O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 41 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
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Eleições

Investigado por: 2022-12-05

Não é possível afirmar que atos antidemocráticos contra resultado das eleições são o maior protesto da História

  • Enganoso
Enganoso
Tuíte compartilhando um vídeo da participação do comentarista Matthew Tyrmand no programa Tucker Carlson Tonight, da televisão americana, dissemina dados enganosos sobre os atos que contestam, sem evidências, o resultado das eleições presidenciais no Brasil. Segundo Tyrmand, esses seriam o “maior protesto democrático e possivelmente até da humanidade". O comentário é enganoso por causa da ausência de dados sobre a dimensão dos atos e pelo fato da pauta dos protestos atentar contra a democracia no Brasil.

Conteúdo investigado: Tuíte reproduz participação do comentarista Matthew Tyrmand no programa Tucker Carlson Tonight, da emissora Fox News, dos Estados Unidos. No vídeo, Tyrmand comenta os atos ao redor do Brasil que contestam, sem evidências, o resultado das eleições presidenciais, dizendo se tratar do “maior protesto democrático e possivelmente até da humanidade”.

Onde foi publicado: Twitter e WhatsApp.

Conclusão do Comprova: Ao comentar as manifestações contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em programa da Fox News, o americano Matthew Tyrmand disse se tratar do “maior protesto democrático e possivelmente até da humanidade”. A afirmação é enganosa, porque, primeiramente, não há estimativas oficiais sobre o número de participantes nos atos. Além disso, a quantidade de adeptos desses atos, não centralizados, varia de acordo com o dia e o local, sem porta-voz ou outra autoridade para divulgar os números de manifestantes presentes.

Outro ponto é que um dos principais pedidos dos manifestantes é que Lula não tome posse, indo contra a Constituição, que diz que “a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos”. Ou seja, ao contrário do que afirma Tyrmand, os protestos não podem ser democráticos, visto que se baseiam em pautas atentando contra o atual sistema eleitoral brasileiro e, portanto, contra a democracia

Tyrmand, que, como o Comprova já mostrou, é membro de projeto conhecido por disseminar alegações falsas e teorias da conspiração, engana também ao dizer que “a mídia global” não está informando sobre os atos. O americano The New York Times, um dos principais jornais do mundo, por exemplo, noticiou em 23 de novembro, em reportagem sobre o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter rejeitado tentativa de Jair Bolsonaro (PL) de anular a eleição, que “milhares de apoiadores de Bolsonaro têm protestado do lado de fora das bases militares em todo o país, implorando às Forças Armadas que intervenham no governo e impeçam a posse de Lula”. No dia 18 do mesmo mês, o The Guardian, do Reino Unido, publicou reportagem sobre os bloqueios dos caminhoneiros.

Outra desinformação no conteúdo verificado é a de que os militares teriam a atribuição de garantir a separação dos três Poderes de acordo com o Artigo 142 da Constituição. Segundo o trecho citado por ele, as Forças Armadas “destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”. A separação dos Poderes é uma das cláusulas pétreas da nossa Carta Magna, ou seja, não pode ser alterada.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até as 15h desta segunda-feira (5), o tuíte verificado contava com 21,6 mil retuítes e 68,2 mil curtidas, e tinha sido compartilhado quase 2 mil vezes no Facebook.

O que diz o responsável pela publicação: Entramos em contato por mensagem direta com a conta do Twitter que publicou o conteúdo verificado. Em sua resposta, a usuária buscou se isentar de qualquer responsabilidade por compartilhar uma peça de desinformação: “A postagem é minha mas a matéria é da Fox. Acho q vc (sic) devia procurá-los e não procurar a mim!”. Depois, ela compartilhou um tuíte de Matthew Tyrmand.

O Comprova também tentou contato com Tyrmand, via e-mail, mas não obteve retorno.

Como verificamos: Primeiramente, por meio da ferramenta de monitoramento do Twitter TweetDeck, a reportagem buscou post de Tyrmand sobre sua participação no programa de Carlson, para verificar se o conteúdo era real.

Na Constituição, a equipe pesquisou como são escolhidos os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e também buscou reportagens sobre a participação deles na anulação das condenações de Lula.

O Comprova tentou encontrar alguma estimativa sobre o número de participantes nos atos pró-Bolsonaro, mas não há essa informação. A Polícia Militar dos maiores estados brasileiros não informa o número de pessoas que participam de manifestações e não há porta-voz nos atos. O único dado encontrado foi do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, apenas sobre um dia de ato em São Paulo.

Protestos atentam contra a democracia

Com o desfecho das eleições presidenciais, no dia 30 de outubro, apoiadores do candidato derrotado, o presidente Jair Bolsonaro , se mobilizaram em todo o país para contestar o resultado do pleito, embora não haja nenhuma evidência de fraude ou irregularidade que comprometesse a integridade da votação, constatação mais recentemente reafirmada pela Polícia Federal no dia 25 de novembro.

Cabe ressaltar que contestar o resultado das eleições, sem evidências, é um atentado contra a soberania popular, “exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos”, como previsto no artigo 14 da Constituição.

Os atos foram marcados por vigílias em frente a quartéis das Forças Armadas Brasil afora clamando por golpe militar – ou seja, apologia à ditadura, que é crime previsto na Lei de Segurança Nacional e na Lei dos Crimes de Responsabilidade – e por bloqueios em rodovias.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em 1º de novembro, essas paralisações chegaram a um ápice de 420 pontos de rodovias em todo o país, restringindo o direito de ir e vir da população.

A PRF anunciou em 22 de novembro que não havia mais bloqueios, nem mesmo parciais, em rodovias, pelo menos federais, no país. Alguns casos esporádicos, porém, ainda são reportados, como noticiado no dia 30.

Maior protesto?

“Nós estamos no 29º dia de protestos massivos no Brasil, um país democrático, com eleição livre, e não estamos falando de dezenas de milhares ou centenas de milhares, mas de milhões de pessoas. E o que parece ser dezenas de milhões. Este é o maior protesto democrático e possivelmente até da humanidade”, Tyrmand afirma.

A reportagem perguntou para o comentarista onde ele apurou esses dados, mas não obteve resposta. A verdade é que não há dados oficiais sobre o número de participantes nos protestos golpistas. O Comprova encontrou um levantamento do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, que estimou haver 30,7 mil pessoas em frente ao comando militar do Sudeste na região do parque Ibirapuera, em São Paulo, maior cidade brasileira, em 2 de novembro, no início dos atos.

De acordo com o Monitor, o método utilizado tem precisão de 72,9% e acurácia de 69,5% na identificação de cada indivíduo e 8% de margem de erro na contagem de cabeças.

Tyrmand não especifica em seu comentário se considera ou não, mas, além dos protestos próximos aos quartéis, bolsonaristas também fazem atos em rodovias. O programa foi ao ar em 28 de novembro e a informação mais recente da Polícia Rodoviária Federal era do dia 22, dizendo que “todas as rodovias federais” estavam livres de bloqueios e interdições. Só no dia 29 o órgão fez uma atualização, dizendo haver apenas uma interdição em Cacoal, em Rondônia, e nenhum bloqueio. Ou seja, quando Tyrmand fez o comentário não havia manifestantes nas rodovias federais, segundo a PRF.

Para efeito de comparação, o G1 mostrou que ato contra a então presidente Dilma Rousseff, Lula e o PT em março de 2016, reuniu, segundo os organizadores, 6,8 milhões de pessoas em 326 cidades brasileiras, no que foi o maior protesto nacional até então. De acordo com a Polícia Militar, foram 3,6 milhões, sem considerar o Rio de Janeiro, que não divulgou os dados.

Ministros do STF

Em seu comentário para o programa de Carlson, Tyrmand diz que juízes do STF nomeados por Lula o livraram das condenações e pergunta “o que deve ser feito quando se tem um Poder Judiciário que não é composto por juízes de carreira”. De fato, o ministro Edson Fachin, que decidiu pela anulação das condenações contra Lula, foi indicado por Dilma Rousseff, também petista, em 2015. Em sua decisão, ele foi seguido por sete ministros, dos quais apenas um, Alexandre de Moraes, não havia sido indicado por Dilma ou Lula (foi por Michel Temer, do MDB).

Mas Fachin foi o mesmo que em fevereiro de 2018 negou pedido de habeas corpus feito pela defesa de Lula e o que, em abril daquele ano, negou liminar para suspender a prisão do petista, possibilitando que ele fosse para a prisão.

Sobre a trajetória dos ministros, a Constituição Federal prevê que “o Supremo Tribunal Federal compõe-se de 11 ministros, escolhidos entre cidadãos com mais de 35 e menos de 70 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada” e que “serão nomeados pelo presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal”.

Artigo 142

Tyrmand desinforma também ao dizer que os militares “têm um papel especial” e cita o artigo 142 da Constituição, afirmando que “eles têm atribuição de garantir a separação dos três Poderes” e que “parece que haverá essa necessidade logo mais”. O artigo é o mesmo usado por apoiadores de Bolsonaro para tentar justificar pedidos de intervenção das Forças Armadas para impedir a posse de Lula, em janeiro.

Porém, como demonstrado na seção Comprova Explica, quem pede isso se baseia em uma “interpretação equivocada de que caberia às Forças Armadas agir em situação de conflito entre os três Poderes, como se constitucionalmente elas fossem imbuídas de um Poder Moderador”.

O artigo 142 da Constituição afirma que “as Forças Armadas (…) são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.

Ou seja, a Constituição não prevê que as Forças Armadas possam ser usadas para rejeitar o resultado da eleição, como prerrogativa de um golpe, nem atuar sem a autorização dos Poderes, diferentemente do que diz Tyrmand no conteúdo verificado aqui.

Quem é Matthew Tyrmand

Como o Comprova já informou, ele é membro do Projeto Veritas, fundado em 2010 pelo ativista de extrema-direita James O’Keefe. Na página oficial do projeto, o Veritas se define como uma empresa jornalística sem fins lucrativos dedicada a investigar e expor corrupção, desonestidade, fraude e outras más condutas na administração pública e privada. No entanto, é conhecido pela disseminação de alegações falsas e teorias da conspiração.

No Twitter, Tyrmand questiona o resultado das eleições no Brasil e compartilha posts de apoiadores bolsonaristas com o mesmo teor e ataques a Alexandre de Moraes, presidente do TSE, e a Lula.

Quem é Tucker Carlson

O apresentador é âncora do programa Tucker Carlson Tonight, que vai ao ar às quartas-feiras, às 20h, na Fox News, também como já informado pelo Comprova. Segundo o UOL, Carlson é considerado um dos maiores nomes do conservadorismo na mídia norte-americana. Ele ingressou na Fox News em 2009 e estreou com um programa próprio em novembro de 2016, no mesmo mês da eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos.

De acordo com o The Guardian, Carlson passou a ser um dos principais representantes do conservadorismo de extrema-direita, sendo defensor de pautas anti-imigração e da supremacia branca. Em seu programa, costuma propagar teorias da conspiração: hipóteses especulativas, sem base em provas, sobre organizações ou ações secretas coordenadas para acobertar um evento.

Uma das teorias que propaga é a “great replacement theory” (teoria da grande substituição, em tradução livre), que afirma serem as políticas de imigração, especialmente aquelas voltadas para a população não branca, um plano estratégico para minar ou substituir o poder político e a cultura da civilização branca ocidental. Segundo artigo no The Washington Post, a ideia foi propagada em mais de 400 episódios de seu programa desde 2016, de acordo com levantamento do The New York Times.

Em relação aos Estados Unidos, Carlson usa a teoria para alegar que a elite esquerdista, que ele associa ao partido Democrata, busca remodelar o perfil do eleitorado norte-americano a partir da imigração, como cita texto do UOL. A matéria lembra, ainda, que Carlson acredita na existência de discriminação racial contra pessoas brancas e critica movimentos feministas.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e peças que questionam o resultado das eleições presidenciais. Publicações como esta verificada são prejudiciais à democracia pois tentam desacreditar o sistema eleitoral brasileiro e não reconhecer o resultado das eleições.

Outras checagens sobre o tema: Como já informado, Tyrmand foi alvo de verificação recente do Comprova, que classificou como falso conteúdo em que ele afirma ter provado a influência do presidente norte-americano, Joe Biden, na eleição brasileira.

Sobre a eleição de Lula, o Comprova verificou nos últimos dias ser falso que Lula não possa ser diplomado, já que ele teve condenações anuladas em 2021, e que certidão de tribunal publicada no Twitter não atesta inelegibilidade do petista.

Eleições

Investigado por: 2022-12-05

Exército não está fechando entrada do país pelo mar; vídeo no Twitter é de exercício militar feito desde 1976

  • Falso
Falso
É falso que militares estão ocupando a cidade de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, numa ação de fechamento das entradas por mar e outras fronteiras do país. No vídeo aqui verificado, uma mulher grava paraquedistas saltando de um avião na Região dos Lagos do Rio. Segundo o Exército Brasileiro, a imagem foi registrada durante a Operação Saci, realizada entre os dias 28 de novembro e 2 de dezembro de 2022. Trata-se de um exercício militar coordenado pela Brigada de Infantaria Paraquedista que é promovido todos os anos, desde 1976, em diversas regiões do país. O exercício reúne militares do Exército, Marinha e Força Aérea Brasileira.

Conteúdo investigado: Vídeo que mostra paraquedistas saltando de um avião militar no Rio de Janeiro. Na gravação, uma mulher diz que a imagem foi registrada do bairro de Unamar, onde ela vive. A comunidade fica na cidade de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, na Região dos Lagos. No Twitter, o vídeo é acompanhado pelo seguinte texto: “Aviões, comboios das FA chegando a Cabo Frio. A cidade está cheia de soldados. Lembrando, Cabo Frio é porta de entrada no país pelo mar. Eles estão fechando as entradas do país. PRA VC QUE ESTÁ PERDENDO AS ESPERANÇAS ACREDITE E CONTINUE EM FRENTE AOS QUARTEIS ”.

Onde foi publicado: Twitter.

Conclusão do Comprova: Não há indícios de que o Exército Brasileiro esteja “fechando a entrada do país” por Cabo Frio, no Rio de Janeiro. Em vídeo gravado por uma mulher que se identifica como moradora do bairro Unamar, é possível ver paraquedistas saltando de um avião militar. Na gravação, a autora diz que “Deus não ia deixar seu povo ser envergonhado, não”. A cena foi publicada no Twitter acompanhada por uma mensagem afirmando que Cabo Frio está “cheia de soldados”, e que os militares estariam no local para “fechar a entrada do país pelo mar”.

O Comprova entrou em contato com o Exército, que respondeu que o vídeo é verdadeiro, mas não tem qualquer ligação com fechamento de fronteiras. Trata-se de um exercício militar conjunto do Exército, Marinha do Brasil e Força Aérea Brasileira (FAB), realizado anualmente desde 1976 e batizado de Operação Saci.

Em 2022, a ação foi realizada entre os dias 28 de novembro e 2 de dezembro, nos municípios localizados na região dos Lagos. A operação trabalha em ação conjunta com a Marinha do Brasil e Força Aérea Brasileira, com a finalidade de manter a Força de Emprego Estratégico do Exército Brasileiro em condições de pronto emprego e simular determinados cenários de emprego da tropa.

Em buscas na internet, também localizamos registros da operação em 2022 e em anos anteriores como uma publicação do site Defesa Aérea e Naval, uma do próprio Exército, além de uma reportagem do G1 que mostra um acidente envolvendo paraquedistas que participavam de uma das operações.

Falso, para o Comprova, é qualquer conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: Até o dia 5 de dezembro, o vídeo no Twitter tinha 258,3 mil visualizações, passava de 30,6 mil curtidas, tinha 600 comentários e foi compartilhado mais de 8 mil vezes.

O que diz o responsável pela publicação: No Twitter, o perfil responsável pela publicação é de Jocemar Fukes. A rede não permite o envio de mensagens diretas para contas que não se seguem mutuamente. O Comprova encontrou um perfil homônimo no Facebook, com o mesmo perfil de publicações. Enviamos mensagem pedindo retorno sobre a origem do vídeo e das informações publicadas pelo autor no Twitter. Até o fechamento deste texto, entretanto, não houve resposta do autor.

As contas de Jocemar Fukes no Twitter e Facebook têm lógica praticamente igual, com compartilhamento seguido de vídeos gravados por outras pessoas – em sua grande parte, apoiadores do atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Além disso, também são frequentes as publicações de apoio às manifestações com intenção golpista e de intervenção federal ou militar no Brasil.

Como verificamos: Iniciamos a checagem buscando um posicionamento do Exército a respeito das alegações contidas no post compartilhado no Twitter. Por e-mail, o Centro de Comunicação Social detalhou a Operação Saci.

Também procuramos Jocemar Fukes – autor do conteúdo checado – para saber a origem das alegações feitas por ele na publicação.

Em buscas no Google pelos termos “militares”, “paraquedas” e “Cabo Frio” localizamos uma checagem sobre o mesmo conteúdo de desinformação do Boatos.org. Ainda fizemos buscas por registros da mesma operação em anos anteriores.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e peças que questionam o resultado das eleições presidenciais. Publicações como a verificada aqui colocam a democracia em risco, inflamando atos de natureza golpista que estão ocorrendo pelo país, podendo tumultuar o sistema democrático.

Outras checagens sobre o tema: A peça de desinformação checada nessa verificação também foi desmentida por Boatos.org.

Nos últimas semanas, o Comprova já mostrou ser falsa a alegação de que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva não poderá ser diplomado, que é falso que Holanda, Índia e Rússia tenham oferecido apoio militar a Jair Bolsonaro e que resultado das eleições não está sob análise da Justiça após relatório das Forças Armadas.

Eleições

Investigado por: 2022-12-01

Vídeo de universitário sendo hostilizado por usar camiseta de Bolsonaro é de 2016

  • Enganoso
Enganoso
Um vídeo verdadeiro de um homem sendo hostilizado por estudantes na Universidade Federal do Ceará (UFC) por usar uma camiseta com a imagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi usado em uma publicação no Twitter considerada enganosa pelo Comprova. Nos comentários ao post, usuários reclamam sobre a cobertura expressiva da imprensa sobre o caso dos ataques de apoiadores de Bolsonaro a Gilberto Gil na Copa do Mundo do Catar, em detrimento da cobertura sobre o caso do estudante da UFC. No entanto, a situação mostrada no vídeo ocorreu em 2016, por isso não há notícias recentes sobre ela.

Conteúdo investigado: Vídeo mostra um homem sendo hostilizado por estudantes dentro da Universidade Federal do Ceará (UFC) por, supostamente, vestir uma camisa com uma imagem do presidente Jair Bolsonaro (PL). O conteúdo é acompanhado do texto: “Esses são os mesmos que pedem respeito ao Gilberto Gil!”.

Onde foi publicado: Twitter.

Conclusão do Comprova: É enganoso post de um vídeo que mostra um homem sendo hostilizado por estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC) por vestir uma camiseta com uma imagem de Bolsonaro. Apesar da gravação ser verdadeira, a publicação dá a entender que o caso teria ocorrido recentemente, ao dizer que “esses são os mesmos que pedem respeito ao Gilberto Gil”, fazendo referência à hostilidade sofrida pelo cantor na Copa do Mundo do Catar, no dia 24 de novembro.

Na verdade, o episódio ocorreu em maio de 2016, quando Jorge Fontenelle, então estudante de Letras da UFC e policial civil, foi atacado por outros alunos. Fontenelle afirmou ao Comprova que não iniciou a discussão ou sequer agrediu verbalmente pessoas do grupo que o cercou.

A versão do policial civil foi contestada, à época, pelos estudantes da universidade, que alegavam que Fontenelle teria feito provocações verbais, inflando o protesto contra ele.

Fontenelle procurou o centro acadêmico da UFC e a Polícia Civil do Ceará para fazer denúncia sobre os ataques. Conforme a universidade, foram abertas duas sindicâncias para apurar o ocorrido, que tramitaram regularmente e com procedimentos legais cumpridos. Ambas foram arquivadas por falta de provas.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações, com ou sem a intenção deliberada de causar dano. Como diversos usuários comentaram reclamando sobre a falta de cobertura da imprensa e de posicionamentos de políticos a respeito do caso, o Comprova decidiu investigar o contexto e origem do vídeo, gravado, na verdade, em 2016.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 1º de dezembro, a publicação teve 417,9 mil visualizações; 12,9 mil retuítes; 44,3 mil curtidas e 1.968 comentários.

O que diz o responsável pela publicação: Procurado pelo Comprova, por meio de mensagem no Instagram, Pedro Poncio informou que, em momento algum, a publicação deu a entender que o vídeo é recente, até porque, segundo ele, “independente de quando foi não muda os fatos”.

Ainda de acordo com Poncio, o vídeo publicado por ele não está fora de contexto e retrata que “a esquerda pede respeito ao Gilberto Gil, quando, na verdade, sobrevive de hostilidade a qualquer que tenha um posicionamento diferente deles”.

Nas redes sociais, Poncio, que se apresenta como cristão, teólogo e conservador, afirma já ter sido membro do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Em setembro deste ano, o MST denunciou Poncio por propagar conteúdos falsos sobre o movimento em material de campanha da então candidata a deputada federal Bia Kicis (PL-RJ) e afirmou que ele “nunca pertenceu ao movimento”.

Outras postagens de Pedro Poncio já foram alvos de verificação de veículos como o Estadão Verifica.

Como verificamos: Primeiramente, por meio da busca do Google, procuramos pela expressão “estudante hostilizado na UFC; camisa do Bolsonaro”, onde encontramos informações veiculadas pela imprensa da época em que o fato aconteceu (jornal O Povo e UOL).

A partir das notícias, o Comprova conseguiu comparar as fotos utilizadas pelos veículos com as imagens do vídeo investigado e encontrar correspondências (o homem tinha cabelos grisalhos e óculos e usava uma camiseta amarela com uma forma quadrada no centro).

Também por meio das reportagens encontramos o nome do homem que aparece sendo atacado: Jorge Fontenelle. Ao contatá-lo, Fontenelle confirmou ao Comprova que é ele na gravação.

Por fim, procuramos a assessoria de imprensa da Universidade Federal do Ceará e a Polícia Civil do Ceará.

Versão do homem que foi alvo das ofensas

Jorge Fontenelle é policial civil e professor, tem 46 anos, e em maio de 2016, quando o vídeo foi filmado, tinha 40 anos. Ele narrou ao Comprova que cursava Letras com opção de curso de italiano na Universidade Federal do Ceará.

Fontenelle diz que foi vítima de estudantes da esquerda, que militam no ambiente acadêmico.

“Eu me identificava com o pensamento do presidente Bolsonaro, que na época era deputado federal. A perseguição à minha pessoa já vinha de outros momentos, pois não simpatizava com a forma como determinados grupos se comportavam contra quem não tinha a mesma linha de pensamento deles”, disse Fontenelle.

Fontenelle confirmou que foi à Universidade Federal do Ceará por volta das 14 horas do dia 9 de maio de 2016 usando uma camisa que tinha o nome e a foto do atual presidente que, na época, era deputado federal.

“No Bosque Moreira Campos, eu estava fumando ao ar livre quando alguns estudantes chegaram perto de mim e começaram a me xingar com palavrões ofendendo minha honra. Disseram ainda que eu não era digno de estar ali pelo tipo de apoio e pensamento que eu demonstrava com aquela roupa”, explicou.

Fontenelle garantiu ao Comprova que não iniciou a discussão ou sequer agrediu verbalmente pessoas do grupo que o cercou. Ele disse que ficou nervoso no momento e tentou filmar com o próprio celular as cenas que ocorreram a partir dali.

“Uns perguntaram se eu estava louco por estar com aquela camisa. Outros disseram pra eu tirar a camisa se quisesse permanecer por lá. Eu me neguei a atender tais pedidos e as ofensas continuaram”, revelou.

Ele declarou ao Comprova que procurou o centro acadêmico da instituição para fazer denúncia sobre os ataques e, ao retornar do local, vários estudantes o cercaram e foi quando teve início outra série de agressões verbais e até físicas, segundo ele.

Fontenelle afirmou que no mesmo dia, depois da confusão, pouco depois das 17 horas, procurou o 24º Distrito Policial em Fortaleza para registrar denúncia contra pessoas identificadas por ele e que promoveram a série de ataques na instituição. O Comprova solicitou o documento à Polícia Civil do Ceará, mas não houve retorno até o fechamento desta verificação.

Posição da UFC

A Universidade Federal do Ceará confirmou ao Comprova, por meio de nota, que o fato envolvendo o estudante ocorreu em maio de 2016. Na época, a UFC diz que se manifestou oficialmente pela instauração do bom senso, convivência pacífica e democracia.

Segundo a instituição, foram abertas duas sindicâncias para apurar o ocorrido, que tramitaram regularmente e com procedimentos legais cumpridos. Ambas foram arquivadas por falta de provas.

A UFC concluiu a nota informando que não consta na instituição nenhuma formalização posterior, por parte do aluno, de suposto mau tratamento no ambiente acadêmico.

Em maio de 2016, a UFC também publicou nota sobre o assunto no portal da universidade.

Apoio de Bolsonaro

Na época, segundo reportagem do jornal O Povo, Bolsonaro gravou um vídeo em apoio a Fontenelle. Na gravação, o então deputado dizia estar chateado com o episódio, falou sobre intolerância e prometeu fazer grande evento em Fortaleza.

“Fiquei muito chateado com o que aconteceu, a intolerância por parte dessas pessoas que pregam o ódio de verdade. Deveriam buscar o diálogo contigo, e não na agressão, na cusparada, que parece que virou moda da esquerda derrotada do nosso país”, disse Bolsonaro.

Pós-denúncias

Ao Comprova, Fontenelle informou que recorreu contra a decisão do processo administrativo instaurado pela universidade contra os estudantes, pedindo para que fosse revisada a pena e a ausência de punição contra os responsáveis pelas agressões.

Fontenelle disse que abandonou o curso meses depois do episódio, pois diz ter sido vítima permanente de preconceito por diferentes estudantes da UFC.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e peças que questionam o resultado das eleições presidenciais. O post verificado, ao descontextualizar uma situação envolvendo o nome do atual presidente do Brasil, pode manipular a opinião pública e gerar danos à democracia.

Outras checagens sobre o tema: Em outubro de 2018, o jornal O Povo publicou uma matéria afirmando que, apesar de o vídeo ser verdadeiro, estava sendo compartilhado fora de contexto.

Em relação a outros materiais envolvendo Jair Bolsonaro, o Comprova mostrou que Richarlison não dedicou gols a ele em jogo contra a Sérvia; que é falso que Holanda, Índia e Rússia tenham oferecido apoio militar ao presidente; e que Bolsonaro não fez “Carta à Nação” para respaldar manifestações, ao contrário do que afirma vídeo.

Eleições

Investigado por: 2022-12-01

Ao contrário do que alega teoria conspiratória, Lula está vivo e não foi substituído por sósia

  • Falso
Falso
São falsas as alegações de que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) morreu, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Conteúdos falsos afirmam que o político foi substituído por um sósia. Além das aparições públicas do petista, as assessorias de imprensa de Lula e do hospital afirmam que essas alegações não procedem.

Conteúdo investigado: Conteúdos com alta viralização, incluindo áudios e fotos que circulam pelo WhatsApp e vídeos no Facebook, alegam que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria morrido e que essa informação estaria sendo escondida até a diplomação da chapa eleita. As postagens sugerem que seu corpo estaria sendo ocultado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, enquanto um sósia cumpre a agenda do petista usando máscaras e tentando esconder o dedo mínimo. Algumas publicações chegam a usar a história para incentivar a população a participar de atos antidemocráticos, que já duram um mês, e sugerir que Lula não tomará posse como presidente da República.

Onde foi publicado: Facebook, Kwai e WhatsApp.

Conclusão do Comprova: Postagens usam diferentes teorias da conspiração para sugerir a morte do presidente eleito Lula e a existência de um acordo para que um sósia o substitua em compromissos até a diplomação. Lula fez uma cirurgia no dia 20 de novembro, mas está vivo, teve alta e cumpre agenda. A equipe médica também descarta a presença de “neoplasia”. A afirmação sobre a morte é falsa, bem como a tese de que Bolsonaro poderia assumir ou novas eleições serem convocadas, o que não tem amparo legal.

Uma agenda pública recente descarta a morte do presidente eleito. Lula foi para Brasília no domingo (27) e esteve na segunda-feira (28) na sede do Gabinete de Transição, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), para reunião com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB). Na noite de segunda e na terça-feira (29), Lula se reuniu com lideranças do MDB, União Brasil e do PSD.

Procurado pelo Comprova, o Sírio-Libanês afirmou que não procedem as alegações de que Lula teria morrido nas dependências do hospital. No dia 20, Lula deu entrada no Hospital Sírio-Libanês para a realização de procedimento para tratar lesão na prega vocal esquerda. O procedimento mostrou ausência de tumor maligno na região. O político teve alta médica no dia seguinte.

Conteúdos falsos alegam que o petista foi substituído por um outro homem com 10 dedos. O político perdeu o dedo mínimo esquerdo em um acidente de trabalho em 1964, quando atuava como metalúrgico no ABC Paulista. As postagens utilizam foto publicada originalmente no Instagram de Rosângela da Silva, esposa do político conhecida como “Janja”, para enganar sobre a existência de um sósia de Lula. Entretanto, a foto mostra a mão direita de Lula, que possui todos os dedos, e foi feita no espelho que refletiu a imagem. Além disso, o registro foi compartilhado em outubro de 2021, quando o casal era noivo e a aliança era usada na mão direita.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também explicou ao Comprova que, caso um presidente eleito morrer antes da diplomação, deve ocorrer a substituição do presidente pelo vice-presidente e depois pelos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF). Só há previsão de novas eleições no caso de vacância de ambos os casos.

O Comprova considera falso qualquer conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O conteúdo está sendo replicado em diferentes redes e circula no WhatsApp. Uma das postagens no Facebook, antes de ser apagada, chegou a ter mais de 600 mil visualizações.

O que diz o responsável pela publicação: O Comprova entrou em contato com o responsável pela publicação do Facebook através de mensagem direta na rede social.

No Facebook, o perfil reagia e compartilhava informações presentes em um vídeo no Kwai que reproduz áudio do WhatsApp com as alegações falsas. O usuário afirmou que considera seu conteúdo como uma reação do que já existia.

De acordo com ele, sua intenção no momento da publicação foi “dar publicidade aos fatos para que órgãos competentes possam verificar os fatos”. Ele ainda afirmou que não sabe se as informações são verdadeiras e que apenas se preocupou como todo brasileiro.

Posteriormente, quando questionado sobre o motivo de ter excluído o vídeo, o usuário alegou: “Gosto de publicar conteúdo verdadeiro, verifiquei os comentários e percebi que muitos disseram ser Fake News, devido isso resolvi excluir”.

O conteúdo foi divulgado por uma página com mais de 9 mil seguidores. Não há postagens anteriores ao dia 30 de novembro de 2022. Conteúdos antigos foram excluídos.

Como verificamos: O Comprova buscou o boletim médico do presidente eleito que foi disponibilizado pelo Hospital Sírio-Libanês. Ele conta com a assinatura de dois médicos da diretoria do hospital e menciona outros cinco nomes de médicos da equipe que participaram do procedimento. Também entrou em contato com a equipe de Lula e se baseou em outras checagens de imagens que comprovam desinformações relacionadas às fotos que ilustram o vídeo que sugere falsamente que um sósia com 10 dedos estaria cumprindo a agenda do presidente eleito. Além disso, o Comprova também buscou imagens e notícias em que Lula cumpriu agenda com lideranças nacionais e internacionais, até mesmo com partidos que não compuseram a chapa do presidente eleito.

Lula teve compromissos públicos nos dias apontados como data de sua morte

Uma agenda pública recente descarta a morte do presidente eleito por volta do dia 20. Lula teve alta do Hospital Sírio-Libanês no dia 21, após uma cirurgia bem-sucedida de correção de uma lesão na garganta e descansou por recomendações médicas. Lula foi para Brasília no domingo (27) e esteve na segunda-feira (28) na sede do Gabinete de Transição, no CCBB, em Brasília, para reunião com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin.

Na noite de segunda e na terça-feira (29), Lula se reuniu com lideranças do MDB, União Brasil e do PSD. Uma outra versão alega que Lula já estaria morto na manhã do dia 5 de novembro, mas os registros da participação de Lula na COP 27 e encontros com lideranças mundiais também desmentem esse boato. A assessoria de imprensa do presidente eleito esclareceu ainda que Lula está bem de saúde. “Ele saiu do hospital de um procedimento simples na garganta na segunda, dia 21 de novembro, como foi divulgado em boletim médico”, informou.

Hospital Sírio-Libanês atesta que Lula teve alta médica

Procurado pelo Comprova, o Sírio-Libanês afirmou que não procedem as declarações de que Lula teria morrido nas dependências do hospital. “As comunicações dos pacientes do Hospital Sírio-Libanês são feitas por meio de boletins médicos mediante a aprovação do próprio paciente ou familiares”, indicou a empresa hospitalar. Há quatro boletins-médico sobre o estado de saúde de Lula no hospital. Dois deles são de novembro deste ano.

O primeiro, publicado no dia 12, informa que o presidente eleito esteve no hospital para avaliação clínica multidisciplinar de rotina. Segundo o documento, foram realizados exames de imagens, que estão normais e seguem mostrando completa remissão do tumor diagnosticado em 2011. Um teste mostrou alterações inflamatórias decorrentes do esforço vocal e a existência de uma pequena área de leucoplasia, um tipo de lesão na laringe.

No dia 20, Lula deu entrada no Hospital Sírio-Libanês para a realização de uma laringoscopia para retirada de leucoplasia da prega vocal esquerda. O procedimento mostrou ausência de neoplasia, tumor maligno na região. O político teve alta médica no dia seguinte.

Lula não foi substituído por sósia

Fotos espelhadas, montagens e destaques enganosos de sombras em imagens de Lula são usados para sugerir que o presidente eleito estaria sendo substituído por um sósia que usa máscaras projetadas, de acordo com o conteúdo enganoso, no Projac da TV Globo. Também sugerem nessas imagens enganosas que Lula aparece com 10 dedos (o petista sofreu um acidente em 1964, quando era torneiro mecânico e não tem o dedo mínimo esquerdo).

Postagens utilizam foto publicada originalmente no Instagram de Rosângela da Silva, esposa do político conhecida como “Janja”, para sugerir a suposta existência de um sósia. A foto mostra a mão direita de Lula e foi feita diante de um espelho, que refletiu a imagem. Além disso, o registro foi compartilhado em outubro de 2021, quando o casal era noivo e a aliança era usada na mão direita.

Conteúdos falsos sobre a morte de Lula começaram a ser compartilhados após a vitória do petista nas eleições deste ano. Alegações semelhantes já foram desmentidas por diversas agências de checagem, como Boatos.org, Agência Lupa, Fato ou Fake e UOL Confere.

Diplomação

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou na terça-feira (29) que a cerimônia de diplomação de Lula e Geraldo Alckmin está marcada para às 14h do dia 12 de dezembro e marca o encerramento do processo eleitoral. O Comprova perguntou ao TSE o que acontece se um presidente eleito morrer antes da diplomação. A equipe de comunicação do Tribunal indicou que a situação é amparada pelos artigos 79 e seguintes da Constituição Federal, que prevê primeiro a substituição do presidente pelo vice-presidente e depois pelos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF). Só há previsão de novas eleições no caso de vacância tanto do cargo de presidente como do de vice-presidente.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e peças que questionam o resultado das eleições presidenciais. O conteúdo mente sobre o estado de saúde do presidente eleito Lula e gera desconfianças falsas sobre a conduta do político e sobre o processo democrático como um todo, inclusive dá margem para a possibilidade do atual presidente, Jair Bolsonaro, se manter no cargo ou disputa novamente o Palácio do Planalto para assumir em 2023.

Outras checagens sobre o tema: Boatos.org, Agência Lupa, Fato ou Fake e UOL Confere já desmentiram informações sobre a morte de Lula.

Recentemente, o Comprova mostrou ser falso que Lula não possa ser diplomado; que vídeo inventa declarações de Gleisi Hoffmann sobre redução de benefícios para militares no governo Lula; e que é falso que Lula tenha forjado viagem para COP 27, no Egito, e discursado em porão cenográfico.

Comunicados

Investigado por: 2022-11-30

Aplicativo do Comprova recebe prêmio da Google Play Store

O aplicativo para celulares do Projeto Comprova é o vencedor do Best of 2022 da Google Play Store para o mercado brasileiro na categoria Melhores apps do bem. O resultado do prêmio foi divulgado nesta quarta-feira, 30 de novembro. A premiação valoriza aplicativos inspiradores, que ajudem a criar conexões e explorar novos mundos e que valorizem a aprendizagem de novas habilidades.

O Projeto Comprova é uma coalizão de 43 veículos de comunicação liderada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) que investiga colaborativamente a veracidade de conteúdos duvidosos disseminados em redes sociais, aplicativos de mensagens e sites hiperpartidários. O app é parte do esforço do Comprova para elevar a capacidade crítica dos cidadãos para lidar com a desinformação.

O aplicativo foi lançado em agosto deste ano como um recurso que oferece múltiplas funções aos seus usuários. Além de reproduzir as checagens feitas pelos jornalistas do Comprova, o aplicativo oferece dicas para detectar desinformação e não disseminá-la, permite o envio de sugestões de checagem aos editores do projeto e incentiva os usuários a fazerem suas próprias verificações de imagens suspeitas.

Uma nova atualização, a ser lançada em 2023, vai ampliar os recursos disponíveis para que o aplicativo possa ser utilizado também em projetos de educação midiática.

O aplicativo foi desenvolvido pela Vórtigo e contou com apoio e financiamento do Google Brasil. Ele está disponível nas lojas de aplicativos Google Play Store e na Apple Store. A relação completa dos vencedores do Best of 2022 está disponível por este link.

Desde a sua criação, profissionais do Comprova já treinaram mais de 5 mil jornalistas e estudantes de jornalismo. Educação midiática é um dos compromissos do Projeto Comprova. A coalizão se une a diversas iniciativas brasileiras que trabalham para levar conhecimento aos cidadãos brasileiros para que possam analisar criticamente a mídia e seus produtos e saibam lidar com a desinformação. Um dos objetivos do aplicativo é servir de apoio didático a professores que desenvolvam projetos de educação midiática nas escolas.

As organizações de mídia envolvidas nesta quinta fase do Comprova são: A Gazeta (ES), AFP, Alma Preta, Band News, Band News FM, Band TV, Band.com.br, CNN Brasil, Correio (BA), Correio Braziliense, Correio de Carajás (PA), Correio do Estado (MS), Correio do Povo (RS), Crusoé, Diário do Nordeste (CE), Estadão, Estado de Minas (MG), Folha de S.Paulo, Grupo Sinos (RS), GZH (RS), imirante (MA), Jornal do Commercio (PE), Metro Brasil, Metrópoles, Nexo Jornal, NSC Total (SC), O Dia (RJ), O Liberal (PA), O Popular (GO), O Povo (CE), Plural (PR), Poder360, Portal Norte de Notícias (AM), Rádio Bandeirantes, Rádio CBN Cuiabá (MT), Rádio Nova Brasil FM (SP), revista Piauí, SBT, SBT News, Tribuna do Norte (RN), UOL, Veja e Yahoo! Notícias.

 

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Comprova Explica

Investigado por: 2022-11-29

Entenda pedido do PL para anular votos de eleição presidencial e a decisão do TSE

  • Comprova explica
Comprova explica
Num cenário pós-eleitoral recheado de desinformações e tentativas de desestabilizar a democracia no país, o Comprova explica o mais recente ato do presidente Jair Bolsonaro e sua legenda, o Partido Liberal (PL), para contestar e reverter o resultado do pleito de 2022. A coligação Pelo Bem do Brasil, composta ainda pelos partidos Progressistas e Republicanos, entrou com pedido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que fossem invalidados os votos de 59,18% das urnas eletrônicas usadas no segundo turno, sob alegação de mau funcionamento. Se fosse aceito, Bolsonaro asseguraria, conforme a petição, sua reeleição na disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entenda os argumentos da coligação e as análises técnicas referentes às urnas que motivaram a ação, bem como a decisão da Justiça que indeferiu a petição.

Conteúdo analisado: Pedido de verificação extraordinária do segundo turno das eleições presidenciais 2022 impetrado pela coligação Pelo Bem do Brasil (formada pelos partidos Liberal, Republicanos e Progressistas), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para invalidação de 59,18% das urnas usadas no segundo turno. A ação foi impetrada depois de rumores que circularam, inclusive entre filiados ao PL, de que a legenda pediria a anulação do pleito, a exemplo de vídeo publicado no Instagram por Alex Brasil, que havia sido candidato a deputado estadual por Santa Catarina. Na prática, o PL pedia que fossem desconsiderados os votos de cinco modelos de urnas eletrônicas anteriores ao ano de 2020, sob alegação de mau funcionamento. Se considerados apenas os resultados dos equipamentos de 2020, o vencedor da corrida ao Planalto, de acordo com a petição, seria Bolsonaro.

Comprova Explica: Depois de rumores de um suposto pedido de anulação das eleições circularem pelas redes sociais e serem até mesmo confirmados em matérias jornalísticas, como o fez O Antagonista, o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, veio a público afirmar que um relatório estava sendo elaborado, com o apontamento de supostas fragilidades nas urnas anteriores ao modelo 2020 – as UEs 2009, 2010, 2011, 2013 e 2015 – e que o documento seria apresentado ao TSE. No dia 22 de novembro, a coligação fez o pedido de revisão dos votos das referidas urnas, sob alegação de mau funcionamento.

No mesmo dia, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE e designado relator nessa ação, determinou que a coligação apresentasse, num prazo de 24 horas, pedido para a verificação abranger também a votação em primeiro turno, uma vez que as urnas eletrônicas alvo do questionamento da coligação foram usadas nos dois turnos da eleição.

No entanto, em 23 de novembro, a coligação manteve o posicionamento, requisitando a revisão dos votos de parte das urnas, mas sem incluir dados do primeiro turno. Como o pedido de verificação não atendeu ao que foi solicitado pela Justiça Eleitoral, e considerando não haver as irregularidades sugeridas na petição, nem provas do mau funcionamento dos equipamentos, Alexandre de Moraes indeferiu o pedido da coligação e ainda aplicou uma multa de R$ 22,9 milhões aos partidos que a compõem por litigância de má-fé, isto é, quando a Justiça é acionada sem razão para tal. Depois, Progressistas e Republicanos foram excluídos da ação para pagamento da multa. Na sua manifestação, o ministro também rebateu as hipóteses de fragilidade levantadas na ação, com documentação técnica detalhando que todas as urnas são passíveis de identificação individual.

Como verificamos: Diante das primeiras alegações de que o PL iria pedir a anulação da eleição presidencial, hipótese levantada em vídeo por Alex Brasil, líder do Movimento Vem pra Direita de Florianópolis e candidato do partido derrotado na disputa a uma vaga na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, o Comprova buscou informações sobre a veracidade da ação. A princípio, a assessoria da legenda não confirmou a medida, apesar de matérias jornalísticas também indicarem a intenção do PL de solicitar a anulação da votação em segundo turno, que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra Jair Bolsonaro (PL) na corrida ao Palácio do Planalto.

O primeiro passo foi buscar reportagens que contextualizam o possível pedido de anulação do pleito eleitoral pelo PL. Em seguida, a equipe contatou a assessoria de imprensa do partido. Também buscamos com a assessoria do TSE, em diversos momentos, informações sobre a existência do pedido do PL, bem como os eventuais encaminhamentos a serem adotados pelo tribunal após o recebimento da ação.

Após confirmação do pedido, tivemos acesso à íntegra do documento protocolado pelo partido. Para entender as alegações contidas no documento, consultamos na imprensa reportagens que tratavam do indeferimento do pedido por parte do presidente do TSE, bem como as sanções impostas por ele às siglas que compõem a coligação Pelo Bem do Brasil.

Por fim, ainda recordamos um conteúdo feito recentemente pelo Comprova, que trata do funcionamento das urnas de modelo anterior a UE 2020 – cujo equipamento vem sendo alvo de conteúdos de desinformação.

O pedido da coligação de Bolsonaro

A coligação Pelo Bem do Brasil entrou no TSE com um pedido de verificação extraordinária do segundo turno das eleições presidenciais deste ano. A ação foi impetrada depois de rumores que circularam inclusive entre filiados do PL, de que a legenda pediria a anulação do pleito. Na prática, ela solicitava que fossem invalidados os votos de 59,18% das urnas usadas no segundo turno, todas de modelos anteriores ao ano de 2020, sob alegação de mau funcionamento. Se considerados apenas os resultados dos equipamentos de 2020, o vencedor da corrida ao Planalto, de acordo com a petição, seria Bolsonaro, que disputou a reeleição e perdeu para Lula.

A petição foi assinada pelo advogado Marcelo Luiz Ávila de Bessa. A coligação Pelo Bem do Brasil foi representada na ação pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e pelo seu candidato a vice na disputa deste ano, Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil.

O documento pedia a criação de Comissão Técnica Independente de Verificação Extraordinária, “formada por profissionais especializados, com notório saber técnico em auditoria de sistemas de informação, através de arquivos de LOG de sistemas, que não fossem filiados a qualquer partido político, nem servidores ou colaboradores da Justiça Eleitoral, a fim de garantir a total transparência dos trabalhos de verificação”. E ainda a invalidação dos votos contabilizados em cinco modelos de urnas, todas anteriores ao ano de 2020: UE2009, UE2010, UE2011, UE2013 e UE2015. Seriam validados apenas os votos das urnas modelo 2020 (segundo a legenda, elas não apresentaram problemas). E, se contabilizados somente esses, Bolsonaro seria reeleito com 51,05% dos votos, segundo o relatório.

Relatório do Instituto Voto Legal encomendado pelo PL

O pedido foi feito com base no “Relatório técnico sobre o mau funcionamento das urnas eletrônicas”, um laudo de auditoria encomendado pelo PL ao Instituto Voto Legal (IVL). O texto da petição sugeria “inconsistências graves e insanáveis acerca do funcionamento de uma parte das urnas eletrônicas utilizadas no pleito eleitoral de 2022, que precisam ser devidamente analisadas e solucionadas”.

O ponto chave do relatório no qual a ação se baseia é uma suposta falha na individualização de cada arquivo Log de Urna e seu impacto nas etapas posteriores, tais como o Registro Digital do Voto (RDV) e a emissão do Boletim de Urna (BU). A consequência seria “ausência de certeza quanto à autenticidade do resultado da votação”. De acordo com a Justiça Eleitoral, em linguagem de programação, “log de aplicação é uma expressão utilizada para descrever o processo de registro de eventos relevantes em um sistema computacional”. Assim, a urna eletrônica registra todas as atividades de funcionamento e eventuais falhas em arquivos de log, que ficam disponíveis para avaliação.

A ação no TSE argumentava que cada uma das mais de 400 mil urnas eletrônicas das eleições em 2022 deveria apresentar um número válido para o código de identificação em cada linha de registro de atividade no arquivo Log de Urna, correspondente ao número de série do equipamento. O documento explica tratar-se de um código de identificação da urna eletrônica gravado em seu hardware, “pois, além de ser gravado de forma imutável em seu hardware, urna eletrônica física, compila o registro de todas as atividades realizadas naquele equipamento específico desde o início do processo eleitoral até o encerramento da votação”.

Esse código, segundo o relatório do IVL, seria o único elemento capaz de validar e certificar o que se passa numa urna durante o processo eleitoral. “Sem a correta individualização do arquivo Log com o número de identificação da urna, não é possível realizar, com a certeza e a higidez que o sistema eleitoral brasileiro exige, a vinculação entre a unidade física – urna eletrônica – e o documento gerado por ela”, diz a representação. O relatório mostra ainda que todas as urnas eletrônicas anteriores ao modelo UE2020 exibiram, após o término da votação, o número de LOG genérico 67305985, no lugar de um número único e diferente uns dos outros. Na ação no TSE, o advogado que representa a coligação Pelo bem do Brasil pôs em dúvida o total de votos por partido, por candidato, em branco, total de comparecimento em voto e total de nulos registrados nos Boletins de Urna e, logo, a fidelidade dos votos depositados pelos eleitores.

No despacho de 23 de novembro, o ministro Alexandre de Moraes acrescentou documentação técnica para demonstrar que as urnas eletrônicas, de todos os modelos, são passíveis de identificação individual. “Os argumentos da requerente, portanto, são absolutamente falsos, pois é totalmente possível a rastreabilidade das urnas eletrônicas de modelos antigos”, ressaltou, na decisão.

No documento, assinado por Júlio Valente da Costa Júnior, secretário de Tecnologia da Informação do TSE, somente sobre a possibilidade de identificação da urna eletrônica a explicação é apresentada em sete tópicos, descrevendo e mostrando em fotos, como é feito todo o processo.

Em um dos pontos, ele disse que as urnas eletrônicas podem ser identificadas fisicamente e logicamente. “Do ponto de vista físico, urnas eletrônicas possuem identificação com seus números patrimoniais, já que fazem parte dos conjuntos patrimoniais dos tribunais da Justiça Eleitoral”, descreveu.

Do ponto de vista lógico, continuou Júlio Valente, a identificação das urnas depende de terem sido preparadas para as eleições, pois nem todas são usadas. Aquelas que são utilizadas recebem uma carga de dados e programas, conforme previsto dos artigos 83 a 90, da Resolução do TSE 23.669/2021. Essa carga gera um código que identifica que a urna em questão foi preparada para uma determinada seção eleitoral naquela cerimônia específica.

“Esse código de carga é o que identifica não somente a urna eletrônica, como também o momento de sua preparação e a seção em que recebeu votos.”

 

| Reprodução de imagem que consta da Resposta Técnica ao requerimento do Partido Liberal

Violação

A ação da coligação afirma ainda que, segundo o relatório da auditoria, teria havido cerca de 800 casos de “violação do sigilo de dados pessoais”, tais como número do título e nome completo do eleitor, registrados nos cinco modelos de urnas objeto da representação.

A Justiça Eleitoral já havia se pronunciado anteriormente sobre o assunto, dizendo que os Logs das urnas eletrônicas são dados públicos e não revelam votos de eleitores. Sem relação com as escolhas dos candidatos, nomes podem aparecer nos logs das urnas quando o terminal do mesário apresenta problema na hora de escrever algum texto no Display de Cristal Líquido (LCD). “Se essa escrita falhar, então é registrado no log o texto que se tentou escrever. Se esse texto for o nome do eleitor, então ele pode ficar registrado no log”, afirma.

Para responder à ação, Alexandre de Moraes reafirmou, com o documento técnico, a impossibilidade de violação do voto. Em resumo, o despacho aponta que o software de votação (Vota) não registra no log qualquer tipo de identificação do eleitor, tampouco o voto que foi depositado na urna. Os registros de nomes ou títulos encontrados nos logs referem-se aos textos do terminal do mesário que não foram apresentados no LCD de texto.

“É preciso enfatizar que isso não representa quebra de sigilo de voto, uma vez que não existe vinculação entre o eleitor e o voto registrado. E ainda não é possível rastrear as escolhas de determinado eleitor, feitas na urna eletrônica, a partir de tal informação”, informa um trecho do documento.

No despacho, ressaltou-se, ainda, os inúmeros testes públicos de segurança realizados, ressaltando que no último deles feito para as eleições de 2022 houve um número recorde de participação de investigadores, peritos, acadêmicos e membros da comunidade tecnológica, para testes especificamente desenhados com o objetivo de vulnerar o sigilo do voto. “Nenhum dos testes logrou êxito quando aplicado em ambiente de votação”, sustentou o secretário Júlio Valente.

Manifestação do TSE

O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, deu 24 horas à defesa da coligação para acrescentar à petição pedido para que a verificação abrangesse também o primeiro turno, uma vez que as urnas eletrônicas em questão foram usadas nos dois turnos do pleito, sob pena de indeferimento. Em entrevista coletiva, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, alegou que o pedido diz respeito apenas ao segundo turno, pois “conseguiram pegar essa discrepância apenas no segundo turno, não conseguiram no primeiro”.

O advogado, Marcelo Ávila de Bessa, insistiu que indícios de mau funcionamento existem e seriam ponto de acordo entre diversos auditores. “A divergência é em relação às consequências desses erros e é isso que tem que ser averiguado no pedido de verificação.”

Moraes impõe multa de R$ 22 milhões

Na tarde de 23 de novembro, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, negou o pedido de verificação extraordinária feito pelo PL. Na decisão, ele ainda impôs uma multa de R$ 22,9 milhões aos partidos que compõem a coligação por litigância de má-fé, quando há um entendimento de que a Justiça foi acionada de forma irresponsável.

Moraes apontou que a ação que pede a invalidação de parte dos votos do segundo turno da disputa presidencial não apresenta qualquer indício ou prova de fraude que justifique a reavaliação.

“Ora, as mesmas urnas eletrônicas, de todos os modelos em uso, foram empregadas por igual tanto no Primeiro Turno como no Segundo Turno das Eleições 2022, sendo impossível dissociar ambos dos períodos de um mesmo pleito eleitoral”, cita trecho da decisão.

O presidente ainda classificou o pedido do PL como “exdrúxulo”, “ilícito” e feito de maneira inconsequente. Em sua decisão, determinou também a suspensão dos repasses do fundo partidário às siglas da coligação Pelo Bem do Brasil até que a multa seja quitada, bem como a abertura de um processo administrativo pela Corregedoria-Geral Eleitoral para apurar “eventual desvio de finalidade na utilização da estrutura partidária, inclusive de Fundo Partidário”.

Por fim, determinou o envio de cópias do inquérito ao STF, no âmbito da investigação sobre a atuação de uma suposta milícia digital para atacar a democracia e as instituições, com a inclusão de Valdemar Costa Neto no inquérito e também de Carlos Rocha. Formado em engenharia eletrônica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), ele é o presidente do Instituto Voto Legal.

Modelo das urnas

Durante todo o processo eleitoral, Bolsonaro e seus apoiadores tentaram tirar a credibilidade do sistema eletrônico de votação. Com a derrota na disputa presidencial, as manifestações nesse sentido foram reforçadas, com o objetivo de deslegitimar a vitória de Lula. O bom-funcionamento e a possibilidade de auditoria das urnas de modelo anterior à UE 2020, inclusive, já haviam sido alvo de conteúdos de desinformação, como demonstrado pelo Comprova.

O TSE informou que as urnas mais antigas estão em uso desde 2010 (UE 2009 e UE 2010) e todas utilizadas em 2022 já haviam sido usadas nas eleições de 2018, ano em que Jair Bolsonaro foi eleito. Nesse período, os equipamentos foram submetidos a diversas análises e auditorias, tais como: a Auditoria Especial do PSDB em 2015 e seis edições do Teste Público de Segurança – TPS (2009, 2012, 2016, 2017, 2019 e 2021).

O TPS é um evento fixo no calendário eleitoral – previsto na Resolução nº 23.444 do TSE – que tem o propósito de detectar brechas e fragilidades no sistema eletrônico eleitoral. Qualquer cidadão brasileiro pode apresentar um plano de ataque ao sistema durante um período pré-determinado.

Na edição de 2021, o TPS foi realizado com o modelo UE 2015. As Forças Armadas chegaram a questionar o motivo de o teste não ter sido feito com o modelo mais recente. Na época, o TSE explicou que o equipamento e os sistemas do modelo de 2020 ainda estavam em desenvolvimento quando os sistemas e a urna foram submetidos ao teste, de 22 a 26 de novembro de 2021, na sede do tribunal em Brasília.

O TSE, então, delegou ao Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores (LARC), da Escola Politécnica da USP (EP-USP), à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) a tarefa de conduzir três testes de segurança independentes com o modelo 2020. Todas as instituições concluíram que não havia risco de fraude, conforme demonstrado nesta verificação do Comprova.

Por que explicamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizaram nas redes sociais sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e peças que questionam o resultado das eleições presidenciais. A seção Comprova Explica é utilizada para a divulgação de informações a partir de conteúdos que viralizam e causam confusão, como o suposto pedido de anulação da eleição presidencial. No momento atual, peças de desinformação acabam inflamando atos com intenção golpista pelo país, o que pode tumultuar a democracia.

Outras checagens sobre o tema: Diversos conteúdos de desinformação circulam nas redes sociais na tentativa de descredibilizar o sistema eleitoral brasileiro. Com isso, alguns temas passam a ser alvo de buscas constantes na internet. Nos últimos dias, a seção Comprova Explica já mostrou que posts desinformam ao confundir recontagem com retotalização de votos e que o artigo 142 da Constituição Federal não prevê intervenção federal, nem militar.

Sobre urnas eletrônicas, verificamos ser falsa a informação de que votos de eleitores tenham sido revelados a partir da decodificação dos sistemas das urnas e que votos depositados em urnas após as 17 horas não indicam fraude.

Política

Investigado por: 2022-11-29

Vídeo mostra casamento de noivos espanhóis, não de futuro diretor da Polícia Rodoviária Federal

  • Falso
Falso
É falso vídeo que mostra casamento entre dois homens afirmando que seria a cerimônia de união do futuro diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF). A gravação original exibe o matrimônio de um casal na Espanha. Além disso, não foi confirmado quem será o profissional que ocupará o cargo no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Conteúdo investigado: Vídeo do TikTok mostra cenas de um casamento de dois homens publicadas com a legenda e um emoji de coração: “Casamento do nosso futuro diretor-geral da PRF. Lindo demais!!!”.

Onde foi publicado: TikTok e YouTube.

Conclusão do Comprova: Vídeo que mostra o casamento de dois homens dizendo que um deles é o futuro diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) é falso. Como verificado pelo Projeto Comprova a partir de busca reversa, a gravação foi feita na Espanha e mostra dois homens que vivem lá.

O vídeo original foi publicado no TikTok em 25 de outubro deste ano, mas, como foi possível verificar no Instagram, o primeiro post com imagens do casamento foi publicado em 24 de setembro. A data aparece em um painel comemorativo da cerimônia, sugerindo que seja o dia da união. Além disso, postagens de ambos os noivos fazem menção a Barcelona, na Espanha, e a bandeira do país também surge em diversas imagens nas redes sociais do casal.

Publicado por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), o post também mente ao afirmar que já é sabido quem será o diretor-geral da PRF no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O único nome que já apareceu como possível cotado para o cargo é o de Fabrício Rosa, policial rodoviário federal goiano e filiado ao PT, como publicado pelo O Povo. Gay, ele é um dos diretores da Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBTQI+, formado por policiais que combatem a LGBTFobia no ambiente institucional. Fabrício Rosa também é a favor da descriminalização das drogas e faz parte do movimento de policiais antifascistas. Comentários no mesmo vídeo publicado no YouTube sugerem, falsamente, se tratar de Rosa nas imagens.

O Comprova considera falso qualquer conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 29 de novembro, no TikTok, a postagem falsa alcançou 9,2 mil curtidas, 22,2 mil compartilhamentos e 1,2 milhão de visualizações.

O que diz o responsável pela publicação: O post foi publicado por um perfil que apoia o presidente Jair Bolsonaro. O dono da conta tem postado gravações nos atos antidemocráticos no Rio de Janeiro. A reportagem tentou contatá-lo por meio de comentário no post no TikTok, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

Como verificamos: Por meio de busca reversa por imagens, encontramos o vídeo original publicado no TikTok. A reportagem também pesquisou quem poderia ser o “futuro diretor-geral da PRF” e encontrou links de matérias (O Povo, Antagonista e O Popular) que falam de Rosa como “nome cotado para assumir a direção-geral” do órgão no governo Lula.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e peças que questionam o resultado das eleições presidenciais. Além de o post verificado apresentar conteúdo homofóbico, publicações com intenção de ofender eventuais ocupantes de cargos no próximo governo podem manipular a opinião pública e gerar danos à democracia.

Outras checagens sobre o tema: O Boatos.org verificou o mesmo conteúdo e conclui ser falsa a alegação que aponta que um dos noivos que aparecem no vídeo de um casamento gay que viralizou seja do futuro diretor-geral da PRF.

Recentemente, o Comprova mostrou ser falso que Lula tenha forjado viagem para COP 27, no Egito, e discursado em porão cenográfico, que Lewis Hamilton não carregou bandeira do Brasil em apoio a atos golpistas, e que é falso que Lula indicou esposa de Marcola, do PCC, para ser ministra.

Eleições

Investigado por: 2022-11-29

Richarlison não dedicou gols a Bolsonaro em jogo contra a Sérvia

  • Falso
Falso
É falso que o atacante Richarlison, camisa 9 do Brasil, tenha dedicado ao presidente Jair Bolsonaro (PL), durante entrevista pós-jogo à TV Globo, os dois gols que fez na partida contra a Sérvia, na estreia da seleção na Copa do Mundo do Catar. O jogador falou de sua recuperação e da dúvida que pairava, anteriormente, sobre sua participação no Mundial. E agradeceu aos companheiros de equipe o resultado do jogo.

Conteúdo investigado: Post no TikTok com foto do atacante da seleção brasileiro Richarlison Andrade. A publicação é acompanhada da legenda: “Dedico os dois gols que fiz ao maior patriota brasileiro: Jair Messias Bolsonaro. Ele foi, é e sempre será nosso presidente”. Segundo o post, a declaração teria sido dada à TV Globo, após partida do Brasil contra a Sérvia, no jogo de estreia da seleção na Copa do Mundo do Catar 2022.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: É falso que Richarlison, atacante da Seleção Brasileira, tenha dedicado ao presidente Jair Bolsonaro (PL), durante entrevista pós-jogo à TV Globo, os dois gols que marcou na partida contra a Sérvia, na estreia do Brasil na Copa do Mundo do Catar.

A partida – válida pelo grupo G – ocorreu no dia 24 de novembro, no estádio Lusail, em Doha. A rede balançou somente no segundo tempo do jogo: aos 16 e aos 27 minutos.

Ao final da transmissão, o autor dos dois gols da partida concedeu entrevista à TV Globo e falou essencialmente de sua recuperação às vésperas do Mundial e do jogo de estreia. Questionado pelo repórter Eric Faria sobre o segundo gol, de voleio, Richarlison lembrou que já havia feito uma jogada no mesmo estilo durante treinamento da Seleção na Itália e ainda falou de suas projeções para a sequência do Brasil na Copa.

Nenhum tema político foi abordado e não houve qualquer menção a Bolsonaro.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: Até o dia 28 de novembro, o post no TikTok tinha mais de 134 mil visualizações, 5,6 mil curtidas, 670 comentários e passava de 1,2 mil compartilhamentos.

O que diz o responsável pela publicação: Não foi possível o contato porque, no TikTok, não há troca de mensagem entre pessoas que não se seguem, mas as postagens do autor indicam apoio a Bolsonaro. Na plataforma, entre outras publicações, há um vídeo solicitando doações para atos antidemocráticos em Minas Gerais e outro, com uma reprodução falsa de site de notícias, alegando que o Nordeste seria separado do restante do país, caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fosse eleito. O mesmo perfil não foi localizado no Instagram, Facebook, Twitter ou YouTube.

Como verificamos: Iniciamos a verificação buscando no Google pelas palavras-chave “Richarlison” + “Bolsonaro”, que retornou a conteúdos publicados na imprensa envolvendo o atleta e um dos filhos do presidente, além de reportagens que tratam de posicionamentos políticos do jogador, como as da Folha de S. Paulo e da Revista Olé. Nenhum conteúdo com suposta homenagem do atacante ao presidente foi encontrado na imprensa. A agência Aos Fatos, o UOL Confere e o site Boatos.org também classificaram o conteúdo como falso.

Ainda pesquisando pelo Google, com os termos “entrevista” + “Richarlison” + “pós-gol” + “Sérvia”, foi possível localizar o vídeo com as declarações do jogador ao final da partida contra a Sérvia. Não há qualquer menção a Bolsonaro, nem mesmo em suas redes sociais, que também foram consultadas

Entrevista à TV Globo

Na entrevista à TV Globo concedida no fim da partida contra a Sérvia, Richarlison falou essencialmente de sua recuperação e do jogo. Nenhum tema político foi abordado. Questionado sobre o filme que passava em sua cabeça por ter ido à Copa do Mundo após se recuperar de uma lesão e ter se destacado na estreia, Richarlison respondeu que era um sonho de criança que se realizava. Ele falou sobre as incertezas que pairavam sobre sua participação no Mundial e lembrou o dia em que passou por exame médico. Afirmou ter valido a pena o esforço da recuperação, além de ressaltar a importância da vitória no primeiro jogo.

Na sequência, a pedido do repórter, ele falou sobre o segundo gol, de voleio, dizendo que havia marcado outro no mesmo estilo em jogo na Itália. “Espero continuar assim focado. É um dos gols, vou buscar mais, junto com meus companheiros, só tenho a agradecer a eles. No intervalo eu falei que só precisava de uma bola para finalizar e essa bola chegou”, afirmou. Ele terminou a entrevista lembrando que avisou que seria difícil furar o bloqueio da Sérvia, mas que está acostumado com jogos mais fechados, pois atua na Inglaterra e lá as equipes jogam assim.

Redes sociais

Verificamos também as redes sociais do jogador Richarlison – Instagram, Facebook e Tik Tok. Em nenhuma delas há qualquer menção, pelo menos ao longo deste ano, a política ou fatos políticos. Fotos e vídeos são totalmente voltados ao mundo do futebol.

Perfil progressista

Diferentemente do que sugere a postagem, a conduta pessoal de Richarlison o coloca num posicionamento mais progressista no espectro político. Após a vitória do Brasil sobre a Sérvia, inclusive, reportagens resgataram episódios em que o jogador se manifestou pró-ciência, a favor da vacina da covid-19, contra o racismo ou defendeu causas sociais.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e peças que questionam o resultado das eleições presidenciais. Publicações que mentem sobre eventuais apoios de figuras públicas aos dois candidatos que disputaram o segundo turno da eleição polarizam ainda mais o debate político no país, que permanece acirrado após a vitória de Lula. Apoiadores de Bolsonaro seguem questionando o resultado da votação e buscam conferir apoio de personalidades ao atual presidente.

Outras checagens sobre o tema: O conteúdo aqui verificado já foi desmentido pelo UOL Confere, Aos Fatos e pelo Boatos.org. Sobre a Seleção Brasileira, foi apurado que é falso o aumento de patrocínio a Neymar após ele declarar apoio a Bolsonaro, e também que o jogador Vini Jr. não declarou apoio ao presidente.

No ano passado, o Comprova também apurou que uma frase do lateral direito Daniel Alves de 2019 foi tirada de contexto para defender Bolsonaro e atacar Tite sobre Copa América.

Eleições

Investigado por: 2022-11-29

Richarlison não protestou contra falta de energia no Amapá na Copa; tuíte é sobre apagão de 2020

  • Sátira
Sátira
Ao contrário do que sugere um post no Facebook, o jogador de futebol Richarlison não publicou nada sobre um apagão no Amapá na última quinta-feira (24), dia da estreia do Brasil na Copa do Mundo 2022. O estado registrou falta de energia na data, pouco antes da partida, mas o tuíte que aparece no conteúdo verificado foi feito pelo jogador em 2020, quando o Amapá ficou 22 dias no escuro. A publicação é uma sátira.

Conteúdo investigado: Post no Facebook traz uma imagem de costas do jogador de futebol Richarlison Andrade com um tuíte do atleta sobre um apagão no Amapá. “Infelizmente o povo do Amapá não vai poder ver meu gol hoje pq não tem luz há DUAS SEMANAS”, diz parte do tuíte. O conteúdo é acompanhado da legenda “O cara não para de esquerdar” (sic).

Onde foi publicado: Facebook.

Conclusão do Comprova: É uma sátira a publicação no Facebook que sugere que o jogador Richarlison fez um tuíte sobre o apagão ocorrido no Amapá em 2022. O tuíte se refere a um episódio de 2020, quando o estado ficou 22 dias sem luz.

Apesar de o Amapá ter registrado falta de energia no dia 24 de novembro de 2022, a interrupção teve início às 15h (uma hora antes do jogo da seleção brasileira) e retornou cerca de 1 hora depois. No dia da estreia do Brasil, Richarlison fez quatro publicações no Twitter (1, 2, 3 e 4), todas sobre o segundo gol marcado por ele.

Já o tuíte de Richarlison utilizado na peça de desinformação foi publicado em 17 de novembro de 2020, quando o Brasil disputou as Eliminatórias da Copa do Mundo contra o Uruguai. Em entrevista depois da partida, na época, o jogador cobrou autoridades sobre a falta de energia no Amapá, que já durava duas semanas.

O Comprova classifica como sátira memes, paródias e imitações publicadas com intuito de fazer humor. Verificamos conteúdos satíricos quando percebemos que há pessoas tomando-os por verdadeiros.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 28 de novembro, o post alcançou 12 mil curtidas, 457 comentários e 3 mil compartilhamentos.

O que diz o responsável pela publicação: A página Menes de Esquerda tem 189 mil seguidores no Facebook e costuma publicar conteúdos satíricos sobre a esquerda do Brasil. O Comprova entrou em contato com o perfil por meio de mensagem na plataforma e, até o momento, não obteve retorno.

Como verificamos: Iniciamos a verificação buscando no Google pelas palavras-chave “Apagão no Amapá”, que resultou em reportagens jornalísticas sobre o blecaute que ocorreu no estado em 2020 e também sobre a falta de energia elétrica que atingiu 13 municípios do Amapá em 24 de novembro deste ano.

Em seguida, buscamos o tuíte de Richarlison utilizado na peça de desinformação e, por meio da pesquisa das palavras-chave “Richarlison + apagão + Amapá”, encontramos uma matéria do UOL de 2020 a respeito do assunto. Também comparamos a foto de perfil do Twitter atual do jogador com a do post investigado utilizando a ferramenta Web.Archive.org.

Amapá teve apagão durante jogo do Brasil na Copa

O Amapá enfrentou um apagão no dia 24 de novembro de 2022, registrando falta de energia elétrica em 13 dos 16 municípios do estado. Apenas as cidades de Oiapoque, Laranjal do Jari e Vitória do Jari não foram afetadas. A interrupção foi registrada uma hora antes da estreia do Brasil na Copa do Mundo, em que a seleção venceu a Sérvia com dois gols de Richarlison.

De acordo com matéria publicada pelo G1, a Energisa informou que uma descarga atmosférica provocou a interrupção na rede de transmissão de energia entre Laranjal e Macapá. A distribuição começou a normalizar por volta das 16h12 do dia 24.

Em novembro de 2020, o Amapá ficou 20 dias sem luz elétrica. Segundo o G1, um incêndio em 3 de novembro destruiu o transformador que levava luz à maior parte da população do estado. Após dois blecautes totais e 22 dias de fornecimento em rodízio, a energia foi restabelecida. Quase 90% da população (cerca de 765 mil pessoas) foi afetada na época.

A coincidência dos gols de Richarlison pela seleção após os desligamentos no Amapá levou alguns internautas amapaenses a associarem os fatos, como mostrou o GE.

Post de Richarlison é de 2020

Apesar do Amapá ter sofrido outro apagão pouco antes do jogo do Brasil na Copa deste ano, o tuíte de Richarlison utilizado no conteúdo investigado foi postado às 10h32 do dia 17 de novembro de 2020. Nessa data, a seleção brasileira jogou contra o Uruguai nas Eliminatórias da Copa do Mundo do Catar.

Richarlison marcou o segundo gol da seleção na partida. Depois do jogo, em entrevista organizada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o atacante pediu providências das autoridades em relação ao Amapá, que enfrentava duas semanas de apagão e instabilidade de energia elétrica.

“Queria dedicar esse gol a todas as pessoas do Amapá, sofrendo muito esses dias. Como cidadão brasileiro peço que as autoridades se pronunciem, o povo está sofrendo e poderiam dar atenção a mais. Peço que possam olhar com carinho, são cidadãos de bem, estão lutando. Imposto é muito caro, comida é muito cara, e agora, mais esse sofrimento. Espero que possam resolver isso”, afirmou o jogador, quando fez o post, em 2020.

Além disso, a foto de perfil de Richarlison no Twitter atualmente não é a mesma que aparece na peça de desinformação. Uma captura de tela realizada pela ferramenta Web.Archive.org mostra que o jogador utilizava a foto que aparece no post enganoso em 2020.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e peças que questionam o resultado das eleições presidenciais. O conteúdo verificado faz piada com uma situação séria que afetou cerca de 800 mil brasileiros. O Comprova faz verificações de conteúdos satíricos quando as pessoas que reagem a essas publicações as entendem como verdadeiras.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já fez outras checagens sobre o apagão do Amapá em 2020, quando imagens viralizaram insinuando que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tivesse destruído a estação de energia, causando o apagão no estado. Já sobre a seleção brasileira, foi apurado que é falso o aumento de patrocínio a Neymar após ele declarar apoio a Bolsonaro, e também que o jogador Vini Jr. não declarou apoio ao presidente.

Eleições

Investigado por: 2022-11-28

É falso que PT tenha projeto de expropriar empresas privadas

  • Falso
Falso
É falso que o Partido dos Trabalhadores (PT) tenha um projeto de expropriar empresas privadas que não estariam atuando de forma considerada correta com os trabalhadores, na avaliação da sigla, como afirma postagem em rede social. O programa, que teria o nome de Movimento sem Empresa, não existe, conforme informou ao Comprova a assessoria de imprensa do partido. Não há qualquer menção à suposta proposta no plano de governo da chapa Lula-Alckmin ou na imprensa.

Conteúdo investigado: Vídeo em que um homem, identificado como Itamar Flávio da Silveira, afirma haver um áudio de um “diretor do PT” sobre um suposto projeto que consistiria na desapropriação de empresas privadas que, na avaliação da sigla, não estariam agindo corretamente e pagando salários baixos a seus funcionários. O projeto teria o nome de Movimento sem Empresa e seria implementado a partir do primeiro trimestre do ano que vem.

Onde foi publicado: Kwai.

Conclusão do Comprova: Não é verdade que o Partido dos Trabalhadores (PT) tenha um projeto para expropriar empresas privadas que, de acordo com a sigla, não estejam atuando de forma correta, especialmente na relação com seus empregados, com oferecimento de baixos salários. A afirmação falsa é feita em vídeo viral postado, inicialmente, no Kwai. O responsável pela publicação diz que o projeto tem um nome: Movimento sem Empresa.

O Comprova consultou o plano de governo da chapa Lula-Alckmin e nele não consta qualquer menção ao suposto projeto. Também foi feita uma série de buscas na internet, no Google e em redes sociais, sem qualquer resultado que corroborasse a falsa afirmação.

As consultas mostraram que projeto semelhante integra o programa do PSTU (Folha, Jota), partido que não integra a coligação Brasil da Esperança, formada pelo PT com PSB, PCdoB, PV, PSOL, Rede, Solidariedade, Avante e Agir.

Ao Comprova, a assessoria de imprensa do PT afirmou que “não existe nenhum projeto ou resolução das instâncias do PT com esse foco, muito menos nas propostas do plano de governo do presidente eleito Lula”.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 28 de novembro, o vídeo alcançou 1.268 curtidas, 113 comentários e 1.164 compartilhamentos.

O que diz o responsável pela publicação: O Comprova procurou o responsável pela publicação através de mensagens diretas no Kwai. Foi encontrado um e-mail, vinculado a Itamar Flávio da Silveira, por onde ele também foi consultado para esclarecer questões sobre sua postagem. Não houve resposta até o fechamento desta verificação.

No Kwai, Itamar Silveira se descreve como comentarista da “Rádio Vida de SP” e autor do livro “As universidades são os tumores da sociedade”. Ele aparece na lista de docentes aposentados da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Departamento de História. Nas redes sociais e em entrevistas, o homem faz diversas críticas às universidades públicas.

Como verificamos: O Comprova consultou o plano de governo da chapa Lula-Alckmin e fez pesquisas na internet através do Google e sites. Não há qualquer conteúdo que corrobore a afirmação falsa feita no vídeo verificado. A equipe também pesquisou informações sobre o responsável pela postagem, Itamar Flávio da Silveira, e contatou a assessoria de imprensa do Partido dos Trabalhadores.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e peças que questionam o resultado das eleições presidenciais. Publicações que mentem sobre projetos políticos induzem a um pensamento incorreto sobre determinada legenda e ajudam a criar um cenário prejudicial ao processo democrático.

Outras checagens sobre o tema: O Projeto Comprova já mostrou que post distorce reportagem e mente ao dizer que estatuto do PT prevê confisco de bens dos brasileiros; que PT e Ciro não têm planos de fazer confisco de poupança; e que é falso que PT tenha projeto de moradia social para abrigar famílias sem teto em casa que já têm dono.