O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa, apartidária e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
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Política

Investigado por: 2025-03-07

Post satiriza Deltan Dallagnol e engana ao dizer que Moraes foi condenado por tribunal internacional

  • Sátira
Sátira
Diferentemente do que afirma post viral, o Tribunal Penal Internacional (TPI) não formou maioria para condenar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Não há nenhum registro relacionado a Moraes no TPI, que julga apenas indivíduos acusados de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crime de agressão. O post satiriza o ex-procurador Deltan Dallagnol, usando uma foto dele envelhecido e chamando-o de Paul Herpoint, uma referência à apresentação de PowerPoint no caso da Lava Jato.

Conteúdo investigado: Post com a legenda “Exclusivo: Tribunal Penal Internacional forma maioria para condenar Alexandre de Moraes: ‘Já temos convicção’, disse Paul Herpoint”. Há uma foto de um homem de cabelo grisalho e outra de Moraes.

Onde foi publicado: X e Instagram.

Conclusão do Comprova: É enganoso que o Tribunal Penal Internacional formou maioria para condenar Alexandre de Moraes, ministro do STF. Um post com a afirmação mentirosa viralizou fazendo sátira com o ex-deputado e ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol. Uma foto verdadeira dele foi alterada digitalmente, envelhecendo-o. Na legenda, o post diz que o homem, que seria Paul Herpoint, teria dito: “Já temos convicção”.

O nome inventado faz referência à palavra PowerPoint, programa de apresentação de slides usado por Dallagnol em 2016, quando da primeira denúncia da Operação Lava Jato contra Lula (PT). A frase é outra alusão ao ex-procurador: na época, sites e memes afirmaram, falsamente, que ele teria dito “Não temos prova, mas temos convicção”.

| Foto original de Deltan Dallagnol é do Estadão Conteúdo.

Como o Comprova já mostrou, o TPI “é um organismo internacional permanente, com jurisdição para investigar e julgar indivíduos acusados de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crime de agressão”.

O post circula em meio às notícias de que as empresas Rumble Inc. e Trump Media & Technology Group Corp. tentaram acusar Moraes de censura, mas a Justiça dos Estados Unidos negou o pedido das companhias. E, diferentemente do que o post afirma, não há nenhum processo contra Moraes no TPI.

O post foi publicado por um perfil que diz, em sua apresentação no X, repercutir “as principais notícias do Brasil e do mundo”. No Instagram, a página se descreve como um perfil de “notícia, humor e entretenimento”. E, embora o post fizesse uma sátira com Dallagnol, houve quem tenha achado que o conteúdo fosse verdadeiro. Uma pessoa perguntou, ironicamente, a quais crimes Moraes seria condenado, e outra respondeu: “Abuso de autoridade é um deles. Se você conhecer a Constituição e leis do seu próprio país, irá saber”. Outra comentou: “Condenar de quê? O ministro segue nossa constituição e fim”.

O Comprova tentou contatar o perfil responsável pelo post, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

Sátira, para o Comprova, é o meme, paródia ou imitação publicada com intuito de fazer humor. O Comprova verifica conteúdos satíricos quando percebe que há pessoas tomando-os por verdadeiros ou quando circulam por outros meios sem a identificação de conteúdo humorístico feita pelo autor.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 7 de março, o post havia sido visualizado mais de 270 mil vezes no X. No Instagram, o alcance não é divulgado.

Fontes que consultamos: Site do TPI e reportagens sobre Moraes e Dallagnol.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Recentemente, o Comprova publicou que imagem de Moraes com boné da USAID foi gerada por IA e, no ano passado, mostrou ser falso que o FBI tenha investigado o ministro por envolvimento com narcotráfico.

Notas da comunidade: Até a publicação desta verificação, não havia notas da comunidade publicadas junto ao post no X.

Política

Investigado por: 2025-03-07

Volta a circular mentira sobre Miriam Leitão ter sido presa por assaltos a bancos e anistiada

  • Falso
Falso
É falso que a jornalista Miriam Leitão tenha sido acusada de realizar assaltos em agências bancárias com uma arma de calibre 38 durante o regime militar. A jornalista foi presa em 1972, por integrar o PCdoB, mas foi absolvida. Também não é verdadeiro que ela tenha sido beneficiada pela Lei da Anistia.

Conteúdo investigado: Publicação afirma que Miriam Leitão foi acusada de assaltos em agências bancárias com arma de fogo durante a ditadura militar. O post chama a jornalista de “Amélia” e afirma que ela teria sido anistiada.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Voltou a circular nas redes sociais um boato antigo alegando que Miriam Leitão teria sido acusada de realizar assaltos com arma de calibre 38 em agências bancárias. Porém, não há registros de denúncias do crime contra a jornalista. Ela foi presa durante a ditadura militar, em 1972, quando tinha 19 anos, por razões políticas.

Segundo o registro do Ministério Público Militar, disponibilizado pelo Ministério Público Federal no projeto “Brasil: Nunca Mais”, a acusação contra Miriam foi por “agrupamento prejudicial à segurança nacional e propaganda subversiva”. A jornalista era militante do Partido Comunista do Brasil, o PCdoB, que atuava de maneira clandestina no país na época. Ela foi julgada e absolvida pelas denúncias em agosto de 1974.

Diferentemente do que diz a publicação analisada, a absolvição aconteceu cinco anos antes da promulgação da Lei da Anistia, sancionada em 1979, que concedeu perdão aos acusados de crimes políticos na ditadura. O nome de Miriam Leitão não consta na lista de anistiados, disponibilizada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, ou no Sistema de Informações da Comissão de Anistia, uma base pública dos processos.

O boato é compartilhado há anos nas redes sociais e tem origem em uma alegação falsa de que a jornalista teria assaltado o banco Banespa, na cidade de São Paulo, em 1968. Porém, Miriam tinha 15 anos na época e morava em Caratinga, interior de Minas Gerais, cidade-natal dela.

Em entrevista ao jornal O Globo em 2014, Miriam contou que foi presa por militares em Vitória, no Espírito Santo, a caminho da praia. Ela relatou que foi torturada grávida, espancada, ameaçada de estupro e deixada sozinha, nua, em uma sala com uma jiboia. A foto usada na publicação falsa foi publicada no livro “Em nome dos Pais”, de Matheus Leitão, filho da jornalista, sobre a história da mãe na prisão. O codinome “Amélia” era usado por Miriam na militância pelo PCdoB.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) publicou, em 2018, uma nota de repúdio às mentiras publicadas contra a jornalista.

O Comprova tentou entrar em contato com a autora da publicação, mas o perfil não permite o envio de mensagens.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 7 de março, a publicação alcançou 189 mil visualizações no X.

Fontes que consultamos: Consulta na página de processos do projeto “Brasil: Nunca Mais”, nos dados de anistiados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e no Sistema de Informações da Comissão de Anistia. Pesquisa por entrevistas com Miriam Leitão e nota da Abraji.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Outras iniciativas de checagem como Estadão Verifica, Agência Lupa, Aos Fatos e Fato ou Fake publicaram que não é verdadeiro que Miriam Leitão tenha sido presa por assaltos ou anistiada.

Notas da comunidade: Até a publicação desta verificação, não havia notas da comunidade publicadas junto ao post no X.

Política

Investigado por: 2025-03-07

Imagens do 8 de janeiro não foram vazadas e nem provam que Lula armou invasão

  • Enganoso
Enganoso
Publicação engana ao afirmar que novas imagens dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro foram vazadas e que os registros provariam que Lula armou invasão. Imagens de câmeras de segurança do Palácio do Planalto foram divulgadas em 23 de abril de 2023 após quebra de sigilo judicial. Não há evidência da participação do presidente ou de aliados governistas no ataque aos Três Poderes.

Conteúdo investigado: Post reúne trechos de vídeos de câmeras de segurança do Palácio do Planalto do dia 8 de janeiro de 2023, que mostram ações de vandalismo contra o patrimônio público. Durante a exibição, foi fixada a legenda “Pra quem ainda duvida. Mande para o mundo! Vazaram mais imagens. Lula armou a invasão para incriminar os patriotas”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Não foram vazadas novas imagens dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 nas sedes dos Três Poderes, em Brasília. Os vídeos compilados na postagem são do circuito interno do Palácio do Planalto e foram disponibilizados em 23 de abril de 2023 pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) após o Supremo Tribunal Federal (STF) determinar a quebra de sigilo. O acervo é acessível a qualquer cidadão por este link.

Na postagem enganosa, durante a exibição das imagens, setas vermelhas são apontadas para algumas pessoas, mas o conteúdo não as identifica, nem explica qual seria a relação delas com o presidente Lula (PT). Não há evidências de que os envolvidos sejam lideranças ligadas a ele. As pessoas destacadas nos vídeos utilizam adereços personalizados com a bandeira do Brasil, de Israel e dos Estados Unidos. Parte dos participantes também está com o rosto coberto.

Após a circulação de vários conteúdos falsos com a alegação de que o presidente estaria no Palácio do Planalto no momento da invasão, a Secretaria de Comunicação Social esclareceu que, durante a ação dos invasores, o presidente estava cumprindo agenda em Araraquara, no interior paulista. A imprensa também noticiou a visita e o prefeito, Edinho Silva, registrou nas redes sociais. As imagens de segurança mostram que Lula chegou ao Palácio às 21h26. A partir das 21h30 há registros também da chegada de outros ministros e líderes do governo.

Após dois anos do episódio, o STF condenou 371 pessoas por incitação ou execução dos atos golpistas. Não há registro de que algum dos condenados tenha ligação com Lula.

O relatório final da investigação da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe e a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República apontam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como líder do movimento golpista. O documento cita, inclusive, ex-integrantes militares do governo Bolsonaro envolvidos nas ações antidemocráticas.

De acordo com o relatório da PF, houve a “atuação de uma organização criminosa” desde 2019, que teria desenvolvido “ações voltadas a desestabilizar o Estado Democrático de Direito, com o fim de obtenção de vantagem consistente em tentar manter o então Presidente da República Jair Bolsonaro no poder, a partir da consumação de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito”.

O Comprova tentou contato com o autor da postagem, mas não obteve retorno até a publicação.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. A publicação teve mais de 270 mil visualizações até o dia 7 de março.

Fontes que consultamos: Imagens do sistema de segurança do Palácio do Planalto disponíveis no site do Gabinete de Segurança Institucional e no canal do site Poder360 no Youtube, relatório final de investigação da Polícia Federal, site do Supremo Tribunal Federal, pesquisa por notícias sobre possível envolvimento de Lula nos ataques de 8 de janeiro.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já checou que é enganoso afirmar que atos antidemocráticos contra resultado das eleições são o maior protesto da História e concluiu que Lewis Hamilton não carregou bandeira do Brasil em apoio a atos golpistas. O Aos Fatos checou também que Lula não estava em Brasília durante os ataques de 8 de janeiro, assim como o Estadão, e a Agência Lupa verificou que é falso que Gleisi Hoffmann seja a mulher em vídeo gravado no Palácio do Planalto durante ataques de 8/1. Boatos sobre infiltrados no 8 de janeiro também foram desmentidos pelo Estadão.

Notas da comunidade: Até a publicação desta verificação, não havia notas da comunidade publicadas junto ao post no X.

Política

Investigado por: 2025-03-06

Não há registro de pesquisas que apontem 95% de aprovação de Alexandre de Moraes; post é de página satírica

  • Sátira
Sátira
O Comprova não encontrou registros de pesquisas que apontem apoio quase unânime dos brasileiros ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes como alega uma postagem no X. O post verificado foi publicado por uma página de humor que não cita as fontes da afirmação.

Conteúdo investigado: Publicação em página de humor anuncia supostas pesquisas que revelam apoio de 95% dos brasileiros ao ministro Alexandre de Moraes e à prisão de Jair Bolsonaro.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Não há registros de pesquisas que apontem apoio quase unânime dos brasileiros ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Os levantamentos mais recentes envolvendo o magistrado são de 2024 e nenhum deles mostra avaliação predominantemente positiva do trabalho do jurista.

Embora a informação não apareça para quem vê apenas o post, ele foi publicado por uma página de humor que se autodenomina um “portal de notícias isento de verdade”. No caso do tuíte verificado, os comentários evidenciam que parte dos leitores não compreendeu que se tratava de uma sátira ou meme. Em resposta à publicação, um internauta questionou o perfil sobre a fonte da pesquisa. A resposta, em tom de piada, mostra que não há veracidade na afirmação.

Uma pesquisa realizada pela AtlasIntel, entre 3 e 4 de setembro de 2024, revelou que a imagem de Moraes era vista como positiva por 47% dos entrevistados e como negativa por 52%. Meses antes, em março de 2024, o Instituto Datafolha pediu aos brasileiros que avaliassem a atuação do ministro à frente dos processos sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Nesse caso, 37% aprovaram o trabalho do jurista, enquanto 33% desaprovaram e 24% o classificaram como regular.

Portanto, não há evidências que indiquem a existência de uma pesquisa que aponte quase 95% de aprovação do ministro. Além disso, o conteúdo investigado menciona que a mesma porcentagem da população brasileira seria a favor da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Também não foi possível atestar a veracidade dessa alegação.

Existem levantamentos que avaliam a percepção dos brasileiros sobre o inquérito que indica a participação de Bolsonaro em uma tentativa de golpe de Estado, mas nenhum aponta o resultado compartilhado pelo perfil de humor. Uma pesquisa da AtlasIntel, realizada em fevereiro deste ano, revelou que 52,5% dos entrevistados acreditam que o ex-presidente deve ser preso, enquanto 27,2% defendem a anistia e 17,7% acreditam que ele deve ser julgado em liberdade.

Como o post investigado foi compartilhado por uma página de humor e não foi possível encontrar pesquisas verídicas que apresentem tais resultados, classificamos o conteúdo como sátira.

O Comprova entrou em contato com o autor da publicação, mas não obteve respostas até a publicação deste texto.

Sátira, para o Comprova, é o meme, paródia ou imitação publicada com intuito de fazer humor. O Comprova verifica conteúdos satíricos quando percebe que há pessoas tomando-os por verdadeiros ou quando circulam por outros meios sem a identificação de conteúdo humorístico feita pelo autor.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 6 de março, a publicação tinha alcançado 110 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Consulta por pesquisas de opinião sobre a atuação do ministro Alexandre de Moraes na mídia profissional e busca pelo perfil responsável pela publicação.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Moraes é alvo de diversos conteúdos de desinformação nas redes sociais. O Estadão Verifica já investigou, por exemplo, ser falso que Elon Musk tenha descoberto mansões do ministro nos EUA avaliadas em US$ 43 milhões. No Comprova, já foi publicado que imagem de Alexandre de Moraes com boné da USAID foi gerada por IA e também que vídeo satírico de Lula pedindo votos para Bolsonaro em 2026 foi gerado por IA.

Notas da comunidade: Até a publicação desta verificação, não havia notas da comunidade publicadas junto ao post no X.

Política

Investigado por: 2025-02-28

Reajuste da contribuição de MEIs obedece a uma lei de 2011 e não foi estabelecido por Haddad

  • Enganoso
Enganoso
Contribuição paga mensalmente por microempreendedores individuais (MEIs) aumentou em 7,5% em conformidade com uma legislação de 2011, que determina que o valor pago pelos MEIs deve corresponder a 5% do salário mínimo. Como o piso salarial dos trabalhadores aumentou em 2025, a taxa cobrada dos microempreendedores também subiu. Portanto, a decisão do reajuste não cabe ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Conteúdo investigado: Publicação de vereador que atribui ao ministro da Fazenda a responsabilidade pelo aumento de 7,5% no imposto pago mensalmente pelos microempreendedores individuais.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Em 2025, o tributo pago mensalmente pelos microempreendedores individuais (MEIs) passou de R$ 70,60 para R$ 75,90, o que representa um aumento de 7,5%. Porém, o reajuste não ocorreu por determinação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Na verdade, a adequação é prevista pela lei Nº 12.470/2011, que determina que a contribuição dos MEIs deve corresponder a 5% do salário mínimo. Neste ano, o salário mínimo passou de R$ 1.412 para R$ 1.518. Como o piso salarial dos trabalhadores aumentou, a taxa cobrada dos microempreendedores também subiu.

Um post do vereador Lucas Pavanato (PL), de São Paulo, engana ao afirmar que o imposto sofreu alteração por iniciativa de Haddad. Em janeiro, o governo federal já havia anunciado o aumento no valor que deve ser pago pelos microempreendedores ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Na publicação, o órgão explica que a contribuição é baseada no salário mínimo.

A lei que atrela o valor da contribuição do MEI ao salário mínimo é de 2011, sancionada durante o mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. Portanto, é anterior ao período de Haddad como ministro de Lula. Além disso, não há registros de ações do Executivo ou do Legislativo para alterar a alíquota de 5% sobre o salário mínimo. Alterações desse tipo precisam ser aprovadas pelo Congresso Nacional.

O reajuste do salário mínimo é anual e o valor da contribuição dos MEIs para o INSS deve acompanhar esse percentual. Em anos anteriores, a alteração do piso salarial implicou em aumentos semelhantes ou até maiores. No ano de 2022, o imposto do microempreendedor subiu 10,18%.

O post investigado pelo Comprova também afirma que Haddad aumentou em 7,5% a contribuição das empresas inscritas no Simples Nacional, mas não houve mudança na legislação sobre esse regime tributário. As alíquotas do Simples Nacional são progressivas e variam de acordo com a receita bruta anual da empresa e com o tipo de atividade em que ela se enquadra.

O Comprova entrou em contato com a assessoria do vereador Lucas Pavanato, via e-mail. Como resposta, sua equipe enviou o link de uma matéria do G1 que noticia o aumento do valor mensal pago por MEIs.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 28 de fevereiro, a publicação do vereador tinha alcançado 14,7 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Publicações oficiais do governo federal, como o decreto que reajustou o salário mínimo em 2025, a legislação que regulamenta a contribuição dos MEIs e anúncios sobre o aumento no valor pago mensalmente pelos microempreendedores individuais. Além disso, foram consultadas matérias jornalísticas sobre o debate em relação à taxação de grandes fortunas.

Taxação de grandes fortunas

A publicação verificada menciona ainda a taxação de grandes fortunas. Em diferentes ocasiões, o assunto foi colocado em evidência pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por Haddad. Em julho de 2024, o ministro da Fazenda destacou a taxação de impostos para os super-ricos como forma de arrecadar recursos para o combate à fome e à pobreza no mundo.

“Se bilionários pagassem 2% da riqueza em impostos, poderíamos arrecadar US$ 250 bilhões por ano, cinco vezes mais do que bancos multilaterais dedicaram a esse enfrentamento em 2022”, disse Haddad durante reunião ministerial da Força Tarefa para o Estabelecimento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. A proposta foi acatada por consenso entre líderes do G20, principal fórum de cooperação econômica internacional. A carta-final da cúpula, entretanto, não menciona uma alíquota específica.

Já no mês de outubro de 2024, o tema ganhou mais destaque com a votação da reforma tributária. Por 262 a 136, a Câmara dos Deputados rejeitou a inclusão do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) na proposta. A taxação foi uma sugestão do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), por meio do deputado Ivan Valente, que apresentou uma emenda ao texto.

De acordo com a proposta, seria considerada grande fortuna um conjunto de bens superior a R$10 milhões. O tributo seria anual, com alíquotas de 0,5% (de R$10 milhões a R$40 milhões), de 1% (acima de R$40 milhões até R$80 milhões) e de 1,5% (acima de R$80 milhões). Com a rejeição do tópico, o texto seguiu para o Senado sem a criação desse imposto. Apesar de previsto na Constituição Federal de 1988, o Imposto sobre Grandes Fortunas ainda não foi regulamentado no país.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Estadão Verifica publicou que o imposto para MEI ficou mais alto por causa de aumento no salário mínimo. O Comprova já explicou que posts enganam ao dizer que Lula não considera MEIs e autônomos como trabalhadores e que post mente ao afirmar que governo vai cobrar imposto de donos de pets. O Aos Fatos também verificou que o reajuste de tributos pagos por MEIs obedece à legislação anterior a Haddad.

Notas da comunidade: Até a publicação desta verificação, não havia notas da comunidade publicadas junto ao post no X.

Saúde

Investigado por: 2025-02-26

Post desinforma sobre vacina contra HPV usando reportagem antiga de um caso não comprovado

  • Enganoso
Enganoso
Assim como qualquer outra vacina, o imunizante contra o HPV pode causar eventos adversos, mas ocorrências são raras. Pesquisas apontam que os benefícios da vacina superam os riscos causados por eventuais efeitos colaterais, uma vez que a imunização é a medida mais eficaz para a redução dos casos de câncer de colo de útero, causado pelo papilomavírus humano.

Conteúdo investigado: Vídeo que mostra uma reportagem que aborda os supostos efeitos colaterais da vacina contra o papilomavírus humano (HPV), vírus causador do câncer de colo de útero.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Pesquisas apontam que os benefícios da vacinação contra o HPV superam os riscos causados por eventuais efeitos adversos, considerados raros. Um vídeo publicado no X mostra uma reportagem antiga sobre o caso de uma ação ajuizada em 2015 pelo Ministério Público Federal (MPF) de Uberlândia (MG), que pedia a suspensão do imunizante em todo o país. Em 2017, a Justiça não acatou o pedido do MPF.

O assunto chegou ao MPF por meio de representação feita pela mãe de uma adolescente que, após receber a vacina, desenvolveu problemas de saúde. A ação envolvia também outros jovens que, segundo um neurocirurgião ouvido pelo Ministério Público, relataram quadros clínicos neurológicos após receberem o medicamento.

Porém, no processo, a juíza Anna Cristina Gonçalves, da 14ª Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais, considerou que não havia provas científicas de que o imunizante teria causado efeitos colaterais nos adolescentes vacinados.

O caso repercutiu e gerou receio na população sobre a segurança do medicamento. Na época, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) repudiou a ação do Ministério Público Federal. Por meio de nota oficial, a organização destacou que a atitude colocava em risco a saúde de milhares de brasileiras.

“As vacinas HPV são seguras, fato referendado por inúmeros estudos científicos e resultados práticos de países que adotaram a vacinação em larga escala desde 2007. Já foram aplicadas mais de 200 milhões de doses e as reações adversas se mostraram pouco frequentes (10-20%). O quadro nesses casos costuma ser leve”, destacou a SBIm.

Estudos realizados ao longo dos anos descartam a relação entre o imunizante e o surgimento de doenças autoimunes. E outras entidades além da SBIm atestam a segurança da vacina, como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Geyson Florêncio, especialista em clínica médica do Hospital Oto Meireles, de Fortaleza, reforça que a vacina contra o HPV é amplamente reconhecida por sua eficácia na prevenção de infecções pelo vírus e suas complicações. “Estudos corroboram a segurança da vacina, indicando que eventos adversos são raros e que os benefícios superam amplamente os riscos potenciais”, explicou.

O Comprova entrou em contato com a autora da publicação compartilhada no X, via mensagem direta por meio do aplicativo, mas não recebeu resposta até a publicação desta verificação. Também buscamos a Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia.

Em nota, o órgão afirmou que não poderia fornecer informações sobre os casos dos adolescentes que levaram à ação do MPF em razão da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). “A Secretaria de Saúde esclarece que não repassa dados pessoais e médicos dos pacientes. Essas informações são preservadas pela LGPD e pelas legislações que regulam o sigilo médico”, informou a entidade.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O vídeo alcançou mais de 191,4 mil visualizações e quase dois mil compartilhamentos até o dia 26 de fevereiro.

Fontes que consultamos: Foram consultadas as bulas das vacinas contra o HPV disponíveis no SUS, além de pesquisas que analisaram a relação entre o imunizante e o surgimento de doenças autoimunes ou outras condições. Também foram consultadas matérias que trataram do caso na época em que a ação foi ajuizada. Ainda foi ouvido o especialista em clínica médica do Hospital Oto Meireles, Geyson Florêncio. Além disso, a reportagem procurou a Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia.

Reportagem não é atual

O vídeo compartilhado no X é um recorte do programa Interesse Público que é transmitido pela TV Justiça e por mais de 30 emissoras parceiras em diferentes estados brasileiros. O trecho foi publicado em 16 de fevereiro de 2016 no canal do MPF no YouTube. 

A reportagem mostra que o MPF havia ajuizado uma ação civil pública pedindo que a Justiça Federal proibisse a aplicação da vacina contra o HPV na rede pública de saúde em todo o país. O processo também pedia a anulação de todos os atos normativos da Anvisa que autorizaram a importação, produção, distribuição e comercialização do imunizante no Brasil.

O autor da ação, o procurador Cléber Eustáquio Neves, justificou o pedido alegando que a vacina seria responsável por muitos efeitos colaterais, entre eles paralisia, alterações do sistema imunológico, respiratório e até infertilidade. Segundo o MPF, também foi ouvido um neurocirurgião de Uberlândia que relatou a ocorrência de quadros clínicos neurológicos em pacientes que haviam tomado o imunizante.

No período da ação, por meio de nota oficial, a SBIm destacou que a atitude do MPF colocava em risco a saúde de milhares de brasileiras. Além disso, reforçou que a relação entre o HPV e o câncer de colo de útero é indiscutível.

Em 2017, o jornal Estado de Minas noticiou que a Justiça Federal não acatou o pedido de liminar do MPF para suspender a vacinação contra o HPV. A juíza Anna Cristina Gonçalves considerou que o procurador não conseguiu provar a conexão entre a vacina e as condições desenvolvidas por adolescentes que receberam o imunizante.

“Diante da fragilidade das alegações relativas a eventuais efeitos colaterais e levando-se em conta as milhares de doses já aplicadas na população brasileira desde 2011, observo que os poucos relatos apresentados, sem prova científica de que a vacina teria causado efeitos colaterais, não são suficientes para amparar a pretensão ministerial de suspender a aplicação da vacina contra HPV em todo o território nacional”, considerou a magistrada.

HPV e câncer

O papilomavírus humano é transmitido por meio das relações sexuais e pode ocasionar o aparecimento de verrugas na pele e nas regiões oral, anal e genital. Existem mais de cem tipos do vírus, mas os subtipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo de útero no mundo, segundo relatório da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, entidade ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Na maioria dos casos, a infecção pelo HPV não apresenta sintomas, por isso as mulheres devem se submeter ao exame ginecológico preventivo com regularidade. Para a prevenção, além do uso de preservativos, a medida mais eficaz é a vacinação. Atualmente, os imunizantes registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são o do Instituto Butantan e o da farmacêutica Sharp & Dohme.

Desde 2014, a vacina do Butantan está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo distribuída para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos. O imunizante também é ofertado para pessoas de 9 a 45 anos com condições clínicas específicas, como HIV, além de transplantados, pacientes oncológicos e vítimas de abuso sexual. A indicação é que a vacinação ocorra antes do início da vida sexual.

O medicamento do laboratório brasileiro protege contra o HPV de baixo risco, dos subtipos 6 e 11, e de alto risco, dos subtipos 16 e 18, que causam câncer de colo de útero, de pênis, anal e oral. Já a vacina da farmacêutica Sharp & Dohme, chamada de Gardasil 9, protege contra outros cinco subtipos do HPV: 31, 33, 45, 52 e 58. Ela foi aprovada pela Anvisa em 2022, indicada para pessoas de 9 a 26 anos.

Em abril de 2024, o Ministério da Saúde, por meio da Nota Técnica nº 41, adotou o esquema de vacinação em dose única contra o HPV. Anteriormente, eram necessárias duas aplicações. O órgão informou que a decisão foi tomada com o objetivo de intensificar a proteção contra o câncer de colo do útero e outras complicações associadas ao vírus.

Eventos adversos

Após mais de 20 anos no SUS, a vacina contra o HPV ainda é alvo de desinformação. Em 2014, ano em que teve início a oferta do imunizante na rede pública de saúde, um grupo de mães no Acre alegou que meninas vacinadas em escolas apresentaram efeitos como convulsões e dormência nas pernas. O caso repercutiu nas redes sociais, especialmente no Facebook, e gerou uma campanha de desinformação.

Diante do ocorrido, o Ministério da Saúde solicitou que a Universidade de São Paulo (USP) realizasse uma pesquisa para averiguar os possíveis efeitos da vacina nas crianças. O estudo apontou que não havia relação entre as propriedades do imunizante e os sintomas relatados. Foi demonstrado que ocorrências como perda de consciência e abalos motores tratavam-se de crises psicogênicas causadas pelo estresse do ato de vacinar e não pelos compostos da vacina.

Organizações como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a SBIm atestam a segurança e a eficácia da vacina. Entre os efeitos colaterais, a SBP cita aqueles comuns a vacinações em geral, como dor, vermelhidão e inchaço no local da aplicação, além de febre, dor de cabeça e mal estar, porém todos sintomas leves e de curta duração. Os mesmos eventos adversos estão descritos nas bulas dos imunizantes do Butantan e da Sharp & Dohme.

Outras reações relatadas após o uso do medicamento do Butantan são dificuldade para respirar, falta de ar (broncospasmo), urticária e erupções cutâneas. Em ambas as bulas, as farmacêuticas enfatizam que, assim como qualquer imunizante, as vacinas contra o HPV podem causar efeitos adversos, mas raramente são graves.

Benefícios superam potenciais riscos

Segundo o médico Geyson Florêncio, todas as vacinas apresentam efeitos adversos. No caso do HPV, já foram relatados a trombose de vasos venosos e a Síndrome de Guillain-Barré (SGB), uma doença autoimune rara que ocorre quando o sistema imunológico do próprio corpo ataca parte do sistema nervoso. Mas diversos estudos publicados ao longo dos anos apontam a raridade desses eventos.

Geyson cita uma pesquisa que avaliou a associação entre a vacinação contra o HPV e o aparecimento de doenças autoimunes. O estudo analisou mais de dois milhões de meninas na França, com idade entre 13 e 16 anos, que haviam recebido o imunizante. “Os resultados indicaram que não há aumento significativo no risco de doenças autoimunes após a vacinação”, enfatizou o médico.

Além disso, ele destaca uma meta-análise que compilou dados de vários ensaios clínicos para avaliar a segurança da vacina quadrivalente contra o HPV. A meta-análise é um método que agrega os resultados de dois ou mais estudos sobre uma mesma questão de pesquisa. “Os achados confirmaram um perfil de segurança favorável, com eventos adversos geralmente leves e temporários”, explicou. O levantamento apontou que, com base em 10 milhões de relatórios analisados, os casos de SGB decorrente da vacina eram raros.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O UOL Confere já desmentiu que a vacina contra o HPV cause paralisia. O Comprova explicou que a vacina contra a covid-19 é segura e não gera HIV, câncer ou HPV e também que livro sobre documentos da Pfizer não comprova que vacina de covid tenha causado centenas de mortes. A Agência Lupa publicou que a ação do procurador de Uberlândia foi indeferida. Além disso, o Estadão Verifica apurou que é falso que a vacina contra o HPV cause esterilidade e menopausa precoce.

Notas da comunidade: Até a publicação desta verificação, não havia notas da comunidade publicadas junto ao post no X.

Saúde

Investigado por: 2025-02-25

Livro sobre documentos da Pfizer não comprova que vacina de covid tenha causado centenas de mortes

  • Enganoso
Enganoso
Posts que mencionam o livro “Pfizer Papers” enganam ao afirmar que a vacina da Pfizer contra a covid-19 causou 1.223 mortes e possui 1.291 efeitos colaterais. Os dados são distorcidos, uma vez que, como informado nos documentos usados como fonte para a elaboração do livro, não há relação de causa e efeito comprovada com o imunizante.

Conteúdo investigado: Post em que a médica Raissa Soares fala sobre o livro “Pfizer Papers”, dizendo que ele comprova que a vacina da farmacêutica contra a covid-19 matou 1.223 pessoas. Em um vídeo, ela aparece ao lado de um homem que também comenta o livro e apresenta um segundo homem, que seria o responsável por organizar parte do trabalho mostrado na obra.

Onde foi publicado: Instagram e X.

Conclusão do Comprova: Posts virais enganam ao afirmar que o livro “Pfizer Papers” teria comprovado 1.291 efeitos colaterais e 1.223 óbitos causados pela vacina da farmacêutica contra a covid-19.

A obra apresenta um compilado de conclusões que já foram classificadas como desinformação desde o começo da pandemia. O livro se baseia em um pedido de licença biológica da Pfizer enviado à agência sanitária dos Estados Unidos (FDA). O relatório contido neste pedido começou a ser divulgado no início de 2022 pela FDA a pedido de um grupo de médicos, após determinação da Justiça norte-americana.

O documento analisa mais de 40 mil relatos pós-imunização nos Estados Unidos, mas diz não haver relação de causa e efeito dos efeitos colaterais relatados com os imunizantes.

Ou seja, ele não é uma pesquisa científica, mas sim um apanhado que envolve relatos espontâneos, utilizado pela farmacêutica para identificar eventuais efeitos adversos graves. Não há comprovação, deste modo, que as vacinas tenham relação com essas mortes.

Em uma das publicações verificadas pelo Comprova, a médica Raissa Soares – que já teve conteúdos checados pelo Comprova ao menos três vezes (1, 2 e 3) – e John Kage – que disputou, sem sucesso, uma vaga de deputado estadual em São Paulo em 2022 e também já teve post verificado por agências de checagem – estão ao lado de Chris Flowers, a quem se referem como “líder dos médicos dessa grande investigação” que seria o livro “The Pfizer Papers: Pfizer’s Crimes Against Humanity” (“Os papeis da Pfizer: Os crimes da Pfizer contra a humanidade”, em tradução literal).

No post, ela afirma, citando o livro, que “mais de 1.233” pessoas morreram por causa da vacina no primeiro trimestre de uso, mas, como informado acima, não há relação comprovada de causa e efeito com o produto.

Como o Comprova já mostrou, os documentos da Pfizer “afirmam, sim, que 1.223 pessoas que se vacinaram morreram entre a autorização do uso emergencial da vacina pela FDA ,o que ocorreu em 10 de dezembro de 2020, e 28 de fevereiro de 2021, mas não relacionam esses óbitos à vacina”. Ou seja, os dados podem incluir, por exemplo, pessoas que morreram de uma condição médica que já existia antes de se imunizarem.

O Estadão Verifica publicou, em junho de 2023, que, segundo o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, não havia nenhuma morte relacionada à vacina da Pfizer. Além disso, a segurança dos imunizantes continua sendo monitorada por órgãos regulatórios e os produtos seguem sendo recomendados.

Outra afirmação infundada do livro é que o imunizante prejudica o sistema reprodutor, causando abortos. Novamente, como o Comprova já publicou, os dados usados para se chegar à tal conclusão não permitem afirmar que houve uma relação de causa e efeito entre a vacina e as mortes. Mulheres ficam mais suscetíveis a infecções respiratórias na gravidez, por isso a vacinação é importante. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que gestantes recebam três doses da vacina, além de uma dose de reforço dentro de seis meses após a última dose.

O post engana também ao afirmar que Naomi Wolf, autora do livro, é jornalista do The New York Times. A referência que ela mesma coloca em seu perfil no X sobre o veículo norte-americano é ter tido oito livros na lista dos mais vendidos da publicação. Entre suas obras mais famosas está “O Mito da Beleza”, de 1990. Na pandemia, se tornou uma ativista antivacina. Em 2021, chegou a ser banida do então Twitter (hoje X) por propagar desinformação acerca dos imunizantes.

Contatada pelo Comprova, a Pfizer reforçou que sua vacina é segura e eficaz dizendo que ela foi aprovada por órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o FDA e a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) após “avaliações robustas e independentes, a partir de dados científicos sobre qualidade, segurança e eficácia, incluindo nosso estudo clínico de fase 3”. Afirmou ainda que “dados de estudos de mundo real complementam as informações dos estudos clínicos e proporcionam evidência adicional de que a vacina fornece proteção eficaz contra formas graves da doença”.

Por fim, a farmacêutica afirmou que, “até o momento, já distribuiu mais de 4,8 bilhões de doses da vacina ComiRNAty, em mais de 183 países, e não há qualquer alerta de segurança, de modo que o benefício da vacinação permanece se sobrepondo a qualquer risco”.

Também procurado pela reportagem, John Kage repetiu as afirmações enganosas feitas no post. “Foram encontrados nos documentos da Pfizer 1.291 tipos de efeitos colaterais e 1.223 (pessoas) vieram a óbito”, disse. Raissa não respondeu o contato do Comprova até a publicação deste texto.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 25 de fevereiro, o post no Instagram havia sido visualizado mais de 448 mil vezes. Publicação com conteúdo semelhante no X teve 161,5 mil visualizações até a data.

Fontes que consultamos: Sites da Anvisa e da Pfizer, reportagens, o livro citado no post e a farmacêutica Pfizer.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Estadão Verifica publicou que não é verdade que a vacina da Pfizer tenha causado 1,2 mil mortes nos Estados Unidos. O Comprova já checou diversos conteúdos relacionados à vacina contra a covid, como ser falso que ela cause danos irreversíveis ao DNA, enganoso post que afirma que ela provoca infarto e morte súbita em crianças. Recentemente, o projeto concluiu ser enganosa publicação que cita artigo pedindo a retirada do produto do mercado.

Notas da comunidade: Até a publicação desta verificação, não havia notas da comunidade publicadas junto ao post no X.

Contextualizando

Investigado por: 2025-02-21

Não há registros de que água tenha invadido imóveis entregues por Lula em Belém

  • Contextualizando
Contextualizando
O Comprova não encontrou registros de que apartamentos do Minha Casa, Minha Vida, em Belém, tenham sido alagados no dia da entrega das chaves. Mas a região possui histórico de inundações. Entenda o caso.

Conteúdo analisado: Vídeos compartilhados por deputados federais mostram o presidente Lula deixando a cerimônia de entrega de um conjunto habitacional em Belém, no Pará. Ele atravessa uma passarela erguida sob um volume de água. As imagens vêm acompanhadas da alegação de que os imóveis foram alagados.

Onde foi publicado: X e Instagram.

Contextualizando: No dia 13 de fevereiro de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou da cerimônia de entrega do Residencial Viver Outeiro, situado na Ilha de Caratateua, em Belém. Na ocasião, mais de mil famílias beneficiárias do programa Minha Casa, Minha Vida receberam as chaves dos apartamentos. Além de Lula, estiveram presentes o ministro das Cidades, Jader Filho, o governador do Pará, Helder Barbalho, e o prefeito de Belém, Igor Normando.

Nas redes sociais, publicações alegam que as unidades habitacionais foram tomadas pela água das chuvas no mesmo dia da entrega. Não há registros de que as moradias tenham sido alagadas naquela data, mas relatos de moradores e da imprensa local apontam que é recorrente o acúmulo de água em trechos da localidade.

Ao Comprova, o Ministério das Cidades, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República e a Prefeitura de Belém negaram qualquer tipo de invasão pela água no empreendimento no dia 13 de fevereiro. “Não houve dano ao conjunto, mas ocorreu uma chuva torrencial de quase quatro horas durante a entrega do residencial. Algumas áreas do estacionamento, onde aconteceu o evento, acumularam água devido ao excesso de chuva”, explicou o governo municipal.

Na quinta-feira, 20, poucos dias após a inauguração do imóvel, um vídeo publicado no Instagram mostra uma das ruas do condomínio alagada. A gravação, com narração de uma moradora, foi publicada em um perfil na rede social que recebe o nome do residencial. Nas imagens, duas crianças atravessam a via encoberta por água.

Embora não seja possível afirmar que as unidades habitacionais foram invadidas pela água na data de entrega do empreendimento, há um histórico de alagamentos no distrito de Outeiro, além de queixas sobre a falta de pavimentação e de sistemas de drenagem em algumas áreas.

O Comprova questionou o Ministério das Cidades sobre o planejamento para a realização de algum serviço de drenagem nas ruas no entorno dos imóveis, mas o órgão não respondeu até a publicação deste texto. Já a Prefeitura de Belém afirmou que a responsabilidade pela manutenção do perímetro é do governo federal.

O Comprova entrou em contato com os gabinetes dos deputados federais Silvia Waiãpi (PL- AP) e delegado Éder Mauro (PL-PA), que postaram os vídeos analisados aqui, mas até a publicação deste texto, não houve resposta.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 19 de fevereiro, as publicações no X acumulavam mais de 7 mil compartilhamentos. No Instagram, o post somou mais de mil comentários e 7 mil e 400 curtidas.

Fontes consultadas: Foram consultados órgãos como o Ministério das Cidades, a Secretaria de Comunicação do Governo Federal e a Prefeitura de Belém. Além disso, buscamos documentos que abordam os problemas socioambientais que afetam o município e imagens publicadas por moradores do residencial.

Alagamentos e erosão

Entre fevereiro e novembro de 2021, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) realizou um levantamento para mapear áreas de risco em Belém. Em Outeiro, foi identificado alto risco de inundação na Comunidade Fé em Deus II, no bairro São João do Outeiro, e muito alto risco de erosão e deslizamento na avenida Beira Mar e na praia Belo Paraíso, no bairro Fama.

De acordo com o documento, os riscos de inundação e alagamentos são agravados pela falta de planejamento urbano e pela ausência de fiscalização em áreas que são proibidas para ocupação. O relatório gerou um mapa entregue à Prefeitura de Belém em dezembro de 2021.

Anos depois, em 2024, os primeiros resultados do Plano Municipal de Redução de Riscos de Belém (PMRR), coordenado pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) em parceria com o Ministério das Cidades, apontaram mais uma vez que os principais desafios enfrentados pelos moradores do município são as inundações e os alagamentos. Além disso, nas ilhas, como é o caso da região onde fica Outeiro, as erosões costeiras também são um fator preocupante.

Durante o evento de lançamento dos resultados iniciais do plano, Kátia Demeda, coordenadora do PMRR Belém, explicou que as inundações estão relacionadas aos ciclos das chuvas e às características geográficas da cidade, que possui vários cursos de água adentrando o perímetro do município. “Ou melhor, a cidade que adentrou sobre esses cursos d’água”, enfatizou a pesquisadora.

Na primeira fase do PMRR, também foram mapeados a falta de saneamento básico adequado, a ausência de pavimentação em algumas ruas e o acúmulo de lixo em locais inapropriados como agravantes para os alagamentos.

Residencial Outeiro

Contratado em 2014, o empreendimento recebeu o investimento total de R$ 97,2 milhões, segundo informações do governo federal. No dia 13 de fevereiro deste ano, foram entregues 1.008 unidades com apartamentos de 43,85 m², distribuídos em 63 blocos de prédios de quatro andares. Ao longo dos anos, o projeto recebeu críticas em razão da demora da conclusão das obras, que foram paralisadas em 2021 e reiniciadas apenas no ano de 2023.

Para a retomada da construção, foi assinado um termo de cooperação que garantiu repasses de R$ 1,6 milhão da Prefeitura de Belém e de R$ 20 milhões do Ministério das Cidades. Na época, o acordo marcou o relançamento do “Minha Casa, Minha Vida” após a substituição do programa pelo “Casa Verde e Amarela” no governo Jair Bolsonaro.

Já em janeiro de 2025, mais de mil famílias beneficiárias do residencial protestaram a fim de reivindicar o recebimento dos imóveis. Os manifestantes alegavam que as obras tinham sido concluídas em novembro de 2024, mas ainda não havia uma data estabelecida para a entrega das moradias.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Comprova já checou que entrega de chaves de condomínio no Amapá começou no dia de evento com Lula, vídeo que compara casas em comunidade do RN engana ao atribuir estruturas a Lula e Bolsonaro e que é falso que PT tenha projeto de moradia social para abrigar famílias sem teto em casas que já têm dono.

Política

Investigado por: 2025-02-20

Vídeo mostra réplicas usadas em airsoft para acusar Justiça de devolver armas ao crime organizado

  • Enganoso
Enganoso
É enganoso que membros de uma organização criminosa tenham conseguido a devolução de armas de grosso calibre por meio da Justiça. O vídeo foi tirado de contexto para parecer que, após uma perícia, a Polícia Civil devolveu armamentos para criminosos. Na verdade, os homens que aparecem nas imagens são produtores de conteúdo digital e as armas são de airsoft, um jogo desportivo onde os participantes simulam operações policiais.

Conteúdo investigado: Vídeo mostra homens saindo de um prédio, que seria uma delegacia da Polícia Civil, com armas. De acordo com o relato deles, o armamento teria passado por uma perícia. O texto que acompanha o post diz: “Justiça determina devolução de armas de grosso calibre a membros de organização criminosa q haviam sido apreendidas pela Polícia. ESSE É O BRASIL GOVERNADO POR BANDIDOS DENTRO DE TODOS OS PODERES! Aceitem o Brasil acabou!”

Onde foi publicado: Telegram, Instagram e X.

Conclusão do Comprova: É enganoso que membros de uma organização criminosa tenham conseguido a devolução de armas de grosso calibre por meio da Justiça. O vídeo foi tirado de contexto. Os homens que aparecem no vídeo são produtores de conteúdo digital e os itens são réplicas de armas de fogo do tipo airsoft, um jogo desportivo onde os participantes simulam operações policiais.

O vídeo em questão foi gravado no dia 10 de fevereiro de 2025, em frente ao Complexo Policial Investigador Bandeira, em Feira de Santana, na Bahia. Nele, dois influenciadores digitais celebram que retomaram a posse de suas armas de airsoft. “Estamos com nossos equipamentos novamente, graças a Deus. Saindo aqui agora da delegacia da Polícia Civil. Todas as armas passaram por perícia. Estamos de volta com nossos equipamentos, viu”, diz um deles.

Após a repercussão do vídeo de maneira enganosa, eles se pronunciaram. Um deles, que se apresenta nas redes sociais como Jean Youtuber, disse em um post no Instagram que está sendo “acusado de tráfico de drogas” e esclareceu que os itens em questão são para a prática de airsoft.

Já Erick Menezes, o outro homem que aparece no registro, se desculpou por ter gravado dentro da delegacia e disse que a intenção do vídeo era justamente mostrar que os materiais apreendidos não eram armas de fogo.

Em outro vídeo, o advogado que representa os dois, Bender Nascimento, afirmou que iniciou tratativas jurídicas para que as postagens fraudulentas sejam retiradas do ar.

Questionada pelo Comprova sobre o conteúdo do vídeo, a Polícia Civil da Bahia explicou que em 20 de dezembro de 2024, a Polícia Militar conduziu quatro homens à Central de Flagrantes de Feira de Santana. Com eles, foram encontrados os seguintes materiais: nove réplicas de arma de fogo (modelos: A4, AK 47, G36, Glock G18, Th Hammer, bereta, revólver) e itens como cinco rádios comunicadores, duas capas de coletes balísticos, chapéu e coturno.

Os homens prestaram depoimento e informaram que são produtores de conteúdo digital, sendo que, na data em que foram conduzidos à delegacia, estavam na Avenida Senador Quintino, no bairro Brasília, em Feira de Santana, realizando gravações.

As nove imitações foram apreendidas e passaram por uma perícia no Departamento de Polícia Técnica. Os demais materiais foram devolvidos aos proprietários. O laudo da polícia constatou que todas as réplicas são do tipo airsoft. Por esse motivo, os itens foram restituídos aos donos, Jean e Erick, pela 1ª Delegacia Territorial de Feira de Santana no dia 10 de fevereiro.

O Comprova não conseguiu contato com o canal do Telegram que divulgou o vídeo nem com uma das contas do X que reproduziu o conteúdo e obteve grande alcance. Uma mensagem foi enviada para uma das contas do Instagram que publicou o vídeo, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. No canal do Telegram, o vídeo contava com 3,6 mil visualizações até 19 de fevereiro. No X, o vídeo já foi divulgado por dezenas de perfis. Um dos posts teve 105,6 mil visualizações, mil curtidas e mil compartilhamentos até a mesma data. No Instagram, a publicação conta com 58,6 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Google Maps para verificar o local onde o vídeo foi gravado. As redes sociais dos homens que aparecem nas imagens foram encontradas por meio de uma pesquisa no Google sobre influencers baianos que usam airsoft. A história foi confirmada com a assessoria de imprensa da Polícia Civil da Bahia.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Estadão, o g1, Aos Fatos e a Reuters também mostraram que é enganosa a informação de que criminosos deixaram uma delegacia após recuperar armas de grosso calibre. O Comprova já verificou um post que mentiu ao relacionar a soltura de membros do Comando Vermelho a visitas de “dama do tráfico” ao Ministério da Justiça e outro que enganou ao afirmar um delegado que fez a proteção de Lula durante a eleição tinha ligação com a delação de Marcos Valério.

Notas da comunidade: Em um dos posts do X que divulgam o vídeo, foi adicionada a seguinte nota da comunidade: “As armas eram cenográficas, de airsoft!”, o que coincide com o resultado da apuração do Comprova. O post no Instagram também conta com um alerta de informação falsa. A plataforma informa que o conteúdo passou por análise de verificadores de fatos independentes (Estadão, Aos Fatos e Reuters).

Política

Investigado por: 2025-02-19

Documentos apresentados por senador não são sigilosos e nem provam que ‘modelo de censura’ americano foi aplicado no Brasil

  • Enganoso
Enganoso
Documentos da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não provam que “o modelo de censura americano foi aplicado no Brasil” para manipular as eleições de 2022. A afirmação foi feita nas redes sociais pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES). Ele sugere, sem provas, que os documentos são sigilosos – quando na realidade são públicos – e faz sua afirmação sem apresentar provas. O senador ainda acusa o Projeto Comprova de “filtrar informações” como parte do suposto modelo. A USAID e o TSE não estão envolvidos na criação do Comprova, no seu financiamento ou na orientação do seu trabalho, que segue metodologia descrita em seu site e evidenciada em cada verificação.

Conteúdo investigado: Vídeo em que o senador Marcos do Val afirma ter provas claras da intervenção da USAID nas eleições presidenciais brasileiras de 2022. Segundo ele, a interferência se deu com a aplicação no Brasil, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do “modelo de censura” preconizado pela USAID. Uma das diretrizes, afirma Do Val, era a atuação de uma coalizão para checagem de fatos, “filtrando informações que deveriam chegar ao público”. Por trás da iniciativa, segundo o senador, estaria a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

Onde foi publicado: Facebook e Instagram.

Conclusão do Comprova: Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) sugere estar revelando documentos secretos que contêm “provas claras” de que “o modelo de censura americano foi aplicado no Brasil” para interferir nas eleições presidenciais de 2022. “Me deram a autorização para falar”, diz ele, acrescentando que guardava o material, em silêncio, desde 2023.

Os documentos, porém, são públicos e podem ser lidos por qualquer pessoa com acesso à internet. O documento produzido pela USAID é de 2021 e traça um panorama da desinformação a nível global, como forma de ajudar seus funcionários e parceiros a compreender seus princípios básicos e a como lidar com o fenômeno, reduzindo os danos de seus impactos. Já o documento do TSE delineia esforços para reduzir os efeitos da desinformação no processo eleitoral brasileiro.

Ambos os documentos citam a checagem de fatos como um dos aspectos para combater a desinformação. Do Val equipara a verificação à “censura”, mas não apresenta provas a respeito de suas afirmações. Como mostra o histórico da atividade do Comprova, o que pode ser verificado em links disponíveis na internet, o projeto não censura ou filtra conteúdos na internet.

O Comprova procurou Marcos Do Val. Não houve retorno até o fechamento desta verificação.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. A publicação teve mais de 3,4 mil visualizações e 3,7 mil curtidas até o dia 19 de  fevereiro.

Fontes que consultamos: O Comprova fez buscas na internet para localizar e ler os documentos mostrados no vídeo. Ao encontrar o link de publicação do documento da USAID no site da agência, mencionado em um arquivo em pdf, recuperou-o no site Web Archive, plataforma que grava e arquiva páginas da internet para consulta posterior, mesmo quando o site original não estiver acessível online. Esse é o caso do site da USAID, que não está ativo. Foram consultados dados sobre os programas de financiamento da agência norte-americana e publicações dos sites do Projeto Comprova e da Abraji. O senador Marcos do Val foi procurado.

Documentos são públicos

No vídeo, Marcos do Val mostra dois documentos que, segundo ele, trazem “provas claras” de que as eleições foram manipuladas. Ele dá a entender que os documentos são sigilosos. Ao se referir a um deles, diz que “a USAID nem imaginava que a gente ia chegar até isso”. O documento, porém, não é sigiloso. Ele foi disponibilizado no site da entidade, como mostra gravação de página no Web Archive. Também é possível consultá-lo em pelo menos dois outros sites (aqui e aqui). A página da USAID está fora do ar, após o início de uma investigação do governo de Donald Trump a respeito das atividades da agência.

O documento, chamado Disinformation Primer, algo como “Guia de Desinformação” em tradução livre, foi produzido pela agência. Ele não apresenta um “modelo de censura”. Como consta na página 1, trata-se de uma cartilha com o objetivo de ajudar funcionários e parceiros da USAID a compreender os princípios básicos da desinformação – como ela é difundida, por que é difundida e como reduzir os danos de seu impacto nas sociedades em todo o mundo.

O outro documento citado por Marcos do Val é intitulado “Programa Permanente de Enfrentamento à Desinformação no Âmbito da Justiça Eleitoral – Plano Estratégico Eleições 2022”. Ele também é público e está disponível no site do TSE. O programa foi instituído na Portaria nº 510, de 4 de agosto de 2021, com a “finalidade de enfrentar a desinformação relacionada à Justiça Eleitoral e aos seus integrantes, ao sistema eletrônico de votação, ao processo eleitoral em suas diferentes fases e aos atores nele envolvidos” (Art. 1).

Guia da USAID não contém ‘modelo de censura’

No vídeo, Marcos do Val diz que a comparação entre os documentos provaria que “o modelo de censura americano foi de fato aplicado no Brasil” para manipular as eleições. Ele menciona “coalizão para checagem de fatos, filtrando informações que deveriam chegar ao público”, como uma dessas “provas”. Neste momento, ele cita a página 52 do guia da USAID e a página 11 do documento do TSE. Segundo ele, a Abraji “estaria por trás dessa checagem de fatos”.

Como consta no site do Comprova, a Abraji é a entidade que mantém e lidera a iniciativa, uma coalizão atualmente composta por 42 veículos.

A partir da página 52, o guia da USAID lista, no tópico “Esforços de Programação Focados em Eleições”, um compilado de ações para reduzir a desinformação adotadas ao redor do mundo para defender a integridade de eleições democráticas. Dentre elas, “construir a capacidade dos corpos de gestão eleitoral para combater a desinformação durante os períodos eleitorais”.

É isso o que propõe o documento do TSE, que descreve, na página 11, o histórico das ações do órgão, desde 2017, para o enfrentamento dos efeitos da desinformação sobre o processo eleitoral.

O documento do TSE cita o guia da USAID dentre uma série de outras referências teóricas, produzidas por “organismos internacionais e por entidades internacionais e nacionais dedicadas ao estudo e ao enfrentamento da desinformação” (Pág. 16).

O fato de o TSE ter tomado medidas contra a desinformação e de a USAID ter feito um guia sobre desinformação não fornecem qualquer prova de que as ações descritas sejam ilegítimas ou tenham influenciado as eleições. Não indicam, também, a existência de alguma relação entre elas ou de “provas claras” de que “o modelo de censura americano foi de fato aplicado no Brasil”.

Programa do TSE não orienta checagem de fatos

O “Programa Permanente de Enfrentamento à Desinformação no Âmbito da Justiça Eleitoral” foi lançado inicialmente nas eleições de 2020. No documento, há previsão para organização de um fluxo de informações entre membros da Justiça Eleitoral e agências de checagem de fatos com o objetivo de verificar “possíveis conteúdos falsos relacionados ao Processo Eleitoral” (Pág. 26). Ainda na mesma página, o TSE destaca que “cada instituição de checagem terá absoluta independência em suas apurações e será responsável pelas checagens que realizar”.

A iniciativa, chamada “Coalizão para Checagem”, também integrou a versão do programa para as eleições de 2022. O material – que é o citado por Do Val no vídeo – descreve, na página 34, que “o ingresso de novas instituições de checagem na coalizão deve levar em consideração seu comprometimento e esforço com o enfrentamento à desinformação, além de aspectos como transparência, apartidarismo, ética jornalística, consistência no trabalho de checagem ao longo dos últimos dois anos, além da aplicação de uma política de correção clara e comunicada ao público”.

Em 2022, a parceria entre o TSE e as agências de checagem envolveu o Comprova. O projeto se chamou Confirma 2022 e sua existência era pública. Em 2023, a iniciativa foi premiada no evento GlobalFact10, realizado na Coreia do Sul. Por meio da parceria, eleitores podiam solicitar informações à corte via WhatsApp e, se houvesse uma verificação publicada a respeito daquele tema, poderiam receber esclarecimentos feitos com base nas verificações já publicadas.

Comprova não ‘filtra’ informações

No vídeo, Marcos do Val afirma a existência de uma “coalizão para checagem de fatos, filtrando informações que deveriam chegar ao público”, tendo por trás a Abraji. Apesar de não citar nominalmente o Comprova, é ao projeto de checagem de fatos liderado pela Abraji que ele se refere.

O Projeto Comprova, porém, não “filtra”, censura ou tira de circulação conteúdos que estão disponíveis na internet. Como descrito no site da iniciativa, o Comprova monitora as redes sociais e recebe de seus leitores sugestões de conteúdos suspeitos ou duvidosos. Aqueles que têm mais viralização são investigados e uma verificação é publicada, com uma de quatro etiquetas possíveis: Enganoso, Falso, Comprovado ou Sátira.

Esse conteúdo com os esclarecimentos é publicado no site do Comprova e pode ser republicado por qualquer veículo de imprensa.

Verbas da USAID

Como consta no site do Comprova, o projeto foi idealizado e desenvolvido pelo First Draft com a colaboração da Abraji, do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), do Google News Initiative e do Meta Journalism Project, e teve início em 2018. Não há, portanto, participação da USAID ou do TSE na fundação do Comprova.

Também não há qualquer envolvimento da USAID ou do TSE no financiamento do Comprova. Até 2024, o Google foi o patrocinador master do projeto, que ainda recebeu recursos da Meta e do WhatsApp.

Ao longo dos anos, o projeto recebeu outros aportes financeiros, dentre eles o da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil – e não da USAID, que é um outro órgão do governo norte-americano. Eles serviram para financiar os projetos +Comunidades, em 2020, no governo de Donald Trump, e +Redações, em 2022, no mandato de Joe Biden. A existência das duas iniciativas, bem como a origem de seu financiamento, é pública.

Os dados sobre os programas de financiamento da USAID estão disponíveis para consulta na internet no portal ForeignAssistance.gov, do governo norte-americano. Conforme o portal, não há qualquer financiamento para o Comprova, a Abraji, agências de checagens ou veículos jornalísticos nos anos de 2022, 2023 e 2024.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já desmentiu outras alegações de Marcos do Val, quando mostrou que Trump não pode prender Alexandre de Moraes e que falas antigas de Drauzio Varella foram usadas para minimizar a gravidade da pandemia de covid-19. Sobre a USAID, o Comprova mostrou recentemente que é falso que a Agência Lupa foi financiada pela USAID para interferir nas eleições de 2022, que imagem de Alexandre de Moraes com boné da USAID foi gerada por IA, que post alega sem apresentar provas que a covid-19 foi criada em laboratório por ordem de Obama e que vídeo é tirado de contexto para dizer que trechos da Bíblia serão banidos das redes sociais.