois dígitos) e presidente (dois dígitos), respectivamente.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizaram nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. O áudio tenta induzir eleitores do ex-presidente Lula a não comparecer no dia da votação, marcado para 2 de outubro, indicando a data errada do pleito. A desinformação é uma prática nociva à democracia porque a população tem direito de fazer suas escolhas baseadas em conteúdos confiáveis.

Outras checagens sobre o tema: Os conteúdos de desinformação sobre as eleições são recorrentes neste momento. O Comprova já demonstrou ser falso que urnas chegaram com votos registrados em Cordeiro (RJ), que apoiador que tirou foto com Bolsonaro não é tio de Lula e que vídeo usa boato de 2018 para afirmar que Polícia Federal encontrou urnas não zeradas em Brasília.

Sobre o conteúdo aqui investigado, o Fato ou Fake também o classificou como falso, negando que eleitores de Lula e Bolsonaro devam votar em dias diferentes.

 

Neste fim de semana, a equipe do Comprova se uniu a outras 6 iniciativas de checagem de fatos no Brasil para verificar conjuntamente desinformação sobre as eleições. A parceria reúne AFP, Aos Fatos, Boatos.org, Comprova, E-Farsas, Fato ou Fake e Lupa.

Eleições

Investigado por: 2022-09-30

Não há evidências de que urnas tenham chegado a Cordeiro (RJ) com votos já registrados, ao contrário do que afirma áudio

  • Falso
Falso
É falso o conteúdo de áudio que afirma que urnas eletrônicas teriam chegado à cidade de Cordeiro, na região serrana do Rio de Janeiro, com votos registrados para o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Em nota, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) comunicou a abertura de uma investigação no cartório da 52ª Zona Eleitoral (Cordeiro) contra o suspeito de produzir o conteúdo de desinformação. Antes de iniciar o processo de votação, todas as urnas eletrônicas passam pelo procedimento de emissão da zerésima, documento que confirma que nenhum voto foi depositado no equipamento.

Conteúdo investigado: Áudio que circula no WhatsApp aponta suposta fraude eleitoral por meio da inserção de votos – de forma antecipada e a favor de Lula – em urnas eletrônicas encaminhadas à cidade de Cordeiro, no Rio de Janeiro.

Onde foi publicado: WhatsApp.

Conclusão do Comprova: É falsa a informação de que duas urnas eletrônicas enviadas à cidade fluminense de Cordeiro já teriam votos registrados para Lula, como diz um áudio que circula no WhatsApp. O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) desmentiu o conteúdo em nota publicada na quarta-feira (28/9). O Ministério Público do Estado (MPE-RJ) também classificou o conteúdo como falso.

Segundo o texto publicado no site do tribunal, a Justiça Eleitoral do Rio encerrou o processo de preparação dos aparelhos em cerimônia aberta ao público e a entidades, como partidos e o Ministério Público. Pelo MPE-RJ, acompanharam a preparação das urnas equipes da 52ª Promotoria Eleitoral que atua em Cordeiro. Nenhum tipo de irregularidade foi encontrada nas cerca de 39 mil urnas que serão utilizadas no estado no domingo (2), quando acontece o primeiro turno das eleições de 2022.

Mesmo que houvesse algum problema durante a preparação, em toda eleição as urnas precisam passar pelo processo de emissão da zerésima no dia da votação, antes da abertura das seções eleitorais ao público. A zerésima é um documento impresso na própria urna e atesta que não há nenhum voto registrado no aparelho. Depois de impressa, ela deve ser assinada pelo presidente da seção eleitoral e pelos mesários e fiscais dos partidos ou coligações presentes no local.

Após a circulação do áudio, o TRE informou que o cartório da 52ª Zona Eleitoral do Rio, que fica em Cordeiro, abriu uma investigação para responsabilizar o autor das declarações falsas. Segundo o tribunal, o suspeito foi identificado e deverá responder criminalmente.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e tenha sido divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: Não é possível medir o alcance de mensagens que circulam no WhatsApp.

O que diz o autor da publicação: Não é possível identificar o autor do áudio que circula no WhatsApp, portanto, o Comprova não conseguiu contatá-lo. O cartório da 52ª Zona Eleitoral do Rio de Janeiro diz ter colhido indícios que indicam a identidade do suspeito, mas não revelou essas informações ao público.

Como verificamos: Iniciamos verificação buscando no Google pelas palavras “fraude urnas” e “Cordeiro”, que retornou a publicação do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro. O próprio conteúdo cita uma apuração aberta pela zona eleitoral responsável pelo município com objetivo de responsabilizar o autor do conteúdo falso.

Também buscamos informações já divulgadas pela Justiça Eleitoral que explicam o processo de preparação das urnas citado pelo TRE e o funcionamento da “zerésima” — documento emitido no dia da votação que atesta que não há nenhum voto registrado nas urnas eletrônicas.

O Comprova buscou, ainda, posicionamento do Ministério Público do Rio de Janeiro, que confirmou se tratar de um conteúdo falso.

A preparação das urnas

Depois que o Tribunal Superior Eleitoral envia as urnas aos estados, os TREs fazem a preparação desses aparelhos. O processo, que é feito em uma cerimônia aberta ao público, consiste na instalação do sistema operacional das urnas, que inclui programas e dados dos candidatos e eleitores da região. Em seguida, a Justiça Eleitoral faz testes para verificar se os aparelhos estão funcionando da forma correta.

Entre os programas inseridos nas urnas, está um software do TSE com mecanismos de segurança para impedir a instalação de programas ou dados não reconhecidos pela Justiça. Os aparelhos nunca são conectados à internet ou a outra rede de comunicação externa, o que os protege contra invasões. Além disso, os sistemas instalados só permitem o uso das urnas no momento programado para a votação.

Após a preparação, as urnas são seladas com lacres produzidos pela Casa da Moeda e armazenadas em um local escolhido pelos TREs. Na véspera das eleições, a Justiça Eleitoral as transporta para os locais de votação. Depois, para voltar a garantir que os aparelhos não foram violados, os presidentes das seções eleitorais, mesários e fiscais de partidos presentes no dia da eleição emitem e assinam as zerésimas.

Vídeo do TSE sobre a zerésima

A zerésima é um relatório impresso pelas próprias urnas. Depois da impressão, ela deve ser guardada em um envelope, que no fim da votação será enviado à Justiça Eleitoral. Uma cópia do documento também é impressa nesse momento e afixada na porta das seções eleitorais, em um local visível para os eleitores. Apenas depois desses procedimentos a votação pode começar.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam na internet e estão relacionados às eleições de 2022, à pandemia da covid-19 ou às políticas públicas do governo federal. A postagem verificada dissemina conteúdo falso que descredibiliza o processo eleitoral e as urnas eletrônicas.

Outras checagens sobre o tema: O conteúdo alvo desta verificação foi classificado como falso pelo próprio Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro. Além disso, o áudio foi desmentido em checagens produzidas pelo G1, Uol Confere e Estadão, por exemplo.

O Comprova também investigou recentemente informação sobre suposta redução do número de seções de votação em função das mortes por covid-19; alegações falsas de que funcionários da Justiça Eleitoral estariam fraudando urnas eletrônicas durante procedimento de carga e lacração e que a terceirização de procedimentos comprometeria integridade das eleições.

Eleições

Investigado por: 2022-09-30

Apoiador que tirou foto com Bolsonaro em Garanhuns não é tio de Lula, ao contrário do que afirma post

  • Falso
Falso
É falso que foto mostre um tio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sentado ao lado de Jair Bolsonaro (PL) durante visita do atual mandatário a Garanhuns, em Pernambuco. A imagem, usada para afirmar que nem a família do petista vai votar nele, mostra, na verdade, um homem que não possui parentesco com Lula. O registro foi feito no dia 17 de setembro deste ano, data em que Bolsonaro passou pela cidade natal do adversário político. O Comprova falou com o filho do senhor apontado como familiar do petista, que negou qualquer relação entre o pai e Lula.

Conteúdo investigado: Tuíte com foto do presidente Jair Bolsonaro posando com três homens e a legenda “Bolsonaro recebido por tio e sobrinho de Lula em Garanhuns. PE… Nem a família do famigerado vota e nem confia no moluscolo” (sic). A mesma imagem circula no TikTok com um áudio em que o autor afirma que o homem de chapéu e óculos é tio do petista e que não vai votar nele.

Onde foi publicado: Twitter e TikTok.

Conclusão do Comprova: É falso post que usa foto de Bolsonaro sentado ao lado de apoiadores em evento em Garanhuns, em Pernambuco, para dizer que nem o tio de Lula (PT), que estaria no clique, vai votar no petista nas eleições presidenciais deste ano.

A foto é verdadeira e mostra Bolsonaro durante um almoço na Associação Garanhuense de Atletismo (AGA) com outros três homens. Um deles, mais velho e usando chapéu, é apontado nos conteúdos falsos como “tio de Lula”.

A publicação, contudo, desinforma, já que a imagem não mostra um parente de Lula. A reportagem conversou com os outros dois homens que aparecem no clique, um deles sendo o filho do senhor apontado como familiar do petista. Ambos afirmaram que o conteúdo é mentiroso.

De acordo com Giovani Goes, filho do senhor destacado na foto, seu pai não tem nenhum parentesco com o candidato do PT. “Sou totalmente contra o que está acontecendo, de terem usado a nossa imagem, de alguém ter feito um áudio dizendo que ele é parente de Lula”, declarou Giovani.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e tenha sido divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: Até o dia 30 de setembro, a postagem no Twitter alcançou 862 curtidas e 242 retuítes. No TikTok, o post chegou a 36,7 mil visualizações, 3,6 mil curtidas, 1,2 mil compartilhamentos e 248 comentários.

O que diz o autor da publicação: Entramos em contato por mensagem direta com um perfil que fez a postagem no Twitter. O responsável apagou o post e afirmou que retirou a publicação de outro perfil, mas não se lembra qual. O conteúdo também foi reproduzido em postagem no TikTok, plataforma que não permite envio de mensagens entre contas que não se seguem mutuamente. Pesquisamos pelo nome do autor da postagem em outras redes sociais e encontramos a mesma foto usada no TikTok em perfis no Instagram e no Facebook. A equipe encaminhou mensagem por meio destas plataformas, mas não recebeu retorno.

Como verificamos: A checagem deste conteúdo começou com pesquisa no Google sobre a visita de Bolsonaro a Garanhuns, que encontrou reportagens mostrando que o candidato esteve no município no dia 17 de setembro deste ano, quando participou da Marcha Para Jesus. Matérias publicadas por UOL e O Globo sobre a visita mostraram que o PT orientou seus militantes a ficarem em casa, com o objetivo de evitar confrontos. As publicações citam como fonte Eraldo Ferreira, identificando-o como primo de Lula e dirigente do PT na cidade.

Com essa informação, a equipe entrou em contato com o diretório estadual do PT em Pernambuco e conseguiu o telefone de Eraldo com uma assessora. O petista confirmou ser primo de Lula e negou que o homem apontado na postagem aqui verificada seja tio do candidato.

Eraldo identificou Giovani Goes na imagem, informou tratar-se do filho do idoso descrito pelo conteúdo como tio de Lula. Eraldo, então, nos encaminhou um número de telefone. Em seguida, entramos em contato com Giovani, que também negou que seu pai tenha qualquer parentesco com o ex-presidente e informou que a foto havia sido feita em um espaço na Associação Garanhuense de Atletismo, onde houve um almoço com Bolsonaro.

Também procuramos o candidato a deputado federal Joctã Barros (PTB-PE), que aparece na foto. Chegamos ao nome dele após contato com o dono do restaurante onde o registro foi feito. Em suas redes sociais, o político fez uma postagem desmentindo o conteúdo e esclarecendo que o idoso na foto não é tio de Lula, mas um veterano do Exército e presbítero em Garanhuns.

Com a informação de que o senhor na foto é presbítero na cidade, conseguimos falar com o Colégio Presbiteriano XV de Novembro, e a pessoa que atendeu o telefone, que não quer ter o nome publicado, disse conhecê-lo. Enviamos a foto do senhor para ela, que confirmou ser quem Giovani dizia que era.

Antes de identificar e contatar o primo de Lula, a reportagem chegou a procurar a assessoria de imprensa do ex-presidente, que afirmou que ele tem muitos parentes e que nem todos são próximos. “Lula saiu com 7 anos de Pernambuco, de uma família grande, com pai e mãe com muitos irmãos, em outra época”, informou um assessor, acrescentando que não teria condições de colaborar para esta checagem.

Imagem não mostra tio de Lula

A foto aqui verificada foi registrada durante o encontro na AGA no dia 17 de setembro. Além de Bolsonaro e José Agostinho de Goes, conhecido como senhor Goes, que usa um chapéu, também aparecem na imagem Giovani Goes, que veste uma camisa amarela e é filho do senhor Goes, e o político local Joctã Barros (PTB), vestindo uma camiseta com a bandeira do Brasil.

| Foto usada na peça de desinformação mostra Bolsonaro sentado ao lado de Goes. De pé, vestido de amarelo, é Giovani Goes. Joctã Barros está vestindo camisa verde

| Print de postagem feita por Joctã Barros. É possível ver o filho de Goes ao fundo da imagem, em situação semelhante à foto usada no conteúdo de desinformação aqui verificado. Na legenda, Joctã diz que Goes não é parente de Lula

Em entrevista ao Comprova, Giovani disse que seu pai não tem qualquer parentesco com Lula. De acordo com ele, o idoso foi convidado para o almoço com o presidente porque é evangélico e veterano do Exército. “Nosso sobrenome é Goes. Não tem nenhum grau de parentesco com o ex-presidente. Eu tenho recebido várias ligações, mensagens, pessoas conhecidas perguntando. Isso incomoda”, disse.

A mesma versão da história foi apresentada ao Comprova por Eraldo, primo de Lula e dirigente do PT na cidade, e pelo candidato a deputado federal Joctã Barros, que está de camiseta verde na foto. “Seu Goes é um senhor que está completando em novembro próximo 100 anos de idade, é veterano do Exército e é o presbítero mais antigo da igreja presbiteriana aqui de Garanhuns. O que passar disso aí é pura invencionice, é boato, não procede. Não tem parentesco nenhum com Lula”, afirmou Barros.

A reportagem pediu a Giovani que encaminhasse fotos e registros com o pai, para que a equipe pudesse compará-lo com o idoso que aparece na foto, mas ele respondeu que a família não gostaria de expor o homem, que está próximo de completar 100 anos.

Publicação no site do 71º Batalhão de Infantaria Motorizado, localizado em Garanhuns, mostra homenagem ao “senhor Goes”, 99 anos, no Dia do Soldado, em 25 de agosto. Imagens do evento exibem-no ao lado do filho, que também aparece no registro divulgado na peça de desinformação. As fotos foram publicadas pelo Exército em 8 de setembro de 2022.

| Imagem de divulgação de homenagem a José Agostinho de Goes. Crédito: Exército Brasileiro.

Visita de Bolsonaro a Pernambuco

Bolsonaro fez maratona de visitas a cidades pernambucanas no dia 17 de setembro. Em motociata, o candidato saiu de Santa Cruz do Capibaribe e passou por Toritama e Caruaru. A distância entre os municípios é de 42 quilômetros.

Depois, Bolsonaro foi de helicóptero para Garanhuns, onde chegou por volta das 13h30, e foi recebido em almoço com empresários e lideranças evangélicas na AGA. Na sequência, o presidente participou da Marcha Para Jesus na cidade.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre as eleições presidenciais, a realização de obras públicas e a pandemia. Durante o período que antecede as eleições no Brasil, muitos conteúdos estão sendo divulgados com o objetivo de tumultuar o processo eleitoral e a escolha do eleitor, divulgando desinformação a respeito dos candidatos, como a peça aqui verificada. A população deve escolher seus candidatos com base em informações verdadeiras e confiáveis.

Outras checagens sobre o tema: Lula e o PT são alvos recorrentes de verificações do Comprova nessas eleições. Nos últimos dez dias, o projeto classificou como falso conteúdo que afirma que o partido tenha projeto de moradia social para abrigar famílias sem teto em casas que já têm dono e montagem dizendo que o ex-presidente teria dito que a Venezuela “não precisa de críticas”, mas de “empréstimos”.

Eleições

Investigado por: 2022-09-30

Queixas sobre urnas devem ser registradas com o presidente da mesa, não em aplicativo do TSE

  • Enganoso
Enganoso
É enganoso que seja possível registrar denúncias no aplicativo Pardal, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em caso de problemas na hora da votação nas Eleições 2022. Diferentemente do que afirma vídeo gravado em 2018 que voltou a circular nas redes sociais com declaração da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), a orientação do TSE para este ano é que os eleitores apresentem a queixa sobre eventual mau funcionamento da urna diretamente ao presidente da mesa receptora de votos. O documento utilizado por Zambelli no vídeo para fundamentar a fala era válido apenas para o segundo turno do pleito de 2018.

Conteúdo investigado: Republicação de um vídeo de 2018 em que Carla Zambelli (PL-SP) fala que, no dia da votação, os eleitores podem chamar o mesário para registrar denúncias no aplicativo Pardal, do TSE, em caso de problemas com a urna eletrônica no momento do voto. No final da gravação, Zambelli mostra um documento assinado pela então presidente do TSE, Rosa Weber, e pelo então ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que contém orientações em situação de complicações no momento do voto.

Onde foi publicado: Kwai.

Conclusão do Comprova: É enganoso que os eleitores brasileiros poderão registrar denúncias no aplicativo Pardal, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), caso haja problemas na hora da votação nas eleições. O vídeo que contém desinformação mostra a deputada federal Carla Zambelli apresentando uma orientação conjunta do TSE e do Ministério da Segurança Pública sobre o tema. Mas o conteúdo, que circula agora no Kwai, é, na verdade, de 2018.

A Justiça Eleitoral informou que o aplicativo Pardal não receberá ocorrências desse tipo em 2022. Segundo o órgão, a ferramenta receberá denúncias apenas de ilícitos eleitorais, como as práticas de propaganda eleitoral irregular, compra de votos, abuso de poder econômico e político, dentre outros.

Nestas eleições, conforme informações do TSE, eleitores que queiram se queixar de problemas na hora do voto devem falar diretamente com o presidente da mesa receptora de votos – área composta por seis mesários nomeados por um juiz eleitoral e onde fica instalada a urna eletrônica. Em seguida, o juiz deve ser contatado e a ocorrência deve ser registrada em ata.

O Comprova classifica como enganoso todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga conteúdos que têm maior alcance nas redes sociais. Até o dia 30 de setembro, o vídeo verificado teve 303,7 mil visualizações; 38,1 mil curtidas; 2,2 mil comentários e 20,7 mil compartilhamentos.

O que diz o autor da publicação: O Comprova entrou em contato com o autor da postagem por meio de mensagem direta no aplicativo Kwai, mas não obteve retorno até o fechamento desta verificação.

Como verificamos: Para apurar as informações do vídeo, o Comprova consultou o documento citado por Zambelli disponível no site do TSE, além de outros materiais do tribunal sobre as urnas eletrônicas (1 e 2).

Em nosso processo de verificação, buscamos a postagem original do vídeo. No entanto, em meio a tantas publicações da candidata, não encontramos o conteúdo. Solicitamos o conteúdo para a assessoria de imprensa de Carla Zambelli, que não retornou nosso contato.

A equipe também reuniu informações sobre o aplicativo Pardal e entrou em contato com a assessoria do TSE e com a pessoa responsável pela publicação do vídeo.

Documento mostrado por Zambelli é de 2018

No vídeo alvo da checagem, a deputada federal Carla Zambelli faz referência a um documento com orientações sobre como proceder em eventuais problemas no momento do voto. O documento mostrado na filmagem é de 16 de outubro de 2018, cujo título é “Orientação Conjunta N° 01/2018 TSE/MSP”, e foi assinado pela então presidente do TSE, ministra Rosa Weber, e pelo então ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann.

À época, o TSE e o Ministério da Segurança Pública expediram orientações para o segundo turno daquele pleito “com o objetivo de uniformizar o atendimento, o registro e o encaminhamento de queixas relativas a um eventual mau funcionamento das urnas eletrônicas e padronizar o tratamento de ocorrências apresentadas às polícias, além de evitar a desinformação no dia da eleição”.

Dentre as medidas citadas no texto estavam a orientação para que o eleitor comunicasse ao mesário ou presidente da mesa da respectiva seção qualquer problema no ato do voto; procedimentos para que o presidente da mesa registrasse a ocorrência em ata e meio digital (aplicativo Pardal), sendo obrigatório o registro no mesmo aplicativo; e comunicação do ocorrido ao juiz eleitoral da região, a quem caberia decidir sobre providências a serem adotadas.

Dois dias depois, um segundo documento foi emitido em conjunto pelos órgãos supracitados. A “Orientação Conjunta N° 02/2018 TSE/MSP” alterou trechos da recomendação inicial, retirando a obrigatoriedade de que mesários e presidente de seções registrassem a ocorrência no aplicativo Pardal, mas possibilitando que o próprio eleitor fizesse o procedimento, caso desejasse.

A alteração aconteceu sob a justificativa de ser necessário “evitar a formação de filas durante a votação” e citando a “inexistência de acesso à internet em seções e os custos de transmissão de dados a serem suportados pelos mesários”, caso a obrigatoriedade do uso do aplicativo fosse mantida.

Sendo assim, as novas orientações assinadas por TSE e MSP determinaram que não caberia aos mesários e presidentes de seção, mas ao cartório eleitoral ou servidor sob a responsabilidade do juiz eleitoral “tão logo possível, efetuar o registro das atas (referentes às ocorrências trazidas por eleitores), no aplicativo Pardal, selecionando, no aplicativo, a opção ‘nova denúncia’ e, em seguida, ‘outros/denúncias’, inclusive inserindo foto da ata lavrada”.

Eleitor não pode registrar queixas sobre as urnas no Pardal nas eleições de 2022

A reportagem do Comprova acessou o Pardal no dia 27 de setembro e, no aplicativo, atualmente, não aparecem as opções “nova denúncia” e “outros/denúncias”. Ao se conectar, o cidadão vê duas opções: “fazer uma denúncia” ou “consultar uma denúncia”. Ao clicar em “fazer uma denúncia”, a página é direcionada a uma nova aba com outras duas opções: “propaganda eleitoral irregular” ou “internet e outras irregularidades eleitorais”:


| Capturas de tela feitas no dia 27/09/2022 às 14h18 e 14h19, respectivamente.

Dada a repercussão da desinformação, a Justiça Eleitoral, na seção Fato ou Boato de seu site, informou que, em 2022, o aplicativo Pardal não recebe relatos de problemas com a urna. Segundo o órgão, essa ferramenta é exclusiva para receber denúncias de ilícitos eleitorais, como propaganda eleitoral irregular de compra de votos, abuso de poder econômico, abuso de poder político, uso da máquina pública para fins eleitorais e uso indevido dos meios de comunicação social.

Saiba como denunciar em caso de falha

Em caso de problemas no dia da votação, o TSE orienta os eleitores a apresentarem eventuais denúncias de defeitos ou mau funcionamento da urna eletrônica diretamente a quem preside a mesa receptora de votos. Em seguida, o juiz responsável pela seção eleitoral deve ser imediatamente contatado, sendo que essa ocorrência deve ser registrada em ata com a descrição do problema apresentado e o encaminhamento que foi dado.

Para garantir a continuidade da votação, a Justiça Eleitoral também prevê mecanismos de contingência a fim de preservar e evitar a perda do voto dos eleitores, sem desconsiderar as necessidades de transparência e segurança que permeiam o processo eleitoral como um todo.

O primeiro procedimento é o ato de desligar e religar a urna eletrônica. A ação é feita pelo próprio mesário (no caso, o presidente da mesa), à vista dos fiscais presentes. O simples reinício da máquina, de forma análoga ao reinício de outros dispositivos eletrônicos (computadores, telefones celulares), não altera informações já gravadas em cartões de memória. Ou seja, nem os votos já gravados nem a informação de quais eleitores já votaram sofrem alteração.

Caso o problema persista, os procedimentos são: reposicionamento do cartão de memória; substituição do cartão de memória externo; e substituição da urna com falha. Se ainda assim os procedimentos de contingência não forem suficientes, só então a votação deverá prosseguir com o uso de cédulas de papel até o encerramento. Para isso e a fim de permitir eventual auditoria pós-eleições, várias providências devem ser adotadas, como as lacrações tanto da urna defeituosa quanto da urna de contingência e os respectivos envios para a junta eleitoral e equipe designada pelo juiz eleitoral.

Conforme explica o TSE, as urnas eletrônicas são fabricadas levando em consideração um prazo de cerca de dez anos de uso e, por isso, há mais de um modelo a cada eleição. A interface da máquina permanece a mesma, no entanto, internamente, os equipamentos recebem novos dispositivos de segurança ou com mais memória interna, entre outras melhorias. Embora sejam adotados testes preventivos a fim de evitar problemas, a urna eletrônica, assim como qualquer dispositivo eletrônico, pode apresentar falhas.

Dados do tribunal eleitoral mostram que no primeiro turno das eleições de 2014, por exemplo, houve a substituição de 5.275 urnas em todo país, o que representa pouco mais de 1% das quase 450 mil urnas usadas. No segundo turno, o número foi de 3.480 urnas, menos de 1% do total. Já na eleição seguinte, segundo a Agência Brasil, no primeiro turno, 2,4 mil máquinas foram substituídas e, no segundo, o número subiu para pouco mais de 4,3 mil.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre as eleições presidenciais, políticas públicas do governo federal e a pandemia. A poucos dias do primeiro turno das eleições de 2022, são frequentes os conteúdos que tentam colocar em dúvida a segurança das urnas e do pleito. Peças de desinformação como esta verificada, que tentam tumultuar o processo eleitoral, podem influenciar na decisão de eleitores brasileiros. A população deve escolher seus candidatos com base em informações verdadeiras e confiáveis.

Outras checagens sobre o tema: Em verificações recentes sobre as eleições, o Comprova mostrou que é falso que 70% do processo eleitoral seja terceirizado e que a terceirização comprometa a integridade das eleições, que tuíte engana ao indicar o 17 como número de urna de Bolsonaro nas eleições e que vídeo foi manipulado para mostrar o presidente à frente de Lula em pesquisa do Ipec.

Comunicados

Coalizão CheckBR faz maratona de 48 horas contra desinformação eleitoral

  • #CheckBR
#CheckBR
Sete organizações de checagem, incluindo o Comprova, reeditam coalizão de 2018 para verificar conteúdos suspeitos sobre a eleição no final de semana do primeiro turno. Todas as checagens publicadas e republicadas pelas organizações serão marcadas nas redes sociais com a hashtag #CheckBR, de modo a facilitar a busca por informações confiáveis sobre o pleito.

Sete organizações de checagem de fatos vão se reunir entre os dias 1º e 2 de outubro para combater, em uma maratona de 48 horas, as principais desinformações sobre as eleições. No fim de semana do primeiro turno, essas plataformas vão mapear conjuntamente redes sociais e aplicativos de mensagens em busca de boatos e mentiras em larga escala que atinjam milhões de eleitores no momento em que estão decidindo seus votos.

A coalizão, chamada CheckBR, terá a colaboração de AFP Checamos, Aos Fatos, Boatos.org, Comprova, E-Farsas, Fato ou Fake e Lupa. O objetivo é que, com a livre reprodução de checagens entre os parceiros, mais brasileiros sejam alcançados com informações verificadas e confiáveis.

A colaboração reedita e amplia iniciativa criada para a cobertura do segundo turno das eleições presidenciais de 2018, em que organizações de verificação também atuaram juntas para combater um fluxo sem precedente de desinformação. Àquela época, seis veículos publicaram, durante 48 horas, 50 matérias com checagens de fatos que desmentiam informações falsas ou enganosas sobre a votação e o sistema eleitoral.

Todas as checagens publicadas e republicadas pelas organizações serão marcadas nas redes sociais com a hashtag #CheckBR, de modo que a busca por informações confiáveis fique mais fácil.

A iniciativa conta com o apoio institucional da Ajor (Associação de Jornalismo Digital).

Eleições

Investigado por: 2022-09-29

Vídeo usa boato de 2018 para afirmar que PF encontrou urnas não zeradas em Brasília

  • Falso
Falso
É falso que agentes da Polícia Federal em Brasília tenham identificado fraude nas eleições deste ano, envolvendo lote de urnas não zeradas, ou seja, que já conteriam votos computados antes mesmo da votação. O boato requenta a denúncia de 2018, no contexto das eleições daquele ano, que foi arquivada após investigação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Essa peça de desinformação também já havia sido reciclada e desmentida na última eleição municipal, em 2020.

Conteúdo investigado: Vídeo publicado na rede social Kwai no qual um homem, que se identifica como eleitor de Jair Bolsonaro (PL), afirma que agentes da Polícia Federal (PF) em Brasília teriam identificado fraude nas eleições deste ano. Segundo o eleitor bolsonarista, os policiais teriam encontrado urnas não zeradas, ou seja, que já conteriam votos computados antes mesmo da votação. Eles ainda teriam impedido a Justiça Eleitoral de repassá-las aos municípios.

Onde foi publicado: Kwai.

Conclusão do Comprova: É falso que agentes da Polícia Federal (PF) em Brasília tenham identificado fraude nas eleições deste ano envolvendo lote de urnas não zeradas, ou seja, que já conteriam votos computados antes mesmo da votação. O boato se baseia em uma denúncia de 2018 que foi protocolada por dois policiais militares, Ivomar Vieira Padre e Hércules Alves Viana, com base em relato de um suposto representante do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que os teria procurado.

A denúncia da dupla foi arquivada após investigação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). O suposto representante do TSE, um agente de transmissão, cidadão convocado para o dia da eleição para enviar os dados de votação ao fim do dia, chamou de fraude uma atualização do sistema das urnas, o que levou a uma confusão, por parte dele, em relação aos dados que constavam na zerésima e no boletim de urna. Como informou o MPDFT, as autoridades locais estavam informadas dessa atualização. O Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) atribuiu essa desinformação ao “desconhecimento técnico” do agente de transmissão. A PF, que colheu depoimento do agente de transmissão, também concluiu não haver comprovação de fraude.

A denúncia infundada levou Padre e Viana a serem alvo de inquérito por perturbação dos trabalhos eleitorais; eles firmaram acordo com a Justiça em 2019 para encerrar o caso.

Essa peça de desinformação, verificada pelo Comprova em 2018, já havia sido reciclada e desmentida nas últimas eleições municipais, em 2020, conforme verificado pela agência de checagem de fatos Lupa.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: A publicação verificada tinha 9,4 mil visualizações, 9.381 curtidas, 2.309 comentários e 4.568 compartilhamentos no Kwai até o início da tarde desta quinta-feira (29).

O que diz o autor da publicação: O autor da publicação que motivou esta checagem é um usuário do Kwai que se autointitula “Anderson Malabarista (bolsonarista)” – ele é o homem que aparece no vídeo. Conseguimos encontrá-lo no Facebook e mandamos mensagem direta para ele, mas não obtivemos retorno até a publicação desta checagem.

Como verificamos: Buscamos, no Google, por artigos contendo as palavras-chave “fraude”, “zeradas”, “polícia federal”, “urnas”, “2022” e “Brasília” ou “Distrito Federal”. Duas das primeiras páginas que apareceram eram reportagens do Correio Braziliense e do UOL noticiando o caso de uma peça de desinformação que contava narrativa similar à do conteúdo aqui verificado, mas no contexto do pleito de 2018 e reciclada para as eleições locais de 2020. Retornamos ao Google para buscar as palavras-chave “fraude”, “urnas”, “2022” e “Ivomar”, que é o nome de um dos policiais que promoveram a peça de desinformação de 2018. Encontramos um artigo do serviço de checagem de fatos AFP Checamos, desmentindo a mesma história, agora reciclada para as eleições de 2022.

Boato reciclado é baseado em denúncia infundada

O vídeo analisado pelo Comprova recupera um conteúdo falso baseado numa gravação feita no primeiro turno das eleições de 2018, quando dois policiais militares do Distrito Federal, identificados como sargento Ivomar e sargento Hércules, relataram que houve fraude nas urnas. Segundo os policiais, eles foram informados por um suposto representante do TSE responsável pela verificação das urnas de que havia ocorrido um erro ao confirmar o código da chave da urna e que havia a suspeita de a urna já ter contabilizado votos. Entretanto, a denúncia foi apurada e foi comprovado que não houve fraude nas urnas. Os policiais citados no vídeo foram condenados pelo crime de perturbação dos trabalhos eleitorais, segundo noticiado pelo TRE-DF.

O vídeo contendo as desinformações geradas pelos policiais viralizou pela primeira vez em 7 de outubro de 2018, data do primeiro turno das eleições gerais, e voltou a repercutir na internet em 2020, período das eleições municipais.

Em nota, a Justiça Eleitoral reforça que a situação descrita pelos agentes ocorreu após o denunciante, o agente de transmissão, descrito apenas como “um eleitor”, se confundir com procedimentos padrões. A fraude não foi comprovada após o recolhimento do depoimento. Os policiais estavam acompanhando o denunciante e gravaram um vídeo em frente à PF, reforçando a alegação de problema na urna. Fato é que o agente de transmissão, cidadão convocado para o dia da eleição, é responsável por enviar os dados de votação no fim do período eleitoral. A Justiça Eleitoral concluiu que ocorreu “desconhecimento técnico” por parte do denunciante, que não soube distinguir o boletim da urna e a zerésima.

No vídeo analisado nesta verificação, o eleitor do candidato à reeleição Jair Bolsonaro afirma que o TSE deixou que a urna fraudada fosse enviada para os municípios, reforçando a informação falsa. Ao dar credibilidade a esse assunto, o homem reforça a ideia de insegurança nas urnas, processo que é fiscalizado pela Justiça Eleitoral e também conta com apoio das polícias Federal, Civil e Militar. Além disso, propaga uma informação que já foi desmentida.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizaram nas redes sociais sobre a pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. Durante o período que antecede as eleições no Brasil, muitos conteúdos estão sendo divulgados com o objetivo de tumultuar o processo e podem influenciar a decisão de eleitores brasileiros. A desinformação é danosa à democracia porque distorce a compreensão da realidade. A população tem direito de saber a verdade e basear suas escolhas em informações confiáveis.

Outras checagens sobre o tema: A peça de desinformação aqui verificada foi desmentida, no contexto das eleições deste ano, pela AFP Checamos, parceiro do Projeto Comprova, no dia 26 de setembro. O próprio Comprova desmentiu o boato em sua versão original, em 2018. Em relação a outras peças de desinformação sobre suposta fraude eleitoral, o Comprova mostrou, recentemente, que vídeo não mostra nenhuma irregularidade no processo de carga e lacração de urnas em Itapeva e que é falso que 70% do processo eleitoral seja terceirizado e que a terceirização comprometa a integridade das eleições.

Comprova Explica

Investigado por: 2022-09-29

Esclareça suas dúvidas sobre o que é permitido ou não na hora de votar

  • Comprova Explica
Comprova Explica
Às vésperas do primeiro turno das eleições de 2022, aumenta a quantidade de desinformação circulando na internet. Além disso, neste período também surgem muitas dúvidas dos eleitores sobre as regras do processo eleitoral. Neste ano, há algumas novidades, como a proibição de entrar com o celular na cabine de votação e a unificação no horário de votação, que agora seguirá o fuso de Brasília em todo o Brasil. No entanto, outras regras continuam as mesmas de outros anos. Por exemplo, é permitido usar camisetas de partidos, assim como da seleção brasileira, para votar e é proibido pedir voto no dia da eleição.

Conteúdo analisado: Diversas publicações têm colocado dúvidas sobre os procedimentos para a votação no próximo domingo. Entre as peças de desinformação, aparece a suposta necessidade de todos os eleitores assinarem o caderno da seção (medida exigida só para quem não tem identificação biométrica) ou a necessidade do eleitor exigir o comprovante de votação, que já é naturalmente entregue pelos mesários após a saída da cabine de votação.

Comprova Explica: O primeiro turno das eleições de 2022 está marcado para o próximo domingo, 2 de outubro. Se for necessário, o segundo turno será em 30 de outubro. Faltando tão pouco para os mais de 156 milhões de eleitores brasileiros irem às urnas escolher seus representantes, são muitos os conteúdos enganosos que circulam na internet.

Com o intuito de esclarecer as principais dúvidas dos eleitores, o Comprova decidiu explicar alguns dos pontos sobre o processo eleitoral que são alvo de desinformação.

Nesses últimos dias, circularam conteúdos na internet alegando que o voto poderia ser anulado se o eleitor apertasse “Confirma” quando ainda estiver sendo exibida a mensagem de “Confira seu voto” na urna. Outras postagens alegam que o voto seria anulado também se o eleitor resolvesse votar só para presidente. Nenhuma das duas informações é verdadeira, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Também circularam conteúdos de que os eleitores não poderiam usar a camiseta da Seleção Brasileira. Não há nenhuma regra quanto à vestimenta no dia da eleição. O eleitor só não pode votar sem camisa e de roupa de banho.

Quem pode votar em 2 de outubro? Como saber se estou apto a votar?

A Constituição Federal estabelece que a “soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos”. A Carta Magna determina ainda que o voto é obrigatório para quem tem entre 18 e 69 anos, nascido no Brasil ou naturalizado.

O voto é facultativo para analfabetos, pessoas entre 16 e 18 anos não completos na data da eleição, além de pessoas acima dos 70 anos.

De acordo com a Resolução n° 23.669/2021, também podem votar presos provisórios e jovens que cumprem medidas socioeducativas. Os primeiros são aqueles que estão sob custódia da Justiça, mas ainda não tiveram condenação definitiva.

Também podem votar brasileiros natos ou naturalizados que moram no exterior, mas, nesse caso, somente para presidente da República. Para isso, o eleitor precisava ter feito um requerimento até 4 de maio de 2022.

Segundo o TSE, mais de 156 milhões de eleitores estão aptos à votação. Para votar, é necessário estar com o título de eleitor em situação regular.

É possível conferir a situação do título no site do TSE ou pelo aplicativo e-Título. No portal do tribunal, é só clicar no menu “Situação eleitoral”, que fica logo abaixo do menu “Autoatendimento ao Eleitor”. Para fazer a conferência, basta colocar o CPF ou o nome completo ou o número do título.

Qual o horário da votação?

A votação começa às 8h e termina às 17h do horário de Brasília. As pessoas que estiverem na fila da seção no horário de fechamento ainda poderão votar. Neste ano, há uma novidade: o horário de votação será unificado em todo o país. Como consequência, estados com fuso horário diferente ao de Brasília terão de se adequar à medida.

Assim, as seções de Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima e de parte do Amazonas abrem uma hora antes, ou seja, às 7h do horário local, e fecham também uma hora antes, às 16h. Nas localidades que seguem o fuso do Acre, os trabalhos começam às 6h e fecham às 15h. Já em Fernando de Noronha (PE), a votação será iniciada às 9h do horário local, e fecha às 18h.

Eu preciso do título para votar? Ou do e-Título? Quais documentos servem?

A apresentação do título de eleitor no dia da votação não é obrigatória. Para votar, basta apresentar um documento de identificação oficial com foto. São aceitos: a identidade (RG), a carteira de motorista com foto, o certificado de reservista, a carteira de trabalho, o passaporte e a identidade funcional emitida por órgão de classe. Eles podem ser usados mesmo que a validade esteja vencida.

Posso mostrar o e-Título?

Também tem a possibilidade de votar apresentando o e-Título, aplicativo da Justiça Eleitoral. Porém, o aplicativo só pode ser baixado até sábado (1/10), um dia antes das eleições. Caso a pessoa ainda não tenha feito o cadastramento biométrico, também é necessário levar um documento com foto além do e-Título.

Preciso levar comprovante de vacinação para votar? O uso de máscara é obrigatório?

O eleitor não é obrigado a apresentar comprovante de vacinação para votar. O TSE não tem nenhuma norma quanto ao uso de máscara. Deve ser respeitada a exigência de cada estado.

Eu preciso da biometria para votar? Ela é obrigatória? Em todo o país?

O TSE garante que aqueles que não fizeram o cadastramento biométrico não serão proibidos de votar, desde que estejam com situação eleitoral regular. Ou seja, a ausência da biometria não impede, por si só, o exercício do voto. Isso porque, desde 2020, o cadastro biométrico está suspenso em todo o Brasil como forma de prevenção ao contágio da covid-19.

Para quem já fez o cadastro biométrico na Justiça Eleitoral, há a possibilidade de utilizar o aplicativo e-Título como forma de identificação, uma vez que, para quem fez a biometria, o app mostra a foto do eleitor. O e-Título, que funciona em smartphones e tablets, pode ser baixado na Google Play e App Store.

Posso levar o celular na hora de digitar o voto?

Em agosto deste ano, o TSE reafirmou que é proibida a utilização de celulares, câmeras fotográficas e outros equipamentos que possam registrar ou transmitir imagens junto às cabines de votação. A decisão unânime dos ministros foi tomada em julgamento administrativo após uma consulta feita pelo partido União Brasil.

Portanto, o eleitor não pode acessar a cabine de votação portando o celular. O aparelho deve ser deixado em um lugar seguro. Em algumas seções, haverá uma mesa de apoio ao lado da cabine com a urna; em outras, os mesários terão um recipiente para que os telefones sejam guardados. A recomendação é levar uma colinha em papel com os números dos candidatos.

Posso entrar acompanhado para a votação?

Não são todos os eleitores que podem entrar acompanhados. Segundo o TSE, eleitores podem contar com a ajuda de uma pessoa de sua confiança, a qual, caso seja autorizada pelo presidente da mesa receptora de votos, poderá acompanhá-lo, ingressando na cabine de votação e, até mesmo, digitar os números na urna. Porém, a condição é que a presença deste acompanhante seja imprescindível para que a votação ocorra. Ou seja, casos em que o eleitor não consiga votar se não tiver auxílio. O escolhido não pode estar a serviço da Justiça Eleitoral, de partido político ou de coligação.

Todas as urnas eletrônicas são preparadas para atender pessoas com deficiência visual. Além do sistema braile e da identificação da tecla número cinco nos teclados (recurso serve para guiar onde estão os números no teclado), os tribunais eleitorais disponibilizam fones de ouvido nas seções com acessibilidade e naquelas onde houver solicitação específica, para que o eleitor com deficiência visual receba sinais sonoros com indicação do número escolhido e retorno do nome do candidato em voz sintetizada.

Crianças não podem entrar na cabine de votação. Segundo o TSE informou ao Comprova, elas podem acompanhar os adultos até o local de votação e lá deverão aguardar até que os adultos que estejam acompanhando terminem de votar. A exceção são as crianças de colo. “As crianças não podem entrar na cabina de votação, com exceção das de colo, nem apertar as teclas da urna. É habitual ter nas seções eleitorais uma cadeira para que elas esperem os pais votarem. As lactantes e as pessoas com crianças de colo têm prioridade na fila, em conjunto com outras prioridades”, disse o TSE.

Em reportagem publicada no G1, o diretor do TRE de Pernambuco (TRE-PE), Orson Lemos, disse que a recomendação é deixar as crianças maiores fora da seção, mas que não há impedimento para que os bebês estejam com seus pais na hora do voto. “Você não será impedida de entrar na cabine”, afirmou Lemos ao G1. Ele disse que apenas não é recomendado levar “crianças maiores” que digitem na urna pelos próprios pais.

Posso usar camiseta de candidato durante a votação? Posso usar camiseta da seleção? Posso pedir voto no domingo?

São permitidas manifestações individuais e silenciosas no dia da votação. Por isso, pode usar camiseta com nome de candidato e partido, adesivos e faixas, por exemplo. Não é permitido votar usando roupa de banho ou sem camiseta. Embora o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) tenha ameaçado usar as Forças Armadas para garantir que os eleitores possam votar de verde e amarelo, não existe nenhuma proibição quanto ao uso de cores ou camisetas de seleção para o dia da eleição.

Também é proibido aglomeração de pessoas com vestuário padronizado, manifestação coletiva ou que produza barulho, pedido de voto e distribuição de camisetas e santinhos, o que configura crime de boca de urna. Quem incorrer na prática, está sujeito à pena de detenção, que pode variar de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade e multa no valor de até R$ 15.961,50.

Os mesários, porém, não podem usar roupa com propaganda de partido, coligação ou candidato. No entanto, não há qualquer determinação que proíba os mesários de usar a camiseta da Seleção Brasileira de futebol. Entidades da sociedade civil que integram o Observatório de Transparência da Eleição chegaram a pedir que o uso da camiseta do Brasil fosse vetado a mesários no dia da votação. O ministro Alexandre de Moraes, porém, decidiu por não fazer a proibição.

O que é essa história de “Confira” seu voto? Se eu apertar o botão confirma durante esta fase eu perco o voto?

Nesta semana, começou a circular um vídeo nas redes sociais em que um homem questiona o fato de que, na parte inferior da tela da urna, irá aparecer a mensagem “Confira seu Voto”, logo após o eleitor preencher o número de todos os candidatos. Segundo esse conteúdo, a mensagem “Confira seu Voto” causaria confusão nos eleitores, que poderiam ler erroneamente “Confirme seu voto”, e, por isso, apertar a tecla verde “Confirma” nesse momento. Esse vídeo afirma erroneamente que, caso o eleitor fizesse isso, ele perderia o seu voto, o que não é verdade.

Em checagem recente sobre o tema, o TSE afirmou ao Estadão Verifica que, de fato, nas urnas eletrônicas das eleições deste ano, a mensagem “Confira seu Voto”, no rodapé do visor da urna irá aparecer, para que o eleitor possa ter mais tempo de certificar os números digitados para cada cargo. Porém, não há problema em apertar a tecla verde “Confirma” logo após preencher o número para todos os cargos. Segundo o TSE, o tempo mínimo para a conferência é de apenas 1 segundo, ou seja: 1 segundo após preencher todos os campos já será possível apertar a tecla “Confirma” e encerrar o processo. Caso o eleitor aperte a tecla “Confirma” em menos de 1 segundo após preencher os números dos candidatos, isso não significará qualquer problema com a contabilização desses votos. Nesse caso, o eleitor apenas será orientado a apertar a tecla “Confirma” novamente, após a mensagem “Confira seu Voto” sair da tela, para, aí sim, encerrar o processo. É possível assistir a uma simulação de como será o voto aqui.

Ainda de acordo com o TSE, após preencher o número de cada um dos 5 cargos das eleições deste ano (Deputados Estadual; Deputado Federal; Senador; Governador e Presidente) a urna irá emitir um som breve para indicar que o número do candidato foi preenchido. Assim que finalizar o preenchimento do voto para presidente e apertar “Confirma”, a urna irá emitir o som clássico de confirmação do voto.

Se eu votar só para presidente o meu voto será anulado?

É possível votar só para presidente da República, assim como também é possível votar só para qualquer um dos cargos em disputa nestas eleições. O voto é contabilizado individualmente, por isso, votar só para um dos cargos não anula o voto registrado.

A votação segue uma ordem pré-definida. Primeiro, o eleitor vota para deputado federal, com quatro dígitos; em seguida, deputado estadual ou distrital, com cinco dígitos; senador, com três dígitos; por fim, governador e presidente, ambos com dois dígitos.

O voto em branco ocorre quando o eleitor aperta a tecla “Branco” e em seguida “Confirma”. Já o voto nulo é quando o eleitor digita um número que não corresponde a nenhum candidato. Neste caso, a urna emite um alerta e o eleitor tem que apertar a tecla “Confirma” para anular o voto.

Mesmo sendo permitido votar branco ou nulo para qualquer um dos cargos em disputa, esses votos não definem a eleição. Os votos brancos e nulos são excluídos do total de votos e somente são computados os chamados votos válidos.

A assinatura no caderno de votação é obrigatória?

O caderno de votação da seção eleitoral é uma das formas de conferir a identidade do eleitor, que deve assiná-lo antes de votar. Essa etapa é necessária apenas para eleitores que ainda não tenham realizado cadastro biométrico junto ao TSE ou para aqueles que tenham feito cadastro da biometria mas tiveram algum problema ou erro de conhecimento da digital.

Posso colocar o número do candidato ao lado da assinatura? Isso serve para realizar algum tipo de auditoria?

Colocar o número do candidato ao lado da assinatura no caderno, ou fazer qualquer referência ao nome dos candidatos é proibido e a prática configura crime eleitoral. Conforme já demonstrou o Comprova em checagem recente sobre o tema o artigo 350 do Código Eleitoral vigente, a Lei 4737, de 1965, prevê que é proibido “omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais”. Dessa forma, o caderno de assinaturas serve para conferir a identidade do eleitor, e não o voto dele, que, segundo o artigo 46 do mesmo Código, é secreto.

Além disso, segundo informou a assessoria de imprensa do TSE ao Comprova, a prática pode constituir “boca de urna”, isto é, propaganda eleitoral no dia da votação direcionada a eleitores prestes a votar. Isso é um outro crime, previsto no inciso II do 5º parágrafo do artigo 39 da Lei nº 9.504, de 1997, conhecida como Lei das Eleições. A pena pode chegar a até um ano de detenção.

Para assinar o caderno de votação, pessoas com alguma deficiência visual podem utilizar o alfabeto comum ou o braile. No caso dos analfabetos, o voto é facultativo. Mesmo assim, caso alguém nessa condição decida votar e não saiba assinar, poderá utilizar a impressão digital do seu polegar direito.

Os mesários são obrigados a entregar o comprovante de votação? Para que servem? Servem para realizar algum tipo de auditoria?

Conforme a Justiça Eleitoral, todo mesário é orientado a entregar o comprovante de votação. Eleitoras e eleitores não precisam exigir tal comprovante, porque isso já faz parte da rotina de atividades dos mesários, que são treinados com antecedência pela Justiça Eleitoral.

No entanto, o órgão reforça que não é o comprovante que garante que o eleitor já votou, é o software da urna. O comprovante é apenas um recibo para o eleitor e não para a Justiça Eleitoral. No passado, esse comprovante era necessário para regularizar outros tipos de documentos, como passaporte, por exemplo.

Atualmente, a certidão de quitação eleitoral disponível para todos no portal do TSE substitui esse comprovante. A certidão pode ser impressa de forma rápida e fácil na internet, dispensando os eleitores de guardar tal comprovante.

Por que explicamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos sobre a pandemia, eleições presidenciais e políticas públicas do governo federal que circulam nas redes sociais. A seção Comprova Explica é utilizada para a divulgação de informações a partir de conteúdos que viralizam e causam confusão, como o processo eleitoral. Publicações deste tipo, envolvendo desinformação sobre o que pode ou não ser feito no dia da votação, causam prejuízos ao processo democrático e atrapalham a decisão do eleitor, que deve ser tomada com base em informações verdadeiras.

Outras checagens sobre o tema: Durante este período eleitoral, o Comprova já explicou o que é o deepfake, técnica de inteligência artificial que foi apropriada para produzir desinformação. Também explicamos o que é e como funciona o orçamento secreto. Ainda verificamos que não houve redução de seções eleitorais em 2022 e que é falso que 70% do processo eleitoral seja terceirizado e que a terceirização comprometa a integridade das eleições

Eleições

Investigado por: 2022-09-29

Vídeo de Lula é editado para parecer que petista defende fechamento de igrejas

  • Enganoso
Enganoso
É enganosa uma postagem que afirma que o candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende o fim das igrejas, padres e pastores. O post usa um vídeo que sofreu cortes para alterar a fala de Lula. No conteúdo original, o ex-presidente defende o Estado laico, afirma que acredita em Deus e critica a participação da igreja na política brasileira.

Conteúdo investigado: Vídeo com trecho de Lula discursando no dia 20 de agosto durante um comício no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo. Sob o vídeo, aparecem duas frases. Na primeira, é possível ler os termos “Lula fala sobre o fim das igrejas”. A segunda diz que “ele quer dizer que não vai ter mais padres e pastores (sic) isso sim é comunismo”, se referindo ao que Lula dizia no discurso.

Onde foi publicado: Kwai e WhatsApp.

Conclusão do Comprova: Um vídeo do candidato à Presidência da República e ex-presidente Lula (PT) foi editado para parecer que ele teria manifestado ser contra igrejas, padres e pastores. A gravação sofreu cortes que tentam alterar o sentido das falas do petista. O Comprova encontrou o vídeo original, gravado em 20 de agosto, durante o lançamento da campanha de Lula, no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo.

O discurso completo do político tem cerca de 35 minutos. A fala utilizada na peça de desinformação inicia-se aos 14 minutos. Comparando os dois vídeos, o Comprova identificou trechos cortados e alterados na tentativa de dar outro sentido ao que Lula falou.

No discurso sem edições, o petista defende o Estado laico, que já é garantido pela Constituição Federal, diz ser “um homem que crê em Deus” e critica a participação da igreja e de líderes religiosos na política nacional. Em nenhum momento, entretanto, Lula fala sobre fechar igrejas.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: Na rede social Kwai, o vídeo com maior alcance encontrado pelo Comprova teve, até o dia 29 de setembro, 436,3 mil visualizações, 13,9 mil curtidas e 5 mil comentários.

O que diz o autor da publicação: O Comprova entrou com o autor do post por meio de mensagem no Kwai, mas não obteve resposta.

Como verificamos: No vídeo que faz parte da peça de desinformação, Lula cita a data de 20 de agosto. O Comprova procurou no Google por termos como “Lula” + “discurso” + “estado laico” + “20 de agosto” e encontrou notícias sobre um evento na mesma data no UOL e no Poder360. A fala foi durante o lançamento da campanha para Presidência da República, no Vale do Anhangabaú, centro de São Paulo.

Também no Poder360, encontramos o discurso completo de Lula no evento. Comparando os dois vídeos (a fala na íntegra e a peça de desinformação) foi possível encontrar trechos adulterados no material compartilhado em redes como Kwai e WhatsApp. No vídeo original, Lula não fala em momento algum sobre fechar igrejas.

Por fim, entramos em contato com a assessoria de imprensa de Lula. Em nota, ela disse que “Lula é a favor da liberdade religiosa”.

Vídeo corta trechos do discurso de Lula

Se comparados o vídeo enganoso e o discurso completo de Lula, fica perceptível que cortes foram feitos para tentar alterar o sentido das falas do petista.

Confira a transcrição do vídeo enganoso:

Quero dizer duas coisas pra vocês. Coisas que eu acredito. E quero dizer olhando nos olhos de vocês, porque tem muita fake news religiosa correndo por esse mundo para custar (sic) da fé ou da espiritualidade. E eu quero dizer para vocês, eu, Luiz Inácio Lula da Silva, defendo o Estado laico. O Estado não tem que ter religião. Todas religiões têm que ser defendidas pelo Estado. E eu falo isso com a tranquilidade de um homem. Eu não preciso de padre ou de pastores. Eu posso me trancar no meu quarto quantas horas eu quiser sem pedir favor a ninguém. É assim que a gente tem que fazer pra gente não ser obrigado a escutar pessoas contando mentira, inventando coisas. Por isso, meus companheiros e companheiras, esse dia 20 de agosto, defendo o Estado laico. O estado não tem que ter religião. Todas as religiões têm que ser defendidas.

E abaixo o mesmo trecho do discurso na íntegra, com destaque para os trechos suprimidos:

Quero dizer duas coisas pra vocês. Coisas que eu acredito. E quero dizer olhando nos olhos de vocês, porque tem muita fake news religiosa correndo por esse mundo. Tem demônio sendo chamado de Deus. E tem gente honesta sendo chamada de demônio. Porque tem gente que não está tratando a igreja pra custar (sic) da fé ou da espiritualidade e está fazendo da igreja um palanque político ou uma empresa para ganhar dinheiro. E eu quero dizer pra vocês, eu, Luiz Inácio Lula da Silva, defendo o Estado laico. O Estado não tem que ter religião. Todas as religiões têm que ser defendidas pelo Estado. Mas, também quero dizer: as igrejas não têm que ter partido político, porque as igrejas têm que cuidar da fé e da espiritualidade das pessoas. E não cuidar de candidatura de falsos profetas ou de fariseus que estão enganando esse povo o dia inteiro. E eu falo isso com a tranquilidade de um homem que crê em Deus. Eu falo isso com a tranquilidade de um homem de 76 anos de idade, oito filhos criados, oito netos, cinco filhos e uma bisneta. Eu, quando quero conversar com Deus, eu não preciso de padre ou de pastores. Eu posso me trancar no meu quarto e conversar com Deus quantas horas eu quiser. Sem pedir favor a ninguém. É assim que a gente tem que fazer. Pra gente não ser obrigado a escutar pessoas contando mentira. Quando deveria estar cuidando da fé. Quando deveria estar cuidando das prioridades. Quando deveria estar lendo a Bíblia decentemente e não inventando coisas. Por isso, meus companheiros e companheiras, esse dia 20 de agosto, a 43 das eleições para a presidência da República, eu estou orgulhoso…

Candidato não defende fechar igrejas, mas critica participação política das entidades

Ao alterar o andamento do vídeo e o sentido das falas do candidato à Presidência, a peça de desinformação tenta convencer que Lula quer o fim das igrejas ou da religiosidade. Entretanto, o vídeo completo tem outro sentido. O petista defende o Estado laico, que já é uma regra no Brasil, como exposto na Constituição Federal de 1988, nos artigos 5º e 19º.

Liberdade religiosa no Brasil

Procurada pelo Comprova, a assessoria de imprensa de Lula afirmou que ele é “a favor da liberdade religiosa, tendo inclusive assinado a Lei de Liberdade Religiosa durante o seu governo”. Trata-se da lei federal 10.825/2003, que diz que aos partidos políticos e organizações religiosas são “livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento”.

Entretanto, o Brasil tem a liberdade de culto e de religião garantida desde a Constituição Federal de 1988. Antes disso, a partir do Código Penal de 1940, em seu artigo 208, o Brasil condenava “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”. Em 1997, também entrou em vigor a lei federal 9.459, que preve punição aos “crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. Conteúdos falsos ou enganosos e sátiras envolvendo candidatos à Presidência, como a peça aqui verificada, podem influenciar os eleitores, que devem basear suas escolhas em informações verdadeiras e confiáveis.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já mostrou outra fala de Lula que foi alterada para distorcer o sentido original de seu discurso. Trata-se de um vídeo editado onde supostamente Lula defendeu o nazismo e o fascismo em evento do PT em 2017. O conteúdo é falso. Também é montagem um post com suposta reportagem do G1 sobre Lula e Venezuela. E não há registros de Lula ter dito que ‘enfermeiros só servem para servir sopa’.