O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
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Saúde

Investigado por: 2020-03-30

Vídeos de Osmar Terra são compartilhados como se fossem do ex-ministro Adib Jatene

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Falso
Vídeos do deputado Osmar Terra defendendo o isolamento vertical circulam nas redes atribuídos erroneamente ao cardiologista Adib Jatene, falecido em 2014

São falsos os vídeos que atribuem ao falecido médico e ex-ministro da Saúde Adib Jatene a defesa do chamado isolamento vertical, estratégia assumida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como política oficial para enfrentar o novo coronavírus. Quem aparece nas imagens, na verdade, é o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS).

Essa verificação foi realizada com base em buscas reversas de dois vídeos encontrado pelo Comprova atribuídos ao ex-ministro.

Depois de um pronunciamento em rede nacional realizado na terça-feira, 24, o presidente da República passou a defender o isolamento vertical, em que apenas idosos e pessoas em grupo de risco sejam mantidos isolados durante a pandemia de covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus. Os demais cidadãos, segundo Bolsonaro, deveriam voltar às “atividades normais” para reduzir os impactos econômicos do isolamento social.

Desde o pronunciamento do presidente, circulam nas redes sociais dois vídeos diferentes, ambos creditados ao famoso médico cardiologista. Adib Jatene, contudo, morreu em 14 de novembro de 2014.

Jatene foi secretário estadual da Saúde de São Paulo e ministro da Saúde nas gestões Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso. Também foi diretor-geral do Hospital do Coração, em São Paulo, e um dos pioneiros da cirurgia cardíaca no Brasil.

Em alguns dos textos que acompanham os vídeos, Adib é creditado como infectologista, o que também é falso. Ele foi um médico conhecido pela sua especialização em cardiologia e respeitado pelos serviços público e acadêmico prestados. Apesar de ter assumido cargos públicos, nunca foi filiado a nenhum partido político.

Quem aparece nos vídeos é, na realidade, um aliado de Bolsonaro. Trata-se de Osmar Terra, ex-ministro da Cidadania do governo Bolsonaro. No último dia 21, Terra, publicou em seu canal no YouTube um vídeo em que defende algumas medidas alinhadas ao posicionamento do presidente da República, como, por exemplo, o fim da quarentena e o isolamento vertical para que a economia não seja prejudicada. Este vídeo, por sua vez, foi relacionado várias vezes na internet a Adib Jatene, falecido em 2014.

Além de ex-ministro, Terra é médico e está no sexto mandato como deputado federal. Alinhado ao discurso do presidente da República, vem defendendo diariamente em postagens e entrevistas as medidas propagadas por Bolsonaro, que contrariam as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e também do Ministério da Saúde. Outro vídeo de Osmar Terra com circulação alta e creditado a Jatene é um discurso que o deputado fez na Câmara, no último dia 18, com o mesmo tom e argumentos parecidos a favor do isolamento vertical.

Como verificamos

Osmar Terra é uma figura pública reconhecida, é deputado federal pelo estado do Rio Grande do Sul e aliado do presidente Jair Bolsonaro. A partir da identificação, buscamos nas redes sociais do deputado pronunciamentos a respeito do novo coronavírus. As entrevistas e declarações sobre o tema também estão disponíveis no perfil dele no Twitter, possibilitando o cruzamento com os vídeos que circulam. Em consulta na internet é possível localizar as imagens do político.

Sobre Adib Jatene foi possível identificar sua história e biografia com buscas na internet. Apenas usando no nome dele em buscadores é simples encontrar reportagens sobre o cardiologista e sobre as instituições das quais ele participava. Estão na internet, por exemplo, diversas reportagens sobre a morte dele, publicadas por jornais como O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e portal G1.

Diferença entre os isolamentos

A orientação majoritária dos epidemiologistas e infectologistas tem sido pelo distanciamento social máximo possível, em que apenas os serviços considerados essenciais são mantidos. As medidas são de precaução para minimizar o período e a intensidade do colapso do sistema de saúde. Essa política é chamada de “isolamento horizontal”.

O que médicos como Osmar Terra argumentam, apesar de escassos dados disponíveis, é que seria possível conter a doença reduzindo as massivas perdas econômicas que o modelo de contenção pode causar.

Viralização

O Comprova recebeu o vídeo pelo seu canal no WhatsApp e no Twitter, onde há o registro de dezenas de publicações do suposto vídeo relacionado ao famoso médico cardiologista morto em 2014.

Saúde

Investigado por: 2020-03-30

Formulário que pede dados para receber benefício emergencial é falso

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Falso
O Projeto de Lei que cria o benefício ainda tramita no Congresso. Se aprovado, precisa ser sancionado pelo presidente da República e ter definido o modo como o valor será distribuído

É falso o formulário divulgado por meio de uma mensagem de WhatsApp para o recebimento do auxílio emergencial a pessoas de baixa renda durante a crise do novo coronavírus. Os sites com o formulário estão registrados fora do Brasil, em servidores que comportam outros endereços de internet em português e sem informações sobre seus proprietários.

O projeto do benefício, que nasceu na Câmara dos Deputados, onde já foi votado, ainda está em tramitação. O texto precisa ser referendado pelo Senado, cuja sessão está marcada para a tarde desta segunda-feira, 30, e depois deve passar pela sanção do presidente da República, ainda sem data para acontecer. O governo federal também tem que decidir como o valor será distribuído.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

Como verificamos

Para realizar esta verificação, o Comprova consultou o texto do projeto de lei que tramita no Congresso, os sites noticiosos da Câmara e do Senado e o DNSlytics, uma ferramenta online para descobrir dados como a localização dos servidores de sites na internet.

Sites de formulário estão registrados no exterior

A mensagem falsa que circula com o suposto formulário leva os usuários a um site que simula ser oficial. Há, inclusive, a imitação de um logo utilizado pelo governo federal nas gestões do Partido dos Trabalhadores (PT), com o slogan “Brasil, País de Todos”. Na página, o usuário precisa responder um questionário com informações pessoais.

Utilizando a extensão para Chrome do aplicativo DNSlytics (IP Adress and Domain Information), é possível verificar que os sites estão registrados no exterior, uma estratégia muitas vezes realizada por grupos que tentam aplicar golpes online.

Um dos sites investigados pelo Comprova estava hospedado no Québec, no Canadá, com o mesmo IP (uma espécie de cadastro único dos sites) de páginas como “saboreaqui.online”, “tecnologiaws.online”, “noticiasdahora.website”, “receitasdecomidas.club” e “focofamaetv.com”. Outro estava baseado nos Estados Unidos, no mesmo IP de sites como “gotoceleb.com”, “osforums.net” e “fundwise.com”.

O projeto de lei do benefício

O benefício votado na Câmara é uma medida emergencial diante da pandemia da covid-19. Como as providências para conter a doença envolvem medidas de distanciamento social, como o fechamento do comércio, e, portanto, terão um impacto negativo na economia, o Congresso decidiu aprovar o pagamento deste valor para minimizar os efeitos de uma eventual crise sobre as populações mais vulneráveis.

O texto aprovado é de autoria do deputado Marcelo Aro (PP-MG), relator do Projeto de Lei 9236/17, originalmente apresentado por Eduardo Barbosa (PSDB-MG). O projeto se tornou prioridade da Câmara na última semana e foi aprovado na quinta-feira, 26.

O valor original que constava no projeto era de R$ 500, bem acima dos R$ 200 ventilados inicialmente pelo governo de Jair Bolsonaro. Durante as negociações, parlamentares e Executivo chegaram aos R$ 600 aprovados. Inicialmente, o valor será pago por três meses.

Quem tem direito

O benefício é direcionado aos trabalhadores informais, que compõem mais de 40% da força de trabalho no Brasil, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), realizada pelo IBGE. Esses autônomos estão em posições que não desfrutam dos direitos previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Para ter direito ao benefício é necessário, no entanto, que o trabalhador informal integre, também, famílias de baixa renda. Como fica claro no texto aprovado pela Câmara, para ter acesso ao auxílio emergencial a pessoa deve cumprir, ao mesmo tempo, cinco requisitos:

– Ter mais de 18 anos

– Não ter emprego formal;

– Não receber benefício previdenciário ou assistencial, seguro-desemprego ou de outro programa de transferência de renda federal que não seja o Bolsa Família;

– Ter renda familiar mensal per capita (por pessoa) de até meio salário mínimo (R$ 522,50) ou renda familiar mensal total (tudo o que a família recebe) de até três salários mínimos (R$ 3.135,00); e

– Não ter recebido rendimentos tributáveis, em 2018, acima de R$ 28.559,70.

Além disso, para receber o benefício, a pessoa deve exercer atividade na condição de microempreendedor individual (MEI) ou ser contribuinte individual ou facultativo do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) ou ser trabalhador informal inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico).

Caso o trabalhador informal não pertença a nenhum desses cadastros, é preciso ter cumprido, no último mês, um dos requisitos de renda citados acima.

Duas pessoas de uma mesma família poderão acumular os benefícios, sendo um do auxílio emergencial e um do Bolsa Família. Se o auxílio for maior que a bolsa, é possível fazer a opção pelo auxílio. As mães que são chefes de família poderão receber duas cotas do auxílio, totalizando R$ 1,2 mil.

Faltam a votação no Senado e a sanção presidencial

Para que o projeto se torne lei, o próximo passo é sua votação no Senado. Davi Alcolumbre, presidente da Casa, disse que a votação deve ocorrer nesta segunda-feira, 30. A tendência é que o texto seja aprovado com facilidade e, depois, siga para a sanção do presidente da República. Como o governo federal concordou com o valor de R$ 600, Bolsonaro deve sancionar o projeto.

Quando o projeto for aprovado pelo Senado e sancionado pela Presidência da República, quem deve cuidar da logística do pagamento é a Caixa Econômica Federal, seguindo um decreto presidencial que ainda não foi divulgado. Pedro Guimarães, presidente do banco, afirmou em entrevista coletiva nesta sexta-feira, 27, que a Caixa é a única com capilaridade no país para efetuar a distribuição dos valores por meio de suas agências e caixas lotéricas. O Banco do Brasil e o INSS devem ser usados nas próximas fases do pagamento do benefício.

Dados de viralização

Essa verificação foi proposta por leitores que receberam a mensagem por WhatsApp. Não é possível mensurar o alcance dessas mensagens. O Comprova não faz verificações de conteúdos suspeitos que não tenham grande viralização, mas abre uma exceção neste caso dado o dano que a circulação desse conteúdo pode causar.

Saúde

Investigado por: 2020-03-27

É falso que Israel controle o coronavírus sem distanciamento social

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Ao contrário do que afirma mensagem divulgada nas redes sociais, o país do Oriente Médio mantém ativas algumas medidas de isolamento e não tem a “melhor situação do mundo” diante da pandemia

É falsa mensagem que circula no WhatsApp e em redes sociais que atribui a Israel “a melhor situação do mundo no controle do coronavírus” por supostamente não adotar medidas de isolamento social. Na verdade, o país do Oriente Médio tem tomado várias iniciativas para restringir a circulação de pessoas, como o fechamento de escolas e universidades. Em 25 de março, o governo israelense endureceu as regras e estabeleceu a proibição de sair de casa, exceto em casos urgentes, e o fechamento de estabelecimentos comerciais não essenciais e parques. Além disso, o país tem mais casos confirmados pela covid-19 do que outros com IDH semelhante, no mesmo período.

O texto que foi objeto desta verificação circula no WhatsApp e nas redes sociais com um vídeo em que o ministro da Defesa israelense, Naftali Bennett, apoia o isolamento prioritário de idosos, grupo com maior risco de mortalidade pela covid-19. Esse vídeo foi publicado em 21 de março no Twitter de Bennett. Em postagens subsequentes na rede social, ele afirma a necessidade de permanecer em quarentena nacional e também propõe outras estratégias de enfrentamento à pandemia, como a adoção de testes em massa.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

Como verificamos

O Comprova consultou o painel de contagem de casos de coronavírus da Universidade Johns Hopkins. Também acessou os portais do governo e do Ministério da Saúde israelense. Outras fontes de informação foram reportagens da imprensa local, cujos links estão incluídos nesta verificação.

Número de casos da covid-19 em Israel

Ao contrário do que afirma a mensagem publicada em 25 de março no Facebook, Israel não tinha até então “1700 casos e 1 morte” registradas pelo novo coronavírus. Naquela data, o número de infectados pelo novo coronavírus no país era de 2.369, segundo o Ministério da Saúde israelense. Nesta sexta-feira, 27, este número aumentou para 3.035. No dia 25, eram cinco mortes no país pela covid-19, e agora são 11 mortos.

O gráfico abaixo, que mostra a evolução dos casos confirmados em Israel até o dia 24 de março, apresenta uma acentuada curva de pacientes do novo coronavírus. Os números foram compilados pela Universidade Johns Hopkins.

 

Em pronunciamento na quarta-feira, 25, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o número de pacientes dobrava a cada três dias.

“Em duas semanas, podemos ter milhares de pacientes, muitos dos quais estarão em risco de morte”, disse o premiê. “Por isso, já estou dizendo que se não vermos uma melhora imediata nessa tendência, não teremos outra alternativa a não ser impor o lockdown completo”.

O Comprova também consultou os números de contágio em nações com índice de desenvolvimento humano (IDH) semelhante ao de Israel, como Coreia do Sul, Espanha e Japão. Comparamos a evolução do número de casos no mesmo período: 36 dias, o tempo transcorrido desde o primeiro caso registrado em Israel (20 de fevereiro).

Ao longo desse período, todas as nações citadas tinham número inferior de infectados pelo coronavírus: em 36 dias, a Coreia do Sul tinha 1,8 mil casos; a Espanha, 673; e o Japão, 214.

Nesta sexta-feira, 27 de março, a Coreia do Sul tem 9.332 casos. Embora tenha um número de pacientes maior, o exemplo do país asiático é interessante, pois conseguiu “achatar” a curva de crescimento de casos confirmados da covid-19. O número de novos casos por dia tem diminuído desde o fim de fevereiro e início de março. Uma das estratégias adotadas pela Coréia foi a adoção de testes em massa da população e o isolamento dos infectados.

O gráfico abaixo mostra o “achatamento” na curva de casos da Coréia do Sul. Os dados são da Universidade Johns Hopkins.

Isolamento social em Israel

É igualmente falsa a afirmação de que Israel não tem adotado amplas medidas de isolamento social, optando apenas por restringir a circulação de pessoas do grupo de risco, como afirma a mensagem compartilhada em redes sociais.

Desde 9 de março, o Ministério da Saúde israelense determinou que qualquer pessoa que tenha voltado de um país estrangeiro, ou que tenha tido contato com um paciente confirmado da covid-19, entre em isolamento domiciliar por 14 dias. No site da pasta é possível consultar um mapa com a quantidade de pessoas que estão nesta situação pelo país.

No dia 12 de março, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou o fechamento de escolas e universidades.

Depois da difusão do vídeo de Bennett, Israel anunciou outras iniciativas, mais rígidas, de isolamento social. Em medida aprovada no último dia 25 de março, o governo implementou regulamentações de emergência, determinando o fechamento de estabelecimentos comerciais considerados “não essenciais” e proibindo a circulação de pessoas em espaços públicos, com poucas exceções, incluindo saídas para comprar comida e medicamentos.

Em pronunciamento na mesma data, Netanyahu defendeu a implementação destas medidas, pedindo enfaticamente que a população evitasse sair de casa.

“Nós publicamos regulamentações de emergência para os próximos dias. Elas reduzem ainda mais as saídas para a esfera pública. Eu sei que há muitos paradoxos e que é possível dizer uma grande quantidade de coisas, mas não importa. Primeiro, leiam-nas e fiquem em casa; essa é a principal questão. Eu digo isso da forma mais clara possível: vocês precisam ficar em casa! Fiquem em casa, fiquem seguros. O perigo espreita para todos”, afirmou.

No discurso, o premiê destacou que as medidas também são válidas para crianças – indo contra a afirmação de que Israel só estaria isolando idosos. “Eu sei que com crianças pequenas é muito difícil mantê-las em casa, mas não há escolha”, disse Netanyahu.

Situação da Economia e dos hospitais em Israel

O texto viralizado afirma, ainda, que a economia e o sistema de saúde de Israel têm funcionado normalmente frente à pandemia do novo coronavírus, o que também não é verdade.

O governo proibiu no dia 19 de março qualquer atividade de comércio ou lazer dentro de shoppings com mais de 10 lojas, clubes, bares, academias, piscinas públicas, cinemas, teatros, parques, pontos turísticos, entre outros.

As medidas de emergência foram ampliadas em 25 de março, determinando o fechamento de estabelecimentos comerciais considerados “não essenciais” e que restaurantes funcionassem apenas por delivery.

Farmácias e lojas que vendem principalmente produtos de higiene foram autorizadas a funcionar, mas mantendo uma distância de dois metros entre um cliente e outro, e uma média de no máximo quatro pessoas por caixa ativo dentro da loja. Motoristas de táxi também podem circular, mas apenas com um passageiro, ou dois quando um acompanhante médico for necessário.

O Ministério de Finanças do país estimou que a pandemia do novo coronavírus deve causar um dano de aproximadamente 12 bilhões de dólares na economia do país. Comerciantes entrevistados pela AFP neste mês em Jerusalém afirmaram já sentir os efeitos da doença em seus negócios.

O Ministério da Saúde também se prepara para um impacto no serviço médico. No dia 16 de março, o Jerusalem Post informou que o governo iria importar mil respiradores para tratar pacientes com covid-19. A imprensa local também registrou uma corrida nos hospitais israelenses para aumentar o números de leitos nas unidades de tratamento intensivo (UTI).

Viralização

A mensagem com informações falsas sobre o combate ao coronavírus em Israel circulou principalmente no WhatsApp. Leitores solicitaram a verificação por meio do número (11 97795-0022). No Facebook, o texto verificado pelo Comprova foi publicado por diversos usuários. Um dos posts obteve 740 compartilhamentos desde o dia 25 de março. Mensagem semelhante somou outros 2.138 compartilhamentos desde a mesma data. A ferramenta Google Trends, que mede tendências de busca, também registrou um pico de interesse por Israel e Naftali Bennett.

Saúde

Investigado por: 2020-03-25

É falso que Itália tenha registrado 232 mortes de crianças pela covid-19

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O governo italiano não havia registrado óbitos de pessoas com menos de 30 anos até o dia 24 de março

São falsas as postagens segundo as quais a Itália registrou as mortes de 232 crianças na atual pandemia de covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus. Até o dia 24 de março, o governo italiano ainda não havia registrado óbitos de pessoas com menos de 30 anos.

Essa verificação foi realizada com base em consultas a diversos documentos oficiais de diferentes órgãos do governo da Itália.

O post que foi objeto desta verificação foi escrito no Facebook por um usuário à 1h22 da manhã desta quarta-feira, 25 de março. O texto dizia que “morreram 232 crianças num dia na Itália e o demente manda as crianças voltarem pra escolas”.

A postagem era uma referência ao pronunciamento do presidente da República, Jair Bolsonaro, na noite de 24 de março. O mandatário minimizou a epidemia de covid-19 e sugeriu que os governadores deveriam descumprir as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), entre elas a de fechar escolas e universidades.

Outros posts de mesmo teor foram encontrados pelo Comprova no Facebook. Esses, no entanto, traziam uma outra informação, a de que as supostas 232 mortes de crianças teriam ocorrido em um dia com 793 mortes por covid-19 na Itália.

O Comprova verificou uma postagem feita por um perfil pessoal no Facebook.

Falso para o Comprova é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

Como verificamos

Para fazer a verificação, o Comprova procurou, inicialmente, os dados oficiais publicados pelo Ministério da Saúde da Itália. Como mostram os relatórios diários da pasta, de fato houve um dia em que o país teve 793 mortes provocadas pelo novo coronavírus. Isso ocorreu entre os dias 20 de março, quando o total de óbitos era de 4.032, e o dia 21 de março, quando o total chegou a 4.825 mortes. Diante desses números, a imprensa registrou que aquele fora o dia, até então, com mais mortes no país europeu. Uma rápida pesquisa no Google com os termos “793 mortes Itália” mostra diversos links semelhantes com o registro desse fato.

Desde então, a Itália registrou um total de 651 mortes em 22 de março, 601 no dia 23, 743 no dia 24 e 683 nesta quarta-feira, 25, chegando ao total de 7.503 óbitos.

Em seguida, o Comprova foi atrás do número de mortes de crianças italianas por conta da covid-19.

Na Itália, os dados a respeito das mortes provocadas por covid-19 são também congregados pelo Instituto Superior de Saúde (Istituto Superiore di Sanità-ISS), órgão técnico do Serviço Nacional de Saúde (Servizio Sanitario Nazionale) italiano, equivalente ao Sistema Único de Saúde (SUS) existente no Brasil.

Desde 28 de fevereiro, o ISS coordena um sistema de informações abastecido pelos dados dos governos regionais e locais italianos. Todos os dias, esse sistema de vigilância integrada divulga neste site informações consolidadas a respeito do andamento da epidemia provocada pelo novo coronavírus.

Segundo o mais recente relatório, disponível tanto em italiano quanto em inglês e publicado em 25 de março, a Itália tinha 6.157 mortes provocadas pela covid-19, sendo que nenhuma delas era de crianças. Na realidade, 100% das mortes registradas na Itália, segundo o relatório do ISS, foram de pessoas com 30 anos ou mais.

Os dados do ISS italiano usam uma metodologia diferente daquela utilizada pelo Ministério da Saúde da Itália para consolidar os dados. Dessa forma, podem haver discrepâncias entre os relatórios.

Como afirma o ISS italiano na nota técnica que acompanha seu relatório diário, os dados coletados “estão em fase de consolidação contínua e, como previsível em situações de emergência, algumas informações estão incompletas”. O órgão governamental informa ainda que diferenças nos dados ocorrem principalmente por conta de eventuais atrasos entre a confirmação do diagnóstico e a inclusão da informação na plataforma oficial que congrega os dados.

O Comprova entrou em contato com o usuário que fez a postagem no Facebook referente ao discurso de Bolsonaro, solicitando a fonte de informação. O usuário não respondeu o contato e, após receber a mensagem, apagou o post. Naquela altura, o conteúdo já havia sido compartilhado mais de 38 mil vezes.

Viralização

Outras duas postagens encontradas pelo Comprova no Facebook e feitas em 21 de março continuam no ar. Juntas, tiveram quase 7 mil compartilhamentos.

O jornal Observador e o site de fact-checking Polígrafo, ambos de Portugal, e o site brasileiro Aos Fatos também verificaram conteúdos com esses números a respeito da epidemia de covid-19 na Itália.

Saúde

Investigado por: 2020-03-25

Imagem de repórter com traje de proteção contra o coronavírus é tirada de contexto para atacar a mídia

  • Enganoso
Enganoso
Repórter não usou traje de proteção contra coronavírus "para causar pânico" como afirma post verificado pelo Comprova. Ela estava demonstrando uso de roupa produzida para médicos

A foto de uma repórter de TV vestida em traje completo de proteção no Líbano viralizou no Facebook no Brasil com legenda que acusa a mídia de fabricar pânico em torno da pandemia do novo coronavírus — já que o cinegrafista que captava as imagens não usava nenhum item de proteção. A realidade é que a jornalista paramentada produziu uma reportagem sobre uma fábrica local de roupas de proteção para profissionais da área da saúde e experimentou um dos trajes apenas para demonstrá-lo em uma aparição ao vivo na emissora em março deste ano.

A matéria foi divulgada no dia 18 de março pela Al Hadath, uma TV com base em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A repórter, Ghinwa Yatim, fez uma transmissão ao vivo de Beirute, no Líbano. Como ela explicou em seu Twitter, a reportagem focava em uma fábrica que produzia equipamentos médicos com materiais alternativos, uma vez que existe dificuldade em importar trajes para proteção contra o coronavírus em meio à crise da economia libanesa.

Na rede social, a repórter Yatim acrescentou que, durante a entrada ao vivo, afirmou que não havia motivo para pânico em Beirute. Ela frisou que só usou o traje para demonstrá-lo, e por isso o cinegrafista não precisou vesti-lo. O Comprova entrou em contato com uma jornalista da AFP em árabe, que confirmou o que Yatim disse nos vídeos.

Esta verificação investigou uma postagem feita por um perfil pessoal no Facebook. Enganoso para o Comprova é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro com o propósito de mudar o seu significado.

Como verificamos

Um comentário postado na publicação da foto no Facebook indicava o contexto original da imagem e fornecia links para a reportagem sobre a fábrica de trajes. A partir daí, o Comprova encontrou a conta de Ghinwa Yatim no Twitter, onde ela explica em inglês a motivação de sua matéria.

Por que a repórter usava um traje completo de proteção e o cinegrafista não?

A reportagem veiculada pela emissora Al Hadath mostrava a produção de trajes de proteção contra o coronavírus por mulheres libanesas para uso pela equipe médica de hospitais. A repórter Ghinwa Yatim explicou no Twitter que a fabricação local de roupas poderia reduzir a crise de importação de equipamentos no exterior.

Enquanto entrava ao vivo de uma rua de Beirute para falar da reportagem, Yatim foi gravada por uma terceira pessoa, o produtor e vídeojornalista Michael Downey. Ele publicou o vídeo em seu Twitter com críticas à repórter. Na rede social, Downey afirma ter feito trabalhos para veículos como New York Times e BBC.

Após a repercussão negativa do uso do traje de proteção, Yatim publicou uma thread no Twitter em que explica a reportagem. A jornalista explicou que estava experimentando um traje que foi especialmente produzido na fábrica para ela. A repórter informou também que usou a roupa apenas para falar sobre ela, e por isso não havia necessidade de o cinegrafista também usar o traje.

Yatim acrescentou que Beirut já estava em quarentena e ela escolheu uma rua mais vazia para gravar a entrada ao vivo. Até esta quarta-feira, 25, foram registrados 333 contágios por coronavírus no Líbano, com quatro mortes e oito recuperações.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a utilização de máscaras apenas por pessoas que tiverem contato com pacientes da covid-19 ou por aqueles que apresentarem sintomas como tosse e espirros.

Viralização

O produtor e vídeojornalista Michael Downey filmou Yatim e seu cinegrafista em Beirute, criticando o fato de a repórter estar em traje de proteção. Seu vídeo obteve 1,8 milhão de visualizações no Twitter desde o dia 18 de março. No Facebook, a foto da jornalista foi publicada por um usuário no dia 23 de março e obteve mais de 78 mil compartilhamentos desde então.