Foto de incisão no abdome de Jair Bolsonaro é verdadeira
A veracidade de uma imagem que mostra a extensão do dano causado pelo atentado a faca sofrido pelo presidenciável Jair Bolsonaro em 6 de setembro está sendo questionada por diversos usuários nas redes sociais e no WhatsApp. A foto, divulgada em perfis como o do senador Magno Malta (PR-ES) porém, é verdadeira e sua versão completa, que mostra o rosto de Bolsonaro, também está sendo espalhada pelas redes.
De forma objetiva, elementos da foto combinam com outras imagens feitas de Bolsonaro na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do Hospital Israelita Albert Einstein, para onde o candidato foi transferido na manhã do dia 7 de setembro. O padrão da estampa do avental, bem como a roupa de cama e a disposição dos eletrodos de monitoramento são condizentes com fotos e vídeos feitos de Bolsonaro no hospital. O próprio avental também possui o mesmo desenho dos usados no Albert Einstein.
Sobre a cicatriz resultante da operação, mostrada na foto, o Comprova consultou Francisco Duarte, cirurgião-geral do Instituto José Frota (IJF), maior hospital de urgência e emergência do Ceará e um dos maiores do Nordeste, que confirmou que esse é o procedimento praticado levando em consideração o ferimento sofrido por Bolsonaro:
“É mandatório que se abra todo o abdome para expor todas as vísceras que devem ser minuciosamente examinadas, porque não se sabe exatamente o trajeto do objeto [perfurante]. O nome dessa incisão é laparotomia mediana xifo-pubiana. Essa operação permite que as lesões sejam reparadas, identificadas, e que o abdome fique totalmente limpo de todo o conteúdo que possa causar infecção pós-operatória”, afirma Duarte.
O médico também explicou a presença da bolsa plástica presente na barriga do paciente. “No caso dele [Bolsonaro], a colostomia é essencial porque como o intestino foi lesionado e suturado o trânsito de fezes tem que ser desviado para não ocorrer o risco da sutura se romper. Depois da cicatrização, se faz uma nova cirurgia para se reconstruir o trânsito intestinal”, completa.
Consultada pelo Poder360, a assessoria de Magno Malta – um dos primeiros perfis a compartilhar a imagem – informou que a foto não foi tirada pelo congressista, mas recebida “de fonte fidedigna e com autorização da família”. Em uma matéria do MSN, com informações da Folhapress, um dos filhos do candidato, Eduardo Bolsonaro, confirmou se tratar de uma imagem de seu pai, mas disse que cada um que tem que avaliar se a atitude de compartilhar a foto seria apelativa.
“Cada um que faça seu julgamento. O pessoal do Einstein manifestou uma preocupação. Vale para dizer também que não foi coisa pouca. Ele está todo arrebentado lá. Está evoluindo bem, mas não se trata de fake news ou de algo leve que nós estejamos aumento e encenando para gerar comoção pública. Ele quase morreu. Enquanto familiar, não me incomodo, não [com a publicação da foto]. Nossa vida é um livro aberto”, disse Eduardo Bolsonaro.
Alguns usuários tentaram desacreditar a foto postada por Magno Malta, usando como contra-argumento principalmente um print de uma busca reversa de imagem no Google que ligava a imagem a uma postagem no imageboard 4Chan datada de 5 de maio de 2017. Essa impressão, entretanto, vem de uma má compreensão de como funcionam as buscas do Google.
A imagem encontrada aparece relacionada à data anterior, pois ela aparecia como thumbnail (termo que designa uma imagem em miniatura) da página principal da board (um tipo de fórum) “Politically Incorrect” do 4Chan. E nesta página, a thread (como são chamadas as discussões dentro desse tipo de fórum) que está fixada como a primeira é do dia 5 de maio de 2017 – por isso o Google indexou a thumbnail com a data do post. Todavia, a thread onde a imagem de Bolsonaro foi efetivamente postada foi criada às 16:44 do dia 9 de setembro de 2018 – posterior ao post feito por Magno Malta, e, portanto, não pode ser a origem do mesmo.
Até a manhã do dia 11 de setembro, o tweet de Magno Malta com a foto já tinha ultrapassado 4,1 mil retweets e 15,6 mil curtidas. A foto também foi publicada pelo senador em sua fanpage no Facebook, e já tinha mais de 59,5 mil curtidas e 14,1 mil comentários. Um dos posts no Twitter que tenta desacreditar a imagem atingiu 15,9 mil retweets e 30 mil curtidas.