Post satiriza Deltan Dallagnol e engana ao dizer que Moraes foi condenado por tribunal internacional
- Sátira
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- Diferentemente do que afirma post viral, o Tribunal Penal Internacional (TPI) não formou maioria para condenar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Não há nenhum registro relacionado a Moraes no TPI, que julga apenas indivíduos acusados de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crime de agressão. O post satiriza o ex-procurador Deltan Dallagnol, usando uma foto dele envelhecido e chamando-o de Paul Herpoint, uma referência à apresentação de PowerPoint no caso da Lava Jato.
Conteúdo investigado: Post com a legenda “Exclusivo: Tribunal Penal Internacional forma maioria para condenar Alexandre de Moraes: ‘Já temos convicção’, disse Paul Herpoint”. Há uma foto de um homem de cabelo grisalho e outra de Moraes.
Onde foi publicado: X e Instagram.
Conclusão do Comprova: É enganoso que o Tribunal Penal Internacional formou maioria para condenar Alexandre de Moraes, ministro do STF. Um post com a afirmação mentirosa viralizou fazendo sátira com o ex-deputado e ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol. Uma foto verdadeira dele foi alterada digitalmente, envelhecendo-o. Na legenda, o post diz que o homem, que seria Paul Herpoint, teria dito: “Já temos convicção”.
O nome inventado faz referência à palavra PowerPoint, programa de apresentação de slides usado por Dallagnol em 2016, quando da primeira denúncia da Operação Lava Jato contra Lula (PT). A frase é outra alusão ao ex-procurador: na época, sites e memes afirmaram, falsamente, que ele teria dito “Não temos prova, mas temos convicção”.

| Foto original de Deltan Dallagnol é do Estadão Conteúdo.
Como o Comprova já mostrou, o TPI “é um organismo internacional permanente, com jurisdição para investigar e julgar indivíduos acusados de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crime de agressão”.
O post circula em meio às notícias de que as empresas Rumble Inc. e Trump Media & Technology Group Corp. tentaram acusar Moraes de censura, mas a Justiça dos Estados Unidos negou o pedido das companhias. E, diferentemente do que o post afirma, não há nenhum processo contra Moraes no TPI.
O post foi publicado por um perfil que diz, em sua apresentação no X, repercutir “as principais notícias do Brasil e do mundo”. No Instagram, a página se descreve como um perfil de “notícia, humor e entretenimento”. E, embora o post fizesse uma sátira com Dallagnol, houve quem tenha achado que o conteúdo fosse verdadeiro. Uma pessoa perguntou, ironicamente, a quais crimes Moraes seria condenado, e outra respondeu: “Abuso de autoridade é um deles. Se você conhecer a Constituição e leis do seu próprio país, irá saber”. Outra comentou: “Condenar de quê? O ministro segue nossa constituição e fim”.
O Comprova tentou contatar o perfil responsável pelo post, mas não houve resposta até a publicação deste texto.
Sátira, para o Comprova, é o meme, paródia ou imitação publicada com intuito de fazer humor. O Comprova verifica conteúdos satíricos quando percebe que há pessoas tomando-os por verdadeiros ou quando circulam por outros meios sem a identificação de conteúdo humorístico feita pelo autor.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 7 de março, o post havia sido visualizado mais de 270 mil vezes no X. No Instagram, o alcance não é divulgado.
Fontes que consultamos: Site do TPI e reportagens sobre Moraes e Dallagnol.
Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Outras checagens sobre o tema: Recentemente, o Comprova publicou que imagem de Moraes com boné da USAID foi gerada por IA e, no ano passado, mostrou ser falso que o FBI tenha investigado o ministro por envolvimento com narcotráfico.
Notas da comunidade: Até a publicação desta verificação, não havia notas da comunidade publicadas junto ao post no X.