É montagem notícia que diz que Bolsonaro vai mudar imagem da padroeira do Brasil
É falsa a publicação compartilhada no Whatsapp e no Facebook afirmando que o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) vai mudar a imagem de Nossa Senhora Aparecida e tirar a santa do posto de padroeira do Brasil em troca do apoio do pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, bispo Edir Macedo, no segundo turno da eleição ao Palácio do Planalto.
Bolsonaro não apoiou projeto de lei que propunha a alteração do termo “padroeira do Brasil” atribuído a Nossa Senhora Aparecida. Além disso, a assessoria de imprensa da igreja e o filho do candidato, Eduardo Bolsonaro, desmentiram a informação. Também não existem elementos que confirmem suposto acordo entre o presidenciável e o pastor evangélico.
Para fazer a verificação, o Comprova pesquisou informações no site da Câmara dos Deputados e entrou em contato com as assessorias de imprensa de Jair Bolsonaro e Edir Macedo.
Há duas versões do boato sendo compartilhadas no Facebook e WhatsApp nos últimos dias. Uma delas usa uma montagem da página da Folha de S. Paulo. A falsa notícia, que teria sido publicada no dia 11 de outubro, afirma que “encontro de Bolsonaro com bispo Edir Macedo gera polêmica, ao sugerir a troca da imagem da padroeira do Brasil” e sugere que a alteração seria motivada pelo “tom de pele” escuro da santa. A Folha negou que a matéria tenha sido publicada no site e confirmou que era uma montagem.
A segunda versão diz que Bolsonaro e seu filho, o também deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), assinaram o projeto de lei 2623, de 2007, que sugeria a alteração do termo “padroeira do Brasil” para “padroeira dos brasileiros católicos apostólicos romanos”. O PL, de autoria do deputado Victorio Galli, que à época era do MDB e hoje é do PSL, foi arquivado em 2008 na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. A matéria não poderá ser desarquivada no próximo ano porque o seu autor não foi reeleito. O Comprova não encontrou assinatura de Bolsonaro no projeto.
Ao Comprova, a assessoria do Bolsonaro afirmou que “não responde fake (news)”. Eduardo Bolsonaro, no entanto, publicou um vídeo no seu Facebook, que foi compartilhado na página do presidenciável, desmentindo a informação. “O projeto é de 2007 e foi apreciado em 2008, nessa época eu sequer era deputado, a minha eleição foi em 2014. Além disso, não existe assinatura do Jair Bolsonaro apoiando esse projeto em lugar nenhum. Esse projeto foi sepultado na comissão da educação por unanimidade. Não há o que falar, é uma invenção”, diz.
O texto do boato também afirma que o suposto apoio de Bolsonaro ao projeto foi uma “moeda de troca” para ele conseguir apoio de Edir Macedo, que também teria pedido a implantação do “ensino evangélico a todas as crianças, a partir da creche, em janeiro de 2020”. A informação não tem nenhuma fonte que a confirme, e o bispo a negou, através de nota divulgada no site da Igreja Universal
“Já sobre a fake news do ensino religioso nas escolas públicas, a Universal defendeu exatamente o contrário em audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF): a Igreja apoia o ensino religioso não confessional, que deve ser facultativo, com professores qualificados para tal. ‘O ensino deve ser sobre religião, e não da religião’, afirmou o representante da Universal durante a audiência”, conclui a nota.
A montagem do site da Folha chegou ao WhatsApp do Comprova. Já o segundo boato foi compartilhado no Facebook do empresário e escritor Alberto Carlos Almeida e teve 515 compartilhamentos.
O Boatos.org já havia desmentido o boato.