Política

Investigado por: 08/08/2025

Tarifas de Trump seguem em vigor; vídeo no X espalha informação desatualizada

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Trecho de reportagem publicada em maio circula na rede social como se fosse notícia atual.

As tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não estão bloqueadas pela justiça norte-americana, ao contrário do que afirma vídeo viral na plataforma X. A publicação noticia um fato desatualizado ao utilizar um trecho do programa jornalístico Bom Dia Brasil, da Rede Globo, exibido em 29 de maio de 2025.

Na época, o Tribunal de Comércio Internacional dos Estados Unidos bloqueou o tarifaço de Trump, alegando que o presidente extrapolou sua autoridade ao invocar a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA) para impor tarifas no comércio com quase todos os países do mundo.

No documento, o tribunal concluiu que as ordens tarifárias globais e de retaliação excedem qualquer autoridade concedida ao presidente pela IEEPA para regular a importação por meio de tarifas.

Entretanto, no dia seguinte, a Justiça americana atendeu a um pedido do governo dos Estados Unidos e determinou que as tarifas continuassem valendo enquanto o recurso da Casa Branca contra a suspensão era analisado.

Em 31 de julho, foram ouvidos pela Justiça americana empresários e autoridades estaduais que contestaram o tarifaço. A decisão pode durar semanas e chegar até a Suprema Corte. Enquanto isso, as tarifas seguem aplicadas.

Quem criou o conteúdo investigado pelo Comprova

A publicação foi feita por um perfil verificado na plataforma X, que possui 24,3 mil seguidores. Na biografia, o perfil se define como “feminista, eclética, ateia, humanista, antifascista, socialista” e traz a frase: “quem não luta por aquilo que acredita é porque não acredita em nada”.

A foto de capa exibe a sigla BRICS, com cada letra acompanhada pela bandeira de um dos países do bloco (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Em uma das postagens, o perfil relata já ter enfrentado restrições na própria plataforma, ao compartilhar a captura de tela de um aviso do X: “para evitar bloqueios futuros ou suspensão da conta, confira as regras do X”. Na legenda, escreveu “de novo gente, tá difícil”, sugerindo que esse não teria sido o primeiro episódio de bloqueio.

O perfil tem histórico de publicações alinhadas à esquerda, frequentemente em tom noticioso, com críticas a líderes da direita, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Donald Trump. O Comprova não conseguiu entrar em contato com o perfil, pois ele não está configurado para receber mensagens.

Por que as pessoas podem ter acreditado

A publicação faz uso de autoridade ao inserir um trecho real do Bom Dia Brasil, com imagens e vozes reconhecíveis das jornalistas Ana Luíza Guimarães e Raquel Krähenbühl. Isso dá uma aparência de legitimidade à informação, mesmo que ela esteja desatualizada.

Em seguida, há o apelo visual e textual com a imagem de Donald Trump acompanhada de uma legenda impactante (“Justiça americana cancela tarifa que o presidente Trump tinha colocado no mundo todo”), apresentada de forma simplificada, o que favorece o entendimento superficial e rápido.

A tática de atualização enganosa também é evidente: a informação foi verdadeira em maio, mas é reapresentada sem contexto temporal, o que pode levar o público a acreditar que o fato é recente. Essas estratégias tornam o conteúdo convincente para quem não verifica a data da reportagem nem checa fontes oficiais.

Fontes que consultamos: Reportagens sobre as tarifas e documentos oficiais da Justiça dos Estados Unidos.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas, eleições e golpes virtuais e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já verificou conteúdos semelhantes envolvendo tarifas e sanções impostas pelos Estados Unidos. Recentemente, publicou na seção Comprova Explica detalhes das sanções e da Lei Magnitsky e mostrou que o Pix não pode ser taxado pelo governo norte-americano.

Notas da comunidade: O post não conta com notas da comunidade até o momento da publicação desta verificação.