Investigado por: 2018-09-03

Bandeira do Brasil com número que remete a facção criminosa apareceu em vídeo de Alckmin

Um clipe da campanha de Geraldo Alckmin, candidato à presidência pelo PSDB, foi divulgado pela sua assessoria com duas referências à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e substituído por uma nova versão. Perfis em redes sociais difundiram a informação e o Comprova verificou que, de fato, há duas edições diferentes.

Na manhã do dia 28 de agosto de 2018, a assessoria do tucano divulgou um jingle do candidato em um grupo de WhatsApp destinado a jornalistas que cobrem a campanha de Alckmin. Logo nos primeiros segundos do vídeo, uma jovem percorre as vielas de uma favela e numa bandeira do Brasil aparece a inscrição “1533” no lugar de Ordem e Progresso. A combinação dos algarismos é uma referência à posição em que as letras PCC aparecem no alfabeto (“P” é a 15ª e “C” é a 3ª). O PCC teve origem em São Paulo.

Embora tenha sido a própria campanha de Geraldo Alckmin a divulgar o vídeo com o “1533” no WhatsApp, o site do presidenciável publicou um “desmentido” em que acusa “mentirosos de plantão” de usarem uma “versão não oficial do clipe, que vazou na internet” e a editarem “para inserir imagens em alusão ao crime organizado”.

A equipe de Alckmin acabou distribuindo uma nova versão do jingle, produzida pela Farol Filmes, da qual um dos sócios é Lula Guimarães, marqueteiro-chefe da campanha do tucano. O portal Poder360 manteve os dois vídeos em seu canal no YouTube para que as cenas possam ser comparadas. Veja abaixo:

Na primeira versão do jingle, o “1533” é mostrado aos 8 segundos, dentro de uma bandeira do Brasil (no lugar da inscrição “Ordem e Progresso”). A inscrição volta a aparecer quando o vídeo chega a 1 minuto.

Na segunda versão do videoclipe, a jovem ganhou mais destaque, ficando ao centro da imagem e a bandeira foi desfocada manualmente. Ao ser questionada sobre o motivo da mudança, a equipe de marketing de Alckmin alegou questões “técnicas”.

No dia 30 de agosto de 2018, uma postagem do perfil no Twitter chamado “Corote” divulgou trecho do vídeo de Alckmin. A publicação dá link para o Poder360, mas usa um vídeo montado por ele com parte de um texto publicado no site Tribuna do Paraná. Este tweet foi visto 72,5 mil vezes e teve 1,3 mil compartilhamentos.

A presença do PCC em São Paulo é um dos temas mais explorados pelos adversários de Alckmin. Ele governou o Estado por duas ocasiões (2001-2006 e 2011-2018) e é constantemente questionado sobre o crescente aumento da facção nesse período.