É enganoso post que usa foto de Ricardo Nunes e padre Lancellotti para alegar apoio à reeleição do prefeito
- Enganoso
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- Publicação engana ao afirmar que foto mostra o prefeito Ricardo Nunes após pedir bênção ao padre Júlio Lancellotti para candidatura à reeleição em São Paulo. A imagem foi publicada antes do período eleitoral, em janeiro deste ano, quando Nunes e Lancellotti se encontraram para debater temas relacionados à população em situação de rua na cidade.
Conteúdo investigado: Postagem divulga imagem do prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), ao lado do padre Júlio Lancellotti. A legenda alega que Nunes pediu bênção ao sacerdote para governar São Paulo.
Onde foi publicado: X.
Conclusão do Comprova: Post tira de contexto foto de Ricardo Nunes e Júlio Lancellotti para afirmar que o padre apoia a reeleição do prefeito nas eleições municipais de São Paulo em 2024. A imagem, no entanto, foi originalmente publicada no Instagram de Lancellotti em 8 de janeiro deste ano. O padre esclareceu que o encontro com Nunes teve como objetivo discutir temas relacionados à população em situação de rua na cidade.
A reunião ocorreu no contexto de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar Organizações Não Governamentais (ONGs) que atuam no centro de São Paulo. O vereador Rubinho Nunes (União), autor da proposta, declarou que Lancellotti seria um dos principais alvos da investigação.
Após o encontro, o padre concedeu uma entrevista à CNN Brasil e detalhou os temas discutidos com o prefeito, incluindo a CPI das ONGs. “O prefeito disse que pode prestar os esclarecimentos de que não sou de uma ONG, não recebo recursos, que isso é uma coisa de domínio público e que se a prefeitura for arguida nesse sentido, irá responder isso mesmo: ‘Nós não temos nenhum convênio com a Arquidiocese de São Paulo nem com a Pastoral de Rua nem com nenhuma entidade que o padre Júlio faça parte’”, afirmou.
A foto foi divulgada como se fosse recente, insinuando falsamente o apoio de Lancellotti à reeleição de Nunes. Em resposta ao Comprova, o sacerdote esclareceu que a imagem é antiga, tirada antes do início da campanha eleitoral, e reafirmou que padres não manifestam apoio público a candidatos.
“É uma foto de um dia que eu fui tratar com o prefeito questões ligadas à população em situação de rua. Não há apoio a nenhum candidato e os padres não podem manifestar apoio público a nenhum candidato, apenas levantar critérios”, disse.
A assessoria de Nunes foi procurada, mas não retornou até o encerramento desta checagem. A reportagem tentou contatar o perfil responsável pela publicação, mas a conta não permite o envio de mensagens diretas.
Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 21 de agosto, a postagem no X acumulava mais de 8.857 visualizações, 188 compartilhamentos, 359 curtidas e 267 comentários.
Fontes que consultamos: Utilizamos a busca reversa de imagens e contatamos as figuras públicas citadas na postagem, além da página responsável pela publicação. Pesquisamos também reportagens que noticiaram o encontro entre o padre Lancellotti e Ricardo Nunes em janeiro deste ano.
Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Outras checagens sobre o tema: Outras iniciativas de checagem já desmentiram boatos envolvendo o padre Júlio Lancellotti, como a agência Lupa e a AFP. Já no cenário eleitoral, o Comprova verificou recentemente que um vídeo usado para atribuir apoio do Comando Vermelho a Eduardo Paes é falso.