Comprova encerra a oitava fase com abordagem que mira a integridade do ambiente digital
- Comunicado
- Projeto colaborativo liderado pela Abraji aboliu as etiquetas de “falso”e “enganoso”, incorporou às verificações a análise das táticas usadas para persuadir as pessoas e passou a investigar também golpes virtuais.
Uma nova abordagem pela integridade do ambiente digital
O Comprova, projeto colaborativo de verificação de fatos liderado pela Abraji e do qual fazem parte 42 organizações jornalísticas, encerra hoje a oitava fase de investigações. Em 2025, foram publicadas 201 reportagens investigativas sobre política, saúde, mudanças climáticas e golpes virtuais e foi lançado um canal no WhatsApp.
Desde as eleições de 2018, o Comprova tem sido um projeto colaborativo relevante na formação de jornalistas, na disseminação de boas práticas de investigação e de transparência e no enfrentamento aos discursos de ódio e à disseminação de conteúdos inautênticos. Mas 2025 foi um ano de grandes mudanças no modo como o Comprova aborda a desinformação.
Em abril, o projeto incorporou ao seu escopo investigações sobre golpes virtuais, com o objetivo de orientar os cidadãos a identificar as táticas utilizadas por agentes maliciosos interessados em aplicar golpes por meio de redes sociais, e-mails ou aplicações de mensagens.
Essa frente faz parte de uma nova estratégia do projeto que busca maior interlocução com as vítimas de golpes e de desinformação no ambiente digital. Em junho, o Comprova anunciou uma nova abordagem, mais empática, que amplia o foco da verificação e adiciona, nas reportagens, duas novas seções. Uma delas mostra quem são os criadores do conteúdo de desinformação, sua autoridade sobre o tema e possíveis intencionalidades. A outra seção analisa o discurso desses atores para identificar as táticas de persuasão empregadas em suas narrativas e mostrar aos leitores por que podem ter acreditado em algo que não encontra respaldo em fatos.
Outras duas mudanças foram implementadas com essa nova abordagem. O Comprova agora produz títulos que afirmam a verdade e evita reproduzir neles boatos e falsidades, inclusive por meio de negações. Por fim, o projeto aboliu o uso de etiquetas como “falso” e “enganoso”, pois considerava que elas poderiam ser um obstáculo à interlocução entre o projeto e as pessoas que haviam acreditado na desinformação.
As mudanças surtiram efeito imediato nos números de audiência do site do Comprova. De junho a outubro, houve um crescimento de 260% no número de novos usuários e de 116% nas visualizações, em comparação com o mesmo período do ano anterior. O projeto está aberto a colaborar com estudos acadêmicos que possam testar, agora, a efetividade dessa nova abordagem na construção de resiliência à desinformação nos cidadãos.
Jornada digital segura
O novo modelo de verificações pretende que cada reportagem seja também uma peça de alfabetização, tanto midiática quanto algorítmica, ou que melhore o entendimento sobre o funcionamento das IAs generativas e sobre seu uso para produzir narrativas falsas ou enganosas, como deepfakes, por exemplo. Queremos colaborar para a integridade do ambiente digital fornecendo informações e recursos para que cada pessoa desenvolva um ceticismo saudável e desfrute de uma jornada digital mais segura.
Em 2025, o Comprova retomou a produção de cursos para o público em geral, revisou seu guia para entendimento básico de IA e produziu um experimento usando o NotebookLM, do Google, para criar um guia em formato de chat para se proteger de golpes virtuais.
A partir desta semana e durante o recesso, as redes sociais do Comprova irão reproduzir verificações sobre golpes virtuais e publicar uma série de vídeos que mostram algumas das táticas mais comuns de persuasão usadas por atores maliciosos para ludibriar e enganar. Veja aqui um exemplo.
A colaboração é a força que move o Comprova
Cada verificação de fatos no Comprova geralmente é realizada por três repórteres de diferentes organizações. Finalizada a investigação, um relatório é submetido à revisão pelos pares e ao menos três jornalistas de organizações que não tomaram parte na investigação devem confirmar que estão de acordo com o relatório. Nesse processo, chamado cross-checking, todos podem questionar, opinar e sugerir alterações, mas o texto final deverá ser fruto de consenso para que a verificação possa ser publicada.
As verificações produzidas pelo Comprova são, portanto, uma criação coletiva e, por isso, a autoria dos relatórios não é creditada individualmente. No entanto, no encerramento de cada fase listamos os repórteres e editores que se envolveram na produção dos conteúdos publicados no período.
Desde o início do projeto, 425 jornalistas já participaram do Comprova. Neste ano, 38 repórteres de diferentes veículos participaram das investigações.
Equipe do Projeto Comprova em 2025
Adriano Soares – Portal Imirante
Alessandra Monnerat – Estadão
Beatriz Araújo – Terra
Bernardo Costa – Estadão
Bruna Buffara – Canal Meio
Carlos Iavelberg – UOL
Cecília Sorgine – AFP
Cido Coelho – SBT e SBT News
Clarissa Pacheco – Estadão
Felipe Salustino – Tribuna do Norte
Fred Carvalho – AFP
Gabriel Belic – Estadão
Gabriel Salotti – O Dia
Gabriela Brasil – Portal Norte
Gabriela Braz – Correio Braziliense
Gabriela Meireles – Estadão
Giovana Frioli – Estadão
Isabela Aleixo – UOL
Jean Laurindo – NSC
Karina Costa – Alma Preta
Karla Araújo – O Popular
Luana Amorim – NSC
Luciana Marschall – Estadão
Luisa Alcantara e Silva – Folha de S. Paulo
Luiza Silvestrini – Canal Meio
Maria Clara Pestre – AFP
Maria Eduarda Nascimento – Estadão
Maria Paula Letti – Canal Meio
Mariana Carneiro – O Popular
Milka Moura – Estadão
Murilo Rodrigues – GZH
Nathália Moreira – UOL
Pedro Prata – Estadão
Thatiany Nascimento – Diário do Nordeste
Thays Araújo – Correio de Carajás
Thiago Aquino – Agência Tatu
Vanessa Ortiz – Terra
Vinicius Zagoto – A Gazeta
Editores fixos
David Michelsohn – Arte
Hélio Miguel Filho – Distribuição
José Antônio Lima
Sérgio Lüdtke