O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa, apartidária e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação para zelar pela integridade da informação que molda o debate público. O objetivo é oferecer à audiência uma compreensão clara e confiável dos acontecimentos e contribuir para a integridade do ambiente digital e para uma sociedade mais bem informada e resiliente à desinformação e a golpes e fraudes virtuais.
Filtro:

Comprova Explica

Investigado por: 22/11/2024

Entenda o que mudou no financiamento da Caixa e o que isso diz sobre a situação do banco

Comprova Explica
A Caixa Econômica Federal alterou, no dia 1º de novembro, as normas para financiamento habitacional, após prever que a carteira de crédito habitacional do banco deve superar o orçamento aprovado para 2024. O tema abriu margem para a disseminação de desinformação nas redes sociais. Por isso, o Comprova Explica o assunto.

Conteúdo analisado: Vídeo em que uma mulher diz que a Caixa Econômica Federal teria ido à falência por responsabilidade do presidente Lula (PT). Diversas reportagens sobre as mudanças no financiamento habitacional do banco e a falta de recursos da instituição são apresentadas ao longo do conteúdo.

Comprova Explica: A Caixa Econômica Federal alterou as normas para financiamento habitacional. As mudanças, implementadas em de 1º de novembro, fixam um valor de entrada maior e o financiamento de um percentual mais baixo do imóvel. Essas restrições foram implementadas porque houve diminuição nos recursos da caderneta de poupança e das Letras de Crédito Imobiliário (LCI), que financiam as operações imobiliárias. Mas isso não significa que o banco faliu.

Uma instituição entra em falência quando não tem dinheiro para pagar suas dívidas. A Caixa divulga regularmente seus resultados financeiros, que demonstram que o banco não tem esse problema. Por exemplo, o Índice de Basileia, que mede a saúde financeira dos bancos, é de 16,2%, considerado alto.

Em nota ao Comprova, a Caixa afirmou que, nas modalidades de financiamento com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), passou a financiar a aquisição de imóveis ou construção individual com valor de avaliação ou compra e venda limitado a R$ 1,5 milhão. Isso vale apenas para clientes que não possuem outro financiamento habitacional ativo com o banco. Anteriormente, não havia valores máximos.

Além disso, a cota máxima de financiamento admitida passou a ser de até 70% do valor do imóvel (antes era de 80%), com sistema de amortização constante (SAC) e de até 50% com sistema Price (era 70% anteriormente).

A instituição destacou que a alteração nas cotas de financiamento e a limitação no valor do imóvel a R$ 1,5 milhão não se aplicam às unidades habitacionais vinculadas aos empreendimentos financiados pelo banco. Nesse caso, mantêm-se as condições vigentes atualmente.

Atualmente, de acordo com uma reportagem da Agência Brasil, o crédito pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), com juros mais baixos, é restrito a imóveis de R$ 1,5 milhão, mas as linhas do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) não têm teto de valor do imóvel.

A Caixa justificou que aplicou as alterações porque a carteira de crédito habitacional do banco deve superar o orçamento aprovado para 2024.

Até setembro deste ano, a Caixa concedeu R$ 175 bilhões de crédito imobiliário, um aumento de 28,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Ainda segundo a Agência Brasil, no SBPE, o banco concedeu R$ 63,5 bilhões nos nove primeiros meses do ano.

Esse aperto na concessão de crédito habitacional é consequência do aumento no volume de saques na caderneta de poupança, bem como das maiores restrições para as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), aprovadas no início do ano. Os recursos disponíveis na poupança e oriundos das LCI são utilizados pelos bancos para realizar os financiamentos imobiliários.

De acordo com o Banco Central (BC), a caderneta de poupança registrou o maior volume de saques líquidos do ano em setembro, com os correntistas retirando R$ 7,1 bilhões a mais do que depositaram.

No entanto, mesmo com as restrições nas cadernetas, a Caixa afirmou que pretende manter o ritmo de concessões de crédito imobiliário com recursos da poupança em 2025, conforme noticiado pelo Estadão.

A Caixa informou que é responsável por 68% dos financiamentos habitacionais existentes no país. Ainda segundo o Estadão, o banco teve um lucro de R$ 3,263 bilhões no terceiro trimestre, vendo o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês), subir de 7,9% para 9,3% em um ano.

A instituição poderia aumentar os juros, como fazem os bancos privados ou mesmo o público Banco do Brasil, para equilibrar as contas. No entanto, dessa forma, o banco alega que perderia sua função social. Por isso, a opção por restringir os créditos de financiamento. “Se a Caixa quisesse ter um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 18%, ela saberia fazer, mas certamente não estaria cumprindo seu papel social”, disse Carlos Vieira, presidente do banco, em coletiva de imprensa.

Questionada se atrasou a assinatura de contratos imobiliários por falta de recursos, como reportagens e conteúdos publicados na internet apontam, a Caixa não respondeu.

O Comprova questionou a Secretaria de Comunicação do governo federal para esclarecer a responsabilidade do Executivo na atual situação da Caixa, mas a pasta não quis se manifestar.

A Associação Brasileira do Mercado Imobiliário (ABMI) foi questionada sobre as supostas dificuldades em adquirir um imóvel após as mudanças no financiamento habitacional, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.

Fontes que consultamos: Caixa Econômica Federal e reportagens sobre o tema.

Por que o Comprova explicou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está gerando muitas dúvidas e desinformação, o Comprova Explica. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: As reportagens linkadas ao longo do texto ajudam a entender melhor a atual situação financeira da Caixa. O Comprova já mostrou anteriormente que a ex-presidente do banco, Maria Rita Serrano, não processou o dirigente anterior e nem receberia indenização por assédio sexual, e explicou que a tarifação em Pix para empresas anunciada pela instituição era facultativa e existia desde 2020.

Política

Investigado por: 21/11/2024

Elon Musk não gravou vídeo respondendo xingamento de Janja

Falso
Vídeo com áudio de Elon Musk respondendo o xingamento da primeira-dama do Brasil, Rosângela da Silva, a Janja, é falso. O vídeo original no qual o empresário aparece é de julho de 2021 e foi alterado com a inserção de uma dublagem em português com declaração que não foi feita pelo bilionário.

Conteúdo investigado: Publicação com a frase “Janja ataca Elon Musk no G20 e bilionário reage com classe” e dublagem em português inserida sobre um vídeo no qual o empresário aparece.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: É falsa a publicação que alega que Elon Musk gravou um vídeo respondendo ao fato de Janja ter dito ”fuck you, Elon Musk”em 16 de novembro, no G20 Social, evento paralelo que antecedeu a Cúpula do G20.

Após o xingamento, começou a circular nas redes sociais um vídeo no qual o empresário teria reagido à fala da primeira-dama. O Comprova fez uma busca reversa de imagens e constatou que a gravação original na qual Musk aparece é de julho de 2021.

O autor da publicação falsa cortou as outras pessoas que aparecem na transmissão, retirou o áudio original e inseriu uma dublagem em português que não tem relação com o que era discutido naquele momento.

Na ocasião, o empresário participava de um debate sobre investimentos no evento The B World e comentava sobre criptomoedas, como o bitcoin. O mesmo conteúdo foi verificado pelo Estadão, que também constatou que, durante a conversa de mais de uma hora, não houve menção ao governo brasileiro.

As manifestações de Musk sobre o xingamento ocorreram em publicações no próprio X no mesmo dia das falas de Janja. O empresário republicou um vídeo da primeira-dama e disse “lol” (sigla em inglês que significa rindo alto ou rindo muito, em tradução livre) e comentou em outro post na plataforma que “eles vão perder as próximas eleições”, referindo-se ao governo atual.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 21 de novembro, a publicação somava 581,8 mil visualizações, 54,9 mil curtidas, 6,2 mil comentários e 8,1 mil compartilhamentos.

Fontes que consultamos: Busca reversa de imagens do Google, reportagens sobre o tema e redes sociais de Elon Musk.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Outras peças de desinformação relacionadas a Musk já foram verificadas pelo Comprova. A iniciativa mostrou, por exemplo, que o empresário não comprou o Grupo Globo e que um perfil de paródias do empresário chegou a fazer um post sobre uma suposta limusine criada pela Tesla para Donald Trump.

Política

Investigado por: 21/11/2024

Homem que aparece em vídeo com Bolsonaro não é o mesmo que cometeu atentado a bomba em Brasília

Falso
O homem que aparece em um vídeo em um restaurante entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal e prefeito eleito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL-MT), não é o mesmo que cometeu um atentado a bomba na Praça dos Três Poderes, em Brasília, no dia 13 de novembro. O indivíduo nas imagens é, na verdade, o empresário cuiabano Joilton Padilha, que desmentiu a desinformação em um vídeo nas redes sociais. Diversos veículos do Mato Grosso publicaram matérias sobre a confusão causada pela informação falsa.

Conteúdo investigado: Vídeo em que Jair Bolsonaro (PL) aparece junto a dois homens comendo um lanche. O conteúdo acompanha um texto que diz “esse do meio é o homem bomba de Brasília”.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: O homem que aparece junto a Bolsonaro e ao deputado federal e prefeito eleito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL-MT), em um vídeo que circula nas redes sociais não é o chaveiro Francisco Wanderley Luiz, que morreu após cometer um atentado a bomba na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Uma busca reversa de imagens no Google, feita a partir de uma captura de tela do vídeo, mostrou que o indivíduo nas imagens é o empresário cuiabano Joilton Padilha, que, além de careca, usa um óculos de armação escura.

Na ocasião, Bolsonaro estava em Cuiabá (MT) para reforçar o apoio à candidatura do deputado federal Abílio Brunini (PL) à prefeitura da cidade. Eles aparecem nas imagens, à frente de Joilton, comendo um “baguncinha”, tradicional lanche cuiabano, no dia 15 de outubro.

A confusão causada pela associação entre os dois homens repercutiu em diversos veículos de Mato Grosso (Jornal Estadão Mato Grosso, RepórterMT e Olhar Direto). O Impresso MT, por exemplo, detalhou que, no vídeo, Joilton está com óculos e a qualidade está muito baixa. Porém, os óculos e a careca são as únicas semelhanças entre o empresário e o homem que cometeu o atentado, apontou o portal.

No dia 15 de novembro, Joilton publicou um vídeo nas redes sociais de sua lanchonete, que serve o “baguncinha”, para desmentir a comparação e deixar claro que não se trata dele. “Eu vim através desse vídeo esclarecer sobre a fake news que está rolando no TikTok, sobre um vídeo que eu estou ao lado do Bolsonaro falando que eu sou a pessoa que cometeu suicídio em Brasília”, disse.

O Impresso MT revelou ainda que, em comentários nas redes sociais, o homem também deixa claro que pretende tomar medidas legais contra quem está compartilhando o vídeo indevidamente.

O vídeo original da visita de Bolsonaro à lanchonete de Joilton está disponível no Instagram, assim como a foto do encontro.

O Comprova tentou contatar o perfil que publicou o vídeo no TikTok, mas as configurações de privacidade da plataforma não permitiram o envio da mensagem.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 20 de novembro, o vídeo alcançou 267,9 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Busca reversa de imagens no Google, reportagens sobre o tema e redes sociais do empresário confundido com o terrorista.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Peças de desinformação envolvendo Jair Bolsonaro são frequentes. O Comprova já mostrou, por exemplo, que a ida dele à posse de Trump depende do Supremo Tribunal Federal (STF) e não de passaportes da Itália e dos Estados Unidos, e que Rayssa Leal não dedicou medalha olímpica ao ex-presidente em entrevista.

Política

Investigado por: 20/11/2024

É falso que Lula tenha confirmado lista com 800 mil idosos que perderiam benefício do INSS

Falso
É falso que o presidente Lula tenha confirmado uma lista de 800 mil beneficiários idosos que teriam o salário de R$ 1.412 cortado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), como afirma vídeo em rede social. O que está acontecendo desde agosto de 2023 é uma revisão e atualização cadastral. De acordo com o INSS, pode ocorrer um bloqueio temporário caso o beneficiário não for inserido no Cadastro Único em 30 dias após receber notificação.

Conteúdo investigado: Vídeo afirma que o presidente Lula confirmou uma lista com nomes de 800 mil pessoas acima dos 60 anos que perderão o salário de R$ 1.412 do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). “Começa a lei que corta benefício de forma automática e imediata. Se houver suspeita de fraude, [a medida será] sem investigar ou avisar os aposentados”, diz trecho de narração do vídeo, que foi editado com várias fotos de idosos e do chefe do Executivo.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Não é verdade que foi divulgada uma lista de 800 mil beneficiários do INSS que terão salário cortado. Conteúdo falso tenta confundir as pessoas com base na iniciativa da autarquia do governo federal que lançou, em agosto de 2023, um programa de revisão do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para quem não tem inscrição no Cadastro Único (CadÚnico), e daqueles que não atualizam as informações no sistema há mais de 48 meses. O objetivo é manter atualizados os dados de beneficiários do programa.

Tal revisão foi confundida e vídeos que circulam nas redes sociais com um corte nos salários pagos pelo INSS. Após a ampla circulação da informação falsa, o governo federal publicou um esclarecimento no site oficial. O Instituto garantiu que as informações são falsas e também reforçou, em nota ao Comprova, que o órgão apenas operacionaliza os pagamentos do BPC, já que ele não se trata de um benefício previdenciário, mas sim assistencial, pertencente ao Ministério de Desenvolvimento Social (MDS).

O BPC garante um salário mínimo por mês ao idoso com mais de 65 anos ou à pessoa com deficiência de qualquer idade, mesmo que não tenha contribuído para a Previdência Social, que comprovem renda familiar per capita igual ou inferior a um quarto do salário mínimo.

Acontece que desde agosto do ano passado, o INSS está instruindo 505.018 pessoas a procurarem por Centros de Referência e Assistência Social (Cras) em seus municípios para realizarem inscrição no cadastro e atualizarem as informações. Na falta de comparecimento do beneficiário do BPC ao Cras do município, o pagamento é bloqueado em 30 dias a contar do envio da notificação. Somente são suspensos os benefícios que forem comprovados o recebimento do aviso, e o não comparecimento do beneficiário para a renovação.

Após o bloqueio do pagamento, os beneficiários podem ligar para a Central 135 e solicitar o desbloqueio. Com a ligação para o 135, começará a correr um novo prazo de 45 ou 90 dias, a depender do município onde reside. Passado o tempo limite, o BPC é bloqueado.

O INSS informou ainda que, em uma segunda etapa, outras 517.571 pessoas que estão sem atualização cadastral nos últimos 48 meses serão avisadas sobre a necessidade de fazer atualização cadastral no Cras.

Além dos mencionados acima, outros 680 mil segurados que estão em benefício por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença) por mais de 24 meses também estão sendo chamados para revisão. Por mais que o Departamento de Perícia Médica Federal tenha capacidade para 800 mil perícias, isso não quer dizer que o INSS cortará 800 mil benefícios. A intenção é apenas identificar quem realmente tem direito ao pagamento, conforme informou o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, em nota divulgada pelo INSS.

“É uma determinação do presidente Lula: dar direito a quem tem direito. Não é justo pagar benefício a quem não precisa. Isso faz com que falte dinheiro para pagar quem realmente tem direito ao pagamento”, informa o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. Ele afirma que as revisões seguem critérios rigorosos de checagem de informações, e que a ampla defesa dos beneficiários é assegurada, conforme determina a Constituição Federal.

O Comprova tentou contato com o autor do post falso, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 20 de novembro, o vídeo estava com 200 mil visualizações e mais de 9 mil curtidas.

Fontes que consultamos: Site do INSS e a assessoria de imprensa do órgão.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O conteúdo falso foi checado também pelo UOL Confere, Estadão Verifica, Aos Fatos e Folha. O Comprova também já checou: post engana ao omitir que salário de grevistas do INSS também foi cortado por Bolsonaro, INSS pagou 13º em novembro apenas para beneficiários que não tiveram adiantamento e postagens atribuem erroneamente a Bolsonaro suspensão de benefício (BPC) ocorrida no governo Temer.

Política

Investigado por: 19/11/2024

Não há registro de que Trump tenha dito que Lula é o maior presidente do mundo

Falso
Não há registro de que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha declarado que Lula é o maior presidente do mundo, como afirma vídeo que viralizou nas redes sociais. O pronunciamento após a vitória, em 6 de novembro, e publicações em perfis de Trump não citam o brasileiro.

Conteúdo investigado: Vídeo com imagens de Donald Trump e com uma narração gerada por um aplicativo de edição de vídeo diz que Lula se tornou manchete no mundo no dia 6 de novembro após o norte-americano dizer que o brasileiro é o “maior presidente do mundo”. Trump também teria dito que não haverá impasses entre os Estados Unidos e o Brasil neste novo mandato. “Meu interesse é que as pessoas tanto no Brasil quanto aqui nos Estados Unidos tenham o direito de terem bons presidentes que dê prioridade às necessidades do povo”, diz trecho da narração.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Trump não declarou que Lula (PT) é o maior presidente do mundo. O presidente eleito dos Estados Unidos não se pronunciou nas redes sociais no dia 6 de novembro, quando foi anunciada sua vitória contra Kamala Harris, candidata democrata. No dia da eleição, ele fez um discurso de agradecimento, e não mencionou Lula. O Comprova já verificou outro conteúdo falso que afirmava que o americano teria dito que não convidaria o brasileiro para a posse.

Uma das imagens utilizadas na montagem do vídeo – como o Comprova verificou a partir de uma busca reversa – foi trecho de um vídeo publicado por Trump em 10 de outubro de 2023. Na ocasião, ele criticava um acordo travado pelos Estados Unidos, presidido por Joe Biden, e pelo Irã que consistia na libertação de cidadãos norte-americanos em troca da liberação de fundos iranianos na Coreia do Sul. Não houve nenhuma menção ao presidente do Brasil.

A narração falsa alega que Trump teria agradecido Lula por parabenizá-lo pela vitória nas eleições. De fato, o brasileiro, que havia declarado apoio a Kamala Harris ainda no período eleitoral, parabenizou o norte-americano em um post no X, mas a mensagem foi publicada depois do discurso de Trump, que aconteceu ainda na madrugada, após a emissora Fox News projetar a vitória.

O perfil que fez a publicação falsa no TikTok publicou uma série de outros conteúdos suspeitos. Essas postagens também utilizam o nome de Lula associado a outras personalidades relevantes, como o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama e o papa Francisco.

O Comprova entrou em contato com o responsável pela página que publicou o vídeo investigado, mas não obteve resposta até a publicação do material.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 19 de novembro, o vídeo tinha 492,6 mil visualizações, 32,3 mil curtidas e mais de 3,7 mil comentários.

Fontes que consultamos: Redes sociais de Trump e perfil de Lula no X.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O G1 também concluiu que o conteúdo é falso. O Comprova já realizou várias verificações que envolvem a relação política entre Estados Unidos e o Brasil: Trump não pode prender Alexandre de Moraes caso seja eleito presidente, diferentemente do que afirmou Marcos do Val, vídeo de campanha de Trump foi alterado para incluir cena com Bolsonaro e post sobre limusine da Tesla criada para Trump foi feito por perfil de paródias de Elon Musk são alguns exemplos.

Política

Investigado por: 19/11/2024

Ida de Bolsonaro à posse de Trump depende do STF e não de passaportes da Itália e dos EUA

Falso
Ida de Jair Bolsonaro (PL) à posse de Donald Trump, eleito pela segunda vez presidente dos Estados Unidos (EUA), depende de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), e não de passaportes italiano ou estadunidense. Para ter o documento, o ex-presidente brasileiro precisaria ser cidadão dessas nações, o que não se tem registro.

Conteúdo investigado: Vídeo com fotografia de Donald Trump ao lado de Jair Bolsonaro (PL) acompanhado de textos “o STF fica passando mal de inveja” e “o STF vai negar o passaporte de Bolsonaro para ele ir à posse de Trump, mas Trump pode conceder um passaporte especial para Bolsonaro e Bolsonaro também pode pedir à primeira-ministra da Itália, já que ele é cidadão italiano. E, com certeza, Giorgia Meloni vai ajudar o capitão”.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Não é verdade que um passaporte especial emitido por Trump ou um passaporte italiano seriam suficientes para permitir a ida de Bolsonaro à posse do presidente eleito dos EUA, diferentemente do que afirma um vídeo publicado no TikTok. A publicação menciona ainda que o ex-presidente brasileiro é cidadão italiano, informação da qual não se tem registro.

Em janeiro de 2023, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, revelou que Bolsonaro, àquela época, ainda não havia pedido a cidadania do país. No mês seguinte, o ex-presidente disse que, pela legislação italiana, ele seria italiano por ter direito à cidadania. No entanto, ele não havia confirmado se pretendia ou não fazer o pedido.

Em novembro de 2023, Bolsonaro ainda não havia conseguido o título de cidadão. Na época, a Itália avançava com uma lei que poderia impedir o ex-presidente de ter cidadania. Desde então, não há mais atualizações sobre o caso.

Se considerarmos que ele ainda não fez o pedido de cidadania, Bolsonaro não teria um passaporte italiano – documento que é concedido apenas a cidadãos do país.

A publicação também levantou a possibilidade de Trump conceder um passaporte especial ao ex-presidente. No programa Oeste sem Filtro, o jornalista Alexandre Garcia também questionou sobre essa possibilidade, afirmando que ele próprio recebeu o documento em ocasiões de trabalho, como “cobrir Presidência da República no Japão”.

Procurado pelo Comprova, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) orientou checar o Decreto Nº 5.978/2006. De acordo com o regulamento, há cinco tipos de passaporte no Brasil:

  • Comum, emitido para qualquer cidadão brasileiro;
  • Diplomático, emitido a autoridades diplomáticas ou a serviço do governo brasileiro;
  • Oficial, emitido a autoridades e/ou funcionários(as) do governo brasileiro em missão oficial;
  • Para estrangeiro, concedido no território nacional ou fora do país para pessoas apátrida ou de nacionalidade indefinida, asilado ou refugiado no País e outras situações especiais, descritas no decreto;
  • De emergência, concedido àquele que necessite de documento de viagem com urgência e não possa comprovadamente aguardar o prazo de entrega, nas hipóteses de catástrofes naturais, conflitos armados ou outras situações emergenciais, individuais ou coletivas, definidas em ato dos Ministérios da Justiça ou das Relações Exteriores, conforme o caso.

O professor de Direito Internacional da Nabuco CACD Ricardo Macau destaca que, mesmo que Bolsonaro tenha passaporte estrangeiro ou autorização especial para entrar nos EUA, ele deve passar pelo controle migratório antes de sair do país. Isto é, pela Polícia Federal (PF), que é orientada a cumprir as ordens do STF, como a de não autorizar viagens internacionais do ex-presidente.

Isso porque seu passaporte foi apreendido pela Polícia Federal (PF) a mando do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em decorrência do envolvimento do ex-presidente em uma tentativa de golpe de Estado.

Com isso, o político só pode sair do país com autorização do magistrado, como ele mesmo disse durante cerimônia de posse do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como secretário de Relações Institucionais e Internacionais do PL, em Brasília.

“Se for (convidado), vou peticionar ao TSE [Tribunal Superior Eleitoral], para ver se eu posso ir lá acompanhado da esposa. Se [Trump] não convidar, paciência, tem seus motivos. Acredito que seja convidado. Bem, quem vai decidir se eu vou ou não é Sua Excelência, Alexandre de Moraes”, disse o ex-presidente.

“Então ele pode ter passaporte de 10, 20 ou 30 países. Ele vai ter que passar pelo controle imigratório da Polícia Federal. Isso está na Constituição [Art. 38 da Lei nº 13.445/2017]. A Polícia Imigratória é a PF, e a PF tem que cumprir uma ordem do Alexandre de Moraes, que é não autorizar o Bolsonaro a sair do país”, explicou.

Em nota ao Comprova no dia 13 de novembro, o STF informou que não localizou, até aquele momento, “pedido nesse sentido [de autorização para sair do país] nos processos públicos que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro”. O tribunal não informou como iria proceder no caso de um pedido do tipo, já que a solicitação deve passar por análise de Moraes.

A reportagem contatou o perfil que publicou o vídeo no TikTok, mas não obteve resposta. A assessoria de Bolsonaro também foi contatada e não respondeu até a publicação desta checagem.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 18 de novembro, a publicação no TikTok alcançou 409,8 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Ministério das Relações Exteriores, STF, professor de Direito Internacional Ricardo Macau e reportagens linkadas ao longo do texto.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Conteúdos com desinformação envolvendo Jair Bolsonaro são frequentes. O Comprova já mostrou, por exemplo, que Rayssa Leal não dedicou medalha olímpica ao ex-presidente em entrevista e que a trilha sonora de Rebeca Andrade em Paris não fez homenagem ao político.

Contextualizando

Investigado por: 18/11/2024

Aeronaves estrangeiras mostradas em vídeo participavam de simulação da FAB; entenda

Contextualizando
Post mostra a chegada de aeronaves internacionais para o Exercício Cruzeiro do Sul (CRUZEX), da Força Aérea Brasileira (FAB), sem dar detalhes do evento. Nos comentários do post, há dúvidas a respeito do episódio e teorias conspiratórias segundo as quais estaria “acontecendo alguma coisa estranha que a mídia não fala”. Há ainda questionamentos sobre um suposto envolvimento dos Estados Unidos (EUA) na defesa do Brasil. O objetivo do treinamento é que integrantes das Forças Aéreas de diferentes países troquem experiências por meio de um treinamento conjunto em simulações de conflito, como destacam os meios de comunicação/as redes sociais da FAB.

Conteúdo analisado: Vídeo mostra quatro aeronaves sobrevoando no céu. A legenda diz “Caças F-15 dos EUA pousaram na Base Aérea de Natal, no Rio Grande do Norte, como parte do exercício multinacional ‘CRUZEX 2024’”.

Onde foi publicado: TikTok.

Contextualizando Apesar da legenda da gravação apontar que se trata de um exercício multinacional, comentários na postagem conspiram que estaria “acontecendo alguma coisa estranha que a mídia não fala” e questionam suposto envolvimento dos EUA na defesa do Brasil. As redes sociais da FAB mencionam o evento desde outubro, enfatizando a legenda “CRUZEX: A Guerra é Simulada. O Treinamento é Real”.

O vídeo mostra a chegada de aeronaves para participarem do Exercício Cruzeiro do Sul (CRUZEX). O evento acontece desde 2002 e é liderado pela Força Aérea Brasileira (FAB), com a participação do Exército e da Marinha do Brasil. O objetivo é promover a troca de experiências entre os integrantes das Forças Aéreas dos países participantes por meio de um treinamento conjunto em simulações de conflito. Este ano aconteceu a 8ª edição do treinamento, entre os dias 3 e 15 de novembro, na Base Aérea de Natal (BANT). A maioria dos veículos aéreos participantes pousou entre os dias 1 e 3 de novembro, segundo a FAB.

Os EUA participam do CRUZEX desde a 5ª edição, que aconteceu em 2010. Neste ano, o país trouxe para o Brasil caças F-15 Eagle pela primeira vez. As aeronaves vieram da 159º Ala de Caça da Guarda Aérea Nacional de Louisiana, sediada na Base Aérea Naval Conjunta de Nova Orleans. A esquadrilha de caças foi fotografada no dia 2 de novembro – data da postagem do TikTok– e consta no Flickr oficial da FAB.

Este ano, os países que participam com esquadrões de voo em território brasileiro são Argentina, Chile, Colômbia, Estados Unido, Paraguai, Peru e Portugal. Há equipes do Chile, Colômbia, EUA, Paraguai e Peru para realizar tarefas espaciais e cibernéticas. Como observadores, estão África do Sul, Alemanha, Canadá, Equador, França, Itália, Suécia e Uruguai. Cada país oferece suas aeronaves e conhecimentos específicos, visando uma cooperação internacional no campo da defesa.

Os países e as respectivas aeronaves participantes no treinamento são:

  • Brasil, com os caças F-39 Gripen, F-5EM, A-1, A-29B, de transporte C-105/SC-105 Amazonas, KC-390 Millennium, E99M e helicóptero H-36 Caracal da FAB, além do A4 da Marinha do Brasil (MB);
  • Argentina com IA-63 Pampa e KC-130H;
  • Chile com o KC-135 e F-16 ;
  • Colômbia com KC-767;
  • EUA com F-15 e KC-46 (767);
  • Paraguai com AT-27 e C-212;
  • Peru com KT-1P e KC-130;
  • Portugal com KC-390.

Release do evento enviado à imprensa informa que participam 16 países, mais de 3,6 mil militares e cerca de 100 aeronaves nesta edição. O conteúdo verificado aqui foi postado no Tiktok no dia 2 de novembro e já soma mais de 1 milhão de visualizações, 40 mil curtidas e 2 mil comentários na plataforma.

Fontes consultadas: Assessoria de Imprensa do Comando da Aeronáutica e publicações oficiais no site e redes sociais da Força Aérea Brasileira.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: Mais postagens nas redes sociais mencionam as Forças Armadas do Brasil e justificam contextualizações do Projeto Comprova, como um post que usa vídeos antigos para minimizar atuação do Exército nas enchentes no RS; autor diz que era teste de fake news.

Política

Investigado por: 14/11/2024

Post sobre limusine da Tesla criada para Trump foi feito por perfil de paródias de Elon Musk

Falso
A Tesla não se pronunciou oficialmente sobre criar uma limusine para Donald Trump, eleito pela segunda vez presidente dos Estados Unidos. O conteúdo que sugere a criação do veículo foi publicado por uma conta que faz paródias de Elon Musk, dono da fabricante de carros, e foi reproduzido em outras redes afirmando que o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), teria sido convidado para conhecer o veículo. O Comprova apurou que a Tesla não tem disponível o modelo do tipo.

Conteúdo investigado: Post com imagem de um carro de luxo posicionado em frente à Casa Branca, em Washington DC, nos Estados Unidos, e legenda que diz “Elon preparou um Tesla limusine para Trump e convidou Bolsonaro para conhecê-la”. A imagem foi publicada originalmente em outra plataforma por um perfil que faz paródias de Elon Musk com o texto “Devo fazer uma limusine Tesla para Trump? À prova de balas, é claro!”, como se fosse uma declaração do bilionário.

Onde foi publicado: X e TikTok.

Conclusão do Comprova: Não é verdade que Elon Musk tenha publicado sobre a criação de uma limusine para Donald Trump. Uma postagem no TikTok tira de contexto a publicação de uma conta satírica que imita o empresário. Uma busca no perfil oficial de Musk no X mostrou que ele não publicou o conteúdo.

A limusine também não está na relação de carros fabricados pela Tesla. Na verdade, não há esse modelo de veículo no catálogo disponível no site da empresa automotiva.

Na internet, o Comprova encontrou uma limusine Tesla que não foi criada pela fabricante, mas adaptada de um modelo original. Trata-se de um modelo que tem como base o Model S 85 de 2015. O veículo esteve à venda no eBay em 2017 e não é o mesmo que aparece nos conteúdos investigados nesta checagem.

De acordo com a descrição no eBay à época do anúncio, a limusine foi construída para um projeto publicitário da empresa Big Limos, especializada no alargamento de automóveis e na conversão dos veículos para limusines de luxo.

No TikTok, uma postagem utilizou a mesma imagem da suposta limusine da Tesla para afirmar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu um convite para conhecer o veículo. Bolsonaro, no entanto, não fez nenhuma publicação nas redes sociais sobre o possível convite, assim como Musk e Trump.

O Comprova contatou a Tesla e a assessoria de imprensa de Donald de Trump e Jair Bolsonaro, mas não obteve retorno até a publicação desta checagem. A iniciativa também contatou o autor do post no TikTok e não obteve resposta.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 14 de novembro, o post no X alcançou 20,1 milhões de visualizações. Já o vídeo no TikTok alcançou 1,4 milhões de visualizações.

Fontes que consultamos: Catálogo de carros da Tesla, ferramenta AI or Not e buscas do Google por supostas limusines da fabricante de Musk.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Elon Musk e Donald Trump são alvos frequentes de desinformação e, por isso, de checagens do Comprova. Recentemente, a iniciativa contextualizou a suposta compra da CNN pelo bilionário que fez Javier Milei, presidente da Argentina, cair em sátira e mostrou também que o político americano não postou que não convidaria Lula (PT) para sua posse “porque lugar de ladrão é na cadeia”.

Contextualizando

Investigado por: 13/11/2024

Entenda a suposta compra da CNN por Musk que fez Milei cair em sátira

Contextualizando
A CNN não foi comprada por Elon Musk e não há negociações do tipo em andamento, diferentemente do que afirmou o presidente argentino, Javier Milei. A emissora, pertencente à Warner Bros. Discovery, desmentiu a fala do mandatário. A declaração do argentino, no entanto, abriu caminho para o surgimento de desinformações sobre o assunto, como um conteúdo que afirma que o youtuber Allan dos Santos seria escalado âncora da filial brasileira após a suposta venda. O Comprova contextualiza o tema.

Conteúdo analisado: Imagem que diz que Elon Musk comprou a rede americana CNN e colocou Allan dos Santos como âncora na filial brasileira. O conteúdo tem, lado a lado, fotografias de Allan, Musk e Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Onde foi publicado: TikTok.

Contextualizando: Boatos de que Elon Musk teria comprado a emissora CNN surgiram após o presidente da Argentina, Javier Milei, afirmar na Câmara de Comércio do país que a suposta negociação seria positiva, pois “as decisões tomadas por [Donald] Trump teriam melhor repercussão”.

No entanto, Musk não comprou a CNN. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da emissora, que pertence à Warner Bros. Discovery. “Não há verdade alguma em rumores de venda ou mudança de propriedade da CNN. Quaisquer declarações em contrário são completamente falsas”, disse o canal de notícias em nota ao Comprova.

De acordo com uma checagem da Lupa, Milei falou sobre a compra porque teria interpretado como verdade uma sátira de um portal de humor. O site em questão, chamado SpaceXMania, costuma publicar artigos sem informações reais, em que satiriza Musk e as empresas dele.

O site, aliás, afirma ter como missão divulgar “as fake news mais frescas, algumas análises atrevidas e uma boa dose de sátira, tudo reunido em uma mistura maluca que orbita em torno de Elon Musk e tudo o que é destaque nos gráficos virais/tendência”.

Musk não se pronunciou publicamente sobre o tema. A reportagem contatou o bilionário por meio da assessoria de imprensa da Tesla, uma de suas empresas, questionando se haveria algum plano para adquirir a emissora, mas não houve retorno até opublicaçã deste texto.

A repercussão da fala de Milei fez com que peças de desinformação sobre essa suposta compra começassem a circular nas redes sociais. Uma delas, postada no TikTok, afirma que, após a compra da CNN por Musk, o youtuber e blogueiro Allan dos Santos seria escalado como âncora da filial brasileira – o que também não é verdade.

Ao Comprova, a assessoria de imprensa da CNN Brasil afirmou que a postagem traz conteúdo falso, e que não comentará o caso.

Apesar disso, Allan dos Santos costuma apoiar Musk nas redes sociais, principalmente quando aborda as polêmicas envolvendo o bilionário e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Allan, que está foragido da Justiça brasileira desde 2021, teve seus perfis no X bloqueados por ordem de Moraes. No entrave do ministro contra Musk, o youtuber foi beneficiado, e teve suas contas desbloqueadas na plataforma. Atualmente, a conta do youtuber no X está retida.

No mês passado, Allan comprou um carro Tesla, da fabricante de Musk. E, em vídeo que circula no X, o youtuber comemora com uma “dancinha” a suposta compra da CNN por Elon.

O Comprova tentou contatar o autor do post no TikTok, mas o perfil não permite o envio de mensagens. A reportagem também contatou o advogado de Allan dos Santos, mas não teve resposta até a publicação desta checagem.

Fontes consultadas: CNN e CNN Brasil, reportagens sobre o tema, linkadas ao longo do texto, e buscas no Google por declarações de Musk.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: Diferentes iniciativas de checagem, como Estadão Verifica, Lupa e UOL Confere, mostraram que é falsa a informação de que Musk tenha comprado a CNN. O Comprova, por sua vez, já desmentiu diversos conteúdos envolvendo o bilionário, como a afirmação de que ele teria visitado o Brasil em 2024 e anunciado a construção de escolas no país ou anunciado a abertura de fábricas da Tesla e SpaceX em território nacional.

Saúde

Investigado por: 12/11/2024

CEO da Pfizer não enfrenta prisão perpétua nem encara tribunal holandês, ao contrário do que diz post

Falso
Não é verdade que Albert Bourla, CEO da Pfizer, enfrenta prisão perpétua ou encara processo em um tribunal holandês por mentir sobre a vacina contra a covid-19, como indica a legenda de uma postagem no X. O texto vem acompanhado de um vídeo com tais acusações, que se baseiam em teorias da conspiração disseminadas desde 2021. O Comprova não encontrou nenhum indício de que o CEO esteja preso ou seja alvo de processos na Holanda. A Pfizer negou que haja qualquer prisão ou processo contra Bourla.

Conteúdo investigado: Vídeo que narra uma “série de mentiras descaradas ditas pelo CEO da Pfizer que serviram para alimentar um dos maiores escândalos na saúde da história recente”, conforme descrito na legenda da publicação. Semelhante a um telejornal, o conteúdo é apresentado por um homem que narra as acusações e traz trechos de entrevistas de ex-membros da Pfizer, que criticam a empresa e dizem que Bourla enfrenta um tribunal na Holanda.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Albert Bourla, presidente da Pfizer, não enfrenta prisão perpétua nem processos na Holanda por supostamente mentir sobre a vacina contra a covid-19. Conteúdo que diz o contrário traz alegações falsas sobre a liberdade de Bourla e sobre a eficácia do imunizante.

Um vídeo publicado no X descreve inúmeras razões, todas elas envolvendo teorias da conspiração sobre a vacina contra a covid-19, pelas quais o CEO teria sido convidado a defender a si mesmo e a Pfizer em um tribunal holandês. O conteúdo, no entanto, não especifica em qual tribunal da Holanda o suposto processoocorre. Já a legenda do post afirma que Bourla “enfrenta prisão perpétua por mentir para bilhões sobre a vacina covid”. Conforme apuração do Comprova, não foi encontrada nenhuma notícia ou menção a nenhuma das duas situações. Também não foram encontrados vídeos ou fotos da suposta prisão de Bourla. Pelo contrário, há reportagens que desmentem a suposta prisão do empresário.

A publicação analisada foi feita no X em 31 de outubro. Dois dias antes, Albert Bourla concedeu entrevista ao canal de TV americano CNBC. Ainda no dia 29, o canal no YouTube do site Yahoo Finance também publicou uma entrevista com o CEO. Já em 12 de agosto, o executivo foi o personagem de uma entrevista em formato pingue-pongue, escrita pelo jornalista Matthew Perrone para a Associated Press. Em nenhum desses casos foram mencionados processos contra ele. 

A disseminação de informações do tipo sobre Albert Bourla não é novidade. Em 2022, por exemplo, a revista Forbes publicou uma reportagem intitulada “Não, o CEO da Pfizer não foi preso; saiba como surgiu essa teoria da conspiração” com o objetivo de desmentir boatos sobre o executivo. Ao Comprova, a Pfizer disse que as informações citadas no post aqui analisado “não procedem”.

A empresa reforçou a segurança da vacina produzida e garante que “não há qualquer alerta de segurança, de modo que o benefício da vacinação permanece se sobrepondo a qualquer risco”, em resposta às alegações do post investigado, que põe em xeque a segurança e eficácia do imunizante. Ainda segundo a Pfizer, a vacina já foi distribuída em 183 países, totalizando mais de 4,8 bilhões de doses.

“Em nosso compromisso com a segurança e a eficácia de nossos produtos, realizamos habitualmente o acompanhamento de relatos de potenciais eventos adversos, mantendo as autoridades regulatórias sempre informadas, conforme a regulamentação vigente em cada país”, informou a Pfizer, acrescentando “que diferentes agências regulatórias pelo mundo, como FDA, EMA e Anvisa, autorizaram o uso da vacina ComiRNAty contra a COVID-19 da Pfizer/BioNTech”.

O vídeo publicado no X também desinforma ao reforçar as desconfianças em torno da vacina ao dizer que Bourla não se imunizou, o que é mentira, conforme mostrou o Comprova em uma verificação de 2021.

Uma das pessoas que aparecem no conteúdo investigado é Mike Yeadon. Ele é ex-vice-presidente da Pfizer e já foi alvo de checagem do Estadão Verifica, em 2020, por compartilhar informações falsas sobre vacinas e pandemia de covid-19. Recentemente, em 2024, alegações dele também foram checadas pelo UOL Confere, que concluiu ser falso que os imunizantes contra a covid-19 tenham sido produzidos com a intenção de “reduzir a população”, como disse Yeadon em tom conspiratório.

O Comprova contatou o autor da publicação investigada, contudo não teve retorno até a publicação deste texto.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 12 de novembro de 2024, no X, o conteúdo tinha 212,8 mil visualizações; 5,3 mil curtidas e 1,9 mil compartilhamentos.

Fontes que consultamos: Pfizer e histórico de publicações e entrevistas de Albert Bourla disponíveis na internet.

Quem é Albert Bourla?

Albert Bourla é presidente e diretor executivo da Pfizer. Conforme o site oficial da empresa, ele tem mais de 30 anos na organizaçãoe assumiu o cargo de CEO em janeiro de 2019. Além disso, Bourla é doutor em Medicina Veterinária e possui Ph.D. em Biotecnologia da Reprodução pela Veterinary School of Aristotle University, na Grécia.

Entre outras funções, ele é presidente da International Federation of Pharmaceutical Manufacturers & Associations e da The Pfizer Foundation, e copresidente do Conselho de Administração da Partnership for New York City.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O CEO da Pfizer já foi alvo de outras verificações no Comprova em decorrência de falsas afirmações. Em uma delas, foi mostrado que, ao contrário do que diz um texto disseminado pelo WhatsApp, Bourla não foi condenado. As vacinas também são peças de muita desinformação. O Comprova já mostrou ser falso que pessoas vacinadas tenham o dobro de chance de pegar covid e que é enganoso post de deputado com questionamentos sobre a eficácia dos imunizantes.