Vídeo engana ao sugerir tratamento “sem internação e sem sofrimento” para covid-19
- Enganoso
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- Em vídeo, pessoa sem formação na área de saúde mistura dados falsos e verdadeiros sobre os remédios atualmente indicados para o tratamento da doença provocada pelo novo coronavírus e divulga informações sem comprovação científica
Um vídeo publicado no YouTube confunde ao dizer que há medicamentos que curam a covid-19 e impedem a evolução da doença para fases mais graves caso sejam receitados no início dos sintomas. O material mistura dados falsos e verdadeiros sobre os remédios atualmente indicados para tratamento e contém informações sem comprovação científica. Há também ataques contra as medidas de isolamento social utilizadas para reduzir a velocidade de contágio da doença.
O conteúdo foi postado por Silvana Conte em seu canal no YouTube e já teve mais de 270 mil visualizações. No vídeo, ela diz fazer um relato pessoal citando uma lista de medicamentos que o marido teria tomado antes mesmo de ter o diagnóstico positivo para covid-19, como antibióticos receitados logo no início dos sintomas. Ela também fala sobre o uso autorizado da hidroxicloroquina por médicos na Itália e ainda afirma que “o isolamento não salva vidas”. Até o momento, não há medicamento que cure a doença. Alguns estão sob testes clínicos, mas ainda não apresentaram eficácia contra o vírus em concentração que não seja prejudicial à saúde.
Além disso, especialistas ressaltam que entre 80% e 85% dos pacientes infectados pela covid-19 serão assintomáticos ou terão sintomas leves —- semelhantes aos de uma gripe —, portanto não precisarão ser submetidos a medicações que podem causar efeitos colaterais. O acompanhamento médico é essencial principalmente para o grupo de risco, aquelas pessoas que podem evoluir para uma forma mais grave da doença e terão de ser submetidas a tratamentos de suporte como o uso de oxigênio.
Silvana diz que mora em Bergamo, na Itália, e que o marido ficou doente após uma viagem ao Rio de Janeiro. Ela, que admite não ser médica, acusa profissionais de saúde e hospitais de serem negligentes “ao orientar a procura de médicos apenas quando a pessoa sentir falta de ar”. Os protocolos de Brasil e Itália para o atendimento de pacientes infectados pelo novo coronavírus recomendam o acompanhamento médico desde os primeiros sintomas, o que não quer dizer que todos precisarão de variados tipos de medicação para superar a doença.
Por que checamos isto?
O Comprova realiza verificações de conteúdos que viralizam nas redes sociais, como é o caso em questão. Esta verificação foi realizada pois o vídeo é um entre vários que apresentam pessoas sem qualificação profissional na área da saúde fazendo recomendações sanitárias para lidar com o novo coronavírus e a covid-19, doença provocada por ele. Tais recomendações são danosas pois poluem o debate público e, no limite, podem ser prejudiciais à saúde das pessoas.
Recentemente, o Comprova verificou, por exemplo, um vídeo no qual uma pessoa argumentava que o uso de máscaras reduziria a imunidade e potencializaria a infecção. Isso não é verdade. Pesquisadores e autoridades sanitárias confirmam que a máscara pode, de fato, proteger as pessoas. Do mesmo modo, o Comprova também verificou conteúdos que afirmavam que medidas de isolamento social seriam inúteis ou prejudiciais.
Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.
Como verificamos
O Comprova entrou em contato com dois especialistas para checar a veracidade das informações técnicas sobre a covid-19 presentes no vídeo. Consultamos o Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus na Atenção Primária à Saúde e questionamos o Ministério da Saúde italiano sobre as práticas e recomendações adotadas no país. O órgão compartilhou um link com dúvidas e respostas mais comuns para a doença na Itália.
Após a publicação desta verificação, Silvana entrou em contato com o Comprova. Suas alegações e nossos comentários estão na seção Atualização (abaixo).
O Comprova ainda acessou os protocolos brasileiro e italiano de prescrição da hidroxicloroquina.
Verificação
Silvana afirma que o vídeo é opinativo e que não é médica. Segundo ela, trata-se da experiência vivenciada pelo marido ao viajar de Bergamo, na Itália, onde moram, para o Rio de Janeiro. Silvana conta que o marido apresentou sintomas de pneumonia e foi atendido por um médico que receitou o antibiótico levofloxacina. Como o marido não melhorou, a família foi submetida a testes de covid-19, e o resultado dele deu positivo. Ele ainda teria tomado, por prescrição médica, o anti-alérgico Allegra e os medicamentos Fluimucil, Deocil e paracetamol.
Silvana compartilhou o tratamento com amigos de Bergamo e teria identificado a capacidade de “cura” desse tratamento aliado a outros medicamentos, como os antibióticos azitromicina e amoxicilina. Ela apresenta um protocolo que diz ter recebido de um médico da Lombardia chamado Marcelo Contini que recomenda o tratamento com os medicamentos usados pelo marido, e ainda sugere a medicação da hidroxicloroquina. Silvana insiste na importância do uso de “medicação forte para bloquear a inflamação” nos primeiros dias de sintomas para impedir a evolução do quadro baseada em fato pessoal.
[Atualizado em 27 de maio de 2020 – O parágrafo acima foi atualizado para corrigir uma informação sobre o protocolo que Silvana Conte disse ter recebido no vídeo. Na verdade, ela se referiu ao médico Marcelo Cotini e não a Stefano Manera, como estava escrito na primeira versão da verificação]
O Comprova ouviu médicos sobre a “necessidade de tratar pacientes leves com medicação para impedir que os sintomas se agravem”. Guilherme Spaziani, médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, explica que as complicações decorrem de uma inflamação exacerbada cujas causas ainda são investigadas. Esse quadro de evolução da doença é observado principalmente nas pessoas do grupo de risco, como idosos, cardiopatas e obesos.
“Cerca de 55% dos infectados pela covid-19 apresentam a forma leve da doença, com sintomas gripais. Outros 30% sequer apresentam sintoma algum. Isto quer dizer que apenas 15% dos doentes evoluem para a forma grave e, destes, um em cada três precisam do tratamento intensivo”, diz Guilherme Spaziani.
“Não há evidência científica sobre a capacidade de nenhuma medicação que possa ser prescrita nos primeiros dias de sintomas para impedir a evolução para a fase inflamatória”, afirma o infectologista.
Gerson Salvador, médico infectologista do Hospital Universitário da USP e associado da Sociedade Paulista de Infectologia, ressalta o perigo de pessoas usarem uma grande quantidade de medicamentos.
“Quando a pessoa usa um número grande de medicamentos de maneira desorganizada, aumentam as chances de efeitos adversos, que podem ser graves dependendo da condição de saúde da pessoa. O que recomendamos é o tratamento sintomático para casos leves e tratamento de suporte para casos graves.”
Protocolo do Ministério da Saúde abrange orientação de atendimento de sintomas mais leves a graves
O Comprova pediu ao Ministério da Saúde explicações mais claras sobre o protocolo de manejo clínico de pacientes com a covid-19 ou de casos suspeitos, que está no site da entidade, mas não teve retorno. Foi questionado quando alguém deve procurar uma Unidade Básica de Saúde, quais medicamentos são indicados e a orientação para o tratamento em casa.
A versão atualizada do documento, disponível no site do Ministério, tem 41 páginas e detalha como deve ser a ação médica e como as Unidades Básicas de Saúde devem trabalhar, dos casos com sintomas leves aos graves.
Diferentemente do que sugere o vídeo de Simone Conte, o Ministério da Saúde não fala em “esperar pela falta de ar” para tratamento. Pelo contrário, ressalta a importância do acompanhamento de quem apresenta os sintomas leves, principalmente pessoas com mais de 60 anos ou com outros fatores de risco. A entidade orienta para o seguimento do tratamento domiciliar com monitoramento médico por telefone a cada 24 ou 48 horas, inclusive para casos não confirmados.
O arquivo traz na página 17 a sugestão de prescrição de dipirona e paracetamol, medicamentos analgésicos que aliviam sintomas como dores no corpo, mal-estar e febre. Eles não têm propriedades de cura. Há ainda o remédio oseltamivir, um antiviral usado para combater o vírus da gripe. Seu uso, porém, é encerrado quando o teste de gripe dá negativo ou quando o da covid-19 dá positivo, já que ele não tem ação comprovada contra o novo coronavírus. São determinadas ainda medidas de suporte e conforto, isolamento domiciliar e monitoramento até a alta médica.
O protocolo de uso da hidroxicloroquina foi acrescentado na quarta, 20, entre os documentos do site do Ministério da Saúde que orientam uso de medicamentos contra a covid-19 no sistema público de saúde. O comunicado está entre as “orientações gerais” de tratamentos da doença e recomenda o remédio inclusive em casos leves.
O documento sobre o uso da hidroxicloroquina diz que, até o momento, não há dados científicos que apontem um determinado tratamento farmacológico e que o uso ou não do remédio está condicionado à decisão do médico e à autorização por escrito do paciente. O protocolo também fala de contra indicação em pacientes com doenças cardíacas, como a comunidade científica vem ressaltando há tempos.
Em 18 de maio, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a Sociedade Brasileira de Infectologia e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, divulgaram o documento “Diretrizes para o Tratamento Farmacológico da Covid-19”, contra o uso da hidroxicloroquina. O texto foi produzido por 27 especialistas e ressalta, principalmente, a falta de provas científicas de que o medicamento é eficaz e o perigo dos seus efeitos colaterais.
Depois do novo protocolo divulgado pelo Ministério da Saúde, a Sociedade Brasileira de Infectologia voltou a se manifestar sobre os riscos associados à utilização de um medicamento que não tem eficácia científica comprovada e pela recomendação de uso apenas para pesquisa clínica.
No mesmo dia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que a cloroquina e a hidroxicloroquina sejam usadas nos hospitais apenas em estudos clínicos. O diretor-executivo Michael Ryan ressaltou a falta de evidências científicas sobre a eficácia dos remédios e lembrou os efeitos colaterais da droga.
Recomendação na Itália é tratamento de sintomas e cuidado com hidroxicloroquina
O vídeo sugere que médicos italianos que usaram hidroxicloroquina em pacientes no início dos sintomas tiveram sucesso com a redução de internações na Itália.
De fato, o medicamento está entre aqueles com uso autorizado no país, inclusive para pacientes com sintomas leves e em tratamento domiciliar. No entanto, a Agência Italiana de Fármacos alerta para a importância de que a hidroxicloroquina seja receitada por um médico e com autorização do paciente, por se tratar de medicamento sem eficácia científica comprovada. A entidade também alerta para seus efeitos colaterais cardíacos e os perigos de sua utilização em altas doses em cardiopatas.
A principal orientação do Ministério da Saúde italiano sobre o tratamento de covid-19, atualizada em 11 de maio, é similar à feita no Brasil: cuidar dos sintomas apresentados pelos pacientes com terapias de suporte, como uso de oxigênio; descansar; continuar isolado em casa; comer bem e beber bastante água.
Isolamento não salva vidas?
“Isolamento não salva a vida de ninguém. Pode até diminuir o contágio, porém não vai salvar a vida das pessoas”, fala Silvana. Ela acredita que o foco de governos no combate à pandemia de covid-19 não deveria estar no isolamento social, mas sim na prescrição de medicamentos para pacientes ainda na fase inicial da doença.
O infectologista Guilherme Spaziani diz que caso não seja encontrada uma vacina, o mesmo número de pessoas será infectado com ou sem a adoção do isolamento social. No entanto, a medida de distanciamento evita que as pessoas sejam contagiadas em um curto espaço de tempo e, com isso, sejam esgotados os recursos hospitalares, médicos e de insumos necessários a um suporte adequado. Isto é, o isolamento social permite o serviço hospitalar para cada paciente, inclusive aqueles que estiverem em estado grave.
Medicamentos citados não combatem o coronavírus
Especialistas ressaltam não haver um remédio que cure a covid-19. Por isso, é importante o cuidado na divulgação de um determinado tratamento. O vídeo cita diversos remédios que vão de antibióticos (contra bactérias) a remédios usados para tratamentos antiparasitários (contra vermes). A covid-19 é uma doença causada por um vírus.
Gerson Salvador, infectologista do Hospital Universitário da USP, ressalta que o passo a passo de orientação médica depende de cada paciente.
“Antibióticos agem contra bactéria e não têm atividade antiviral. Ivermectina e nitazoxanida são antiparasitários e não têm atividades contra vírus. Os dois últimos apresentaram efeito antiviral in vitro no laboratório, mas isso nunca se reproduziu num organismo vivo. Portanto, seu uso não está liberado. Eles estão sob estudos, mas a possibilidade de funcionar não é elevada”, diz o médico.
Salvador completa: é importante que o médico fique atento principalmente a doentes com fatores de risco. “No caso do coronavírus depende mais da resposta imunológica [de cada um] do que do vírus. Nas pessoas que têm doenças crônicas, quando apresentarem sonolência, desconforto ou incapacidade de realizar suas atividades usuais, é necessário fazer avaliação e tratamento de suporte, oferecendo oxigênio no tempo certo. Também é preciso controlar doenças como diabetes, asma ou doenças cardíacas que podem estar em crise. Por isso é importante fazer esse tipo de suporte médico.”
Atualização
Após a publicação da verificação, o Comprova foi contactado por Silvana Conte, que fez algumas argumentações a respeito do texto. Abaixo, seguem os pontos de contestação levantados por ela que ainda não tinham sido abordados no texto e, na sequência, os comentários do Comprova.
Silvana respondeu ao Comprova no último dia 21 de maio. Desde então, questiona a reportagem sobre a classificação de seu vídeo no site do projeto. O Comprova manteve a etiqueta “Enganoso”, que é o conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.
A partir de agora, o Comprova abre espaço para os pontos questionados por Silvana Conte e os responde.
Silvana: “Meu marido e mais de 30 pacientes do médico Erverton Andrade e mais 28 da médica Alessandra Almeida foram curados sem hospitalização e sem sofrimento”.
Comprova: Ainda não há um tratamento específico para a doença, ou seja, algo que funcione para todas as pessoas infectadas. Assim, não é possível, por enquanto, falar em “cura” de covid-19. Como o Comprova ressaltou através de especialistas ouvidos, apenas 15% dos infectados desenvolvem casos mais graves da doença e precisarão da hospitalização e medicações fortes. Desses 85% que passam tranquilamente pela doença, nem todos vão desenvolver sintomas ou precisar de qualquer tipo de medicação.
É importante ressaltar que todos os remédios usados, quando necessários, são para tratamento de sintomas e infecções paralelas que a pessoa possa vir a ter. Remédios para febre e antibióticos, por exemplo. Alguns pacientes infectados podem desenvolver pneumonia bacteriana e é por isso que é preciso a utilização de antibióticos.
O painel de covid-19 do Ministério da Saúde não utiliza o termo ‘curados’, mas sim recuperados, para informar sobre as pessoas que sobreviveram à doença.
Silvana: “Os protocolos estão sim, em uso na Lombardia e na Toscana e na Itália de forma geral.”
Comprova: Silvana enviou ao Comprova o documento “Indicações terapêuticas para PCS com pneumonia COVID GERIDO EM CASA”. O documento é assinado pelo médico Roberto Moretti. Este documento informa em seu primeiro parágrafo que se trata de “sugestões derivadas da prática hospitalar” uma vez que “não existem LGs validados no tratamento farmacológico e não farmacológico de pacientes com ‘pneumonia’ covid-19”.
Silvana também enviou o documento “Indicazioni per i medici di medicina generale sulle terapie dei pazienti affetti da COVID-19” (“Indicações para clínicos gerais sobre as terapias de pacientes com COVID-19”). Assinado por dez médicos, é datado de 20 de abril de 2020 e, segundo Silvana, seria da Lombardia. Não há no documento, no entanto, nada que confirme essa informação. O documento também não fala que é importante dar os medicamentos na “primeira fase da doença”, apenas fornece um guia de medicamentos para tratar os sintomas da covid-19.
Silvana: “O Dr. Stefano Manera declara a divisão das fases e a Itália recomenda o tratamento na fase viral, que é a primeira.”
Comprova: Os dois médicos especialistas consultados pela reportagem preferem não propor uma divisão de fases, uma vez que uma pequena parcela dos infectados passará por um agravamento dos sintomas. Os outros sequer terão sintomas.
Silvana: “Fui absolutamente surpreendida de vocês, sem falar comigo, retirarem meu vídeo do ar, me declararem enganosa sem ao menos checar as fontes que eu dei”
Comprova: O Projeto Comprova entrou em contato com Silvana Conte pelo Facebook na terça-feira, 19. Como ela é ativa no Facebook e não tínhamos outra forma de contato, achamos que seria a melhor forma de chegar até ela. Silvana respondeu às mensagens da reportagem na quinta-feira, 21, após a publicação da verificação.
O Projeto Comprova ressalta que não tem poder para retirar conteúdos do ar.
Silvana: “Escrevendo um texto com várias informações erradas citando o vídeo, que , pelo jeito, vocês não viram.”
Comprova: O Comprova assistiu ao vídeo várias vezes após receber um pedido de checagem por meio de seus leitores. As afirmações contidas no material foram anotadas e compartilhadas com dois infectologistas. Além disso, os protocolos utilizados no Brasil e na Itália foram consultados.
Silvana: “Essa doença é brutal, mas segundo o meu médico que inclusive pegou covid e usou azitromicina + axetilcefuroxima + ivermectina + zinco e está bem … curado sem sofrimento e sem hospitalização. Temos de 3 a 4 dias para bloquear a infecção. Entre a ciência e a experiência, fico com a experiência”.
Comprova: Nossa reportagem reforça que é preciso apontar quando um determinado tratamento não possui comprovação científica. A azitromicina e a ivermectina são drogas que apresentaram bom resultado em laboratório, isto é, nos testes in vitro, mas ainda não possuem eficácia comprovada em seres humanos. A experiência pessoal de uma pessoa compartilhada como verdade absoluta e sem comprovação científica pode causar danos como a automedicação.
Contexto
Remédios como hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina e remdezivir passam por testes clínicos para averiguar sua eficácia e segurança no combate à covid-19. Embora eles apresentem bons resultados em testes de laboratório — os chamados testes in vitro — o mesmo não ocorreu em seres humanos. Além disso, pesquisas apontam para os riscos à vida de alguns pacientes por causa dos efeitos colaterais, como é o caso já citado da hidroxicloroquina.
Embora faltem pesquisas e estudos científicos que comprovem a eficácia de medicamentos como a hidroxicloroquina e a azitromicina no tratamento de pacientes com a covid-19, prefeituras e empresas já se mobilizam para fornecer os medicamentos. Em Belém, a operadora de planos de saúde Unimed distribuiu gratuitamente um kit com azitromicina, cloroquina e ivermectina aos beneficiários que apresentaram um receituário médico.
No interior de São Paulo, o prefeito de Guaratinguetá, Marcus Soliva (PSB), anunciou que pacientes com sintomas leves da covid-19 serão atendidos em casa com o tratamento de hidroxicloroquina aliada à azitromicina. “Evitamos a ida aos hospitais, já que o tratamento pode ser feito em casa por um profissional da rede de saúde pública”, anunciou o político em seu Facebook.
Mesmo com a falta de eficácia comprovada, a cloroquina se tornou o ponto central da disputa ideológica em torno da pandemia de covid-19. O remédio foi motivo de desgastes que levaram à demissão dos ex-ministros da Saúde Henrique Mandetta e Nelson Teich. Eles se negaram a editar um protocolo de prescrição da cloroquina para pacientes na fase leve da doença, o que acabou ocorrendo sob a gestão do chefe interino da pasta, General Eduardo Pazuello.
Alcance
O vídeo publicado inicialmente no canal do YouTube de Silvana Conte no dia 23 de abril já foi visto mais de 278 mil vezes até 21 de maio. Ele foi compartilhado no Facebook pela página “TV Médica” e foi visto mais de 1,3 milhão de vezes.