Vídeo de urna com defeito em teclado não prova fraude em votação
São enganosas as publicações nas redes sociais que apresentam um defeito no teclado de uma urna eletrônica em São Paulo como prova de fraude no primeiro turno destas eleições. O problema mecânico nos botões foi identificado uma hora e quarenta e dois minutos após o início das votações, e o equipamento foi prontamente substituído.
Um dos principais posts sugere que os problemas foram identificados em mais de uma urna e que a falha era restrita a um único número: “TSE FAZENDO TESTES E AS URNAS NÃO DIGITA O NÚMERO 7 COMO AS PESSOAS DENUNCIARAM, OLHE A VERGONHA QUE ELE ESTÃO PASSANDO (sic)”.
Na verdade, o vídeo foi feito durante uma auditoria pública em quatro equipamentos realizada pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) em 20 de outubro. E o defeito não era restrito a uma única tecla. O resultado da análise técnica da Justiça Eleitoral aponta que “foram observados defeitos aleatórios em teclas diversas durante a digitação após sucessivas repetições do autoteste”. Ou seja, a falha não afetava o mesmo botão.
A urna com defeito no teclado estava localizada na seção 227 da 404ª zona eleitoral, localizada no bairro de Cidade Tiradentes, zona leste da capital paulista. Após identificado o problema, foi substituída por uma outra, às 9h42. Quando há necessidade de substituição de equipamentos, os votos já registrados são transferidos de uma urna para a outra,
por meio de procedimentos claros.
Nos vídeos – ao todo são seis, de cerca de 1 minuto cada – que estão sendo compartilhados acompanhados por textos que sugerem uma suposta fraude, os técnicos apresentam essas explicações a um dos presentes, que critica a falha apresentada lança dúvidas sobre se os eleitores que usaram o equipamento conseguiram votar em quem realmente queriam.
Outras três urnas foram submetidas à auditoria pelo TRE-SP e nelas não foram encontradas irregularidades. Participaram do evento, aberto ao público e registrado em vídeo, autoridades da Justiça eleitoral, fiscais de partidos políticos e, ainda, um observador da Organização dos Estados Americanos (OEA).
O TSE também afirmou que o defeito mecânico do teclado não representa nem alterou o resultado das eleições. Em nota de esclarecimento, disse que foi “adotado o procedimento correto de substituição do equipamento defeituoso por uma urna de contingência, sem que esse defeito pudesse influenciar no resultado do pleito eleitoral”.
As gravações sobre a urna que supostamente “autocompletava votos em favor de” Fernando Haddad (PT) – o equipamento com o defeito reconhecido pelo TRE-SP – também são enganosas. O Comprova havia pedido para um perito analisar os vídeos e a conclusão, publicada pelo UOL, foi a de que eles não eram capazes de revelar fraude.
O post enganoso foi publicado no “GRUPO OLAVO DE CARVALHO”. Até o final da noite de quinta-feira, 25 de outubro, havia sido compartilhado mais de 206 mil vezes. Outras versões do conteúdo circulam em canais de vídeos do YouTube.