Política

Investigado por: 2024-05-13

Governos atuam no resgate de vítimas no RS desde o dia 30, diferentemente do que diz vídeo

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Enganoso
Não é verdade que os governos municipal, estadual e federal não estavam atuando em Canoas (RS) no dia 5 de maio, após a cidade ser atingida pela enchente, como alega vídeo publicado no TikTok. Notícias publicadas por jornais e pela prefeitura, além de gravações feitas por órgãos federais, mostram a atuação da força-tarefa organizada para resgatar as vítimas da tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul.

Conteúdo investigado: Em vídeo, mulher diz que autoridades como o presidente Lula (PT) e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), estão apenas dando declarações na televisão sem ajudar as vítimas diretamente. “Não tem uma pessoa do governo lá ajudando, é só a população”, diz.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Vídeo engana ao dizer que o presidente Lula (PT) e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) não se envolveram diretamente no resgate de vítimas da enchente em Canoas (RS) no dia 5 de maio e sugerir que os governos federal, estadual e municipal não estavam atuando no município nessa data. “Não tem uma pessoa do governo lá ajudando, é só a população”, afirma a autora do conteúdo de desinformação. “Tem pessoas, idosos no telhado, tem pessoas morrendo no hospital, tem corpos boiando e o pessoal do governo, principalmente aquele prefeito ladrão de Canoas, está fazendo nada”.

Apesar de não ter participado de operações de resgate, Lula desembarcou com Janja na Base Aérea de Canoas com a comitiva presidencial no Rio Grande do Sul, no dia 5 de maio. Enquanto o chefe do Executivo federal sobrevoou a cidade e outras regiões, a primeira-dama visitou alguns dos pontos de acolhimento disponibilizados no município e se encontrou com representantes da prefeitura e vereadores canoenses.

Além de Lula e Janja, a comitiva do governo federal que desembarcou em Canoas contou com os ministros Rui Costa (Casa Civil), José Múcio (Defesa), Fernando Haddad (Fazenda), Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde), Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), Wellington Dias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Jader Filho (Cidades), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais). Os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira; do Senado, Rodrigo Pacheco; e do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, também estiveram em solo gaúcho.

Eduardo Leite declarou no dia 4 de maio que os esforços de resgate estavam concentrados em Canoas e em outras localidades da região metropolitana e destacou, inclusive, a ajuda do governo federal e atuação do estado nas ações de salvamento. “Vinte e duas aeronaves atuam neste momento, do Exército, das Forças de Segurança do Estado e dos outros”.

No dia 5 de maio, a Brigada Militar emitiu um comunicado sobre o reforço das tropas militares para proteger os gaúchos em cidades da região metropolitana: Porto Alegre, Canoas, Vale do Rio dos Sinos, Guaíba e Eldorado.

No mesmo dia, o coronel Márcio Gonçalves, comandante do policiamento metropolitano da Brigada Militar, pediu em entrevista à Rádio Gaúcha que a população deixasse de ir com barcos e jet-skis para Canoas, porque o governo já estava desmobilizando a ajuda com embarcações, visto que o contingente na cidade já era suficiente.

Um vídeo publicado pelo UOL mostra o Exército resgatando três bebês no dia 5 de maio. Um dos resgates ocorreu na cidade de Encantado, outros dois ocorreram no telhado de uma casa ilhada em Canoas. Outra gravação, que teria sido feita no dia 4, mostra caminhões do Exército submersos nas ruas de Canoas, o que evidencia que os militares estavam no município e foram inclusive atingidos pela enchente.

A Jovem Pan News também divulgou registros da Polícia Rodoviária Federal (PRF) salvando moradores em cima dos telhados em Eldorado e Canoas. Nas imagens é possível ver um agente retirando, com muito esforço, pessoas que estavam em situação de risco. A Polícia Federal também compartilhou outros resgates feitos na região de Canoas.

No dia 4, a Prefeitura de Canoas divulgou um balanço da força-tarefa feita pelo município para retirar famílias desalojadas ou desabrigadas de áreas de risco. Na ocasião, mais de 7,5 mil pessoas estavam em 28 pontos de acolhimento da cidade. O executivo municipal divulgou também um telefone para solicitação de resgates e chave Pix para recebimento de doações.

Ao Comprova, a autora da publicação afirmou que as informações que divulgou no dia 5 de maio eram de amigos que estavam atuando nos resgates nos bairros Fátima e Mathias. Alegou anda que depois foi informada pelos amigos que um barco dos bombeiros e outros da população foram enviados a essas localidades.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 13 de maio, o vídeo tinha mais de 21,1 mil likes, 1,2 mil comentários e 785 compartilhamentos.

Fontes que consultamos: Procuramos por vídeos sobre os resgates feitos no dia 5 e por matérias sobre a atuação dos governos nas cidades, além de comunicados oficiais dos poderes.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: As chuvas no Rio Grande do Sul se tornaram alvo frequente de desinformação. O Comprova já mostrou ser enganosa a afirmação de que Luciano Hang teria mais aeronaves atuando no estado do que a Força Aérea e já explicou que caminhões com doações à região não são retidos por falta de nota fiscal.