O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 41 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
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Política

Investigado por: 2024-02-14

Post engana ao induzir ligação entre furto em loja e fala de Flávio Dino

  • Enganoso
Enganoso
Post engana ao forçar uma ligação direta entre o discurso do ex-ministro de Justiça e Segurança Pública e futuro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, no dia 31 de janeiro de 2024, e um furto registrado cinco dias antes na cidade de Suzano (SP).

Conteúdo investigado: Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento do furto de chocolates realizado por quatro pessoas em uma unidade das Lojas Americanas em Suzano, região metropolitana de São Paulo, sobreposto a uma reportagem da CNN que mostra o discurso de Flávio Dino defendendo que não se aplique a pena de prisão para crimes menos graves. A imagem também é acompanhada do texto “já pode roubar à vontade”.

Onde foi publicado: Instagram.

Conclusão do Comprova: É enganoso que o caso de furto de chocolates ocorrido em uma unidade das Lojas Americanas tenha ligação direta com a fala de Flávio Dino, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, que será ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) a partir de 22 de fevereiro. O registro do grupo cometendo o delito foi noticiado no dia 26 de janeiro de 2024 pelo telejornal Bora Brasil, da Band. De acordo com as Lojas Americanas, o crime ocorreu no município de Suzano, na região metropolitana de São Paulo, no mesmo dia da exibição da reportagem. Já o discurso de Dino foi realizado posteriormente, em 31 de janeiro de 2024.

Em sua fala, o então ministro defende que “punição não é igual a prisão”, e que crimes considerados menos graves, como furto e delito de trânsito, não levem à prisão do indivíduo, mas sim a outras formas de punição. Além disso, parte da fala do ex-ministro da Justiça foi omitida e descontextualizada para indicar que Dino incentiva a prática de furtos, como o registrado nas Americanas. “Estuprador tem que ser preso. Homicida tem que ser preso. Autor de crime hediondo tem que ser preso. Mas uma pessoa que eventualmente praticou um delito de trânsito? Um furto? Mesmo situações envolvendo crimes relativos a patrimônio, de um modo geral. Então, imagino que seja por aí”, afirmou Dino.

Em nota enviada ao Comprova, a empresa de varejo informou que registrou boletim de ocorrência no mesmo dia da ação criminosa. A Americanas S.A. acrescenta, ainda, que “a companhia vem investindo em segurança com tecnologias de monitoramento e estuda medidas adicionais de prevenção na unidade”.

Ao produzir a montagem dos dois registros sobrepostos, com as tarjas “Já pode roubar à vontade” e “Eita”, o vídeo sugere uma situação de causa e consequência entre o discurso de Flávio Dino e a ação criminosa na loja de departamentos, como se o ex-ministro estivesse “liberando”, descriminalizando ou incentivando a prática de furto.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: Até a manhã do dia 10 de fevereiro de 2024, a publicação no Instagram contava com 2,2 milhões de reproduções; 41,1 mil curtidas; 6,2 mil comentários; e 53,1 mil compartilhamentos.

Como verificamos: Buscamos pelos termos “chocolate americanas roubo” e encontramos o trecho do telejornal Bora Brasil publicado pela Band em sua conta no X. A reportagem mostrava o mesmo vídeo utilizado na montagem. A Americanas foi procurada e confirmou que o caso havia acontecido na cidade de Suzano, no dia 26 de janeiro de 2024, portanto cinco dias antes da fala de Flávio Dino. Também confirmamos a veiculação do discurso do senador Flávio Dino no dia 31 de janeiro, na CNN, após pesquisa no canal do YouTube da emissora.

O que diz o responsável pela publicação: O autor foi questionado sobre a publicação, mas não respondeu até o fechamento desta verificação. A publicação não foi apagada.

O que podemos aprender com esta verificação: É importante checar a data dos vídeos e em qual contexto foram publicados, como forma de afastar uma falsa relação entre os conteúdos. A ausência de marcadores temporais e tarjas de texto chamativas, sobrepostas em tom de urgência e alerta, podem ser um indicativo de que as postagens foram retiradas de seu contexto original ou manipuladas para desfavorecer alguém em posição contrária ao autor do post.

Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Checagens recentes de UOL Confere, Estadão Verifica e AFP Checamos, iniciativas de checagem que fazem parte do Comprova, também mostraram que o ex-ministro Flávio Dino não defendeu a prática de furto no Brasil. Em outros momentos, Flávio Dino já foi alvo de desinformação, como falsas postagens nas quais teria se eximido da responsabilidade pelo combate ao armamento de traficantes no país e áudios falsos afirmando que entre os “objetivos” do governo Lula estariam “arruinar a economia”.

Contextualizando

Investigado por: 2024-02-14

O que os protestos de agricultores na Europa têm a ver com políticas ambientais

  • Contextualizando
Contextualizando
Publicações nas redes sociais alegam que supermercados da Europa estão desabastecidos por conta dos recentes protestos de agricultores, que estariam se manifestando contra políticas ambientais. As postagens omitem que a escassez de determinados produtos em supermercados ocorre de forma pontual, e não generalizada. Os conteúdos virais também sugerem que as regulamentações ambientais seriam o único descontentamento dos manifestantes. Na verdade, os agricultores têm uma série de outras reivindicações, como a redução de importações estrangeiras mais baratas e a redução da burocracia.

Conteúdo investigado: Vídeo exibe gôndolas vazias de um supermercado. A postagem alega que os mercados da Bélgica e França estão desabastecidos por conta dos protestos realizados por agricultores europeus, que estariam se manifestando contra os “lunáticos climáticos e suas políticas”.

Onde foi publicado: X (antigo Twitter), Facebook e TikTok.

Contextualizando: Desde janeiro deste ano, agricultores têm protestado por toda a Europa. Ao contrário do que sugerem as postagens virais, as queixas dos manifestantes vão além do descontentamento com regulamentações ambientais. Os agricultores também protestam contra a concorrência externa, inflação, rendimentos baixos, burocracia da União Europeia (UE), entre outros.

Ações adotadas pelos agricultores como forma de protesto incluem o bloqueio de estradas e de centros de distribuição. A medida acarretou o atraso de entregas e desabastecimentos pontuais de determinados produtos em supermercados da Europa.

Protestos na Europa

Os movimentos orquestrados por diversas entidades sindicais de agricultores ganharam destaque no fim de janeiro na França, com o bloqueio de estradas e de uma fábrica da Lactalis, maior grupo de laticínios do mundo. Os produtores franceses reclamam dos aumento dos custos da energia e das regras ambientais europeias, que impactam os gastos com a produção.

Esses protestos ganharam fôlego para se espalhar pelo continente durante um protesto em Bruxelas, na Bélgica, embora tenham sido registrados uma série de manifestações anteriores. Na ocasião, em 1º de fevereiro, agricultores jogaram ovos e pedras no Parlamento Europeu, em Bruxelas, além de soltarem fogos de artifício próximo ao prédio, em um ato contra os crescentes custos de produção que afetam a agricultura local e favorecem a importação de produtos.

Uma das demandas mais recorrentes entre as organizações de trabalhadores é a alegação de que a concorrência com produtos vindos de outros países seria desleal com os produtores locais. O internacionalista e fundador do instituto Global Attitude, Rodrigo Reis, explica que o movimento da classe agricultora se concentra na competição com o mercado externo em meio a um cenário de aumento de custos. “Existe um receio da classe agricultora em proteger o mercado interno de produtos importados que serão mais baratos do que os produzidos internamente, e aí existe também um argumento usado por eles na questão ambiental de que esses produtos importados não respeitam as mesmas normas ambientais respeitadas por eles”, destaca.

Além dos dois países, foram registrados protestos na Espanha, em Portugal, Itália, Romênia, Polônia, Grécia, Alemanha e Países Baixos. As reivindicações são semelhantes em quase todos os países, com descontentamento em relação à inflação, concorrência externa, burocracia da União Europeia e regulamentações. Apesar disso, existem demandas específicas para a categoria agrícola de cada Estado.

Desabastecimento nos supermercados

Por consequência de bloqueios realizados por manifestantes, algumas unidades de supermercados começaram a sofrer com escassez de produtos frescos, como frutas e verduras. Na Bélgica, de acordo com o The Brussels Times, as redes que passaram por desabastecimento em determinadas regiões foram Aldi, Colruyt, Lidl e Delhaize.

Em 6 de fevereiro, a RTBF informou que os centros de distribuição da Colruyt já estavam funcionando desde o dia 1º do mesmo mês. Ainda de acordo com o veículo, unidades da rede Delhaize também estavam de volta ao normal. A Delhaize ainda acrescentou que a perda de itens durante as manifestações foi limitada e estima que 100 mil quilos de produtos foram doados a bancos de alimentos. De acordo com a rede, alguns supermercados não ficaram desabastecidos.

De acordo com uma reportagem do Le Parisien, publicada em 29 de janeiro, os bloqueios tiveram pouco impacto no abastecimento dos supermercados da França. Ao jornal, o delegado geral da Federação do Comércio e Distribuição – que reúne marcas como Carrefour, Système U, Auchan e Aldi – afirmou que atrasos poderiam acontecer “aqui e ali”, mas de forma marginal.

Segundo o Europe 1, os agricultores pretendiam bloquear o mercado internacional de Rungis, atacadista de produtos frescos, o que levantou a preocupação de escassez de alguns alimentos. No entanto, a reportagem apontou que a distribuição em massa não deveria ser afetada, já que as marcas costumam ter armazenamento próprio. Conforme o Le Parisien, manifestantes tentaram invadir o mercado de Rungis e ao menos 91 pessoas foram presas na ocasião.

O bloqueio de estradas e centros de distribuição afetou outros países, como Luxemburgo. De acordo com o RTL Today, houve escassez de produtos frescos em algumas unidades do Lidl e Delhaize no país que faz fronteira com a Bélgica, França e Alemanha.

Como o conteúdo pode ser interpretado fora do contexto original: A postagem utiliza um registro isolado de um supermercado para alegar que há desabastecimento generalizado na Europa. Além disso, associa o protesto de agricultores europeus apenas a normas ambientais. Dessa forma, a publicação gera um cenário alarmista e omite que a insatisfação dos manifestantes em relação à política verde é apenas uma pauta entre diversas outras reivindicações.

O que diz o responsável pela publicação: Não foi possível entrar em contato com a responsável pela postagem analisada, já que o perfil não aceita mensagem de contas que não segue.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 9 de fevereiro, o conteúdo viral no X acumulava mais de 77,4 mil visualizações, 2 mil compartilhamentos e 5 mil curtidas. No Facebook, o vídeo foi publicado ao menos 40 vezes em contas diferentes com a mesma legenda. No TikTok, uma das publicações descontextualizando as imagens teve mais de 64 mil visualizações e 3,5 mil curtidas.

Como verificamos: Primeiramente, realizamos uma busca reversa do vídeo para verificar o contexto da gravação original. Um dos registros que integra a peça verificada foi encontrado em uma conta do TikTok, indicando que a gravação foi feita em um supermercado na Bélgica. Para comprovar que trata-se de um registro recente, o perfil publicou os metadados do vídeo, que apontam que a gravação foi realizada em 31 de janeiro deste ano.

Depois, também transcrevemos e traduzimos o áudio do vídeo. Com a tradução, foi possível identificar que o supermercado gravado pertencia à rede Lidl. Na gravação, a pessoa que filma diz: “O Lidl está começando a ficar sem estoque, não há mais produtos graças à greve. Continuem assim, pessoal, logo alcançarão sua meta. Estamos indo!”.

Em sequência, procuramos notícias em jornais europeus que informassem sobre desabastecimento em supermercados, sobretudo na rede Lidl. Também buscamos informações sobre os protestos e as reivindicações dos agricultores. Por fim, entramos em contato com um especialista para entender a dimensão da pauta climática nas manifestações.

Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Recentemente, o Comprova explicou por que a ação humana é responsável pela crise climática no planeta. A checagem mostrou que a participação do ser humano nas mudanças climáticas é um consenso científico.

Política

Investigado por: 2024-02-09

Vídeo em que Anitta faz críticas ao governo federal é de 2022

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Enganoso
É enganoso o post que usa um vídeo antigo para sugerir que a cantora Anitta está arrependida de ter prestado apoio ao presidente Lula (PT). As imagens que circulam não são de 2024, como o vídeo tenta induzir. Elas foram retiradas de uma transmissão ao vivo que a artista participou com o cantor Filipe Ret, em 12 de julho de 2022. Na ocasião, a cantora fez críticas à gestão e à postura de Jair Bolsonaro (PL) e reafirmou o apoio a Lula na campanha eleitoral daquele ano.

Conteúdo investigado: Post que compartilha um vídeo no qual Anitta aparece em uma live fazendo críticas ao governo e afirma que a população brasileira tem tido dificuldade de se alimentar. A cantora também diz que a “pessoa no comando” incita brigas entre os cidadãos. As imagens foram publicadas com a legenda “Será que a ficha está caindo?”, em 5 de fevereiro de 2024.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Anitta participou de uma live promovida pelo cantor Filipe Ret, em 12 de julho de 2022, sobre a parceria musical deles, e a dupla comentou outros assuntos, entre eles o governo então vigente e as eleições presidenciais de 2022. No trecho da transmissão ao vivo publicado pelo canal do Poder360 e na íntegra publicada pelo canal do YouTube Vou Contar Tudo, a artista afirma que decidiu declarar seu voto ao então candidato Lula e opina que a população brasileira estaria com dificuldades para se alimentar durante a gestão de Jair Bolsonaro e que ele incitaria a briga entre os eleitores.

“Minha família mora toda no Brasil, minha galera. Minha família sabe o preço de todas as coisas que as pessoas não estão conseguindo comer no Brasil. Isso não é normal, galera. E o pior de tudo é ter uma pessoa no comando que incentiva a sociedade a ficar brigando uns com os outros. Isso não existe. É por isso que eu, que nunca cogitei votar no Lula, agora voto”, declarou.

Na postagem investigada aqui, feita em 5 de fevereiro de 2024, a fala de Anitta foi retirada de contexto e o trecho seguinte, em que a cantora afirma seu voto em Lula, foi cortado. Além disso, o vídeo é acompanhado da legenda “Será que a ficha está caindo?”, induzindo à interpretação de que a declaração é recente e se refere ao atual governo Lula.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: Até 8 de fevereiro, a publicação contava com 72,9 mil visualizações, 204 republicações e 1.316 curtidas.

Como verificamos: Uma pesquisa no Google foi realizada com os termos “pessoas não estão conseguindo comer no Brasil”, que resultou no vídeo postado pelo Poder360 no YouTube. Depois de ter acesso ao vídeo com o trecho que a cantora declara seu voto em Lula, também foram pesquisados os termos “Anitta declara voto em Lula”, que retornou notícias em diversos veículos de comunicação e postagens no X. Já as buscas por “Anitta critica Bolsonaro 2022” levaram à live em que a cantora fez as declarações, na íntegra, publicada pelo canal Vou Contar Tudo, em 12 de julho de 2022, dia em que o vídeo foi transmitido ao vivo.

Anitta não criticou governo Lula em live

O vídeo que passou a circular no X induz o internauta a acreditar que as declarações de Anitta foram feitas em 2024 e que ela se arrependeu de ter apoiado publicamente o presidente Lula nas eleições de 2022. Entretanto, o trecho em que ela faz as críticas foi tirado do contexto e pertence a uma live que a artista participou com o cantor Filipe Ret, em 12 de julho de 2022, que teve como tema principal uma parceria musical entre os dois. Na ocasião, eles abordaram outros assuntos, como as eleições presidenciais e, durante os comentários, a cantora criticou a gestão do então presidente Jair Bolsonaro, apontando a dificuldade da população em se alimentar e a postura do político em incentivar brigas entre eleitores.

Vídeo omitiu apoio de Anitta a Lula

Além de não mostrar a data do vídeo, o post omite o trecho em que a cantora declara apoio ao então candidato Lula. “É por isso que eu, que nunca cogitei votar no Lula, agora voto. Se eu quiser, faço outra tatuagem com o nome dele”, diz a cantora, logo após as falas que aparecem no vídeo verificado.

O que diz o responsável pela publicação: O responsável pelo perfil no X excluiu a publicação, após o início da verificação. O administrador não respondeu à tentativa de contato do Comprova.

O que podemos aprender com esta verificação: É importante verificar quando um vídeo de uma personalidade foi publicado e em qual contexto, assim como buscar o registro original nas páginas oficiais da personalidade em questão.

A ausência de marcadores temporais ou de nomes citados diretamente podem ser um alerta de que a postagem foi retirada de seu contexto original e manipulada a favor de quem está repostando o vídeo nas redes sociais.

Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Publicações relacionadas ao posicionamento político de artistas durante as eleições de 2022 já haviam sido investigadas. Outras verificações do Comprova descobriram ser falsos os vídeos que afirmavam que Anitta foi vaiada durante uma apresentação, após fazer críticas a Jair Bolsonaro, e que houve protesto contra Lula na apresentação de Marina Sena no festival Lollapalooza, no mesmo ano.

Política

Investigado por: 2024-02-09

Posts enganam ao divulgar vídeo antigo para sugerir que Lula é impopular

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Enganoso
São enganosos os posts que utilizam um vídeo antigo para afirmar que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não tem apoio popular no atual mandato. A gravação em questão mostra o político desembarcando de um jatinho e sugere que ele foi ignorado por funcionários de um aeroporto ao acenar. A gravação, porém, não é atual. Ela foi feita em agosto de 2022, em uma área de desembarque privada, sem a presença de público, no aeroporto de Campina Grande (PB).

Conteúdo investigado: Vídeo mostra o presidente Lula caminhando em uma pista de aeroporto, em direção a um carro, acenando, após desembarcar de um jatinho. Ao lado dele, estão pelo menos outras três pessoas. Todas usam máscara de proteção, incluindo Lula. De costas para o autor do vídeo, estão três funcionários do terminal em pé, olhando para frente. A legenda traz a seguinte frase: “Lula acena para os funcionários do aeroporto que ignoram”.

Onde foi publicado: X, Telegram e YouTube.

Conclusão do Comprova: É antigo o vídeo que mostra o presidente Lula em uma pista de aeroporto, acenando, enquanto alguns funcionários do local o observam, sem reagir. A gravação foi feita no dia 2 de agosto de 2022 durante o desembarque do petista no aeroporto de Campina Grande (PB). Naquela época, o vídeo circulou já com a legenda sugerindo que Lula não teria apoio popular, por causa da postura dos funcionários do terminal, que não acenam de volta. Agora, o mesmo conteúdo voltou a ser distribuído nas redes sociais, desta vez sugerindo que o presidente não tem apoio popular atualmente.

A gravação foi replicada em outros momentos por diversos sites que afirmavam se tratar de uma visita de Lula a Teresina (PI), também em agosto de 2022. O uniforme dos funcionários do aeroporto, no entanto, traz o logomarca da concessionária Aena, que administra o terminal de Campina Grande, e não o de Teresina.

Ao Comprova, a concessionária Aena informou que a área de desembarque é restrita e que o pouso não foi divulgado no dia da viagem. Por essa razão, segundo a empresa, não havia público no local. A concessionária diz, ainda, que não há imagens que possam mostrar se outras pessoas acenaram ou não para Lula. A mesma informação foi confirmada pelo ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, que recebeu o presidente no aeroporto. Segundo ele, o acesso ao terminal foi restringido e os carros da comitiva entraram na pista para não atrasar a programação de Lula.

O Comprova não conseguiu verificar para quem Lula acena, nem afirmar que o atual presidente foi ignorado por funcionários de um aeroporto, como sugerem os vídeos investigados. Naquela viagem, o então candidato à presidência da República foi recebido pelo ex-governador da Paraíba e pelo à época candidato ao governo do estado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB), atualmente senador, para atos de campanha na cidade ao longo do dia.

Os posts no X e no Telegram que deram origem a esta verificação foram excluídos pelo autor nas duas redes sociais depois do contato feito pelo Comprova.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O vídeo aqui investigado teve mais de 38 mil visualizações no X e 13,5 mil no Telegram até o dia 1 de fevereiro, quando foram apagados. Em um shorts do YouTube, as visualizações chegam a 2,4 mil.

Como verificamos: Fizemos uma primeira busca por outros vídeos que indicassem a qual aeroporto o post se referia. Encontramos informações antagônicas sobre o desembarque de Lula em duas possíveis cidades: Campina Grande e Teresina. Os dois municípios fizeram parte de uma mesma agenda de campanha, nos dias 2 e 3 de agosto de 2022.

Analisando os uniformes dos funcionários, identificamos que se tratava realmente de um aeroporto administrado pela empresa Aena, o que descartava a capital piauiense, onde o terminal é gerido pela CCR Aeroportos. Na sequência, entramos em contato com a concessionária responsável pelo terminal para checar a veracidade do vídeo.

Depois, fizemos buscas por vídeos que pudessem ter outro ângulo do desembarque de Lula na pista para confirmar a resposta ao aceno. Encontramos posts feitos Ricardo Coutinho e Veneziano Vital do Rêgo comentando a chegada de Lula na cidade, na data pesquisada.

Vídeo não foi gravado em Teresina

O vídeo circulou mais de uma vez por redes sociais e portais de notícias locais, mas com a informação falsa de que se tratava de uma viagem de Lula a Teresina. Naquela semana, o então candidato realizou uma caravana pelo Nordeste para participar de atos públicos. Lula esteve, de fato, na capital do Piauí, mas no dia 3 de agosto, portanto, um dia depois da gravação aqui investigada.

Além disso, o uniforme usado pelos funcionários do terminal, na cor verde neon, traz o logo da concessionária Aena, que administra o terminal João Suassuna, em Campina Grande. A CCR, empresa responsável pela gestão do aeroporto de Teresina, que utiliza as cores laranja e vermelha na marca, confirmou que as imagens não correspondiam a aeroportos administrados pelo grupo.

Na Paraíba, Lula se reuniu pela manhã com lideranças religiosas em um hotel da cidade. Depois, à tarde, participou de um ato público no Parque do Povo, ao lado das autoridades que o recepcionaram no aeroporto. A agenda do então candidato aconteceria na capital paraibana, mas foi alterada depois que Lula recebeu o diagnóstico de covid-19. Ela ocorreu uma semana depois, em Campina Grande e não em João Pessoa.

Lula venceu a eleição em Campina Grande

Ao contrário do que sugere o vídeo aqui checado, utilizado para questionar a popularidade de Lula, o presidente venceu a eleição em Campina Grande na disputa de 2022. O petista recebeu 49,2% dos votos, contra 42,4% de Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno das eleições.

Em 2018, o cenário foi diferente, já que a cidade deu vitória a Jair Bolsonaro. Naquele ano, o político teve apoio de 56,3% dos eleitores da cidade paraibana no segundo turno disputado contra Fernando Haddad (PT), que teve 43,7% dos votos.

Segundo a pesquisa Datafolha realizada em 5 de dezembro de 2023, Lula encerrou o último ano com 38% de aprovação dos brasileiros, enquanto 30% consideraram seu trabalho regular, e outros 30%, ruim ou péssimo. Enquanto Jair Bolsonaro teve 30% de aprovação, 32% de avaliação regular e 36% de ruim/péssimo no fim do primeiro ano do seu mandato.

O levantamento mais recente ouviu 2.004 eleitores em 135 cidades do Brasil e a margem de erro média é de dois pontos para mais ou para menos. O presidente foi mais bem avaliado entre nordestinos (48%, num grupo que representa 26% da amostra), entre os que têm 45 a 59 anos (46%), entre quem tem menos escolaridade (50% entre os 28% dos ouvidos), entre os que se autodeclaram como pretos (46%), entre os católicos (43%, ante 26% entre os evangélicos) e entre os que recebem Bolsa Família (46%, ante 35% entre os que não recebem).

O que diz o responsável pela publicação: O responsável pelo perfil no X e pelo grupo no Telegram excluiu a publicação em ambas as redes, após tentativa de contato do Comprova. O usuário não respondeu aos questionamentos da reportagem.

O que podemos aprender com esta verificação: É comum em peças de desinformação o uso de recortes de trechos de vídeos em contextos diferentes dos originais. A postagem investigada aqui usa um vídeo de somente 3 segundos, sem som, captado num ambiente fechado e sem identificação do local e da data em que foi gravado, e aplica sobre ele uma afirmação. Desconfie de conteúdos com essas características e evite compartilhar se não tiver segurança da veracidade da publicação.

Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O jatinho usado por Lula nas viagens de campanha pelo Nordeste também virou alvo de investigações do Comprova. Outras verificações também desmentiram vídeos que tiraram de contexto a participação do presidente Lula em eventos públicos.

Política

Investigado por: 2024-02-06

É falso que Adélio Bispo tenha incriminado o PT ou prestado novo depoimento sobre facada em Bolsonaro

  • Falso
Falso
É falso que Adélio Bispo informou em um novo depoimento que membros do PT tenham sido os mandantes da facada dada por ele em Jair Bolsonaro (PL). A Defensoria Pública da União (DPU), que presta assistência jurídica ao autor do crime, informou que o último depoimento prestado por Adélio ocorreu em 2019. Dois inquéritos da Polícia Federal que investigaram o caso concluíram que ele agiu sozinho.

Conteúdo investigado: Um vídeo antigo gravado pelo deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) em que ele afirma que Adélio Bispo confessou que o PT mandou matar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a circular nas redes sociais acompanhado de um texto alegando que os mandantes do crime foram a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e José Dirceu. O conteúdo acrescenta que a ex-deputada federal Manuela D’Ávila (PSOL) auxiliou na logística do crime.

Onde foi publicado: WhatsApp e X.

Conclusão do Comprova: Adélio Bispo não prestou um novo depoimento recentemente e nem indicou membros do PT como mandantes do crime praticado por ele contra Jair Bolsonaro (PL), em 2018. São falsas as alegações feitas em posts que circulam no X e no WhatsApp e que resgatam um boato antigo e já desmentido diversas vezes por agências de checagem.

Conforme a Defensoria Pública da União (DPU), que presta assistência jurídica a Adélio desde 2019 e exerce a sua curadoria especial, o último depoimento prestado por ele ocorreu em 19 de agosto daquele ano. O órgão informou ao Comprova não ter sido notificado sobre qualquer novo depoimento.

Os dois inquéritos da Polícia Federal (PF) que investigaram a facada concluíram que Adélio agiu sozinho e por motivação política. Atualmente, ele está recolhido na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), onde cumpre medida de segurança após ter sido considerado inimputável pela Justiça Federal, devido a laudo que comprovou que ele possui transtorno delirante persistente.

A PF informou ao Comprova que divulga todas as ações e operações no próprio site e qualquer informação que circule nas redes sociais que não tenha partido dos canais oficiais de comunicação é de total responsabilidade de quem a divulgou.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Apenas no X, o post teve 195,7 mil visualizações até 5 de fevereiro. Não é possível mensurar quantas vezes foi compartilhado no WhatsApp.

Como verificamos: Inicialmente, fizemos uma busca combinada no Google com as palavras-chave “Adélio Bispo”, “depoimento”, “PT” e Gleisi Hoffman” que retornou checagens antigas sobre o mesmo assunto feitas por outras agências (Estadão Verifica, Aos Fatos, Lupa). Assim, percebemos se tratar de um boato constantemente resgatado nas redes sociais. Também consultamos informações para entendermos o caso e procuramos a DPU, a PF, o deputado Gustavo Gayer e o autor do post mais recente no X.

Alegações em vídeo foram desmentidas em 2022

Em 16 de fevereiro de 2022, o Estadão Verifica informou que alguns dias antes, em 12 de fevereiro, uma menção a um suposto depoimento de Adélio Bispo foi feita pelo perfil @AnonNovidades, no X, sem informar a fonte para a alegação.

Nos dias posteriores, outras postagens viralizaram com a mesma afirmação em diferentes redes sociais e o blog Terra Brasil Notícias publicou o conteúdo falso com crédito para o perfil @AnonNovidades. No mesmo dia, o blog publicou outro texto no qual disse que a Polícia Federal negou que o depoimento tivesse ocorrido.

O vídeo gravado por Gustavo Gayer quando ele ainda não era deputado não está mais nas redes sociais dele, mas a versão completa ainda pode ser encontrada circulando em outras contas. O Comprova localizou no YouTube uma postagem deste feita em 12 de fevereiro de 2022. Nesta versão, é possível identificar que Gayer repercutia o primeiro texto publicado pelo blog Terra Brasil Notícias, com o título “Urgente: Segundo Anonymous, em novo depoimento Adélio Bispo abre jogo sobre facada em Bolsonaro e diz que PT o contratou em 2018”.

Não foi possível confirmar o motivo de Gayer ter deletado esse conteúdo em suas redes sociais, já que ele não respondeu à tentativa de contato feita pela reportagem. Em novembro de 2022, ele publicou um vídeo no X informando ter apagado mais de mil vídeos no próprio canal no YouTube porque vinha sendo notificado pela plataforma por conta de algumas postagens.

Desde 2022, o boato associando o PT e um falso depoimento de Adélio volta a circular frequentemente, normalmente junto de uma mensagem em tom de urgência que leva as pessoas a interpretarem se tratar de um fato recém ocorrido.

Uma referência a Gleisi Hoffmann, que é citada nas postagens atuais, havia sido feita por Gayer quando o vídeo dele foi registrado, já fora de contexto. À época, ele mostrava um vídeo da presidente do PT afirmando que temia pela vida de Lula, mas não informava que o conteúdo havia sido gravado quatro anos antes, em 30 de outubro de 2018, durante entrevista coletiva do partido, que está disponível na página da AFP, no YouTube.

Caso Adélio

A DPU informou que Adélio segue recolhido na Penitenciária Federal de Campo Grande, onde cumpre medida de segurança. Ele é reconhecido como autor da facada em Bolsonaro, mas considerado inimputável pela Justiça Federal devido a laudo de 2018 que comprovou que ele sofria de transtorno delirante persistente.

Conforme noticiou a Folha de S.Paulo no final de 2023, atualmente há um impasse sobre a situação dele. A DPU tenta transferi-lo para um hospital psiquiátrico, mas a Justiça é contra por considerar que ele mantém a periculosidade e corre risco de morte fora do sistema federal. De acordo com o jornal, Adélio tem recusado remédios e está sem tratamento apropriado.

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi esfaqueado em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 6 de setembro de 2018, durante ato público de campanha.

Em dois inquéritos, a Polícia Federal concluiu que Adélio agiu sozinho e por motivação política.

O que diz o responsável pela publicação: Não foi possível entrar em contato com o perfil do X responsável por resgatar o antigo boato porque ele é bloqueado para receber mensagens de contas que não segue. Também não foi possível identificar contas em outras redes sociais pertencentes ao mesmo indivíduo. Gustavo Gayer, que hoje é deputado federal pelo PL de Goiás, também foi procurado, por meio do gabinete institucional, mas não houve resposta.

O que podemos aprender com esta verificação: Esta verificação é um bom exemplo de como é fundamental observar a fonte dos conteúdos acessados nas redes sociais antes de compartilhá-los. Ao se deparar com postagens de denúncias, conteúdos impactantes ou que sugiram conspirações, verifique se há link para alguma notícia produzida por um veículo jornalístico da sua confiança ou para uma fonte que tenha autoridade para falar sobre o assunto. Se não houver, faça uma busca na internet para obter mais informações. Neste caso, o Comprova identificou rapidamente, por uma busca simples no Google, que o boato sobre Adélio Bispo e um suposto envolvimento do PT como mandante do crime é recorrente, ressurgindo periodicamente nas redes sociais.

É importante também tomar cuidado com postagens que pedem seu compartilhamento com a justificativa de que a imprensa não está cobrindo o assunto. Essa é uma tática comum utilizada por perfis e páginas interessados em promover desinformação. Eles a utilizam para obter engajamento e ativar os algoritmos das redes sociais para que deem ainda mais visibilidade aos conteúdos da postagem. 

Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: As alegações aqui verificadas foram desmentidas anteriormente por Aos Fatos, Lupa e Estadão Verifica. O Projeto Comprova já checou diversas alegações falsas ou enganosas sobre a facada em Bolsonaro e publicou, inclusive, um Comprova Explica sobre o assunto.

Política

Investigado por: 2024-02-05

Membro do MST que aparece em vídeo não é o homem que depredou relógio de dom João VI no Palácio do Planalto

  • Falso
Falso
É falso que o homem que quebrou o relógio de Dom João VI, no Palácio do Planalto, em 8 de janeiro de 2023, seja integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), diferentemente do que afirma post verificado pelo Comprova. O vândalo foi identificado como Antônio Cláudio Alves Ferreira, já a pessoa que aparece no vídeo verificado como sendo militante do MST chama-se Danilo e mora no Paraná. Um perito apontou diferenças entre os rostos dos dois homens. Não há nenhum indício de participação de integrantes do MST nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Conteúdo investigado: Post faz uma montagem com dois vídeos. O primeiro é de um grupo de pessoas que usa roupas do Movimento pelo Direito à Moradia e que diz estar indo para Brasília. Entre eles aparece um homem que se identifica como Danilo e que veste uma camiseta do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). O segundo vídeo mostra uma pessoa quebrando o relógio de Dom João VI no Palácio do Planalto. A legenda do post diz “O tal bolsonarista que quebrou o relógio é do MST/PT…. Esconderam isso do povo…”

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: O homem que quebrou o relógio de Dom João VI durante os atos antidemocráticos em Brasília, em 8 de janeiro do ano passado, não é militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), ao contrário do que afirma post viral.

A publicação mescla o vídeo do homem jogando o relógio no chão, dentro do Palácio do Planalto, com uma gravação em que aparece um homem com uma camiseta do MST fazendo a letra L com a mão, em referência ao apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na publicação, o autor do post diz ser a mesma pessoa, o que não é verdade.

O vândalo foi identificado como Antônio Cláudio Alves Ferreira e foi preso em 23 de janeiro. Contatado pelo Comprova, o MST afirmou que o post é “uma montagem grosseira na tentativa de criminalizar o movimento” e que conteúdos de desinformação com o mesmo assunto circulam há um ano. Ainda de acordo com o grupo, o homem com a camiseta do MST se chama Danilo, é estudante e mora com a família em um acampamento no Paraná.

Em análise feita a pedido do Estadão, o perito audiovisual Ricardo Caires dos Santos, presidente da Comissão Nacional de Perícia Audiovisual, da Academia Brasileira de Ciências Criminais, também concluiu não ser a mesma pessoa nos dois vídeos. Segundo a perícia, há diferenças nos olhos, sobrancelhas e bigode.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Apenas um post no X havia sido visualizado mais de 69 mil vezes até 2 de fevereiro.

Como verificamos: O primeiro passo foi pesquisar no Google termos como “vândalo relógio Dom João VI” e “MST”. O resultado mostrou três verificações que desmentiram a associação dos dois vídeos.

Também foram pesquisadas notícias sobre Antônio Cláudio Alves Ferreira, identificado como a pessoa que quebrou o relógio. O Comprova também entrou em contato com a assessoria de imprensa do MST. Além disso, mandou mensagens para o perfil que compartilhou o vídeo original, que mostra o homem identificado como Danilo, e com o Movimento por Moradia Popular. Mas até a publicação dessa verificação não obteve resposta.

Vândalo se chama Antônio, não Danilo

O relógio de Balthazar Martinot, trazido ao Brasil pelo Dom João VI, que estava no Palácio do Planalto, foi quebrado durante a depredação da sede do Executivo no dia 8 de janeiro de 2023. Vídeo da câmera de segurança do local mostrou que o ato de vandalismo foi executado por um homem vestido com uma camisa estampada com o rosto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As imagens foram divulgadas pela TV Globo.

Logo depois, testemunhas, entre elas a irmã de Antônio Cláudio Alves Ferreira, o reconheceram como sendo a pessoa que aparece no vídeo, segundo reportagem do Diário de Pernambuco. Antônio é natural de Catalão, em Goiás, e, de acordo com a Polícia Civil do estado, foi a Brasília de carro, onde chegou no dia 2 de janeiro. No dia 9, após os ataques, o mesmo veículo foi visto de volta à Catalão.

Antônio foi preso em 23 de janeiro em Uberlândia e está detido desde então no Presídio de Uberlândia I, antiga Colônia Penal Professor Jacy de Assis. Foi incluído no inquérito 4922, do Supremo Tribunal Federal, de relatoria do ministro Alexandre de Moraes. O inquérito investiga os participantes da invasão que não foram presos em flagrante. Na ação, ele responde por cinco crimes, incluindo golpe de Estado.

Relógio de Balthazar Martinot

O relógio de Balthazar Martinot é uma peça do século XVII que pertenceu a Dom João VI, presenteado pela Corte Francesa. O item estava exposto no Palácio do Planalto desde 2012, quando passou por uma restauração.

No dia dos ataques, o relógio foi destruído. Foram arrancados a estátua de Netuno que ficava no topo do objeto, os ponteiros e também os números.

O item foi enviado à Suíça, que se ofereceu para fazer o reparo. O objeto foi entregue a representantes do país em 26 de dezembro de 2023. A restauração será feita pela Audemars Piguet, fabricante tradicional de relógios. Não há data para finalização do restauro. Os custos também não foram divulgados.

Vídeo do MST é viagem para posse de Lula

O vídeo usado na montagem foi postado no Instagram de um integrante do Movimento pelo Direito à Moradia em 3 de janeiro de 2023. Nele, a pessoa que narra a gravação diz que eles estão indo para Brasília. O grupo, que usa camisas do Movimento pelo Direito à Moradia, que é do Paraná, está fazendo uma refeição. Uma das pessoas que aparecem é o homem que se apresenta como Danilo. O mesmo perfil do Instagram também postou fotos e vídeos do dia da posse do presidente Lula, em Brasília. Segundo o Movimento Sem Terra (MST), o vídeo mostra a viagem dos integrantes para a posse de Lula, em 1º de janeiro, portanto, antes dos atos golpistas.

O que diz o responsável pela publicação: Várias páginas no X republicaram o vídeo e não foi possível identificar o perfil que fez a primeira postagem. A reportagem também não conseguiu contatar os perfis que publicam por ser proibido o envio de mensagens.

O que podemos aprender com esta verificação: O post usa vídeos verdadeiros de pessoas parecidas para confundir e difundir uma informação falsa. Diante de postagens como essa, que fazem denúncias sensacionalistas ou apresentam teorias conspiratórias sem identificar as fontes dos conteúdos utilizados, faça buscas na internet para localizar informações sobre o tema fornecidas por veículos jornalísticos ou fontes com autoridade para falar sobre o tema em questão. Se fosse verdadeira a informação, a participação de um integrante do MST na tentativa de golpe de 8 de janeiro seria veiculada em diversos sites e programas de notícias e não somente em perfis de redes sociais cuja autoria não pode ser confirmada.

Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Estadão, Aos Fatos e Fato ou Fake, do G1, também verificaram o conteúdo. Sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, o Comprova já checou outras publicações, como a de que o FBI não estava no Brasil para investigar os atos, diferentemente do que afirmava vídeo e de post que enganava ao associar vídeo de 2022 a início de movimento contra Lula.

Política

Investigado por: 2024-02-02

Apresentador da Globo não evitou noticiar rombo no governo Lula; houve erro técnico

  • Enganoso
Enganoso
Jornalista da RBS TV, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul, não evitou ler manchete sobre déficit nas contas públicas do governo Lula (PT) para protegê-lo, ao contrário do que diz post. Houve um erro técnico no programa, com a exibição de capas de jornais que eram do dia anterior. Ao perceber o equívoco, o apresentador interrompeu a leitura e aguardou pela exibição das manchetes do dia correto.

Conteúdo investigado: Post no Instagram reproduz trecho do telejornal Bom Dia Rio Grande, na RBS TV, afiliada da Globo, em que o âncora estava mostrando as capas dos jornais do dia 31 de janeiro. O apresentador interrompe a leitura no momento em que terminaria de ler a manchete do Zero Hora sobre o déficit do governo atual. Sobre a imagem, aparece a inscrição “O cara travou na hora de falar do rombo do governo Lula”.

Onde foi publicado: Instagram.

Conclusão do Comprova: É enganoso que o apresentador Josmar Leite, da RBS TV, afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul, tenha interrompido a leitura de manchete sobre déficit nas contas públicas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para protegê-lo. O que ocorreu foi um erro no noticiário da emissora, com a confusão da exibição de capas do dia.

Durante o telejornal Bom Dia Rio Grande, de 31 de janeiro, foram mostradas capas de jornais que eram, na verdade, do dia anterior. Por conta do equívoco, Josmar interrompeu a leitura das manchetes e informou que as capas corretas seriam exibidas pela equipe. Na sequência, o programa consertou as imagens e mostrou as matérias referentes àquele dia.

A informação lida de forma incorreta no dia 31 era a reportagem publicada no jornal Zero Hora do dia anterior, sobre o fato de as contas públicas federais terem fechado em 2023 com déficit de R$ 230,5 bilhões. Esse é o pior resultado desde 2020, ano em que começou a pandemia da covid-19, quando o déficit chegou a R$ 939,9 bilhões.

Após a exibição do telejornal, começou a circular nas redes sociais um vídeo com uma legenda afirmando que o apresentador Josmar Leite “travou” após falar do “rombo nas contas durante o governo Lula”, sugerindo também que a emissora não faz críticas ao presidente da República.

Com a circulação do material enganoso, a RBS TV, no mesmo dia, publicou em seu perfil no Instagram uma nota de esclarecimento sobre o caso, acompanhada do vídeo que mostra o momento do erro técnico e, em seguida, a apresentação da manchete atualizada do Jornal Zero Hora. A emissora também exibiu o trecho do dia anterior, 30, em que Josmar lê normalmente a matéria sobre o rombo.

Em nota, a RBS informou que a íntegra do conteúdo está disponível no Globoplay.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 2 de fevereiro de 2024, a publicação teve 370 mil visualizações, 18,8 mil curtidas e 3,6 mil comentários.

Como verificamos: Para encontrar informações sobre o ocorrido, o Comprova buscou pelo trecho original do telejornal no Globoplay que mostra o erro técnico e a correção das capas na sequência. Também encontrou o programa do dia anterior na plataforma, em que é possível ver que o jornalista leu normalmente a matéria sobre o rombo.

A equipe procurou o posicionamento da RBS TV em seu Instagram, onde esclareceu o engano e as capas do Jornal Zero Hora.

O que diz o responsável pela publicação: Procurado pelo Comprova, o administrador do perfil onde o vídeo foi publicado, não respondeu aos questionamentos feitos.

O que podemos aprender com esta verificação: Trechos recortados de vídeos, apresentados sem contexto e com sobreposição de legendas ou comentários de cunho político, merecem a nossa atenção. O uso de recortes de imagens com essas características é uma tática comumente utilizada por perfis cuja intenção é compartilhar desinformação ou reforçar discursos partidarizados. Neste caso, embora o Comprova não tenha conseguido confirmar alguma intencionalidade do responsável pela publicação, a postagem utiliza trecho de um telejornal sem apresentar para os usuários o contexto e nem explicar que se tratava de um erro. Em casos como este, devemos buscar pelos trechos originais do programa na plataforma da emissora e conferir a veracidade da publicação. Também seria possível checar a informação consultando as capas do jornal Zero Hora nos dias citados.

Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Metrópoles, Aos Fatos e Lupa também checaram o conteúdo. Ainda sobre trechos de telejornais tirados de contexto, o Comprova já verificou que montagem com vídeos engana sobre a cloroquina.

Política

Investigado por: 2024-02-01

Vídeo inventa fechamento de montadoras e faz falsa projeção de desemprego

  • Falso
Falso
É falso que Citroën e Toyota tenham encerrado as atividades no Brasil ou demitido milhares de pessoas como afirma um homem em vídeo antigo que voltou a circular nas redes sociais. As duas montadoras seguem funcionando e garantem que não pretendem sair do país. Além disso, a previsão do autor do vídeo investigado, de que o Brasil teria 15 milhões de desempregados em maio de 2023, não se cumpriu. O país tinha 8,6 milhões de desempregados no 2º trimestre do ano passado, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. A taxa de desemprego caiu 1,8% em 2023.

Conteúdo investigado: Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um homem alegando que é funcionário da Citroën e que a montadora fechou as portas no Brasil, demitindo 13 mil funcionários. Ele acrescenta que a Toyota também acaba de fechar suas unidades e que até maio o país terá 15 milhões de desempregados. Ao final, coloca a culpa desse cenário no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, segundo ele, teria planejado assumir o governo para aos poucos quebrar o país.

Onde foi publicado: X e TikTok.

Conclusão do Comprova: As montadoras Citroën e Toyota não encerraram suas atividades no Brasil, demitindo milhares de pessoas. A alegação falsa aqui checada circula desde janeiro de 2023 e já foi desmentida anteriormente, por Reuters e UOL Confere.

A Stellantis, dona da marca Citroën, negou ao Comprova que o homem que aparece nas imagens tenha integrado os quadros da companhia e afirmou que as declarações contidas no vídeo são falsas.

Conforme a montadora, a planta de produção de veículos e motores de Porto Real, no Rio de Janeiro, onde os veículos Citroën são fabricados, é um ativo importante e estratégico, e continuará em funcionamento. “A unidade segue preparada para atender às demandas dos consumidores e ao crescimento do mercado”, informou a empresa, em nota.

A Toyota, por sua vez, informou não ter realizado, neste ano, anúncio referente ao fechamento de unidades. A empresa explicou que, em novembro de 2023, concluiu um processo de transferência das operações da fábrica da cidade paulista de São Bernardo do Campo para as demais unidades (em Sorocaba, Indaiatuba e Porto Feliz, no interior de São Paulo). “Reafirmamos nosso compromisso com o Brasil, desmentindo quaisquer alegações de encerramento das operações no país”, afirma a montadora.

Em relação ao fechamento da fábrica em São Bernardo, a Toyota informou que a decisão se deu pela concentração estratégica das operações no interior de São Paulo. Não foi informado o número de funcionários desligados da unidade, mas, conforme publicado por Época Negócios, havia 550 trabalhadores no local.

Em janeiro de 2023, primeiro ano do governo Lula, quando o vídeo começou a circular, o homem que faz as falsas alegações previa entre 13 e 15 milhões de desempregados no Brasil em maio. Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país, o contingente dos desocupados no Brasil no segundo trimestre de 2023 era de 8,6 milhões, bem abaixo do número citado no conteúdo checado.

A taxa de desocupação do país no segundo trimestre (abril, maio e junho) de 2023 foi de 8%, caindo 0,8% ante o primeiro trimestre (8,8%) e 1,3% frente ao mesmo trimestre de 2022 (9,3%), durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego caiu 1,8% em 2023 em comparação ao ano de 2022. Os dados da Pnad Contínua demonstram que a taxa de desocupação em 2023 foi de 7,8% e a de 2022 foi de 9,6%. Em 2023, o Brasil tinha uma população desocupada de 8,5 milhões.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O vídeo aqui checado foi visualizado 169,7 mil vezes no TikTok e outras 109,3 mil vezes no Twitter.

Como verificamos: Uma busca no Google pelas palavras chaves “Citroën”, “Toyota”, “demissões”, “sair” e “Brasil” levou a uma verificação do Uol Confere que desmentiu em abril de 2023 o vídeo aqui checado. Além disso, pesquisamos por notícias em canais confiáveis que confirmassem a alegação, mas não encontramos nenhum resultado. Em seguida, procuramos as duas montadoras e buscamos os dados de desemprego referentes ao primeiro ano do governo Lula. Por fim, tentamos falar com o responsável pelo compartilhamento do vídeo e pelo homem que aparece na gravação.

O que diz o responsável pela publicação: O Comprova enviou mensagem via Kwai para Luiz Antônio Dornelas Lopes, que se identifica no vídeo como funcionário da Citroën, e via TikTok para Edvaldo Alves Machado, que compartilhou o conteúdo recentemente. Nenhum deles respondeu.

O que podemos aprender com esta verificação: Este caso destaca a importância de verificar informações com fontes confiáveis antes de compartilhar conteúdos. O vídeo em questão já havia sido desmentido anteriormente por agências de checagem de fatos e as duas empresas citadas haviam negado as alegações. Informações alarmantes, como as de demissões em massa e de grande impacto na economia, sempre devem ser confirmadas junto a fontes confiáveis, como veículos de comunicação profissionais, por exemplo.

Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O mesmo conteúdo foi verificado em 2023 por Reuters e UOL Confere. Boatos sobre diferentes negócios foram desmentidos anteriormente pelo Comprova, que identificou ser falso que a Ford vai deixar de produzir veículos de passageiros globalmente, ser enganoso que fábricas estejam fechando filiais na Argentina para vir ao Brasil e que um áudio inventa que produção de montadora está esgotada até 2021 para afirmar que Brasil pode se tornar maior economia do mundo. Sobre emprego, já demonstramos que uma publicação engana ao comparar dados de Lula e Dilma com Bolsonaro.

Política

Investigado por: 2024-02-01

Ponte rodoferroviária entre SP e MS não foi obra do governo Bolsonaro

  • Falso
Falso
Não há relação entre o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a construção da ponte rodoferroviária Rollemberg-Vuolo, que liga São Paulo a Mato Grosso do Sul. A obra teve início em 1991 e foi inaugurada sete anos depois pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Conteúdo investigado: Vídeo com imagens da ponte rodoferroviária Rollemberg-Vuolo, em que o narrador detalha informações do projeto. Sobrepostas aos vídeos estão fotos de Jair e Michelle Bolsonaro, dando a entender que o empreendimento foi uma iniciativa do governo do ex-presidente. Em uma das postagens no TikTok, há a legenda: “a imprensa sempre escondeu os grandes feitos do governo Bolsonaro”.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: É falso que a ponte rodoferroviária Rollemberg-Vuolo tenha sido uma obra do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. O empreendimento foi inaugurado em 1998 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. As obras foram iniciadas em 1991.

Não há, portanto, qualquer evidência que atribua a construção do empreendimento a Bolsonaro, governo que durou de 2019 a 2022.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Postados no dia 29 de janeiro, os vídeos tiveram cerca de duas mil visualizações até o dia 31.

Como verificamos: Para encontrar informações acerca do assunto, o Comprova realizou buscas no Google a partir dos termos “ponte rodoferroviária rollemberg-vuolo” e “ponte rodoferroviária rio paraná” ao lado de palavras como “inauguração” e “investimento”. Também foi consultado o acervo do Estadão.

A partir disso, acessamos informações de sites locais e de jornais sobre a obra, bem como outras verificações desmentindo a mesma informação.

O Comprova também tentou contato com o autor da postagem.

Ponte rodoferroviária foi inaugurada em 1998

A ponte rodoferroviária Rollemberg-Vuolo foi inaugurada em 29 de maio de 1998 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Uma notícia da época com a agenda de FHC confirma a informação, assim como reportagem antiga da TV Globo, disponível no YouTube. Segundo matéria do Estadão, de 20 de agosto de 1997, a obra teve custo total de R$ 550 milhões, com investimentos da União e do Estado de São Paulo. Já reportagem de 2005 da Folha aponta o valor da obra em R$ 586,3 milhões.

A ponte rodoferroviária foi construída sobre o Rio Paraná e tem 3.700 metros de extensão, com uma rodovia na parte superior e uma ferrovia abaixo, ligando as cidades de Rubineia, em São Paulo, e Aparecida do Taboado, em Mato Grosso do Sul.

Ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, a Lei 10.570, de 21 de novembro de 2002, denominou a parte ferroviária de “Ponte Senador Vicente Vuolo” e a rodoviária de “Ponte Deputado Roberto Rollemberg”, que atuaram para a viabilidade do empreendimento. As obras foram iniciadas em 1991.

Mais recentemente, em fevereiro de 2022, houve a restauração da iluminação da ponte rodoferroviária. O investimento foi do Estado do Mato Grosso do Sul.

O que diz o responsável pela publicação: O Comprova buscou contato com os perfis que postaram o vídeo no TikTok, porém sem sucesso, já que a plataforma não permite troca de mensagem entre pessoas que não se seguem.

O que podemos aprender com esta verificação: Alguns conteúdos podem ser verificados facilmente pelos próprios leitores. Neste caso, uma busca simples pelo termo “ponte rodoferroviária Rollemberg-Vuolo” leva, logo nos primeiros links, a esclarecimentos sobre a época da construção e às checagens que mostram ser falsas as afirmações de que o empreendimento tenha sido uma realização do governo Bolsonaro.

Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O UOL Confere, a Lupa e o Boatos.org checaram o vídeo e concluíram ser falsa a alegação de que o governo Bolsonaro esteja envolvido na realização da ponte. Não é a primeira vez que alguma obra ou pelo menos a etapa de construção de algum empreendimento é atribuída ao governo Bolsonaro de forma enganosa. Anteriormente, mostramos, por exemplo, que o ex-presidente não concluiu 84% das obras da transposição do Rio São Francisco, ao contrário do que alega em um vídeo.

Política

Investigado por: 2024-01-30

Investigação da CGU não livrou Bolsonaro no caso do cartão de vacina

  • Enganoso
Enganoso
Vídeo engana ao citar arquivamento de investigação sobre o cartão de vacina do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A Controladoria Geral da União (CGU) considerou que o registro de vacina de Bolsonaro é falso e recomendou o fim da investigação que apurava a participação de um servidor público na inserção de dados. Essa decisão não livra Bolsonaro. Ao contrário, pois deixa clara a falsidade do dado. Uma outra investigação, sobre outros dois registros de vacina no cartão de Bolsonaro, prossegue na Polícia Federal.

Conteúdo investigado: Vídeo em que uma pessoa, já investigada pelo Comprova em outra ocasião, repercute o suposto arquivamento da investigação sobre o cartão de vacina do ex-presidente Jair Bolsonaro. A pessoa cita investigação da Controladoria Geral da União (CGU) e dá a entender que a ação livrou o ex-presidente de irregularidades. O autor do vídeo ainda diz que “falaram que ele (Jair Bolsonaro) vacinou para poder entrar lá (nos Estados Unidos). Mentira, olha aí ó. Viram que é falso o cartão de vacinação.”

Onde foi publicado: TikTok e X.

Conclusão do Comprova: São enganosos os posts de redes sociais afirmando que a CGU livrou Jair Bolsonaro de acusações de irregularidades ao arquivar a investigação sobre seu cartão de vacinação. O órgão, na realidade, arquivou a investigação que tentava apurar se um servidor público federal adulterou o documento, mas concluiu que o registro é falso.

No dia 19 de janeiro, a CGU concluiu as investigações sobre um registro de vacinação contra o coronavírus inserido no sistema da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. O órgão apontou que o registro de uma aplicação na UBS Parque Peruche, na zona norte da cidade, era falso.

Conforme divulgado em nota oficial, foi realizada diligência no Ministério da Saúde (MS) e confirmada a segurança do sistema mantido pela pasta, sendo atestada a impossibilidade de o registro ter sido feito através do sistema mantido pelo órgão federal. O exame também teve como objetivo verificar a eventual participação de algum servidor público federal nos fatos para eventual responsabilização. Nada foi localizado nesse sentido.

Logo, a CGU concluiu que a suposta aplicação de vacina em Bolsonaro foi inserida de forma fraudulenta por meio do sistema estadual de registro de vacinação contra a covid-19, em São Paulo. Tal conclusão não sinaliza o “livramento” de Bolsonaro, conforme mencionado nos posts investigados. A conclusão da CGU apenas confirma o não envolvimento de servidores do Ministério da Saúde na falsificação do documento de vacinação do ex-presidente.

Há, ainda, uma outra investigação em curso sobre o cartão de vacinação de Bolsonaro. Ela está sendo executada pela Polícia Federal (PF), que investiga as suspeitas de irregularidade em outros dois registros de imunização, supostamente feitos em Duque de Caxias (RJ). Esse é o caso que imputa crimes ao ex-presidente na fraude de seu registro de vacinação e que foi amplamente divulgado.

Em nota técnica divulgada, a CGU informou que pode reabrir sua investigação caso as provas eventualmente recebidas indiquem o possível envolvimento de agente com vínculo com o governo federal.

A CGU foi procurada pelo Comprova e confirmou as informações divulgadas por meios oficiais até a presente data. Também em resposta ao Comprova, a PF disse que não se manifesta sobre eventuais investigações em andamento.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 26 de janeiro, o vídeo alcançou 62,9 mil visualizações e 6,6 mil curtidas na rede social X, e no TikTok foi visto 5,9 mil vezes.

Como verificamos: Para encontrar informações sobre o assunto, o Comprova realizou buscas por conteúdos com as palavras “cartão de vacina Bolsonaro, CGU e Polícia Federal”. A partir disso, acessamos documentos oficiais do governo federal, como a Nota Técnica que fundamentou a decisão da CGU, bem como informações da PF sobre investigação da inserção de dados falsos de vacinação nos sistemas da Saúde.

Além disso, foram localizadas reportagens jornalísticas noticiando o decorrer das investigações. A exemplo de Agência Brasil, g1, O Globo e Folha.

Com isso, foi possível localizar notícias e publicações, de diferentes fontes, com material amplo sobre o assunto. A apuração buscou, ainda, a Controladoria Geral da União e a Polícia Federal para confirmar os dados verificados.

Origem dos fatos

No dia 3 de maio de 2023, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes autorizou a realização de buscas em endereços de Bolsonaro e de outras pessoas em uma investigação a respeito de possíveis fraudes nos cartões de vacinação de Jair Bolsonaro. A suspeita foi levantada após a quebra do sigilo do ajudante de ordens de Bolsonaro, o coronel do Exército Mauro Cid, durante o processo do Inquérito 4878.

Esse inquérito investiga o suposto vazamento, pelo então presidente da República, de dados sigilosos relacionados a uma investigação da Polícia Federal sobre as urnas eletrônicas. De acordo com a PF, a suposta fraude nos registros do ex-presidente teria sido realizada para garantir que ele pudesse viajar aos Estados Unidos após deixar o cargo. Na época, os EUA exigiam que viajantes comprovassem a imunização contra a covid.

Conforme informações do Ministério da Saúde, um secretário municipal de Duque de Caxias (RJ) teria sido responsável pela inclusão dos dados de vacinação em nome de Bolsonaro. No entanto, o ex-presidente não esteve naquela cidade em 13/08/2022, data da suposta aplicação da primeira dose da vacina da Pfizer. Dados adicionais do Ministério da Saúde trouxeram novos indícios de inserções falsas relacionadas a pessoas próximas ao ex-presidente.

Investigações

As investigações em relação ao cartão de vacinação do ex-presidente começaram a ser realizadas em 2023. No total são duas investigações, uma concluída e outra em andamento:

O Ministério Público Federal (MPF) acompanha as investigações da PF e pode apresentar denúncias contra os responsáveis pela fraude, caso sejam encontrados.

Investigação da CGU sobre vacinação de Bolsonaro

A investigação da CGU, que concluiu que é falso o registro de imunização contra a covid-19 que consta do cartão de vacinação de Bolsonaro, começou no fim de 2022.

Os dados do Ministério da Saúde apontavam que o ex-presidente teria se vacinado em 19 de julho de 2021 na UBS Parque Peruche, na zona norte de São Paulo, data que sequer estava na cidade.

A CGU ficou responsável por investigar se o cartão de Bolsonaro teria sido adulterado para incluir a dose contra a doença, suspeita que foi confirmada.

Durante a investigação, os auditores ouviram o depoimento da enfermeira indicada no cartão de vacinação como aplicadora do imunizante, mas essa negou que tenha feito tal procedimento. E ainda afirmou que não trabalhava mais na Unidade naquela data, o que foi confirmado por documentos.

Também foram feitas oitivas de funcionários em serviço na UBS no dia, mas todos negaram ter visto o ex-presidente da República no local. Da mesma forma, negaram conhecer qualquer pedido feito para registrar a imunização do então chefe do Poder Executivo. Os depoimentos foram corroborados pela análise dos livros físicos mantidos pela UBS para registro da vacinação da população.

Além disso, a CGU constatou que Bolsonaro não estava na capital paulista nesta data e que o lote de vacinação que constava no sistema do Ministério da Saúde não estava disponível naquela data na UBS onde teria ocorrido a imunização. Segundo o órgão, registros da Força Aérea Brasileira (FAB) mostram que o ex-presidente voou de São Paulo para Brasília um dia antes da suposta vacinação e não fez nenhum outro voo até pelo menos 22 de julho de 2021.

Logo, a conclusão da investigação apontou para uma fraude no sistema estadual de registro de vacinação. Em razão de todos os funcionários da UBS dividirem o mesmo login e senha do sistema VaciVida, mantido pela Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, tornou-se impossível apurar qual seria o servidor responsável.

Investigação da Polícia Federal está em andamento

Em 3 de maio de 2023, a PF divulgou que realizava a Operação Venire, para esclarecer a atuação de associação criminosa constituída para a prática dos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a covid-19 no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI) e na Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) do Ministério da Saúde.

Jair Bolsonaro e outras 25 pessoas se tornaram alvo da investigação, após Alexandre de Moraes autorizar a operação. Desde então, a PF investiga o caso.

A abertura de tal operação foi resultado de duas informações suspeitas inseridas nos cartões de vacinação de um grupo de pessoas, incluindo o ex-presidente – vacinas teriam sido aplicadas em Jair Bolsonaro no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias, nos dias 13 de agosto e 14 de outubro de 2022.

A investigação ainda está em andamento e, segundo a PF, a apuração indica que o objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a covid-19, ao mesmo tempo em que poderiam burlar restrições sanitárias.

O que diz o responsável pela publicação: O Comprova não conseguiu contato com o autor da postagem enganosa, pois os contatos em redes sociais estão bloqueados/restritos.

O que podemos aprender com esta verificação: O autor do post utiliza informação fora de contexto para confundir e enganar o público que acessa o conteúdo. Envolver fatos da realidade e fazer interpretações enganosas são práticas comuns de perfis que costumam disseminar desinformação. Ao acessar conteúdos deste tipo, vale consultar os órgãos oficiais e veículos de imprensa de sua confiança.

Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Conteúdos relacionados a presidentes e ex-presidentes são alvos constantes de desinformação. Em outras verificações, o Comprova apurou que em meados de 2023, ao contrário do que afirmavam postagens em redes sociais, a PF não havia encerrado a investigação sobre joias sauditas; também verificou vídeo que engana ao dizer que Bolsonaro não está inelegível por causa de tratado internacional.